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NOVAS CENTRALIDADES URBANAS EM SINOP-MT E AS VERDADEIRAS

PRIORIDADES DAS CIDADES.

SMANIOTTO, Adriane Juliane1


DE OLIVEIRA, Elisiê Karine2

RESUMO

Este artigo aborda as alterações espaciais das cidades com o decorrer do surgimento de
novas áreas com atividades comerciais, residenciais e de fluxos que remetem á
centralidade. A pesquisa tem como base a cidade de Sinop-MT que se encontra em
constante crescimento, como resultado tem-se reestruturação urbana unida às novas
centralidades, como por exemplo, as faculdades, Shopping Center e novos bairros
planejados. É apresentado também as principais necessidades de uma cidade para que se
dê tenha visão daquilo que realmente é prioridade. Buscando qualidade de vida integral
a população em geral. Espera-se a partir das pesquisas realizadas e aqui citadas,
contribuir com os estudos de geografia urbana, especificamente da cidade referida,
apontando suas prioridades e o surgimento de novas centralidades.

Palavras-chave: Urbanização. Centralidade urbana. Novas centralidades. Crescimento


Urbano. Qualidade de vida. Prioridades.

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ABSTRACT

This article discusses the spatial changes of cities with the appearance of new areas of
commercial, residential and flow activities that refer to the centrality. The research is
based on the city of Sinop-MT that is constantly growing, as a result has urban

1
Acadêmica do curso de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade Fasipe.
E-mail: naani_smaniotto@hotmail.com

2
Acadêmica do curso de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade Fasipe.
E-mail: elisiekarine@hotmail.com.
restructuring linked to the new centralities, such as colleges, Shopping Center and new
neighborhoods planned. It also shows the main needs of a city so that you have a vision
of what really is a priority. Seeking quality of life for the general population. It is
expected from the research carried out and cited here, to contribute to the studies of
urban geography, specifically the city referred to, pointing out its priorities and the
emergence of new centralities.

Keywords: Urbanization. Urban centrality. New centralities. Urban growth. Quality of


life. Priorities.

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INTRODUÇÃO

Principal cidade do Norte mato-grossense, Sinop tem 43 anos de fundação e 38


anos de emancipação política. Apesar da pouca idade, a cidade de médio porte figura
entre os municípios com alto índice de desenvolvimento municipal e qualidade de vida
para sua população. Conta com mais de 130 mil habitantes, segundo o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Localizada a 500 quilômetros da capital
Cuiabá, Sinop integra o Portal do Agronegócio, classificação atribuída pelo Ministério
do Turismo. Entre 2010 e 2015, o crescimento populacional médio ao ano foi de 2,8%.
Segundo levantamento realizado pela Geofusion, empresa especializada em inteligência
geográfica de mercado, Sinop ficou em 9º lugar.

A produção do espaço urbano de Sinop é marcada por um ciclo de expansão e


valorização imobiliária que é ligada a situação econômica desta década. A região
vivencia nos últimos anos um período de transformação em seu espaço urbano que é
marcado pelo forte potência do mercado imobiliário, aumentam a quantidade de
construções e lançamentos o número de transações e busca por novas áreas por parte de
construções e incorporadoras assim como a oscilação de valores, todo esse processo cria
novas dinâmicas e configurações sócios espaciais que trazem consigo conflitos e
contradições, como problemas de fluxo, transporte, grandes distancias entre outros.
Essas transformações também estão ligadas às novas localizações de grupos, empresas,
comércio e de serviços, favorecendo o desmembramento espacial. Sendo assim, é
possível perceber certa imprevisibilidade presente no processo de centralidade.
Centro: meio de um espaço qualquer: o centro da cidade. Ao falarmos em centro
de uma cidade nos remetemos ao local onde está situada a região mais ativa da cidade,
onde se concentra a atividade comercial e financeira. Periferia: área que contorna o
centro. Podemos entender através desses conceitos a importância da relação centro-
periferia.

Ao falarmos em novas centralidades essa relação centro - periferia é um dos


principais objetos de estudo, pois são decorrentes de alterações na configuração do
espaço, na dinâmica da cidade, fluxos e reestruturação.

A importância do debate quanto às novas centralidades


está relacionada aos impactos que as mesmas impõem ao
cotidiano das pessoas e a estrutura interna das cidades a
exemplo da necessidade de aberturas e ampliação de novas
vias de circulação. (SPOSITO, 2001).

