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131 I'IRATAIUA INTRODUÇÃO,
não p rt nciarn ao papa, que, entretanto, os "doava", e essa direito natural dos europeus. Os títulos de terra emitidos pelo
juri pruel ência an ônica fez dos monarcas cristãos da Europa os Pa~aJPor intermédio dos reis e rainhas europeusjforam as pri-
v rnant 'S I t da as nações, "onde quer que se encontrem e meiras patentes. A liberdade do colonizador foi construída
qualqu 'I" que ja o credo que adotem". O princípio ela "ocupa- sobre a escravidão e subjugação dos povos detentores do di-
5 'f .tiva" p I s príncipes cristãos, a "vacância" das terras a reito original à terra. Essa apropriação violenta foi convertida
que s . r .Icriam, e o "dever" de incorporar os "selvagens" eram em "natural",definindo-se o povo colonizado como parte da
.ompou .nt '5 das cartas de privilégios e patentes. natureza, negando-se a ele, assim, sua humanidade e liberdade.
A Bl da Papal, a carta de Colombo e as patentes concedidas O livro de 10hn Lock..esobre a propriedade1)legitimou essa
I los 111 narcas europeus estabeleceram os fundamentos jurí- mesma operação de saque e roubojdurante o processo do cer-
li' s morais da colonização e do extermínio de povos não- camento [enclosure] das terras comunitárias feudais [com-
lIJ' p LI • A população nativa americana declinoujde 72 mons] na Europa. Locke formulou claramente a liberdade de
milhôe em 1492)para menos de 4 milhões.poucos séculos construir do capitalismojcomo liberdade de roubar. A pro-
1 lrti tarde. priedade é gerada extraindo recursos da natureza e misturan-
uinhentos anos depois de Colombo, uma versão secular do-os ao trabalho. Mas esse "trabalho" não é físico, é trabalho
ck 111 SIllOprojeto de colonização está em andamento por meio na sua forma "espiritual", como a expressa no controle do
ela: potentes e dos direitos de propriedade intelectual (DPI). capita!. Segundo Locke, apenas os detentores de capital têm
A I ula Papal foi substituída pelo Acordo Geral sobre Tarifas o direito natural de possuir recursos naturais, e este revoga os
, ~ mércio tGeneral Agreement on TariffsandTrade, GATT). direitos comuns de outras pessoas, anteriormente estabeleci-
() I rincípio da ocupação efetiva pelos príncipes cristãos foi dos. O capital é, dessa forma, definido como uma fonte de
sul, tituído pela ocupação efetiva por empresas transnacio- liberdade que, ao mesmo tempo, nega a liberdade à terra, às
II"i, apoiadas pelos governantes contemporâneos. A vacância florestas, aos rios e à biodiversidade, que o capital reivindica
da terras foi substituída pela vacância de formas de vida e como seus, e a outros seres humanos cujos direitos se baseiam
cspé ic , modificadas pelas novas biotecnologias. O dever de ~o ~eLltrabalho. A devolução da propriedade privada ao povo)
iIIC rporar selvagens ao cristianismojfoi substituído pelo dever e VIsta como expropriação da liberdade dos detentores do
ele incorporar economias locais e nacionais ao mercado global, capital. Assim, camponeses e povos tribais que exigem de volta
. inc rporar os sistemas não-ocidentais de conhecimento ao os seus direitos e acesso a recursos.são considerados ladrões,
I' , lucionisrno da ciência e da tecnologia mercantilizadas do
11111I](J cidental. Essas noções eurocêntricas de propriedade e pirataria são
A riação da propriedade.por meio da pirataria da riqueza as base.ssobre as quais as leis de DPI do GATT e da Organização
:d h 'i I ermanece a mesma de 500 anos atrás.
L Mundial do Comércio (OMC) foram formuladas. Quando os
A liberdade que as empresas transnacionais estão reivin- eur~peus colonizaram o resto do mundo pela primeira vez,
c1il:1I1c1por meio da proteção aos DPI, no acordo do GATT sentiram que era;,eu dever "descobrir e conquistar", "subjugar,
',nill't' os Direitos de Propriedade Intelectual Relacionados ao ocupar e pOSSUir .T'arece que os poderes OCIdentais ainda são
{ ,(llll(- r -j ('TradeRelated Intellectual Property Rights, TRIPs),
(~.I 111, 'r lad que os colonizadores europeus usufruíram a par-
111 d(' 1 192, ,01 rnbo estabeleceu um precedente.quando tra- I John Locke, UIJO Trcatisesof Govemment, editado por Peter Caslerr (Carn-
bridge Universiry Press, 1967).
11111 ,I lill'II{;, para onquistar povos não-europeus.como um
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BIOPlRATARIA
INTRODUÇÃO
acionados pelo impulso colonizador de descobrir, conquistar, A mesma lógica é agora utilizada para tomar a biodiversi-
deter e possuir tudo, todas as sociedades, todas as culturas. As clndc dos proprietários e inovadores originais, definindo suas
colônias foram agora estendidas aos espaços interiores, os "có- sementes, plantas medicinais e conhecimento médico como
digos genéticos" dos seres vivos, desde micróbios e plantas até parte da natureza, como não-ciência, e tratando as ferramentas
animais, incluindo seres humanos. Ia engenharia genética como o padrão de "melhoramento".
John Moore, um paciente de câncer, teve as linhagens de A definição do cristianismo como única religião, e de todas as
rsuas células patenteadas por seu próprio médico. Em 1996, a
IMyriad Pharmaceutical, uma companhia sediada nos Estados /'
I
urras crenças e cosmologias como primitivas, encontra seu
paralelo na definição da ciência ocidentalmercantilizada J
como
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,. • A •
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BIOPlRATARlA
Criatividades diversas
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