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Registro da gastronomia Resumo

Considerando a Cultura Japonesa no


japonesa como Brasil, faz-se um recorte nas diversas
patrimônio imaterial manifestações étnico-culturais presentes
entre os membros da comunidade nikkei,
dos nikkeis residentes com foco na gastronomia, definindo como
no Brasil tema da pesquisa o preparo do Missô, uma
pasta fermentada de soja com sal,
indispensável na culinária japonesa. Com
relação ao intercâmbio cultural entre a
Registry of the Japanese culinária brasileira e a japonesa, verifica-se
que, ao mesmo tempo em que permite uma
gastronomy as an immaterial convivência harmônica com a gastronomia
heritage of the nikkei residing local, não perde a identidade étnica, de
in Brazil forma que o missô pode ser considerado
parte do patrimônio cultural imaterial da
comunidade nikkei, uma vez que este é um
dos pratos que representa a própria
identidade étnica dos imigrantes e seus
descendentes.
Palavras-chave: Patrimônio Imaterial;
identidade-étnica; gastronomia; imigração
japonesa.

Abstract
The Memorial of Immigration and
Japanese Culture presents this research on
the intangible cultural heritage of this
community, with special focus on the
cuisine. Making a cut in the various ethnic
and cultural manifestations present among
members of the Nikkei community, it was
Alexandra Begueristain da Silva defined as a subject of research the Missô,
Centro Universitário Franciscano – UNIFRA/RS a fermented soybean paste with salt,
alexandrabegueristain@yahoo.com.br essential in Japanese cuisine. Knowing the
cultural exchange between Japanese and
André Luis R. Soares Brazilian cuisine, it appears that at the
Professor Doutor do Departamento de História da same time that it has a harmonious
UFSM coexistence with the local cuisine, it never
alrsoares@gmail.com loses its ethnic identity in a way that the
Missô can be considered part of immaterial
Rayssa Almeida Wolf cultural heritage of the Nikkei community,
Universidade Federal de Santa Maria
rayssinhaa.w@gmail.com since this is one of the dishes that represent
their own ethnic identity of immigrants and
their descendants.
Keywords: Intangible heritage; identity-
Recebido para publicação em dezembro de 2010.
Aprovado para publicação em junho de 2011. ethnic cuisine; Japanese immigration.
Introdução

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Registro da gastronomia japonesa como patrimônio imaterial
dos nikkeis residentes no Brasil
Alexandra Begueristain da Silva; André Luis R. Soares; Rayssa Almeida Wolf

Com a intenção de analisar as ao Japão. Contratados para trabalhar na


adaptações culturais dos imigrantes Fazenda São Pedro, de propriedade do ex-
japoneses residentes em Santa Maria, Rio embaixador João Batista Luzardo, são
Grande do Sul, o presente trabalho tem seu submetidos ao sistema de colonato e a
foco nas práticas gastronômicas, suas “escravidão” por dívidas, que
alterações, o que foi perdido, o que foi inviabilizaram o retorno, de forma que
incluído, modificado, dentro da muitos deles abandonaram as fazendas
alimentação dos imigrantes residentes no para buscar melhores condições de vida em
Brasil. outras cidades, como é o caso de Santa
Os imigrantes japoneses chegaram Maria (SOARES e GAUDIOSO, 2009).
em Santa Maria há pouco mais de Tal integração, assimilação ou identidade
cinqüenta anos (1958) trazendo na multicultural (SHOJI, 2002), é tratada no
bagagem, poucos utensílios de cozinha. presente estudo como um processo de
Provavelmente, como citam Kiyotani e “abrasileiramento” (HANDA, 1987), de
Yamashiro (1992), traziam, como seus estar por um lado, adaptando seu paladar à
conterrâneos paulistas, “um frasco de iguarias típicas do Brasil, seus diferentes
conserva, um molho para temperar a temperos, e alimentos bastante diferentes
comida, uma ou outra raiz medicinal, dos utilizados por eles no Japão, e por
pauzinhos (que podem ser de alumínio) outro, preservando sua identidade étnica,
para comer arroz, colheres pequenas, mas mantendo em seu cardápio após anos de
largas e chatas, para as refeições” (1992, p. imigração, pratos tipicamente japoneses,
68). Foram aos poucos se adaptando ao entre eles o missô, uma das peculiaridades
modo brasileiro de cozinhar e utilizar os de uma gastronomia nipo-brasileira.
temperos e utensílios, integrando-se cada
vez mais a cultura brasileira. 1 A cultura e a gastronomia Japonesa
dos Imigrantes
O grupo estudado foi de vinte e cinco
famílias, oriundos em sua maioria da Sob o ponto de vista histórico, que
província de Kumamoto, na ilha de visa estudar e preservar as memórias,
Kyushu, no sudoeste do Japão. Estes busca-se tecer o invisível da história, para
imigrantes vieram predispostos a trabalhar melhor entender e encontrar, na memória
durante um curto período (4 a 5 anos) para dos imigrantes, os valores e significados da
enriquecer e retornar o mais breve possível cultura de um grupo. Neste caso, a

