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Pesca
Pesca
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Pescadores de Bangladesh
Índice
1Pesca e pescarias
2As pescas na história
3Importância econômica
4Métodos
o 4.1Pesca de linha
o 4.2Pesca de emalhe
o 4.3Pesca de cerco
o 4.4Pesca com armadilhas
o 4.5Pesca com vara
5A pesca praticada pelos nativos das Américas
o 5.1Técnicas pesqueiras
6Ver também
7Referências
8Ligações externas
Desde que há memória que a pesca sempre fez parte das culturas humanas, não só como
fonte de alimento, mas também como modo de vida, fornecendo identidade a inúmeras
comunidades, e como objeto artístico. A Bíblia tem várias referências à pesca e o peixe
tornou-se um símbolo dos cristãos desde os primeiros tempos.
Uma das atividades com uma história mais longa é o comércio de bacalhau seco entre o
norte e o sul da Europa, que começou no tempo dos viquingues há mais de 1000 anos.
Segundo os pescadores a Lua exerce influência na pesca, assim podemos classificar as
fases da Lua da seguinte forma: lua cheia – ótima para pesca; lua minguante – boa para
pesca; lua nova – ótima para pesca e lua crescente – regular para pesca.
A forma mais simples da pesca é um indivíduo isolado com uma canoa ou uma rede de
pesca. Não só como atividade recreativa, proporcionando um enorme comércio em muitos
países desenvolvidos, mas também como pesca de subsistência nos países menos
desenvolvidos, esta forma de pesca continua a ser muito importante em todo o mundo.
Mas a forma mais usual de pescar é com o auxílio de embarcações, começando com
a jangada de papiros do Egito ou a piroga ou canoa de tronco escavado, ainda hoje a
principal plataforma de pesca em muitos países menos desenvolvidos, passando
pela voadeirae pelos barcos à vela, até aos enormes barcos-fábrica responsáveis pela
produção de atum e equipados com a mais moderna tecnologia, desde helicópteros para a
detecção dos cardumes, até receptores de informação de satélites, que lhes indicam a
posição exata, a temperatura da água do mar, etc.
A pesca com linha e anzol, parecendo simples, continua a ser uma das principais formas
de capturar peixe. Pelo fato do material ser de fácil aquisição, é o principal método de
pesca de subsistência em rios, lagos ou junto à costa. No entanto, várias pescarias
industrializadas usam este método, quer com a chamada linha-de-mão, em que cada
pescador segura na mão uma linha na extremidade da qual se colocam várias linhas
secundárias cada uma com o seu anzol, até aos palangres de vários quilómetros de
comprimento com que se pescam os atuns de profundidade.
Ainda muito praticado mas com menos adeptos é a pesca com mosca ou fly
fishing em inglês.
A pesca de anzol é ainda um esporte muito praticado no mundo.
Algumas variantes da rede de emalhar deram origem às redes de cerco: a rede é colocada
em volta de um cardume e o cabo do fundo pode ser puxado até formar um saco onde
todo o peixe fica aprisionado. Esta forma de pescar é utilizada tanto em nível artesanal -
na região norte de Moçambique estas redes são fechadas por 4-5 mergulhadores, em
águas baixas - como em nível industrial, por exemplo, para algumas espécies de atum que
formam cardumes à superfície do mar.
Abatendo tubarão
Outra proeza era o índio enfrentar a fera com um pedaço de pau comprido e, ao ser
atacado, introduzi-lo na garganta do animal, asfixiando-o.[9][10] No relato do pirata inglês
Anthony Knivet sobre os Goitacase do Rio de Janeiro:
Já os vi pegar grandes tubarões pela cauda e arrastá-los para a praia.[11]
Polvos eram abatidos nos recifes com arco e flecha durante o dia e com auxílio
de tochas de fogo à noite.[7][10] Camarões eram pescados no século XVI na Bahia com puçá
ou rede e as ostras eram coletadas tanto no mar como nos mangues. Alguns índios
ficavam boiando à noite e quando algum peixe passava ao seu alcance ele mergulhava e o
agarrava com as mãos.[10] Já os Manchineri do Acre, Bolívia e Peru também pescavam
mergulhando e fisgando os peixes embaixo da água.[12]
O método mais eficiente para aprisionar os peixes de água doce era empregando produtos
vegetais, como o timbó, cuja casca ou raizesmagada e jogada na água atordoava e
asfixiava os peixes, obrigando-os a virem para a tona d’água, quando eram facilmente
capturados. Os peixes podiam ser consumidos sem nenhum risco, mas a água
contaminada podia causar diarreias e irritações nos olhos.[4] Em 1560 o Padre José de
Anchieta fez uma interessante narrativa sobre o método:
Colocando timbó na água
“Apanha-se infinita quantidade de peixes em certo tempo do ano, que os índios chamam
pirâiquê (ou perequê), que quer dizer ‘entrada dos peixes’. Acorrem inúmeros de diversas
partes do mar e entram pelos esteiros, estreitos e de pouco fundos, para por os ovos.
Parece admirável, mas é do consenso de todos e verificado por notória experiência: vê à
frente, à tona da água, dez ou doze dos maiores à guisa de exploradores, andam à roda a
inspecionar todo o lugar e se lhes acontece algum mal, como adivinhando cilada, voltam
atrás para conduzir o cardume a outra parada. Mas, como já está tudo prevenido para que
os que entram se lhes não faça mal, se eles acham que tudo está seguro e que o lugar é
apropriado, voltam e introduzem inúmera quantidade de peixe pelas estreitas bocas
(porque já está todo o sítio cercado, só com uma estreita entrada livre, o que é fácil fazer
por ser água de pouco fundo), onde encurralado e embriagado com o suco dum pau que
os índios chamam timbó, são apanhados sem trabalho algum, às vezes mais de doze mil
peixes grandes.”[13]
No entanto, o próprio governo local percebeu à época os impactos de tal método, e em
1591 estabeleceu a Câmara de São Paulo que "ninguém mandasse nem desse timbó no
Tamanduateí com pena de quinhentos réis. E em 1626: "que nenhuma pessoa use timbó
nem ponha tresmalho em tempo em que o peixe sai a desovar".[14] No entanto, os
moradores da cidade continuaram fazendo isso, inclusive usando da armadilha chamada
Pari - cerca de taquara estendida de margem a margem -, que chegou a dar seu nome a
um bairro de São Paulo.
