Você está na página 1de 8

HISTÓRIA

DA CACHAÇA
EM PARATY

HISTÓRIA
LOCALIZAÇÃO
GEOGRÁFICA

DELIMITAÇÃO DA
ÁREA DE PRODUÇÃO

Localizado no litoral sul do Rio de alta umidade relativa do ar, são seguidos Coordenadas:
Janeiro, junto à Baía da Ilha Grande, de invernos mais frios e secos.  Com Latitude Sul: 23°56’26” /
o município de Paraty integra a região média anual de 27º, apresenta índice Longitude Oeste: 46°19’47”
turística da Costa Verde. pluviométrico de 2.384 mm. Altitude: dois metros acima do nível do
Sob a predominância de um clima Extensão Territorial: 930,7 Km² mar 
tropical, quente e úmido, com População: 40. 478 habitantes
temperaturas anuais que variam da (estimativa de 2015, IBGE)
mínima de 12° à máxima de 38°,
seus verões quentes e chuvosos, com

Limita-se, ao Norte, com Angra dos E toda sua extensão se caracteriza pelo A soma desses fatores cria em Paraty um
Reis, RJ; ao Sul, com Ubatuba, SP; a mergulho da serra no oceano: o encontro microclima com características únicas,
Leste, com o Oceano Atlântico, e a Oeste, do mar com a montanha resulta na que influenciam no comportamento da
com o município de Cunha, SP. O relevo bela particularidade de sua paisagem, cana-de-açúcar e também no processo de
acidentado da Serra do Mar que delimita enriquecida ainda pela bacia hidrográfica, fermentação do caldo da cana, resultando
a região apresenta trechos montanhosos com todos os rios nascendo e desaguando em um destilado com características
com grandes vales e também trechos de no próprio município. bastante particulares.
planície com extensas e férteis várzeas.

HISTÓRIA OS PRIMÓRDIOS DA CACHAÇA analisa Jairo Martins Costa, em seu


livro “Cachaça – O Mais Brasileiro dos
As histórias da cachaça e do município “Uma das protagonistas da civilização Prazeres”. Segundo ele, a cultura do
de Paraty interligam-se em suas raízes. do açúcar, a cachaça marcou um açúcar, e por consequência da cachaça,
Ambas se confundem de tal maneira dos mais importantes períodos do começou bem antes da expedição do
em seus aspectos culturais, sociais desenvolvimento econômico do Brasil colonizador Martim Afonso de Souza no
e econômicos, que é praticamente Colônia, principalmente no tempo das litoral paulista, em 1532.
impossível falar de uma sem se capitanias hereditárias. Pode-se dizer que, Há registros de que as primeiras mudas
vreferir à outra... historicamente, a cachaça foi testemunha foram trazidas da Ilha da Madeira para o
ocular das transformações econômicas Brasil por ocasião da segunda expedição
vivenciadas pelo Brasil”, portuguesa que aqui aportou, em
• HISTÓRIA • OS PRIMÓRDIOS DA CACHAÇA •
PARATY NA LINHA DO TEMPO • A FASE ÁUREA •
PERÍODO DE DECADÊNCIA • Novos Caminhos
• O SÉCULO XXI E A CACHAÇA DE PARATY •

1502, capitaneada por Gonçalo Coelho. incorporada ao consumo humano. E a tinham o diâmetro de aproximadamente
Coincidência ou não, no período também história registra: o açúcar foi o maior sete metros. Acoplada ao mesmo eixo
foi descoberta a Baía de Angra dos Reis ou esteio dos tempos coloniais e também da da roda d’água havia outra roda menor,
Baía da Ilha Grande. monarquia. dentada, chamada rodete, que transmitia
o movimento a uma roda maior, esta
Mas há controvérsias. A história também Não há como se precisar o ano exato do horizontal e com o mesmo diâmetro da
nos relata que Martim Afonso teria surgimento da cachaça, mas é certo que roda d’água, que se chamava bolandeira.
saído de Lisboa em dezembro de 1530 e ela decorreu dos primeiros engenhos de O eixo da bolandeira, revestido de um
aportado no atual estado de Pernambuco cana-de-açúcar, todos na região de São cilindro dentado e reforçado com aros de
em janeiro de 1531, tendo chegado ao Vicente: o Engenho dos Erasmos (ou do ferro, transmitia o movimento a dois outros
Rio de Janeiro no mês de abril e aportado Governador), o Engenho de Madre de Deus cilindros paralelos, também dentados e
em Paraty em agosto daquele ano. Outros e o Engenho de São João. E a instalação reforçados. Era entre eles que se passava
historiadores, entretanto, defendem que desses primeiros engenhos para produção a cana.”
o colonizador, vindo de São Vicente, só de açúcar e rapadura, em 1540, ensejou o Indispensáveis para a moagem em grande
teria chegado a Paraty no final do século que viria a se transformar na cachaça. escala da cana-de-açúcar, as rodas
XVI. No entanto, parece ser consenso que E a história não é unânime quanto aos d´água são parte integrante da história
a expedição de Martim Afonso de Souza procedimentos. Uma das correntes cita da cachaça em Paraty, onde, desde o
foi fator determinante para dar início à que, para se fazer a rapadura, fervia-se século XVII, teve início a produção de
colonização da região de Paraty. o caldo de cana, separando a espuma açúcar e aguardente, conforme registros
que se formava (o cagaço) para dar aos em documentos. O solo da região era
O que aconteceu a partir de 1532 foi a animais. Encarregados da produção da considerado ideal para a plantação de
forte expansão da civilização do açúcar”, rapadura e de levar o cagaço para o cocho cana-de-açúcar e a geografia acidentada,
diz Costa, lembrando a frase “Onde dos animais, os escravos perceberam que com numerosos rios, facilitava a
mói o engenho, destila o alambique”, após um ou dois dias parado, o cagaço construção de rodas d’água.
do folclorista Câmara Cascudo, no livro fermentava, transformando-se em álcool. Esses elementos transformaram Paraty no
“Prelúdio da Cachaça”. Acostumados a produzir a bagaceira, uma maior e melhor centro produtor da bebida
aguardente derivada da uva, os senhores durante os períodos do Brasil Colonial
PRIMEIROS ENGENHOS, de engenho resolveram destilar o cagaço e Imperial. E tão famosa era a bebida
PRIMEIROS ALAMBIQUES para separar as impurezas, daí resultando na região que passou a ser comum as
a aguardente de cana. pessoas pedirem uma “parati” quando
A cana-de-açúcar, primeira lavoura queriam um simples copo de aguardente...
implantada no Brasil, contribuiu Ao falar sobre os engenhos, Mary Del Outra menção data de 1877, quando
decisivamente para a colonização e para o Priore e Renato Venancio, em “Uma um jornalzinho de Recife, “A Duquesa do
estabelecimento do europeu no território. Breve História do Brasil”, descrevem Linguarudo”, chegou a publicar a seguinte
Disseminada por todo o litoral, do norte ao as rodas d´agua, herdadas dos mouros frase: “A Patrícia, a quem na Corte
sul, e no interior, afora os áridos sertões e que chegaram ao Brasil pela mão de chamam Paraty, tem no norte o nome de
nordestinos, a cana foi, como a mandioca, habilidosos artesãos. “Sempre na vertical, Canna”.
“A Patrícia, a quem na Corte chamam
Paraty, tem no norte o nome de Canna”

na África e transportada para as minas duas mil e seiscentas pipas por ano, e
PARATY NA LINHA DO TEMPO para “alimentar” os escravos. Já era faz este artigo, 151.200$ (contos de réis).
significativo nessa época o aumento da Esta resulta de produção calculada”.
1532 a 1660 – Nasce o povoado de Paraty produção dos engenhos de aguardente e Isto corresponde aproximadamente a
vinculado à Vila de Nossa Senhora da açúcar. 1.232.000 litros!
Conceição da Ilha Grande (hoje, Angra
dos Reis), baseado no porto do caminho 1763 - A transferência da capital do O CICLO DO OURO e o
da serra e centrado na lavoura canavieira Brasil de Salvador para o Rio de Janeiro ENVELHECIMENTO DA CACHAÇA
para fabricação de açúcar e aguardente. valorizou o porto de Paraty e intensificou
O início da produção da aguardente o crescimento da Vila e a produção de Durante o ciclo do ouro, as vilas das minas
acontecia quase ao mesmo tempo na aguardente. Em 1787 iniciam-se as obras gerais eram abastecidas pelos tropeiros
Bahia, Pernambuco e na região do Rio de de construção de uma maior e definitiva com a melhor aguardente de Paraty. Essa
Janeiro. Igreja Matriz. E em 1790, com uma bebida, porém, transportada em barris
população de 6.622 habitantes, a Vila já pelas trilhas da Serra do Espinhaço,
1667 - Dom Afonso VI reconhece a nova reunia 392 casas, entre elas, 35 sobrados. demorava a chegar ao destino. Só iria ser
vila com o nome de Vila de Nossa Senhora saboreada após negociações e estocagem
dos Remédios de Paraty. A produção de aguardente em Paraty nos tonéis de casas comerciais, tascas
está intimamente ligada à escravidão. e tavernas, muitas vezes também
1695 – Início da prospecção do ouro no Os traficantes de escravos aproveitavam sendo guardada em pipas nas adegas
Brasil, quando Paraty dispunha do único as constantes brigas tribais na África particulares. O que não se sabia ainda é
caminho de ligação do Rio de Janeiro para negociar com as tribos vencedoras que todo aquele tempo dentro de barris,
com as minas. Neste período, a Vila de a compra das tribos capturadas. Como tonéis e pipas de madeira ia tornando a
Paraty era porta de entrada para os que, dinheiro ou ouro não tinham utilidade para aguardente mais e mais saborosa...
aos milhares, buscavam enriquecer no os africanos, o pagamento pelos escravos Descobriu-se assim a magia do
“eldorado” brasileiro. era feito com tabacos produzidos na envelhecimento da cachaça nos recipientes
Estima-se em mais de 150 mil o número Bahia e Pernambuco ou com a aguardente de madeira.
de portugueses que chegaram ao Brasil em produzida no Rio de Janeiro, onde, em E a própria história permitiu concluir que
busca do ouro e que, sendo este o único 1799, havia 253 alambiques, dos quais a primeira cachaça a ser envelhecida e
caminho para as minas, obrigatoriamente 155 em Paraty. apreciada com sabor de diversas madeiras
passaram por Paraty - porto de embarque foi a de Paraty.
do ouro e pedras preciosas para a cidade Em 1805, o Ouvidor Geral José Antonio
do Rio de Janeiro, na rota para Lisboa. O Valente, nas Providências Administrativas, 1808 - A vinda da Família Real para o
movimento era intenso com a entrada de informava sobre Paraty: “Na agoa ardente Brasil impulsionou o comércio entre Paraty
tecidos, ferramentas, gêneros alimentícios tem progresso, e sobre tudo na feitoria e o Rio de Janeiro. E a Abertura dos Portos,
e escravos para abastecer São Paulo e que lhe assegura de augmento sete mil decretada por D. João VI, foi determinante
as minas. A isso se somava a grande réis em pipa sobre as demais. Talvez para o incremento da exportação de
produção de aguardente, embarcada se descubram, examinando o causal da cachaça. A população da Vila, na época, foi
para Europa como aperitivo, levada melhoria, se do terreno, das agoas ou calculada em 6.128 habitantes.
como dinheiro para compra de escravos das lenhas ela provém. Deve regular a
“Na agoa ardente tem progresso, e sobre tudo na feitoria que lhe assegura
de augmento sete mil réis em pipa sobre as demais. Talvez se descubram,
examinando o causal da melhoria, se do terreno, das agoas ou das lenhas ela
provém. Deve regular a duas mil e seiscentas pipas por ano, e faz este artigo,
151.200$ (contos de réis). Esta resulta de produção calculada”.

1813 – O café do Vale do Paraíba desce na mão de poucos. O relevo montanhoso O primeiro foi a abertura da estrada de
a serra para o embarque no porto e a e recortado por vários rios dividia, ferro D. Pedro II, em 1870, que ligava o
aguardente de Paraty ganha mercado nas naturalmente, as propriedades rurais entre Vale do Paraíba ao Rio de Janeiro, tornando
fazendas dos Barões do Café. vários pequenos agricultores e produtores mais rápido, seguro e barato o transporte
Nesse início do século XIX o café atingia de aguardente. do café via ferrovia, do que o caminho
alto valor no mercado europeu. Em 1830 terrestre-marítimo via Paraty.
já era o produto brasileiro mais exportado, Em 1851 foi construído o Chafariz do
desbancando o ouro e o açúcar. A principal Pedreira, que permitiu levar água encanada O segundo golpe foi a Abolição, com a
região produtora de café era o Vale do até a cidade. promulgação da Lei Áurea, em 1888.
Paraíba, e Paraty era o porto mais próximo Paraty dependia muito da mão-de-obra
para embarcar o café com destino à A FASE ÁUREA escrava, tanto para a lavoura da cana e do
Europa. café como para os engenhos e alambiques,
O período de maior prestígio da cachaça e também para a constante manutenção
Começava, então, na vila um movimento talvez tenha sido durante o Brasil do caminho que cruzava a serra, o que
nunca visto. Mais de 400 casas, 40 Império. Nessa época, a boa aguardente exigia a limpeza de galhos e árvores que
sobrados. Eram cerca de 10 mil os de Paraty era degustada em cálices de caíam nos rios e represavam a água.
habitantes, dos quais 3.500 eram cristal pela família e amigos do Imperador. Documentos do Acervo Público de Paraty,
escravos. Os lucros com o café tornaram O Museu Imperial de Petrópolis guarda originários da Câmara Municipal, informam
possível a construção de mais uma igreja em uma cristaleira da sala de jantar uma que na década de 1880 o governo
- a de Nossa Senhora das Dores. Foi garrafa trabalhada com um colar de prata provincial decidiu implantar um Engenho
ainda nesse período de crescimento que o contendo o Brasão do Império sobre uma Central para a produção de açúcar, o que
calçamento das ruas da Vila foi terminado. placa com o nome Paraty: era a garrafa não chegou a se efetivar.
utilizada para servir a cachaça que D.
Tão intenso mostrava-se o Pedro tanto apreciava. Consta também que, entre 1870 e 1900,
desenvolvimento da Vila, que a lei Mesmo antes da independência, a bebida tentou-se manter o comércio com o Vale do
Provincial nº 302, de 12 de março de já havia se transformado em símbolo Paraíba de mercadorias ainda produzidas
1844, elevou-a à categoria de Cidade, com de brasilidade, de resistência contra a na cidade – banana, farinha, palmito,
o nome de Paraty. Nas casas do centro condição de colônia de Portugal. café, feijão e principalmente a cachaça.
predominavam a arquitetura de armazéns Em janeiro de 1871, em resposta ao Entretanto, sem a força dos escravos para
e lojas, com portas no lugar de janelas, Presidente da Província do Rio de Janeiro, a devida manutenção, o caminho pela
sendo que nos sobrados o comércio era no a Câmara Municipal de Paraty relata que a serra tornou-se intransponível.
térreo e a residência no andar superior. Em produção de aguardente triplicou de 2 mil
todo Brasil colonial e também em Paraty para 6 mil pipas, entre 1865 e 1870. Entre as sérias consequências da época,
predominavam três classes de casas de a história registra, em 1925, o fechamento
negócios: comerciantes, negociantes e PERÍODO DA DECADÊNCIA da Santa Casa, inoperante por falta de
vendeiros. recursos. Um tempo em que não havia
Cidade de passagem, dedicada um único médico ou dentista na cidade
Em 1850 havia em Paraty mais de 150 exclusivamente ao comércio, Paraty sofreu de Paraty... Um tempo de grande êxodo
alambiques e uma população de 16 mil dois grandes golpes. populacional, especialmente de homens
habitantes. Entretanto a riqueza ficava à procura de trabalho nas cidades
“...em vez de tomar chá com torrada
ele bebeu Parati...”

