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Métodos e Técnicas de Avaliação

Dermato-funcional

Brasília-DF.
Elaboração

Fernanda Guzzo Gomes

Produção

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração


Sumário

APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 4

ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA..................................................................... 5

INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7

UNIDADE I
AVALIAÇÃO ESTÉTICA............................................................................................................................. 9

CAPÍTULO 1
IMPORTÂNCIA DE UMA AVALIAÇÃO MINUCIOSA........................................................................ 9

CAPÍTULO 2
ANAMNESE ............................................................................................................................ 11

CAPÍTULO 3
INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO................................................................................................ 20

CAPÍTULO 4
A FOTOGRAFIA COMO MÉTODO DE AVALIAÇÃO.................................................................... 24

UNIDADE II
A AVALIAÇÃO ESTÉTICA E OS TRATAMENTOS PROPOSTOS...................................................................... 42

CAPÍTULO 1
ESTRUTURAÇÃO DE CONSULTÓRIO PARA AVALIAÇÃO.............................................................. 42

CAPÍTULO 2
MOMENTO DE AVALIAÇÃO FINAL NOS TRATAMENTOS FACIAIS E CORPORAIS........................... 45

CAPÍTULO 3
MENSURANDO A SATISFAÇÃO DO CLIENTE/PACIENTE............................................................... 46

PARA (NÃO) FINALIZAR...................................................................................................................... 48

REFERÊNCIAS................................................................................................................................... 49
Apresentação

Caro aluno

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se


entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade.
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da
Educação a Distância – EaD.

Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade


dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos
específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém
ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a
evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo


a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.

Conselho Editorial

4
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa

Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em


capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para
aprofundar os estudos com leituras e pesquisas complementares.

A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de
Estudos e Pesquisa.

Provocação

Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.

Para refletir

Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.

Sugestão de estudo complementar

Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo,


discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Praticando

Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de fortalecer


o processo de aprendizagem do aluno.

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Atenção

Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a


síntese/conclusão do assunto abordado.

Saiba mais

Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões


sobre o assunto abordado.

Sintetizando

Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o


entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Exercício de fixação

Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não
há registro de menção).

Avaliação Final

Questionário com 10 questões objetivas, baseadas nos objetivos do curso,


que visam verificar a aprendizagem do curso (há registro de menção). É a única
atividade do curso que vale nota, ou seja, é a atividade que o aluno fará para saber
se pode ou não receber a certificação.

Para (não) finalizar

Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem


ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.

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Introdução
O presente Caderno de Estudos e Pesquisa foi elaborado com o objetivo de propiciar
conhecimento e direcionamento para o que significa grande diferencial na estética:
a avaliação do paciente/cliente. Por meio desse aprendizado você, profissional, será
capaz de saber como e onde intervir, entenderá a individualidade de cada paciente e
conseguirá mensurar seus resultados.

Neste material iremos abordar os instrumentos utilizados na avaliação estética a


metodologia empregada em uso, para que haja garantia de fidedignidade dessa avaliação.

É importante que tenhamos consciência de que as áreas da estética e cosmetologia


sofrem constantes inovações, exigindo, assim, que o profissional busque atualização
por meio de estudo, participação em eventos científicos na área e pesquisa frequente,
nunca se limitando a apenas esse material. A cada capítulo pensamos nas horas que
você dedica às atividades educativas bem como às práticas desenvolvidas no cotidiano
de um ambiente universitário. Este material dará todo direcionamento, e nós tutores
estaremos à disposição para os esclarecimentos necessários para que seu aprendizado
seja o mais amplo possível.

A partir do conhecimento dos métodos e das técnicas de avaliação estética, você vai
adquirir segurança não só em avaliar seu cliente, como também em estabelecer
protocolos de tratamentos individuais e eficazes.

Bons estudos!

Objetivos
»» Compreender a importância do acompanhamento de um tratamento
estético por meio de minuciosa avaliação.

»» Utilizar instrumentos existentes para efetivação da avaliação estética,


facial e corporal.

»» Diferenciar a avaliação quantitativa e qualitativa/ou subjetiva.

»» Definir uma metodologia padronizada para a coleta dos dados necessária


para uma avaliação estética.
»» Ressaltar a importância da fotografia nas avaliações estéticas e o devido
padrão para coleta de imagens.

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AVALIAÇÃO ESTÉTICA UNIDADE I

CAPÍTULO 1
Importância de uma avaliação
minuciosa
.

Por que se deve realizar avaliação em tratamentos estéticos?

Muitos podem achar que por se tratar de uma afecção estética (não patológica, em
teoria), a avaliação seja dispensável. Não é bem assim. Uma avaliação minuciosa e
padronizada orienta o profissional e seu cliente quanto aos resultados efetivamente
conseguidos com o tratamento proposto. Muitas vezes pode mostrar até mesmo que
não houve grandes resultados, e nesse caso, devemos usar de sabedoria para fazer com
que o cliente entenda o porquê e não simplesmente deixar de avaliar para não correr
esse risco.

Geralmente, os tratamentos estéticos se compõem de mais de uma sessão, na maioria


das vezes, em média, de dez sessões nos tratamentos corporais e três sessões nos
faciais. Nesses casos específicos, é importante que o profissional realize uma cuidadosa
avaliação antes de iniciar o tratamento, e outra de mesma natureza, após sua finalização.

A consulta que os profissionais de estética fazem é denominada de avaliação. Nesse


momento, não bastar escutar qual tratamento o cliente busca e vender o produto, mas
sim fazer uma anamnese completa para conhecer o cliente como um todo, bem como os
detalhes do problema a ser tratado.

Não se deve esquecer que inúmeros tratamentos possuem contraindicações relativas e/


ou absolutas. É durante a anamnese que o profissional terá a oportunidade de perceber
se aquele paciente/cliente pode ou não ser submetido ao tratamento em questão.
Portanto, a avaliação não deve ser entendida como simplesmente anotar medidas de

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UNIDADE I │ AVALIAÇÃO ESTÉTICA

fita métrica ou de balança de peso, mas de uma coleta ampla de informações pessoais e
de saúde geral de seu cliente.

Essa recepção é extremamente observada pelo paciente, que a partir desse cuidado
acaba por relacionar esse procedimento à organização e competência do profissional.
O protocolo de avaliação acaba, portanto, sendo parte de um diferencial na oferta de
seu produto/serviço.

Feita a avaliação inicial, esperamos o fim do tratamento proposto para realizarmos a


avaliação final. É comum alguns profissionais realizarem uma avaliação intermediária,
na metade do tratamento. Particularmente, considero dispensável, devido às poucas
mudanças conseguidas em poucas sessões. A avaliação final consegue demonstrar
realmente o resultado após o número de sessões que você, profissional, sugeriu de ser
cumprido. O profissional que realmente avalia é considerado, no mínimo, capacitado,
pois se está mensurando resultados, é porque acredita e espera melhoras significantes
do tratamento, ou conhece bem os motivos pelos quais essa melhora pode não ser tão
evidente, a ponto de conseguir expor isso ao seu cliente sem causar a impressão de
engano, ou que o tratamento não funcionou. É por isso que o profissional deve ser
capacitado e tenha seriedade ao propor tratamentos individuais e não simplesmente
“vender pacotes” idênticos para todos os clientes, sem considerar as diferenças entre
eles, tanto na gravidade da afecção em questão, quanto em particularidades de cada
um, como genética, biótipo, raça etc.

Neste material estudaremos os recursos e técnicas que propiciam uma avaliação bem
feita e fidedigna.

Fazer uma avaliação antes do tratamento e não somente realizar avaliação


ao término do tratamento significa avaliar de forma incompleta? Adotem o
computador como ferramenta de arquivo dos dados de avaliação, além das
fichas de consultório.

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CAPÍTULO 2
Anamnese

Consulta: ouvir do paciente suas dúvidas


quanto ao tratamento
O primeiro item de qualquer avaliação é iniciar uma conversa com seu paciente, onde
você fará perguntas sobre ele e o que o está encomodando.

Ao entrar em seu consultório, o paciente deve ser recebido com simpatia e convidado
a se assentar. O profissional deve saber iniciar a conversa sobre o que o paciente
realmente deseja falar. Em geral, da agenda o profissional conhece o primeiro nome
do paciente e pode chamá-lo pelo nome desde a entrada no consultório. É comum
iniciar a conversa perguntando por exemplo: então, Senhora, “Maria”, o que a trouxe
em meu consultório? Ou: o que está incomodando a Senhora? Com essa introdução, o
profissional abre espaço para que o paciente possa falar de sua necessidade principal.

Após, coletada a queixa, o profissional deve explicar quais os tratamentos que podem
tratar aquela afecção, incluindo os resultados esperados. Em geral, a primeira
avaliação não garante se o paciente fará o tratamento com você. Portanto, ainda não
se deve preencher nenhuma ficha, apenas saber as informações e a necessidade do
paciente para “vender” o tratamento. Quando isso é abordado, o paciente geralmente
questionará sobre os custos e, em geral, já demonstra ali mesmo se fará ou não o
tratamento com você.

Se o paciente comentar que vai pensar ou não der certeza, a consulta terminou por aí.
A maioria dos profissionais chama isso de avaliação, o que na realidade é uma consulta.
A avaliação, como veremos a seguir, trata-se da entrevista, inspeção, palpação, testes,
medidas e fotografias.

Se o paciente, ao saber detalhes sobre o tratamento que procura, deixar claro que vai
começar as sessões, o profissional deve explicar que ele agendará um horário para
começar de fato o tratamento e, na primeira sessão, irá preencher a ficha dele e coletar
alguns dados de avaliação, a não ser que o profissional tenha espaço na agenda naquele
horário, e possa atendê-lo imediatamente. Todos esses passos se referem tanto aos
tratamentos faciais quanto aos corporais.

