ALEXOPOULOS, C.J.; MIMS, C.W. & BLACKWELL, M. 1996.
Introductory Mycology. New York: John Wiley & Sons, Inc. 865p.
(TRADUÇÃO LIVRE, USO INTERNO)
CAPÍTULO 2 – Características dos fungos
Características gerais. Os fungos Outra diferença entre os
constituem um grupo de organismos organismos tratados tradicionalmente heterotróficos, sem clorofila, mas que como fungos e as plantas é a historicamente tem sido comparados terminologia usada para descrever às plantas. Eles parecem plantas suas estruturas e funções. Mas isso simples, nas quais, com poucas já é esperado, já que os fungos exceções, existem paredes celulares evoluiram em seus próprios e definitivas, são imóveis (apesar de surprendentes caminhos. poucas espécies terem células Muito dos termos obsoletos foi reprodutivas móveis) e se eliminado, mas não todos. reproduzem por meio de esporos 1. Os filamentos ou hifas Todavia os fungos não possuem constituem o soma (corpo) de um caules, raízes ou folhas como as fungo, elongam por crescimento plantas superiores, e nem apical, mas a maior parte de um desenvolvem sistema vascular. Outra fungo é potencialmente capaz de característica que separa os fungos crescer, e um pequeno fragmento de das plantas é o fato de que o produto quase toda parte do organismo, de armazenamento, um carbohidrato usualmente é capaz de produzir um primário, é o glicogênio, e não o novo ponto de crescimento e amido. Os fungos são geralmente começar um novo indivíduo. filementosos e multicelular, seus Estruturas reprodutivas são núcleos, apesar de pequenos, podem diferenciadas das estuturas ser visualizados de forma somáticas e exibem uma variedade relativamente fácil; e suas estruturas de formas, com base nas quais nós somáticas, com poucas exceções, classificamos os fungos. Poucas exibem pouca diferenciação e espécies podem ser identificadas se praticamente não há divisão de seus estágios reprodutivos não trabalho. estiverem presentes. Com Um problema mais difícil que pouquissimas exceções, as partes distinguir fungos de plantas é somáticas de um fungo parecem com distingui-los de outros organismos a de outros. Este fato é muito com a mesma forma de crescimento, evidente no estudo dos fósseis e são suas características fúngicos. moleculares que tem ajudado nesse Os fungos são heterotróficos e aspecto. Iremos focalizar as exibem nutrição absortiva. Isto faz diferenças entre os fungos, tanto simplesmente com que eles não quanto definir os outros grupos fixem carbono e que os nutrientes (Reinos Protista e Stramenopila). que entram em seus corpos, devam passar pela membrana plasmática e parede celular. Essa característica medida por quais enzimas digestivas tem levado alguns autores a ela é capaz de produzir e liberar no descrever os fungos como meio. organismos cujos “estômagos” são Aparte da disponibilidade de externos a seus corpos. No lugar de uma fonte de alimento apropriada, ingerir alimentos e então digerí-los, exemplos de outros fatores que como os animais, os fungos primeiro influenciam o crescimento do fungo devem liberar enzimas digestivas estão umidade, temperatura, pH e para o meio externo. Essas enzimas oxigênio. Devido a tremenda quebram moléculas grandes e diversidade que existe entre os relativamente insolúveis tais como fungos e a organização de diferentes carboidratos, proteínas e lipídios em ambientes nos quais eles vivem, é moléculas menores e mais solúveis difícil fazer generalizações sobre a para então ingerí-las. Água livre deve importância relativa de cada um dos estar presente como um meio para fatores apontados acima. Enquanto difusão de nutrientes solúveis para alguns fungos vivem na água, a dentro das células. Sem alguma água maioria das espécies não cresce bem livre, os fungos não podem realizar quando submergida em água devido metabolismo normal. a baixa disponibilidade de oxigênio. Como um grupo, os fungos Todavia, as hifas de parede delgada exibem uma habilidade extraordinéria que constituem o micélio de muitas para utilizar quase qualquer recurso espécies são suscetíveis à de carbono como alimento. Diferentes dissecação e requerem uma fonte espécies, todavia, tem diferentes mais ou menos contínua de água requerimentos nutricionais (Griffin, para crescerem. Algumas espécies 1994). Alguns são omnívoros e são capazes de crescer em água podem subsistir em virtualmente salgada, e umas poucas formas qualquer coisa que contenha matéria osmofílicas podem crescer em orgânica. Os comuns mofo verde substratos contendo altas (Penicillium) e mofo preto concentrações de solutos. Tais (Aspergillus) com um pouco de fungos algumas vezes podem causar umidade irão crescer em qualquer problemas em alimentos coisa, desde o queijo cheddar até armazenados. Os fungos apresentam sapatos de couro. Outros fungos são métodos especiais para manter o mais restritos em suas dietas; uns potencial de água baixo, para poucos parasitas obrigatórios Não só conservar água. Algumas espécies requerem protoplasma vivo como produzem manitol e outros alimento, mas também são altamente compostos para regulação osmótica. especializados a dadas espécies e Quando se considera a temperatura, mesmo a variedades de hospedeiros o ótimo para a maioria das espécies parasitados. está entre 25 e 300 C com limites, inferior e superior de 10 e 400 C. 1. Esporo (Gr. spora =semente, esporo) 2. Substrato refere-se a substância ou Concluindo, o(s) substrato (s)2 que material no qual o fungo cresce. uma dada espécie pode usar como alimento está governado em grande Entretanto, certas formas termofílicas fungos, ela pode aumentar muito o têm seu ótimo acima de 40 0 C, e crescimento em algumas e pode ser algumas podem crescer sob necessária para a indução de temperaturas altas em habitats estruturas reprodutivas assexuais e compostos. Por outro lado há os sexuais. Em adição, a luz pode estar fungos psicrófilos ou amadores de involvida na orientação de estruturas frio, capazes de crescer abaixo do que levam esporos, e os esporos de ponto de congelamento da água. inúmeros tipos de fungos são Com relação à temperatura e liberados forçosamente em direção à umidade, é necessário enfatizar que luz. Contrariamente à crença popular, enquanto certas espécies de fungos os fungos não requerem escuridão estão equipadas para crescer sob nem escuros porões e a luz pode ser condições extremas, virtualmente requerida para produção de seus todas produzem algum tipo de esporo esporóforos. ou estrutura especializada de Muitos fungos são é claro, são resistência que assegura a sapróbios (Gr. sapros =degradadores sobrevivência durante condições + bios =vida) e obtém seus alimentos extremas. por atacar matéria orgânica morta. O pH ótimo que favorece o Por outro lado, um número crescimento de diferentes tipos de considerável de espécies vive como fungos varia amplamente. Falando parasitas (Gr. parasitos =comendo em geral, a maioria parece crescer junto a outros) em plantas, animais melhor a níveis de pH de 4 - 7. ou em alguns casos mesmo outros Entretanto, devido a que os fungos fungos. A maioria dos fungos digerem e consomem os materiais parasitas é, entretanto, capazes de nos quais eles crescem e liberam viver em matéria orgânica morta, produtos metabólicos para o como mostra sua habilidade de ambiente, eles alteram, algumas crescer artificialmente em meios vezes, signicativamente os níveis de sintéticos. Aquelas formas que tem pH no microambientes próximos aos resistido a todos nossos esforços seus somas. A maioria dos fungos é para crescer em meios sintéticos ou aeróbica, apesar de que inúmeras aquelas que são sempre parasíticas espécies incluindo, é claro, as na natureza são descritas como leveduras são capazes de existência parasitas obrigatórios ou biotrófos. anaeróbica facultativa. Aqueles capazes de crescer Uma poucas espécies de parasiticamente ou de viver Chytridiomycota (Cap.4) são saprobicamente em matéria orgânica obrigatoriamente