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ANTONIO NEY

0RGANTZAÇÃO r
ilft{trW
TSTnUTURA DA EDUCAÇÃ0 BRASTLETRA

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CAPÍTULO IV
O PROJETO EDUCACIONAL BRASILEIRO

Este capítulo levará voc,ê (leitor) a cotllteccr a atual


política brasileira com relação à educação. Assitn, ele abor-
dará a política educacional desde o ensino básico até a
;rós-gradr-ração, ou seja, você terâ a oportunidade de saber
e

interpretar todas as etapas da educação.


Os objetivt-rs serão os seguintes:

. conhecer as características básicas da política


educacional;
. entender o Plano Nacional de Educação;
. conhecer a Lei de Diretrizes e Bases da trducação
Nacional (Lei n." 9.s94./96);
. organização e estrutura da educação nacional.
4.1 CARACTERÍSTICAS BÁSICAS

O estr-rdo que vamos empreender sobre a política edu-


cacional brasileira em vigor será organizado, it"licialmcnte,
pela discussão do Plano Nacional de Educação, da Lei de Di-
retrizes e Base da Educação Nacional e da estrutltra
organizacional da educação.
É Íündu*"ntal para o aluno o entendimento do papel
do Plano Nacional de Educação. Assim, o PNtr representa
Política I'ldrrcaciorral l- 1
irs (lir'(,tt'iz.cs c as metas a serem alcançadas a longo pruro.E
artigos 9 e 87, a União recebett a rcsl>onsabilidade de elabo-
() nrill)a tla canrinhada pela elevação do desempenho das ins-
rar talplano. Assim, a Lei n." 10.172,dc Íl dc.ianciro dc 2oo1,
titrriçõcs cducacionais. Ali estão as mudanças e os objetivos
aprovou o Plano Nacional de Educaç:ão.
l)ilra (lue todo o sistema educacional se programe e busque O PNtr tem três grandes objctivos:
alcançrar alvos que permitam, como já falamos anteriormen-
tc, rrrna educação com qualidade. ... a elevação global do nível de escolaridadc' tla PoPtrlilçãr«l;
A LDB tem o papel de regulamentar, de disciplinar e a rnelltoria da qualidade do ensino etrl todos «rs tlír'cis; t' "a
dc estabelecer os sistemas, as estruturas, os recursos para o redução das desigualdades sociais c regitlnais tl«r t<>t'atttc:
desenvolvimento da educação, de acordo com a necessidade ao acesso e a perntanência na escola, collt stlcesso, tta t'tltt-
do País. cação pública e a detlocratização da gestão clo cttsitr<r
Na realidade, estes dois documentos são primordiais público, r-ros estabelecitnentos oÍiciais, obedecendo aos llrin-
para o desenvolvimento da educação. cípios da participação dos proÍissionais na elaboração clo
Finalmente, a estrutura da educação acadêmica e pro- pro.jeto político pedagógico da escola e a participação das
fissional, onde o aluno pode seguir na busca da elevação da comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equi-
sua escolaridade e na busca da formação proÍissional.
valentes. (GHIRALDELLI, 2oo3, 1't.252)

rn.l.1 Plano Nacional de Educação A estrutura do PNE é composta da seguinte maneira:

A idéia de um Plano Nacional de Educação está inti- Introdução


mamente ligada à necessidatle de se planejar a educação a Nívcis de Ensino
longo prazo, ou se.ja, a idéia parte do princípio de uma políti- A - trducação Básica
ca estratégica com uma visão de futuro, traçada sob objetivos
At - Educação Infantil
e metas permanentes e, com isto, evitam-se as contínuas Az - Ensino Fundamental
llolíticas de governo que mudam totalmente os rumos da As - trnsino Médio
política educacional. B - trducação Superior
As políticas de governo deveriam ser estabelecidas em Modalidades de Ensino
Íirnção da política nacional para a sociedade e, deste macroob- C - trducação de Jovens e Adultos
.jetivo, ser então constituído o Plano Nacional de Educação. D - trducação a Distância e Tecnologias Educacionais
O primeiro PNE estabelecido pelo Ministério da trdu- tr - trducação Tecnológica e Formação Profissional
caç;ão e Cultura em 1962, sob aprovação do antigo Conselho
tr - trducação Especial
Itdcral de Educação, nasceu, mas não com a força de lei. G - Educação Indígena
I.lstc I'NFl sofreu várias modificações no período militar. Magistério da Educação Básica
A idéia reapareceu com a Constituição de 1988 por Financiamento e Gestão
rrrt'i<r d«r artigo 21,1,. Na Lei n." 9.394/96 (LDBEN), em seus
Acompanhamento e Avaliação do Plano
\ n lor io Nly llrlítica I'llrrt aeiotral 7 3
() I)laro apresenta dividido em: diagnóstico, diretrizes rprc todos serão iguais peratrte a lei, de fato, à rnedida que
c rrrctirs/objctivos. torlos tiverem direito ao trabalho, à moradia, à saúde, à edu-
()lridalrelli (op.ctt.) aponta que o pNE atual nasceu da t'irção, à livre expressão, a Llllla vida digrla, etlfim". (p. tz)'
;r.t'ssão cxterna de tecnocratas de países ricos, a partir da trle afirrna que as palavras diretrizes e bases
(',rrÍbrê,cia da Tailândia. Entretanto, independentemente ill)areceram em "contexto Íraseolílgico Í1rricltl", Iflas I1a:

tlos Íàtores externos, é o Plano que temos em vigor com


un)a proposta que vai de 2OOt a 2OlO. Cotrstittrição de tSl:lt, t-«rrttctt'tt ir LIniã«r, t'ottI t'xclttsiYitlailc,
a atribr,rição de traç:ar as «[irctrizcts tla t'tlttt'itçirtl ttat:iottal
4.1.q Leí de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Art. 5.", Inc. XIV). 'l-rôs allos tltais tardcs, a (lorrstittriçãr<r
clo Flstaclo NoYo (t937) reÍbrq:<>u a icléia das clirctriz'cs, Pcla
Segundo Carneiro (zoo+), a Lei de Diretrizes e IJases aclição do cor-rc-eito dc bascs. Assirn surgirarn, ltela ltrilncira
da Educação Nacional representa a evolução da própria trdu_ vez, Ito texto cotlstittrcional brasileiro, estas dttas ttoções
cação no Brasil, é a materializaçáo de diversas conquistas rio cotnpletnentares, enrbt)ra Postas eln espaçros distintos'
.jogo político e ideológico. As Constituições brasileiras fo_ (CARNFIIIfO, iclcm, P.23)
ram incorporando lentamente as conquistas educacionais,
de rnodo que se atendam os aos direitos políticos e os clirei- A Constituição de 194,6 trâ no artigo 5.", inciso X!
tos sociais construídos paulatinamente na socieclacle. alínea "a" atribuir à União a competência para legislar "so-
bre diretrizes e bases da edLrcação nacional" (idem, p.24')'
Esclarecimentos A primeira LDtsEN chegou à Cârrrara l"ederal err) ou-
tubro de 194,8, rnas sír Íbi prorlulgada cnt 2O dc clczcrlllr6 rlt:
Diretrizes correspondem
às modalidades da or_ 1961 (Lei n." +.ozl./t;l), ou sc'ja, 1.3 att«rs dc ltrtas políticas
ganização da educação, aos ordenamentos de oferta, aos para acontecer. Esta lei posstría os scgtrilttcs cix<ls:
sistemas de conferência de resultados e procedimentos
para articulação de interestrutura e intra-estrutura. Nas Dos F-ins da Educação;
diretrizes, encontramos o conteúdo de formulação ope- I)o Direito à Educação;
rativa (adaptado de CARNtrIRe zoo+). Da Libcrtlade dc Ensino;
As bases que correspondem às vigas de sustenta_ Da Aclministração do Ensino;
ção do sistema educacional são fundamentos. Aqui estão Dos Sistcmas de Ensino;
os princípios axiológicos e os contornos de direitos. Da F)ducação de (irau Primário;
Da Assistôncia Social Escolar; e
Carneiro (op. ciL) ressalta que a cidadania no nosso país Dos Recursos para a Educação.
sclnpre esteve distante dos brasileiros e que, somente a par_
tir da carta de Direitos da organização das Nações uniclas Na realidade, é a primercaYez que o País possuía uma lei
(ONU) cm 194,8, é que países como o Brasil ,.se deu conta cle que integrava todas as diretrizes e as bases da nossa educação.
1 I ;\trlorrio Nt'y Polítit:a l,llrrcacioral i 5
A l)it:rclura Militar instalada em I964, irá alterar a
t'ação brasileira no período de existência de tais leis.
l,l)lll,lN, Prirneiramente com uma reforma universitária qr_re
It'v«rrr ir cdição da Lei n." 5.5+o/ag e, posteriormente,
com a
rt'Íirrrrra dos demais níveis com a publicação
da Lei n." 5.agg/
7 I. l,lsta legislação teve um caráter essencialmente Tabela 6: Organização do Ensino nas disposiçires nortrrativas das diversas
de razã,o Leis de Diretrizes e Bases da Educa(rão Naciolral
tót:tt ica.
l,ei 4-094/ 67 l,ei 5./j99/71 Lei I.s94'/96
A Lei n." 5.agq,/71 determinou a formação técnica pro_ Dcscrição l) I )( scriçl{, I) I )(,s( ri(i]( t)
Íissional, obrigatória, no ensino de e! grau, qr" l.}sino dc I'rin:cir Iirlucaçiio ll;isica
,"ubo, I-nsino Primário
(;rau l.ilucirfilo IDI:urlil I
revogada pela Lei n." 7.o++/82. Esta formação lrrsirro liurrrlarrrcrrlrrl
profissional Cicl<r (iinasial do Ensino
l

<rbrigatória de e..'grau foi a maior tentativa d" +


,mu política
pública de educação no Brasil, mas consistiu tamúém
no ('ido Oo)egial do Ensino Ensirro de Segundo
3
Ilnsino Médxr 3
rnaior fracasso. N,IédiO
t)
(;rau
4
Os eixos da Lei n." 5.agq,/71 eram:
Educação Superior:
EDsirú Supcrior Ensino Supcrior V Scqii(irx iais
Graduação
t. Do Ensino de 1." e 2." graus; oBs oBs oBs
2. Do Ensino de 1." grau; t. (irn a Junção dos antigos t. Os nívcis da Fiducação escolar
;. A passagt:ur do primáriopara
Do Ensino de 2." grau; o (;inásio crâ leita por neio de I'rimário e Ginasial, rlesaparcceu
o !lxâDredeAdDrissão.
passam aser dois' cducação básica
ccdur:açãosuperior.
uma prova de accsso, o !)xarne
4. Do Ensino Supletivo; dc Admissáo.
9. r\ duração norrnal dr; z'grau
era dc três anos. Ultrapassava, no
L A educaçào de.jovcns e adrrl«rs,
a crlucação prríissional c a
l. Os ciclos Cirrasial c Colcgial entanto, este linrite rluarxlo sc educâção (sl)('cial sâ()
c- Dos Professores e Especialistas; e eram divididos enr ranns dc tratrva dc (lurso nrrxlalidadcs rlt cducrrç:lo.
ensino. a sabcr: Secundário, J. r(lucirçi(, básira. rrcs nírtis
6. Do Financiamento. Co nr e rc ial. I n d n s t r ia I,
I'rolissioDâlirante.
rJ. O I.lnsino dc I" grâr ( (l( !" ^
lirndarrrerrl:rl c rrrírlio, I)rssr a t( r a
grau tinharrr rrrrra eargrr lroriiria cargr lxr[iriir lrí[inrx rl( s(x)
Âgrí(!lâ, Normal e outros.
nrírirrra arrnal (lc 7!() lr([rs r r) Irrrrs arrrrais, rli.trilruí(las rDr 2oo
ano lt liro a rlrrraçiio rrÍrrirrrrr tk rliirs Ietir os rnrriris. rro nrÍnitrrr.
Somente em 19g6, voltamos a ter uma nova LDBEN, I so (lirs.

a Lei n." g.Sg4, promulgada em 20 de dezembro


de 1996. Íi,rk (rarn.iro, rool
Etn resumo, tivemos em 40 anos três LDBtrN D - I)u.âçào cnr anos
(mesmo as do V - Du.açÍo !ariárcl
período rnilitar não se enquadrando perfeitamente
como uma
lc,i desta natureza), cada qual com uma
política própria dese_
nhada. Mata-se com isto o p.o""r.o de cortlnuidade,
e
instala-se um projeto de,,faz e desmanch a,,,
tão caracterÍsti_
co da política brasileira, que os próprios
pioneiros da educação
ant 1932 acusavam.
A tabela 6 faz umacomparação entre as diversas
LDB.
Esta tabela tem o propósito de posicionar o
leitor com rela_
çã«r à própria evolução da lei, bem como permitir entender
as cstrtrturas e as denominações dos
diversos níveis da edu_
7íi ;\ntorrio Nt,y
Política Edur:acional
r,.2 oIlcANtzAçAO ESTRUTURAL DO SISTEMA
IJDUCACIONAL BRASILEIRO
Sugestão de Estudo

O esquema abaixo apresenta a estrutura da eclucação


Este esquema serve de base para todo o entendi-
I rr:rsi lci ra. Procure entender.
mento dos capítulos seguintes referentes à política
Esquerna 1: ESTRWURA DA EDUCAÇAO BRIIS/L educacional em vigor no País.
^rO
Sugerimos ao leitor que, ao lcr cada capítulo da-
qui para frente, procure retornar e visttalizar (luc "seta"
E (trajetória) está seguindo no cs(lucma.
D
U A estrutura parece complcxa, lnas não ó; utilizc
c
A como um guia para facilitar scu cstudo.
ç_
A
o
s
Entendo o esquema:
U
P
A estrutura formal do ensino tem cotno tra.jct«'rria, ini-
R
E
cialmente, a entrada da crianç:a na Educação InÍantil,
I
o passando para o Ensino Fundamental e, por fim, o Ensino
R
Médio. Ao concluir esta etapa, o aluno termina a Educação
Básica que, a nosso ver, deveria ser um direito de todo cr
brasileiro, mas não o é, pois apenas o Ensino F-undamental é
E
efi:tivamcnte um direito.
D A grande maioria dos trabalhadores brasileiros só tern
U
a escolaridade do ensino fundamental; poucos chegam ao
c
A Ensino Médio. O caminho destes brasileiros será uma Ítrr-
ç mação profissional.
Ã
o Esta Íbrmação é realizada em unt curso profissionali-
zante que, no Decreto n." q.2,o8/s7 (1á substituído pelo
B Decreto n." 5.154/o4), clenontinava de Curso Básico
Á Profissional.
s Procure ler os capítulos seguintes,
I obsenando o esquema da estrutua ao Atualmente, o Curso Básico Profissional seria um
c lado.
Educação bmsileira tem dois níveis:
Curso de Iniciação Profissional conto previsto no Decreto
A
fducaçào Bísiea e Edrrcaçào Srrl^-ritrr. n." 5.t5+/o4,. Entretanto, o ideal seria que a criança e o ado-
lescente fizessem todo o Ensino F'undamental e o Ensino
Médio, concluindo a Educação Básica para, depois, procllrar
a sua Íbrmação profissional.
\rlr'nrr' \r'\,
PolíticaFldu<:acir»ral 79
l\,tór.rrrir. d, E.si,. Méclio, conÍbrnre
pocle ser'is_
lo rro 1's11111'nla r, o aruno tem como altcrnativàs:
l"- crtrar direto no rnercado cle traball.ro
sem nen,u_
rrrir <lrraliÍicação especíÍica
(carninho 1);
, .2^- cntrar para uln curso Básico de proÍissionalização
(t'.rrri,lro z). opção que norrnalme,te dispensa
a necessicla-
clc clc Certificado cle Ensino Médio;
S"- entrar para unl curso de Técnico
.
(czrrrrinho 3), ou aincra pela rirha
dc Nível Méclio
trace.lacla fazer o ersir-ro
rrrédio c a educação profissional
dc nírel rnéclio integrada
(carninho 7); e
.,1,u- entrar
para urr] cur-so cle nír,el superior clue
poclenr
ser: o Seqüencial (carninho ,t,) ou
Tecnológico (carninho
5) ou, ainda, um de Graduação (carninho
o)l
A trducação Superior tern corno oÍêrta:
1'- a Graduação conhecicja conro formação
acadê_
mica universitária, pois busca preparar
o aluno l)ara o
mercado de trabalho (engenhei.os. rnédic,rr,
o.qri,",or,
advogados, econonrista, ou pal_a a pesquisa, por rneio
da pós-graduaç:ão Stricto "t..)
Sensu (rrr"rtra,lo ànrto*an;;
2u- os ctrrsos Seqüenciais ou cle "
Tecnólogor, "-
q,,ã *n
deÍinidos cor]lo crrrsos não universitários
:: :::::
_-
por alguns autores.
: : : : : _: :
;railaãj,rj
l. Caro leitor,
não lcia otr tentc clecorar o csqucnla.
Você, que leu a explicação cla estrutura,
sente corÍbrtavel_
rnente, pensc c tetrtc construí_lo.
No prirneiro nlo[tcnto sern ver c posteriorrncntc
o[>
scrvando os detalhcs, lembre c questione
scmpre.
2' você é Íàr'orá''er à existôncia cre uma
Lei cre f)iretri-
zes e Bases (LDB) e cle um Irlano
Nacional cle F)ducação?
vocô conscgui, perceber a cliÍbrerça
dos docurre.tosp
: : : : : : : __: : : : : : : _: :
3O ,\nrorrio
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Nq,1,
rsBN 978-85-88081-8ó-4

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