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Norma Técnica Sabesp

NTS 230

Projeto de lagoas de estabilização e seu


tratamento complementar para esgoto
sanitário

Procedimento

São Paulo
Junho - 2009
NTS 230 : 2009 Norma Técnica Sabesp

SUMÁRIO

1 PRELIMINARES ..............................................................................................................1
2 OBJETIVO .......................................................................................................................1
3 REFERÊNCIAS NORMATIVAS.......................................................................................2
4 DEFINIÇÕES....................................................................................................................2
5 CONDIÇÕES GERAIS .....................................................................................................6
6 CRITÉRIOS GERAIS .......................................................................................................7
7 CONDIÇÕES ESPECÍFICAS .........................................................................................14
7.1 Processos a serem considerados ...........................................................................14
7.2 Pré-tratamento ...........................................................................................................14
7.3. Lagoa anaeróbia .......................................................................................................16
7.4. Lagoa fotossintética ou facultativa ........................................................................19
7.5 Lagoa de Maturação..................................................................................................20
7.6. Lagoa aerada ............................................................................................................20
7.7 Lagoa de sedimentação............................................................................................22
7.8 Lagoa de Lodo ...........................................................................................................25
7.9 Tratamentos complementares .................................................................................27
8 – BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR ...........................................................................30

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Norma Técnica Sabesp NTS 230 : 2009

Projeto de lagoas de estabilização e seu tratamento


complementar para esgoto sanitário

1 PRELIMINARES
As lagoas para o tratamento de esgotos sanitários, notadamente aquelas denominadas
fotossintéticas, têm sido amplamente empregadas devido a diversas vantagens
oferecidas, tais como reduzido custo de implantação, de operação, de manutenção,
etc. Observa-se, no entanto que, face ao maior rigor legal dos parâmetros de
efluentes tratados nos recentes anos, esta alternativa de tratamento deverá sofrer
significativa mudança, principalmente quanto aos seus parâmetros de
dimensionamento e a seleção adequada de equipamentos principais, notadamente
aqueles que promovem a aeração e mistura.

Devido ao grande número de unidades em operação, esta Norma vai priorizar as


alternativas técnicas para adequação à legislação vigente.

Nesse sentido, uma sensível mudança deve ser feita na concepção do projeto de
tratamento, principalmente nas localidades com corpos receptores de reduzida ou
nenhuma capacidade de recebimento do efluente das lagoas de estabilização. Nestes
casos, os efluentes tratados devem ser destinados para produção de biomassa
(reflorestamento, cultivo de certas espécies agrícolas), de modo a obter benefícios
múltiplos.

Por outro lado, os gases emanados dos processos de tratamento, em especial o gás
metano gerado no processo anaeróbio, tem sido apontado como um dos causadores
do aquecimento global uma vez que é um dos gases de efeito estufa e possui
potencial de aquecimento global 21 vezes superior ao do CO2.

O esforço internacional pela redução daqueles gases deve ser considerado e refletido
nos projetos e nas adequações das lagoas e de outros processos.

A conservação da energia com o aproveitamento do gás metano e de outras formas


energéticas para minimização do uso de energia elétrica externa também deve fazer
parte do projeto, em alinhamento com os protocolos para minimização do
aquecimento global.

Diante das constatações recentes quanto aos elevados custos para a remoção e
disposição dos sólidos acumulados nas lagoas de estabilização, a escolha das
alternativas de tratamento deve sempre levar em consideração estes custos.

2 OBJETIVO
Esta norma estabelece os requisitos mínimos exigidos para a elaboração de projeto
hidráulico-sanitário do processo de tratamento envolvendo lagoas de estabilização e
os tratamentos complementares, incluindo a remoção e tratamento dos lodos
acumulados, de modo a atender aos parâmetros da legislação.

Esta norma se aplica aos seguintes tópicos:


- Lagoa anaeróbia;
- Lagoa fotossintética ou facultativa;
- Lagoa aerada;
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- Lagoa de sedimentação;
- Lagoa de maturação;
- Lagoa de fitofiltração;
- Lagoa de lodo;
- Tratamentos complementares.

3 REFERÊNCIAS NORMATIVAS
Na aplicação desta Norma são referências normativas:
NTS 062:2002, Estudo e concepção de sistema de esgoto sanitário.

NBR 7229:1992, Projeto de tanques sépticos.

NBR 9648:1986, Estudo de concepção de sistemas de esgoto sanitário.

NBR 9649:1986, Projeto de redes coletoras de esgoto sanitário.

NBR 9800:1987, Critérios para lançamento de efluentes líquidos industriais no


sistema coletor público de esgoto sanitário.

NBR 12207:1992, Projeto de interceptores de esgoto sanitário.

NBR 12208:1992, Projeto de estações elevatórias de esgoto sanitário.

NBR 12209:1992, Projeto de estações de tratamento de esgoto sanitário.

NBR 13969:1997, Tanques sépticos – Unidades de tratamento complementar e


disposição final dos efluentes líquidos – Projeto, construção e operação.

4 DEFINIÇÕES
Para os efeitos do presente projeto de Norma, aplicam-se as seguintes definições:

Altura mínima de água


altura da lâmina de líquido contido em uma unidade de tratamento, medida a partir da
superfície livre até o final do paramento vertical das paredes laterais, quando a
unidade opera com sua vazão de dimensionamento.

Eficiência do tratamento
redução percentual dos parâmetros de carga poluidora promovida pelo tratamento.

Estação de tratamento de esgoto (ETE)


conjunto de unidades de tratamento, equipamentos, órgãos auxiliares, acessórios e
sistemas de utilidades cuja finalidade é a redução das cargas poluidoras do esgoto
sanitário e condicionamento da matéria residual resultante do tratamento.

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Estabilização
é tornar o lodo ou esgoto menos suscetível à ação dos micro-organismos.

Fator de carga
relação entre a massa de poluente fornecida a uma unidade do processo e respectivos
parâmetros, tais como: massa biológica, área do meio filtrante, volume, etc.

Idade do lodo ou tempo de detenção celular


tempo médio, em dias, de permanência no processo da massa de micro-organismos.
Numericamente igual à relação entre a massa de sólidos em suspensão voláteis (SSV)
ou sólidos em suspensão totais (SST), contida no reator biológico, e a massa de SSV
(ou SST), descartada por dia. Na lagoa aerada de mistura completa sem recirculação
de lodo, a idade do lodo coincide com o tempo de detenção hidráulica (TDH).

Lagoa
reservatório, geralmente construído em taludes de terra compactada, para a
manutenção do líquido ou lodo por determinados períodos de tempo

Lagoa de estabilização
corpo de água lêntico, construído pelo homem, e destinado a armazenar resíduos
líquidos de natureza orgânica (esgoto sanitário e despejos industriais orgânicos
biodegradáveis). Seu tratamento é feito através de processos naturais: físicos,
biológicos e bioquímicos, denominados autodepuração ou estabilização.

Lagoa de lodo
lagoa que tem como função principal a acumulação de lodo removido de uma lagoa de
estabilização ou de sedimentação, com a finalidade de reservação, estabilização
complementar, adensamento e desidratação

Lagoa anaeróbia
lagoa que opera ou é projetada com cargas orgânicas tais que a estabilização se
processe fundamentalmente através da atuação dos micro-organismos facultativos e
anaeróbios, sob condições predominantemente anaeróbias

Lagoa aerada
lagoa onde a estabilização se processa fundamentalmente através de micro-
-organismos facultativos e aeróbios, com a presença de oxigênio dissolvido livre,
através do uso de equipamentos e dispositivos que promovem a introdução de ar e
mistura completa entre a massa líquida e os micro-organismos.

Lagoa facultativa
lagoa onde ocorre estabilização aeróbia na zona fótica - onde a penetração da luz é
efetiva - e uma fermentação anaeróbia na camada inferior. O oxigênio provém, em
maior proporção, da atividade fotossintética das algas e, em menor, da troca
superficial com a atmosfera.

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Lagoa facultativa aerada


lagoa facultativa onde uma parte do oxigênio é introduzido através ao uso de
equipamento de aeração.

Lagoa de maturação ou fotossintética


lagoa fotossintética predominantemente aeróbia, geralmente precedida de lagoas
facultativas, utilizada para redução de algas e coliformes do efluente destas lagoas.

Lagoa de sedimentação
lagoa onde ocorre a sedimentação e estabilização bioquímica dos sólidos provenientes
da lagoa aerada

Lagoa de fitofiltração
lagoa que contém plantas aquáticas flutuantes (alface d´água), de modo a permitir a
depuração através da absorção de nutrientes pelas plantas e pela ação dos micro-
organismos aderidos nas zonas radiculares das plantas

Lagoa de regularização
lagoa destinada a regularização das vazões dos efluentes para permitir maior
flexibilidade operacional no caso de reúso

Lodo
massa de sólidos formada no processo de tratamento com variados teores de
umidade.

Lodo biológico
lodo formado essencialmente por células de micro-organismos a partir de um processo
de tratamento biológico.

Lodo estabilizado
lodo que foi submetido a algum processo de estabilização.

Lodo desidratado
lodo resultante de uma operação de desidratação.

Lodo seco
lodo resultante de um processo de secagem.

Pós-tratamento
unidade que permite melhorar a qualidade dos efluentes de uma unidade de
tratamento de modo a adequá-lo às exigências legais

Pré-tratamento
conjunto de dispositivos que permitem a remoção de sólidos grosseiros do esgoto
bruto de modo a torná-lo adequado para tratamento posterior

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Redutor de carga
unidade compacta, cuja função é a redução preliminar de carga orgânica afluente, de
modo a aliviar as lagoas existentes a jusante

Relação de recirculação
relação entre a vazão de recirculação e a vazão média afluente à ETE.

Reúso do efluente
uso do efluente da lagoa para fins de produção da biomassa e ou de outros produtos
agrícolas.

Taxa de aplicação hidráulica superficial


relação entre a vazão diária e a área da unidade, usualmente de decantação, expressa
em m³/(m². dia)

Taxa de aplicação superficial de carga orgânica


relação entre a massa de DBO5 aplicada por dia e a área da superfície líquida da lagoa,
expressa em kgDBO5,20/(ha . dia)

Taxa de aplicação volumétrica de carga orgânica


relação entre a massa de DBO5,20 aplicada por dia e o volume útil da lagoa, expressa
em kgDBO5,20/(m3. dia)

Taxa de aplicação de sólidos


relação entre a massa de sólidos introduzida numa unidade de tratamento e a área
sobre a qual é aplicada, por unidade de tempo.

Taxa de aplicação de ar
vazão de ar, expresso em Nm3/min, aplicado por 1000 m3 de volume de lagoa aerada,
sendo um parâmetro de intensidade da mistura e da necessidade de oxigênio no
processo (Nm3 significa m3 nas condições normais de temperatura de 20o C e pressão
de uma atmosfera)

Taxa de utilização de substrato


relação entre a massa de poluente removida por dia no processo e a massa de micro
-organismos contida no reator biológico.

Tempo de detenção hidráulica (TDH)


período, expresso em dias ou horas, em que o esgoto é mantido na unidade de
tratamento

Vazão máxima afluente à ETE


vazão final de esgoto sanitário encaminhada à ETE, avaliada conforme critérios da
NBR 9649 e NBR 12207.

Vazão média afluente à ETE


vazão final de esgoto sanitário encaminhada à ETE, avaliada conforme critérios da
NBR 9649 e NBR 12207, desprezada a variabilidade do fluxo (k1 e k2).
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Vazão de recirculação
vazão que retorna de jusante para montante de qualquer unidade de tratamento.

Volume útil
volume compreendido entre o fundo e a superfície líquida da lagoa, descontados os
volumes de areia e lodo acumulados

5 CONDIÇÕES GERAIS
Na elaboração do projeto de lagoa (implantação, ampliação, adequação, etc.) devem
ser levados em consideração:

5.1 Estudo de concepção segundo as diretrizes previstas na NTS 062 e de outras


considerações mais recentes devido a necessidades ambientais locais e globais.

5.2 População atendida e atendível nas diversas etapas do plano.

5.3 Vazões e demais características do esgoto sanitário afluente nas diversas etapas
do plano, em especial, quanto à presença de despejos industriais, nutrientes,
substâncias inibidoras do processo e cor.

5.4 Corpo receptor, sua classificação, vazão mínima, usos de suas águas a jusante do
ponto de lançamento.

5.5 Verificação da alternativa face à legislação ambiental vigente, inclusive quanto ao


aspecto de vizinhança à área em questão e sua adequação, se necessária.

5.6 Escolha preliminar dos processos e dos respectivos parâmetros para


dimensionamento das unidades principais.

5.7 Estimativa preliminar da qualidade do efluente, no início, no meio e no final do


horizonte de projeto.

5.8 Dimensionamento preliminar quanto à necessidade de área para principais


unidades, incluindo a área para o tratamento e disposição final dos efluentes líquidos,
sólidos e resíduos sólidos.

5.9 Levantamento planialtimétrico cadastral da área disponível incluindo as


informações relativas à cobertura vegetal no local selecionado.

5.10 Elaboração da planta e estudo de viabilidade da área a ser desapropriada,


inclusive com investigação ambiental, para averiguar a presença de contaminantes no
solo, subsolo e água subterrânea.

5.11 Sondagens preliminares de reconhecimento do subsolo no local selecionado.

5.12 Estudo preliminar da necessidade e existência de áreas de empréstimo e bota-


fora.

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5.13 Cota máxima de enchente no local selecionado.

5.14 Cotejamento econômico e ambiental da alternativa, incluindo os custos de


investimento inicial, custos operacionais (inclusive a remoção, desidratação,
transporte e disposição final do lodo), despesas de manutenção, reposição de
equipamentos e vantagens ambientais tais como: balanço de massa de gás carbônico,
de oxigênio e recarga do aqüífero e proveniente da produção e venda da biomassa.

6 CRITÉRIOS GERAIS

6.1 Para o dimensionamento das unidades de tratamento e órgãos auxiliares os


seguintes parâmetros básicos devem ser obtidos para as diversas etapas do plano:
a) Vazões afluentes mínimas, máximas e médias previstas para o período do projeto.
A determinação das vazões deve ser baseada nas informações gerenciais disponíveis
de consumo de água, adotando-se pelo menos a média dos dois últimos anos. A taxa
de retorno deve ser adotada de 0,5 a 0,8 conforme a região. A taxa de infiltração
linear deve ser adotada desde 0,05 L/(s.km) até 0,5 L/(s.km), conforme as condições
geotécnicas e materiais com que são executadas as redes coletoras de esgotos;

b) Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO), considerando-se valores variáveis desde


40 g/(hab.dia) até 54 g/(hab.dia), conforme o porte da comunidade a ser atendida. As
contribuições de despejos industriais ou comerciais consideráveis devem ser
adicionadas ao cálculo, recomenda-se consulta à CETESB ou outros órgãos para
avaliação da carga contribuinte;

c) Evaporação, precipitação pluviométrica e umidade relativa do ar, quando houver


evidência de sua influência no tratamento;

d) Temperatura média do mês mais frio;

e) Informações sobre ventos;

f) Características geológicas, geotécnicas e de infiltração do solo;

g) Deve ser observado aspecto paisagístico do conjunto, para que as unidades


estejam em harmonia com as construções e paisagens locais.

6.2 Os critérios gerais de dimensionamento das unidades e órgãos auxiliares, devem


ser os seguintes:
a) dimensionados para as vazões máxima e mínima:
- estações elevatórias de esgoto bruto;
- canalizações e tubulações;
- medidores;
- remoção de areia e gradeamento;
- dispositivos de entrada e saída;
- potência necessária para o equipamento de aeração considerando também o fator
de pico de carga orgânica (1,3 a 1,5), conforme o caso.

