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TERRITORIAL
RESUMO – O presente trabalho teve como escopo analisar os índices de áreas verdes públicas
por habitante (IAVP/hab) de Aracaju-SE, avaliando sua influência na qualidade do ambiente
urbano e de vida da população, através do levantamento da área de cobertura vegetal. A
metodologia consistiu na pesquisa e leitura de fontes bibliográficas, aplicação do método de
quadrantes nas atividades de campo e cálculo do IAVP/hab, utilizando os seguintes recursos:
plantas baixas das praças, Mapa Oficial do Município de Aracaju, uso da trena de 50 metros,
clinômetro e câmara digital. De acordo com os resultados obtidos, nenhum bairro da cidade
alcançou um índice próximo ou acima do valor recomendado pela Sociedade Brasileira de
Arborização Urbana, que é de 15m2/hab. Os melhores resultados dos IAVP´s/hab foram aferidos
nos bairros Centro (5,7m2/hab), São José (3,1m2/hab) e Inácio Barbosa (2,7m2/hab). Dos 35
bairros estudados, 82% não possuem um índice superior a 1,0m2/hab. Os índices muito baixos
revelam a necessidade de ampliação da cobertura vegetal dos espaços públicos de Aracaju cuja
média calculada foi de 0,66m2/hab. Na distribuição fitogeográfica, constatou-se uma maior
ocorrência das espécies arbóreas Pithecelobium glaziovvi (mata-fome), Terminalia cattapa
(amendoeira) e Licania tomentosa (oiti) nas áreas verdes públicas, onde foi verificado o
predomínio dos arranjos arbóreos na seguinte distribuição: disperso (51%), centralizado (32%) e
periférico (17%). Os inexpressivos índices de áreas verdes por habitantes são resultantes do
elevado adensamento populacional, escassez de vegetação arbórea nos espaços públicos e baixo
número de áreas verdes, principalmente na Zona Norte. Desse modo, cabe uma ação mais efetiva
das gestões públicas na aplicação de medidas voltadas para ampliação das áreas verdes públicas
e revitalização daquelas existentes, na perspectiva de contribuir para melhoria da qualidade
ambiental e do bem estar da população.
ABSTRACT – This work scope was to analyze the index of public green areas per inhabitant
(IAVP/hab) from Aracaju-SE, evaluating its influence in the quality of the urban environment
and life of the population, through the survey of the area of vegetation cover. The methodology
consisted of searching and reading of bibliographical sources, application of the method of
quadrants in the activities of field and calculation of the IAVP/hab, using the following features:
low plants of squares, Official Map of the Municipality of Aracaju, use of the trena of 50 meters,
clinometer and digital camera. In accordance with the gotten results, any neighbourhood of the
city reached an index next or above to the value recommended for the Brazilian Society of Urban
Arborization, that is of 15m2/hab. The best ones resulted of the IAVP´s/hab had been surveyed in
the neighborhoods Downtown (5,7m2/hab), São José (3,1m2/hab) and Inácio Barbosa
(2,7m2/hab). Of the 35 districts studied, 82% do not have an index greater than 1.0 m2/hab. The
very low indices disclose the necessity of magnifying of the vegetal covering of the public
spaces of Aracaju whose calculated average was of 0,66m2/hab. In the phytogeographical
distribution, there is a higher occurrence of tree species Pithecelobium glaziovvi (mata-fome),
Terminalia cattapa (amendoeira) and Licania tomentosa (oiti) in public green areas, where it was
verified the trees predominance was arranged whith following distribution: dispersed (51%),
centralized (32%) and peripheral (17%). The few significant indexes of green areas for
inhabitants are resultant of the raised population density, scarcity of arboreal vegetation in the
public spaces and low number of green areas, mainly in the Zone North. In this manner, an
action fits more effective of the public administrations in the application of measures directed
toward magnifying of the public green areas and gentrification of those existing ones, in the
perspective to contribute for improvement of the environmental quality and the population
welfare.
KEY WORD: urban environment - indexs of publics green areas - quality of life.
1. INTRODUÇÃO
2. MATERIAIS E MÉTODO
Para calcular o índice de área verde pública/hab de Aracaju, foi multiplicado o valor do
ISE pelo número total de árvores contabilizadas das áreas verdes públicas (AVP), resultando na
área de cobertura vegetal (ACV) 1. Assim, utilizou-se este resultado na divisão pelo número de
habitantes existente em cada bairro, e posteriormente, foi efetuado o cálculo englobando toda a
cidade.
O procedimento metodológico proposto por Jantzen (1973) apud Harder et al. (2006) na
realização do estudo da cobertura vegetal de Vinhedo-SP, foi utilizado como subsídio para
aplicação da fórmula de obtenção do IAVP/hab de Aracaju, a qual está distinguida a seguir:
1 - A área de cobertura vegetal (ACV) corresponde à quantidade total de massa verde (m2 ou km2) proveniente da
cobertura das copas de um conjunto de indivíduos arbóreos em um determinado local, que podem ser obtida através
de imagens cartográficas, ou do clinômetro digital com a trena métrica.
Empresa Municipal de Urbanização (EMURB) associado também ao uso do Mapa Oficial do
Município de Aracaju (SEPLAN, 2004). Desse modo, a associação das representações
cartográficas tornou-se favoráveis a realização dos trabalhos de campo.
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
ARACAJU - BAIRROS
Figura 04- Vista central da Praça Tobias Figura 05 – Praça dos Expedicionários,
Barreto, bairro São José (Zona Sul). bairro Getúlio Vargas (Zona Norte).
Fonte: Trabalho de campo, 2007. Fonte: Trabalho de campo, 2006.
INFERIOR A 40m²
40 - 60m²
60 - 80m²
80 - 100m²
100 - 120m²
ESCALA GRÁFICA
0 2 4
Figura 06 - Mapa dos índices de sombreamento específico das áreas verdes públicas de
Aracaju.
Fonte: Trabalhos de campo, 2006/2007. Base cartográfica: PMA, 2004
IAV/Hab
INFERIOR A 0,5m²/hab
0 2 4
Figura 07 – Mapa dos índices de áreas verdes públicas por habitantes dos bairros de Aracaju.
Fonte: Trabalhos de campo, 2006/2007. Base cartográfica: PMA, 2004
Santo Antônio alcançaram índices superiores a 0,50 m2/hab, haja vista que são os bairros
que possuem maior quantidade de vegetação arbórea, associados a um maior número de
espaços públicos.
Já na Zona Sul, embora os resultados estejam muito aquém dos valores apontados
como ideal, constatou-se melhores índices em relação à Zona Norte. Os bairros São José,
Inácio Barbosa, Treze de Julho e Aeroporto se destacam pela obtenção de índices acima de
1,50m2/hab, diferindo-se da maioria que se concentra na segunda classe cartográfica do
mapa.
Nos bairros Farolândia, Luzia, Ponto Novo e Grajeru, por possuir muitas praças e
canteiros, registraram-se uma quantidade de árvores bem superior à maioria dos outros
bairros, mas o forte adensamento populacional associado aos resultados não expressivos
dos índices de sombreamento específico, influiu também no ínfimo índice de áreas verdes
públicas/hab.
O número de árvores nos bairros São Conrado, Pereira Lobo e Suíça resultou em
uma inexpressiva área de cobertura vegetal, influindo negativamente nos resultados do
IAVP’s/hab que não chegou alcançar nem 0,5m2/hab, além dos bairros desprovidos de
áreas verdes públicas, localizados em sua maioria em torno da periferia da cidade.
As praças, os canteiros e os parques públicos possuem valores culturais muito
importantes na formação e exercício da cidadania, uma vez que influenciam na interação
entre os moradores de um lugar, contribuindo para o bem estar humano. Entretanto, a
expansão do ambiente urbano, marcado pelo forte adensamento populacional veio e
continua desgastando os laços sociais, na medida em que reprime esses locais públicos,
tornando-se cada vez mais inviáveis para brincadeiras infantis e atividades recreativas, com
o advento das novas configurações nas relações sociais.
Nos espaços públicos, a ausência do verde associado à impermeabilidade do solo,
torna o ambiente aquecido, minimizando o potencial de atratividade para aqueles que
costumam frequentar, descansar, conversar, circular ou exercer outro tipo de atividade
recreativa. Como assim pode ser observado nas praças (figuras 09 e 10) de bairros da Zona
Norte, onde não foram consideradas nesta pesquisa como áreas verdes urbanas públicas.
Fig. 10 – Praça Acrísio Cruz, Conjunto Fig. 11 – Praça Deputado Pedro Barbosa
Augusto Franco (bairro Farolândia). de Andrade situada no bairro Farolândia.
Fonte: Trabalho de campo, 2007. Fonte: Trabalho de campo, 2007.
DISTRIBUIÇÃO FITOGEOGRÁFICA %
Periférica
17%
Dispersa
51%
Centralizada
32%
Resende et al (2006) ressalta que embora o oiti pertença à flora nativa da Floresta
Atlântica, nem todos os espécimes presentes no Centro da cidade constituem
remanescentes da outrora vegetação, pois muitas foram implantadas na década de 1980, por
meio de projetos de arborização urbana. Ainda sobre o oiti, Lorenzi (1998) afirma que: “A
árvore fornece ótima sombra, sendo por isso preferida para o plantio em praças, jardins,
ruas e avenidas, principalmente nas cidades do Norte do país e de regiões litorâneas”.
Já o sombreiro é uma vegetação rústica que se desenvolve rapidamente, originária
do Norte brasileiro. O sombreiro é indicado na arborização urbana em virtude de sua
contribuição para beleza cênica da paisagem, embora não seja uma espécie tão favorável ao
sombreamento, pois ela permite uma maior infiltração dos raios solares, visto que as folhas
não estão bem dispostas ou condensadas a ponto de fechar o dossel da árvore. O que difere
da amendoeira, do oiti e do fícus que apresentam uma copa condensada, proporcionando
um melhor sombreamento.
O Ficus ssp. é outra espécie originária da Ásia tropical que vem sendo muito
difundida por ser propícia a ornamentação, mas esta expansão vem sendo priorizada frente
a exclusão de outras espécies também importantes na arborização das áreas verdes urbanas.
Ainda assim, o plantio desta espécie não adequado em solos próximos das áreas
impermeáveis, principalmente nas calçadas, devido à agressividade das raízes. Não se deve
relegar a importância da diversidade fitogeográfica nos planejamentos de arborização, pois
possibilita, dentre outras funções, o abrigo da fauna, contribuindo para diminuição da
instabilidade ecossistêmica, melhorando a qualidade ambiental.
Outras espécies arbóreas foram constatadas em diversas áreas verdes, mas foram
classificadas como de menor ocorrência pelo baixo número de indivíduos quando
comparado aquelas de maior freqüência, dentre elas: o neem (Azadirachta indica), com 79
indivíduos; a mangueira (Mangifera inica L.), com 60; o cajueiro (Anacardium occidentale
L), com 42; flamboyant (Delonix regia), com 28; a algaroba (Prosopis juliflora), com 16 e
tento carolina (Adenanthera pavonina), com 13 indivíduos.
Portanto, a densidade e diversidade fitogeográfica fazem-se necessária no
planejamento ambiental de arborização urbana, desde que os indivíduos arbóreos não se
desenvolvam em estado de competição, pois áreas verdes públicas não são florestas, até
porque é primordial um espaçamento adequado entre as árvores para a livre circulação e
freqüência da população. Mas, este não é o problema central de Aracaju, pelo contrário, a
escassez de indivíduos arbóreos é quem vem comprometendo a conservação das áreas
verdes públicas da cidade, afetando a qualidade ambiental, a ponto de necessitar a
ampliação da área de cobertura vegetal dos locais públicos associado à conservação dos
remanescentes não devastados pela ação antrópica.
4. CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS