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CADE
O Conselho Administrativo de Defesa Econômica – Cade é hoje uma autarquia em regime especial
com jurisdição em todo o território nacional. Foi criado pela Lei n° 4.137/62, então como um órgão
do Ministério da Justiça. Naquela época, competia ao Cade a fiscalização da gestão econômica e do
regime de contabilidade das empresas. Apenas em junho de 1994, o órgão foi transformado em
autarquia vinculada ao Ministério da Justiça, pela Lei n° 8.884/1994.
Essa Lei definia as atribuições da Secretaria de Direito Econômico – SDE, do Ministério da Justiça,
da Secretaria de Acompanhamento Econômico – Seae, do Ministério da Fazenda, além do Cade. Esses
três órgãos formavam o Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência – SBDC e eram encarregados
da política de defesa da livre concorrência no Brasil. Nessa estrutura, o Cade era responsável por
julgar os processos administrativos relativos a condutas anticompetitivas e apreciar os atos de
concentração (fusão, aquisição, etc.) submetidos à sua aprovação. Os processos eram instruídos pela
SDE e pela Seae, que emitiam pareceres técnicos não vinculativos, e julgados posteriormente pelo
Cade.
Nova lei
Em maio de 2012, com a entrada em vigor da nova Lei de Defesa da Concorrência, Lei nº
12.529/2011, o SBDC foi reestruturado e a política de defesa da concorrência no Brasil teve
significativas mudanças. Pela nova legislação, o Cade passou a ser responsável por instruir os
processos administrativos de apuração de infrações à ordem econômica, assim como os processos de
análise de atos de concentração, competências que eram antes da SDE e da Seae.
O Cade também ganhou uma nova estrutura, sendo constituído pelo Tribunal Administrativo de
Defesa Econômica, pela Superintendência-Geral e pelo Departamento de Estudos Econômicos. A
SDE foi extinta e a Seae deixou de atuar na instrução processual e passou a ter a função de promover
a advocacia da concorrência perante órgãos do governo e a sociedade.
À Superintendência-Geral cabe desempenhar no novo sistema grande parte das funções que eram
realizadas pela SDE e pela Seae, como a investigação e a instrução de processos de repressão ao abuso
do poder econômico e a análise dos atos de concentração. Ao Departamento de Estudos Econômicos,
por sua vez, cabe a tarefa de aprimorar as análises econômicas e fornecer maior segurança sobre os
efeitos das decisões do Cade no mercado.
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Mudanças
A principal mudança introduzida pela Lei 12.529/2011 consistiu na exigência de submissão prévia ao
Cade de fusões e aquisições de empresas que possam ter efeitos anticompetitivos. Pela legislação
anterior, essas operações podiam ser comunicadas ao Cade depois de serem consumadas, o que fazia
do Brasil um dos únicos países do mundo a adotar um controle de estruturas a posteriori . A análise
prévia trouxe mais segurança jurídica às empresas e maior agilidade à análise dos atos de
concentração, sendo que o Cade passou a ter prazo máximo de 240 dias para analisar as fusões,
prorrogáveis por mais 90 dias em caso de operações complexas.
A nova lei também alterou o valor mínimo das multas a serem aplicadas às empresas nos casos de
condutas anticompetitivas. Desde 29 de maio de 2012, as multas aplicáveis por infração à ordem
econômica variam entre 0,1% e 20% do faturamento da empresa no ramo de atividade em que ocorreu
a infração. A nova sistemática aumentou a capacidade do Conselho de estabelecer, a partir de critérios
claros, penalidades adequadas e proporcionais para a efetivação da política de combate a condutas
anticompetitivas.
Vale ressaltar que, apesar de ser uma autarquia em regime especial, o Cade não é uma agência
reguladora da concorrência, e sim uma autoridade de defesa da concorrência. Sua responsabilidade é
julgar e punir administrativamente, em instância única, pessoas físicas e jurídicas que pratiquem
infrações à ordem econômica, não havendo recurso para outro órgão. Além disso, o Conselho também
analisa atos de concentração, de modo a minimizar possíveis efeitos negativos no ambiente
concorrencial de determinado mercado. Não estão entre as atribuições da autarquia regular preços e
analisar os aspectos criminais das condutas que investiga. Suas competências também não se
confundem, por exemplo, com as de órgãos e entidades de defesa do consumidor (Instituto de Defesa
do Consumidor – Procon, Secretaria Nacional do Consumidor – SENACON/MJ etc.) ou dos
trabalhadores.
Estrutura
A Lei nº 12.529, de 30 de novembro de 2011, definiu a estrutura interna do CADE em três órgãos:
Formado por um presidente e seis conselheiros, todos com mandatos de 4 anos de dedicação exclusiva, não
coincidentes, e com recondução vedada.
Superintendência-Geral
Composta por:
É formado por um Plenário composto por um presidente e seis conselheiros (com mais de 30 anos, com notório
saber jurídico e econômico e reputação ilibada), indicados pelo Presidente, aprovados e sabatinados pelo
Senado, para um mandato de dois anos (havendo a possibilidade de uma recondução, por igual período) e,
portanto, só podem ser destituídos em condições muito especiais. Esta regra fornece autonomia aos membros
do Plenário do CADE, o que é fundamental para assegurar a tutela dos direitos difusos da concorrência de
forma técnica e imparcial. Também possui sua própria Procuradoria. Assim como os Conselheiros do CADE,
o Procurador-Geral é também indicado pelo Presidente e sabatinado e aprovado pelo Senado para um mandato
de dois anos, renovável por mais dois.
O CADE julga atos de concentração, processos de conduta, e manifesta-se acerca de consultas. No caso de
ausência de um Conselheiro e quando ocorre empate nas decisões, o Presidente possui um voto de qualidade,
ou seja, vale por dois, para desempatar o julgamento. Na ausência do Presidente, ele será substituído pelo
Conselheiro mais antigo ou mais idoso, nessa ordem. O quórum mínimo para o Conselho decidir é de cinco
integrantes.