ONG ● A Khandlelo pôs CONSUMO ● A nova geração

Xipamanine a empreender está menos nas redes sociais

Nº 72 v Novembro 2018 v 200Mt v 5 Edição Moçambique

VAMOS
CRESCER
A TODO
O GÁS
Em 2022 a bacia do Rovuma
começará a produzir gás em Coral
Sul. Quanto dinheiro envolve e vai
gerar o negócio do gás? Só o
Estado vai arrecadar muito mais
de 100 mil milhões de dólares

GALP
A próxima
década é de
Moçambique
 REVISTA MENSAL — ANO 5 — NO 72 — NOVEMBRO 2018
TIRAGEM: 10 000 EXEMPLARES - CAPA: PRUSCHA/ GETTY

NEGÓCIOS
30 Ginásios Os negócios que mexem com o corpo estão em expansão
36 Dataserv É uma referência no mercado das tecnologias de
informação, que lidera e onde marca presença há duas décadas e meia
40 M-Xitique Agora pode ser gerido em tempo real por uma app, que
assenta na plataforma criada por Edilson Mucanze

GLOBAL
46 Refugiados Nunca houve tantas pessoas forçadas a viverem fora
do país de origem, um enorme desafio no combate à xenofobia
50 Nafta Donald Trump acabou por fazer uma nova Nafta,
mostrando-se mais favorável à abertura do comércio mundial do que

30
CORPO: Mantê-lo
a sua retórica sugere
54 Brexit Tem sido difícil para o governo do Reino Unido chegar a um
consenso sobre a sua saída da União Europeia
em forma 58 Angola O país sempre acabou por pedir apoio financeiro ao FMI
impulsiona a
abertura de mais ECONOMIA
EDILSON TOMÁS

ginásios 60 Nobel Os premiados que olham para o essencial do futuro

GESTÃO

40
M-XITIQUE: Edilson
64 Logística A Monsanto, multinacional de biotecnologia para
a agricultura, adoptou novos processos pró-cliente
66 Emprego Os empreendedores dão-se mal como empregados
Mucanze trouxe
tecnologia a uma LIVRO
prática habitual 70 Alerta A ex-secretária de Estado americana Madeleine Albright,
faz um alerta sobre os perigos de um regresso do fascismo

MARKETING

82 MODA:
74 Senna O mítico corredor brasileiro de Fórmula 1 dá o nome
à marca que investe no mercado de luxo
78 Animação O aumento de desenhos animados no Brasil originou
A “geração o licenciamento de produtos
fuga” muda 82 Tendências Os jovens deixam as redes sociais e optam por outro
EDILSON TOMÁS

o mercado estilo de vida que também altera o consumo

de consumo
ONG
88 Khandlelo Uma iniciativa de jovens do Xipamanine que tem como
objectivo aproveitar novos talentos

SECÇÕES
VICTOR VIRGILE/GAMMA-RAPHO/GETTY IMAGES

Editorial 6
Primeiro Lugar 8
Grandes Números 16
Mundo Plano 44
Dinheiro Vivo 68
Bazarketing 86
Exame Final 98

4 | Exame Moçambique
CARTADODIRECTOR
IRIS DE BRITO
Edifício Rovuma, Rua da Sé, n.º 114,
DIRECTORA Escritório 109
MAPUTO, MOÇAMBIQUE

ECONOMIA
geral@examemocambique.co.mz
Directora: Iris de Brito

GASEIFICADA Director Executivo: Luis Faria

(luis.faria@luisfaria.com)