Os índios Deni, da família linguística Arawá do Amazonas, desenvolveram uma técnica
interessante para pescar o peixe piau. Misturavam farinha de mandioca, larvas de vespa e
um tipo de timbó, faziam bolinhos que eram atirados na água e engolidos pelos peixes.
Estes ficavam atordoados, iam à tona e eram pegos pelos índios.[15] Índios venezuelanos
do século XVIII adotavam técnica semelhante, mas ao invés de farinha de mandioca
utilizavam milho cozido e moído.[16] Indígenas do rio Uaupés, da Amazônia, misturavam
o suco do timbó em bolotas de barro e as atiravam na água para que elas afundassem e
o veneno atingisse peixes que ficavam no fundo. O mesmo povo adotava outra técnica de
pesca que consistia em lançar na água bolotas feitas de folhas e sementes de
cunambi, arbusto de folhas largas, piladas e misturadas com farinha, cinza de cana
brava, pimenta e japurá. Os peixes que engoliam as bolotas vinham à superfície da água,
sendo apanhados.[17]
Referências
1. ↑ «Comércio mundial de peixes bate recorde de 160 milhões de toneladas». Consultado em
22 de fevereiro de 2014
2. ↑ «A aquicultura e a atividade pesqueira». 2008. Consultado em 22 de fevereiro de 2014
3. ↑ «As pescas europeias em números» (PDF). Consultado em 22 de fevereiro de 2014
4. ↑ Ir para:a b CAVALCANTE, Messias S. Comidas dos Nativos do Novo Mundo. Barueri, SP.
Sá Editora. 2014, 403p.ISBN 9788582020364
5. ↑ POVOS INDÍGENAS NO BRASIL (S/DATA). Rikbaktsa. Atividades econômicas.
Disponível em http://pib.socioambiental.org/pt/povo/rikbaktsa/352 Consulta em 01/09/2012
6. ↑ LEÓN-PORTILLA, Miguel. Los antiguos mexicanos a través de sus crónicas y
cantares. Mexico, Fondo de Cultura Económica. 1968, 202p.
7. ↑ Ir para:a b CARDIM, Fernão (1540?-1625). Tratados de gente e terras do Brasil. Belo
Horizonte, Edit. Itatiaia; São Paulo, Edit. Da Universidade de São Paulo. 1980, 206 p.
8. ↑ PISO, Guilherme (1611-1678). História natural e médica da Índia Ocidental. Rio de
Janeiro, Coleção de Obras Raras – Instituto Nacional do Livro – Ministério da Educação e
Cultura. 1957, 685 p.
9. ↑ DANIEL, João (1722-1776). Tesouro descoberto no máximo rio Amazonas. Rio de
Janeiro, Contraponto. 2004, Vol. 1, 600 p.
10. ↑ Ir para:a b c SOUSA, Gabriel Soares de (1540-1590). Tratado descritivo do Brasil em 1587.
4ª ed. São Paulo, Cia Editora Nacional, Editora da Universidade de São Paulo. 1971, 4ª Ed.
389p.
11. ↑ KNIVET, Anthony (1560 – c. 1649). As incríveis aventuras e estranhos infortúnios de
Anthony Knivet. 2ª Ed. Organização, introdução e notas de Sheila Moura Hue; Tradução
Vivien Kogut Lessa de Sá. Rio de Janeiro, Zahar. 2008, 2ª Ed. 255p.
12. ↑ POVOS INDÍGENAS NO BRASIL (S/DATA. Machineri. Atividades produtivas.
Disponível em http://pib.socioambiental.org/pt/povo/manchineri/723 Consulta em
06/09/2012.
13. ↑ ANCHIETA, Padre José de 1534-1597 (2004). As coisas naturais de São Vicente. Ao
General P. Diogo Laínes. Roma. São Vicente, 31 de maio de 1560. p. 26-55 In: Minhas
Cartas por José de Anchieta. 158 p. São Paulo, Associação Comercial de São Paulo. Os
textos das cartas de Anchieta e as notas de rodapé foram extraídas do livro “Cartas,
correspondência ativa e passiva” do padre Hélio Abranches Viotti, S. J., Edições Loyola,
SP, 1984.
14. ↑ Silva Bruno, Ernani (1954). História e Tradiçoes da Cidade de São Paulo 2a ed. São
Paulo: José Olimpio. p. 258
15. ↑ POVOS INDÍGENAS NO BRASIL (S/DATA). Deni. Atividades produtivas. Disponível
em http://pib.socioambiental.org/pt/povo/deni/478 Consulta em 28/08/2012.
16. ↑ GUMILLA, Joseph 1686-1750 (1791). Historia natural, civil y geográfica de las
naciones situadas en las riveras del río Orinoco. Tomo I. 360 p. Barcelona, em La
Imprenta de Carlos Gibert y Tutó Google Books. Consulta em 09/1/2012.
17. ↑ REVISTA DE ATUALIDADE INDÍGENA. O pão da selva. p. 14-20. In: Revista de
Atualidade Indígena. Brasília, Fundação Nacional do Índio. 1976, ano I, nº 1, 64 p.