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manutenção de alguns pratos típicos que cultural imaterial dos nikeis. O missô, uma
resistiram à assimilação cultural dos pasta fermentada com sal, indispensável à
japoneses. Porém antes é necessário culinária japonesa, por exemplo, e todo o
conhecer as características da culinária seu modo tradicional de fazer, possui
japonesa, trazida pelos imigrantes. grande relevância, uma vez que representa
O estudo a respeito dos ingredientes um saber-fazer, um traço daquilo que os
empregados reporta à História, às invasões faz ainda japoneses, porém, longe do
sofridas, a colonização, a cultura praticada, Japão.
o clima, o solo, enfim revela as memórias A cultura gastronômica constitui-se
do povo. Pode-se perceber a gastronomia numa importante representação da
como um dos campos mais representativos identidade étnica, permeando o imaginário
da cultura de um país na medida em que pelos sentidos: do olfato, paladar, gosto e
ela representa a alma do povo. visão. Os japoneses prezam pelos sentidos,
Londres (2004), citando o dão valor aos prazeres, do sono, do banho
anteprojeto da UNESCO aprovado na 32ª quente, e claro, como o foco desse trabalho
Conferência Geral, realizada em outubro pressupõe o de comer, degustar os sabores.
de 2003, nos mostra a seguinte definição Ruth Benedict lembra que,
de patrimônio imaterial:
Comer, tal como o agasalho e o sono, tanto é
um repouso abertamente desfrutado como
O “patrimônio cultural intangível” é prazer, quanto uma disciplina imposta para
constituído por práticas, representações, adquirir-se têmpera. Como forma de lazer,
expressões, saberes e fazeres – assim como os japoneses demoram-se em refeições com
instrumentos, objetos, artefatos, e espaços infindáveis pratos, durante as quais uma
culturais que lhe são associados – que colher de chá de alimento vem de cada vez e
comunidades, grupos e, quando for o caso, a comida é apreciada tanto pelo aspecto
indivíduos reconhecem como parte de sua como pelo sabor. Mas a disciplina, por outro
herança cultural. Esse patrimônio cultural lado, é exigida. (2002, p.155)
imaterial, transmitido de geração em
geração, é constantemente recriado por A cultura de um grupo étnico é
comunidades e grupos em resposta ao seu
meio ambiente, sua interação com a natureza transmitida de geração a geração, e no caso
e suas condições históricas de existência, e
lhes proporciona um sentido de identidade e da gastronomia, não é diferente, ainda que
continuidade, promovendo assim o respeito
pela diversidade cultural e pela criatividade o paladar dos imigrantes japoneses tenha
humana. (LONDRES, 2004, p. 22-3)
demorado a se adaptar ao cardápio
É a partir deste conceito que brasileiro. Mesmo após alguns anos da
entendemos a culinária e seus modos de imigração, os pratos servidos nas casas dos
fazer como parte integrante do patrimônio imigrantes tentavam reproduzir a

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alimentação à moda japonesa, ao mesmo grupos: o prato principal, chamado de


tempo em que se assimilava os temperos “Gohan” ou “meshi” que é o arroz cozido
brasileiros, conforme conta Handa (1987) sem tempero, e o grupo dos
acompanhamentos, denominado “okazu”,
Mesmo depois de passar cerca de dez anos
no Brasil os primeiros imigrantes não verduras e peixes temperados,
haviam conseguido aprender o modo de
temperar a comida. Depois de tanto tempo já principalmente, com shoyu ou missô.
se fazia missô nas fazendas. O Shôyu1 era
vendido apenas nas cidades, o que O arroz é o prato principal porque é
significava que só começou a aparecer um carboidrato que fornece minerais,
quando os japoneses, com o aumento de sua
população, começaram a procurar as cidades como cálcio, fósforo, potássio e ferro, e
para as suas moradias. Nos primeiros
tempos, utilizava-se como substituto do vitaminas principalmente, do complexo B.
Shôyo o caldo que sobrava no barril de
missô. Só depois de 1915, com o A categoria coadjuvante, “okazu”, tem a
aparecimento de jornais, é que iriam saber
de sua existência. Um prato sem tempero ou
função de estimular o apetite e de atenuar o
sem shôyo, mas feito com ingredientes sabor do arroz.
brasileiros, era algo realmente esquisito. Só
o feijão no início foi assimilado, por Um fator marcante no
constituir a base da alimentação brasileira.
Mas, o recém-chegado do Japão tinha o desenvolvimento da culinária, foi o
costume de cozinhá-lo com açúcar. (p. 108)
surgimento do Budismo, no século VI, que
Para abordar a questão da culinária, proibia o consumo de carne. Mas foi
como registro da gastronomia japonesa somente nos séculos VII e VIII que o
como patrimônio imaterial, é de suma Estado promulgou leis contra o uso de
importância o conhecimento a respeito das animais na alimentação, tornando isso um
características dessa “arte culinária” no fator decisivo nos hábitos alimentares dos
Japão, buscando sabores, aromas e japoneses.
texturas. Como para tudo, dentro da cultura
A culinária japonesa estruturou-se japonesa há uma filosofia, a gastronomia
em refeições saudáveis, constituídas no também possui a chamada “arte da
que podemos chamar de tríade da culinária sem arte”. Como cita Naomichi
gastronomia japonesa: o arroz, o peixe e Ishige:
verduras.
Corrente principal da filosofia da arte
O arroz tornou-se o alimento mais culinária no mundo, observada
importante por volta de 2.500 a.C quando a prototipicamente na culinária chinesa e
francesa preconiza: Arte culinária significa
sociedade tornou-se agrícola. A refeição transformar, com uso de técnicas criadas
pelo homem, em comestível aquilo que não
tradicional japonesa é dividida em dois pode ser consumido in natura. Outrossim,

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arte culinária é a criação de sabores não prato, um caráter artificial. Quanto à


existentes na natureza2.
sazonalidade, segundo esse pensamento, os
No entanto, dentro da culinária
alimentos deveriam ser servidos de acordo
japonesa não deveria haver interferência de
com a estação do ano a que pertencem,
tecnologias no preparo do alimento,
pois, dessa forma o sabor seria
preferencialmente, sendo este consumido o
evidenciado. Como cita Ishige, “Dizia-se
mais próximo do natural possível. O
que adquirindo de primeira mão as
exemplo mais fidedigno dessa “arte
verduras ou peixes de cada estação e
culinária sem arte” é o sashimi que é um
comendo esses produtos antes dos outros,
prato extremamente simples, consumido
podia-se ter 75 dias de vida a mais” 3.
cru e com shoyu.
O consumo de carne só voltou a ser
No preparo dos alimentos, a culinária
praticado, em 1868, quando o Xogunato
japonesa permanece muito tradicional,
Tokugawa foi extinto, trazendo um
principalmente, quanto ao uso de
governo moderno para o Japão que até
condimentos artificiais, aromas fortes
então vivia num sistema de economia
como o alho, a pimenta e a gordura, seja
agrícola. Dois exemplares dessa abertura
ela animal ou vegetal. Dentro desse ideário
gastronômica da influência européia são
de “arte culinária sem arte”, “o ideal de
Sukiaki e o Tonkatsu: o primeiro é de
cozinhar é não cozinhar” e a estética da
origem bovina e o segundo suína. No
comida japonesa também segue essa
entanto, eram pratos para serem
filosofia “sem arte”. Os alimentos devem
consumidos fora de casa, pois no cotidiano
ser servidos de tal forma, que as técnicas
familiar a culinária tradicional permanecia.
utilizadas não apareçam. Por esse motivo,
Com a introdução da proteína da carne na
descartam-se os pratos com molhos, para
culinária, a dieta nutricional dos japoneses
valorizar suas formas e cores naturais.
alcançou um equilíbrio ideal.
Podemos citar também, outras duas
características dessa peculiar culinária, a
preocupação com uma estrutura 2 Missô

assimétrica e a valorização da
sazonalidade. Segundo o conceito estético O Missô é uma pasta de soja

da culinária japonesa, uma estruturação fermentada, produzido a partir da mistura

geométrica e simétrica adicionaria, ao de três ingredientes: a soja, o arroz e o sal

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marinho. Em primeiro lugar, prepara-se o período de maturação é menor. Existe um


Koji, que é uma espécie de pasta de arroz ditado popular sobre o missô que diz: “isha
cozido, depois é acrescido de um fungo, ni okane o harau yorimo, missoya ni
Aspergillus oryzae, para que através da harae” (do que pagar dinheiro a um
ação fungicida ocorra a primeira médico, pague ao fabricante/vendedor de
fermentação. Depois da soja cozida, o sal missô). Isso demonstra o grande valor
marinho e a água são acrescentados ao nutritivo desse alimento.
Koji. A segunda parte do processo que
pode levar até seis meses, é quando a 3 A memória e a preservação do Missô
mistura passa pela segunda fermentação,
na qual os carboidratos e as proteínas são A questão sobre identidade, leva à
quebradas. O resultado é uma pasta discussão acerca do conceito de memória.
levemente salgada usada para temperar, Segundo Halbwachs (1990), a memória
sopas, patês, saladas, refogados e até como pode dividir-se em duas possibilidades: a
molho para macarronada. memória individual e a memória coletiva.
Dizem que existem centenas de Ambas se relacionam e interferem entre si.
variedades de missô em todo o Japão, que A memória individual seria aquela que
podem ser classificadas pela cor toda pessoa possui, que faz referência ao
(vermelha, branca ou cores claras), sabor que ela viveu ao longo de sua vida, ou seja,
(doce, adocicado ou salgado) e as faz referência às lembranças individuais. Já
diferentes combinações de ingredientes a memória coletiva:
(soja com arroz, soja com trigo ou somente
Envolve as memórias individuais, mas não
a soja), sempre tendo a soja como base. se confunde com elas. Ela evolui segundo
suas leis, e se algumas lembranças
Apesar desta variedade, o processo individuais penetram algumas vezes nela,
mudam de figura assim que sejam
de produção é semelhante: a soja é cozida recolocadas num conjunto que não é mais
no vapor, acrescida de sal e de um cereal uma consciência pessoal (HALBWACHS,
1990, p.53).
fermentado (arroz, trigo, cevada ou ainda a
A identidade pode ser considerada
própria soja) e colocada para fermentar,
como algo abrangente, pois é composta
passando por um longo período de
não só pela memória coletiva, mas também
“maturação”, dando origem ao missô
pelos saberes e fazeres da comunidade,
avermelhado. Para fabricar o missô branco,
pelo seu patrimônio cultural. A partir desta
a soja é cozida diretamente na água e o