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UNIDADE I │ AVALIAÇÃO ESTÉTICA

Entrevista
No momento da entrevista são pertinentes as perguntas básicas informativas como
nome completo, endereço, telefone, profissão, data de nascimento. Esses dados são
essenciais para seu arquivo de cadastro do paciente, além de alguns como cor e profissão,
poderem ter influência sobre o motivo principal. É válido para o profissional também
incluir e-mail e indicação (quem o indicou como profissional).

Em seguida, vem o item “problema principal”, que o profissional já conheceu por meio da
consulta, e muitas vezes não precisa perguntar novamente ao paciente, mas simplesmente
anotar, por exemplo: “manchas no rosto” ou “estrias no bumbum”. Lembrando que
essa referência deve ser escrita, conforme o paciente disse, com as palavras dele e entre
aspas. O profissional deve perguntar (se não tiver conversado sobre isso na consulta)
se o paciente já realizou algum tratamento anterior para resolver o problema e tentar
descobrir se obteve resultados, se ele gostou do tratamento etc. Esse momento, é uma
oportunidade para que o profissional perceba que tipo de paciente está com ele, se é
muito exigente, se pode gerar problemas diante de resultados insatisfatórios, se é do
tipo “fiel” ou se muda de profissional a cada mês. É importante que haja ética por parte
do profissional, para que não fale mal do tratamento que o paciente relata ter feito.
Nessa hora, deve-se apenas escutar e falar o que tiver que ser falado do tratamento a ser
oferecido sem denegrir a imagem dos outros.

Perguntas que também complementam seu conhecimento sobre o paciente e podem


trazer outras informações tais como: contraindicação de algum tratamento, são:
antecedentes cirúrgicos, se tem alergia a algum produto, se pratica atividade física
regular, se fuma, se bebe, se está gestante (se sim, o tempo gestacional), se faz uso de
anticoncepcional ou outro medicamento regular, se tem história de câncer na família,
se possui marcapasso, metais pelo corpo, DIU metálico, hipertensão, diabetes, entre
outras perguntas que podem ser acrescentadas.

Não é viável que a ficha seja muito extensa, pois o tempo do profissional está em jogo.
No entanto, deve ser o mais completa possível sem gastar muito tempo.

Modelo de Ficha de Anamnese (Entrevista)

Nome: Data de hoje: / /


Idade: Data nasc: / / Cor: Est. Civil:
Endereço: Tel:
Profissão: email:
Indicação:
Q.P:

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AVALIAÇÃO ESTÉTICA │ UNIDADE I

Tratamento anterior:
Antecedentes cirúrgicos? S ( ) N ( )
Antecedentes alérgicos? S ( ) N ( )
Pratica atividade física regular? S ( ) N ( )
Fumante? S ( ) N ( )
É gestante? S ( ) N ( ) Tempo de gestação:
Faz uso de anticoncepcional? S ( ) N ( )
Faz uso de medicamento? S ( ) N ( )
História de CA? S ( ) N ( ) Descrição:
Marcapasso: S ( ) N ( ) DIU: S ( ) N ( ) Metais: S ( ) N ( )
Varizes: S ( ) N ( )

Hipertensão: S ( ) N ( ) Hipotensão: S ( ) N ( ) Diabetes: S ( ) N ( )

Avaliação facial

Inspeção

Quando a queixa é facial, a avaliação física deve focar na face do paciente. Sem esquecer
de que ele é um todo, e que outros aspectos do corpo podem influenciar nessa queixa,
claro. Se a entrevista foi feita, o profissional já consegue relacionar fatos individuais à
afecção em questão.

A inspeção significa observação. O profissional deve olhar de perto o rosto do paciente,


analisar o aspecto da mancha ou acne, por exemplo, (se for esse o caso) e conhecer
características como: coloração tanto das lesões como da face como um todo (boca,
olhos), textura (pele áspera, aveludada, ressecada, oleosa), presença de pêlos, vasos,
lesões sólidas (pápulas, pústulas, nevo) ou líquidas (bolhas, vesículas) e como essas
lesões se apresentam (se a acne é interna, se o nevo está regular etc.), presença de rugas
e sulcos.

Palpação

A seguir, deve-se partir para a palpação, ou seja, o toque da pele do paciente/cliente.


Nesse momento, algumas das observações conseguidas na inspeção podem ser
confirmadas ou acrescentadas por meio da palpação. Com a palpação é possível sentir a
real textura da pele, a elasticidade e firmeza. Inclusive, um teste muito importante a ser
feito na palpação é o pinçamento da pele nas regiões de testa, bochechas, área em volta
dos olhos para verificar o grau de flacidez da pele. O teste de ser feito da seguinte forma:

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UNIDADE I │ AVALIAÇÃO ESTÉTICA

o profissional explica ao paciente o que irá fazer e inicia os pinçamentos. Primeiro pinça,
por exemplo, a testa, segura por um segundo, solta e conta quantos segundos a pele
demora para retornar ao normal. Nas demais regiões do rosto o mesmo procedimento
deve ser feito. Quanto mais tempo a pele demora para voltar ao normal, maior é o
grau de flacidez daquela pele. É comum as diferentes regiões responderem em tempos
diferentes. Apesar de subjetivo, esse teste pode demonstrar após o tratamento, se
houve alguma melhora na flacidez de pele. Para isso, esse teste deve ser realizado com
o paciente na frente do espelho, para que ele perceba o quanto está ou não flácido. Essa
informação deve ser registrada na ficha, mesmo que de forma descritiva, para posterior
comparação ao fim do tratamento. Se o paciente o procurou para clarear manchas e
você propõe associação de peelings, que também são procedimentos rejuvenescedores,
é interessante fazer o teste da flacidez para mostrar que o paciente conseguiu melhorar
não só as manchas, mas também a consistência de sua pele. Na avaliação facial não
fazemos medidas com fita métrica ou outros recursos métricos.

O outro recurso bastante utilizado na avaliação facial é a fotografia. Após a palpação,


com objetivo de registrar tudo que foi inspecionado, fotografa-se a face do cliente de
frente e de perfil (dos 2 lados) e arquiva essas fotos com data, além de registrar na ficha
que foi tirada fotografia.

Posteriormente trataremos das peculiaridades da fotografia, para que ela seja


padronizada e funcional.

A seguir, apresentamos um esquema de rosto para ser acoplado à ficha de anamnese


facial, para que as observações sejam registradas neles ou, inclusive acrescentar as
perguntas comuns, como no exemplo (figura 1):

Presença de:

»» pápulas: sim/não pústulas: sim/não manchas vasculares: sim/não;

»» acromias: sim/não melasma: sim/não comedão: sim/não;

»» milium: sim/não efélides: sim/não melanoses: sim/não.

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AVALIAÇÃO ESTÉTICA │ UNIDADE I

Esses são apenas alguns exemplos dos itens que devem estar presentes na ficha de
anamnese facial.

Uma das queixas mais comuns em consultório é a acne. Essa afecção é classificada em
graus e a avaliação norteia o profissional sobre como tratar cada grau de acne. Com
variações de autor para autor, de uma forma simples a acne é classificada em:

Acne grau 1: apenas comedos abertos ou fechados. Esse paciente possui “cravos”,
apenas. Geralmente o uso domiciliar de sabonete apropriado já resolve bem o problema,
podendo ser associado a algum cosmético tópico para controle dos comedões.

Acne grau 2: presença de comedos e pápulas em pequena quantidade. É aquela pessoa


que tem cravos e espinhas, porém pouca quantidade de espinhas.

Acne grau 3: presença de comedos, pápulas e pústulas em maior quantidade. Já é


aquela pele em que se visualiza muitas pústulas, deixando o rosto avermelhado/rosado
devido à grande concentração de inflamações.

Acne grau 4: Acne conglobata. Presença de nódulos císticos além das espinhas (figura
3). É um caso grave de acne, cujo tratamento só se dá por meio de medicação oral.

Figura 2. nódulos, pápulas e pústulas: acne conglobata.

A limpeza de pele deve ser indicada para os graus 1, 2 e 3 e o 4 que já está em tratamento
oral. Entretanto, a limpeza de pele só resolve os “sintomas” da acne, portanto, não
faz com que o problema cesse se não houver uso de produtos adequados para seu
tratamento. Independente disso, a limpeza de pele é uma excelente aliada para controlar
a oleosidade, evitar evolução dos comedos à espinhas e potencializa os tratamentos
domiciliares. A frequência com que a limpeza de pele deve ser feita varia de tipo de pele,
podendo ser mensal, a cada dois meses ou até mesmo em até seis meses de intervalo
nas pessoas cuja pele é seca e sem problema de acne frequente.

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UNIDADE I │ AVALIAÇÃO ESTÉTICA

Avaliação corporal

Inspeção

Diante da queixa corporal, o foco principal será a região do corpo em que se concentra
a queixa da paciente. Em geral, vamos observar todo o corpo abaixo do pescoço focando
em abdome, glúteos, pernas, braços e mamas (quando há queixa de estrias ou flacidez).
Com a prática, em poucos segundos o profissional consegue enxergar toda afecção
estética no corpo da paciente.

Assim como na inspeção facial, você irá observar a coloração da pele, a textura
(ressecamento, oleosidade), presença de pelos, telangiectasias e varizes, presença de
foliculite, depressões na pele (fibroedema gelóide-celulite), estrias, lesões líquidas
(vesículas, bolhas), lesões sólidas (nódulos, pápulas, pústulas), relevos de gordura
localizada.

Na avaliação corporal também deve ser fotografado tudo que se inspecionou para obter
o registro exato dessas observações.

Palpação

Na palpação, como já explicado, o profissional irá tocar a pele do paciente. Fará a


palpação não só para sentir a flacidez da pele ou a gordura corporal, mas porque, como
profissional da saúde, deve estar atento a qualquer anormalidade de seu paciente para
poder encaminhá-lo ao profissional especializado, caso seja necessário.

