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UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS

FACULDADE DE EDUCAÇAO E CIÊNCIAS HUMANAS

LICENCIATURA EM ARTES VISUAIS

Alini Liliani Ficher

Barbara Andréa Pereira Cuzziol

Camille da Silva Mielke

Émerin Cristina Barbosa

Zilcléia de Oliveira Alves Ferreira

A Importância do Ensino de Artes na Educação Especial e Inclusiva do Autista

Universidade Metropolitana de Santos

2018
UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS

FACULDADE DE EDUCAÇAO E CIÊNCIAS HUMANAS

LICENCIATURA EM ARTES VISUAIS

Alini Liliani Ficher

Barbara Andréa Pereira Cuzziol

Camille da Silva Mielke

Émerin Cristina Barbosa

Zilcléia de Oliveira Alves Ferreira

A Importância do Ensino de Artes na Educação Especial e Inclusiva do Autista

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado à Faculdade de
Educação e Ciências Humanas –
UNIMES, como parte dos requisitos
para obtenção do título de
Licenciado em Artes Visuais, sob a
orientação da Profª Margarete
Barbosa Nicolosi Soares.

Universidade Metropolitana de Santos

2018
RESUMO

O presente trabalho aborda o ensino da Arte segundo Ana Mae Barbosa, onde

descreve a evolução do ensino das Artes Visuais no Brasil, debatendo a formação

universitária dos professores e o embasamento teórico por trás da educação que

muitas vezes não leva em conta o lado cultural e social dos educandos. O trabalho

também reflete sobre modalidades de ensino de artes para alunos com Transtorno de

Espectro Autista, com um esclarecimento sobre o transtorno, como se desenvolve nos

primeiros anos de vida, quais seus indícios com o passar do tempo incluindo os graus

de comportamento que são LEVE, MODERADO E SEVERO. Abrange técnicas de

ensino para melhor socialização, a importância da arte na vida do autista e os desafios

que ele enfrenta no decorrer de seu desenvolvimento. Apresenta um projeto de curso

associado ao ensino de Artes para a educação e inclusão do autista, onde faz

propostas de um ensino diversificado trabalhando o lúdico, visual, corporal e os

sentidos, utilizando materiais simples que temos em mãos no nosso dia a dia. Ao longo

do trabalho conclui-se que o aluno autista, necessita de uma atenção maior para seu

crescimento individual e social, pois ele precisa de interação visual e intelectual para

seu progresso diante das Artes Visuais, em meio ao seu processo de criação do

conhecimento, trabalhando a sua imaginação, criação, expressão, individualidade,

personalidade, autonomia e socialização.

PALAVRAS-CHAVE: Ensino de Artes Visuais, Autismo


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO................................................................................................................. 1

CAPÍTULO I

1. ASPECTOS HISTÓRICOS E METODOLÓGICOS DO ENSINO DA ARTE NO

BRASIL............................................................................................................................ 2

CAPÍTULO II

2. DESENVOLVIMENTO DO AUTISTA ........................................................................ 5

2.1. Primeiros anos do autista........................................................................................ 6

2.2. Níveis do autismo..................................................................................................... 6

2.3. Autista na escola...................................................................................................... 8

2.4. Artes Visuais como método de aprendizado............................................................ 8

CAPÍTULO III PROJETO DE CURSO

3. Projeto de curso......................................................................................................... 9

3.1. Ensinar é arte, aprender faz parte... Os desafios de ensino de arte para crianças

autistas............................................................................................................................ 9

CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 15

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................................. 17
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INTRODUÇÃO

O presente trabalho visa analisar a importância da educação de Artes Visuais

para pessoas com deficiências, em especial para crianças com Transtorno do Espectro

Autista. A questão que moveu esta pesquisa é: A educação artística é importante no

processo de aprendizagem de uma criança autista?

A pesquisa está estruturada em três capítulos, sendo o primeiro pautado em

uma abordagem histórica do ensino da arte no Brasil, para isso utilizamos o trabalho

de Ana Mae Barbosa, principal referência de arte-educação no Brasil. Ela fez um

estudo onde aponta o ensino de artes como importante transmissor de valores

estéticos e culturais de nosso país.

O segundo capítulo busca explorar o campo do transtorno do Espectro Autista e

suas características. Ele mostra que as pessoas autistas possuem grande

sensibilidade visual o que torna a educação de Artes Visuais um excelente recurso

para se alcançar o seu aprendizado e desenvolvimento integral.