fermentativas e são morta são, de acordo às incapazes de respiração oxidativa, circunstâncias, referidos ou como mesmo com oxigênio disponível. Em parasitas facultativos ou como fungos o produto final da respiração sapróbios facultativos. anaeróbica, ou fermentação, pode ser Em adição aos fungos o álcool etílico ou ácido lático. Em parasitas que são claramente nocivos umas poucas espécies é produzida aos seus hospedeiros, há várias uma mistura desses dois compostos. espécies que apresentam relações Enquanto a luz não é requerida mutualísticas com animais e ou para o crescimento somático dos plantas. Exemplos de relações mutualísticas entre fungos e plantas substrato que os fungos utilizem incluem os líquens que são como alimento. Coletivamente essas combinações de fungos e algas estruturas fazem o corpo do fungo, verdes e/ou azuis (cianobactérias) e que é chamado de micélio. Todavia, as micorrizas que ocorrem antre nem todos fungos produzem micélios fungos e as raízes da maioria das compostos de hifas. Muitas formas plantas. Como já observado, uma referidas comumente como maravilhosa diversidade de outras leveduras1, existindo como células espécies fúngicas conhecidas como únicas que são capazes de se endófitos, tem sido registrada em reproduzir rapidamente por gemação troncos e folhas de plantas ou fissão. Algumas espécies de saudáveis. Essas plantas muitas fungos podem existir tanto como hifas vezes não apresentam signos de que como leveduras e então são ditas contenham fungos e devem ser DIMÓRFICAS. O dimorfismo é, por beneficiadas por sua presença. exemplo, comum em formas que Existe também uma variedade causam enfermidades em humanos e de fascinantes relações entre os em outros animais. Muitos desses fungos e os animais. Como registrado organismos crescem como hifas fora no Cap. 1 isso é particularmente de seus hospedeiros, mas assumem verdadeiro com relação aos insetos. uma aparência levuriforme dentro dos Em alguns casos os fungos vivem hospedeiros. Como será visto mais com ou dentro de animais tarde vários fatores químicos e físicos hospedeiros sem causar qualquer influenciam muitas vezes a conversão dano óbvio aos animais. Em outros de hifas para leveduras e vice-versa. casos fungos na verdade pegam em armadilhas e consomem animais 1 Levedura é um termo morfológico e microscópicos como alimento. Alguns não se refere a qualquer grupo dessas chamadas espécies taxonômico em particular. predadoras produzem elaboradas estruturas que funcionam na captura Uma hifa fúngica está de suas presas. Por outro lado foi composta de uma delgada e visto no Cap. 1 que alguns tipos de translúcida parede tubular cheia ou insetos na verdade, mantêm ou alinhada com uma camada de cultivam fungos e então se alimentam protoplasma variando em espessura. nas estruturas produzidas pelos Quando examinada com o auxílio de fungos. E é claro, existem alguns microscópio óptico, é evidente que as fungos que são micoparasitas e até hifas de muitas espécies são podem alimentar-se de parentes interrompidas em alguns pontos por próximos através da produção de partições ou paredes transversais - estruturas especializadas pelos seus os septos. Em alguns os septos são talos. produzidos a intervalos mais ou Como já registrado, o corpo do menos regulares ao longo do fungo ou talo, consiste tipicamente de comprimento da hifa, dividindo-a em hifas microscópicas, tubulares, compartimentos individuais ou similares a fios, que se ramificam em “células” que contêm um, dois ou todas as direções, estendendo-se mais núcleos. As hifas desse tipo são sobre ou dentro de qualquer denominadas septadas. Em outras espécies os septos só estão registrados em poucos fungos que presentes nas bases das estruturas não estão relacionados reprodutivas e em porções velhas, proximamente uns aos outros altamente vacuoladas das hifas. (Powell, 1974; Powell & Gillette, Desde que porções dessas hifas em 1987; Doublés & McLaughlin, 1991). vigoroso crescimento não Aceita-se que os aspectos dos septos apresentam espaços regularmente são relativamente conservados do septadas, elas são chamadas ponto de vista evolucionário, e os asseptadas ou não-septadas, dados da ultraestrutura septal figuram algumas vezes o termo cenocítico proeminentemente em vários também é usada para descrevê-las. esquemas sistemáticos (Doublés & Estudos ultraestruturais de McLaughlin, 1991; Wells, 1994). uma variedade de diferentes tipos de Como já foi apontado, cada fungos tem mostrado que os septos hifa fúngica está rodeada por uma variam em sua construção. Alguns parede celular definitiva. De acordo a são simples e outros são complexos, Bartinicki-Garcia (1987), essa parede todos os tipos parecem formar-se por é a estrutura que dá aos fungos a crescimento centrípeto das paredes maioria de seus aspectos exclusivos. hifais para o centro. Em muitos A habilidade da parede para conter a casos, um septo totalmente pressão de turgor com segurança desenvolvido possui um único poro parece ser a razão primordial para a central através do qual os sobrevivência e evolução dos fungos. protoplastos dos compartimentos Em adição a conter a pressão de hifais subjacentes são contínuos. turgor, a parede celular também joga Essse tipo de poro algumas vezes diversos outros papéis na vida de um está bloqueado ou ocluído por várias fungo (Peberdy, 1990). Por exemplo, estruturas (Markham, 1994), mas a parede confere forma à hifa, e atua quando desobstruído, é usualmente como um filtro controlando em grande o suficiente para permitir a alguma medida, o que entra no passagem de várias organelas protoplasto fúngico, protege o incluindo até núcleos. Na maioria dos protoplasto contra perigos ambientais fungos complexos a parede do septo, e funciona no reconhecimento de próxima ao poro central, está eventos não só associados à aumentada ou inflada para formar reprodução sexual, mas também com uma estrutura em forma de barril. várias interações dos fun-gos com Esse tipo de septo é referido como vegetais e plantas potencialmente um septo doliporo (Cap. 16). Em simbiontes. Todavia será visto que os muitos exemplos está presente no diversos grupos discutidos nesse livro citoplasma uma estrutura são hábeis para sobreviver sem membranosa chamada coifa do poro estruturas somáticas e sem paredes. septal ou parentossomo, em ambos lados do septo doliporo. Dependendo Paredes fúngicas e crescimento das espécies envolvidas, o hifal apical. A parede celular fúngica parentossomo pode ser perfurado ou é uma estrutura dinâmica que está imperfurado. Septos com múltiplos sujeita a mudança e modificações em microporos ou canais parecidos com diferentes estádios na vida de um plasmodesmos também tem sido fungo (Peberdy, 1990). É composta basicamente de um componente 1990 e Ruiz-Herrera, 1992. Será esqueletal ou microfibrilar localizado abordado mais sobre parede nos no lado interno da parede e capítulos subsequentes relacionados usualmente embebida em um a grupos específicos de fungos. material de matriz amorfo que se Para parafrasear Gooday & Gow estende para a superfície externa da (1990), a vida está no ápice da hifa parede. o componenete esqueletal fúngica. O que esta afirmação consiste de materiais, altamente significa é que os tubos germinativos cristalinos, insolúveis em água que fúngicos (hifa que emerge de um inclui glucanos1 e quitina2 enquanto esporo) e as hifas crescem quase a matriz consiste principalmente de exclusivamente em suas polissacarídeos que são na maioria extremidades. solúveis em água. Esses últimos O tipo de crescimento, difuso ou polissacarídeos incluem -glucanos e intercalar que é comum em tecidos glicoproteínas. Componentes de vegetais, é raro em fungos, e miscelaneos que podem estar parece estar limitado a hifas presentes nas paredes celulares envolvidas em elevar estruturas incluem lipídios, melaninas, polímeros reprodutivas no ar para a dispersão de D-galactosamina e poliuronídeos dos esporos (Wessels et al., 1990). (Peberdy, 1990). Apesar de que Já se sabe há muito tempo que as existem registros dispersos da hifas crescem apicalmente, mas presença de celulose nas paredes de como exatamente ocorre esse poucos fungos, crê-se que este crescimento não é totalmente composto geralmente está ausente entendido ainda hoje. da maioria dos fungos verdadeiros. 1. O termo glucano em fungos está Por outro lado, celulose é um restrito a polissacarídeos feitos somente componenete característico das ou parcialmente de moléculas de glicose paredes de Stramenopila, incluindo que estão unidas através de ligações - 1,3, -1,6, -1,3 ou -1,6. Os mais os Oomycota (Cap. 23) e em alguns abundantes e mais intensamente fungos limosos dictiostélicos. estudados glucanos são os -glucanos Apesar de morfologicamente que contêm proporções variáveis de similares aos fungos verdadeiros, as ligações -1,3 e -1,6 (Ruiz-Herrera, espécies de Oomycota não tem 1992). relações filogenéticas próximas com 2. O termo quitina usualmente é igualado os fungos verdadeiros. na verdade, a com um -1,4 ligado a um homopolímero diferença nos polissacarídeos de de N-acetilglucosamina ocorrendo em parede foi uma dos primeiras chaves uma condição microscristalina (Wessels que alertaram os micólogos para sua et al., 1990). Entretanto alguns autores distinção. usam o temo em um sentido geral para Em anos recentes tem havido referir-se a vários polímeros em fungos considerável interesse na química conhecidos coletivamente como das paredes celulares fúngicas. Muito glucosaminoglucanos. Esses variam em seus graus de acetilação desde do que é correntemente conhecido completamente acetilados (quitina) até sobre esse tópico pode ser não completamente acetilado encontrado em Bartinicki-Garcia, (quitosano). 1987; Peberdy, 1990; Wessels et al., A questão básica que permanece ponto há forte evidência indicando sem resposta relaciona-se a como a que muito da matéria-prima parede celular exibe rigidez suficiente necessitada pelo ápice hifal em para manter a forma da hifa, crescimento são distribuídas para o enquanto é suficientemente elástica ápice por vesículas rodeadas de para permitir rápido crescimento membrana. apical. Duas hipóteses básicas, ainda Estudos no MEV tem mostrado que contrastantes, tem sido que o ápice de uma hifa em propostas para explicar o crescimento crescimento está abarrotado de da extremidade hifal e eles serão vesículas, que caem em duas considerados brevemente a seguir. categorias (Bartinicki-Garcia, 1990). Quando estiver lendo o Inclui macrovesículas com diâmetros seguinte parágrafo, deixe claro à sua maiores que 100nm e microvesículas mente, que o crescimento terminal da com menos de 100nm de diâmetro. hifa á um processo complicado e que Na maioria dos fungos verdadeiros numerosos artigos de revisão, essas vesículas são apertadamente capítulos de livros e livros inteiros têm agrupadas com algumas outras sido escritos sobre ele. estruturas para formar uma única e Uma teoria do crescimento dinâmica estrutura chamada apical é defendida por Wessels Spitzenkörper. Essa estrutura foi (1986, 1988) e é geralmente referida observada por primeira vez em hifas como hipótese “stready-state”. A coradas por Brunswik (1924) e mais hipótese sugere que o ápice hifal é tarde em hifas vivas por Girbardt inerentemente visco-elástico e (1957), que correlacionou a presença expansível, e que a parede dessa estrutura no ápice hifal com sintetizada de novo no ápice consiste crescimento e sua posição com a de uma mistura de quitina não direção de elongamento da hifa. cristalina e -glucano. Como um Bartinick-Garcia et al. (1989) resultado de ligamentos cruzados dos sugeriram que o Spitzenkörper atua polímeros da parede, a mistura visco- como um centro de suprimento das elástica desenvolve gradualmente vesículas envolvidas no crescimento rigidez. apical e propuseram um novo modelo A segunda hipótese (Bartinicki- matemático para explicar como a Garcia, 1973) sugere que a parede é forma tubular de uma hifa fúngica inteiramente rígida e que para ocorrer pode ser gerada por uma célula que crescimento deve haver um cresce apicalmente. Alguma base permanente balanço delicado entre a para esse modelo tem vindo do lisis da parede seguida pela síntese trabalho feito no Laboratório do Dr. C. de polímeros da parede, e entre o E. Bracker da Univ. de Purdue. rompimento e a emenda da parede. Usando um microscópio acoplado a Em qualquer das duas hipóteses, um vídeo computador para estudar as torna-se aparente que a região extremidades hifais em crescimento subapical de uma hifa em de uma variedade de diferentes crescimento produz a energia, fungos, López-Franco (1992) enzimas, precursores de parede e demonstrou que o Spitzenkörper é membranas necessárias para o uma estrutura pleomórfica e dinâmica crescimento do ápice hifal. Nesse que responde a uma variedade de diferentes estímulos. Baseado na onde ela cataliza a formação de forma, indice refrativo e distribuição microfibrilas do esqueleto de quitina dos componentes do Spitzenkörper, da parede fúngica. Se isso é verdade, foram identificados seus padrões ao então essas vesículas poderiam nível do microscópico óptico. corresponder aos assim chamados As macrovesículas presentes quitossomos, encontrados em nas extremidades hifais parecem ser homogenatos de hifas. Os vesículas secretoras que contem quitossomos são pequenas estruturas enzimas e polímeros pré-formados rodeadas de membrana que contem que são usados para formar a matriz a maioria da quitina-sintetase amorfa da parede celular das hifas presente em homogenatos fúngicos. (Bartinicki-Garcia, 1990). Suspeita-se Foram descobertos pela primeira vez que esses polímeros são sintetizados por Bracker et al. (1976), e são durante o processo de diferenciação capazes de gerar microfibrilas de da endomembrana que envolve o quitina in vitro quando incubados com retículo endoplasmático e as substratos apropriados. Quitina- cisternas de Golgi. Durante esse sintetase ainda tem de ser processo, o material de membrana do demonstrada em microvesículas de RE é transformado para cisternas de hifas vivas. Em vez disso, a enzima Golgi por um processo de parece estar localizada na membrana vesiculação. Vesículas secretoras plasmática, um fato que tem levado contendo enzimas e polímeros da alguns pesquisadores a se perguntar parede são então liberadas das se os quitossomos são estruturas cisternas do Golgi e migram para o reais (Cabid, 1987). Para concluir, a ativamente crescente ápice hifal onde exata origem dos quitossomos é elas se fusionam com a memebrana incerta, apesar de que eles plasmática. As membranas das provavelmente sejam derivados do vesículas fusionadas contribuem com RE ou das cisternas de Golgi. De a membrana plasmática, enquanto acordo com Bartinick-Garcia (1990), seus conteúdos são liberados no os quitossomos contem uma forma lado externo do citoplasma onde são inativa ou zimogênica de quitina usados na formação da parede. No sintetase que possivelmente é modelo de Bartinick-Garcia (1973) ativada por proteases permitindo a para crescimento apical, esse mesmo fusão da membrana do quitossomo tipo de vesícula entregaria o com a membrana plasmática. Uma “plastizador” que facilita a expansão representação esquemática está da parede para fora, durante o representada na figura anexa. crescimento apical. Antes de abandonarmos o O exato papel que as tópico dos Spitzenkörper e do microvesículas jogam no crescimento crescimento de extremidade hifal, apical é menos claro. Até agora deveríamos notar que Bourett & alguns pesquisadores acreditam que Howard (1991) tem localizado actina pelo menos algumas de-ssas fúngica na região central dos delgadas vesículas estão envolvidas Spitzenkörper, no fungo Magnaporthe no movimento da enzima quitina- grisea usando técnicas de sintetase através do citoplasma