Em geral, deve-se palpar a gordura localizada, sentir a consistência da mesma (mais


endurecida ou não – isso influencia no tempo gasto para se obter resultado), pinçar a
pele para perceber o grau de flacidez, incluindo o teste do pinçamento já explicado na
avaliação facial. Deve-se palpar as regiões de celulite para sentir a consistência, se há
presença de fibroses, verificar se existe dor à palpação (até mesmo para saber o grau
da celulite), textura das estrias (pouco ou muito flácidas e atróficas). Uma palpação
minuciosa contribui para nortear o profissional quanto aos recursos a serem utilizados
no tratamento, bem como o que esperar de resultados para a queixa da paciente. Após
a palpação, segue-se para as medidas corporais com auxílio de fita métrica, balança,
adipômetro. Esses instrumentos serão abordados com maiores detalhes no capítulo
seguinte.

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AVALIAÇÃO ESTÉTICA │ UNIDADE I

Figura 3. Esquema corporal para facilitar os registros da inspeção e palpação.

Início Meio Fim


/ / /
Peso
Busto
Braço Dir.
Braço Esq.
Abdómen
Cintura
Quadril
Culote
Coxa Esq.
Coxa Dir.
Paturilha
Altura
Esq.
Panturilha
Dir.
Fonte: Autor.

Ao palpar uma região de fibroedema geloide pode haver dor?

No grau mais avançado do fibroedema geloide ocorre compressão de nervos periféricos


da região, e com isso, a sensação dolorosa. Aproveitem para estudar os graus de “celulite”
para ir treinando a avaliação dessa afecção muito comum nos consultórios de estética.
Futuramente módulo haverá a abordagem dessa patologia de forma detalhada.

Graus do fibroedema geloide

O fibroedema geloide, popularmente conhecido por celulite, apresenta-se em graus


variados de evolução. Como qualquer afecção, tem início mais brando e pode evoluir
para sua forma mais grave. A literatura se difere na classificação da celulite por graus,
mas a maioria dos autores a classifica da seguinte forma:

Grau 1: fase inicial, que em posição normal, não se vê celulite no corpo do paciente.
Ela somente é visível quando há contração tanto voluntária quanto involuntária da
região em que há celulite. Para esclarecer, a pessoa deitada é como se não tivesse

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UNIDADE I │ AVALIAÇÃO ESTÉTICA

celulite, porém, ao caminhar, devido a contração que ocorre nos glúteos, é possível
visualizar o fibroedema geloide.

Grau 2: fase intermediária da celulite. Já é possível visualizar os “furinhos” em posição


de repouso, mesmo que ainda em pouca quantidade. Deitada, a paciente já apresenta
celulite visível a olho nu, podendo ser os famosos “furinhos” ou mesmo as ondulações
fibrosas, comuns em coxas, por exemplo.

Grau 3: Nessa fase, a celulite está muito avançada. A paciente possui a pele com
aspecto de casca de laranja ou na literatura internacional como cottage cheese (figura
5). É aquela perna, glúteo ou abdômen irregular, cheios de ondulações, geralmente
presentes em pessoas acima do peso. Em qualquer posição, é possível visualizar uma
quantidade muito grande de celulite.

Figura 4. aspecto de casca de laranja em coxas.

Fonte: Autor.

Grau 4: Fase mais crítica da celulite. O aspecto da pele é como no grau 3, acrescido de
nódulos fibrosos intensos, que por comprimirem terminações nervosas provocam dores.
A dor não está apenas associada à compressão da pele (durante uma massagem, ou
pinçamento), mas a dor é constante em algumas regiões do corpo.

A diferença entre os autores é que muitos classificam a celulite apenas em 3 graus, colocando
o grau 3 como já tendo processo doloroso. Entretanto, prefiro os autores que classificam em
4 graus, pois no início do processo do grau 3, ainda não ocorre nódulos intensos nem dor.
Isso ocorrerá com a evolução da afecção.

Diante do conhecimento desses graus é possível entender porque tirar fotografia em


diversas posições, incluindo aquela em que a paciente faz contração de glúteo. Afinal,
pacientes que procuram tratamento apenas com grau 1, só demonstram a celulite

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AVALIAÇÃO ESTÉTICA │ UNIDADE I

quando realizam uma contração. É muito importante que os profissionais saibam que
o mais comum é a mesma paciente possuir graus variados em regiões diferentes do
corpo. Em geral, os graus 1 e 2 vêm associados, por exemplo, no glúteo o grau é 1 e nas
coxas já é 2.

O que deve ser explicado à paciente com celulite, independente do grau é que os
tratamentos irão promover melhora de dentro pra fora, ou seja, vêm melhorando a
circulação, mobilizando gordura, desfazendo fibroses e assim reduzindo o aspecto da
celulite. Portanto, a melhora vai ser gradativa, passando de um grau mais avançado para
o anterior e assim sucessivamente até que melhore quase que completamente quando
se persiste no tratamento. Sendo assim, podemos entender que quanto mais leve o grau
de celulite, mais “fácil” de se conseguir um resultado satisfatório em menos tempo.

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CAPÍTULO 3
Instrumentos de avaliação

Para a realização de diversas medições na avaliação estéticas, alguns instrumentos


se fazem necessários. Entretanto, devemos ter conhecimento amplo para sabermos
avaliar quais são mais fidedignos que outros e em quais circunstâncias cada um deve
ser priorizado.

Aproveito para registrar a importância de se ter um espelho amplo no consultório


e sempre que possível, posicionar seu paciente de frente a ele para que ele também
acompanhe o que está sendo observado por você, profissional.

Fita métrica

A fita métrica é um instrumento de medida antigo e mundialmente usado, por se tratar


das unidades de medida universais (metros, centímetros e milímetros) mais usadas no
nosso cotidiano.

Nas avaliações estéticas corporais, a fita métrica deve ser usada, especialmente nas
queixas de gordura localizada. Tratamento estético não emagrece, porém, muitos deles
reduzem medidas corporais de forma substancial.

Como vocês viram no módulo anterior, a gordura corporal é passível de reposicionamento,


ou seja, muda de lugar no corpo de acordo com a técnica empregada. Ela pode ser
“espalhada”, a fim de ser mais bem distribuída e reduzir medidas em regiões de queixa
feminina.

Dessa forma, na avaliação física corporal deve-se medir principalmente as regiões do


corpo em que há queixa de gordura localizada da paciente. E mesmo que a queixa seja
somente “celulite”, é importante realizar essas medidas, pois em geral, os tratamentos
para celulite também podem contribuir na redução de medida. Para exemplificar,
é importante medir a circunferência abdominal, das coxas e dos quadris. O que é
extremamente importante é sempre manter o padrão da aferição, para que ao final do
tratamento não haja erros de medidas. Isso quer dizer, usar algumas marcas anatômicas
para nortear a região exata em que a fita métrica será posicionada, por exemplo, região
umbilical, ou cinco cm acima dos joelhos, na coxa 10 cm abaixo da crista ilíaca etc.
É importante que o profissional observe o quanto ajusta a fita no paciente, para que na
avaliação final tente fazer da mesma forma e não cometer erros relacionados a isso.
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AVALIAÇÃO ESTÉTICA │ UNIDADE I

Na ficha de avaliação é interessante ter um desenho/esquema corporal para que o


profissional também marque na ficha essas regiões, além de registrar as medidas com
suas devidas nomenclaturas, como demonstrado na figura 3.

Mesmo estando tendo todos os cuidados citados, a fita métrica ainda representa uma
forma subjetiva de medição. Ou seja, pode variar de acordo com quem aplica. Daí a
importância da avaliação inicial e final ser feita sempre pelo mesmo profissional.

Balança

É impossível tratarmos alguma afecção estética corporal e não avaliar o peso (massa
corporal) da paciente. Mesmo que elas falem não gostar de pesar, irão observar esse
item de sua avaliação e considerar como algo que complementa certamente.

Particularmente, as balanças digitais facilitam a avaliação para o profissional, além de


ocupar menos espaço no consultório.

Como já dito, tratamentos estéticos não emagrecem. A medida do peso é feita como
complemento de uma avaliação holística e serve como segurança para o profissional
nos casos em que o resultado não foi tão bom, mas quando a paciente sobe na balança
está com alguns quilos a mais. Como a celulite melhoraria muito, se ela engordou 5 Kg,
por exemplo? O ganho de peso está relacionado à má alimentação, que está diretamente
relacionado ao surgimento de celulite.

O peso também deve ser registrado na ficha, e na avaliação final, ser utilizada a mesma
balança da avaliação inicial.

Adipômetro

Esse instrumento mede a gordura corporal de forma subjetiva. É como se fosse


uma “pinça” que o profissional usa para “beliscar” a gordura de certas regiões
do corpo: abdômen, coxas, braços, costas etc. O primeiro passo é adquirir um
adipômetro de boa qualidade e saber as regiões corretas para se coletar as
medidas.

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UNIDADE I │ AVALIAÇÃO ESTÉTICA

No peitoral, faça a prega mais lateralmente, próxima à linha axilar superior.

Figura 5. adipometria da região peitoral.

No abdômen, faça a prega a uma distância lateral do umbigo de mais ou menos 2 dedos.

Figura 6. adipometria da região abdominal.

Nas costas a prega deve ser feita logo abaixo do ângulo da escápula (medir a gordurinha
que sobra fora do soutien). Na coxa, a medida é na região médio-anterior da mesma,
e nos braços, com o paciente de costas, a prega é feita na região superior do tríceps/
bíceps relaxado, pegando somente o que é gordura, sem atingir o músculo como mostra
a figura (figura 7), que ilustra bem as demais regiões que podem ser submetidas à
adipometria.
22
AVALIAÇÃO ESTÉTICA │ UNIDADE I

Figura 7. imagens das regiões passíveis de adipometria.

Lâmpada de Wood
Para uma avaliação facial minuciosa, a lâmpada de Wood (figura 8) deve ser usada para
complementar as suspeitas visuais. É uma lâmpada de luz azul, usada em ambiente
totalmente escuro, quando é ligada e colocada diante da face do paciente. Manchas,
comedões, acnes, micoses, e outras anormalidades ficarão com coloração alterada
(rósea, dourada, branca...) e não azul como o restante da face.

