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Introdução Sistema de Controle em Malha Fechada Malhas de Controle em Tempo Discreto Estrutura e Implementação de Contro

ECAC02 – Controle Clássico

Universidade Federal de Itajubá

Instituto de Engenharia de Sistemas e Tecnologia da Informação

Aula 01
Fundamentos de Sistemas de Controle em Malha Fechada

Prof. Caio Fernandes de Paula


caiofernandes@unifei.edu.br

1◦ Semestre de 2018

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Introdução Sistema de Controle em Malha Fechada Malhas de Controle em Tempo Discreto Estrutura e Implementação de Contro

Introdução
Nesta aula veremos certas caracterı́sticas que sistemas de controle em malha fechada de-
vem possuir. Embora outros sistemas de controle possam possuir outras caracterı́sticas,
as mais gerais são:
Estabilidade: deseja-se que o sistema de controle responda de maneira controlada
quando excitado por entradas ou condições iniciais. Um sistema que não é estável
é, na prática, inútil.
Sensibilidade: como nenhum modelo de qualquer sistema fı́sico disponı́vel é exato,
é desejado saber como o sistema de comporta em face de variações de parâmetros
conhecidas acerca do modelo. Deseja-se, portanto, que o sistema de controle seja
insensı́vel à tais variações.
Distúrbio: qualquer sistema fı́sico possui entradas indesejadas que tendem a per-
turbar a sua resposta. Tais entradas são conhecidas como distúrbios, e é desejado
que o sistema os rejeitem quando ocorrem.
Erro em Regime Permanente: quando comandamos um sistema de controle com
uma determinada entrada de referência, é possı́vel que a saı́da não seja exatamente
igual a essa entrada em regime permanente. Esta diferença é conhecida como
erro em regime permanente.
Resposta Transitória: sabemos que a resposta apresentada pelo sistema que
independe da entrada é conhecida como resposta natural. Se o sistema é estável,
chamamos esta resposta então de transiente (ou transitória). Em muitos casos é
desejado mudar também esta resposta.
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Sistema de Controle em Malha Fechada


Um sistema de controle em malha fechada utiliza-se da medida
da saı́da para ajustar a próxima ação sobre o processo, em um
conceito denominado realimentação negativa.

Uma informação de erro é gerada ao se comparar uma dada


referência (paradigma a ser atingido) com a saı́da da planta
de processo, medida através do sensor. O erro é processado
pelo controlador (ou compensador), que por sua vez será o
responsável por atuar sobre a planta por meio da geração de
um sinal de controle (variável manipulada), de forma a atingir
a resposta desejada.
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Sistema de Controle em Malha Fechada

Assim, é possı́vel modificar o comportamento em malha fe-


chada de um sistema dinâmico linear e invariante no tempo
manipulando as funções de transferência dos blocos.

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Sistema de Controle em Malha Fechada

Na figura anterior, temos que:


GP (s) é a função de transferência da planta a ser contro-
lada (planta de processo), eventualmente junto com seus
atuadores.
GC (s) é a função de transferência do compensador (ou
controlador).
H(s) é a função de transferência do sensor.
R(s) é a transformada de Laplace do sinal de entrada de
referência em unidade elétrica (geralmente tensão).
Y (s) é a transformada de Laplace do sinal de saı́da da
planta de processo (variável a ser controlada).
U(s) é a transformada de Laplace do sinal de comando
(controle) para a planta (variável manipulada).

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Sistema de Controle em Malha Fechada

O erro, na realidade, é melhor definido como sendo a diferença entre a


entrada de referência Ru (s) – o paradigma que se deseja para a saı́da, na
mesma unidade da saı́da – e a saı́da do sistema a ser controlado

E (s) = Ru (s) − Y (s) .

Observe que, a menos que H(s) = 1, o erro não é um sinal interno à malha!
Quando H(s) = 1, tem-se o que chamamos de realimentação unitária. O
diagrama de blocos de um sistema com realimentação unitária é o seguinte:

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Sistema de Controle em Malha Fechada

O sensor é o sistema responsável por “traduzir” a informação acerca da


saı́da da planta em um sinal elétrico, uma vez que implementamos malhas
de controle com componentes eletrônicos (sejam analógicos ou digitais).
Logo, a unidade da função de transferência do sensor é sempre [unidade
elétrica / unidade da saı́da da planta].
Sensores podem possuir uma dinâmica própria, ou seja, a saı́da do sensor
(unidade elétrica) em função da entrada do sensor (unidade da saı́da da
planta) é regida por uma equação diferencial. Logo, podemos obter uma
função de transferência H(s) do sensor.
Na grande maioria das vezes, escolhemos o sensor de forma que sua largura
de banda seja muito maior que a largura de banda da planta. Em outras
palavras, escolhemos sensores que respondem muito mais rápido (a res-
posta transiente desaparece muito mais rapidamente) que a planta. Sendo
assim, “desprezamos” o transitório do sensor e consideramos apenas o seu
ganho dc Hk , dado por:
Hk = lim H(s) .
s→0

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Sistema de Controle em Malha Fechada


Como veremos adiante, é sempre mais simples de se trabalhar com re-
alimentação unitária, pois isto simplifica bastante a análise e projeto de
sistemas de controle. Desta maneira, quando o sensor pode ser modelado
por um ganho dc Hk , é possı́vel converter um sistema de controle com re-
alimentação não-unitária em um com realimentação unitária, da seguinte
forma:

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Sistema de Controle em Malha Fechada

É fácil notar que para ambos os diagramas de blocos anteriores, a função


de transferência em malha fechada T (s) é dada por:

Y (s) GC (s)GP (s)


T (s) = = .
R(s) 1 + GC (s)GP (s)Hk

A função de transferência GC (s)GP (s) é conhecida como função de trans-


ferência do ramo direto, enquanto que a função de transferência GC (s)GP (s)H(s)
é conhecida como função de transferência da malha aberta, geralmente de-
notada por L(s).
Analisando-se a função de transferência do ramo direto, poderı́amos fazer
GC (s) = GP −1 (s), e então terı́amos que Y (s) = R(s), ou seja, a saı́da
é igual à entrada de referência e responde instantaneamente. Terı́amos
então o “controle perfeito”! Sendo assim, por que realimentar?
Distúrbios;
Incerteza acerca do modelo da planta;
Ordem do controlador.

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Sistema de Controle em Malha Fechada

Postulado de Ziegler e Nichols


É importante considerar o controlador e a planta como uma uni-
dade na aplicação de uma malha de controle. O seu desempenho é
atribuı́do à unidade, tanto a um quanto ao outro. Um controlador
simples terá um desempenho aceitável caso a planta possua uma
dinâmica bem comportada. Mas, um controlador elaborado será
exigido para um desempenho aceitável caso a planta possua uma
dinâmica mal comportada.

As finalidades de uma malha de controle são:


1 Estabilidade;
2 Rejeitar distúrbios;
3 Diminuir a sensibilidade às variações de parâmetros;
4 Modificar a resposta transiente;
5 Diminuir ou mesmo eliminar o erro em regime permanente.
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Malhas de Controle em Tempo Discreto

Um sistema de controle em malha fechada a dados amostrados possui o


seguinte diagrama de blocos:

A derivação de funções de transferência para sistemas a tempo discreto


é um processo mais complexo do que para sistemas a tempo contı́nuo,
conforme veremos a seguir. Iremos considerar que todo sistema após um
amostrador ideal possui um reconstrutor de dados (em geral, um retentor
de ordem zero).

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Malhas de Controle em Tempo Discreto

Dado o diagrama de blocos de um sistema a tempo discreto em malha


aberta

vimos que o sinal de saı́da Y (s) da malha aberta com um amostrador ideal

Y (s) = G (s)E ∗ (s) ;
Tomando então a Transformada Estrela da saı́da, temos que

Y ∗ (s) = G ∗ (s)E ∗ (s) −→ Y (z) = G (z)E (z) ,

e logo a função de transferência pulsada deste sistema é


Y (z)
G (z) =
E (z)

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Malhas de Controle em Tempo Discreto


Para uma malha descrita pela figura a seguir, qual deveria ser a Transformada
Estrela do sinal de saı́da Y ∗ (s)?

Determinando primeiro o sinal A∗ (s), temos que A(s) é


A(s) = G1 (s)E ∗ (s) ,
e aplicando-se a Transformada Estrela na equação acima, temos
A∗ (s) = G1 ∗ (s)E ∗ (s) −→ A(z) = G1 (z)E (z) ;
Determinando agora o sinal Y ∗ (s), temos que Y (s) é
Y (s) = G2 (s)A∗ (s) ,
e aplicando-se a Transformada Estrela na equação acima, temos
Y ∗ (s) = G2 ∗ (s)A∗ (s) −→ Y (z) = G2 (z)A(z) ;
Finalmente, vemos que a função de transferência pulsada será
Y (z)
Y (z) = G2 (z)G1 (z)E (z) −→ = G2 (z)G1 (z) .
E (z)

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Malhas de Controle em Tempo Discreto

Agora considere a malha a seguir:

Para determinar Y ∗ (s), temos

Y (s) = G2 (s)G1 (s)E ∗ (s) ,

e aplicando-se a Transformada Estrela na equação acima, temos

Y ∗ (s) = [G2 (s)G1 (s)]∗ E ∗ (s) ;

Logo
Y (z)
Y (z) = G2 G1 (z)E (z) −→ = G2 G1 (z) ,
E (z)
onde a barra sobre o produto acima indica que o produto deve ser feito
primeiro em s antes da Transformada-z ser empregada.

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Malhas de Controle em Tempo Discreto

Comparando este sistema com o anterior, fica claro que são malhas dife-
rentes, e portanto concluı́mos que em geral

G2 G1 (z) 6= G1 (z)G2 (z) ,

ou seja, a função de transferência pulsada de um produto de funções de


transferência a tempo contı́nuo (em s) não é o produto das funções de
transferência pulsadas de cada sistema a tempo contı́nuo separadamente;
Sem perda de generalidade, considere que G2 (s) = GP (s), ou seja, a planta
numa malha de controle, e que G1 (s) = GC (s), ou seja, o controlador. Isto
nos diz que não podemos simplesmente fazer o projeto do compensador em
tempo contı́nuo e após isso discretizá-lo, esperando o mesmo desempenho
que em tempo contı́nuo!
No entanto, é possı́vel fazer a análise do sistema de controle a tempo
contı́nuo sob a ótica de um sistema de controle em tempo discreto (ou
seja, como um sistema a tempo contı́nuo se comporta quando amostrado),
considerando-se GP (s)GC (s) (planta e controlador) como apenas um bloco.

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Malhas de Controle em Tempo Discreto

Agora considere a malha a seguir:

Para determinar Y ∗ (s), temos

Y (s) = G2 (s)A∗ (s) ,

e
A(s) = G1 (s)E (s) ;
A transformada estrela de A(s) é

A∗ (s) = G1 E (s) ,

e portanto

Y ∗ (s) = G2 ∗ (s)G1 E (s) ;

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Malhas de Controle em Tempo Discreto

Finalmente, temos que

Y (z) = G2 (z)G1 E (z) ;

Para este sistema não é possı́vel determinar uma função de


transferência pulsada, uma vez que não conseguimos fatorar
E (z) fora de G1 E (z). Em geral, quando a entrada de um
sistema a dados amostrados é aplicada diretamente à uma parte
contı́nua deste sistema antes de ser amostrada, não é possı́vel
obter uma função de transferência pulsada!

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Malhas de Controle em Tempo Discreto


Agora vamos considerar o caso em que a malha apresenta um filtro digital
D(z):

Por definição, podemos escrever D(z) = D ∗ (s), logo

Y (s) = G (s) D ∗ (s)E ∗ (s) = G (s)A∗ (s) ;


| {z }
A∗ (s)

Aplicando-se a Transformada Estrela em Y (s), temos

Y ∗ (s) = G ∗ (s)A∗ (s) −→ Y (z) = G (z)A(z) ;

Como A(z) = D(z)E (z), finalmente temos que:


Y (z)
Y (z) = G (z)D(z)E (z) −→ = G (z)D(z) .
E (z)

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Malhas de Controle em Tempo Discreto

Logo, a função de transferência pulsada é G (z)D(z);


Esta última malha é grande interesse para nós, uma vez que o amostrador
representa o conversor A/D, o filtro digital D(z) representará o bloco con-
trolador discreto e G (s) contém o retentor de ordem zero, que representa
o conversor D/A. É importante notar que o conjunto completo dos três
(amostrador ideal, D(z) e retentor de ordem zero) modela com precisão o
ADC, filtro digital e DAC.

Exemplo 1.1
Encontre a função de transferência pulsada do seguinte sistema a dados amos-
trados, na qual o filtro D(z) é descrito pela seguinte equação à diferenças:
m(k) = 2e(k) − e(k − 1).

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Malhas de Controle em Tempo Discreto


As funções de transferência pulsada em malha fechada podem ser encontradas
utilizando-se o mesmo procedimento para as funções em malha aberta, tomando-
se os devidos cuidados já vistos nos casos expostos;
Considere o seguinte sistema a dados amostrados em malha fechada:

O sinal de erro E (s) é dado por


E (s) = R(s) − Y (s) ;
Tomando a Transformada Estrela da equação acima, temos
E ∗ (s) = R ∗ (s) − Y ∗ (s) ;
No entanto, sabemos que Y ∗ (s) = G ∗ (s)E ∗ (s), logo:
E ∗ (s) = R ∗ (s) − G ∗ (s)E ∗ (s) ;
Logo, temos que:
1 E (z) 1
E ∗ (s) = R ∗ (s) −→ = .
1 + G ∗ (s) R(z) 1 + G (z)
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Malhas de Controle em Tempo Discreto

Resolvendo para Y (z), temos


Y ∗ (s) 1
= R ∗ (s)
G ∗ (s) 1 + G ∗ (s)

G ∗ (s)
Y ∗ (s) = R ∗ (s) ;
1 + G ∗ (s)
Logo, temos
Y (z) G (z)
= ;
R(z) 1 + G (z)
Neste sistema, aplicamos a Transformada Estrela na equação do erro dire-
tamente porque não há nenhuma função na realimentação;
Em geral, não devemos aplicar a Transformada Estrela em uma equação
se um sinal do sistema é perdido como fator (não há como “colocá-lo em
evidência”).

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Malhas de Controle em Tempo Discreto


Considere o seguinte sistema a dados amostrados em malha fechada:

O sinal de erro E (s) é dado por:

E (s) = R(s) − H(s)Y (s) ;

Tomando a Transformada Estrela da equação acima, temos



E ∗ (s) = R ∗ (s) − HY (s) ;

No entanto, sabemos que Y ∗ (s) = G ∗ (s)E ∗ (s), logo



 
Y ∗ (s) = G ∗ (s) R ∗ (s) − HY (s)

Y ∗ (s) = G ∗ (s)R ∗ (s) − G ∗ (s)HY (s) ;
Na equação acima, a menos que H(s) seja uma constante, é impossı́vel fatorar

Y ∗ (s) fora de HY (s)!
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Malhas de Controle em Tempo Discreto

Isso pode ser facilmente resolvido se substituirmos Y (s) = G (s)E ∗ (s) na equação
do erro E (s) e tomarmos então a transformada estrela

E (s) = R(s) − H(s)G (s)E ∗ (s)


E ∗ (s) = R ∗ (s) − HG (s)E ∗ (s) ;
Então, teremos
1
E ∗ (s) = ∗ R ∗ (s)
1 + HG (s)
G ∗ (s)
Y ∗ (s) = ∗ R ∗ (s) ;
1 + HG (s)
E, por consequência
E (z) 1
=
R(z) 1 + HG (z)
Y (z) G (z)
= .
R(z) 1 + HG (z)

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Malhas de Controle em Tempo Discreto

Exemplo 1.2
Determine as funções de transferência pulsada E (z)/R(z) e Y (z)/R(z) do
sistema a dados amostrados em malha fechada dada pela figura a seguir.

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Estrutura e Implementação de Controladores Analógicos

O controlador (ou compensador) representa um papel impor-


tante em uma malha de controle, pois é o responsável por “pro-
cessar” uma informação a respeito da planta, no caso, o erro
proveniente entre a referência desejada (o paradigma) e a saı́da
medida, e gerar uma ação de controle capaz de corrigir ou apri-
morar o desempenho da planta.
Existem, basicamente, duas classes ou estruturas de controla-
dores amplamente utilizados: o controlador PID (e suas vari-
antes) e o controlador Avanço de Fase/Atraso de Fase (Phase
Lead/Phase Lag ).
Vamos denotar a entrada do controlador como e e a saı́da do
controlador como u. Veremos então como implementar (cons-
truir) fisicamente tais controladores com componentes eletrônicos
(resistores, capacitores e amp-ops).

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Controlador P

O controlador P, ou controlador proporcional, é o controlador


mais simples encontrado. A ação de controle u, denominada
então ação de controle proporcional, é dada por

u(t) = KP e(t) ,

onde KP é conhecido como ganho proporcional.


No domı́nio de Laplace, tem-se que

U(s)
U(s) = KP E (s) =⇒ = GC (s) = KP .
E (s)

A utilização deste controlador é bastante limitada, uma vez que


ele é um controlador estático.

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Controlador P

U(s) R4 R2 R2 R4
= =⇒ KP = .
E (s) R3 R1 R1 R3

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Controlador I

O controlador I, ou controlador integral, é na realidade um


integrador puro (ideal). A ação de controle u, denominada
então ação de controle integral, é dada por
Z t
u(t) = KI e(τ )dτ ,
0

onde KI é conhecido como ganho integral.


No domı́nio de Laplace, tem-se que

KI U(s) KI
U(s) = E (s) =⇒ = GC (s) = .
s E (s) s

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Controlador I

U(s) R4 1 R4
= =⇒ KI = .
E (s) R3 R1 C2 s R 1 R 3 C2

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Controlador I
O integrador puro não deve ser implementado fisicamente desta maneira uma
vez que para baixas frequências a ação de controle tende ao infinito, saturando
o amp-op. Geralmente, coloca-se um resistor Ri em paralelo ao capacitor C2 de
forma a limitar a ação integral em baixas frequências.

U(s) R4 1
= .
E (s) R3 R1
R1 C2 s +
Ri 30 / 77
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Controlador D

O controlador D, ou controlador derivativo, é na realidade um


derivador puro (ideal). A ação de controle u, denominada então
ação de controle derivativa, é dada por
d
u(t) = KD e(t) ,
dt
onde KD é conhecido como ganho derivativo.
No domı́nio de Laplace, tem-se que

U(s)
U(s) = KD sE (s) =⇒ = GC (s) = KD s .
E (s)

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Controlador D

U(s) R4 R 2 R 4 C1
= R 2 C1 s =⇒ KD = .
E (s) R3 R3

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Controlador D
O derivador puro não deve ser implementado fisicamente desta maneira uma vez
que para altas frequências a ação de controle tende ao infinito, saturando o amp-
op. Geralmente, coloca-se um resistor Rd em série ao capacitor C1 de forma a
limitar a ação derivativa em altas frequências.

U(s) R4 R2 C1 s
= .
E (s) R3 Rd C1 s + 1

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Controlador PI

O controlador PI, ou controlador proporcional-integral, possui


tanto as ações de controle proporcional quanto integral. A ação
de controle u é dada por:
Z t
u(t) = KP e(t) + KI e(τ )dτ .
0

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Controlador PI

O controlador PI, ou controlador proporcional-integral, possui


tanto as ações de controle proporcional quanto integral. A ação
de controle u é dada por:
Z t
u(t) = KP e(t) + KI e(τ )dτ .
0

No domı́nio de Laplace, tem-se que:

KI U(s) KI
U(s) = KP E (s)+ E (s) =⇒ = GC (s) = KP + .
s E (s) s

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Controlador PI

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Controlador PI

U(s) R4 R2 R4 1
= + .
E (s) R3 R1 R3 R1 C2 s

R2 R4
KP = .
R1 R3

R4
KI = .
R 1 R 3 C2

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Controlador PI

Outra forma de definir o controlador PI é em termos de um


ganho proporcional KP e um tempo de integração TI
 
1
GC (s) = KP 1 + .
TI s

Logo, tem-se que


KP
TI = [s] .
KI
E, por consequência
 
R2 R4 1
GC (s) = 1+ .
R1 R3 R2 C2 s

Logo
TI = R2 C2 [s] .
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Controlador PI

O inverso de TI é por vezes definido como taxa de restabelecimento, e indica


quantas vezes a parte proporcional da ação de controle é duplicada a cada minuto,
sendo geralmente medida em repetições por minuto.
A interpretação da ação de controle proporcional-integral pode ser vista na figura
abaixo, na qual é aplicado um degrau unitário em e(t) (vermelho) e tem-se a
saı́da u(t) para um controlador P e um PI.

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Controlador PD

O controlador PD, ou controlador proporcional-derivativo, pos-


sui tanto as ações de controle proporcional quanto derivativa.
A ação de controle u é dada por:
d
u(t) = KP e(t) + KD e(t) .
dt
No domı́nio de Laplace, tem-se que:

U(s)
U(s) = KP E (s)+KD sE (s) =⇒ = GC (s) = KP +KD s .
E (s)

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Controlador PD

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Controlador PD

U(s) R4 R2 R4
= + R2 C1 s .
E (s) R3 R1 R3

R2 R4
KP = .
R1 R3

R2 R4 C1
KD = .
R3

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Controlador PD

Outra forma de definir o controlador PD é em termos de um


ganho proporcional KP e um tempo de derivação TD

GC (s) = KP (1 + TD s) .

Logo, tem-se que:


KD
TD = [s] .
KP
E, por consequência
R2 R4
GC (s) = (1 + R1 C1 s) .
R1 R3
Logo
TD = R1 C1 [s] .

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Controlador PD

A ação derivativa é também frequentemente chamada de controle de taxa e


tem caráter antecipatório. Em outras palavras, o tempo de derivação significa
em quanto tempo a ação proporcional-derivativa se antecipa em relação à ação
proporcional.
A interpretação da ação de controle proporcional-derivativa pode ser vista na
figura abaixo, na qual é aplicado uma rampa unitária em e(t) e tem-se a saı́da
u(t) para um controlador P e um PD.

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Controlador PID

O controlador PID, ou controlador proporcional-integral-derivativo,


possui todas as três ações de controle vistas anteriormente atu-
ando em conjunto. A ação de controle u é dada por
Z t
d
u(t) = KP e(t) + KI e(τ )dτ + KD e(t) .
0 dt

No domı́nio de Laplace, tem-se que


KI
U(s) = KP E (s) + E (s) + KD sE (s) .
s

U(s) KI
= GC (s) = KP + + KD s .
E (s) s

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Controlador PID

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Controlador PID

 
U(s) R4 R2 C1 R4 1 R4
= + + + R 2 C1 s .
E (s) R3 R1 C2 R3 R1 C2 s R3

 
R4 R2 C1
KP = + .
R3 R1 C2

R4
KI = .
R 1 R 3 C2

R2 R4 C1
KD = .
R3

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Controlador PID
Outra forma de definir o controlador PID é em termos de um
ganho proporcional KP e dos tempos de integração TI e de
derivação TD
 
1
GC (s) = KP 1 + + TD s .
TI s
Logo, tem-se que
KP KD
TI = TD = [s] .
KI KP
Logo
TI = R1 C1 + R2 C2 [s] .

R1 R2 C1 C2
TD = [s] .
R 1 C1 + R 2 C2
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Controlador PID
O controlador PID, da forma como foi definido anteriormente, não oferece a
possibilidade de designar os três parâmetros de forma independente (um deles
irá ficar amarrado aos outros dois). Uma maneira de corrigir isso é utilizar uma
estrutura em circuito eletrônico mais similar à sua definição, como mostra a figura
abaixo.

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Controlador PID

 
U(s) R6 R2 1
= + + R4 C2 s .
E (s) R5 R1 R3 C1 s

R2 R6
KP = .
R1 R5

R2 R3 C1 R6
TI = =⇒ KI = .
R1 R3 R5 C1

R1 R4 C2 R4 R6 C2
TD = =⇒ KD = .
R2 R5

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Controlador PID

A interpretação da ação de controle proporcional-integral-derivativa


pode ser vista na figura abaixo, na qual é aplicado uma rampa
unitária em e(t) e tem-se a saı́da u(t) para um controlador P,
um PD e um PID.

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Controlador Avanço de Fase/Atraso de Fase


A estrutura, no domı́nio de Laplace, de um controlador Avanço
ou Atraso de Fase (Lead/Lag ) é dada por
a1
s +1
U(s) a1 s + a0 a0
= GC (s) = = a0 ,
E (s) b1 s + 1 b1 s + 1
onde o ganho a0 é conhecido como ganho dc e os parâmetros
a1 e b1 são reais e positivos.
Outra forma bastante conhecida do controlador Lead/Lag é
U(s) τz s + 1
= GC (s) = KC .
E (s) τp s + 1
Os controladores Lead/Lag, por sua natureza, são bastante uti-
lizados em situações onde não é necessário incluir polo na ori-
gem e ação derivativa é proibida.
O controlador será Avanço de Fase se τz > τp e será Atraso de
Fase se τz < τp .
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Controlador Avanço de Fase/Atraso de Fase

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Controlador Avanço de Fase/Atraso de Fase

U(s) R 4 R 2 R 1 C1 s + 1
= .
E (s) R 3 R 1 R 2 C2 s + 1

R2 R4
KC = .
R1 R3

τz = R1 C1 .

τp = R2 C2 .

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Controlador Avanço-Atraso de Fase

O controlador Avanço-Atraso de Fase é uma cascata de dois


controladores, sendo um Avanço de Fase e o outro Atraso de
Fase. A estrutura, no domı́nio de Laplace, é dada por:

U(s) τz s + 1 τz2 s + 1
= GC (s) = KC 1 .
E (s) τp1 s + 1 τp2 s + 1

Como veremos adiante na disciplina, a parte avanço de fase é


importante para atingir um determinado objetivo enquanto que
a parte atraso de fase é importante para outro. Logo, caso as
duas partes sejam necessárias, lança-se mão de um controlador
Avanço-Atraso de Fase.

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Controlador Avanço de Fase-Atraso de Fase

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Controlador Avanço-Atraso de Fase

U(s) R6 R4 (R1 + R3 )C1 s + 1 R2 C2 s + 1


= .
E (s) R5 R3 R1 C1 s + 1 (R2 + R4 )C2 s + 1

R4 R6
KC = .
R3 R5

τz1 = (R1 + R3 )C1 .

τp1 = R1 C1 .

τz2 = R2 C2 .

τp2 = (R2 + R4 )C2 .

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Estrutura e Implementação de Controladores Digitais

Controladores analógicos são capazes, por natureza, de oferecer um controle


“melhor” que os digitais. Mas por que foram sendo substituı́dos ao longo dos
anos?
Precisão: sinais representados discretamente através de uma palavra de
12 bits tem erro muito pequeno comparado aos sinais contı́nuos que estão
sujeitos a ruı́dos e derivas da fonte de alimentação;
Erros de Implementação: erros de aritmética digital são menores se com-
parados aos erros de tolerância de componentes contı́nuos;
Flexibilidade: controlador analógico é de difı́cil reconfiguração. O contro-
lador digital é, na essência, um conjunto de programas e dados que ficam
registrados na memória de um circuito digital;
Velocidade: diminuição cada vez mais drástica do tempo de processamento
de circuitos digitais;
Custo: popularização dos circuitos integrados e novas técnicas de fa-
bricação proporcionaram componentes mais baratos, rápidos e confiáveis.

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Estrutura e Implementação de Controladores Digitais

Exemplos de dispositivos processadores que fazem parte de um con-


trolador digital:
Circuitos digitais/FPGAs;
Microprocessadores/Microcontroladores;
Computadores;
Controladores Lógicos Programáveis;
Arquiteturas especı́ficas: DSPs, Single-Loops, Multi-Loops, SDCDs,
etc.

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Estrutura e Implementação de Controladores Digitais


Suponha que um controlador discreto possua a seguinte função de trans-
ferência
U(z) bn z n + bn−1 z n−1 + . . . + b1 z + b0
= n .
E (z) z + an−1 z n−1 + . . . + a1 z + a0
Reescrevendo a equação anterior, mas agora em potência negativas de z
U(z) bn + bn−1 z −1 + . . . + b1 z −n+1 + b0 z −n
= .
E (z) 1 + an−1 z −1 + . . . + a1 z −n+1 + a0 z −n
Utilizando a propriedade do deslocamento temporal da Transformada-z
para reescrever o controlador como uma equação à diferenças, tem-se

u(k) = −an−1 u(k − 1) − . . . − a1 u(k − n + 1) − a0 u(k − n)+


bn e(k) + bn−1 e(k − 1) + . . . + b0 e(k − n) .
Observe que, por se tratar de uma aplicação em tempo real, o controlador
deve ser causal (e por isso não depende de instantes futuros do erro e), e
se ao menos um dos coeficientes ai é diferente de zero então o controlador
é dinâmico (com memória).
Uma vez que circuitos digitais somente podem operar com sinais discretos,
todo controlador digital é, na essência, um controlador discreto.
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Estrutura e Implementação de Controladores Digitais

Exemplo de uma rotina para implementação de um controlador digital:


1 Inicialização do sistema;
2 Inicialização das variáveis;
3 Leitura do conversor A/D (obter y (k));
4 Definição da referência (definir r (k));
5 Cálculo do erro no instante atual (e(k) = r (k) − y (k));
6 Implementação da equação à diferenças do controlador (obter u(k));
7 Escrever u(k) no conversor D/A;
8 Atualizar variáveis (exemplo: u(k − 1) recebe u(k), e assim por diante);
9 Implementar rotina de tempo com base no tempo de amostragem;
10 Enquanto sistema operar, voltar ao Passo 3.

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Modelar um sistema significa obter alguma representação, seja matemática,
gráfica, maquete, etc., que descreva como o sistema se comporta. Obvi-
amente, estamos interessados em conhecer o modelo matemático de um
sistema dinâmico. As três principais formas de se modelar matematica-
mente um sistema dinâmico são:
Modelagem Caixa Branca: ou modelagem conceitual. Implica em
conhecer as leis e fenômenos que regem o sistema;
Modelagem Caixa Preta: ou modelagem empı́rica. Implica em obter
um modelo a partir de dados de medições das entradas e saı́das;
Modelagem Caixa Cinza: é um misto entre as duas anteriores. Pres-
supõe-se que haja um conhecimento à priori do sistema, o qual não
pode ser extraı́do dos dados.
As duas últimas técnicas também são conhecidas como Identificação de
Sistemas.
Por mais refinado e complexo que um modelo seja, ele nunca será capaz
de explicar com absoluta fidelidade o comportamento de um sistema real.
Veremos como modelar algumas plantas e processos industriais mais co-
muns em aplicações de sistemas de controle.
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Na modelagem de circuitos elétricos, utilizam-se as duas leis de Kirchoff


(Lei de Kirchoff para as correntes e Lei de Kirchoff para as tensões) e as leis
que determinam o comportamento tensão-corrente nos elementos básicos
passivos (Lei de Ohm no resistor, Lei de Faraday-Lenz no indutor, etc.)

v (t) = Ri(t) ;
˙
v (t) = Li(t) ;
i(t) = C v̇ (t) ;
Em circuitos elétricos é desejado saber o comportamento da corrente em
um indutor e da tensão em um capacitor em função dos sinais de entrada
externos, como fontes de tensão ou corrente.
A ordem da equação diferencial que modela o sistema é igual ao número
de elementos armazenadores de energia (capacitores e indutores) indepen-
dentes no circuito.

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Exemplo 1.3
Obter a equação diferencial e a função de transferência que modela
o seguinte circuito elétrico.

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Na modelagem de sistemas de nı́vel e térmicos, é possı́vel fazer


uma analogia destes sistemas com circuitos elétricos RC de
acordo com a tabela abaixo.

Circuito Elétrico Sistema de Nı́vel Sistema Térmico

Resistência Elétrica R Resistência ao Escoamento R Resistência Térmica R

Capacitância Elétrica C Capacitância de Reservatório C Capacitância Térmica C

Tensão Elétrica v Altura do Lı́quido h Temperatura do Lı́quido θ

Corrente Elétrica i Vazão de lı́quido q Fluxo de calor q

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Em um sistema de nı́vel, é desejado saber o comportamento do nı́vel de


lı́quido h(t) em função da vazão de entrada qi (t). Utilizando-se da analogia
com o capacitor, tem-se que a equação diferencial que relaciona o nı́vel com
as vazões é X X
C ḣ(t) = qi (t) − qo (t) ,
onde qo (t) é a vazão de saı́da do lı́quido.
Em sistemas de nı́vel cujo escoamento na saı́da é laminar (número de
Reynolds menor que 2000), tem-se uma lei que regula a vazão e altura
análoga à Lei de Ohm
h(t) = RL qo (t) .
Entretanto, se o escoamento for turbulento (número de Reynolds maior
que 3000 ou 4000), o que configura a maioria dos escoamentos reais, a lei
que regula vazão e altura depende de um termo não-linear
p
h(t) = RT qo (t) .

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Em um sistema térmico é desejado saber o comportamento da temperatura


do lı́quido θ(t) em função do fluxo de calor de entrada qi (t). Utilizando-se
da analogia com o capacitor, tem-se que a equação diferencial que relaciona
o nı́vel com fluxos de calor é
X X
C θ̇(t) = qi (t) − qo (t) ,

onde qo (t) é o fluxo de calor de saı́da.


Em sistemas térmicos, a transferência de calor por condução ou convecção
também é análoga à Lei de Ohm

θ(t) − θa (t) = Rqo (t) ,

onde θa representa a temperatura ambiente ou do outro lı́quido na qual


ocorre a transferência de calor.

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Exemplo 1.4
Obter a equação diferencial e a função de transferência que modela
o seguinte sistema de nı́vel. Suponha que o escoamento é laminar.

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Exemplo 1.5
Obter a equação diferencial e a função de transferência que modela
o seguinte sistema térmico.

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Em sistemas mecânicos translacionais (ou rotacionais), a modelagem é feita
utilizando-se como princı́pio a Segunda Lei de Newton (e sua variação para siste-
mas rotacionais), que diz que o somatório de forças (torques) que age sobre um
corpo é igual a sua massa M (momento de inércia J) vezes sua aceleração linear
a(t) (aceleração angular α(t))
X X
Ma(t) = f (t) ou Jα(t) = τ (t) .

É importante lembrar que


a(t) = v̇ (t) = ẍ(t) ou α(t) = ω̇(t) = θ̈(t) .
Para molas, tem-se a Lei de Hooke
f (t) = Kx(t) ou τ (t) = K θ(t) ,
onde K é o coeficiente da mola (ou coeficiente de torção elástica).
Para amortecedores, tem-se a Lei de atrito viscoso
f (t) = Bv (t) ou τ (t) = Bω(t) ,
onde B representa o coeficiente de atrito viscoso.
É importante observar que molas e amortecedores podem estar presos a dois
corpos distintos, e portanto deve-se atentar para o deslocamento (ou velocidade)
relativa entre os dois corpos.
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Exemplo 1.6
Obter a equação diferencial e a função de transferência que modela o seguinte sistema
mecânico translacional.

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Um servomotor é um motor DC desenvolvido especificamente


para ser usado em sistemas de controle.

O modelo do servomotor é composto por uma parte elétrica e


outra mecânica, na qual a conexão entre as duas partes se dá
através do campo magnético interno ao motor.
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As equações que ligam a parte elétrica com a mecânica são

em (t) = K1 φ(t)ω(t) ,

e
τ (t) = K2 φ(t)i(t) ,
onde
K1 e K2 são constantes construtivas da máquina;
τ (t) é o torque interno gerado pela motor;
φ(t) é fluxo produzido pelo circuito de campo.
Há máquinas de corrente contı́nua nas quais o controle é feito controlando-
se a corrente de campo, uma vez que φ(t) = Kf if (t), onde Kf é uma
constante e if (t) é a corrente de campo.
Entretanto, em servomotores em geral o circuito de campo é uma excitação
fixa permanente, como por exemplo um ı́mã, e o controle é feito pelo
circuito da armadura.

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Aplicando as propriedades da transformada de Laplace, tem-se


o diagrama de blocos abaixo:

Assim, a função de transferência do servomotor é dada por:

Ω(s) KT
G (s) = = 2
E (s) JLs + (BL + JR)s + (BR + KT KM )

KT
G (s) ≈
JRs + (BR + KT KM )

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Linearização

Se o comportamento de um sistema dinâmico não-linear for


razoavelmente linear em torno de um ponto de operação, é
possı́vel linearizar esse sistema por meio da expansão em série
de Taylor:

d d2 (x − x̄)2
f (x) = f (x̄) + f (x̄) (x − x̄) + 2 f (x̄) + ...
dx dx 2!
Truncando a série em uma expansão linear
d
f (x) − f (x̄) ≈ f (x̄) (x − x̄)
dx
d
f (x̂) ≈
f (x̄)x̂
dx
Dessa forma, as variações em torno do ponto de operação
(estável) podem ser analisadas de uma maneira linear.
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Linearização

Analisando o sistema de nı́vel para um escoamento turbulento


em torno do ponto de operação q̄ e h̄, tem-se

˙ 1
RT C ĥ(t) + √ ĥ(t) = RT q̂(t)
2 h̄
Uma vez que o sistema dinâmico se torna linear e invariante no
tempo, tem-se

Ĥ(s) RT
G (s) = =
Q̂(s) 1
RT Cs + √
2 h̄
Note que o comportamento dinâmico é altamente dependente
do ponto de operação escolhido, sendo mais linear (ou menos
linear) dependendo da altura h̄.
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Linearização

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