Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
EDIFICAÇÃO RESIDENCIAL
A utilização de sistemas estruturais mistos de madeira e concreto vem se tornando comum nos
últimos anos em face da necessidade de um melhor aproveitamento das características de
resistência e rigidez das madeiras, somadas aos aspectos da madeira ser um material
renovável e de baixo consumo energético em seu processamento. Tem se verificado que a
associação dos dois materiais resulta em elementos com excelentes características
arquitetônicas e estruturais, além de permitir um maior de automação do sistema construtivo.
Em se tratando de pisos residenciais, nesta investigação foi dada ênfase aos aspectos de
conforto humano, focando o comportamento dinâmico do sistema, expressado pelas
freqüências naturais e taxas de amortecimento. Para o conforto humano, relacionados com as
respostas a atividade de caminhar, foram empregados os mais recentes critérios de conforto e
segurança estabelecidas pela ISO 2631 e NBR 7190/97.
A investigação foi realizada com ensaios dinâmicos não destrutivos, com vibrações
introduzidas por um excitador eletrodinâmico, na banda de interesse para o conforto humano.
Os ensaios foram realizados pelo Laboratório de Estruturas e Materiais Estruturais da Escola
Politécnica da USP, em um piso de um conjunto habitacional de casas geminadas, construído
pela ITA Construtora , na cidade de São Paulo, em novembro de 1999.
A rigidez dos piso de concreto enrijecidos por vigas de madeira (pisos mistos madeira-
concreto) depende da interação entre as superfícies da viga de madeira e da placa de concreto.
Neste sistema estrutural e interação é garantida por pinos de aço com as pontas cravadas ma
madeira e cabeças imersas na casca de concreto. O modelo de comportamento mecânico dessa
ligação é baseado no deslocamento da ligação. Com isso, o momento de inércia efetivo da
seção transversal da peça é reduzido em função do tipo de ligação
Para a estimativa preliminar da rigidez efetiva da placa mista foi empregada a formulação do
EUROCODE 5 (1995), para vigas de seção composta ligadas por pinos. Neste caso, para a
avaliação da rigidez da placa, foi considerada uma seção transversal T, composta por uma
mesa de concreto de largura (b1), correspondente a distância entre eixos das vigas de madeira,
figura 1. O produto de rigidez a flexão é dado por:
2
EI ef = ∑ ( Ei I i + Υi Ei Ai ai ) = E1 I 1 + Υ1 E1 A1 a1 + E 2 I 2 + Υ2 E 2 A2 a 2 ...................................(1)
2 2 2
i =1
b1
σ1 σm,1
A1I1E1 h1 0,5 h1
a1 τmax
Y h2 h
a2
A2I2E2
σm,2 σ2
b2
Figura 1 – Seção transversal mista madeira-concreto
Na expressão (1), são considerados os valores médios para o módulo de deformação
longitudinal dos materiais. Para uma seção T simples o valor de Y2 = 1 e o valor de Y1 é dado
por:
1
Y1 = ................................................................................................................(2)
π E1 A1 s1 K 1 L2
2
Y1 E1 A1 (h1 + h2 )
a2 = .......................................................................................................(3)
2 ⋅ (Y1 E1 A1 + Υ2 E2 A2 )
Seção transversal
50 cm da peça
Esquema de distribuição
6 cm dos pregos nas vigas
Pregos: 600 cm
7 x 80 mm
Figura 2 – Seção transversal do piso e esquema de distribuição dos pregos nas vigas
Neste trabalho, optou-se pela determinação da freqüência de maior energia do piso, figura 10.
Neste modo a participação de massa do sistema é maior e portanto de maior interesse para
fins práticos de projeto. Por isso, o piso pôde ser tratado como um sistema de um grau de
liberdade neste modo específico de vibração. Para um sistema com um grau de liberdade,
figura 3, a equação de equilíbrio dinâmico tem a forma da expressão 4.
.. .
M x + c x + k x = f (t ) ................................................................................................................(4)
x (t)
4
x(t)
k 2
M
f(t)
0
Solução do
c regime
-2 estacionário
Solução
Sistema com um transiente
grau de liberdade -4
0 6 12 18 24 t 30
0.015
)
Xmax=0,013937 m/s2
2
0.012 f1 = 15,707 Hz
f2 = 16,369 Hz
0.009 X max
= 0,00985 m/s 2
Ensaio 2
0.006 Interpolação
Linear
0.003
0
0 6.4 12.8 19.2 25.6 32
Freqüência (Hz)
Figura 4 – método “half-power” para a determinação da taxa de amortecimento modal, valor
medido pelo acelerômetro R3Z no ensaio de excitação tipo aleatória
Neste trabalho foram realizados, basicamente, três ensaios de campo. No primeiro destes
ensaios, foram medidas as acelerações do piso quando submetido as atividades de pessoas
caminhando aleatoriamente. Com isso, pôde-se avaliar o conforto estrutural para uma situação
de serviço, segundo as recomendações da norma ISO 2631 e também a sua adequação quanto
aos estados limites de vibração, conforme as recomendações da norma NBR-7190/97.
Nos demais ensaios, foi utilizado um excitador cujas características eletrodinâmicas são
capazes de manter amplitude de força constante na banda de freqüência de 0,5 a 20 Hz. Com
isso, foi realizada uma excitação na forma de varredura com freqüências entre 0,5 a 20 Hz e
outra na forma de excitações aleatórias em torno da freqüência de 7 Hz.
Acel. R5Y
Acel. R4X
Excitador
1m
Acel.R3Z Acel. R2Z
Vista lateral
Na figura 6 está mostrado a série temporal de aceleração vertical do piso, medida pelo
acelerômetro R3Z, na situação em que o piso foi excitado por pessoas caminhando
aleatoriamente.
2
)
Tempo (segundos)
Figura 6 – Série temporal de aceleração para R3Z, picos da ordem de 0,7 m/s2
Tempo (segundos)
Tempo (segundos)
Na figura 8 está mostrada a série temporal de acelerações para o ensaio de excitação do tipo
aleatória.
2
)
Tempo (segundos)
5 EXPERIMENTAÇÃO NUMÉRICA
Para a avaliação dos resultados obtidos por meio da investigação experimental física, foram
feitas analises numéricas do piso, baseados no método dos elementos finitos, por meio do
programa SAP-2000.
No modelo numérico foram introduzidos os valores das propriedades dos materiais mostradas
na tabela 1, entretanto, os valores dos modos de deformação dos dois materiais foram
ajustados por meio das freqüências naturais de primeiro modo. A taxa de amortecimento do
sistema que foi 1,95%, foi estimada pela expressão 8 a partir da média dos resultados medidos
pelos acelerômetros R2Z e R3Z que foram de 1,86% e 2,06%, respectivamente.
Com isso, foram realizados uma análise modal teórica do piso e uma análise tipo “time
history”, fazendo-se uma carga de 40 N de amplitude variar senoidalmente de 0,5 a 20 Hz que
corresponde a excitação realizada no ensaio tipo varredura, figura 7-b.
50
Participação modal de massa
45
40
35
30
(%)
25
20
15
10
5
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80
Frequência natural (Hz)
A partir das séries temporais de aceleração e força medidos de excitação aleatória foi
construído o diagrama da resposta de freqüência, figura 11.
0.025
Força ( kg- )
1
0.015
0.01
0.005
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
Freqüência (Hz)
Na figura 12, está mostrado o diagrama da análise de conforto estrutural, para direção vertical
do piso que corresponde a direção longitudinal (pé-cabeça), para a atividade de caminhar.
Verifica-se pela figura 12, que a máxima aceleração medida na direção vertical (R3Z) é da
ordem de 0,029 m/s2 na freqüência de 16 Hz e que o limite de desconforto é dado pela curva
4,8. Para o outro acelerômetro vertical, R2Z, a máxima aceleração medida foi da ordem de
0,006 m/s2 e para os acelerômetros R4X e R5Y, nas direções transversais, os valores máximos
foram da ordem de 0,004 m/s2 na freqüência de 63 Hz e 0,003 m/s2 na freqüência de 31 Hz,
respectivamente.
Embora, este valor supere o limite recomendado pela ISO-2631, atende ao estado limite de
vibração especificado pela NBR-7190, pois segundo esta norma a menor freqüência natural de
vibração dos elementos da estrutura do piso não deve ser inferior a 8 Hz e no caso piso
considerado o valor medido foi de 16 Hz, figura 11.
Experimentação
numérica
Tempo (segundos)
7 CONCLUSÕES
a) Verifica-se pelas figuras 9-b e 11 que o valor da freqüência natural do piso correspondente
ao primeiro modo é da ordem de 16 Hz e que o valor da taxa de amortecimento,
determinado pelo Método “Half-Power”, foi de 1,95%. Este valor mostrou-se coerente,
pois as respostas dinâmicas medidas durante o ensaio foram próximas das respostas
obtidas pela experimentação numérica, figura 13;
b) O piso atende aos critérios da atual NBR-7190/1997 em relação ao estado limite de
vibração;
c) Quanto aos critérios da ISO 2631, o valor determinado 4,8, ultrapassa ligeiramente o valor
limite de desconforto estrutural recomendado por esta norma.
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS