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Saiba Mais

DE ASSISTENTE SÓ O NOME (O ASSISTENTE DE DIREÇÃO)

Cada equipe tem um chefe responsável, um cabeça. Em cada uma das equipes, esse cabeça
atende pelo nome de diretor: diretor de arte, diretor de fotografia, diretor de produção.

No entanto, existe uma função no cinema que tem status de chefe de equipe, salário de chefe
de equipe, trabalho de chefe de equipe e não atende pela designação de diretor: é o
ASSISTENTE DE DIREÇÃO. Profissional que precisa unir a sensibilidade artística a um grande
apuro técnico e liderança, o assistente de direção está ligado à direção e à produção do filme.

Numa grande filmagem, sua equipe conta com, no mínimo, três assistentes. São funções
principais da equipe de assistência de direção:

Definir cada diária de filmagem, tendo por base o planejamento da produção. É o assistente de
direção quem define a ordem de filmagem das cenas, buscando a melhor configuração para
todos os núcleos. Realizar uma análise técnica do roteiro. O assistente de direção conhece
como ninguém cada detalhe do roteiro e sabe tudo o que é necessário para filmar uma cena.
Ele faz uma lista de todos os atores, técnicos, objetos e equipamentos que serão necessários
para gravar e repassa essas informações para os devidos núcleos. Trabalhar com o produtor de
set na definição de horários de início e fim de diária, além de planejar os horários de café,
almoço etc. Também cabe ao assistente de direção definir os locais onde podem ser colocados
equipamentos e onde podem estacionar carros e caminhões. Isso acontece porque o assistente
de direção conhece bem a decupagem do diretor e sabe o que a câmera vai captar. Dessa
forma, fica ao seu cargo zelar pela distribuição de coisas e pessoas no set. Preparar o kit básico
de produção: plano de filmagem, análise técnica e ordem do dia.

Cuidar do elenco, definindo ensaios e filmagens de acordo com a agenda de cada ator.

Além de tudo isso, o assistente de direção é o segundo olhar do diretor. Ele deve estar sempre
atento ao enquadramento, à atuação dos atores, ao trabalho dos figurantes e à continuidade
da cena. Caso algum problema passe batido pelos olhos do diretor, o assistente de direção
percebe.

Alguns diretores gostam muito de trabalhar em parceria com o assistente de direção,


ampliando ainda mais suas funções. Nesse caso, o assistente pode opinar sobre a decupagem e
a atuação dos atores, formando, com o diretor, o diretor de arte e o fotógrafo, um quarteto na
criação das imagens

Como se faz Cinema - Parte 1: Funções e equipe

Categoria: Técnica Cinematográfica

Publicado em Segunda, 22 Setembro 2008 07:55


Escrito por Filipe Salles

Acessos: 111934

O Cinema é, antes de mais nada, uma arte coletiva. Não se faz cinema sozinho. Para todos
aqueles que gostam de lidar com imagens mas preferem o trabalho solitário, podem escolher à
vontade outras artes, que sem dúvida não deixarão de suprir necessidades similares.

Temos a fotografia, a pintura, a escultura, o design e até a literatura, se considerarmos que as


palavras geram imagens em nossa mente (e a imensa maioria dos filmes são adaptados de
originais literários). Mas, uma vez escolhida atividade cinematográfica, é fundamental ter em
mente que iremos trabalhar com muitas pessoas e que não podemos nos prender a rotinas
ordinárias do dia-a-dia.

Para tanto, embora possa parecer óbvio, é sempre bom lembrar que, para se fazer cinema, é
preciso estar imbuído da vontade de fazer cinema. Isso deve ser dito porque, como o fascínio e
o poder que as imagens do cinema geram nos espectadores é muito grande, não pensamos
que assistir cinema é muito diferente de fazer cinema. Muitas vezes somos impelidos a querer
mostrar nossa própria concepção da vida ou de um aspecto dela através do cinema, sem nos
darmos conta, conscientemente, que este é um processo complexo, que exige não apenas um
domínio técnico, mas também – e principalmente – paciência, perseverança, responsabilidade,
respeito e, acima de tudo, humildade.

Cada um deve, dentro da função que escolheu, exercê-la da melhor maneira possível,
independente do que os outros, de mesma ou de outra função, possam estar desempenhando
numa determinada produção. Pois é um erro pensar que a culpa é sempre de algum contexto
externo, da produção, do roteiro, do diretor, do bispo, da morte da bezerra. Imprevistos
sempre haverão, e faz parte deste pacote considerar alternativas em caso de impossibilidades
de realização. Cada um é responsável pelo filme tanto quanto o outro, e é justamente por isso
que é bom lembrar a razão pela qual escolhemos fazer cinema. É desta razão que devemos
estar cientes e nos auto-referir a cada produção, para que, nas mais complicadas, não
percamos de vista nosso objetivo principal e nem a qualidade de nosso trabalho. Quando essa
razão é esquecida, corre-se o sério risco de ter a qualidade do trabalho igualmente esquecida
na primeira frustração profissional.

E outras palavras, o bom andamento de um filme depende menos do preparo técnico de sua
equipe do que da boa vontade de todos em fazer o melhor. E é preciso dizer: o cinema exerce
sobre as pessoas um fascínio tão grande que por vezes acreditamos que se trata de um mundo
mágico. Nada mais falso, do ponto de vista de quem está do lado de trás das câmeras. E por
isso, não custa lembrar que essa boa vontade não parte de uma entidade abstrata e
indiscernível que paira no ar, parte da responsabilidade individual de cada um. Isso fará do
coletivo uma boa equipe.

A Divisão da Equipe

Uma produção cinematográfica, como já mencionamos, é necessariamente coletiva, e,


portanto, as tarefas devem estar muito claras e os objetivos muito bem definidos. Mas que
tarefas são estas? Existem, claro, inúmeras funções no cinema, cada uma delas responsável por
uma determinada faixa de atuação, uma necessidade frente a um contexto específico – o filme
– e que variam em certa medida de acordo com o caráter da produção. Entretanto, há certas
funções que são básicas, e que sem a qual não se faz cinema, pois são de necessidade
primordial. São elas:

Direção
Produção
Fotografia
Arte
Som
Montagem e Finalização

Com exceção do montador que, dependendo da produção, pode trabalhar sozinho, todas as
demais funções pressupõe equipes, cujo número de integrantes também é variável de acordo
com a necessidade e/ou disponibilidade da produção. Mas, em linhas gerais, uma equipe
funciona com uma média de 3 integrantes, sendo um diretor e dois assistentes. Designamos o
diretor de um filme por esta função – Diretor – e os demais, por Diretores Técnicos.

Funções das Equipes de Cinema

1.DIREÇÃO

O diretor de um filme é responsável pelo resultado final de um conjunto chamado cinema. O


papel de diretor começou com o próprio realizador. No início do cinema, ainda por volta dos
primeiros anos do séc.XX, não havia nenhum contingente técnico disponível, e quem tivesse
vontade de filmar, deveria tomar todas as iniciativas para tal. Os diretores então escreviam suas
próprias histórias, produziam, filmavam, às vezes atuavam e também montavam o filme. Algum
tempo depois, quando Hollywood entrou em cena como pólo de produção de cinema, os
filmes ganharam outra função, que acabou por se tornar uma espécie de monarquia do
cinema: o produtor.

O produtor, por ser quem financiava os filmes, escolhia os roteiros, os artistas, e até o diretor,
que se tornava mero técnico, tanto quanto os demais. Mas na Europa foi um pouco diferente.
Como não existia uma produção industrializada, o diretor continuou sendo o grande realizador,
o artista que usava o cinema como meio de expressão. Os primeiros grandes diretores, com
exceção de D.W.Griffith e Edwin Porter, foram europeus.

O Diretor tem, portanto, seguindo o raciocínio europeu, a responsabilidade do projeto. Ele


deve conhecer perfeitamente todos os detalhes do roteiro, estudá-lo num storyboard, e ter
previamente uma imagem feita de cada plano, que no conjunto dará significado à sua obra.

Além do mais, deve conhecer detalhadamente cada função técnica do cinema, e saber o que
pode extrair de cada uma com o orçamento que tem. Deve ter uma cultura literária, musical e
dramática elevada, ou pelo menos condizente com o resultado que quer obter do cinema, pois
tudo servirá como referência em sua criação, mas também para poder escolher a melhor trilha
sonora e a melhor forma de extrair a dramaticidade desejada de seus atores. Conhecimento de
técnicas de fotografia serão muito úteis na agilidade do processo, pois saberá com mais
precisão o que quer do fotógrafo. A noção geral da narrativa dará a ele segurança para
supervisionar a montagem, e encaixar depois todos os elementos de pós-produção, como
efeitos, fusões, ruídos e música.

O trabalho do diretor é árduo, pois dele todos da equipe esperam segurança, tanto na escolha
dos planos como na condução da filmagem tecnicamente falando. Ele deve saber até onde vão
suas limitações técnicas frente à verba e/ou possibilidades com o equipamento disponível,
para que não peça coisas impossíveis e crie um pesado ambiente de discórdia no set (quando
todos procuram culpados, o caos está instalado). Da mesma maneira, deve avaliar até onde seu
pedido está sendo atendido pela equipe de diretores, fotografia, arte e produção, para deixá-
los à vontade com a margem de criação pessoal de cada técnico, sem que, também, seu
trabalho seja autoritário e extravagante. É necessário senso de medida apurado, que só se
obtém quando se está totalmente imerso num projeto.

O diretor é um criador que está lidando com um conjunto de artes que confluem para uma
resultante de imagens, e por isso deve atentar para itens relacionados à filosofia da arte e
teorias da estética. Deve escrever sempre que possível, para treinar a coerência narrativa, e
exercitá-la no cinema, fazendo experiências de propósito bem definido. Deve aprender a
refinar o olhar poético que tem do mundo, como forma de aprimorar sempre sua linguagem,
para que possa contribuir com informações diretas e metafóricas, efetivando assim a criação
artística.

O diretor costuma ter 2 assistentes: o primeiro assistente o segundo, este por vezes também
conhecido como continuista. O primeiro assistente é seu braço direito, que conhece o roteiro
tão bem (ou até melhor) que é capaz de dizer sem pestanejar qual plano será rodado em
seguida, bem como quais são os atores, e qual a intenção dramática daquele plano. Isso é
apenas uma forma de lembrar o diretor para que ele não se esqueça da linha narrativa do
filme, e não se perca com detalhes que poderão mostrar-se incoerentes. O primeiro assistente
ainda confere o tempo de cada plano através de um cronômetro e preenche um boletim de
controle. O segundo assistente por vezes é quem preenche este boletim, mas sua principal
atividade é o cuidado com a continuidade. Isso significa que ele deve estar atento a cada plano
para que o plano seguinte a este no filme, por mais que seja filmado outro dia, tenha as
mesmas características de cenário, figurino, objetos de cena, maquiagem e iluminação.
Quando a produção é muito grande, pode-se ter até 3 assistentes de direção, o terceiro sendo
exclusivamente continuista.

Outra função da equipe de direção é o casting, ou escolha do elenco. Essa modalidade no Brasil
é pouco explorada, e em geral é resolvida pela produção e direção, mas há uma função
específica para isso, mais comum no cinema americano, e que se preocupa exclusivamente
com a escolha e o contato com o elenco. Em cinema publicitário seu uso é constante.

No cinema em que o diretor é o autor, ele é o responsável pelo filme e pelo resultado, e deve
zelar para que ambos confluam harmonicamente, segundo sua estética.

2.PRODUÇÃO

Como Produtor em cinema, pode-se entender de três maneiras principais: O Produtor,


propriamente, o Produtor Executivo, e o Diretor de Produção. O primeiro é o dono do estúdio,
no caso do cinema comercial, ou quem banca financeiramente um filme, no caso do cinema
artístico.

O Produtor executivo é o administrador da verba, do dinheiro disponível, e que sabe


exatamente todos os custos do filme para direcionar melhor a produção durante as filmagens.
O Diretor de Produção é o que gerencia as necessidades práticas de um filme. É ele quem entra
em contato com as locadoras de equipamentos, os laboratórios, as locações, os atores e a
equipe técnica, procurando sempre a melhor opção para o resultado que o diretor espera. O
diretor do filme deve ter estreitas relações com o diretor de produção para poder saber o que
é viável a partir do orçamento, pois quem pedirá mais dinheiro ao produtor executivo, é o
diretor de produção. Ele organiza, junto com sua equipe, o set de filmagem, providencia
alimentação, cadeiras e conforto para a equipe e atores.

O diretor de produção recolhe de cada diretor (fotografia, arte e o do filme), uma lista com
todo o material necessário para cada função preencher as suas necessidades, construir um
orçamento e, a partir da aprovação pelo executivo, mobiliza sua equipe para conseguir tudo o
que for necessário. É tarefa dele também sentar com o diretor para organizar o cronograma de
filmagem e zelar para que ele seja cumprido. O diretor de produção deve conhecer o roteiro
sistematicamente, para poder avaliar as condições de ordem de filmagem, e poder substituí-las
caso algum inconveniente atrase determinada cena.

Em suma, o produtor é o responsável pela andamento prático do filme. Mais do que o próprio
diretor, o diretor de produção é quem sabe mais o que está acontecendo ao redor do filme.

Existe ainda uma subdivisão na direção de produção, que é o produtor de set, encarregado de
tudo o que compõe o set de filmagem, enquanto o diretor de produção está atrás de uma nova
locação, por exemplo. Produzir é uma tarefa muito desgastante e que requer muita
organização, pois são muitos fatores de preocupação para garantir a realização do filme.

A equipe de produção em geral tem muitos assistentes. Mas os chamados Assistentes de


produção são, de maneira genérica, assistentes de qualquer coisa no filme. Isso porque numa
produção cinematográfica muita coisa acontece ao mesmo tempo, coisas para ser resolvidas
paralelamente a outras cuja importância não se pode hierarquizar; por isso, é muito frequente
o deslocamento de membros da equipe de produção para outras equipes, com esse intuito. O
mais comum é na equipe de arte, em que um assistente de produção poderá ir buscar ou
procurar objetos de cena específicos, comprar a tinta que acabou num momento crucial, etc.
Mas o assistente de produção poderá ir comprar uma lâmpada que queimou (para a equipe de
foto) ou trazer e levar o ator convidado (para a equipe de direção).

3.FOTOGRAFIA

O Diretor de Fotografia, DF ou simplesmente fotógrafo, é o responsável pela imagem de um


filme. Em inglês, apesar de existir o termo ‘Director of Photography’, há uma tendência
moderna em chamá-lo ‘Cinematographer’, pois a imagem captada por ele é a própria imagem
do cinema, e aqui também por vezes é usada essa expressão, ‘cinematografia’ (a fotografia de
cinema) e ‘cinematografista’ (o fotógrafo). Como todo o filme é uma projeção de imagens
fotográficas, sua participação confunde-se com o próprio ato de fazer cinema, e daí o uso
dessas expressões.

O resultado estético do filme no que diz respeito à imagem captada e projetada é de


concepção, criação e realização dele junto com sua equipe de trabalho. Ele deve participar das
reuniões de pré-produção com o diretor, produtor e diretor de arte, afim de que as diretrizes
estéticas sejam estabelecidas e ele então possa designar os melhores técnicos, equipamentos e
materiais sensíveis (filmes) para que o resultado seja condizente com a proposta do filme.

O diretor de fotografia trabalha sempre com uma equipe personalizada, pois a harmonia entre
seus membros é fundamental para que a filmagem seja rápida e eficiente. Estes membros
incluem, normalmente em longa-metragem e filmes publicitários, dois assistentes de câmera,
um assistente de iluminação, eletricista e maquinista. Este número pode variar de acordo com
o tamanho e a verba da produção, sendo que em curta-metragens em geral só há necessidade
de um assistente de câmera.

O fotógrafo é o responsável por todo o design da luz do filme, ou seja, ele concebe as
características estéticas dos tipos de iluminação para cada plano, bem como eventuais efeitos
de fitragem na luz (gelatinas nos refletores ou filtros na câmera), para obter colorações
específicas na luz ou mesmo balanceá-las; considera as relações de contraste da luz e do filme
e escolhe qual a exposição correta para cada plano filmado. Participa também ativamente da
pós-produção do filme, fazendo o que se chama marcação de luz, ou seja, quando o filme está
pronto e será feita a primeira cópia completa, ele vai ao laboratório e marca todos os planos
com determinada filtragem, a fim de balancear todas as luzes e cores para que a cópia não saia
desigual (isso acontece porque os planos são filmados com situações adversas e diferentes de
luz e/ou filmes, e as cópias de cada rolo apresentam diferenças marcantes na luz e na cor).
Depois a cópia é projetada, e só é liberada para exibição pública com a aprovação dele.

Nos EUA, ainda existe uma outra função, a do operador de câmera. Neste caso, o fotógrafo faz
apenas o design do luz, escolha dos equipamentos, filmes, indica a exposição e eventuais
filtragens, mas não opera a câmera. No Brasil isso é pouco freqüente, sendo que na grande
maioria dos casos o fotógrafo também opera a câmera. Se for este o caso, o primeiro assistente
é responsável pela limpeza e manutenção do equipamento (como objetivas, chassi e da própria
câmera), checagem completa da câmera (baterias, limpeza dos filtros), e dos atributos dela
para cada plano (velocidade de exposição, abertura do obturador e diafragma, filtros, bem
como correção de foco, correção de zoom e verificação da profundidade de campo). Em suma,
o primeiro assistente é o braço direito do fotógrafo, está sempre com ele e conhece
profundamente o equipamento que utiliza, assim como o roteiro, auxiliando o fotógrafo prática
e esteticamente. O segundo assistente é o responsável pelo transporte e guarda dos
equipamentos e filmes, montagem dos tripés e praticáveis, bem como a troca do filme no
chassi e a anotação das informações no boletim de câmera.

A equipe de iluminação (ou o assistente) e maquinaria (maquinistas, responsáveis pela


preparação e operação de gruas, travellings, etc., e eletricistas), são requisitados apenas
durante o andamento das filmagens, para efetivamente montar e ligar as luzes e os acessórios
de câmera, gruas, travellings, dollys, etc...), conforme indicação do DF ou seus assistentes.

A equipe de fotografia, por seu papel de máxima importância, deve estar sempre atenta e
interessada, ter afinidades entre si e com os demais membros da equipe de filmagem, pois
todos os problemas da produção passam, em maior ou menos grau, para a tela se não forem
bem administrados.

4.ARTE

A equipe de Arte costuma ser maior que as demais. Isso porque existem muitas funções
adjuntas, que trabalham paralelas e que se denominam genericamente a Arte de um filme.
Mas, em linhas gerais, elas são constituídas principalmente pela cenografia (cenários em
estúdio ou preparação de locações), adereços (objetos de cena), pelo figurino (roupas e
acessórios que os atores vão utilizar) e pela maquiagem. Existem técnicos especializados em
cada uma destas funções, e que numa produção, estão subordinados a uma concepção estética
geral que é administrada pelo Diretor de Arte. Ele, a partir das idéias do diretor, irá desenvolver
uma estética, uma linha estilística que guiará o filme dará as diretrizes para cada uma das
instâncias supracitadas.

Cada uma destas partes é por vezes tratada em separado, porque nem todas são
absolutamente obrigatórias em todas as produções, apesar de serem bastante freqüentes.

A cenografia passa por ser a mais utilizada das funções da Arte, e é constituída por tudo aquilo
que compõe um ambiente onde se passará a ação do filme. Existem dois tipos básicos de
ambientes, do ponto de vista cenográfico: Estúdio e Locação. O primeiro é aquele em que se
constrói um cenário ou um ambiente, um grande local fechado, em geral um galpão ou estúdio
de grandes proporções. O segundo são localidades pré-existentes, casas, apartamentos, ruas,
estradas, praia, etc..., ambientes naturais que a cenografia tem apenas que decorar. A
vantagem do primeiro é o controle total sobre a luz e a disponibilidade de passar muito tempo
seguido com o cenário à disposição, e a vantagem do segundo é simplesmente não precisar
construir cenários. Se este ambiente for natural, como praia, campos, ruas, locações em geral,
o cenógrafo e o diretor de Arte apenas trabalharão no sentido de escolher uma paisagem que
melhor corresponda às necessidades estéticas do filme. Agora, se estiverem trabalhando em
estúdio, em que é preciso montar uma cenografia, criar um ambiente, aí então temos o papel
do cenógrafo em pleno desenvolvimento de suas faculdades criativas. O cenógrafo desenhará
uma planta dos ambientes a serem construídos, fará uma lista do material necessário para
construção e acabamento e, com a ajuda de cenotécnicos (cujo número varia com a
complexidade do cenário), constrói o ambiente cenográfico, desde as paredes, portas, janelas,
até a mobília, eletrodomésticos, quadros, enfeites e decoração em geral. Obviamente, se o
cenógrafo não for o diretor de arte, ambos devem estar em acordo.

O aderecista, responsável pelos objetos de cena, é uma função que se encaixa mais no quesito
produção do que direção de arte propriamente, pois a ele é incumbido o trabalho de achar e
cuidar do objetos usados nas filmagens, mas cuja decisão de qual objeto é mais apropriado
recai sobre o Diretor de Arte e o próprio Diretor do filme. O figurino é uma outra instância
bastante específica, e uma das funções mais importantes da direção de arte. O figurino de um
personagem é um índice que resume com propriedade o caráter, o estilo, o histórico de vida,
bem como o hábito e os costumes deste personagem. Assim, é de suma importância que o
figurino seja bem orientado; através dele é possível suprimir muita informação que tomaria
tempo narrativo na tela, e que o espectador tem acesso apenas pela modo de vestir da
personagem. Quando se trata de filmes de curta-metragem, em geral as roupas são
emprestadas de brechós, lojas ou até particulares, mas em produções de longa-metragem e
publicidade (em alguns casos), em geral há uma equipe de costureiras, camareiras e guarda-
roupas, responsáveis pela manutenção e conservação de todo o figurino. É mais comum
encontrar estas funções em filmes de época, que requerem cuidados especiais no tratamento
do figurino.

A maquiagem é uma instância também importante e que se apresenta em vários níveis de


complexidade. Em geral qualquer produção precisa de pelo menos alguém incumbido de
passar uma base no rosto dos atores, pois o suor causado pelo calor dos refletores por vezes
gera um brilho excessivo. Alguns diretores de arte consideram este brilho natural e deixam-no
aparecer. De qualquer forma, há filmes em que isso é o mínimo, outros em que há necessidade
de um trabalho mais aprimorado, como filmes que se passam em festas, alguns lugares
específicos (circo, teatro, etc.), e temos, logo depois destes em escala de complexidade, os
filmes de época, que são bons exemplos do uso pleno de todos os recursos de maquiagem. Em
geral é preciso recriar estados de doença ou bem-estar, visível no rosto dos atores, além de
intenso trabalho de cabelereiro, trabalhando em conjunto com o figurino.

Por último, a maquiagem criativa, possível e mais comum nos filmes de ação, principalmente
nos gêneros de terror e ficção científica. Nestes, não apenas há necessidade de maquiagem
com sangue, membros decepados, miolos estourando, mas também máscaras, luvas e
acessórios que por vezes confundem-se com o figurino, obrigando o trabalho conjunto de
todos os setores da direção de arte.

A direção de arte numa grande produção, por ter um número elevado de sub-diretores,
técnicos e estagiários, é a que tem maior dificuldade de se manter unida e coesa. Muitas vezes,
numa produção mais barata, os próprios técnicos envolvidos – e até mesmo a direção –
precisam fazer as vezes da produção e ir atrás dos materiais necessários para viabilizar o filme.
Levando-se em conta a máxima importância de cada uma destas funções supracitadas, é
fundamental que esta grande equipe seja harmônica e cada um de seus membros tenha como
único objetivo servir ao filme da melhor maneira possível.

5.SOM

Uma vez que não se faz mais filmes mudos desde 1927, o técnico de som em algum momento
com certeza entrará na produção. O que pode ocorrer é ele não estar presente durante as
filmagens, pois há duas maneiras de colocar som no filme: A primeira é o som direto, captado
com um gravador profissional de fita ¼’ chamado Nagra, um DAT (Digital Audio Tape) ou ainda
som digital gravado em cartões de memória, no exato momento da filmagem. Todos os sons
(ruído, música, diálogos) serão captados e estarão em sincronismo perfeito com a imagem (na
parte técnica há mais detalhes sobre isso).

a Segunda é o som feito depois da filmagem, na pós-produção, e que é reproduzido num


estúdio de som, através da dublagem dos atores e dos ruídos de ambiente recriados. Algo
como sonoplastia das antigas novelas de rádio. Há uma comédia italiana, “Ladrões de
Sabonete”, de Maurizio Nichetti, que mostra bem como são reproduzidos estes sons.

Normalmente, o som direto é preferido, por não precisar recorrer ao ator 2 vezes (uma para
filmar e outra para dublar), e também por agilizar o processo de finalização do filme. Mesmo
assim, há situações em que é necessário dublar, ou quando a locação não permite o som direto
(barulho excessivo), ou ainda quando o filme é de baixo orçamento e a câmera utilizada não
possui motor de quartzo (que mantém a velocidade constante e permite o sincronismo com o
Nagra ou DAT), e ainda faz barulho. Aí é necessário fazer dublagem.

De qualquer maneira, o som no produto final, no filme terminado, é uma das últimas etapas a
ser finalizada. Inclui a produção e/ou gravação de trilha sonora, inclusão de ruídos específicos,
mixagem e transcrição (ver técnica). Neste caso, por vezes há ainda um outro técnico
encarregado apenas desta etapa.

Considerando uma produção com som direto, normalmente a equipe de som é a mais sintética,
necessitando de apenas duas pessoas: o técnico e o microfonista. O primeiro é o que seria
equivalente ao ‘Diretor de Som’, que escolhe os melhores tipos de microfones para cada
situação, a melhor maneira de gravar, sabe que ambientes precisam de tratamento acústico,
ouve reverberações incômodas e procura saná-las, conhece os melhores equipamentos e sabe
designar qual é o mais apropriado para cada produção.
O segundo é o seu assistente, e que normalmente tem a função de segurar uma comprida vara
chamada ‘boom’, em que se coloca um microfone na ponta para acompanhar os atores em
seus movimentos. É preciso tomar cuidado para não deixar o boom entrar em quadro, ou seja,
aparecer na tela.

O som, embora fundamental em qualquer produção, aqui no Brasil é tratado com certo
desdém, muito pela verba do filme ser excessivamente utilizada na qualidade da imagem,
esquecendo o produtor o mais das vezes que o som de um filme também é caro e não menos
importante. Em geral, no fim de uma produção, ao mesmo tempo em que o som será finalizado
e terá sua qualidade final decidida, a verba do filme também está no fim (quando não,
acabada), e as produções costumavam não dar o devido tratamento, com cuidado e esmero ao
som (a culpa costumava cair, para o leigo, no técnico de som, mas que fique claro, era antes um
problema administrativo que técnico). Atualmente, os produtores têm administrado melhor a
verba e o som dos filmes nacionais tem se mostrado de excelente qualidade.

6.MONTAGEM E FINALIZAÇÃO

Entende-se por montagem ou edição a ordenação dos planos filmados de tal maneira que
formem um contínuo de ações que geram sentido de acordo com o roteiro. É como se um
escritor pensasse previamente em todas as palavras que fosse escrever, e só depois de
selecioná-las é que as colocaria em ordem para fazer sentido. É uma comparação exagerada,
pois um escritor lida com milhares de palavras, e os cineastas lidam com algumas dúzias (ou
centenas, no caso de um longa) de planos, um número muito menor de elementos. Mas a
importância da montagem fica bastante clara através deste exemplo, pois o filme não está
pronto sem este arremate importantíssimo, a ordenação dos elementos selecionados.

Neste quesito, seu trabalho não é apenas colocar em ordem, mas também imprimir ritmo e
harmonia nos cortes de cada plano, de tal maneira que as mudanças de um plano para outro
fiquem tão naturais que passem despercebidas.

Há pouco tempo atrás diferenciava-se montador de editor pelo primeiro ser aquele que exercia
esta função no cinema, e o segundo no vídeo. Atualmente não há mais essa distinção e ambos
podem ser chamados pelos dois termos, mesmo porque, cada vez mais, se edita cinema em
suporte eletrônico. O montador pode trabalhar sozinho ou com um assistente, se for um filme
longo ou com muitos cortes.

Toda a técnica da montagem, que pressupõe a impressão de um ritmo de ações, tem suas
bases na cinematografia de D.W. Griffith e sua montagem paralela (quando se percebeu que
era possível brincar com o tempo da ação dos personagens) e em Sergei Eisenstein, mestre
russo que nos deixou dois importantes livros sobre o assunto, A Forma do Filme e O Sentido do
Filme.

Já a finalização, a última etapa da produção de um filme, só está sendo considerada como


etapa realmente relevante nas produções mais recentes de 5 anos atrás em diante, em que as
possibilidades de ajustes e modificações na imagem final ficaram muito mais simples (mas não
baratas) em função dos processos híbridos de intermediação digital.

A quantidade desses processos, bem como sua qualidade e suas possibilidades, variam
bastante de acordo com a tecnologia (e principalmente segundo o orçamento), mas é preciso
reconhecer já que a preparação para as filmagens, principalmente no que diz respeito à equipe
de fotografia, deve atualmente levar em conta a maneira como o filme será finalizado. Ou seja,
antes, a fotografia cuidava de toda essa parte. Hoje, ela divide a tarefa com um profissional que
supervisiona a finalização, e que portanto pensará quais processos são mais adequados para
alcançar a textura e o look da imagem final do filme. E o fotógrafo deve pensar no seu trabalho
também em função disso.

Para maiores informações a respeito destes processos, consulte o capítulo sobre finalização.

Profissão: Assistente de Direção

Data: 14/09/2011Autor: Marcelo Macaue 0 Comentários

Já parou para analisar a responsabilidade e a


quantidade do complexo trabalho de um diretor de cinema?
Pois então, como vimos no texto anterior, não podemos dizer que o trabalho de um diretor
cinematográfico é fácil. No entanto, como em outras tantas profissões, sempre existe um
auxiliar que trabalha organizando e aparando possíveis arestas que podem ficar ao longo de
um grande trabalho. Nesse caso em específico, iremos explicar mais sobre o trabalho do
assistente de direção, função que requer extrema destreza e habilidade para lidar com as mais
inusitadas e variadas situações.

E são justamente essas situações que fazem com que a profissão de assistente de direção seja
tão importante para o trabalho cinematográfico. Trabalho esse que pode levar apenas alguns
dias ou longos anos. Um assistente tem como principais obrigações as seguintes tarefas:
analisar e entender o roteiro, definir a ordem em que as cenas serão filmadas e listar todos os
objetos, equipamentos e pessoas relacionadas em um processo de gravação, repassando as
devidas informações aos setores responsáveis. Assim, é de responsabilidade do assistente de
direção a preparação da fórmula: plano de filmagem, análise técnica e ordem do dia.

Devido a todas as atividades delegadas a um assistente de direção, podemos, em alguns em


casos, dizer que ele é o braço direito da direção de cinema, já que, com suas atividades,
praticamente expande os olhares do diretor aos locais ou momentos em que não está ou não
pode se fazer presente.

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Felipe setembro 17, 2013 0 0

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Fiquei contente com a repercussão do primeiro artigo! Vamos para o próximo


passo e provavelmente um dos mais importantes senão “O” mais importante. Estão
preparados, Padawans?
.

Para quem está começando uma história nova, o ideal é ter apenas três frases ou pedaços
grandes: o começo, o meio e esperamos que um final.
A idéia agora é quebrar esses três blocos em pedaçinhos menores e encaixá-los no que
chamamos de “Estrutura de Três Atos”.

Qualquer forma de entretenimento, cinema, quadrinho, TV, até livros, seguem essa
clássica estrutura de uma forma ou outra, aliás, até a piada que o barbeiro (ou
cabelereira) te conta segue essa estrutura:

Você prepara o terreno dando alguma informação inicial, pincela esta informação com
algum detalhe supostamente importante e termina com o “twist”, o final surpreendente,
revertendo o detalhe anterior. Vai lá, pode ver isso, eu espero.

É verdade que existem inúmeras obras que jogam a Estrutura de Três Atos pela janela
com resultados bastante criativos e positivos mas eu garanto que o autor que faz isso
conhece a fórmula de ponta cabeça e aí sim se sente confortável em não fazer uso dela
ou fazer o inverso dela.

Aprenda o básico para depois inovar. Muitos trabalhos de iniciantes falham porque
neguinho já quer sair escrevendo achando que é o Alan Moore da nova geração… tsk
tsk.

Aliás, nem sei se eu gostaria de ser o Alan Moore…. Mas enfim, voltando ao tema, a
Estrutura de Três Atos funciona assim:
Começo Meio Final

Ato I Ato II Ato III

I I ________

A Armação Confrontação Resolução

Os dois “breaks” que separam os três atos são chamados de Pontos de Virada (Plot
Points) e são extremamente importantes, são eventos que chacoalham a sua história, as
vidas dos principais personagens e empurra a trama principal para direções
completamente diferentes. Além deles, toda história precisa ter um Clímax que acontece
no meio da obra, seja ela HQ ou Filme. Tive um professor que insistia em dizer que uma
boa estrutura de história deveria lembrar um chapéu de bruxa:

O primeiro Ponto de Virada pega sua trama inicial e a faz escalar, ir aumentando a
intensidade, os riscos, os perigos, até o climax que divide a sua história em duas, o
meio. À partir daí sua história deve passar por outro twist, outro chacoalhão que
surpreenda o público indo contra todas as expectativas estabelecidas na primeira
metade, se encaminhando assim para o segundo Ponto de Virada e finalmente a
resolução.

A estrutura acima é bastante consistente e pode ser encontrada na maioria dos filmes e
histórias em quadrinhos.

Navegando de um ponto à outro dentro dessa estrutura básica é onde um escritor e


roteirista tem a chance de ser criativo sem deixar seus personagens parecem bonecos
sem alma apenas reagindo de forma mecânica. Pense comigo, ao invés de sair
escrevendo e pensando no que acontece a seguir no melhor estilo “E aí bla bla bla, aí bla
bla bla, e depois bla bla bla”, com uma estrutura te guiando você sabe exatamente
quando um evento no Ato I vai se pagar em uma revelação bombástica no Ato III.

Se estabelecemos que seu personagem é fera de videogames é porque no meio da sua


história a sua habilidade com games vai influenciar a vida do personagem, seja de forma
positiva ou negativa. Talvez por achar que joga bem videogame, o personagem acha que
sabe atirar e acaba se metendo em uma enrascada… apenas um exemplo rápido que me
veio à cabeça.

É muito importante ter uma “Outline”, uma lista dos principais pontos da sua história
todinha, do começo ao fim, entrarei em detalhes à seguir. Mas mais importante ainda é
desenvolver e bem seus personagens, exaustivamente até que se tornem pessoas reais
aos seus olhos e do público, e aí sim colocá-los dentro da sua Outline, trabalhando um
ritmo natural de história.

Desenvolvimento de personagens ficará para um próximo artigo…


Pessoalmente eu gosto de combinar a estrutura clássica acima com uma Lista de Beats
que aprendi com o roteirista Blake Snyder, autor do livro de roteiros “Save the Cat!”.

O que são Beats?

Essa eu deixo para meu bom amigo e professor de roteiros Thiago Fogaça explicar:

“A menor unidade dramática. Dentro de cenas, cada ação que provoca reação ou
mudança de valores é considerada um beat.”

Esta definição e muitas outras, além de dicas, teorias e cursos de Roteiro do Thiago
Fogaça podem ser encontradas no site dele:

http://historiaeroteiro.tumblr.com

A Lista de Beats do Blake Snyder é composta de 15 Beats, construindo assim a sua


Outline.

Esta base de Outline serve excepcionalmente bem para quem estiver escrevendo um
arco fechado de história seja em cinema ou quadrinhos. Preenchendo essa lista de forma
correta e criativa lhe dá uma base para o seu roteiro que evita bloqueios ou que o autor
acabe se perdendo em devaneios… É como se você tivesse dado um zoom no seu mapa
para ver mais detalhes.

Seja o que estiver escrevendo, uma única edição ou uma mini-série em doze partes,
tente encaixar sua história na Outline abaixo, estruturando assim o seu roteiro final. Vou
explicar direitinho cada Beat da lista usando exemplos de Batman Begins e Star Wars.

A LISTA DE BEATS DE BLAKE SNYDER:


1. Abertura: Geralmente é a primeira impressão que seus leitores ou público vai ter da
sua história. Precisa ser algo elemental que vai mostrar o tom da história. Se for uma
comédia, começe com uma boa piada, se for uma história de terror, começe com uma
imagem aterrorizante. Você só tem uma chance de causar uma impressão do que se
espera da sua história, faça ela valer.

2. Estabelecendo o Tema: Qual é o tema da sua história? O que você quer dizer com
ela? Este segundo é o PRINCIPAL de qualquer roteiro. Uma história precisa sempre ter
um tema que as pessoas possam se identificar. Pode ser uma afirmação (amor não
existe), pode ser uma pergunta (será que existe amor verdadeiro?) ou pode ser até algo
mais profundo, alguma coisa que você queira gritar para o mundo!

Segundo Thiago Fogaça, tema é: “O que você quer discutir com o seu filme. Aquilo que
é de mais pessoal. O que você realmente acredita e quer passar para o mundo. Seu
filme é sua Tese. Prová-la discute seu Tema.”

É preciso estabelecer o seu tema o quanto antes para que as pessoas possam ficar com
ele desde o começo da história.
3. O Set-Up: A calmaria antes da tempestade que será sua história. Toda história precisa
ter um impacto no seu público e aqui é onde vamos preparar o terreno, plantar
elementos que será revistos lá na frente e trabalhados lá na frente. Aqui apresentmos os
personagens, seus conflitos e mais importante, seus objetivos dentro da história.

É aqui por exemplo que estabelecemos que o Batman é alguém muito rico que tem pais
maravilhosos. É aqui nesse pedaço do roteiro que também estabelecemos o tema:
“Porque caímos? Para aprendermos a nos levantar”. Ninguém aqui achou curioso que
no começo do Batman Begins nós vemos a mansão dos Waynes, assistimos o Bruce
roubando a pontinha de pedra da sua amiga, mostrando que o crime tem suas
consequências já que logo em seguida ele despenca em um poço sendo aterrorizado por
morcegos.

Em seguida, Thomas Wayne resgata seu filho e diz o tema em voz alta!!

Nada acontece por acaso… com cinco minutos de filme, olha quanta coisa os roteiristas
estabeleceram!

E que fique claro que o tema permeia o filme inteiro em diversos pontos do filme,
Gotham está em decadência (em queda) mas Bruce crê que ela pode se levantar o
treinamento dele mostra Bruce caindo diversas vezes mas sempre se levantando, e por aí
vai… TEMA É IMPORTANTE!!!!!!

4. Pré-Catalizador: TODA HISTÓRIA precisa de um Catalizador, e aqui você irá


preparar ele para o seu público. Mais ou menos na metade do seu primeiro Ato, alguma
coisa acontece que faz seu personagem sair da rotina, faz ele começar a pensar “Pera, o
que vai acontecer agora?”. É aqui que o protagonista começa a ser preparado para
embarcar na jornada que é a história adiante. No primeiro Star Wars é a chegada de
R2D2 e C3PO com uma mensagem da Princesa Leia. Isto ainda não é a quebrada de
Ato, o Incidente Incitante, é apenas um gostinho para o público e protgonista se
preparar…
5. Debate: É como seu(s) personagem(s) irá reagir ao Catalista. É o momento de
reflexão, de decidir se embarca na aventura, se vai adiante com a história ou se fica na
sua vidinha, na rotina. É quase um diálogo com o público mostrando o que houve e as
consequências que podem vir a acontecer se o personagem principal seguir por este
caminho.

Será que Luke Skywalker deve ir atrás de Obi-Wan ou será que é melhor ele ficar na
fazenda dos tios? Mas se ele for atrás de Obi-Wan, ele estará desrespeitando o tio, e aí?

6. Quebra para o Ato II, Incidente Incitante: Aqui é quando a coisa pega, é um
evento tão grande que não tem mais volta, a merda bateu no ventilador, o negócio é ir
adiante. Ou em mais uma deinifição de Thiago Fogaça: “Também chamado de Disparo
Dramático, é o catalizador da história. Algo acontece que vira a vida de seu
protagonista de cabeça para baixo, afetando seus valores, seu mundo e/ou seus
relacionamentos. Cria uma pergunta na cabeça da audiência que só será respondida no
Clímax.”

Os tios de Luke Skywalker são assassinados, agora não tem mais volta, o negócio é
partir com Obi-Wan e não olhar para trás…

7. Sub-Trama ou História “B”: Geralmente é aqui que os relacionamentos entre


personagens de uma história são desenvolvidos. Um romance em meio à uma grande
aventura ou uma diferente faceta do seu tema colocado ali só para efeito de discussão.

No caso do Batman Begins, é a volta de Bruce Wayne à Gotham City e como ela afeta
os relacionamentos de Bruce, principalmente com sua amiga de infância Rachel Dawes.
Em Star Wars é o treinamento de Luke para se tornar um Jedi. A trama principal é
impedir Darth Vader e sua Estrela da Morte, a sub-trama é o desenvolvimento de Luke e
na manutenção da cultura Jedi.

8. Jogos e Diversões: É a parte mais tranquila da história, onde a criatividade pode rolar
solta e se ver um pouco livre da estrutura. É aqui que o protagonista(s) parte atrás do
objetivo principal da trama e onde o autor e roteirista pode criativamente colocar
obstáculos e adversidades das mais variadas para impedir o sucesso do personagem
principal.

No filme Batman Begins vemos todo o seu treinamento e primeiras aventuras como
Batman antes do Espantalho entrar em conflito direto com ele.

9. Meio da História (Clímax): Outra grande mudança na sua história. Se você indicava
que se encaminhava para uma direção “X”, aqui você vai inverter tudo e sua história
começa a se direcionar para “Y”. Segundo o autor Blake Snyder, este ponto pode ser
uma “Falsa Vitória” ou uma “Falsa Derrota”, ou seja, parece que o protagonista atingiu
seu objetivo mas na verdade não é nada disso, o mesmo acontece da forma contrária.
Pode parecer que está tudo perdido mas não, existe um raio de esperança, uma nova
solução a ser buscada.

Em Star Wars, tudo parece perdido quando Darth Vader mata Obi-Wan e a Estrela da
Morte continua intacta. Em Batman Begins, o Espantalho é capturado e o plano dele
descoberto, parece que Batman venceu… pois só parece porque logo em seguida Ra´s
Al Ghul chega arrebentando tudo e mostrando quem é “O” vilão do filme.

10. Os Vilões tomam a Dianteira: Parece que os vilões ou antagonistas estão cada vez
mais próximos do sucesso e os heróis ou protagonistas estão em situação cada vez pior,
cada vez mais encurralados.

Em uma comédia romântica, esta etapa seria quando o relacionamento começa a ter
problemas ou eventos começam a acontecer que impeçam o casal de ficarem juntos.

Em Star Wars, a Estrela da Morte se posiciona para destruir a base Rebelde.

11. Tudo Perdido: Bem, o nome diz tudo… é quando os vilões estão vencendo e os
heróis sem absolutamente nenhuma perspectiva de virarem o jogo. Quanto mais
enfiados na lama, melhor, quanto maior o buraco que o roteirista enfiar seus
personagens, maior será a surpresa quando eles conseguirem sair.

Quando o público não consegue ver nenhuma saída para o personagem principal, é aí
que você tem eles na mão para surpreender com uma solução incrível.

Apelando para Batman Begins outra vez, Bruce é abandonado em sua mansão em
chamas e sem perspectiva de se recuperar para impedir os planos maléficos de Ra’s Al
Ghul.

12. A Noite mais Densa: Mesmo diante de seus esforços, a situação do herói piora, é o
momento mais desesperador da trama. Não basta enfiar seu protagonista em um buraco,
é preciso enterrá-lo vivo, aí sim fica um desafio para o personagem se reerguer como
verdadeiro herói de sua história.
13. Quebra para o Ato III (ponto de virada): A última surpresa, última carta na
manga, a maior surpresa.

O público acredita saber como a história vai terminar, mesmo que elas esperem um final
feliz, é a função do roteirista surpreendê-los. Como toda comédia romântica termina
com o casal ficando juntos, o interessante aqui é ver como isso acontece.

Ou mesmo sabendo que o herói (quase sempre) vence o vilão, que o mal sempre perde,
como você fará isso na sua história? Como o seu personagem irá se superar e virar o
jogo, finalmente alcançando seu objetivo principal? De onde ele buscará forças?

Por isso que é legal enfiá-lo na pior situação possível, porque quanto mais díficil achar
uma solução, mais surpreendente ela será.

14. Final: Aqui é onde amarramos todas as pontas soltas, respondemos todas as
perguntas que ainda sobraram e onde resolvemos a “história B”. Seria aqui que o herói
fica com a mocinha.

15. Imagem Final: Aqui é a oportunidade de deixar seu público com uma imagem
clássica e que geralmente espelha a inicial, remete ao começo da sua história. É a sua
despedida com seu público.

Quando eu digo espelhar a inicial, não digo reproduzí-la com algo diferente mas sim
espelhar o início do filme tematicamente.

Em Batman Begins, começamos com o pequeno Bruce caído e terminamos com a


imagem do Batman de pé, sobre a cidade de Gotham.
Toda vez que começo uma nova história, eu pego essa listinha de 15 pontos e vou
preenchendo eles um a um, me certificando que minha história respeite a estrutura.

Acho minha imagem inicial, meu tema, minhas quebras de ato, minha “história B”, etc,
a idéia é sempre respeitar os pontos e onde eles se encaixam na Outline.

 E lá vai mais uma dica, procure sempre pensar em dez maneiras de preencher cada
ponto da Outline, descarte todas e use a solução de número 11, procure sempre algo
inédito e criativo.

O próximo passo é transformar a sua Outline em um texto de cinco à dez páginas com a
história completa mas sem diálogos, este é o ARGUMENTO mas isso fica para o
próximo artigo.

Quem chegou até aqui, faço mais uma vez o convite de visitarem o site oficial do
Thiago Fogaça, só clicar e aproveitar várias dicas de Roteiro. E convido vocês também
à lerem o Lost Kids e identificar como eu encaixei a história na estrutura acima, só
clicar na imagem.
Minha mini-série em quadrinhos Lost Kids está atualmente no Catarse buscando
financiamento para ser lançado no Brasil. Contribue e divulgue, faltam poucos dias para
atingirmos nossa meta e precisamos do SEU apoio!

E se curtiu o artigo e quer ler mais sobre o assunto, dá o Curtir, levanta aquele joinha e
mostre que quer mais e mais artigos!

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