para imunolocalização ultraestrutural. a membrana plasmática do ápice hifal Estes autores também encontraram actina em pequenos agregados de fungos também podem ser decorados filamentos conhecidos como com cristais de oxalato de cálcio. No filassomos que serão descritos mais caso de certas espécies habitantes adiante. da serapilheira, agregações de Fibrilas longas, delgadas e de cristais podem ser tão densas, dando superfície similares as fímbrias de ao micélio uma aparência crostosa e bactérias tem sido registradas em branca. Quando visualizados com hifas de alguns fungos filamentosos, MEV, os cristais fúngicos muitas bem como em em certas formas vezes são espetaculares (Arnott & unicelulares (Gardiner & Day, 1988). Webb, 1983; Horner et el., 1983). Essas estruturas têm cerca de 7nm Apesar da produção de cristais de diametro e alcançam até 30m de por fungos ser conhecida desde de comprimento. Devido ao seu pequeno Barry (1887), pouco é conhecido diâmetro, elas são visíveis sobre o desenvolvimento desas unicamente a nível ultraestrutural em estruturas. Graustein et al. (1977) amostras por sombreamento ou sugere que os cristais que muitas coloração negativa. Sabemos que as vezes incrustam hifas de fimbrias fúngicas estão compostas de Hysterangium crassum formam proteínas, mas sua função exata é quando unidades de ácido oxálico desconhecida. Tem sido sugerido que são excretadas com íons de cálcio no elas atuam em uma variedade de meio ambiente. O ácido oxálico reações envolvendo a superfície hifal. também tem sido implicado na Fímbrias têm sido estudadas formação de cristais de oxalato de extensivamente em carvões - fungos cálcio nas hifas e tecidos de patógenos (Cap. 21) hospedeiros do fungo patogênico Tubos germinativos, hifas e Sclerotium rolfsii (Punja & Jenkins, mesmo esporos de alguns fungos são 1984; Smith et al., 1986). Essa rodeados por uma matriz extracelular. espécie, bem como algumas de suas Isso é particularmente verdadeiro em mais próximas, é conhecida por certas espécies patógenas de excretar grandes quantidades de plantas. Em alguns casos esse ácido oxálico durante a patogênese. material tem mostrado ter Por outro lado, alguns pesquisadores propriedades adesivas (Kunoh et al., (Arnott & Webb, 1983; Whitney & 1991). Por outro lado, a mucilagem Arnott, 1986) tem sugerido que a que rodeia os esporos de alguns formação de cristais está sob controle fungos protege-os de dessecação do protoplasto fúngico, como em bem como dos efeitos tóxicos de plantas, e dão evidências compostos polifenólicos liberados convincentes que os cristais de pelos tecidos infectados de plantas algumas espécies desenvolvem-se (Nicholson & Moraes, 1980; dentro da camada externa da parede Nicholson et al., 1989). essa hifal. A exata função dos cristais é mucilagem também contem desconhecida. Whitney & Arnott substâncias químicas que inibem a (1986, 1988) sugeriram que os germinação de esporos (Leite & cristais poderiam estar envolvidos na Nicholson, 1992). regulação do cálcio e também As hifas, e em alguns casos, funcionariam para dar resistência às os esporóforos de uma variedade de paredes de certas estruturas. É possível que eles possam proteger as apical. Nestas últimas estruturas, as hifas dos fungos contra a herbivoria hifas perdem suas individualidaes e de certos artrópodos. formam tecidos complexos que As hifas da maioria dos fungos exibem divisão de trabalho. O tendem a passar desapercebidas na cadarço pode ter uma casca grossa e natureza porque elas usualmente são dura, com um ápice que cresce, subterrâneas ou estão dentro de parecendo um ápice radicular, e que materiais ou hospedeiros nos quais pode ser confundido muitas vezes elas crescem. Todavia, as hifas de com raízes pequenas. Rizomorfos muitas espécies diferentes desse tipo são resistentes a rotineiramente tornam-se organizadas condições adversas e permanecem para formar grandes estruturas que dormentes até a volta de condições são facilmente visíveis a olho nu. Isso favoráveis. O crescimento é então inclui uma variedade de diferentes retomado, e os rizomorfos podem tipos de estruturas produtoras de alcançar grandes dimensões. Os esporos que serão discutidasmais rizomorfos também desempenham tarde nos diferentse grupos de uma variedade de outras importantes fungos. Dois exemplos são os funções para as espécies que os estromas e os esclerócios. Um produzem, incluindo a descoberta e estroma é uma estutura somática revelação de recursos (Cairney, compacta, muito parecida com um 1991). Os nutrientes sequestrados colchão ou almofada em miniatura por rizomorfos invasores são então sobre ou dentro dos quais são translocados, muitas vezes por usualmente formadas frutificações. longas distâncias, para diferentes Os esclerócios são corpos de partes do micélio. resistência, duros que sobrevivem a Hifas de fungos patógenos de condições desfavoráveis, tem várias plantas crescendo dentro dos tecidos formas e tamanhos e podem de seus hospedeiros exibem vários permanecer dormentes por longos padrões de crescimento dependendo períodos de tempo e então germinar do tipo de patógeno envolvido (Mims, quando retornarem as condições 1991). Basicamente, o fungo favoráveis. Exemplos de ambos tipos patogênico de vegetais cai em uma de estruturas serão discutidos mais das três categorias. Pertotrófos, tarde. também conhecidos como As hifas de algumas espécies necrotrófos, que usa enzimas e de fungos são capazes de formar fios toxinas para matar as células grossos chamados cordões hospedeiras no avanço de suas hifas, miceliais ou rizomorfos Essas e então cresce entre ou dentro de estruturas exibem uma grande células mortas e secas. Biotrófos, variedade de formas (Cairney et al., são ecologicamente parasitas 1989; Boddy, 1993). Em algumas obrigatórios e in vivo obtem nutrientes espécies as hifas tornam-se unicamente de células hospedeiras consolidadas em fios sem muita vivas. As hifas da maioria dos diferenciação enquanto outras tem biotrófos crescem primariamente estruturas muito grossas como entre células hospedeiras e originam cadarços, que exibem uma estrutura ramificações hifais especializadas interna diferenciada e dominância que penetram a parede da célula hospedeira e então invaginam a al., 1991b). Evidências sugerem que membrana plasmática da célula esses apressórios são capazes de hospedeira sem matar a célula, essas gerar pressões de turgor enormes ramificações são conhecidas como que providenciam a força física haustórios, e são responsáveis pela necessária para penetrar superfícies captação de nutrientes do hospedeiro artificiais sob condições de (Bushnell, 1972). Vários tipos de laboratório, bem como folhas de arroz haustórios têm sido demonstrados na natureza. Os apressórios fúngicos em diferentes grupos de fungos podem assumir uma grande patogênicos de vegetais, e exemplos variedade de formas e podem ser selecionados aparecem em diversos transparentes ou estruturas escuras momentos desse texto (Cap. 15 e melanizadas, como no caso de M. 20). A terceira categoria são os grisea. hemibiotrófos, que inicialmente requerem células hospedeiras vivas Organelas fúngicas. As hifas dos mas em seguida causam a morte da fungos contêm quase invariavelmente célula no avanço de suas hifas como grande número de núcleos. Em os pertotrófos. Um exemplo bem formas asseptadas, os núcleos conhecido é Colletotrichum geralmente parecem estar lindemuthianum, fungo da antracnose distribuídos ao acaso através do (O’Connell & Bailey, 1991). Uns citoplasma de uma hifa em poucos como Cercosporidium crescimento ativo. Em formas personatum, mancha da folha de septadas, os compartimentos amendoim, produz haustórios. individuais podem, dependendo da É necessário mencionar ainda espécie considerada e da fase do os apressórios, que são estruturas ciclo de vida examinada, conter especializadas para infectação, rotineiramente um, dois ou muitos formadas nas extremidades de tubos núcleos. Algumas espécies possuem germi-nativos ou hifas, no lado mecanismos especiais que garantem externo dos hospedeiros. Os que somente dois núcleos apressórios aderem às superfícies geneticamente compatíveis estejam dos hospedeiros e formam ganchos presentes em cada compartimento de que entram no hospedeiro através uma hifa. dos estômatos ou penetrando Os núcleos da maioria dos diretamente a epiderme vegetal. fungos são pequenos. Apesar de Apressórios produzidos por fungos da serem, geralmente, de forma esférica ferrugem (Cap. 20) e por a ovóide, são estruturas Magnaporthe grisea (rice blast fungi) extremamente plásticas que são (Howard et al., 1991a) tem sido mais capazes de esgueirar-se através de extensivamente estudados. Esses poros septais delgados, bem como apressórios podem ser estruturas através de estruturas estreitas nas muito interessantes, capazes de extremidades, a partir das quais originar delgados ganchos de vários tipos de esporos são infecção que podem penetrar em produzidos. Os núcleos também têm superfícies artificiais incluindo uma tendência a tornarem-se coberturas plásticas e membranas delgados e alongados ou com forma Mylar não biodegradáveis (Howard et de lágrima, quando se movem dentro dos tubos germinativos originados da interfase os SPBs parecem estruturas germinação dos esporos. Até poucos achatadas em forma de barra, discos anos atrás a maioria dos estudos ao multilamelares ou massas globulares MO dos núcleos de fungos vinha a biglobulares. Durante a prófase o envolvendo o uso de amostras SPB duplica a si mesmo e em mortas, fixadas e coradas com algumas espécies pode parecer como substâncias tais como Giemsa, uma estrutura grande e espetacular. hematoxilina férrica, acetato-orceína O SPB duplicado separa-se então em e aceto-carmim (Gilbardt, 1978). mais duas metades idênticas que recentemente, corantes fluorescentes eventualmente ficam posicionadas incluindo DAPI (4’, 6’-diamidino-2- nos polos opostos de um núcleo em fenilindole) e mitracina tem provado divisão. Dependendo da espécie ser de grande valor no estudo dos envolvida os SPBs podem núcleos (Heath, 1987). Avanços permanecer fora do envoltório nuclear adicionais nas técnicas ao MO e durante e divisão nuclear ou inserir- imagens de vídeo tem tornado se froxa a fortemente em aberturas possível visualizar núcleos até em ou fenestras do envoltório nuclear. hifas vivas (Aist & Boyles, 1991a). O Em algumas espécies “cordões” do MET tem, é claro, contribuído de RE podem formar coberturas forma importante também para o parecidas a gorros sobre os SPBs. conhecimento dos núcleos. Esses Os microtúbulos que saem dos SPBs estudos não só tem elucidado desenvolvem então o aparato do detalhes precisos das divisões fuso. Em algumas espécies os assim mitóticas e meióticas em vários chamados microtúbulos astrais grupos de fungos, bem como tem também podem estender-se dos originado uma ordenação de SPBs ao citoplasma em cada polo do características que podem ser núcleo em divisão. significativos do ponto de vista O comportamento dos SPBs filogenético (Heath, 1986). O principal durante a mitose e a meiose é, com aspecto é a natureza das organelas certeza, reminiscente daqueles dos associadas aos núcleos os corpos centríolos. Espécies de fungos que polares do fuso [SPBs (spindle pole produzem células flageladas não bodies)]. apresentam SPBs, possuindo em seu Um SPB é uma estrutura lugar um par de centríolos que estão pequena, citoplasmática, eletro- associados com o envoltório nuclear. nicamente densa que está adjacente Algumas vezes antes da divisão ao envoltório nuclear na maioria dos nuclear cada centríolo sofre fungos verdadeiros (Heath, 1981; replicação e um par de centríolos 1986). Enquanto a composição move-se então para cada polo do química dos SPBs é desconhecida, fuso do núcleo. Microtúbulos astrais e as evidências indicam que essas do fuso parecem inserir-se no estruturas funcionam como centros material osmofílico que rodeia os de organização de microtúbulos centríolos. Maiores informações em durante a meiose e a mitose. A Aist & Boyler (1991b; 1991c). morfologia dos SPBs varia, Divisões nucleares nos fungos dependendo do fungo examinado e a são basicamente intranucleares. Por exata fase da divisão nuclear. Na isso pensa-se que o volume do envoltório nuclear permanece intacto ser extremamente valiosa para até a telófase tardia, quando se determinar o número cromossômico rompe na região interzonal e então se de fungos. Nessa técnica, refaz ao redor dos núcleos-filhos. cromossomos em gel agarose são Como mencionado acima, em anos expostos a um campo elétrico recentes tem havido considerável pulsátil, que faz com que eles se interesse nos detalhes ultraestruturais movam a diferentes velocidades da mitose e da meiose em fungos dependendo de sua formas e devido a seu valor como tamanhos. Após é feita coloração características filogenéticas, inú- com bromido de etidio e exposição a meras espécies vêm sendo luz UV, os cromossomos podem ser estudadas quanto a meiose e mitose. vistos como bandas distintas, Infelizmente não há um artigo de podendo então ser contados. Mais revisão recente a respeito do informações ver Skinner et al. (1991). assunto. Os trabalhos de Fuller Outra técnica que tem sido (1976) e Heath (1978) dão uma boa usada para estabelecer cariótipos idéia da seqüência de eventos que corretos para alguns fungos envolve ocorrem durante as divisões o uso de reconstruções nucleares, tanto em fungos ultraestuturais de complexos verdadeiros, quanto em muitos outros sinaptonêmicos do núcleo no discutidos nesse livro. paquiteno (Boehm & McLaughlin, O núcleo típico de um fungo 1991, Boehm et al., 1992). Essas geralmente contém um nucléolo estruturas tripartidas são evidente que está muitas vezes completamente distintivas e são posicionado centralmente. Depen- formadas por cromossomos em dendo da espécie considerada, o sinapses meióticas. Essa técnica de nucléolo pode seguir um dos três cariotipagem é completamente te- caminhos durante a divisão (Heath, diosa e depende da habilidade do 1978): (1) pode persistir e sofrer pesquisador encontrar complexos eventualmente fissão; (2) pode sinaptonêmicos em núcleos no dispersar-se e não ser visível no paquíteno. Por outro lado, a mera núcleo em divisão ou (3) pode ser presença de complexos descartado no citoplasma como uma sinaptonêmicos em núcleos tem sido entidade intacta. útil para estabelecer o local no qual Ainda no tópico do núcleo ocorre meiose no ciclo de vida de poderíamos comentar que os uma espécie em particular. cromossomos são pequenos e Além do núcleo a região difíceis de visualizar em preparações subapical de uma hifa em (Boehm & McLaughlin, 1991). Como crescimento ativo contém as demais resultado a contagem direta de organelas típicas de eucariontes. cromossomos é difícil de fazer e a Graças ao MET, conhece-se muito literatura está cheia de registros sobre a morfologia dessas organelas. conflitantes relativos ao número Com relação a isso se poderia cromossômico de várias espécies. ressaltar que um procedimento de Todavia uma nova técnica de análise fixação relativamente novo a “freeze do cariótipo chamada PFGE (pulsed- substitution” tem provado ser field gel eletroforesis) tem provado extremamente útil na elucidação de detalhes ultraestruturais em fungos. tipos de fungos e estão associadas Desde que Howard & Aist (1979) tipicamente aos poros septais. demonstraram que melhoraram a Em comparação com o Golgi preservação em extremidades hifais da maioria dos eucariontes, incluindo de Fusarium com a substituição a frio, Oomycota, o dos fungos verdadeiros essa técnica tem produzido bons é morfologicamente simples. Consta resultados para hifas, bem como para de um único elemento de cisterna, ao certos tipos de esporos de vários invés das várias cisternas fungos. Infelizmente a técnica ainda diferenciadas em face distal e não funciona bem para amostras que proximal dos demais. Devido à sejam maiores que poucos simplicidade, algumas vezes essas micrometros de diâmetro. Mais estruturas são referidas como informações em Hock (1986), Howard equivalentes ao Golgi - dictiossomos & O’Donnell (1987) e em Aldrich & para alguns autores (Sewall et al., Todd - Eds (1986). À parte do núcleo 1989). Entretanto a função parece ser talvez a mais conspícua organela a mesma, o empacotamento e a fúngica seja a mitocôndria. As remessa de materiais em vesículas mitocôndrias são numerosas nas que despreendem-se das margens hifas, e quando visualizadas ao MO das cisternas, ex.: macrovesículas. são apenas visíveis como estruturas Os filassomos e os MVBs parecidas a fios delgados ou varetas. citados acima são estruturas pouco Ao nível ultraestrutural elas são conhecidas. Os filassomos foram estruturas eletronicamente densas registrados em hifas por Hoch & orientadas mais ou menos Howard (1980). Parecem vesículas paralelamente ao eixo longitudinal de delgadas que são revestidas por uma hifa. Mitocôndrias ramificadas ou denso material filamentoso. São lobadas são comuns em fungos, numerosos nas extremidades hifais assim como formas filamentosas em crescimento ativo, onde são extremamente longas. As cristas das caracteristicamente encontrados em mitocôndrias em fungos verdadeiros estreita associação com a membrana são estruturas achatadas, como plasmática, também são encontrados placas. Isto contrasta com as cristas próximos a septos em formação. Sua tubulares encontradas nas função é desconhecida, sabe-se que mitocôndrias de muitos outros contem actina (Bourett & Howard, organismos, incluindo Oomycota. 1991). A função dos MVBs também é Outros componentes desconhecida. Essas estruturas citoplasmáticos dos fungos incluem podem ser vistas por substituição fria ribossomos, RE, vacúolos, corpos ou fixação convencional, são corpos lipídicos, partículas armazenadoras parecidos com vacúolos pequenos, de glicogênio, microcorpos, Golgi, que contem muitas vesículas filassomos, corpos multivesiculares pequenas. Usualmente parecem (MVBs), microtúbulos e estar distribuídos ao acaso no microfilamentos que compoem o citoplasma de hifas e esporos, citoesqueleto fúngico. Estruturas tambem existem registros de MVBs esféricas conhecidas como corpos de em estreita associação aos SPBs nos Woronin estão presentes em certos núcleos em divisão (swann & Mims, 1991). Há muito interesse sobre o organelas são encontradas em uma citoesqueleto fúngico, que de acordo fina camada de citoplasma, que fica com Bartinick-Garcia (1990), é um restrita a zona imediatamente componente-chave para o cresci- adjacente à membrana plasmática na mento apical e na morfogênese. As periferia da hifa. principais proteínas que compõem o Lomassomos são estruturas citoesqueleto são tubulina e actina, membranosas que têm sido que estão geralmente presentes em observadas entre a membrana organismos eucarióticos (Roberson, plasmática e a parede hifal em 1992). Ambas foram localizadas diversos fungos. São comuns em através de MO e ME, utilizando amostras preparadas com protocolos métodos específicos como anticorpos de fixação tradicionais. Quando se e falotoxinas que se ligam a utiliza a substituição a frio, diversos proteínas. No caso do ME, partículas pesquisadores não os tem localizado, de ouro são ligadas às amostras, e pressupondo-se então que são para o MO utilizaram-se artefatos de fixação pelo menos em fluorocromos. Parece que a maioria hifas jovens em crescimento ativo. da actina das hifas está localizada em placas periféricas, brilhantemente fluorescentes, nos extremos hifais. Essas placas parecem corresponder aos filossomos comentados no parágrafo anterior. Microfilamentos parecem estar compostos de actina também, e tem sido observados em associação com microtúbulos, SPBs e septos em desenvolvimento. Por outro lado a tubulina está nos microtúbulos, que são numerosos em hifas em alongamento e estão orientados tipicamente paralelos ao eixo longitudinal de uma hifa. Vacúolos são componentes comuns do citoplasma fúngico. Nos extremos das hifas em crescimento ativo os vacúolos são, na maioria, estruturas pequenas de forma variada com conteúdo fino a medianamente granular. Há evidências que sugerem que esses tipos de vacúolos são parte do sistema lisossomal (Hoch & Howard, 1980). Partes velhas das hifas podem conter vacúolos grandes, localizados centralmente, podendo preencher todo diâmetro da hifa. Nesse caso o núcleo e outras Reprodução e esporos. Reprodução de um grande número de indivíduos e é a formação de novos indivíduos particularmente, desde que o ciclo com todas as características típicas assexual é repetido diversas vezes da espécie. Reconhecem-se dois durante uma estação, enquanto o tipos gerais: assexual e sexual. A ciclo sexual de muitos fungos pode reprodução assexual algumas vezes produzir-se uma única vez durante o chamada de reprodução somática ano. O fato de que muitas espécies não envolve cariogamia (fusão dos possam ser encontradas em um núcleos) e meiose.Não há estádio ou em outro complica a envolvimento de células sexuais ou identificação dos fungos, sendo que órgãos sexuais. Por outro lado, a muitas vezes é impossível predizer se sexual está caracterizada pela união o estádio presente irá produzir um dos núcleos, seguida de maiose. O outro estádio. Por exemplo, dois significado da sexual é que resulta isolados com estádios assexuais em uma alta taxa de recombinação e morfologicamente idênticos podem na formação de novos genótipos. Isso ter estádios sexuais totalmente habilita o fungo a adaptar-se diferentes ou vice-versa. Uma prontamente a uma ampla variação situaçao muito frequente ainda é do de condições ambientais. Nos fungos fungo em estádio assexual, mas verdadeiros podem ou não estar estádio sexual desconhecido. envolvidas células e ógãos sexuais. Aparentemente também muitos Informação adicional ver Elliot (1994). fungos não apresentam estádios Na formação de órgãos reprodutivos assexuais. Devido a reprodutivos, sexuais ou assexuais, o natureza pleomórfica 1 dos fungos, a “talo” inteiro pode ser convertido em terminologia usada para descrever os um ou mais estruturas reprodutivas, estádios nos ciclos de vida se tornou assim sendo as fases reprodutivas e confusa. Hennebert & Weresub somáticas não ocorrem juntas no (1977) propuseram um sistema mesmo indivíduo, os fungos que nominativo que é amplamente aceito. seguem esse padrão são chamados Teleomorfo é usado para descrever holocárpicos. Na maioria dos o estádio sexual, enquanto anamorfo fungos, entretanto, os órgãos é usado para o está dio assexual. O reprodutivos originam-se em uma termo holomorfo é usado para certa porção do talo, enquanto o reto descrever o fungo em todas suas continua suas atividades somáticas facetas, formas e potencialidades, normais, os fungos que pertencem a mesmo que ele se reproduza por um essa categoria são chamados de ou outro método. Mais recentemente eucárpicos. As formas holocárpicas tem sido proposto substituir estes são nesse aspecto menos termos por fungo meiospórico diferenciadas que as eucárpicas. (teleomorfo) e mitospórico Tipicamente, os fungos (anamorfo) ver Reynolds & Taylor, reproduzem-se sexual e 1993 e Korf & Hennebert (1993). assexualmente, não necessariamente Algumas vezes a reprodução ao mesmo tempo. Em geral, a assexual é definida como produção reprodução assexual é mais não-sexual de células reprodutivas importante para a colonização da especializadas tais como esporos. espécie porque resulta na produção Pleomorfismo refere-se a ocorrência algumas espécies rotineiramente de duas ou mais formas estruturais quebram-se em suas células durante o ciclo de vida do organismo. componentes, comportando-se então Uma definição ampla também como esporos. Esses esporos são inclui qualquer método de conhecidos como artrósporos ou propagação de novos indivíduos, tais conídios tálicos. Se as células ficam como a simples divisão de um envolvidas por uma grossa parede organismo unicelular em células- antes de separarem-se das hifas, filhas ou de um talo multicelular em eles são muitas vezes chamados de inúmeros fragmentos cada um dos clamidósporos. quais cresce em um novo indivíduo. Fissão, a simples separação Esse conceito mais amplo de de uma célula a outra em duas reprodução assexual será o utilizado células-filhas por constrição e nesse livro. De acordo com esse formação de parede celular, é conceito, os métodos de reprodução característica de inúmeras formas assexual comumente encontrados em incluindo leveduras. Brotamento, por fungos podem ser sumarizados como outro lado, envolve a produção de um segue: (1) fragmentação do soma, pequeno broto (pequeno crescimento cada fragmento crescendo em um externo) a partir de uma célula novo indivíduo; (2) fissão de células parental. Quando o broto é formado, somáticas em células-filhas; (3) o núcleo da célula parental divide-se gemação de células somáticas ou mitoticamente e um núcleo-filho migra esporos, cada gema produzindo um para o broto. O broto aumenta em novo indivíduo e (4) produção de tamanho enquanto ainda está aderido esporos mitóticos, cada esporo a célula que o originou e germinando usualmente para formar eventualmente cai e forma um novo um tubo germinativo que cresce em indivíduo. Cadeias de brotos um micélio. O termo diásporo é útil formando um pequeno micélio são algumas vezes para referir-se a produzidas algumas vezes, e quaisquer desses propágulos bem denominam-se pseudomicélio. O como aos esporos produzidos na brotamento ocorre na maioria das reprodução sexual. leveduras, mas ocorre também em Alguns fungos empregam a muitos outros fungos, naqueles que fragmentação das hifas como um são dimórficos em certas fases de meio normal de propagação. seu ciclo de vida ou sob certas Fragmentação pode ocorrer condições de crescimento. acidentalmente pelo desgarramento O método mais comum de do micélio através de forças externas. reprodução assexual em fungos é por Sob condições favoráveis tais meio de esporos. Eles variam partículas de micélio originarão um morfologicamente muito. Podem ter novo indivíduo. Muitas vezes em paredes delgadas ou grossas e variar laboratório emprega-se a em cor de hialinos (=transparente) fragmentação micelial ao transferir-se até verde, amarelo, laranja, vermelho porções de culturas fúngicas, e marrom a preto; em tamano de crescendo em meio artificial, para pequenos a grandes; e na forma meio fresco e então começando uma podem ser globosos, ovais, oblongos, nova colônia. Por outro lado, hifas de filiformes, inclusive helicoidais; o número de células varia de uma a planósporos ou zoósporos são muitas (uni-, bi-, tri-, tetra- até produzidos em um Phyllum multicelulares); na disposição das (Chytridiomycota) dos fungos células; e na forma em que eles são verdadeiros. Esses esporos produzidos. Alguns se desenvolvem usualmente são equipados com um diretamente de uma hifa simples único flagelo liso. O flageloestá enquanto outros surgem de aderido a porção posterior do esporo estruturas mais elaboradas. Os e dividido em duas partes. A porção esporos podem nascer de ou em proximal é muito mais longa do que a esporóforos especializados que porção distal ou terminal, que variam de microscópicos até aqueles usualmente é muito curta e flexível. que excedem diversos “pés” de Os microtúbulos formando o diâmetro e às vezes pesam várias axonema 9 + 2 do flagelo estão “libras”. Esta infinita variedade, de aderidos a um centríolo modificado, esporos e as formas pelas quais eles referido como quinetossomo ou são formados, torna o estudo dos corpo basal, que por sua vez está fungos particularmente fascinante. conectado no citoplasma do Com relação a isso, os recentes planósporo por vários filamentos e avanços em microscopia eletrônica microtúbulos. tem tornado possível para nós obter A reprodução sexual em belas e informativas imagens dos fungos, como em outros organismos esporos e suas diminutas superfícies vivos, envolve a união de dois sem o uso de produtos químicos para núcleos compatíveis. O processo de fixar as amostras (Read, 1991). reprodução sexual consiste de três Ainda que alguns fungos fases distintas. A primeira delas, produzam só um tipo de esporo, chamada plasmogamia, a união de outros produzem até quatro tipos. Os dois protoplastos levando o núcleo. A esporos fúngicos produzidos fusão dos dois núcleos postos juntos assexuadamente originam-se em pela plasmogamia é chamada esporângios e são chamados cariogamia e constitui a segunda esporangiósporos ou são fase do processo sexual. A produzidos nas extremidades ou cariogamia ocorre quase lados de hifas de diversas maneiras e imediatamente em algumas espécies, são então denominados conídios. Os enquanto que em outras esses dois vários tipos de conídios - e eles são eventos são saparados no tempo e muitos, serão discutidos em conexão no espaço, com a plasmogamia com as espécies que os produzem. resultando em micélios binucleados, Um esporângio é uma com um núcleo de cada parental. estrutura em forma de saco, na qual Este par é denominado dicário. todo o conteúdo será convertido, Esses núcleos não se fusionam até através de clavagem, em um ou mais, mais tarde no ciclo de vida. Enquanto usualmente muitos, esporos. Os isso, durante o crescimento e divisão esporangiósporos de celular dos compartimentos aproximadamente todos os fungos binucleados das hifas, a condição verdadeiros são imóveis e são dicariótica é perpetuada de chamados aplanósporos. Todavia, compartimento a compartimento por esporangiósporos móveis chamados divisão simultânea (divisão conjugada) dos dois núcleos de cada número de núcleos ou as mesmas compartimento e pela separação dos classes de núcleos, nem mesmo a núcleos-filhos resultantes em dois mesma proporção de cada classe em novos compartimentos. A fusão uma mistura de núcleos. Este nuclear (cariogamia) que fenômeno da existência de diferentes eventualmente ocorre em todos os classes de núcleos em um mesmo fungos que se reproduzem indivíduo é chamado heterocariose, sexualmente, é cedo ou tarde e os indivíduos que a exibem, seguida por meiose, com a redução heterocarióticos. Dependendo das do número cromossômico ao estado espécies envolvidas, a condição haplóide e constui-se na terceira fase heterocariótica pode ocorrer pelo do processo sexual. A reprodução menos por um período de tempo sexual na maioria dos fungos envolve indefinido ou tanto até que ocorra a a formação de esporos cariogamia. especializados. Quatro tipos aos Em indivíduos heterocarióticos quais têm sido dados nomes cada núcleo é independente de todos especiais são: oósporos, os demais, mas a estrutura e zigósporos, ascósporos e comportamento do indivíduo parecem basidiósporos. ser controlado pelos tipos de genes Aqui é necessário enfatizar contidos nele e a proporção de cada que quase todos os fungos tipo, sem considerar se eles estão verdadeiros existem na condição separados em diferentes núcleos ou haplóide ou dicariótica, com a fase não. diplóide sendo representada somente A heterocariose pode ser pelo zigoto. Umas poucas espécies originada nos fungos de 4 formas: de Chytridiomycota, discutidas no a) pela germinação de um Cap. 4, exibem, todavia, uma esporo heterocariótico, que originará alternância de gerações com a fase um soma heterocariótico; haplóide alternando com a fase b) pela introdução de núcleos diplóide. Ao contrário, em Oomycota geneticamente diferentes em um o núcleo diplóide ocorre através da micélio homocariótico (um soma em maioria do ciclo vital. Também, o ciclo que todos os núcleos são similares); nuclear em fungos nem sempre é tão c) pela mutação em uma claro como pode parecer das estrutura homocariótica, afirmações anteriores. Em muitos multinucleada, e a sobrevivência exemplos, os diferentes isolamentos subsequente, multiplicação e de uma espécie em particular podem dispersão de núcleos mutantes entre diferir levemente no número os núcleos do tipo selvagem; cromossômico. Isto parece ser d) pela fusão de alguns especialmente verdadeiro para certas núcleos em um homocário haplóide e espécies patogênicas de plantas. a sobrevivência subsequente, Adicionalmente, núcleos do mesmo multiplicação e dispersão dos núcleos ou diferentes genótipos podem diplóides entre os haplóides. coexistir lado a lado no mesmo Enquanto a heterocariose é micélio e no mesmo compartimento geralmente um pré-requisito para hifal. Todas as células não reprodução sexual, nem todas fusões necessariamente têm o mesmo de hifas são de natureza sexual. Os denominados heterocários órgãos envolvidos. Algumas espécies vegetativos são formados algumas produzem órgãos masculinos e vezes entre culturas da mesma femininos distinguíveis em cada talo. espécie. Enquanto a Essas espécies são hermafroditas incompatibilidade vegetativa pode ou monóicas. Um único talo de uma ser governada pelos denominados espécie hermafrodita pode genes “mating-type” envolvidos na reproduzir-se sexualmente por si só reprodução sexual, muitos fungos se ele for autocompatível. Outras têm conjuntos especiais de genes espécies consistem de talos envolvidos no controle da fusão hifal. masculinos e femininos, uns só Como observado por Leslie (1993) produzindo órgãos masculinos e em um recente artigo de revisão, os outros femininos. Estas espécies são sistemas de incompatibilidade chamadas dióicas. Um único talo de vegetativa em fungos basicamente uma espécie dióica não pode funciona para restringir a reproduzir-se por si só. transferência de componentes Os órgãos sexuais dos fungos citoplasmáticos e núcleos durante a são geralmente chamados de fase de crescimento. Ainda que, as gametângios. Eles podem formar hifas de culturas vegetativamente diferentes células sexuais chamadas incompatíveis possam, muitas vezes, gametas ou podem simplesmente ser capazes de fusionar-se, uma conter núcleos que são gametas reação letal ou assassina ocorre funcionais. Utilizamos os termos imediatamente o que resulta na morte isogametângio e isogametas das células heteocarióticas. Este tipo respectivamente, para designar de reação antagonística é chamado gametângios e gametas que são “fenômeno de barreira” e forma a morfologicamente indistinguíveis; e base para sinalizar incompatibilidade usamos heterogametângio e vegetativa e assignar culturas de heterogametas para designar certos grupos de compatibilidade gametângios masculinos e femininos vegetativa. Muitas vezes a região de e seus gametas que são interação entre duas colônias é morfologicamente diferentes. Neste rigorosamente definida e pode ser caso o gametângio masculino é detectada a olho nu em agar e denoinado anterídio e o feminino é especialmente em madeira, onde chamado oogônio ou ascogônio linhas zonais (zone lines) são dependendo do grupo fúngico evidentes. De acordo com Rayner considerado. Deve-se dizer que um (1991) possivelmente o mais grande número de fungos não importante desafio encarado pelo apresenta órgãos sexuais micélio fúngico é encontrar o micélio diferenciados, e hifas e núcleos são de uma mesma espécie ou de funcionalmente os gametângios e espécies relacionadas. Informação gametas. adicional pode ser encontrada neste autor. Compatibilidade sexual. Agora é Antes de discutirmos os necessário dizer algo sobre a métodos empregados por fungos compatibilidade sexual em fungos. É para realizar reprodução sexual é uma tarefa difícil discutir este tópico necessário aprender algo sobre os em um texto introdutório. Deveríamos entender isto como um começo que C. Sexualmente irá permitir-nos constituir só o limite indiferenciados, nos quais são mais tênue e as aproximar-nos do produzidas estruturas funcionalmente conteúdo de forma bem simples. sexuais, sendo morfologicamente Apesar de que a compatibilidade está indistinguíveis como masculinas e certamente relacionada ao sexo femininas (a vasta maioria dos fungos porque, de certa forma, ela governa a cai nesta categoria). reprodução sexual, ela não deveria Com base na compatibilidade, ser confundida com sexo. Há, por os grupos acima podem cair em um exemplo, muitissimos fungos que ou outro dos seguintes três grupos: produzem órgãos sexuais masculinos 1. Fungos homotálicos. e femininos facilmente distinguíveis Aqueles nos quais todos os talos são no mesmo talo, mas nos quais, sexualmente autoférteis e podem, por contudo, os indivíduos1 são isso, reproduzir-se sexualmente por si sexualmente auto-estéreis porque mesmo, sem ajuda de um outro talo. seus órgãos masculinos são Obviamente nenhum fungo dióico incompatíveis com seus órgãos pode ser homotálico. Os fungos desta femininos e não ocorre então a categoria não exibem tipo de plasmogamia. Muitos outros fungos apareamento e não tem fecundação não produzem, de forma alguma, cruzada. órgãos sexuais diferenciados. Desde 2. Fungos heterotálicos. que não podemos distinguir seu Aqueles nos quais todos os talos são “sexo”, nos referimos a seus tipo de sexualmente auto-estéreis, apareamento (“mating type”). Devido indiferente se são ou não a que pensamos em dois sexos, hermafroditas, e requerem a ajuda de podemos surpreender-nos ao um outro talo compatível de um tipo encontrar que muitos Basidiomycota de apareamento diferente para e Myxomycota têm tipos de reprodução sexual. Estes fungos apareamento alelo-múltiplos em seus apresentam fecundação cruzada. locus para tipo de apareamento. Para 3. Fungos secundariamente uma discussão mais detalhada ver homotálicos. Em alguns fungos Griffin (1994). heterotálicos ocorre um interessante mecanismo durante a formação dos 1. um indivíduo é definido como um talo esporos, por meio do qual, dois que foi originado de um único esporo núcleos de tipo de apareamento oposto são regularmente Baseados no sexo, a maioria incorporados em cada esporo ou pelo dos fungos pode ser classificada em menos em alguns esporos. Tubos 3 categorias: germinativos originados destes A. Hermafroditas (monóicos), esporos são então auto-férteis e nos quais cada talo leva órgãos comportam-se como se fossem masculinos e femininos que podem homotálicos, quando naverdade são ou não ser compatíveis; realmente heterotálicos. Esta B. Dióicos, nos quais alguns condição tem sido denominada talos levam só órgãos masculinos e também de homotalismo outros só femininos (muito poucos secundário ou pseudohomotalismo fungos dióicos tem sido descobertos); (Perkins, 1991). Fungos heterotálicos múltiplos controlam o apareamento. pertencem a um ou outro de Finalmente necessitamos mencionar seguintes dois grupos gerais. Um que em culturas de laboratório alguns grupo inclui espécies nas quais o fungos não passam por um ciclo apareamento é controlado por um par sexual verdadeiro como foi definido de loci. Este tipo de heterotalismo aqui, mas eles obtem os benefícios tem sido referido como da recombinação através do heterotalismo unifatorial ou bipolar processo conhecido como (Cap. 7). Em outro grupo o parassexualidade. Neste processo apareamento é controlado por mais ocorre a plasmogamia, cariogamia e que um par de loci localizados em haploidização (não envolve meiose diferentes cromossomos. Porque verdadeira), mas não em específicos inicialmente somente dois pares de pontos do talo ou ciclo de vida. O genes foram inicialmente detectados, ciclo parassexual será discutido este tipo de heterotalismo foi detalhadamente no Cap. 7. Os ciclos chamado heterotalismo bifatorial ou sexual e parassexual não são tetrapolar. Todavia, como será mutuamente exclusivos, e alguns discutido no Cap. 16, esses termos fungos que se reproduzem não são realmente apropriados desde sexualmente, também exibem que tem sido demonstrado que loci parassexualidade.