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b) dimensionados para a vazão média final:


- volumes das Lagoas;
- volume de areia removida;
- volume de lodo (ou por número de contribuintes).

c) dimensionados por número de contribuintes:


- leitos de secagem.

6.3 O método adotado para o dimensionamento da lagoa deve ter sua aplicação
justificada, inclusive quanto à disponibilidade de dados, informações e parâmetros a
utilizar no cálculo. Quando adotado o sistema de lagoas de estabilização, o número
mínimo de unidades deve ser quatro, sendo preferencialmente a primeira Lagoa
Anaeróbia, as seguintes Lagoas Facultativas e a última uma Lagoa de Maturação. A
taxa de carga orgânica superficial da última lagoa deve ser inferior a
50 kgDBO/(dia.ha) e, o tempo de detenção hidráulico total do sistema não deve ser
inferior a 35 dias.

6.4 As lagoas de estabilização devem ser construídas afastadas das áreas urbanizadas
e urbanizáveis conforme planos diretores locais e, distanciadas das residências em
pelo menos 400 m, tomando-se o cuidado de o vento não soprar no sentido lagoa-
comunidade na maior parte do tempo.

6.5 A lagoa de estabilização deve ser projetada de modo que a direção do vento
predominante seja transversal ao fluxo principal do esgoto na lagoa. Quando as
direções coincidirem, o sentido do esgoto deve ser contrário ao do vento. O desnível
hidráulico entre as unidades deve ser de no mínimo 0,1 m.

6.6 O formato da lagoa deve ser de preferência retangular com o lado maior
coincidindo com a direção do fluxo do esgoto e evitar a formação de áreas sem
circulação (áreas mortas), ilhas e penínsulas.

6.7 Devem ser minimizados e compensados os volumes de corte e aterro em função


da topografia do local.

6.8 As lagoas devem ser, de preferência, instaladas em série para um melhor


desempenho. As lagoas anaeróbias poderão conter, no seu fundo, dispositivos para
remoção dos lodos, desde que seja previsto um sistema de desidratação.

6.9 O projeto dos diques para formação da lagoa, além dos requisitos próprios de
mecânica dos solos, deve considerar o seguinte:
a) altura livre mínima de 0,3 m entre o nível de água máxima e o coroamento;

b) largura da crista compatível com o uso pretendido e não inferior a 3,0 m;

c) inclinação de taludes compatível com as características do solo, justificando-se o


valor adotado; no lado interno os taludes devem ser protegidos da crista até pelo
menos 0,5 m abaixo do nível de água, para proteção contra a erosão por efeito de
ondas, incidência de chuva e o crescimento de vegetação; no lado externo apenas
contra a erosão pluvial;

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d) a proteção interna dos taludes deve ser feita em concreto;

e) a impermeabilização da crista deve ser feita, de preferência, em asfalto;

f) as paredes internas e do fundo devem ser impermeabilizadas por processos


adequados de modo a impedir a contaminação do aqüífero principalmente na região
de recarga.

6.10 O dispositivo de entrada deve descarregar o afluente abaixo do nível d’água na


lagoa anaeróbia e acima nas demais. Para evitar o solapamento dos taludes e do
fundo este deve terminar em T. Ao se pretender assemelhar a lagoa a um reator de
fluxo ascendente, o ingresso de esgoto deve ser feito próximo ao fundo, tomando-se o
cuidado de proteger a área do fundo em volta das tubulações de entrada com placas
de concreto. A figura 1 mostra detalhes do exposto.

placa de concreto
placa de concreto
saída em T(horizontal)

placa de concreto

placa de concreto

Lagoa anaeróbia - entrada submersa Lagoa anaeróbia - entrada submersa


vista superior placa de concreto
placa de concreto

placa de concreto

placa de concreto

Lagoa facultativa/aeróbia-entrada aérea Lagoa facultativa/aeróbia-entrada aérea


vista superior

placa de concreto

placa de concreto

Lagoa anaeróbia - entrada submersa tipo fluxo ascendente vem da EEE

Lagoa anaeróbia - entrada submersa -


tipo fluxo ascendente
vista superior

Figura 1 – Tipos de entradas

6.11 Devem ser previstas coletas do líquido percolado das caçambas das areias
retidas e do gradeamento e retorná-los para a entrada da ETE. As caçambas também
devem ser protegidas das águas pluviais.

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6.12 O dispositivo de entrada deve promover a dispersão do afluente, recomendando-


se a adoção de entrada múltipla ou uma tubulação com furos múltiplos. Não deve
permitir que o fluxo principal seja diretamente direcionado à saída do efluente. Para
minimizar a quantidade de dispositivo de entrada, recomenda-se terminar a tubulação
de entrada em T, com tubulações estendidas lateralmente, de modo que cada
extremidade receba no máximo até 25% da vazão. A distância entre os ramais de
entrada deve ser no máximo 20,0 m. A divisão da vazão deve ser feita através dos
dispositivos, conforme a figura 2.

DUAS SAÍDAS TRÊS SAÍDAS


Figura 2 – Caixas divisoras de vazão

6.13 O número de dispositivos de saída deve ser similar aos de entrada. Devem ser
arranjados de forma não alinhada para diminuir o curto-circuito.

6.14 Quando considerado necessário deve ser prevista caixa de derivação e


correspondente canalização de desvio (by-pass) para lançamento alternativo do
afluente à lagoa seguinte.

6.15 Quando houver desnível suficiente entre a lagoa anaeróbia e a seguinte,


recomenda-se a instalação de dispositivo arejador (tipo rampa de aeração) para
auxiliar na aeração da mesma. A figura 3 mostra alguns detalhes dos dispositivos.

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Vai para lagoa seguinte ou para corpo receptor

Canal receptor

Canal/tubo distribuidor

Vem da lagoa anaeróbia ou da última lagoa

Vista superior do rampa de aeração

Dentes de concreto
dim: 0,15m(w)x0,30m(l)x0,20m(h) Vai p/lagoa seguinte ou
para corpo receptor

Canal/tubulação Canaleta receptora


de recebimento
Afluente:
vem da lagoa anaeróbia ou
da última lagoa

Corte longitudinal

Figura 3 – Rampas de aeração

Foto 1 – Rampas de aeração

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6.16 Devem ser previstos medidores de vazão com totalizador de volume afluente e
efluente ao sistema de tratamento. No caso de lagoas aeradas devem ser previstos
medidores de oxigênio dissolvido de modo a permitir a operação racional do sistema.
Estes medidores permitirão aplicação dos desinfectantes proporcionais à vazão.

6.17. No projeto de canalizações e canais devem ser evitados trechos de curvas


acentuadas bem como outras interferências para evitar a deposição de sólidos.

6.18 No plantio de árvores de porte e arbustos nos arredores da lagoa deve-se evitar
a redução da força do vento na mistura, o sombreamento, bem como a deposição de
folhas e danos aos taludes.

6.19 Nas lagoas aeradas, o equipamento que promove a aeração e mistura deve ser
preferencialmente por ar difuso, de sistemas oscilantes e não fixos de modo a reduzir
a potência instalada e possibilitar maior facilidade operacional.

As lagoas devem estar providas de medidores de Oxigênio Dissolvido para permitir a


variação da vazão de ar dos sopradores através do inversor de freqüência. Para
unidades de pequeno porte (vazão média de até 5 L/s) podem ser admitidos outros
sistemas de aeração, obedecendo-se os critérios estabelecidos no item 7.6.1.

6.20 Nas lagoas de sedimentação que seguem lagoas aeradas devem ser previstos
dispositivos que permitam remoção fácil e periódica de lodos sedimentados sem
interrupção operacional da lagoa. Todos os dispositivos/equipamentos para a retirada
de lodos sedimentados devem ser testados quanto à sua qualidade e eficiência sob
condições operacionais similares e devem ter comprovação de seu manuseio e
eficiência quanto a remoção de lodo.

