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Por outro lado, o que não é (ou foi) de somenos importância, devo-lhe ter-me introduzido Neto Simões
História de Almeirim
e integrado no restricto grupo/tertúlia de grandes intelectuais da “direita nacional” (ante e Alexandre Zagalo
Economia post 25/Abr/1974), do qual sobressaíram: o meu saudoso amigo, camarada e mestre de
Filosofia do Direito e do Estado, Prof. Doutor António José de Brito (um dos mais insignes Pedro Pereira
Ambiente filósofos políticos portugueses do Séc. XX); o destemido jornalista Manuel Maria Múrias Maria do Carmo
(pai), director do primeiro jornal assumida e manifestamente de direita post 25/Abr/1974, Vieira
“A RUA”; o grande poeta Goulart Nogueira (sem menosprezo de outros).
M.Azancot de
Portanto, peço ao leitor releve eventuais excessos de adjectivação, bem como possíveis, Menezes
mas involuntárias, imprecisões históricas, sendo que, caso ocorram, não serão susceptíveis José Janeiro
de adulterar o texto e de distorcer a respectiva “mensagem”.
Francisco Garcia dos
Corria o ano-lectivo de 1981-82 quando Santos
frequentava o 12º ano de escolaridade José António
na Escola Secundária da Cidade Marques
Universitária, em Lisboa. Por ocasião de
eleições para a respectiva associação de Pedro Barroso
estudantes, durante a campanha Jorge Duarte
eleitoral, uma lista nacionalista (a Lista
Patricia Cinfuentes
N) concorrente às mesmas, convidou o
Cap. Pq. Dr. Luís Fernandes para Joaquim Jorge
efectuar uma conferência, aliás muito Manelinho de
concorrida, bem como de grande Portugal
interesse, sobre o nacionalismo, à qual
assisti. No final da mesma troquei Armando Alves
algumas interessantes e simpáticas
palavras com o orador, tendo-se logo
revelado uma empatia espontânea e
natural entre ambos -até porque o Luís
Fernandes tinha uma personalidade
carismática e cativante. A partir de
então começámos a construir e
consolidar uma amizade e camaradagem
para a “Vida”, as quais só se
suspenderam, i. e., ficaram entre
“parêntesis”, com a sua “partida” da
Terra para o Céu -amizade e
camaradagem essas que peço ao
Senhor, que quando decidir “chamar-
me” à Sua presença, me permita reatar
em espírito com o Luís.
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suspender os estudos e oferecer-se como voluntário para o serviço militar obrigatório, e
mais do que provável mobilização para uma das 3 frentes de guerra então travadas nas
ex-Províncias Ultramarinas de Angola, Guiné e Moçambique, o que ocorreu em Julho de
1972.
Uma vez incorporado nas fileiras do Exército em Outubro de 1971, fez o Curso de Oficiais
Milicianos na então Escola Prática de Infantaria em Mafra; depois frequentou o Curso de
Acção Psicológica na então Escola Prática de Administração Militar em Lisboa; em Abril de
1972 foi promovido a aspirante-a-oficial miliciano, tendo sido destacado para o Estado-
Maior do Exército para frequentar o Curso de Especialidade em “acção psicológica”; em
Julho desse mesmo ano, como acima se referiu, foi mobilizado para servir em
Moçambique, tendo-se voluntariado para frequentar o Curso de Instrução de Grupos
Especiais no Dondo (CIGE-Dondo), ingressando a seguir nos Grupos Especiais Pára-
quedistas (GEPs).
O Luís, verdadeiro Soldado (com “S” grande), sempre preferiu o “mato” ao “ar
condicionado”, a sua AK-47 Kalashnicov à “caneta”, o confronto directo com o inimigo às
messes de oficiais (e suas “damas”) nas cidades onde não havia qualquer perigo,
comandando no terreno diversas operações de assalto e de contra-guerrilha de forma
vitoriosa.
Definindo-se a si próprio como “soldado político”, i. e., alguém que não combate
contrariado ou a mando de terceiros, mas fazendo-o voluntariamente e imbuído de um
ideal em que filosófico-politicamente acreditava, auto-confiante e pleno de entusiasmo
guerreiro que “contagiava” os seu “homens”, o Luís tornou-se um verdadeiro “Cabo de
Guerra”, querido pelos seus soldados e temido pelos seus inimigos.
Em Fevereiro de 1974 foi mandado regressar ao CIGE-Dondo, pelo seu novo oficial
superior afecto ao MFA, e em Março regressar à Metrópole para gozar uma licença
disciplinar.
Nesse mesmo mês de Setembro, em vôo comercial da TAP, e fazendo escala em diversas
cidades de países africanos, regressou a Moçambique com vista a, uma vez chegado a
Lourenço Marques (Maputo), contactar vários camaradas dos Grupos Especiais e oficiais
“Comandos” para organizarem e efectuarem um assalto à Prisão da Machava, onde se
encontravam vários presos políticos portugueses, libertá-los, e, de seguida, fugirem todos
para a República da África do Sul.
Contudo, tal não chegou a acontecer, pois traiçoeiramente, em 18/Out/1974 o Luís foi
preso pela Polícia Militar portuguesa e posteriormente entregue aos ”turras” da FRELIMO,
seus inimigos “figadais”, sendo ainda Moçambique parte do território português e
administrado civil e militarmente pelo Governo de Portugal, chefiado pelo então Ten-Cor.
Vasco Gonçalves e sua “guarda pretoriana” revolucionária do MFA, o COPCON (Comando
Operacional do Continente) comandado pelo então Maj. Otelo Saraiva de Carvalho.
Moçambique só se tornou um Estado independente em 25/Jun/1975.
Traído pelos seus supostos camaradas, liderados em Moçambique pelo então Cap. Camilo
do MFA, o Luís foi entregue ao inimigo “turra” da FRELIMO. Passou por vários “campos de
reeducação” (leia-se de “concentração”), tendo assistido a inúmeros fuzilamentos de
militares autóctones portugueses que tinham servido sob o seu comando, e apenas foi
poupado a ser “passado pelas armas” devido, segundo me disse, a não ter sido
reconhecido pelos seus ignorantes carcereiros.
Contudo, como “herança” desses tempos de cativeiro, trouxe a doença que “surdamente” e
ao longo de décadas esteve na origem da sua morte.
Regressado à Metrópole, i. e., Lisboa e à “vida civil”, em termos cívicos, culturais e sócio-
políticos integrou e colaborou até à morte com várias organizações patrióticas e
nacionalistas, e profissionalmente foi solicitador, prof. universitário da “cadeira” de Ciências
Sociais na Universidade Autónoma de Lisboa e, por fim, ainda que sendo um docente e
intelectual muito válido e querido dos seus alunos, por mesquinhez e de novo traído pelos
supostos “seus”, reformou-se mui digna mas pobremente como empregado/porteiro de
uma empresa de segurança privada.
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Especiais, verdes dos Pára-quedistas,
vermelhas dos Comandos e dos GEPs, e
pretas dos Fuzileiros. A sua urna,
coberta com a Bandeira Nacional, foi
“carregada em ombros” por vários
amigos e camaradas de “velha” e “nova”
data até à tumba por si desejada, sita
no Talhão da Liga dos Combatentes do
Cemitério do Lumiar, em Lisboa.
Os seu amigos e camaradas de sempre encarregaram-se de lhe prestar as honras que bem
mereceu e que, embora na sua proverbial modéstia, gostaria de ter.
Que todos quantos tiveram o privilégio de conhecer o Luís, com ele conviver, merecer a
sua indefectível e sentida amizade e camaradagem, saibam honrar a respectiva memória,
seguindo-lhe o exemplo.
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