No terceiro e último capítulo apresentamos um projeto a ser realizado por

professor graduado em Artes Visuais em sala de aula regular onde exista criança

autista em processo de inclusão educacional. Neste projeto de artes visuais o objetivo

é envolver todos os alunos, inclusive o aluno com transtorno, auxiliando na

aprendizagem, interação e socialização do grupo como um todo. Sua culminância e

produto final é uma peça teatral que pode ser apresentada também para outras turmas

da escola.

Salientamos que o que se pretende não é apenas a inserção da criança autista

no ambiente escolar por meio da arte, mas sim uma abordagem onde todos possam se

beneficiar e conviver com as diferenças.


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CAPÍTULO I

1. ASPECTOS HISTÓRICOS E METODOLÓGICOS DO ENSINO DA ARTE NO

BRASIL

Ana Mae Barbosa, principal referência de arte-educação no Brasil da atualidade,

aponta que o ensino de artes no Brasil tornou-se uma matéria obrigatória apenas no

ano de 1971, devido a uma criação ideológica americana e um acordo oficial que

visava uma educação tecnológica com o intuito de formar mão de obra barata para as

companhias multinacionais. Nesta época filosofia e história haviam sido banidas devido

à ditadura militar e artes era aparentemente a única matéria que poderia proporcionar

alguma abertura em relação às humanidades.

Para lecionar artes eram necessários professores em nível universitário com

formação nesta modalidade, o que até então não existia. Portanto em 1973 criaram-se

cursos com um currículo básico a ser aplicado em todo o país. A ideia era formar

professores de educação artística que fossem capazes de ministrar aulas de música,

teatro, artes visuais, desenho, dança e geometria, tendo apenas 2 anos para seu

preparo. Segundo Barbosa (1989), “é um absurdo epistemológico ter a intenção de

transformar um jovem estudante com um curso em apenas dois anos, num professor

de tantas disciplinas artísticas”.

Em uma sala de artes visuais, segundo Barbosa (1989) ainda encontra-se o

ensino do desenho geométrico, folhas para colorir, técnicas, desenho de observação, o

que demonstra que evoluções não têm lugar nas salas de aula de escolas públicas.

Para ela apresentação artística e história da arte estão ausentes da escola, o professor
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segue os exercícios propostos nos livros didáticos e as visitas para exposições são

infelizmente muito raras.

Até mesmo nas escolas particulares a imagem não é usada nas salas de arte,

lecionando-se artes sem a possibilidade de se apreciar arte, o que seria o mesmo que

ensinar a ler sem livros. A qualidade estética da arte-educação nas escolas

praticamente não existe segundo Barbosa (1989).

Os arte educadores brasileiros, segundo Barbosa (1989) são politicamente

bastante ativos, o que começou em 1980 com a semana de Arte e Ensino da

Universidade de São Paulo que reuniu 2700 arte educadores de todo o Brasil. Alguns

problemas como a imobilização e isolamento do ensino da arte, política educacional

para arte-educação, ação cultural do arte educador, entre outros, foram debatidos.

Barbosa (1989) coloca que existem associações estaduais de arte-educação

que têm sido vitoriosas na preparação política dos professores de arte, mas não tem

suprido a parte da fraca formação dos arte educadores. Cursos rápidos de

especialização são insuficientes para fornecer o conhecimento básico para os

professores universitários. A sensibilidade e a criatividade podem ser desenvolvidas por

meio de um preparo eficiente e as atividades profissionais envolvidas com a imagem e

o meio-ambiente produzido pelo homem têm um resultado superior se forem feitas por

pessoas com conhecimento de arte, daí a importância de uma formação de qualidade.

O resultado de baixos salários dos professores, unidos à dificuldade de

capacitação de qualidade resultam em professores de artes que nunca leram sequer

um livro de arte educação. Eles imaginam que dar aula de artes é dar folhas para

colorir em dias comemorativos. Tais profissionais nunca ouviram falar sobre auto

expressão ou educação estética diz Barbosa (1989). Professores de artes instruídos


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utilizam intuição e emoção, sabedores de que arte não é só o fazer, exige observação e

compreensão da própria arte.