6.21 A lagoa de sedimentação da seção anterior poderá ser substituída por


decantadores com dispositivos aceleradores de sedimentação, como por exemplo,
placas ou módulos sedimentadores.

6.22 O lodo removido deve ser conduzido ao leito de secagem coberto com material
translúcido conforme fotos 7 e 8 ou reservado em lagoa de lodo. Caso seja reservado
em lagoa de lodo sem dispositivo de drenagem, deve ser bombeado para
desidratação/secagem posterior. Pode ser utilizado um desidratador mecânico, que
garanta uma concentração de sólidos mínima de 25% ou sacos de geotêxteis. Os
lodos desidratados devem ser dispostos conforme a exigência legal, dando-se
preferência ao uso agrícola.

6.23 Quando necessário, entre os métodos de desinfecção dos efluentes, deve ser
dada preferência ao sistema de cloração automático, proporcional à vazão do efluente,
adotando-se TDH mínimo para tanque de contato de 20 min.

6.24 Não deve ser permitido o acesso de pessoas não autorizadas e animais à área da
lagoa. Quando permitido o acesso de pessoas, as condições de segurança devem ser
atendidas.

6.25 O relatório dos projetos hidráulico e sanitário do sistema de tratamento deve


incluir:

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a) memorial descritivo e justificativo, incluindo o sistema de desidratação e disposição


final do lodo e outros resíduos sólidos;

b) memórias de cálculo hidráulico e do processo de tratamento;

c) planta de situação do sistema de tratamento em relação à área de projeto e ao


corpo receptor;

d) planta de locação das unidades de tratamento;

e) fluxograma do processo e arranjo em planta com identificação das unidades de


tratamento e dos órgãos auxiliares;

f) perfis hidráulicos nas diversas etapas;

g) plantas, cortes e detalhes:


- unidades de tratamento,
- tubulações hidráulicas do processo;
- tubulações dos sistemas de drenagem e águas pluviais,
- instalações elétricas,
- poços de monitoramento.

h) plantas de escavações e aterros com os respectivos volumes de corte e aterro;

i) estudos de mecânica dos solos com as especificações referentes ao nível de


compactação e outros sistemas de proteção do solo (troca de solo, drenagem, etc.);

j) especificação e quantificação dos materiais e serviços;

k) especificação e quantificação dos equipamentos e acessórios;

l) orçamento detalhado;

m) manual de operação de processo, contendo no mínimo o seguinte:

- descrição simplificada do sistema de tratamento;


- descrição dos parâmetros utilizados no projeto;
- fluxograma e arranjo em planta com identificação das unidades e órgãos
auxiliares e informações sobre seu funcionamento;
- procedimento de operação com descrição de cada rotina e sua frequência.
- identificação e justificativa dos problemas operacionais mais prováveis e
descrição dos procedimentos a serem adotados;
- procedimentos de segurança e higiene do trabalho;
- procedimentos para identificação dos pontos de amostragem, frequência de
coleta de amostras e ensaios laboratoriais de monitoramento e controle de
parâmetros físicos e químicos a serem efetuados;
- modelos das fichas de operação a serem preenchidas pelo operador;
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- equipe e qualificação mínima para operação do sistema proposto,


- descrição simplificada dos poços de monitoramento.

n) coordenada UTM do sistema de lagoa (s) e do lançamento

7 CONDIÇÕES ESPECÍFICAS

7.1 Processos a serem considerados


Para novos projetos e adequação das lagoas existentes, as alternativas abaixo são
passíveis de análise, incluindo-se a possibilidade de aplicação do efluente para uso
agrícola e a captação e uso de biogás nas unidades anaeróbias:
a) lagoa anaeróbia seguida de série de lagoas facultativas com TDH total não inferior a
35 dias, sendo que a última unidade (lagoa fotossintética) deve ter a taxa de aplicação
superficial inferior a 50 kg DBO/(dia.ha);

b) lagoa anaeróbia seguida de leitos de fitofiltração, com TDH nos canais de cinco a
dez dias, com pelo menos três unidades em série;

c) lagoa anaeróbia seguida de unidades compactas de tratamento, tal como filtro


aeróbio submerso;

d) lagoa aerada seguida de lagoa de sedimentação ou decantador;

e) lagoas de estabilização precedidas de redutor de carga tipo RAFA (Reator Anaeróbio


de Fluxo Ascendente) + filtro anaeróbio;

f) lagoas facultativas em série com TDH total não inferior a 35 dias.

7.2 Pré-tratamento

Todo sistema de tratamento deve possuir pré-tratamento e medição de vazão.


O pré-tratamento abrange gradeamento/peneiramento, remoção de areia, precedida
ou seguida de unidade de medição de vazão.
Todos os equipamentos devem ser protegidos contra vandalismo e furto.

7.2.1. Gradeamento e peneiramento: Exceto para grades com espaçamento


superior a 25 mm, todas as grades e peneiras devem ser mecanizadas,
independentemente da população contribuinte. No caso de haver somente uma
peneira mecanizada, deve ser previsto um canal paralelo para manutenção, provido de
uma grade manual com espaçamento mínimo de 10 mm. No caso de peneiras
rotativas, a rosca sem fim deve ser em aço inox ou em aço carbono, devendo o
material retido ser lavado e desumidificado antes de ser acondicionado em caçamba
ou saco plástico. A abertura das telas das peneiras rotativas deve ser inferior a 5 mm.

Deve sempre ser utilizada peneira rotativa antes da lagoa aerada, filtro aeróbio ou
RAFA. Deve ser sempre disponibilizado um ponto de água para a limpeza automática
da peneira.

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Norma Técnica Sabesp NTS 230 : 2009

7.2.2. Remoção de areia: O número de unidades desarenadoras mecanizadas deve


ser:
- duas unidades para população igual ou superior a 10 mil habitantes,
- pelo menos uma unidade para população inferior a 10 mil habitantes.
A taxa de aplicação superficial deve estar compreendida entre 500 m3/m2.dia a
1200 m3/m2.dia.
No caso de uso de desarenadores mecanizados quadrados, deve ser previsto um
anteparo para evitar a formação de fluxo preferencial. A remoção de areia do
desarenador deve ser contínua, podendo sofrer lavagem antes de disposição na
caçamba quando se deseja evitar a exalação de odor. O mecanismo de remoção deve
permitir lubrificação que não seja por água e deve ser testada sua eficiência após a
sua instalação e antes da efetiva operação. A rosca removedora de areia deve ser feita
em única peça, a não ser que seu comprimento seja excessivo que justifique adoção
de peças interligadas. Nesse caso o fornecedor deve garantir na operação real do
sistema, de que a ligação intermediária não irá causar obstrução à passagem de areia.
O motor da rosca removedora deve ser acompanhado de inversor de freqüência. A
caçamba para armazenamento de areia removida deve possuir drenagem do líquido
no fundo e instalado em local abrigado da chuva.

7.2.3 Alternativa para remoção de areia: para locais onde se constata a


impossibilidade de inspeção diária, com população contribuinte inferior a 500
habitantes, admite-se substituir o pré-tratamento por tanque de retenção de modo a
permitir a deposição de areia e a retenção de sólidos gradeáveis. Estes materiais
retidos devem ser removidos com periodicidade máxima de três meses utilizando
caminhão limpafossa e dispostos nos leitos de secagem ou noutros locais permitidos.
O dispositivo de entrada e de saída do tanque deve possuir anteparos de pelo menos
0,5 m abaixo do nível mínimo do líquido. O anteparo de saída deve possuir defletor de
gás. O canto inferior do tanque deve ser chanfrado para impedir a deposição de
sólidos.

Figura 4 – Desarenador quadrado com anteparo

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NTS 230 : 2009 Norma Técnica Sabesp

Figura 5 - Tanque de retenção de sólidos para tratamento preliminar

7.2.4 Medição de vazão: pode ser instalada antes ou depois de pré-tratamento. No


caso de o esgoto bruto ingressar a ETE por bombeamento, deve ser dada preferência
à medição por medidor eletromagnético com certificado de calibração.
Os medidores de canais abertos (calha Parshall ou outros) devem estar munidos de
medidor ultrassônico de nível e utilizados nos casos onde não haja freqüentes
interrupções de afluxo. Um canal com extensão de pelo menos 2,0 vezes o
comprimento do dispositivo deve preceder o medidor para regularização do fluxo e,
não deve permitir saliências nas paredes que causem turbulências na superfície da
lâmina a montante da calha.
A calha deve ser seguida por canal ou caixa com fundo rebaixado. A menor dimensão
da caixa não deve ser inferior a 1,5 vezes a largura do canal de instalação da calha.
Quando estes forem seguidos por tubulação, deve certificar-se de não causar
represamento e afogamento da calha a montante.

7.3. Lagoa anaeróbia

A lagoa anaeróbia é um reator de grandes dimensões, cuja estabilização bioquímica se


processa essencialmente através da ação de micro-organismos anaeróbios. Estes são
bastante sensíveis às variações de condições externas tais como pH, temperatura e
condições de mistura. Assim, o projeto desta unidade deve ser feito de modo que
estas condições sejam mantidas o mais próximo possível dos valores considerados
ideais, ou seja, pH próximo do neutro, temperatura entre 15oC e 30oC. No caso de
mistura, diferentemente das outras lagoas onde a força motora é eólica, a agitação se
dá através do borbulhamento dos gases gerados no processo, podendo ser adicionada
a recirculação do efluente para uma melhor mistura.

A lagoa anaeróbia pode ser concebida também como reator compacto de mistura
completa. Neste caso, o sistema de introdução e distribuição de esgoto no reator
anaeróbio deve promover a mistura com fluxo ascendente.

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Norma Técnica Sabesp NTS 230 : 2009

Dispositivo para
distribuição de esgotos

PLANTA

Dispositivo para coleta do efluente


Domo flutuante para
coleta de biogás

h>4,0m

CORTE LONGITUDINAL
Figura 6 – Lagoa anaeróbia

Para viabilização da coleta de gás gerado, as lagoas anaeróbias devem possuir área
superficial menor possível, aumentando, por conseguinte, a profundidade.

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NTS 230 : 2009 Norma Técnica Sabesp

Foto 2 – Cobertura de lagoa anaeróbia para coleta de biogás.

7.3.1 Dimensionamento

7.3.1.1 A lagoa anaeróbia deve ter uma profundidade útil compreendida entre 4,0 m
e 6,0 m.

7.3.1.2 Determinação do volume


O dimensionamento volumétrico da lagoa anaeróbia pode ser por TDH calculado para
as vazões de início e final do projeto, considerando a temperatura média do mês mais
frio do local que influenciará a remoção de carga orgânica, conforme tabela 1.

Tabela 1 – Tempo de detenção e eficiência de remoção de DBO5


Temperatura média da Tempo de detenção Eficiência de
lagoa no mês mais frio (em dias) remoção de DBO5
≤ 20º C 4≤ t ≤6 ≤ 50%
> 20º C 3≤ t ≤5 ≤ 60%

Este método de dimensionamento não deve ser utilizado para o caso de carga
orgânica elevada (acima de 0,25 kg DQO/m3.dia), sendo adotado o parâmetro da taxa
volumétrica de carga, considerando como um reator compacto anaeróbio( tipo fluxo
ascendente ou similar).

7.3.1.3 Dispositivo de entrada e distribuição do esgoto


O princípio de funcionamento das lagoas anaeróbias é a sedimentação de sólidos e sua
digestão.

Para que o esgoto seja distribuído da forma mais homogênea possível o esgoto pode
ser introduzido abaixo da superfície, em diversos pontos da lagoa, conforme a seção
6.12, de forma a evitar a ocorrência de zonas mortas ou curtos-circuitos.

Quando a lagoa é concebida como reator compacto de mistura intensa, a introdução e


distribuição de esgoto devem abranger toda superfície do fundo da lagoa, conforme a
figura 6.

18 17/06/09
Norma Técnica Sabesp NTS 230 : 2009

7.3.1.4 Sistema de captação dos gases


A captação dos gases nas lagoas anaeróbias deve ser feita através de cobertura de
PVC ou PE ou borracha inflável, com tratamento externo contra a radiação UV e
resistente a substâncias agressivas na parte interna. Quando a superfície da lagoa
não permitir cobertura por uma peça única, a superfície total pode ser dividida em
várias seções, cobrindo-se cada seção com domos infláveis, conforme figura 6.

Os materiais utilizados na cobertura devem permitir que sejam efetuados reparos in


loco.

7.3.1.5 Sistema de queima/conversão do gás em energia elétrica


No caso de conversão da queima do gás em energia elétrica, o gás deve sofrer prévia
desumidificação e purificação. A definição da simples queima ou da geração de
energia depende do volume gerado.

Caso seja previsto dispositivos de segurança (válvulas cortachama e antiretrocesso,


válvula de alívio, etc.) para o sistema de gás devem atender as Normas Brasileiras e
Normas Regulamentadoras de segurança do trabalho.

7.4. Lagoa fotossintética ou facultativa


A lagoa fotossintética ou facultativa possui uma zona aeróbia na parte superior, onde
boa parte do oxigênio é fornecida através das algas na presença de luz.

O local de implantação da lagoa deve evitar a coincidência do sentido do vento


dominante com o fluxo da lagoa para não favorecer o curto-circuito.
A ação do vento é fundamental no transporte de oxigênio da superfície para o fundo
da lagoa, aumentando assim a zona aeróbia.

7.4.1 Profundidade
A profundidade útil da lagoa fotossintética primária deve ser entre 1,5 m e 2,0 m e a
das lagoas subseqüentes, igual ou inferior a 1,5 m.

7.4.2 Dimensionamento da área

Para o sistema de lagoas que não possui tratamento complementar (ver seção 7.1)
incluindo lagoa de maturação, recomenda-se que o TDH total do sistema (anaeróbia,
facultativa e maturação) para a vazão de final de projeto seja em torno de 35 dias e a
taxa de aplicação superficial de carga orgânica na última lagoa deve ser inferior a
50 kgDBO/dia.ha. Para obter a eficiência das respectivas lagoas podem ser adotadas
as diversas equações existentes, considerando fatores tais como a temperatura,
mistura, remoção de substrato, etc. O critério de adoção para determinada equação
deve ser justificado.

17/06/09 19
NTS 230 : 2009 Norma Técnica Sabesp

Equação empírica, para estimar a taxa de aplicação orgânica máxima

λ = 20 × T − 60 (em kg DBO/ha x dia)


Onde:
T = Temperatura média do mês mais frio

Modelo de mistura completa

Ce = Co/( 1+Kt)n
Onde:
Ce, Co = concentrações de substratos efluente e afluente às lagoas
K = constante de remoção do substrato na lagoa de estabilização
t = tempo de detenção hidráulica na lagoa individual
n = número de lagoas em série (caso das lagoas com mesmas dimensões)

Modelo fluxo disperso

Se/So = 4 × a × e(1 2d)  / (1 + a) × e( a 2d) − (1 − a) × e( − a 2d) 


2 2

   

Onde:
a = (1 + 4 × K × t × d) ( adimensional)
d = D/UL ( número de dispersão - adimensional)
D = coeficiente de dispersão longitudinal (L2/t)
U = velocidade média do fluxo na lagoa (L/t)
L = comprimento da lagoa

7.5 Lagoa de Maturação


São lagoas utilizadas para promover a remoção complementar de poluentes, tais
como: coliformes, nitrogênio amoniacal, sólidos, etc. Deve ser fotossintética e aeróbia,
o que faz com que a profundidade seja menor em relação à facultativa. Usualmente a
profundidade útil adotada é entre 0,8 m até 1,2 m. Profundidades menores não são
recomendáveis devido à possibilidade de aparecimento de plantas aquáticas
enraizadas no fundo. A taxa de aplicação deve ser até 50 kgDBO/dia.ha e o conjunto
de lagoas de maturação deve ter TDH acima de 10 dias.

Estas lagoas permitem a elevação do pH e floculação natural de algas. Conforme a


quantidade das lagoas e respectivos dispositivos de saída, pode ser obtido efluente
com baixa concentração de algas.

7.6. Lagoa aerada


A lagoa aerada é um reator biológico essencialmente aeróbio, cuja demanda de
oxigênio é fornecida através de equipamentos que promovem, ao mesmo tempo, a
mistura completa do líquido na lagoa. Dependendo do modo operacional do sistema de
aeração, podem ser intercaladas zonas anóxicas e aeróbias, para promover a remoção
avançada de nitrogênio.

A lagoa aeróbia de mistura completa tem Tempo de Retenção Celular igual ao TDH.
Este deve ser de 3 a 5 dias. Quando se deseja a remoção avançada de nitrogênio,

20 17/06/09
Norma Técnica Sabesp NTS 230 : 2009

pode ser utilizado um decantador final com retorno de lodo. Há também a opção de
incorporar na lagoa, meios de fixação biológica para aumentar a idade de lodo.

7.6.1 Sistema de aeração


Um fator de maior importância no sucesso funcional de uma lagoa aerada é o sistema
de aeração. Dele depende a boa mistura e a formação dos sólidos biológicos. Deve ser
dada preferência ao sistema por ar difuso, tipo cadeias flutuantes móveis, para reduzir
a potência elétrica total necessária. A diferença de potência entre o sistema por
aeradores mecânicos superficiais e por ar difuso de cadeias oscilantes tem sido em
torno de 40%. O sistema de aeração pode ser:

a) Ar difuso de cadeias oscilantes.


Os ramais flutuantes de ar devem ser resistentes a UV e contra o movimento de
oscilação. Devem permitir sua fácil remoção a partir da margem da lagoa sem
depender de embarcação. A vazão mínima de ar para causar a mistura completa,
exceto em caso comprovado, deve ser superior a 5,0 Nm3/min.1000m3 da lagoa.

No sistema por ar difuso, o nível de oxigênio dissolvido deve ser sempre medido de
forma contínua. Para uma racionalização do consumo de energia do processo, o
sistema de medição deve ser incorporado ao sistema de variação da vazão de ar. Os
sopradores devem estar contidos dentro da caixa de contenção acústica.

O sistema de medição de oxigênio dissolvido deve ser testado por pelo menos um ano
e sua funcionalidade assegurada em outras instalações similares.

A concentração mínima de oxigênio deve ser de 1,0 mg/L e a demanda de oxigênio


deve levar em consideração o fator de pico de carga de 1,2 a 1,3.

Foto 3 e 4 - Cadeias oscilantes.

b) Aeradores mecânicos
O uso de equipamentos tradicionais (aeradores mecânicos) pode ser utilizado em
unidades menores, para até 10.000 habitantes. A distribuição de energia elétrica deve
ser via aérea, para minimizar os danos aos cabos e ao sistema de isolamento, assim
como não causar o desnivelamento da bóia do aerador flutuante. A densidade de
potência não deve ser inferior a 5 W/m3 para aeradores superficiais. Para os demais
tipos de aeradores, deve ser comprovada sua densidade mínima.

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NTS 230 : 2009 Norma Técnica Sabesp

O número de equipamentos a serem instalados bem como suas localizações deve ser
de tal modo que não permitam a criação de zona morta no interior da lagoa.

Não deve ser permitido o desligamento de nenhum dos aeradores durante a operação.

c) Aeradores mecânicos superficiais de baixa potência com eixo horizontal


Para lagoas facultativas aeradas podem ser utilizados aeradores mecânicos superficiais
de baixa potência com eixo horizontal. Esses equipamentos promovem a aeração
superficial da massa líquida melhorando o desempenho e inibindo a exalação de odor.
A localização desse equipamento deve ser estudada de forma a tornar o fluxo hídrico
adequado ao objetivo que se propõem na sua utilização.

7.6.2. Profundidade da lagoa aerada e disposição dos equipamentos


Para sistema de aeração por cadeias oscilantes, a profundidade da lagoa deve ser
limitada entre 3,0 m a 5,0 m; para aeradores mecânicos, entre 2,0 m a 3,5 m,
dependendo do tipo e da potência dos aeradores. Neste último caso, o fundo da lagoa
deve ser protegido contra a erosão, pelo menos na zona de influência intensa do fluxo.

A disposição do sistema de aeração deve ser de modo a não permitir a passagem


direta do esgoto em direção à saída. Assim, as cadeias oscilantes devem ser dispostas
perpendicularmente ao fluxo; os aeradores mecânicos devem ser instalados nas
posições intercaladas.

7.6.3 Remoção de nitrogênio


O sistema de cadeias oscilantes pode ser dimensionado e projetado de modo a
alternar a zona aeróbia e anóxica permitindo assim a nitrificação/desnitrificação. No
entanto, neste caso, a lagoa deve ser dimensionada com TDH acima de 5 dias. No
caso de TDH igual ou inferior a 5 dias, prever retorno do lodo, o que implica na
mudança do sistema de sedimentação de lodo. Deve ser previsto decantador com
dispositivo retentor de sólidos (tipo módulos tubulares ou similar) ao invés de lagoa de
sedimentação. Como alternativa podem ser utilizados meios de fixação biológica na
lagoa aeróbia.

7.7 Lagoa de sedimentação


A lagoa de sedimentação permite a sedimentação dos sólidos contidos no efluente da
lagoa aerada, armazenando-o por longos períodos até ser removido. Ocorre, deste
modo, a estabilização bioquímica daquele, cujos produtos de solubilização são
reintroduzidos no efluente.

7.7.1 Dimensionamento da lagoa de sedimentação


O TDH útil da lagoa deve ser entre um e três dias, acrescido do volume destinado a
reservação de lodo. Este pode variar conforme o sistema de remoção de lodo, desde
alguns meses até alguns anos, devendo assim ser efetuada uma análise econômica
prévia. Não deve ser adotado TDH elevado, pois permite a proliferação de algas,
aumentando os sólidos no efluente.

7.7.2 Quantidade de lagoa de sedimentação


Para caso de uma única lagoa aerada, recomenda-se prever duas lagoas de
sedimentação, sendo uma para uso na ocasião da limpeza. Quando houver duas

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Norma Técnica Sabesp NTS 230 : 2009

lagoas aeradas, o efluente das duas deve ser enviado para uma das lagoas de
sedimentação enquanto a outra é drenada e removido o lodo. É também
recomendável que as duas lagoas operem em série, de modo a obter melhor efluente
em condições normais de operação. Assim sendo, as tubulações de interligação entre
as lagoas devem permitir tais operações.

7.7.3 Sistema de remoção de lodo


O sistema de remoção de lodo pode ser mecanizado, onde um equipamento instalado
em dispositivo flutuante autopropulsor faz a remoção e aspiração de lodo sedimentado
numa faixa de dois a três metros, enviando o mesmo através de tubulação apoiada
em bóias até o local de destino de lodo. Este tipo de equipamento permite a remoção
de lodo com lagoa em operação tornando mais frequente sua remoção e reduzindo a
capacidade de sistema de desidratação final.

O sistema de malha de tubulações de aspiração, instalado no fundo da lagoa de


sedimentação (ver figura 7) tem a mesma finalidade. Neste caso será necessário
prever uma lagoa de lodo para recebimento do lodo drenado, pois a vazão instantânea
de lodo é grande. O sistema de aspiração pode ser via bomba, levando a um maior
controle da vazão.

No método tradicional, a lagoa é drenada e a secagem natural de lodo é processada


na própria lagoa. Para remoção do lodo é necessário utilizar equipamentos pesados
(tratores, caminhões, etc.). Este método exige longo prazo, uma vez que depende das
condições climáticas, além de haver risco de danificar a camada de impermeabilização
da lagoa.

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NTS 230 : 2009 Norma Técnica Sabesp

PLANTA

CORTE TRANSVERSAL
Figura 7 – Sistema de coleta do lodo sedimentado.

Fotos 5 e 6 – Dispositivos de entrada

24 17/06/09
Norma Técnica Sabesp NTS 230 : 2009

7.7.4 Dispositivos de entrada e de saída da lagoa de sedimentação


Os dispositivos de entrada do efluente da lagoa de sedimentação são similares aos
outros tipos de lagoas. No dispositivo de saída, deve ser previsto um sistema para
retenção de escumas.

7.8 Lagoa de Lodo

A lagoa de lodo acumula lodos provenientes de lagoas de estabilização, de


sedimentação e de outras unidades de tratamentos compactos. Deve ser previsto um
dispositivo de drenagem de líquidos de modo a acelerar o adensamento. Deve ser
levada em consideração a concentração elevada de amônia daquele sobrenadante. O
sobrenadante superficial pode conter grandes quantidades de algas. O liquido drenado
deve retornar ao tratamento ou a outra disposição (ex: percolação no solo).

A lagoa de lodo pode ser prevista para e secagem de lodo na própria unidade ou
remoção periódica e desidratação em outras unidades. No primeiro caso, deve ser
prevista instalação de pelo menos duas unidades de lagoas para uso alternado, sendo
que o período para o armazenamento e remoção de lodo não deve ser inferior a 5
anos. O lançamento de lodo deve ser interrompido pelo menos um ano antes da
remoção. No caso de lagoa com remoção periódica, o volume da lagoa deve ser
previsto com TDH superior a 30 dias.

A altura da lâmina da lagoa de lodo deve ser entre 3 m a 6 m, com solos compactados
internamente, podendo ser utilizadas mantas sintéticas para impermeabilização
complementar.

7.8.1 Dispositivos de drenagem do líquido


Para secagem na própria lagoa, devem ser previstos dispositivos de drenagem do
liquido, que devem ser:
- verticais para drenagem de líquidos em profundidade, e
- horizontais para drenagem de sobrenadantes superficiais.
Para secagem de lodo na lagoa devem ser previstos aqueles dois tipos. Para lagoas
com desidratação externa, somente os horizontais.

O dispositivo vertical deve ser instalado pelo menos a cada 25 m², conectados a uma
tubulação de drenagem do fundo. Os dispositivos de drenagem horizontal devem ser
instalados com desnível de cerca de 0,3 m entre os mesmos, sendo providos de
registros nas saídas. A figura 8 mostra a disposição destes dispositivos.

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Dreno vertical Tubos em PVC com furos

Dreno sobrenadante líquido

Vai para início da ETE


PLANTA

Dispositivo p/drenagem do líquido

Tubo vertical para


drenagem do líquido
Manta geotextil

brita sobre manta

CORTE LONGITUDINAL

Figura 8 – Lagoa de lodo

7.8.2 Remoção de lodo da lagoa


Para lagoas de lodo com secagem, a remoção de lodo pode ser feita utilizando tratores
ou equipamentos tipo clam shell. Antes da remoção devem ser retiradas diversas
amostras de lodo em profundidades distintas para verificação do grau de umidade do
lodo. Os dispositivos de drenagem, assim como a impermeabilização da lagoa, devem
ser refeitos após a remoção de lodo.

Para lagoas com retirada periódica e desidratação externa, devem ser previstos
diversos pontos de retirada no fundo da lagoa, não se admitindo tipo “espinha de
peixe”.

7.8.3 Leitos de secagem

No caso de utilização de leito de secagem recomenda-se a cobertura com material


translúcido, conforme fotos 7 e 8.

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Fotos 7 e 8 – Leitos de secagem cobertos

7.9 Tratamentos complementares

7.9.1 Unidade redutora de carga

É aplicada em sistemas de lagoas que têm necessidade de redução de carga afluente


ou melhoria do seu efluente para adequação aos parâmetros legais e que não
disponha de áreas para implantação de outras lagoas adicionais.

É composta de um reator anaeróbio, tipo mistura completa, seguido por um filtro


anaeróbio de fluxo ascendente. Esta unidade, quando bem projetada com TDH total
em torno de 15h, permite a redução de carga orgânica entre 60% a 70%, permitindo
sensível melhoria no sistema a jusante. O lodo deve ser removido periodicamente
para as unidades de desidratação, do tipo leitos de secagem cobertos.

7.9.1.1 Condições de entrada

O esgoto afluente ao reator deve ser submetido ao tratamento preliminar com a


remoção de areia e retenção de sólidos com peneiras autolimpantes de espaçamento
máximo de 3 mm. O esgoto afluente deve possuir uma carga hidráulica de pelo menos
2,0 mH2O sobre o NA máximo do reator.

O esgoto afluente deve possuir uma carga hidráulica de pelo menos 2,0 mH2O sobre o
NA máximo do reator.

7.9.1.2 Dimensionamento

Exceto nos casos de esgotos com elevada concentração orgânica, o dimensionamento


pode ser feito por TDH. Para reator de mistura completa, este pode ser entre 8h e
12h, considerando a vazão máxima diária e a temperatura média do mês mais frio do
ano da região. O TDH não deve ser inferior à 6h em pico de vazão.

Para filtro anaeróbio, o TDH pode variar desde 3h até 5h, considerando também a
vazão máxima diária. O TDH não deve ser inferior à 2h da vazão máxima horária. A
altura da camada de meio filtrante deve ser entre 1,50 m a 2,00 m. O meio filtrante
deve ser de pedra-de-mão ou similar, com dimensão média de 0,15 m, com formato
mais arredondado possível.

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7.9.1.3 Formato, entrada e saída de esgoto, captação de gás, retirada de lodo

O formato em planta do reator de mistura completa pode ser retangular ou quadrado.


O esgoto afluente é distribuído através de tubulações ramificadas, por reduções
sucessivas, cujos terminais são bocais voltados ao fundo do reator. A distância entre o
bocal e o fundo deve ser de 0,25 m. Cada bocal deve abranger área em torno de 5m².

O reator deve possuir canal de coleta do efluente e sedimentação de sólidos. Para


desvio de gás, deve possuir anteparos inclinados com ângulo entre 55° a 60°. A
captação do efluente pode ser por canaleta com vertedor.

O TDH da câmara de sedimentação varia de 1,0h até 2,0h, considerando a vazão


máxima horária. A taxa de aplicação hidráulica deve ser inferior a 50 m³/m².dia.

Os reatores devem ser previstos para permitir a instalação da coleta do gás gerado,
utilizando domos em manta de PVC ou de outro material. A tubulação de gás deve ser
em aço inoxidável. Deve ser prevista a drenagem da umidade antes dos queimadores
ou de seu uso.

O filtro anaeróbio tem como função básica a retenção de sólidos. Pode ter formato
retangular ou quadrado em planta. Para população acima de 10 mil habitantes, é
recomendável prever duas unidades paralelas, de modo a permitir a flexibilização
operacional. O filtro anaeróbio deve possuir fundo falso em concreto, com furos com
diâmetro de 0,05 m espaçados a cada 0,20 m entre os centros dos furos. A altura do
fundo falso deve ser entre 1,2 m a 1,5 m. Deve possuir uma abertura que permita
acesso ao seu interior para eventual inspeção. O efluente deve ser coletado por
canaleta com vertedor.

A retirada de lodo deve ser por pressão hidráulica através de tubos ramificados e
instalados no fundo dos reatores. A quantidade de bocais para captação de lodo deve
ser metade dos bocais utilizados para o esgoto afluente, tanto no reator quanto no
filtro anaeróbio. Todo o lodo retirado deve ser conduzido em tubulação contínua até o
local de desidratação.

7.9.2 Filtro Aeróbio Submerso


Esta unidade pode ser utilizada como unidade de pós-tratamento da lagoa anaeróbia
ou de uma unidade redutora de carga, para adequar a qualidade do efluente aos
padrões exigidos por lei.

Consiste num reator biológico tendo enchimento com material plástico que possua
área superficial superior a 100 m²/m³ e índice de vazio superior a 85%, permitindo
fluxo livre de líquido em todas as direções, sem criação de zona morta. O material
deve ser inerte tanto bioquimicamente como quimicamente, devendo ter resistência
mecânica que permita empilhamento de até 5 m de altura sem causar deformação.
Pode ser utilizado tanto o tipo estruturado quanto o solto, do tipo anel Pall.

Deve ser previsto sempre um peneiramento fino (3 mm) em alguma etapa anterior ao
filtro aeróbio submerso.

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Norma Técnica Sabesp NTS 230 : 2009

7.9.2.1 Dimensionamento

O TDH adotado (líquido, no meio filtrante) pode variar de 1,5h até 3,0h, considerando
a vazão de pico horário.

A taxa de carga orgânica, quando houver necessidade de nitrificação do efluente, não


deve ser superior a 10 gDBO/m².dia. O reator deve sempre ser previsto com duas
câmaras paralelas, para permitir a lavagem periódica.

O sistema de aeração é por ar difuso de bolhas grossas ou por aeradores submersíveis


conforme a configuração do reator. Devem ser previstas válvulas nas linhas de ar de
cada câmara, nos locais de fácil acesso e manobra, para permitir o isolamento de
câmaras. A taxa de ar não deve ser inferior a 70 Nm³ar/kgDBO aplicada.

Deve ser previsto sistema de aspersão de água de reuso na superfície do reator para a
extinção da espuma.

7.9.2.2 Decantador ou câmara de decantação


A sedimentação dos sólidos gerados no filtro aeróbio pode ser feita em decantador,
podendo ser tanto mecanizado ou não. É recomendável a utilização de dispositivo
auxiliar de sedimentação, tais como: módulos tubulares ou meio filtrante similar ao
utilizado no filtro aeróbio. Neste caso, deve ser previsto, além do sistema de remoção
de lodo sedimentado, um sistema de drenagem e lavagem do dispositivo auxiliar.

A taxa de aplicação com dispositivo auxiliar pode ser de até 60 m³/m².dia; sem o
mesmo deve ser limitado a 25 m³/m².dia, considerando a vazão máxima horária.

Os lodos removidos do filtro aeróbio e do decantador devem ser retornados


periodicamente a montante para estabilização anaeróbia. O diâmetro mínimo da
tubulação para drenagem de lodo deve ser de 150 mm.

7.9.3 Lagoa de Fitofiltração


É utilizada para o tratamento complementar de lagoa anaeróbia ou de algum
tratamento que necessite de remoção complementar de DBO, nitrogênio, fósforo ou
sólidos. Devido a sua natureza operacional, é aplicada para a população de até no
máximo 5 mil habitantes, a não ser que seja prevista mecanização para a retirada da
massa vegetal.

Utiliza-se a planta aquática denominada de alface d´água (Pistia stratiotis L.) com
zona radicular abundante e ramificada.

7.9.3.1 TDH, fluxo e profundidade


O TDH recomendado é entre cinco e dez dias, dependendo das condições climáticas
locais. O fluxo predominante deve ser tipo pistão em cada compartimento. O número
de compartimentos deve ser de tal modo que o TDH em cada compartimento seja
inferior a um dia. A profundidade útil do líquido deve ser em torno de 0,80 m.

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NTS 230 : 2009 Norma Técnica Sabesp

7.9.3.2. Formato de compartimentos e dispositivos internos


O formato de cada compartimento deve ser retangular, com relação comprimento /
largura não inferior a 4. Deve possuir anteparos intermediários transversais com
espaçamento máximo de 1,5 vezes a largura do compartimento para impedir a
concentração desigual de plantas. Cada anteparo deve ter altura de 0,50 m sendo
0,30 m abaixo da lâmina d’água e 0,20 m acima.

Sobre as paredes longitudinais de cada compartimento devem ser previstas passarelas


com largura mínima de 1,00 m, para permitir o tráfego de pessoas com equipamentos
para a coleta e transporte de plantas. O desnível hidráulico entre os compartimentos
deve ser de 0,10 m.

A passagem do líquido entre os compartimentos deve ser protegida por tela.

O esgoto afluente na primeira câmara deve ser uniformemente distribuído em toda a


sua largura através de canal ou tubulação perfurada.

Figura 9 – Lagoa de fitofiltração com alface d´água

8 – BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

Resolução CONAMA nº 357, de 17 de março de 2005

30 17/06/09
Norma Técnica Sabesp NTS 230 : 2009

Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu
enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de
efluentes, e dá outras providências.

Resolução CNRH nº 54, de 28 de novembro de 2005


Estabelece modalidades, diretrizes e critérios gerais para a prática de reúso direto não
potável de água, e dá outras providências.

Resolução CONAMA nº 375, de 29 de agosto de 2006


Define critérios e procedimentos, para o uso agrícola de lodos de esgoto gerados em
estações de tratamento de esgoto sanitário e seus produtos derivados, e dá outras
providências.

Resolução CONAMA nº 396, de 03 de abril de 2008


Dispõe sobre a classificação e diretrizes ambientais para o enquadramento das águas
subterrâneas e dá outras providências.

Resolução CONAMA nº 397, de 03 de abril de 2008


Altera o inciso II do § 4o e a Tabela X do § 5o, ambos do art. 34 da Resolução do
Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA nº 357, de 2005, que dispõe sobre a
classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento,
bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes.

Decreto Estadual nº 8.468, de 08 de setembro de 1976


Aprova o Regulamento da Lei nº 997, de 31 de maio de 1976, que dispõe sobre a
Prevenção e o Controle da Poluição do Meio Ambiente

Orientador de Projetos para a Obtenção de Créditos de Carbono – Orientador


SABESP/2008.

Resolução SMA Nº 3, de 22/02/2000 - Controle ecotoxicológico de efluentes


líquidos no Estado de São Paulo.

Decisão de Diretoria nº 103/2007/C/E, de 22 de junho de 2007– CETESB -


Dispõe sobre o procedimento para gerenciamento de áreas contaminadas.

NBR 15.492 - Sondagem de reconhecimento para fins de qualidade ambiental –


Procedimento.

NBR 15.495-1 - Poços de monitoramento de águas subterrâneas em aqüíferos


granulares.

Guia para avaliação do potencial de contaminação em imóveis – CETESB

Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – CETESB

World Health Organization Guidelines for the safe use of wastewater, excreta
and greywater. Vol. 2, Vol. 4

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NTS 230 : 2009 Norma Técnica Sabesp

Projeto de lagoas de estabilização e seu tratamento


complementar para esgoto sanitário

Considerações finais:

1) Esta norma técnica, como qualquer outra, é um documento dinâmico, podendo


ser alterada ou ampliada sempre que for necessário. Sugestões e comentários
devem ser enviados ao Departamento de Desenvolvimento Tecnológico e
Inovação - TOD.
2) Tomaram parte na elaboração desta Norma:

UNIDADE DE
ÁREA NOME
TRABALHO
P PIT Aldo Takahashi
R REP Hissashi Kamiyama
R ROA Marcelo Kenji Miki
T TAP.11 Maria Eugênia Toffoli Oliveira
T TOD Reinaldo Putvinskis

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Norma Técnica Sabesp NTS 230 : 2009

Sabesp - Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo


Diretoria de Tecnologia, Empreendimentos e Meio Ambiente - T
Superintendência de Desenvolvimento Operacional – T O
Departamento de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação - TOD

Rua Costa Carvalho, 300 - CEP 05429-900


São Paulo - SP - Brasil

Palavras-chave: lagoa, efluente, tratamento de esgoto.

- 30 páginas

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