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discussão verifica-se que o missô pode ser documentos, por meio da pesquisa e
considerado como patrimônio cultural trabalho de campo, de registros
imaterial da comunidade nikkei, uma vez audiovisuais, considerando a legislação
que este prato representa parte da própria vigente ou medidas legais para a sua
identidade étnica dos imigrantes e seus proteção, podendo assim incluir em
descendentes. catálogos da Cultura.
Há preocupação dos membros da Buscar o registro dos saberes, das
comunidade nikkei de preservar sua tradições e das adaptações que os
cultura, sua identidade étnica, como pode imigrantes vivenciaram ao longo dos cem
se observar na fala da Sra. M. N: “Eu anos de presença no país é uma das tarefas
gostaria de transmitir bem as nossas do Memorial de Imigração e Cultura
tradições, mas é difícil. Se bem que Japonesa. Pretendemos com isso o
gostaria de transmitir tudo que for possível reconhecimento e a valorização não
da tradição japonesa. É realmente muito somente do grupo étnico e das
difícil.” ( Soares e Gaudioso, 2009, p. 45). contribuições à diversidade cultural de
Pode-se perceber a vontade de passar nosso país, como, principalmente, registrar
adiante as tradições, dentre elas o preparo sua história, suas memórias e suas formas
do missô e outras iguarias pertencentes à de relações sociais e culturais. Desta
gastronomia japonesa, contando forma, a proposta de registro da confecção
principalmente com o recurso da memória do missô como patrimônio imaterial dos
e da oralidade. nikeis é o primeiro passo para a
salvaguarda deste e de tantas outras
Considerações Finais contribuições nipônicas a nossa sociedade.

Após um século de imigração Referências


japonesa no Brasil, urge a valorização dos
seus conhecimentos e saberes. Mas como BENEDICT, Ruth. O crisântemo e a
se protege, por exemplo, um ritual, uma espada. São Paulo: Perspectiva. 2002.
festa, certo conhecimento e habilidades, a HALBWACHS, Maurice. A memória
música tradicional, a gastronomia, os coletiva. São Paulo: Vértice, 1990.
pratos típicos? A resposta, segundo HANDA, Tomoo. O imigrante japonês.
Arévalo (2004), pode ser através de História de sua vida no Brasil. São Paulo:

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QUEIROZ: Centro de estudos nipo- Maria, RS”. Anais Eletrônicos do III


brasileiros. 1987. Simpósio Internacional: Religiosidades,
ISHIGE, Naomichi. Características da Diálogos Culturais e Hibridações.
refeição japonesa e sua história. Universidade Federal de Santa Maria –
Disponível em: UFSM, 2009.
www.fjsp.org.br/.../Caracteristica%20da%
20refeicao%20japonesa%20e%20s.
1
Molho feito pela fermentação da soja, cevada e
Acesso em: 14/10/2010. sal.
2
Disponível em
KIYOTANI, M. e YAMASHIRO, J. Do www.fjsp.org.br/.../Caracteristica%20da%20refeic
Kaso-Maru até a década de 1920. In: ao%20japonesa%20e%20sua%20his...-, último
acesso em 15 de outubro de 2010.
3
CEHOAIJB, Comissão de Elaboração da Idem nota anterior.

História dos 80 Anos da Imigração


Japonesa no Brasil. Uma epopeia
moderna: 80 anos de imigração japonesa
no Brasil. São Paulo: Hucitec, Sociedade
Brasileira da Cultura japonesa. 1992.
LONDRES, Cecília. Patrimônio e
performance : uma relação interessante. In:
GARCIA, Marcos Vinícius Carvalho,
GUSMÃO, Rita, TEIXEIRA, João Gabriel
L. C. Patrimônio imaterial vultura e re-
tradicionalização. Brasília: Transe/Ceam,
Universidade de Brasilia. 2003.
SHOJI, Rafael. “O Budismo Étnico na
Religiosidade Nikkey no Brasil. Aspectos
Históricos e Formas de Sobrevivência
Social”. Rever, Revista de Estudos da
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SOARES, André Luis R., GAUDIOSO,
Tomoko Kimura. “Entre o Japão e o
Brasil: Religiosidade e Diálogos Culturais
entre os Imigrantes Japoneses em Santa

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