Barbosa (1989) salienta que sua ideia de leitura de imagem é muito mais que um

questionário, é a construção de uma metalinguagem da imagem, suas relações e

significados. O discurso às vezes pode ser silencioso, gráfico ou verbal. Interessante

estabelecer com as crianças conexões e relações entre as obras e as manifestações

da cultura. A história da arte contextualiza a obra no tempo explorando as

circunstâncias ao redor dela, pois a arte não se encontra isolada do cotidiano e da

política, sendo diferente nos diferentes momentos.

A escolinha de arte do Brasil, criada em 1948, perdeu credibilidade depois de

uma mudança política nos anos 80 que afastou por diferenças pessoais os melhores

mestres da entidade que tinham experiência e eram preparados para o ensino de arte.

Atualmente Barbosa (1989) acredita que a crença exacerbada na espontaneidade dos

alunos ocorra justamente pela deficiência de preparo dos professores

Barbosa (1989) coloca que existem projetos para a retirada da obrigatoriedade

do ensino de artes nas escolas do Brasil, o fato pode ter causa obscura na relação com

um momento de democratização, já que era uma exigência do período de ditadura

militar, porém sua razão explicitada é que a arte não tem conteúdo, o que ocorre

justamente por conta de um ensino fraco.

O futuro da arte educação no Brasil, segundo Barbosa (1989) está ligado a três

propostas complementares; o reconhecimento da necessidade de despertar a

capacidade de leitura de imagem através de teorias da imagem e da relação imagem e

cognição, o reforço da herança artística e estética do aluno no seu grupo popular ( o

que pode ser perigoso pois não terão acesso ao código erudito que é o dominante na
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nossa sociedade) e a influência da arte comunitária, o que exige embasamento teórico

e exame das práticas evitando a manipulação política. Estas tendências garantirão,

segundo a autora, o papel do ensino de artes como transmissor de valores estéticos e

culturais no contexto de nosso país.

CAPÍTULO II

2. DESENVOLVIMENTO DO AUTISTA

De acordo com Miller:

As crianças autistas nos mostram, de forma contundente o que


aprendemos com Freud e Lacan , o sujeito não é dado , mais constitui-se a
partir do outro. Nesta Clínica, somos levados “aos confins de onde a questão da
produção do sujeito se coloca”. ( Miller, 1996 a: 156)

O Autismo também conhecido como Transtorno do Espectro Autista (TEA), é um

transtorno com influência genética que causa problemas no desenvolvimento da

linguagem, nos processos de comunicação, na interação e no comportamento social

da criança. Ele prejudica a capacidade de se comunicar e interagir de uma pessoa

fazendo com que seu cérebro funcione de forma acelerada e desorganizada. Pessoas

com autismo tem um comportamento restritivo e repetitivo, não suportam barulhos

intensos devido à sensibilidade na audição, têm dificuldades em mudanças na rotina e

são mais voltadas para o sentido visual. É importante que o diagnóstico seja feito o

mais precocemente possível a fim de que a criança possa receber o tratamento e

estimulação adequados ao seu caso e não tenha seu desenvolvimento comprometido.


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De acordo com a fonoaudióloga Carla Ulliane, os níveis do autismo podem ser

classificados como: LEVE, MODERADO e o SEVERO. Cada um desses níveis

apresenta sintomas relacionados, porém distintos. Para conhecer melhor o

funcionamento do cérebro do autista é necessário que este seja estudado desde o

nascimento e que a criança possa receber a ajuda de especialistas de uma equipe

multidisciplinar com médicos, psicólogos, fonoaudiólogos, pedagogos, terapeutas

ocupacionais entre outros e assim ter assegurado seu desenvolvimento máximo

possível dentro de sua especificidade.

2.1. Primeiros anos do autista

O transtorno do espectro autista é gerado no cérebro antes mesmo do

nascimento, sendo identificado ao longo do crescimento da criança. Apresenta

características diferenciadas como dificuldade de socialização e interação com outras

pessoas, atração por sequências, como por exemplo, calendários, cores, objetos,

formas, tamanhos e possuem interesse por objetos que giram. Estas pessoas

necessitam muito da rotina para concluir seu dia com desempenho e qualquer

mudança pode ocasionar um conflito interno até que se volte à regra habitual.

2.2. Níveis do autismo

Nível 1- Grau leve

A criança não mostra nenhum interesse em conversar com as pessoas e se

sente incomodada em interagir, o que acaba dificultando a sua relação com a

sociedade. Ela necessita de ajuda continua para se socializar. Neste nível a criança

sofre de um processo repetitivo, que quando é interrompido causa desconforto que só


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se resolve voltando ao mesmo já que o seu grau de concentração neste momento é

enorme. Ao preparar-se uma atividade voltada à esta criança deve-se tomar cuidado

porque qualquer coisa fora do contexto pode atrapalhar seu desenvolvimento e a

construção de sua personalidade.

Nível 2 – Grau moderado:

A criança vê um obstáculo muito maior na sua comunicação, seu vocabulário é

mais escasso tanto verbal quanto não verbal. Ela se comporta com isolamento dando

respostas curtas e incomuns quando as pessoas tentam se socializar com elas. Como

apresentado no nível 1, a criança também sofre o processo repetitivo , porém com

maior dificuldade em relação as mudanças, se estressando facilmente. Pessoas

relativamente distantes já conseguem perceber o que esta acontecendo, pois as

crianças autistas aparentam inflexibilidade comportamental e desinteresse por diálogo

contínuo.

Nível 3 – Nível severo

Já neste nível as crianças apresentam grande dificuldade na comunicação e

socialização com as pessoas, quase não havendo a fala, não há iniciativa de prolongar

ou responder as conversas ou qualquer tipo de interação com a sociedade. São

extremamente rígidos em seus comportamentos, sem conseguir mudar nada em sua

rotina. Seu grau de estresse é excessivamente alto.

É importante lembrar que uma criança autista não deve ser tratada com

indiferença, pois quanto mais cedo for dado o diagnóstico, melhor será o seu

desenvolvimento perante a sociedade. (http://carlaulliane.com/sobre-carla/)


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2.3. Autista na escola

Conforme aponta Ulliane a adaptação da criança é de extrema importância em

seu período escolar pois neste ambiente ela pode ser adequadamente estimulada a se

socializar com outras crianças nos diversos momentos, nas brincadeiras, atividades em

grupo, distribuição da sala, rotina da professora, trabalhos cognitivos, dinâmicas,

apresentações, parque, entre outros. Para o autista, devido a sua dificuldade de

interação, é de extrema importância desenvolver um contato com outras pessoas

criando vínculos que permitem um avanço no seu desenvolvimento.

Além do aspecto da socialização, o desenvolvimento das atividades em sala de

aula, apropriadas ao seu desenvolvimento e suas limitações é de grande valor, pois o

aluno terá oportunidade de encontrar o seu potencial máximo aprendendo além do

convívio social, procedimentos e disciplinas alcançando assim um progresso positivo

em relação ao seu desenvolvimento pessoal, afetivo, psicomotor e cognitivo que vai

além da própria escola.

2.4. Artes Visuais como método de aprendizado

O uso de artes visuais é uma excelente forma de se atingir uma criança com

autismo já que, a pessoa autista aprende de forma visual. Dentre as várias atividades

possíveis de serem realizadas em sala de aula citaremos algumas que são muito

positivas quando aplicadas também para os alunos autistas:

- A rotina da sala: placas ilustradas com as atividades que serão realizadas durante o

dia, disciplinas, brinquedos, parque, refeições, leitura, higiene pessoal, entre outras.
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-Trabalho com massinha, que utiliza as cores, as formas, tamanhos, estimula a

coordenação motora fina e estimula a criatividade, possibilitando ao aluno manifestar

suas ideias.

-Jogos Ilustrados, como sequências de cores, números e quantidades, argolas, quebra-

cabeça, bingo ,jogos de memória, labirinto com bolas, identificação de nome e imagem,

jogos de tabuleiro, placas de emoções, trabalhos com pintura e tintas, lego, alinhavos,

confecções recicláveis , jogo da velha entre outros que desenvolvem o aspecto

cognitivo, a interação, a assimilação de regras e saber ganhar e perder, além da

capacidade de concentração.

-Trabalhos de artes onde as crianças possam fazer a apreciação das obras, a

contextualização e sua leitura de imagem, conforme proposta triangular de Ana Mae

Barbosa.

-Atividades de arte como colagem, pintura com diversos tipos de tintas, desenhos,

esculturas, recortes, sprays e o uso de diferentes tipos de papeis, telas e painéis.

-Artes cênicas – Peças teatrais onde as crianças tenham a oportunidade de assumir

diferentes papéis.

-Educação Musical.

Estas são somente algumas das estratégias que podem ser utilizadas para que o

aluno consiga alcançar seu pleno desenvolvimento em sala de aula, porém é

importante lembrar que o aluno com este transtorno deve contar com uma educação

que promova a inclusão de forma a propiciar além das aulas regulares um segundo

momento no outro período em que possa utilizar sala de recursos e uma professora

especializada em educação especial e inclusiva. As artes visuais podem ser utilizadas


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para um melhor aprendizado e desenvolvimento, mas não se pode esquecer da

importância da parceria com as famílias para uma melhor rendimento do aluno.

3. PROJETO DE CURSO

3.1. Projeto de Curso – Ensinar é arte, aprender faz parte... Os desafios de ensino de

arte para crianças autistas.

CURSO: Artes Visuais

NÍVEL DE ENSINO: Ensino Fundamental e Médio

CARGA HORÁRIA: 3 meses (podendo ser prorrogado em caso de necessidade)

JUSTIFICATIVA:

O objetivo desse trabalho é levar a criança autista a descobrir suas habilidades e

se sensibilizar com a arte sentindo-se parte integrante do grupo de alunos. O projeto

visa atender suas necessidades específicas, porém não excluindo os demais, de forma

a possibilitar uma real inclusão, beneficiando não só este aluno como também os

demais.

Quando falamos em técnicas de ensino apropriadas ao autista é importante

analisar as ideias e metodologias no processo de aprendizagem para este segmento

específico. Segundo Bereohff (1991), para educar uma criança autista, é preciso levar

em conta a sua falta de interação com o grupo, sua comunicação precária, as suas

dificuldades na fala e a mudança de comportamento que esta apresenta. Diante deste

pressuposto o professor deve ter em mente proporcionar a este aluno as habilidades


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necessárias para seu desenvolvimento integral através das atividades artísticas,

auxiliando-o no processo de inclusão e também em sua aprendizagem nas demais

disciplinas.

O objetivo com este projeto é fazer com que o aluno se sinta incluído e

valorizado, sabendo identificar, analisar e fazer leituras e releituras de produções

artísticas, bem como compreenda como se deu a origem das artes em nossa história.

OBJETIVOS GERAIS:

 Proporcionar interação do aluno autista no desenvolvimento de atividades com

as demais crianças;

 Analisar principais dificuldades do aluno no desenvolvimento das atividades de

artes (produzir, reproduzir, representar etc.);

 Identificar e compreender as principais dificuldades do próprio professor em

relação à realização de atividades que proporcionem inclusão;

 Proporcionar oportunidades para visita a exposições e museus bem como o

acesso das crianças a imagens, pinturas, sons e esculturas, de forma a

familiarizá-las com a arte.

 Desenvolver técnicas de apresentação para encenação em teatros e


apresentações e/ou musicais.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS
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1. Compreender a história da arte a partir de seu surgimento;

2. Identificar técnicas de pinturas e materiais utilizados em sua produção;

3. Fazer a leitura, contextualização e releitura de imagens;

4. Praticar novas técnicas de movimentações corporais;

5. Desenvolvimento de gestos e controles emocionais;

6. Revelar talentos e desenvolvimento criativo;

7. Interpretar personagens no desenvolvimento de encenações;

ABORDAGEM TRIANGULAR

Desenvolver atividades onde a criança autista possa colocar em prática o fazer

artístico de forma igualitária aos demais a partir das exposições de conteúdos em sala

de aula e fora dela. Através de vídeos, imagens, pinturas rupestres e esculturas e da

contextualização com a história da arte. Após este primeiro momento de interação com

a história da arte e o contexto de como os objetos e pinturas vistos foram criados, as

crianças serão convidadas a dar suas opiniões sobre o que compreenderam do que

viram e ouviram. Em seguida a proposta é que as crianças observem e façam a leitura

destas obras e por meio de diversos materiais fornecidos materializem tudo o que foi

internalizado. Como produto final será proposta a apresentação de uma peça teatral

onde as crianças poderão demonstrar como acreditam que eram realizadas as

pinturas, gravuras e esculturas na fase de nossa pré-história. Para isso todas elas, em

especial a criança autista, deverão desenvolver habilidades gestuais e movimentos

corporais a fim de que a apresentação possa ser o mais realista possível.


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Materiais necessários para as produções artísticas:

 Pincéis

 Cartolinas

 Tintas: tintas para tecido e guache

 Pistola de cola Quente

 Colas: branca e tubo de cola quente

 Lápis

 Borracha

 Régua

 Materiais reciclados

Materiais necessários para encenação.

 Caixa de som;

 Microfones;

 Notebook;

 Data-show

 Pen drive;

 Cenário e figurino.
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Desenvolvimento:

1ª etapa:

Apresentar a história da pintura rupestre e seu surgimento através de vídeos,

imagens e visita guiada a museus. Essa etapa possibilitará ao aluno conhecer a

história e o desenvolvimento das técnicas usadas pelos homens Pré-Históricos para

registrar seu cotidiano

2ª etapa:

Debater com a turma sobre o conteúdo explanado e comentar sobre as formas

das pinturas rupestres, as técnicas que eram utilizadas, o contexto onde foram criadas,

fazendo paralelos com as mudanças que ocorreram desde seu surgimento até os dias

de hoje.

3ª etapa:

Desenvolver uma releitura que deverá ser uma produção artística, onde os

alunos colocarão em prática todos os conhecimentos adquiridos em sala.

4ª etapa:

Apresentar para a turma as produções desenvolvidas

5ª etapa:

Produção do teatro, divisão das falas de cada aluno e ensaios.

6ª etapa:
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Culminação do projeto realizado em sala com uma peça teatral que poderá ser

apresentada às demais turmas em momento oportuno, juntamente com exposições dos

trabalhos realizados.

AVALIAÇÃO

No decorrer do projeto será possível perceber eventuais dificuldades de

interação entre o aluno autista e os demais, capacidade de representação deste aluno

e suas dificuldades cognitivas, fazendo nestes momentos as intervenções necessárias

a fim de propiciar um clima favorável ao aprendizado e inclusão de todos. Neste

momento o educador perceberá onde o aluno se sobressai e onde ele tem maior

dificuldade e poderá proporcionar uma reflexão com as crianças sobre a importância de

inclusão dos diferentes e como isso foi e ainda é necessário para nosso progresso e

evolução.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao elencar descritivamente o motivo para a elaboração deste trabalho,

apresentamos os objetivos, a metodologia, uma prática pedagógica que visa entrelaçar

a relação entre o ensino de Artes Visuais e a Educação Especial e Inclusiva ,

propiciando a inserção de crianças portadoras do Transtorno Invasivo do

Desenvolvimento representado por danos graves e agressivos em várias áreas do

desenvolvimento de forma lúdica e sensível. Vimos nesta pesquisa bibliográfica como o

histórico de indivíduos com o Transtorno do Espectro Autismo insere-se ao mundo

visual com maior clareza e interação, principalmente em ambiente escolar por meio da

arte, assim a importância do ensino de Artes Visuais torna-se imprescindível a crianças


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com TEA uma vez que busca oferecer experimentações livres e espontâneas, levando

a descobertas e experimentações do fazer e sentir a arte, o que alavancam o

desempenho infantil, possibilitando vivencias significativas para a aprendizagem.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Höher Camargo, Síglia Pimentel, Alves Bosa, Cleonice, COMPETÊNCIA SOCIAL,


INCLUSÃO ESCOLAR E AUTISMO: REVISÃO CRÍTICA DA LITERATURA. Psicologia
& Sociedade 2009, 21 Abril: Acesso em: 6 de março de 2018. Disponível
em:<http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=309326582008> ISSN 0102-7182

RIBEIRO, Jeanne Marie de Leers Costa. A Criança autista em trabalho Disponível


em:<https://books.google.com.br/books?
id=Yqa1ffdbAgcC&printsec=frontcover&dq=ebook+autista&hl=pt-
BR&sa=X&ved=0ahUKEwi-
opfojIHaAhUHk5AKHQXgCC0Q6AEILDAB#v=onepage&q&f=false> Acesso em 02 de
Março de 2018

SILVA, Élida Cristina Santos DA. A PRÁTICA PEDAGÓGICA NA INCLUSÃO


EDUCACIONAL DE ALUNOS COM AUTISMO. Disponível em
<http://www.repositorio.ufba.br:8080/ri/bitstream/ri/9684/1/%C3%89lida%20C.
%20Santos%20da%20Silva.pdf>. Acesso em 20 de Março de 2018.

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