18/05/2019

Prof. Olavo de Carvalho

COF: Aula 152/ “Para quem é a filosofia?”

Se a condição humana não é inerente ao feto por natureza, então alguém

terá que decidir quando ele se torna humano, e este alguém será
necessariamente o estado, independente da verdade cientificamente.

Atualmente, a filosofia se tornou uma profissão universitária que serve

para caixa de ressonância para a propaganda esquerdista.

A filosofia não se aplica para todos. Mas apenas para aquelas que
chegaram a um nível de perplexidade que requer um tratamento filosófico
das questões.

Ler o texto "O que é isto, a Metafísica?" de Martin Heidegger.

Muitos anos de aquisição de cultura filosófica podem amortecer sua

busca da sabedoria.

José Ortega y Gasset diz que a filosofia começa com a "desorientação

radical" e "será filósofo quem não puder ser outra coisa".

A filosofia é uma resposta integral a uma situação inteira. É a extrusão do

conteúdo inteligível da experiência humana que caracteriza a filosofia.

A filosofia é a parte inicial da estruturação inteligível da experiência que

possibilita a discussão racional.

A filosofia é a formulação da experiência humana em termos

intelectualmente manipuláveis.

Se você levar para o psicoterapeuta uma questão que transcende a

cultura ele não vai poder te ajudar, porque ele usa de meios da cultura
para te curar.

O princípio da filosofia de Leibniz é de ordem religiosa. Ele queria

conciliar a Igreja Católica e os protestantes.

A filosofia é para aqueles que chegaram à esfera de perplexidade cultural.

É impossível você ter uma percepção sensível de uma coisa inteira. Nós
só percebemos aspectos das coisas.

A existência do mundo é uma condição prévia para que eu possa postular

a noção de sensação. O primitivo e o derivado não corresponde à relação
de parte e todo.

Parte é uma coisa, começo é outra e causa é uma terceira ainda.

Ninguém vê aspectos separados de coisas. A experiência vem sempre

mesclada.

A frase de Wittgenstein "o mundo é o conjunto dos fatos atomísticos" é

autocontraditória: conjunto-fatos atomísticos.

Segundo Viktor Frankl, se a natureza humana é uma criação cultural não

pode haver nenhum argumento sério contra o genocídio.

O conservadorismo britânico é baseado em Hume, que destrói tudo do

ponto de vista intelectual e se apega à tradição.

Quando um filósofo comete um erro pela primeira vez pode não parecer
um erro, mas depois que sabemos que ele cometeu esse erro não
precisamos cometê-lo de novo.

Nada justifica que tudo que é grande precisa surgir do pequeno, o maior
do menor e o todo da parte.

A árvore não surge da semente, surge da interação entre a árvore com o

terreno.

Tudo que surge do Todo já estava no Todo.

Hume acreditava que uma mônada se compõe de todas as outras, mas

Leibniz já dizia que uma mônada supõe todas as outras.

Quando você encontra uma questão que afeta todo o conhecimento

humano e você busca uma resposta para ela, aí você se torna um
filósofo.

O ser humano acredita na unidade do mundo porque ele já nasceu dentro

da unidade do mundo.

Estar na unidade do mundo é a base da experiência humana e portanto

acreditar na unidade daquilo que se impõe a você é da natureza humana.

Porém, acreditar na unidade do mundo deriva por analogia a crença na

unidade da cultura. Entretanto, isso não faz parte da experiência, é uma
expectativa.

Os enganos na cultura são a origem de grande parte dos sofrimentos que

afligem a humanidade.

Um objeto não pode conter em si a total explicitação da sua origem, pois

ela o transcende.

As partes não geram o todo, elas pertencem ao todo.

Nenhum individuo tem conhecimento de toda a sua cultura, por isso conta
com que ela possa responder todas suas dúvidas e que há alguém que
pode solucioná-las. Desse modo há uma série de convicções tácitas em
que todos acreditam.

Se a presença paterna e materna são tão importantes por que ninguém

até o século XVIII reclamou da ausência dos pais? As coisas não são
assim na realidade, só no imaginário cultural.

A fidelidade matrimonial em vez de ser um presente do céu passa a ser

um direito, mas só passa a ser um direito depois de ser regulamentado, e
não há nada que esteja na política sem que esteja antes na cultura
(sobretudo na literatura).

O segredo da autoridade, segundo Napoleão, é mandar as pessoas

fazerem o que elas querem, não o que você quer.

Nós desejamos influenciar o curso das coisas, não dirigi-lo.

As falas de um personagem não são completas, pois supõem as falas dos

outros personagens.

Segundo o poeta Paul Eluard, há outros mundos, mas estamos neste.

O tipo de unidade que busca o filósofo é o tipo de unidade tal como ele a
experiência.

(À parte da aula, encontrado na Biblioteca: Ler os últimos fins do homem,

do padre português Manuel Bernardes).

Você só consegue conhecer as partes como tais se conhecer o todo.

Se um ser é necessariamente e absolutamente possível a possibilidade

da sua inexistência é impossível.
Portanto, tudo que é absolutamente possível tem que existir em algum
momento na totalidade do curso da história do mundo.

Portanto, a existência de um ser necessariamente possível já é de um

modo a existência de um ser necessário.

Necessidade vem de "Nec cedere", não pode ceder.

Se o mundo não fosse produto de um ato livre, não poderia haver

pensamento livre, apenas um simulacro disto.

A experiência não é transportável, ela pode ser simbolizada, mas o

interlocutor precisa rememorar a mesma experiência.

A primeira regra da argumentação é que as duas pessoas estejam

verdadeiramente presentes e ser sinceras.

A ideia da reciprocidade entre TODOS os seres humanos da Terra só

surgiu com o cristianismo. A moral laica/ateia se constitui de valores
religiosos alienados e de absurdidades morais que ela mesma inventou.

Se você se recusa a fazer sexo genital com seu cônjuge ele pode pedir
divórcio, se você obriga seu cônjuge a fazer sexo anal você pode pedir
divórcio. Só o direito a sexo relativo à procriação é garantido pela lei.

Ler sobre Keanu Wilber, sobre Holo, equivalente à mônada de Leibniz.

Conhecimento em aberto não quer dizer desconhecimento, mas círculo

de latência.