Em geral, a lâmpada amplia sua visibilidade sobre as lesões, permitindo mais segurança
no diagnóstico, além de representar um diferencial de sua avaliação para outros
profissionais.

Figura 8. Lâmpada de Wood.

Dedicaremos um capítulo exclusivo para discutirmos sobre a fotografia como


instrumento de avaliação.

23
CAPÍTULO 4
A fotografia como método de
avaliação

A busca constante para formas mais objetivas e confiáveis de avaliação e o avanço da


tecnologia, colocaram a fotografia como um dos mais importantes recursos na avaliação
estética. Por meio da foto podemos registrar de forma não duvidosa a maior parte das
queixas faciais e corporais do pacientes. Manchas, acnes, comedos abertos, certos
níveis de flacidez, contorno corporal, gordura localizada e certos graus de celulite são
plenamente visíveis na fotografia.

A era da tencologia tornou a fotografia digital mais acessível e prática em nosso meio,
permitindo que qualquer profissional da estética possa realizar essa coleta em sua
avaliação.

Apesar de dever ser usado em toda avaliação, existem casos em que a fotografia da
avaliação final (após o tratamento) não mostre bem os resultados conseguidos, até
mesmo por não ter registrado talvez, aquela queixa na foto de antes. Um bom exemplo
é o caso da celulite, em que fotografa-se no primeiro dia de tratamento, e devido ao grau
leve da celulite, não aparece tão bem na foto. Ao final do tratamento, a foto capturada
talvez não seja tão diferente da primeira, pois a celulite dessa paciente era muito mais
visível à contração do que em repouso como no caso da posição em que a fotografia é
tirada. Nesses casos, a dica é sempre tirar uma foto em que a paciente faça contração
dos glúteos e, além disso, explicar bem sobre o que não é visível na foto, mesmo sabendo
que há presença de celulite no corpo dela.

Outras afecções como a flacidez, também só é visível à fotografia em casos mais


avançados em que realmente há ptoses. E, como os tratamentos não são milagrosos
e não “esticam” a pele, as fotos de antes e depois do tratamento de uma flacidez leve
ou moderada (mais palpável do que visível) não apresentarão diferenças importantes.
Nenhum desses casos justifica a ausência da fotografia nas avaliações. Pelo contrário,
demonstra ao paciente que o profissional é seguro a ponto de querer registrar tudo
para verificar resultados posteriores, com a chance de esclarecer a seu paciente sobre
as possíveis imagens sem grandes alterações.

O paciente deve ser esclarecido de que as imagens servirão para direcionar o profissional
e ele sobre os resultados, e que todas as imagens serão de porte exclusivamente do
profissional, não havendo nenhum tipo de exposição das mesmas em hipótese alguma.
Se considerar mais seguro, redija um termo de consentimento em que o paciente assina
confirmando que autoriza a coleta das fotos.

24
AVALIAÇÃO ESTÉTICA │ UNIDADE I

Claro que a fotografia de consultório não será algo tão padronizado a ponto de não
haver nenhum tipo de diferença entre a imagem do antes e do depois, como acontece
nas imagens de artigos científicos, por exemplo. A aplicabilidade e o tempo devem ser
prioridade no seu dia a dia de trabalho. Entretanto, deve-se priorizar ao máximo aquilo
que facilite imagens confiáveis para apresentar ao seu cliente.

O primeiro passo para adotar a fotografia em seu consultório é adquirir uma câmera
digital de qualidade em pixels e com um mínimo de três níveis de zoom, para ser exclusiva
do consultório. Será sempre com a mesma câmera que as fotos serão coletadas e você
não corre o risco de esquecê-la em casa justamente no dia da avaliação.

Definir o local da sala em que a foto será coletada também é de extrema importância.
Escolha uma parede para ser sempre o fundo da fotografia, pois dessa forma você
estará padronizando a quantidade de luz que atinge o local. Nessa parede, para tirar
a fotografia, sempre a cubra com um tecido neutro e fosco (preferência azul ou verde
– desses tecidos usados em rouparia de cirurgia) para que nenhum item do ambiente
seja poluidor da fotografia. O foco é o paciente e não a parede. Além disso, esses tecidos
impedem reflexos de luz que também atrapalhariam a imagem.

Nas avaliações faciais, deve-se retirar toda maquiagem do paciente e higienizar bem o
rosto. A imagem deve ser coletada somente da face do paciente, nas posições: anterior,
lateral direita e esquerda (perfis). Tentar marcar com alguma referência o quanto o
paciente inclina o rosto para fazer o perfil é interessante para que as imagens fiquem o
mais semelhante possível. Não deixe de tirar mais de uma foto em cada posição, pois
algumas podem sair melhor que outras, podendo assim, selecionar.

Para as avaliações corporais o paciente deve ser esclarecido sobre a roupa (biquíni,
lingerie ou roupa de ginástica) a ser usada e de que na avaliação final ele deve usar
a mesma roupa para não haver interferência na visualização dos resultados. Se na
primeira o biquíni é maior e na final o biquíni é mais cavado, pode dar a impressão de
mais imperfeições na avaliação final, onde o biquíni deixou mais região à mostra do que
na primeira avaliação. O paciente também será posicionado nas vistas anterior, lateral
esquerda e direita e de costas. Além disso, como já citado, se possível também pedir a
contração glútea para uma fotografia a mais.

Tanto nas fotos faciais quanto nas corporais, deve-se marcar a distância do profissional
(da câmera) ao paciente e padronizar o nível de zoom que será usado. Marcas no chão
ou tapetes marcadores para o paciente pisar indicando as posições em que ele deve ficar
também são válidas para manter o padrão.

25
UNIDADE I │ AVALIAÇÃO ESTÉTICA

Todo esse cuidado na padronização da coleta das imagens é importante para que não
exista fatores interferentes nas imagens que possam alterar a percepção dos resultados.

Dependendo da foto que se pretende fazer e do foco que se quer atingir, deve-se observar
se há objetos que dispersam a atenção. Se a foto é de face, por exemplo, aconselha-se
retirar os brincos, piercings, para que não haja desvio da atenção de quem for analisar
a foto para esses objetos. O mesmo ocorre nos casos de foto de mãos, onde o ideal é
retirar os anéis, pulseiras e relógios; já no corpo retirar piercing e colares maiores,
prender o cabelo.

Abaixo um exemplo de fotografia de avaliação de celulite em membros inferiores e


glúteos, e gordura localizada em flancos (queixas da paciente):

Figura 9. foto de avaliação com pano de fundo neutro.

Fonte própria.

Como podem observar, o foco da fotografia é justamente para as áreas de queixa da


paciente. Para melhorar ainda mais a lingerie poderia ter sido de cor lisa, mas basta
que a paciente repita a mesma peça para a foto da avaliação final, que o padrão é
conseguido.

Segue exemplo de fotografia de avaliação de face para registro de rugas, sulcos


(glabelares, nasogenianos), alterações pigmentares:

26
AVALIAÇÃO ESTÉTICA │ UNIDADE I

Figura 10. fotografia facial com fundo neutro.

Fonte própria.

Observem que a paciente está sem acessórios que podem desviar a atenção de quem
avalia a foto, inclusive de touca para esconder os cabelos e facilitar que tudo esteja
parecido na fotografia da avaliação final. Lembrem-se sempre de colocar tarja preta nos
olhos do paciente caso pretendam colocar a imagem em aulas, materiais didáticos etc.

Qual a melhor forma de se avaliar a flacidez de pele?

Lembre-se que a fotografia não registra flacidez sem ptoses. Portanto, a melhor forma
de se avaliar a flacidez é a palpação incluindo o teste do pinçamento e o tempo de retorno
da pele ao se estado normal.

Artigo de revisão
* Trabalho realizado no Departamento de Imagem da Sociedade Brasileira de Dermatologia,
Brasil.Conflito de interesse declarado: Nenhum.

1. Professor doutor substituto do Departamento de Dermatologia e Radioterapia da Faculdade


de Medicina de Botucatu - FMB-Unesp - Botucatu (SP), Brasil.

2. Dermatologista da disciplina de Telemedicina da Faculdade de Medicina da Universidade de


Sáo Paulo - USP - São Paulo (SP).

3. Pós-graduando (doutorado) da disciplina de Telemedicina da Faculdade de Medicina da


Universidade de Sáo Paulo - USP - São Paulo (SP).

4. Especialização em Cirurgia Dermatológica pela Faculdade de Medicina do ABC, Santo André


(SP), Brasil.

5. Professor doutor, auxiliar de ensino da Faculdade de Medicina do ABC - Santo André (SP), Brasil.

©2006 by Anais Brasileiros de Dermatologia

27
UNIDADE I │ AVALIAÇÃO ESTÉTICA

Fundamentos da fotografia digital em


Dermatologia*

Basics of digital photography in Dermatology*

Hélio Amante Miot1 Maurício Pedreira Paixão2 Francisco Macedo Paschoal3

An Bras Dermatol. 2006;81(2):174-80.

Resumo: a tecnologia digital promoveu grande popularização do registro


fotográfico em diversas áreas médicas. A dermatologia, por sua natureza visual,
vem absorvendo os benefícios dessa ferramenta na prática clínica e na pesquisa.
Este artigo visa orientar o dermatologista não familiarizado com essa tecnologia,
oferecendo noções para o melhor uso do equipamento de fotografia digital.

Palavras-chave: Dermatologia; Fotografia; Métodos

Abstract: Digital technology has promoted a great popularization of photographic


registration in several medical areas. Because of its visual nature, dermatology has
incorporated the benefits of this tool in clinical practice and research. This article
aims to offer guidance to the dermatologist who is unfamiliar with this technology,
providing basic understanding for the best use of digital photography equipment.

Keywords: Dermatology; Methods; Photography

Introdução

A dermatologia, pela grande relação das características morfológicas das lesões


com o diagnóstico, é considerada especialidade com importante componente
visual, favorecendo o desenvolvimento de técnicas de representação
iconográficas. O Departamento de Imagem da SBD incentiva a documentação
fotográfica na prática dermatológica, abrangendo assistência, ensino e pesquisa.
Nesse ínterim, a tecnologia digital veio reduzir os custos, aumentar a versatilidade
e a produtividade, e proporcionar a popularização do uso de fotografia na
especialidade. É importante salientar que a fotografia dermatológica, ao contrário
da fotografia artística, valoriza elementos de realidade e verossimilhança, ou
seja, que permitam o reconhecimento das lesões documentadas com fidelidade,
em qualquer tempo.

Este artigo visa orientar o dermatologista não familiarizado com essa tecnologia
para o melhor uso da fotografia digital em sua especialidade.

28
AVALIAÇÃO ESTÉTICA │ UNIDADE I

Diferenças entre a fotografia digital


e a tradicional
A tecnologia digital veio modificar o conceito de registro fotográfico. Dessa
forma, o registro fotoquímico que ocorria nas películas (filmes), foi substituído
por um sensor eletrônico que transforma diferentes intensidades de luz em
sinais digitalizados, sendo posteriormente armazenados como um arquivo
de computador. Todavia, em uma câmera digital, seu corpo, sistema de lentes
e estrutura mecânica, bem como as técnicas fotográficas utilizadas, em nada
diferem da fotografia tradicional.1 Cada ponto luminoso da imagem captado
pelo sensor eletrônico denomina-se pixel, e o arranjo ordenado de pixels de
diferentes intensidades de cor forma a imagem digital. Todo pixel refere uma
intensidade de cor vermelha, verde e azul (sistema RGB – Red, Green, Blue),
cuja combinação resulta em uma cor do espectro luminoso, variando do preto
(ausência de cor) ao branco (máxima intensidade de cor R, G e B). Cada pixel
registrado é codificado por uma localização topográfica na imagem fotográfica
e uma intensidade de cor. Essa codificação permite que os editores de imagem
realizem operações com as fotografias digitais, modificando esses códigos,
e os pesquisadores realizem mensurações como cálculos de distâncias, áreas,
intensidades de cor e reconhecimento de padrões nas imagens digitais.
O número total de pixels de uma fotografia digital chama-se resolução. Nesse
caso, quanto maior o número de pixels (maior resolução), maiores a dimensão
da imagem registrada, o número de detalhes percebido e o tamanho do arquivo
de computador gerado.2 Portanto, pixel é a estrutura elementar que forma a
imagem digital.

Tipos de câmera digital


Basicamente as câmeras digitais se dividem em compactas e profissionais,
e sua escolha deve basearse no conhecimento técnico e na perspectiva de
seu uso, ao menos, por um período de alguns anos. As câmeras compactas
evoluíram quanto à capacidade de fotometria, focagem, resolução, função
macro e controle de parâmetros fotográficos, como abertura do diafragma,
velocidade do obturador, sensibilidade de filme, entre outros. São os modelos
mais frequentemente adquiridos pelos dermatologistas sob o argumento
de praticidade, portabilidade e bom custo/benefício.3 Contudo, a falta do
controle da intensidade do flash nas macrofotografias, os efeitos decorrentes
do ângulo de incidência da luz do flash, a dificuldade de focagem a menos de
10cm da lesão, o controle manual do foco e a menor durabilidade são alguns
elementos que depõem contra a escolha de um equipamento compacto. As
câmeras profissionais (SLR – Single Lens Reflex) geralmente são mais duráveis
e permitem troca de objetivas e filtros, acoplamento de diferentes modalidades
de flash, lentes para dermatoscopia (como o DermaphotoTM, utilizado para

29
UNIDADE I │ AVALIAÇÃO ESTÉTICA

foto dermatoscópica) e adaptadores para aquisição de fotografia ultravioleta,


não encontrando limites para a documentação de lesões cutâneas. O maior
custo de aquisição da câmera e dos acessórios, maior número de controles
fotográficos, seu peso e tamanho são elementos que podem desfavorecer a
escolha de uma câmera profissional. As inovações tecnológicas resultam no
lançamento periódico de inúmeros modelos de câmeras pelos fabricantes,
resultando na rápida obsolescência do equipamento digital. Esses elementos
apontam para a necessidade do conhecimento técnico adequado para uma
escolha cuidadosa na compra, com base no tipo de demanda fotográfica
desejada. O quadro 1 apresenta os principais fabricantes de câmeras digitais e
seus sites institucionais, cuja consulta permite acessar as especificações técnicas
de cada modelo de câmera e acessórios comercializados. Vale ressaltar que a
escolha do tipo de câmera precisa atender à expectativa de uso do equipamento
pelo dermatologista.

Quadro 1. Principais fabricantes de máquinas fotográficas digitais (ordem alfabética) 176 Miot HA, Paixão MP.

Fabricantes Site na Internet


Agfa <http://www.agfahome.com>
Canon <http://www.canon.com>
Casio <http://www.casio.com>
Fuji <http://www.fujifilm.com>
HP <http://www.hp.com>
Kodak <http://www.kodak.com>
Konica / Minolta <http://www.kyoceraimaging.com>
Kyocera / Yashica <http://www.kyoceraimaging.com>
Leica <http://www.leica-camera.com>
Nikon <http://www.nikon.com>
Olympus <http://www.olympus.com>
Panasonic <http://www.panasonic.com>
Pentax <http://www.pentax.com>
Samsung <http://www.samsung.com>
Sony <http://www.sony.com>
Vivitar <http://www.vivitar.com>

Fonte: Paschoal FM.An Bras Dermatol. 2006;81(2):174-80.

Requisitos mínimos para fotografia


digital dermatológica
Existem diversos elementos que se mostram essenciais para a adequada prática
da fotografia dermatológica digital e devem ser considerados antes da compra
do equipamento digital.

30
AVALIAÇÃO ESTÉTICA │ UNIDADE I

Lentes
Apesar da moderna tecnologia de polímeros, as lentes de cristal ainda se
sobrepõem ao desempenho das acrílicas que compõem muitas das câmeras
compactas. Na fotografia de lesões dermatológicas, o registro de imagens com
alta ampliação de tamanho em relação às lesões originais ou a capacidade de
aproximação da câmera com a pele são possíveis utilizando-se a macrofotografia.
Nas câmeras digitais profissionais, a escolha de objetivas macro de 75-110mm
mostra-se adequada para a prática clínica. Nos modelos compactos, por razões
técnicas,o uso de lentes de 12-25mm pode oferecer desempenho bastante
satisfatório para o dermatologista.4,5 Nas câmeras compactas há a opção da
função macro, que pode ser habilitada nos comandos da câmera, permitindo
focagem a distâncias menores que 50-80cm, como ocorre na maioria das fotos
dermatológicas.

Existem ainda câmeras digitais não tão compactas com função macro superior
à dos modelos compactos, apresentando distância mínima de focagem de 5cm
ou até menos. Outro recurso de baixo custo empregado na documentação de
imagens próximas é o uso das lentes close-up, que, adaptadas nas objetivas,
permitem grande aproximação, porém sob risco de desfocagem e aberrações
cromáticas na periferia da fotografia. Dessa forma, as fotografias dermatológicas
com maior nível de aproximação devem ser registradas usando o modo (ou
objetiva) macro.

Flash
A fotografia dermatológica se beneficia do uso do flash para aumentar sua
qualidade, havendo grande variedade de modelos que cumprem diferentes
funções técnicas.5 As câmeras compactas trazem, incorporados a seu corpo,
flashes que geralmente não podem ser calibrados para uso a distâncias
pequenas, podendo resultar em hiperexposição luminosa. Apesar disso, os
flashes incorporados mostram-se adequados para a maioria dos registros
dermatológicos; entretanto, a escolha de um flash auxiliar permite maior
flexibilidade nas formas de representação das lesões.1,6 Outra situação
desfavorável que ocorre nas macrofotografias que empregam flash incorporado
à câmera é o efeito da angulação da luz, resultando em sombra unilateral
na imagem obtida. Muitas câmeras digitais compactas apresentam ainda a
possibilidade de instalação de flashes externos por meio de um adaptador (hot
shoe), o que amplia as opções de controle da qualidade da foto pelo usuário.
Os flashes anulares e os gemelares representam os equipamentos auxiliares
externos mais versáteis para a fotografia de lesões cutâneas, cuja abordagem

31
UNIDADE I │ AVALIAÇÃO ESTÉTICA

técnica extrapola os objetivos deste artigo. A opção “redução de olhos vermelhos”


deve ser desativada para as fotografias dermatológicas, pois nas fotografias
usando modo macro, pode haver desfocagem ou mesmo tremor enquanto o
flash preliminar estiver sendo disparado. Em resumo, o flash deve sempre ser um
parâmetro valorizado na macrofotografia dermatológica.

Zoom
Devido às características da fotografia no contexto dermatológico, a proximidade
com o paciente faz com que o zoom seja um recurso menos utilizado, em
benefício da aproximação da câmera. Ainda assim deve-se preferir o uso do
zoom óptico, que se efetiva pela movimentação das lentes, ao zoom digital,
pois este último pode resultar em perda da qualidade fotográfica, devendo,
portanto, ser desativado para a prática dermatológica. Em algumas câmeras
digitais compactas, o uso do recurso macro só adquire boa focagem automática
caso não seja utilizada qualquer amplitude de zoom.1 De maneira geral,
aproximações da imagem utilizando zoom óptico de até 30-40% (1,3-1,4) são
utilizadas para reduzir a luminosidade dos flashes incorporados, que não podem
ser regulados para macrofotografia, bem como para reduzir a deformidade de
áreas proeminentes do relevo cutâneo, como o nariz. Destaque-se, portanto,
que as fotografias dermatológicas, quando necessário, devem ser registradas
usando apenas zoom óptico, e não o digital.

Resolução
A escolha da resolução adequada para o registro fotográfico deve considerar
o uso posterior da fotografia: arquivamento, teledermatologia, composição de
aula, impressão/revelação, publicação científica, pôsteres, homepage na Internet,
pesquisa, entre outros.7 Em nenhum dos casos acima encontram-se argumentos
irrefutáveis para o uso de mais de 2Mpx (1Mpx = 1.000.000 pixels) como rotina,
sendo que a decisão do uso de menores resoluções pode representar uma
importante funcionalidade de armazenamento, transferência e edição das
fotografias.4,8 A maior parte dos projetores multimídia disponíveis no mercado
apresenta capacidade de projeção inferior a 1,4Mpx, ou seja, mesmo selecionando
fotografias com maiores resoluções, as projeções convencionais dessas imagens
dependerão da capacidade do projetor. Dessa forma, a composição de uma aula
ou caso clínico com imagens de grandes resoluções (superiores a 3Mpx) resulta
em maior sobrecarga do processamento, podendo tornar a apresentação lenta,
sem o ganho de qualidade que um maior número de pixels poderia pressupor. O
quadro 2 apresenta sugestões de resoluções mínimas adequadas para impressão

32
AVALIAÇÃO ESTÉTICA │ UNIDADE I

em papel fotográfico ou publicações científicas, de acordo com o tamanho final


desejado. Um estudo controlado não demonstrou diferença na impressão de
fotografias de lesões cutâneas com densidade de pontos de 200 ou 300dpi
(pontos por polegada).9 A confecção de pôsteres ou painéis pode ser menos
rigorosa (100dpi) em relação às necessidades de altas resoluções, pela distância a
que é realizada sua leitura. Em ambos os casos, a escolha de resolução de 1,3Mpx
(1.280x960 pixels) mostra-se suficiente e por essa razão foi adotada como padrão
no Departamento de Dermatologia e Radioterapia da Faculdade de Medicina
da Unesp de Botucatu. Em exemplo, pode-se questionar qual seria a ampliação
máxima possível do tamanho de uma foto impressa de 1,3Mpx (1.280x960
pixels), tomando como limite uma resolução visual mínima aceitável de 100dpi.
De forma simplificada, sabe-se que 100dpi equivalem a aproximadamente 39,4
pontos por centímetro. Se a foto tem 1.280 pixels no eixo horizontal e 960 pixels
no eixo vertical, então poderia ser representada medindo 32,5cm de largura e
24,4cm de altura. Por outro lado, sempre que houver a certeza prévia à tomada
da fotografia de que se necessite editar a imagem para retirar algum aspecto
indesejado, ou mesmo para concentrar a atenção em apenas um elemento da
foto (cirurgias, detalhes, poluição visual do fundo, adereços), deve ser empregada
resolução superior à convencional, tendo em vista que será desprezada uma
significativa quantidade de pixels. Dessa forma, tendo em vista que grandes
resoluções não representam necessariamente ganho de qualidade fotográfica, é
possível afirmar que as fotografias dermatológicas, na prática diária, podem ser
registradas com a resolução mínima de 1,3Mpx.

Quadro 2. Tamanhos máximos de impressão (em papel fotográfico) conforme as resoluções fotográficas

escolhidas (qualidade de 150dpi) *Mpx: Megapixel (1Mpx = 1.000.000 pixels).

Resolução Tamanho máximo de


impressão
800x600 (0,5Mpx*) 10x15cm

1.024x768 (0,8Mpx) 13x18cm

1.280x960 (1Mpx) 15x21cm

1.600x1.200 (2Mpx) 20x25cm

2.048x1.536 (3Mpx) 24x30cm

2.240x1.680 (4Mpx) 30x40cm

2.560x1.920 (5Mpx) 35x45cm

3.000x2.000 (6Mpx) 40x50cm

Fonte: Miot HA, Paixão MP, Paschoal FM.

33
UNIDADE I │ AVALIAÇÃO ESTÉTICA

Compressão
As imagens digitais podem ser gravadas em arquivos de diferentes formatos.
Basicamente, a diferença inerente a esses formatos é o grau de compressão dos
dados, gerando arquivos de diferentes tamanhos.

Uma imagem captada originalmente pela câmera digital é representada por um


arquivo grande e sem compactação (arquivo em formato RAW), que representa
certa dificuldade de manuseio, edição e transferência. Por esse motivo, as
câmeras utilizam sistemas eficientes para compressão das imagens.

Há diversos algoritmos computacionais que são empregados na compressão


das imagens digitais, alguns

deles sem resultar em prejuízo para a qualidade fotográfica (lossless), como os


arquivos .TIFF (Tagged Image File Format) e .PNG (Portable Network Graphics).2 Os
mais usados, porém, são os arquivos .JPEG (Joint Photographic Experts Group),
que resultam em certa perda de qualidade (lossy) das fotografias em favor de
maior redução no tamanho dos arquivos resultantes. Essa perda de qualidade
é pouco perceptível exceto se a fotografia for ampliada e, evidentemente,
depende do grau de compressão empregado.10 A compressão pode ser
controlada selecionando o tipo de arquivo de imagem desejado e a qualidade
da compressão (varia normalmente, em .JPEG, de um sexto a 1/40 do tamanho
do arquivo original). Na maioria das vezes, o controle da qualidade da imagem
(compressão) na câmera não se refere à porcentagem de redução do tamanho
do arquivo, mas a termos linguísticos de qualidade, como best, alta ou fine,
indicando menor compressão; normal, standard ou medium, referindo-se à
compressão intermediária; ou basic, baixa ou low, indicando maior compressão.
Compressões JPEG de até 1/20 do tamanho original podem representar imagens
fotográficas adequadas para impressão, visualização, transferência e edição.11

Outros elementos
A maioria das câmeras fotográficas digitais trabalha com uma variedade de
mais de 16,7 milhões de cores (24bits de profundidade de cor equivalem a 224
cores), o que ultrapassa a capacidade discriminatória do olho humano, podendo
gerar resultados comparáveis aos dos filmes convencionais.12,13 A tecnologia
da captação de uma quarta camada de cor, adotada por alguns fabricantes,
pode incrementar a capacidade discriminatória na percepção de detalhes
de contraste e saturação da imagem. Por outro lado, as cores das fotografias

34
AVALIAÇÃO ESTÉTICA │ UNIDADE I

podem sofrer interferência da iluminação local (foco cirúrgico, luz fluorescente,


falta de iluminação), necessitando calibragem adequada do controle de
balanço de branco (white balance) e do uso de flash para corrigir essa nuança.
Mesmo câmeras compactas possuem satisfatórios sistemas automáticos de
compensação de iluminação, algumas permitindo até a calibragem do nível
de branco mais verossímil a partir da focalização de uma folha de papel em
branco submetida à iluminação do ambiente da foto. O visor de cristal líquido
(LCD) é um dos elementos mais importantes da fotografia digital, porque não
só facilita o enquadramento do objeto fotografado, como dá ideia sobre o
aspecto final da foto, antes mesmo de ser registrada. Outra função fundamental
do LCD é a visualização imediata das fotografias após seu registro, permitindo
que as mesmas sejam refeitas caso o resultado não seja o desejado. Câmeras
com LCD de pequenas dimensões ou baixa resolução dificultam a visualização
do plano de focagem, muitas vezes gerando surpresas desagradáveis quando
da observação na tela do computador. Um dos motivos do sucesso de vendas
de algumas câmeras compactas em detrimento de outras marcas similares foi a
adoção do LCD com mais de 2x2 polegadas (mais de 5x5cm).

As câmeras digitais apresentam ainda o recurso da focagem automática, que deve


ser habilitado pelo usuário, facilitando, antes do disparo, o ajuste automático e
travamento da focagem ao pressionar metade do percurso do botão de disparo
da fotografia. Essa técnica deve ser assimilada para a obtenção de fotografias
com melhor qualidade. A fonte de energia para o funcionamento das câmeras
digitais pode ser uma bateria recarregável ou conjunto de pilhas recarregáveis
de Ni-Cd, pilhas convencionais alcalinas ou não (estas últimas não são preferidas
por sua curta autonomia), ou adaptadores de corrente alternada fornecidos pelos
fabricantes. Alguns desses dispositivos podem ser recarregados diretamente
pela câmera digital (algumas baterias) ou demandar carregadores avulsos.1
Deve-se, pois, estar atento à autonomia do número de fotografias e à praticidade
de recarga desses dispositivos ao adquirir uma câmera digital. Outro elemento
que precisa ser considerado na fotografia digital é o tipo de mídia em que são
armazenadas as imagens registradas. Enquanto diversas câmeras possuem
memória interna, os cartões de memória têm predominado na indústria digital,
além de existirem opções em disquete (praticamente em desuso), miniCD,
microdrive e miniDVD. O tipo de dispositivo de memória utilizado repercute na
forma como o computador pessoal irá reconhecê-lo e na autonomia fotográfica
disponível, já que diferentes dispositivos apresentam conexões e drivers próprios
para a conexão com o computador, assim como diferentes capacidades de
armazenamento. Deve-se, pois, refletir sobre a funcionalidade, capacidade de

35
UNIDADE I │ AVALIAÇÃO ESTÉTICA

armazenamento e acessibilidade do dispositivo de memória de acordo com o


computador em uso e as circunstâncias de trabalho. As câmeras fotográficas
digitais podem gerar pequenos filmes digitais com som, porém, da mesma
forma que as filmadoras digitais podem gerar fotografias, o menor controle de
parâmetros técnicos gera resultados de qualidade inferior aos dos aparelhos
desenvolvidos para esse fim.

A edição das fotos registradas representa outra etapa importante no domínio


da tecnologia digital em dermatologia. Empregando-a adequadamente, além
da possibilidade do acesso a cada pixel da imagem, diferentes estratégias para
manipulação das fotos são possíveis. Diversas alternativas de softwares com
essa finalidade são comercializados (Adobe PhotoshopTM, CorelPhotopaintTM,
Microsoft PhotoEditorTM, PaintShop ProTM, entre outros).14 A discussão sobre
as técnicas de manipulação de fotografias digitais transcende o objetivo deste
artigo. Também é importante o usuário estar ciente de que, mesmo em uma
fotografia digital usando o padrão JPEG, existem dados incorporados ao código
do arquivo que contém informações sobre o número de série da máquina,
abertura do diafragma, velocidade do obturador, resolução, compressão, entre
outros, servindo, aliás, como auditoria da autenticidade da foto. Esses dados
formam o que se denomina de EXIF (Exchange Image Format) metadata, e
podem ser perdidos ao se manipular uma foto por um determinado software de
edição. É importante frisar que, independente da possibilidade de edição futura
de uma foto, deve-se fazer a melhor captura daquele instante em particular, ou
seja, registrá-lo da forma mais fidedigna possível.

Técnica fotográfica
O conhecimento detalhado do funcionamento da câmera digital sem o emprego
da técnica fotográfica adequada não garante fotografias de boa qualidade.
O entendimento e a padronização do enquadramento, composição, aparência
do fundo, ângulos de abordagem, iluminação, fotometria, profundidade do
campo, entre outros aspectos, devem ser perseguidos pelos dermatologistas
que desejem aprimorar a qualidade de sua documentação iconográfica. Dessa
forma, a boa fotografia dermatológica nasce de um planejamento fotográfico
cuidadoso, antes da consideração tecnológica.

Há farta literatura (relacionada à fotografia convencional) e cursos ministrados


durante os eventos científicos dermatológicos que abrangem esses
aspectos.1,6,15 Enfim, as fotografias dermatológicas digitais devem ser
registradas utilizando a melhor técnica fotográfica possível.

36
AVALIAÇÃO ESTÉTICA │ UNIDADE I

Arquivamento/Backup
As câmeras digitais são aparelhos destinados ao registro fotográfico, não
representando um sistema adequado para arquivamento de fotografias. Os
arquivos das fotografias devem ser, logo que possível, transferidos para o
computador, onde devem ser armazenados, catalogados, e, eventualmente,
deletados e editados, esvaziando a memória da câmera para uma nova série
de registros fotográficos. As estruturas adequadas para a organização das
fotografias digitais no computador são os bancos de dados de imagens, que
podem ser integrados a sistemas de registro clínico do tipo prontuário eletrônico.
Há diversos sistemas comerciais adequados à prática dermatológica disponíveis
no mercado brasileiro.

Por outro lado, podem ser obtidos gratuitamente sistemas organizadores de


fotografias como o Adobe Photoshop Album Starter Edition 3.0TM <http://www.
adobe.com>; alguns softwares que acompanham as câmeras digitais permitem
a recuperação de arquivos de fotografias segundo características informadas
previamente. É importante a realização periódica de cópias de segurança
das fotografias digitais, uma vez que os computadores pessoais são passíveis
de defeito, roubo, fraude, dano ou invasão. O quadro 3 lista a capacidade de
armazenamento de diferentes mídias digitais. Preferencialmente, os arquivos
armazenados nos backups devem ser as cópias das imagens originais, não
submetidas a qualquer edição, ainda que tenha sido feita troca do nome ou
reorientação da imagem. Esse cuidado favorece a realização de auditorias para a
averiguação da autenticidade das fotografias digitais. Os gravadores de CD e de
DVD são os mais utilizados para a realização de backup, devendo-se guardar as
mídias em local seguro, longe do computador, devidamente rotuladas.

Quadro 3. Principais dispositivos ou mídias de memória ou armazenamento *Mb: Megabyte; **Gb: Gigabyte; +

Smartmedia, Memória SD, Compactflash, Memory-Stick, Multimedia, Pix-Card, Minidrive.

Dispositivo Capacidade de memória


Disquete 16Mb-8Gb**
Cartões de memória+ 1,4Mb*
MiniCD 150Mb
CD-ROM 650-700Mb
DVD-ROM 4,4-5,2Gb
Fonte: Miot HA, Paixão MP, Paschoal FM.

Digitalização de imagens
Os diapositivos ou as fotografias em papel encontram na digitalização uma
alternativa aos efeitos do tempo e dos danos decorrentes da estocagem.
Aparelhos de scanner de mesa comuns são capazes de digitalizar fotografias

37
UNIDADE I │ AVALIAÇÃO ESTÉTICA

em papel com alta qualidade, devendo-se utilizar 24bits de profundidade de


cor e resolução de até 500dpi.9 O emprego de scanners de slides representa
a forma mais eficiente de digitalização de diapositivos. O custo da aquisição
desses aparelhos deve ser contemplado frente a seu emprego futuro, uma vez
que há empresas que terceirizam esses serviços. Uma recomendação técnica
mais criteriosa pode se basear no uso mínimo de 24bits de profundidade de
cor e resolução entre 500-700dpi.9 Fotografias e slides armazenados dessa forma
podem ser reeditados por softwares sem prejuízo de qualidade, devendo ser
redimensionados (100dpi) para as exposições corriqueiras, como aulas, pôsteres,
entre outras.

Aspectos éticos e legais

A popularização da fotografia digital, a simplicidade e o baixo custo do seu registro


favoreceram o aumento do número de documentações fotográficas na prática
dermatológica. Na seção de fotografia do Departamento de Dermatologia da
Unesp de Botucatu, a adoção da tecnologia digital proporcionou um incremento
de mais de 80% no número de fotografias anuais de pacientes. Há o entendimento
de que a imagem da lesão do paciente documentada durante a consulta, por
representar informação clínica real, compõe parte do seu prontuário médico.
Dessa forma, seu registro, uso, modificação, deleção ou exposição devem
ser autorizados pelo paciente ou responsável legal, preferencialmente por
escrito, ainda que no prontuário médico. Cabe lembrar que o uso exclusivo da
fotografia digital como evidência judicial pode ser contestado sob o argumento
da facilidade de manipulação eletrônica – exceto quando o registro clínico
detalhado no prontuário médico for substanciado pela fotografia digital com a
autenticidade devidamente periciada.

Outros usos da fotografia digital

Além do registro de lesões de pacientes na prática clínica e dermatoscopia, e da


possibilidade de manipulação e composição de fotografias, educação, simulação
de procedimentos (cirurgias) e emprego em teledermatologia, a fotografia
digital tornou-se uma ferramenta importante na quantificação de variáveis
em pesquisa aplicada. Seu emprego na mensuração de dimensões lineares e
áreas, na quantificação de cores, no reconhecimento de padrões, nas contagens
automatizadas e medidas comparativas de texturas constitui outras aplicações
que fogem ao escopo deste artigo.

38
AVALIAÇÃO ESTÉTICA │ UNIDADE I

Conclusão
A documentação fotográfica na prática dermatológica foi facilitada pela
tecnologia digital. O esmero no emprego da melhor técnica fotográfica e o
conhecimento detalhado das funções da câmera, progressivamente, levam ao
aumento de qualidade do registro fotográfico e de sua verossimilhança clínica.

Referências

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Wootton R, Oakley A. Teledermatology. London: Royal Society of Medicine


Press; 2002. p.1-41.

Endereço para correspondência


Hélio Amante Miot
Departamento de Dermatologia da FMB-UNESP
Campus Rubião Jr
18618-000 - Botucatu - SP
Tel./Fax: (14) 3882-4922
E-mail: heliomiot@fmb.unesp.br
Como citar este artigo: Miot HA, Paixão MP, Paschoal FM. Fundamentos da fotografia
digital em Dermatologia. An Bras

41
A AVALIAÇÃO
ESTÉTICA E OS UNIDADE II
TRATAMENTOS
PROPOSTOS

CAPÍTULO 1
Estruturação de consultório para
avaliação

Diante dos itens expostos nos capítulos anteriores, podemos agora ter alguma ideia
de como deve ser a estrutura de um consultório de estética que permite avaliação e
tratamentos eficazes. Nada do que vou citar nesse material comporta-se como regra
absoluta, mas pode ajudar a quem nunca atendeu na área a não gastar com objetos
desnecessários e nem deixar de adquirir coisas que farão toda diferença para o
atendimento ao seu cliente.

Uma única sala é suficiente para atender quando haverá somente um paciente por vez.
Nessa sala, que chamamos aqui de consultório, devem constar:

»» uma pia para que faça a higienização das mãos de preferência na frente
do cliente;

»» tomadas em pelo menos 2 das paredes da sala, e se possível no chão no


local que a maca ficará posicionada (essa tomada do chão impede que
haja fios espalhados na sala, ao ligar algum equipamento que precise ficar
bem próximo da maca como o vapor de ozônio por exemplo);

»» iluminação adequada: preferência por uma lâmpada de luz branca forte


no centro da sala e iluminação acessória em cantos do teto com luz baixa
e amarela para casos de tratamentos mais relaxantes em que a luz branca
mais forte pode atrapalhar;

»» ar condicionado. Atualmente, os clientes são exigentes e um ambiente


climatizado faz toda diferença;

42
A AVALIAÇÃO ESTÉTICA E OS TRATAMENTOS PROPOSTOS │ UNIDADE II

»» armário embaixo da pia: para guardar estoques de produtos, materiais


descartáveis e outros materiais que não exigem manuseio frequente;

»» armário (um ou mais) para colocar os produtos e materiais a serem


usados nos atendimentos, bem como instrumentos menores (cubetas,
copos dappen, estratores, agulhas etc);

»» caixa de descarte de agulhas (a vigilância sanitária exige descarte em


local aproriado);

Figura 11. caixa de descarte de agulas.

»» suporte para papel toalha na parede lateral à pia;

»» espelho na parede da pia;

»» se possível espelho em tamanho de corpo inteiro em alguma parede mais


livre da sala (especialmente para avaliação corporal);

»» maca confortável para o paciente (larga, preferencialmente de 80 cm de


largura) e para o profissional (preferência para as ajustáveis em altura
para se adequar ergonomicamente às posturas do profissional;

»» mocho para ser usado nos procedimentos faciais (figura 12);

»» carrinhos auxiliares especialmente para os procedimentos faciais onde


há manuseio de mais variedade de produtos e esses precisam ficar mais
próximos da maca;

»» lâmpada auxiliar para iluminação focal do paciente associada à lupa ou


adquirir a lupa separadamente;

43
UNIDADE II │ A AVALIAÇÃO ESTÉTICA E OS TRATAMENTOS PROPOSTOS

Figura 12. mocho. Figura 13. luminária auxiliar com lupa.

»» mesa e cadeira para o atendimento da consulta/entrevista;

»» se possível um computador para arquivar as fotos de avaliação “antes e


depois”.

Quando é possível se ter uma sala distinta somente para as avaliações, é excelente,
pois você pode estruturá-la ainda melhor para esse fim e deixar de forma estática
a câmera fotográfica num tripé, numa das paredes já deixar montado o tecido que
servirá de fundo para as fotos, o tapete ou marcações no chão para o paciente se
posicionar, a balança etc. E não haveria o trabalho de montar e desmontar esse
“cantinho” de avaliação ou do mesmo “poluir” o ambiente de tratamento.

Entretanto, nem sempre é possível ter duas salas: uma para atendimento e outra
somente para avaliação. Quando o profissional disponibiliza apenas de uma sala
para as duas atividades, irá adaptá-la de forma organizada, lembrando de deixar
uma parede mais livre para serem coletas as fotografias, preferir as balanças digitais
de chão para serem acomodadas em algum canto discreto da sala, se fizer marcas
no chão para posicionamento do paciente fazê-las com fitas discretas e escuras para
não ficarem aparecendo a sujeira acumulada com o tempo, ou se for usar o tapete
marcado, recolher e mantê-lo guardado após a avaliação corporal.

A organização e todas as utilidades à mão fazem com que o atendimento seja


diferenciado e completo. Isso repercutirá no conceito do paciente sobre você como
profissional.

44
CAPÍTULO 2
Momento de avaliação final nos
tratamentos faciais e corporais

Em geral, os profissionais já conhecem o número de sessões necessárias de seus


tratamentos para que eles ofereçam os resultados almejados. Porém, na avaliação o
profissional DEVE individualizar os tratamentos e, em determinados casos, explicar
ao paciente que ele precisar de menos ou mais sessões que a média geral faz. Por
exemplo, em um tratamento de melasma (manchas faciais hormonais), pelo tipo de
mancha, quantidade, tonalidade, o paciente pode não precisar de muitas sessões ou,
pelo contrário, pode ser advertido que somente com muitas sessões verá resultado
satisfatório. O mesmo acontece no tratamento de celulite, onde a média dos consultórios
são 12 sessões, mas existe aquelas pacientes que nos procuram com pouca quantidade
de celulite, em graus leves, e que o profissional pode sugerir um pacote menor, o que
irá inclusive estimulá-la a fechar o tratamento. O que nunca deve ser feito é estipular
pacotes com número sessões estáticos, onde a individualidade de cada paciente não é
considerada. Isso não é profissionalismo e de nada valeria a avaliação.

Baseando-se nos números de sessões determinados na avaliação, o ideal já explicar


ao paciente que na última sessão será feita a avaliação final. Algo também viável
seria propor ao paciente de voltar ao consultório após a última sessão (por exemplo,
uma semana depois) para realizar a avaliação final. Isso é válido nos casos em que o
tratamento realizado em cada sessão modifica o resultado com dias após a sessão, como
os peelings, tratamentos de estrias etc. Nesses casos, na última sessão daria para fazer a
avaliação final apenas antes de iniciar o procedimento daquele dia devido às alterações
que o próprio procedimento causa no paciente e também por promover resultados ao
longo dos dias.

Não considero viável avaliação no meio do tratamento por dois motivos: os tratamentos
não são ta longos a ponto de promoverem grandes diferenças na metade deles, e cada
organismo responde de uma maneira, havendo alguns casos em que na metade do
tratamento já ocorreu grande resposta, e em outros, essa evolução só é visível bem
ao final do tratamento. Diante disso, torna-se mais prático realizar somente avaliação
inicial e final.

45
CAPÍTULO 3
Mensurando a satisfação do cliente/
paciente

Quando falamos sobre avaliação é comum pensarmos na percepção que nós,


profissionais teremos sobre os resultados obtidos, afinal, nós é que iremos avaliar,
certo? Errado. Essa é uma verdade, mas não a única. Os profissionais precisam sim
visualizar e mensurar os resultados para pensarem no que propor após o tratamento,
para aprimorarem seus tratamentos em busca de resultados melhores quando esse é
o caso e para oferecerem a oportunidade do paciente também observar de forma mais
quantitativa seus resultados, e não apenas ter um palpite subjetivo sobre eles.

Quando o paciente é informado sobre sua avaliação, vê suas medidas, suas fotografias,
seu peso, ele pode ter uma visão mais real do que o tratamento promoveu. Isso
geralmente irá beneficiar o profissional, pois geralmente essa realidade é melhor do que
quando os pacientes chegaram ao consultório, e muitas vezes se não fosse pela avaliação
eles teriam a tendência em não enxergar muita melhora, ou até mesmo considerar que
nada mudou. As melhoras são gradativas, dia após dia, e portanto, o paciente (que se
vê a todo instante no espelho) não percebe e até se esquece de como era a afecção antes
de tratar.

Bom, sabendo disso, se for de interesse do profissional, uma sugestão é de disponibilizar


de uma tabela de satisfação para pedir ao paciente para preencher após analisar os dados
conferidos pela avaliação final. Essa tabela pode ter as perguntas sobre o próprio resultado,
sobre o atendimento do profissional, sobre o atendimento dos demais profissionais da
clínica (secertária), sobre custo-benefício etc. E em cada um desses itens, constar, por
exemplo, as alternativas: muito satisfeito; satisfeito; pouco satisfeito ou nada satisfeito.
Isso é apenas uma sugestão para alternativas que podem ser variadas dentro dessa
mesma proposta.

Com esse questionário respondido, você profissional é capaz de ter um feedback ideal
sobre seu tratamento.

Resultados não satisfatórios. O que fazer?


Quando você se depara com resultados insatisfatórios, a situação é delicada. O que
deve sempre ser lembrado é que o objetivo do profissional da estética deve ser sempre
a resolução do problema do seu cliente/paciente.

46
A AVALIAÇÃO ESTÉTICA E OS TRATAMENTOS PROPOSTOS │ UNIDADE II

A avaliação é extremamente importante porque com ela você poderá expor ao seu
paciente suas expectativas reais sobre as possibilidades de resultados e, se preciso for,
inclusive contraindicar algum tratamento, mesmo que isso represente a “perda” do
dinheiro naquele momento.

Com certeza, essa veracidade e profissionalismo sem pensar no retorno financeiro como
prioridade, mas sim na satisfação de seu cliente, irá repercutir de forma muito positiva
a seu respeito. A confiança que esse paciente passará a ter em você o conduzirá a te
procurar para outros tratamentos de forma aberta e sem desconfianças. Nos casos em
que você já advertiu ao paciente de que os resultados seriam pequenos, a insatisfação
dele virá acompanhada de aceitação; afinal, ele já sabia que seria assim. Entretanto, há
casos em que surpresas acontecem: o profissional imagina que haverá um bom resultado,
entretanto, ao final isso não ocorre. Provavelmente não foi “culpa” do profissional e
nem do paciente, mas sim individualidades de organismo para organismo. Nem por
isso o profissional deve se ausentar da “responsabilidade” de satisfazer seu cliente ( que
deve ser o objetivo, sempre). Portanto, sugerem-se alternativas que podem solucionar
esse momento:

»» oferecer mais algumas sessões gratuitas na tentativa de melhorar os


resultados conseguidos;

»» quando for inviável ao profissional doar as sessões, oferecer descontos


significantes na tentativa de melhorar os resultados;

»» se houver a possibilidade de outro tratamento, sugeri-lo acompanhado


de desconto para tentar resultados melhores por meio de outra técnica.

Se agradar o cliente/paciente for seu principal objetivo, tenha certeza de que seu espaço
estará garantido com sucesso profissional, apesar das concorrências do mercado! Esse
é o grande diferencial!

47
Para (não) Finalizar

Pesquise sobre marcas de cosméticos para se ter em consultório (linhas profissionais);


sobre itens instrumentais necessários para a realização dos procedimentos. Monte uma
lista com essas buscas e faça pelo menos três orçamentos de cada item para já adquirir
aos poucos cada um deles. Mesmo que você ainda não tenha o local (sala, clínica,
consultório) para trabalhar, esses produtos e instrumentos já podem ser adquiridos
pois serão imprescindíveis no seu trabalho.

Pesquise nas referências bibliográficas sugestões de sites para compras de produtos de


consultório.

Continue sempre aprimorando seus conhecimentos e utilizando-os em sua prática.

48
Referências

AZULAY; AZULAY. Dermatologia. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan., 2008.

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DEALEY CAROL. Cuidando de feridas. 3. ed. São Paulo: Atheneu, 2008.

GUIRRO, E; GUIRRO, R. Fisioterapia dermato-funcional: fundamentos, recursos


e patologias. 3. ed., editora Manole, SP, 2002.

GUYTON, A.C. E HALL, A.C. Tratado de fisiologia médica. Guanabara Koogan,


2006.

JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Histologia básica. 10. ed. Rio de Janeiro:


Guanabara Koogan, 2004.

KEDE; SABATOVICH. Dermatologia estética. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2009.

RODRIGUES, JG; LEITE, R; COSTA, IMC; SOARES, R. Acervo raro da Sociedade


Brasileira de Dermatologia: considerações sobre sua preservação histórica. Anais
Brasileiros de Dermatologia, v. 84 (1), pp. 93-95, 2009.

Sites para compras de produtos para


consultório:
<www.malagaestetica.com.br>.

<www.sempremaisestetica.com.br>.

<www.ritcher.com.br>.

<www.fisioeletro.com.br>.

<www.tudoestetica.com.br>.

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Você também pode gostar