vizinhas, quando então restaram apenas e o progresso ao município. Cinco afetaram o setor. Apenas três alambiques
600 moradores, entre velhos, mulheres anos depois, em 1975, de tão grande o prosseguiram na produção até o final da
e crianças... Um tempo em que os movimento, foi preciso controlar a entrada década. E foi por iniciativa desses poucos
estabelecimentos comerciais fecharam e de automóveis na cidade. Desde então, produtores que o cenário começou a
viraram residências, com muitas casas grossas correntes passaram a impedir o mudar.
ruindo por falta de manutenção... acesso de veículos motorizados no centro Como resultado de uma consultoria em
histórico. 1997, em convênio com o SEBRAE e a
Esse período de abandono e isolamento Fundação BIO-RIO, e com a fundação da
atingiu duramente a produção de Iniciava-e um novo tempo para Paraty, APPAP, Associação dos Produtores de Pinga
cachaça em Paraty. Livros e documentos que voltava, de forma esplêndida, a se Artesanal de Paraty, em 1999, a produção
registram que dos mais de 150 engenhos caracterizar como “cidade de passagem”, de cachaça voltou a atrair os produtores
ou engenhocas existentes no século XIX, tal como fora definida desde a chegada locais e novos engenhos começaram a
apenas três permaneceram ativos ao final dos colonizadores. Foi quando começou a surgir.
do século XX, embora agonizantes pela exploração do grande potencial turístico Já em seu início, o século XXI anunciava
falta de estrutura, de investimentos e de da região de clima agradável e população em Paraty a retomada do polo industrial
novas técnicas. Ainda assim permaneceu hospitaleira, com suas mais de 300 praias, concentrado na produção de cachaça.
viva a qualidade da cachaça produzida algumas praticamente virgens e “presas” Com a alteração da APPAP para APACAP,
em Paraty: em 1908, na Exposição entre a mata atlântica da Serra do Mar Associação dos Produtores e Amigos da
Industrial e Comercial do Rio de Janeiro, a e o mar calmo e límpido da baía da Ilha Cachaça Artesanal de Paraty, em 2004,
cidade recebia a Medalha de Ouro com a Grande, e suas inúmeras cachoeiras – o setor ganhou um novo impulso e a
aguardente Azuladinha, conhecida também fatores que fizeram da cidade uma das qualidade dos produtos mereceu a atenção
como Azulada, fabricada com folhas de mais procuradas por turistas brasileiros e do MAPA, Ministério da Agricultura,
mexirica. estrangeiros. Pecuária e Abastecimento. Foi concedido
E vale lembrar que em 1935 Carmen naquele ano o primeiro Selo de Excelência
Miranda eternizou a cachaça, cantando ao O SÉCULO XXI E A CACHAÇA DE PARATY a uma cachaça de Paraty.
mundo os versos de Assis Valente: “...em Durante todo o século XX a produção
vez de tomar chá com torrada/ ele bebeu tradicional de cachaça em Paraty foi Desde então, graças ao resultado
Parati...” mantida, embora fossem poucos os dos trabalhos de reestruturação e
alambiques em atividade. Em 1983, modernização dos alambiques da cidade e
NOVOS CAMINHOS para celebrar o único produto industrial a estímulos para novos engenhos, inclusive
Com a abertura do trecho da rodovia da região, foi criado o Festival da por um trabalho de melhoria e aumento
BR-101, ligando Rio de Janeiro a Santos, Pinga, evento que até hoje é dos mais da área de plantio de cana-de-açúcar no
em 1970, teve início o desenvolvimento tradicionais da cidade. município, o setor vem se firmando.
do turismo em Paraty. Abriram-se, então, Mas nos anos 1990, a falta de estrutura,
as portas para a atividade econômica que dificuldades de comercialização e O grande marco dessa nova era da
viria trazer de volta o movimento comercial problemas na qualidade dos produtos cachaça paratiense foi a conquista,
“Um cálice de paraty, diz-se ainda hoje, como quem diz
madeira, porto, colares, cognac, champanhe, bordeaux,
tokay, terras que são nomes de vinhos”...

em 8 de maio de 2007, do certificado CACHAÇA, CARNAVAL E CULTURA atraente / Parati espalhou a bebida / Pra
de Indicação Geográfica “Paraty” para garimpar, birita tem.”
cachaça, concedido pelo INPI, Instituto Reafirmando sua tradição de E coube ao renomado folclorista brasileiro
Nacional de Propriedade Industrial, na qualidade e o reconhecimento de sua Luís da Câmara Cascudo confirmar que,
modalidade Indicação de Procedência. importância cultural e histórica, o produto ao longo do tempo, Paraty e cachaça
Avanço significativo para a agroindústria foi tema campeão do carnaval de 2001 da tornaram-se mesmo sinônimos. Consta em
da cachaça no Estado do Rio de Janeiro escola de samba Imperatriz Leopoldinense. seu livro Prelúdio da Cachaça, publicado
e no Brasil, foi a 4ª Indicação Geográfica O samba-enredo vencedor, de Marquinho em 1967, em Natal, RN, o seguinte
reconhecida no país e a 1ª no setor de Lessa, Guga e Tuninho Professor, comentário: “Um cálice de paraty, diz-se
cachaça. reconhecia seu valor: “ Pinga...Olha a cana ainda hoje, como quem diz madeira, porto,
virando aguardente / No mercado do ouro colares, cognac, champanhe, bordeaux,
tokay, terras que são nomes de vinhos”...

UM REGISTRO Bom Jardim: Catarina


05 – Bom Jardim 1 – (manjarra) Henrique Ilha do Algodão:
O escritor paratiense José Carlos de Berchand 18 – Engenho 1 – manjarra – Padre Viana
Oliveira Freire (Zezito) em parceria com 06 – Bom Jardim 2 – (manjarra) Henrique e sua irmã Catarina
o Sr. Francisco Gama Gonçalves (Tico) Berchand 19 – Engenho 2 – manjarra – Padre Viana
relacionaram 95 engenhos que existiram Tucupê: e sua irmã Catarina
em Paraty, citando deles a localização, o 07 – Tucupê 1 (manjarra) – João Gama 20 – Engenho 3 – manjarra – Padre Viana
tipo de engenho e o respectivo proprietário. 08 – Tucupê 2 (manjarra) – João Gama e sua irmã Catarina
Esta relação foi publicada pelo “Jornal de Praia Grande: Sucuri:
Paraty” em janeiro do ano 2000, em artigo 09 – (manjarra) – Antônio Feliciano de 21 – (manjarra) - João Jaques de Moraes
de J. Freire (Zezito). Araújo (Antonio Bento) Serraria:
Jurumirim: 22 – (roda d’água) – Manoel Antônio Vasco
10 – (roda d’água) – Gregório Alves, da Gama, João Olímpio
Observação: manjarra era o nome Valadão, Hipólito Sampaio, Luiz José Pastinho:
Gonçalves 23 – (manjarra) – Maneco do Sobrado
dado aos engenhos movidos a burros
Prainha: Porto Grande:
ou junta de bois.  11 – (manjarra) – proprietário ignorado 24 – (roda d’água, depois manjarra,
Praia do Chico Isidoro, atual Praia do Baré: caldeira) - Manoel Vasco da Gama
Boa Vista: 12 – (manjarra) – Francisco Isidoro Diogo Vaz:
01 – (roda d’água) - Dr. João Lopes Praia do Guerra: 25 – (manjarra) – Diogo Vaz
02 – (Fazendinha, manjarra) – Dr. José 13 – (manjarra) – Antônio (?) GuerraPrai Fundão:
Borges (Zeca Borges) Areia: 26 – (roda d’água) – Pedro Erasmo de
03– Boa Vista (roda d’água, depois 14 – (manjarra) – José Bonifácio Alvarenga Corrêa (Peroca)
caldeira) - Antônio Manoel Vasco da Gama; Praia da Lula: Barreiros:
João Luiz German Bruhns (pai de Julia 15 – (manjarra) – proprietário ignorado 27 – (manjarra) – espanhol de nome
Mann); Eng. Paulo de Frontin, Domingos Praia da Conceição: ignorado
Feliciano Corrêa, José Melo 16 – (manjarra) – Benedito Moura Caçada:
Canhanheiro: Praia do Preguiça: 28 – (roda d’água) – Benedito Alves
04 – (roda d’água) - Jerônimo Ribilett 17 – (manjarra) – Padre Viana e sua irmã Rio Turvo:
29 – (manjarra) – Benedito Alves Rio dos Meros: Fazenda Bom Retiro:
Itatinga: (anteriormente, fábrica de tecidos) 50 – (manjarra) – Antonio Luiz (?) 72 – (roda d’água) – Bernardino Malvão
30 – (roda d’água) – Manoel José de Rio dos Meros: MmmMaMalvão
Souza, depois Bié do Carmo (Gabriel Lopes 51 – (roda d’água) – Aníbal Gama, Crispim Várzea do Corumbê:
de Alvarenga) Rafael de Alcântara, André Monge de 73 – Engenho do Malvão – (roda d’água) –
Paraty-Mirim: Alcântara, Pinho Benedito Malvão (pai).
31 – (roda d’água) – Manoel José de Souza Rio dos Meros: Barra do Corumbê:
Paraty-Mirim, na subida do índio: 52 – (roda d’água) – Dr. João Lopes 74 – (roda d’água) – Benedito Malvão
32 – (roda d’água) - Eng. de açúcar – Olaria: Corumbê:
Manoel José de Souza. 53 – (manjarra) – Abílio Dutra 75 – (manjarra) – João Soares
Pedras Azuis: Olaria: Fazenda Preta do Saco Grande:
33 – (roda d’água) – Capitão Antônio 54 – (roda d’água) – Carlos dos Santos 76 – (roda d’água) – Antônio Florêncio
Ferreira Vasconcelos França. Dias Alto do Saco Grande:
Sobradinho: Olaria: 77 – (manjarra) – Da. Geralda Maria da
34 – (manjarra) – Antonio Manoel Alves 55 – (manjarra) - Marechal Silva
(pai) Manoel Eufrásio dos Santos Dias Saco Grande:
Sertão da Independência: Olaria: 78 – (roda d’água) – José Marcelino de
35 – Engenho l – (roda d’água) – José 56 – (manjarra, depois caldeira) – José Oliveira Garcez
Avelino de Souza Monteiro, Luiz José Vieira Saco Grande:
36 – Engenho 2 – (roda d’água) – João Ribeirinho: 79 – (roda d’água) – Antônio Bittencourt
Avelino de Souza 57 – (manjarra) – proprietário ignorado Ponta da Navalha:
Fazenda Laranjeiras: Fazenda Preta: 80 – (roda d’água) – Neco Dutra
37 – (roda d’água) – proprietário ignorado 58 – (manjarra) – Manoel Francisco Peres Praia Grande:
no tempo do engenho. Hoje ali existe o dos Santos 81 – (roda d’água) – Cap. Joaquim
Condomínio Laranjeiras. Pedraria: Lourenço de Oliveira
Martins de Sá: 59 – (roda d’água) – Manoel Bento Sertão do Saco Grande:
38 – (roda d’água) – Martins Corrêa de Sá Várzea da Marina: 82 – (roda d’água) – Cap. Joaquim
Praia Grande da Cajaíba: 60 – (roda d’água) – Da. Marina (?) Lourenço de Oliveira
39 – (roda d’água) – Capitão José Araújo Corisco: Praia do Engenho:
Ponta da Cajaíba: 61 – (roda d’água) - José Teófilo da Costa 83 – (manjarra) – Da. Perciliana (?)
40 – (roda d’água) - aguardente e açúcar Moreira Engenho do Buraco – Fundos da Graúna:
– Capitão Manoel Bulé Fazenda N. S. da Conceição-Bananal: 84 – (roda d’água) – Da. Perciliana (?)
Praia do Sobrado: 62 – (roda d’água) – Da. Geralda Maria da Fazenda Graúna:
41 – (roda d’água) – Capitão José Vianna, Silva 85 – (roda d’água) – Júlio Honorato
irmão do Padre Vianna Fazenda Cachoeira: Rio Pequeno:
Praia do Engenho: 63 – (roda d’água) – Cap. Apolinário de 86 – (roda d’água) – José Coelho
42 – (roda d’água) - Capitão Pedro de Paula e Silva Rio Pequeno-Nanhanquara:
Almeida Fazenda Cachoeirinha: 87 – (roda d’água) – Joaquim Dutra
Praia das Antas: 64 – (roda d’água) – Cap. Apolinário de Barra Grande:
43 – (roda d’água) – Capitão Faustino Paula e Silva 88 – (roda d’água) – Honório Lima, Dr.
Mamanguá – Rio Grande: Fazenda Bananal: Alberto Maranhão
44 – (roda d’água) – Capitão Antônio 65 – (roda d’água) – Dr. Paulo (?) Fazenda Melancia – Taquari
Pacheco Fazenda Bananal: 89 – (roda d’água) – José Apolinário
Mamanguá – Rio Turvo: 66 – (roda d’água) – Francisco Costa, pai Cananéa
45 – (roda d’água) – Padre Manoel Alves de Samuel Costa Taquari:
Veludo Fazenda Carretão: 90 – Fazenda do Bertrand (roda d’água) –
Mamanguá – Regato: 67 – (roda d’água) – Francisco Costa Bertrand (?)
46 – (roda d’água) - José Moreira Alto Bananal: Engenho da Carolina: Iriri-Guaçu:
Rio dos Meros: 68 – (roda d’água) – Da. Carolina (?) 9l – (roda d’água) – proprietário ignorado
47 – Engenho do Campinho – (roda Fazenda Pedra Branca: Sertão do Taquari – Fazenda Conceição:
d’água) – José Campinho 69 – (roda d’água) – Tte. Francisco Manoel 92 – (roda d’água) – Antônio Zoroastro
Rio dos Meros: de Alvarenga e Souza (Chico Souza) Barra Grande –Engenho da Colônia:
48 – (manjarra) – Feliciano, João Bom Retiro – Fundos: 93 – (roda d’água) – Colônia de franceses
Magalhães 70 – Engenho da Moenda (roda d’água) – Barra Grande – Catimbau:
Juca Moreira 94 – (roda d’água) – proprietário ignorado
Rio dos Meros: Caboclo: São Gonçalo-Águas Lindas:
49 – (roda d’água) - Da. Velhoca França – 71 – (roda d’água) – José Rodrigues de 95 – (roda d’água) – proprietário ignorado
Barnabé Ramos de Oliveira Carvalho

Você também pode gostar