Portanto ao serem criados novos centros, muitas alterações são causadas no


espaço urbano, e como um efeito dominó modifica várias outras zonas morfológicas e
políticas da cidade, que necessitam de novas dinâmicas para o sistema.

São diversas as mudanças que a cidade de Sinop vem passando durante o


decorrer dos últimos anos e a criação de uma nova centralidade desencadearia um
processo com muitas mudanças para a cidade, como a alteração da morfologia urbana,
formação de outras periferias, concentrações e descentralizações.

NOVAS CENTRALIDADES

As futuras “novas centralidades” em Sinop, estão localizadas em regiões


privilegiadas da cidade, onde existem projetos de universidades públicas e privadas,
escolas, entre outros empreendimentos que serão atraídos pela especulação imobiliária.
As áreas planejadas prometem trazer consigo as novas premissas do novo urbanismo3,
pretende transformar os locais em um exemplo de como as cidades no futuro serão

3
Espaço estruturado e concebido para ser compartilhado e que promova a integração entre moradores,
sociedade, serviços e a natureza.
beneficiadas ao alinhar investimentos em estrutura para educação com a qualidade de
vida da população.

Porém ao se criar-se novas centralidades temos que levar em consideração todos


impactos que são provocados na estrutura do espaço, uma delas é a ação do poder
público para instalação de infraestrutura urbana, demanda de moradias e acumulação
capitalista. Alto investimento público, em vias de circulação e transporte o que
contribui para a especulação imobiliária acarretando à exclusão de pessoas com baixo
poder aquisitivo. Toda essa nova dinâmica para uma nova centralidade em Sinop
valoriza interesses específicos imobiliários.

Essa nova morfologia caracteriza-se pela expansão do tecido


urbano, de forma intensa, mas descontinua. Os espaços urbanos
se redefinem. Ao invés de aglomerações urbanas que designam
contiguidade e adensamento populacional de infraestrutura e
equipamentos, produzem-se largas tramas urbanas que se
redefinem por uma estruturação polinucleada, interna e
externamente articulada por amplos sistemas de transporte e
comunicação. (SPÓSITO, 2001, p.85).

O reflexo exposto acima mostra que a desconcentração está diretamente


relacionada a distancias e acessibilidade e também a novos pontos de aglomerações. Por
exemplo, atividades que já existiam no centro da cidade, agora se distribuem em
diversos setores da cidade, tornando-se um tecido urbano polinucleado que reflete a
desconcentração.

Em resumo, escolho o termo “desconcentração” para descrever


os padrões atuais de crescimento polinucleado porque ele
apreende a dispersão regional maciça de pessoas, comércio,
indústrias e administração pública, juntamente com a
reestruturação contemporânea de tais regiões em domínios
multicentrados – esparramados por vários quilômetros e
localizados em todo lugar do país especialmente naquelas áreas
consideradas antigamente imunes ao desenvolvimento urbano.
(GOTTDIENER, 1993, p.19)
A CIDADE E SUAS PRIORIDADES

A região de Sinop está em constante desenvolvimento, porém ainda possui


muitos problemas no âmbito urbanístico, e as soluções e iniciativas políticas da cidade
não são lógicas aos se pensar nos problemas da cidade.

Em entrevista para a plataforma Rede Juntos o Dr. Liu Thai Ker que é arquiteto-
planejador e atualmente é Diretor-Sênior da RSP Architects Planners & Engineers (Pte)
Ltd, além de conduzir projetos de arquitetura em Singapura, Dr. Liu desenvolveu
serviços de arquitetura e planejamento urbano em aproximadamente quarenta cidades.
Dr. Liu explica que muitas vezes os responsáveis políticos pela cidade procuram
alternativas atrativas e empolgantes, com resultados imediatos sem buscar pensar de
maneira racional sobre o que a cidade realmente precisa. Por exemplo, construir uma
nova centralidade referência em urbanização e qualidade de vida é realmente atrativo e
muito empolgante, mas não é a prioridade da cidade que ainda possui muitos problemas
para serem solucionados. Com base nisso entramos na pauta do que é realmente
necessário para uma cidade como um todo ser um exemplo em urbanismo, e não apenas
um benefício de uma mera porcentagem da população.

Uma cidade que funciona deve possuir um plano pensado estrategicamente


levando em consideração todas as camadas da sociedade e suas necessidades, problemas
de acessibilidade, transporte, grandes distancias, moradia, saúde, saneamento entre
outros que devem ser prioridade antes de grandes investimentos com resultados
imediatos e que atendem pequena parcela da população.

Talvez esse seja um dos problemas das cidades brasileiras, incluindo Sinop,
fazer tudo funcionar em uma cidade é mais importante do que desperdiçar tempo e
dinheiro em embelezamento ou propostas que aumentam problemas sociais, novas
centralidades, por exemplo, são uma das mudanças que reforçam a exclusão urbana.

Segundo Dr. Liu Thai Ker, a cidade deve ser autossuficiente e não apenas
lugares dormitórios, deve existir a possibilidade de uma comunidade poder morar,
trabalhar, comprar o básico, ter atendimento médico além do acesso a campos
esportivos e áreas de lazer no seu bairro ou região. A cidade deve ser pensada como um
todo e não por pedaços, planejada em todos os seus aspectos para que a cidade funcione
de forma progressiva e atenda a todas as escalas da sociedade. Ao explicar sobre o
urbanismo o Dr. Liu usa uma metáfora que compara a cidade a um corpo humano, o
corpo deve ser saudável para que todos os órgãos funcionem assim como a cidade
precisa ser planejada para que ela seja saudável e tudo funcione às vezes um líder
municipal prefere fazer investimentos superficiais que embelezam a cidade, pois é
muito mais fácil tomar iniciativas para embelezar a cidade ou para beneficiar uma
pequena parcela da população do que tornar a cidade saudável por um todo, então os
lideres acabam tomando a decisão que parece mais fácil e de ação imediata como uma
espécie de “mascaração” dos problemas ainda existentes.

Uma cidade planejada facilita a vida das pessoas. Como por exemplo questões
de melhorias na dependência de transporte motorizado, acessibilidade, fluxos,
arborização, qualidade de vias, problemas de esgoto e descarte de lixos entre outros, são
assuntos prioritários na qualidade de vida de uma cidade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

De acordo com o exposto, a questão novas centralidades merece uma análise


visto que a mesma expressa mudanças socioespaciais no setor urbano. Portanto há
diferentes aspectos presentes nas mudanças causadas pelo desenvolvimento de novas
centralidades que afetam direta e indiretamente a vida da população. Nesse contexto
abordamos que existem muitos problemas a serem solucionados que demandam
investimentos públicos, que seriam prioridade para a melhoria da cidade antes de
qualquer investimento que favorece apenas uma parcela da população.

Refletindo sobre a dimensão dessa relação entre criação de novas centralidades e


investimentos necessários, enquanto ainda existem outros problemas principais a serem
solucionados, vemos a importância de um bom planejamento para a cidade, ver quais
são suas necessidades, áreas que realmente precisam de soluções que melhorem a vida
de toda a população, como a criação de planos com bairros autossuficientes, onde as
pessoas possuam suas moradias e ainda tenham as suas necessidades básicas ao seu
alcance, como saúde, educação, produtos comerciais básicos, áreas de lazer e jardins.
Merece ênfase a contribuição do Dr. Liu Thai Ker, que afirma que a cidade deve
ser acima de tudo funcional e atender todas as demandas da população, tendo qualidade
de vida homogênea em todos os locais, e a conscientização do poder público para se ter
uma boa visão da cidade como um todo. A cidade acima de tudo deve ter tudo
funcionando corretamente, para que só então haja a preocupação com o embelezamento
e obras de superestrutura. Ou seja, ao tornar uma cidade inteiramente saudável e
trazendo qualidade de vida para toda a população, faz com que ela automaticamente se
torne bela, e terá possibilidades lógicas de fortalecimento de outras áreas como criação
de uma nova centralidade urbana, caso seja realmente necessário.

Outro ponto também a ser refletido é o da atuação do poder público municipal,


ao que se refere aos investimentos, pois ao se investir em novas centralidades, acabam
favorecendo seu desenvolvimento, e modificando a morfologia urbana com a criação de
novas periferias que acabam desprovidas de investimento público, não atraem
investimentos privados logo não são favorecidas em seu desenvolvimento.

Nota-se a importância da gestão urbana, para um crescimento ordenado, e


comprometido com o social, buscando equilíbrio e um melhor planejamento da cidade
pensada como um todo. É papel do arquiteto e urbanista, interferir nas decisões do
poder público municipal, quando se existem formas mais benéficas de se investir e
planejar uma cidade.
REFERÊNCIAS

GOTTDIENER, M. A produção do espaço urbano. Trad. Geraldo Gerson de Souza.


São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1933. Disponível em: <
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