A
Arte: Elsa Pereira
Colaboradores Regulares:
gora que o negócio do gás natural mostra Valdo Mlhongo,
claros sinais de avanço, torna-se funda- Thiago Fonseca (crónica),
mental considerar as implicações macroe- Júlio Dengucho (fotografia),
e Pedro Pinguinha (arte final)
conómicas das receitas daí provenientes e agir de Colaboraram nesta edição:
modo a controlar os efeitos colaterais do aumento Aline Scherer, André Lopes,
de riqueza. Cristiana Pereira, Filipe Serrano,
Gustavo Magaldi, Naiara Bertão, Rafael Kato,
Nas décadas de 1960 e 70, as descobertas de Renata Vieira, Edilson Tomás,
petróleo no mar do Norte trouxeram um acréscimo Ricardo Franco (fotografia)
de rendimento aos países que o exploraram. Nem Direitos Internacionais:
todos tiveram o mesmo aproveitamento. Em 1977, a consagrada revista britâ- EXAME Brasil (texto e imagens),
AFP, Graphic News e IStockPhoto
nica Economist surgiu pela primeira vez com a expressão dutch disease (“doença
Coordenação Geral: Marta Cordeiro (projecto),
holandesa”) ao referir-se à queda da manufactura na Holanda, fruto dos efeitos Inês Reis (arte)
da exploração petrolífera. As receitas do petróleo traduziram-se num aumento Multimédia e Internet: Plot.
do PIB, conduzido pelo crescimento das exportações, do emprego e dos salá- www.examemocambique.co.mz
rios. A melhoria da balança comercial e os fluxos de investimento para o sec- PUBLICIDADE
tor petrolífero traduziram-se numa valorização cambial que, juntamente com o +258 843 107 660
aumento do custo da mão-de-obra, retirou competitividade ao sector industrial. comercial@examemocambique.co.mz
Comercial: Gerson dos Santos
Com as descobertas de petróleo no seu território e a atribuição das primeiras
licenças em 1965, a Noruega optou por um modelo de desenvolvimento alter- ASSINATURAS
Moçambique: Nádia Pene, +258 845 757 478
nativo que permitiu minimizar alguns dos efeitos provenientes das relevantes Portugal: Ana Rute Sousa, +351 213 804 010
receitas petrolíferas. O Norwegian Government Pension Fund é o maior fundo assinaturas@examemocambique.co.mz
soberano do mundo e tem hoje activos de cerca de um bilião de dólares (um
REDACÇÃO
milhão de milhões), valor que, com toda a + 258 21 322 183
transparência, pode ser acompanhado em redaccao@examemocambique.co.mz
tempo real na página inicial da Internet
do Norges Bank Investment Management,
A “doença holandesa” Produção: Ana Miranda
Número de registo: 09/GABINFO - DEC/2012
entidade responsável pela gestão do fundo. não é inevitável Tiragem: 10 mil exemplares
As estatísticas norueguesas referentes ao Distribuição:
Moçambique: Flotsan, Bairro Patrice Lumumba,
peso do negócio do petróleo mostram a volatilidade que a exposição às variações Rua “A” Casa 242, Matola
das commodities pode ter nas receitas fiscais. Se nos anos iniciais o seu peso era Tel.: +258 84 492 2014; +258 82 301 3211.
practicamente nulo, no início da década de 1980, com a subida dos preços e da e-mail: mozadmin@africandistribution.net
produção, as receitas provenientes do negócio do petróleo passaram a represen- Portugal: VASP, MLP Quinta do Grajal, Venda Seca
2739-511 Agualva Cacém Tel.: +351 214 337 000
tar cerca de 20% das receitas fiscais. O Estado norueguês pode utilizar até 4%
Impressão: Minerva Print
do fundo mas apenas para investimento, ou seja, dispõe hoje de um poderoso Av. Mohamed Siad Barre, n.º 365
instrumento anticíclico. Mas não só. A compra de activos internacionais, como Maputo
obrigações americanas ou acções mundiais (das quais tem cerca de 1%!), per- A revista EXAME (Moçambique) é um
mite não só reduzir a pressão sobre a coroa norueguesa mas também diversifi- licenciamento internacional da revista EXAME
(Brasil), propriedade da Editora Abril.
car o risco dos investimentos, podendo inclusivamente beneficiar da exposição
a países de elevado crescimento.
Moçambique tem uma indústria numa fase emergente, em consolidação, pelo Sociedade Moçambicana
que os efeitos de uma valorização cambial podem ser bastante nefastos. Ao nível de Edições, Lda.
do agro-negócio os efeitos podem ser ainda mais impactantes. A criação de um Director-Geral
Miguel Lemos
fundo soberano poderá funcionar como um instrumento adicional de política Conselho de gerência
monetária e fiscal, permitindo uma maior flexibilidade na gestão dos câmbios, Luís Penha e Costa
Rui Borges
taxas de juro e investimentos públicos, sendo simultaneamente uma garantia da António Domingues
distribuição da riqueza também pelas gerações futuras.  b

6 | Exame Moçambique
NEGÓCIOS GINÁSIOS

PARA
TODOS
OS GOSTOS
E BOLSAS
Um negócio em expansão, o dos ginásios, o que significa
que os moçambicanos dão cada vez mais importância à
aparência, saúde e forma física. Há-os nas mais diferentes
versões e para diversas capacidades aquisitivas
ELMANO MADAIL

O universo dos ginásios em

Maputo está em franca
expansão. Seguindo uma
tendência mundial, a indús-
tria moçambicana do bem-
-estar e da musculação procura responder
àcada vez maior procura, seja por razões
sanitárias ou motivações estéticas, na esteira
dos novos paradigmas do corpo apetecível.
E, não obstante o forte impulso dos últi-
mos anos, há ainda margem para ampliar
o universo de operadores. Tudo depende
da oferta de cada um. Propostas não fal-
tam – para todos os gostos e cabedais.
EMPRESÁRIOS SOLITÁRIOS
Pescoço taurino, bícepes e trícepes salien-
tes, gémeos angulosos e amplos peitorais,
Rico Tavares encontra no próprio corpo
musculado de 35 anos o melhor cartaz
para o seu ofício: personal trainer (PT).
Como tantos em Maputo – e são muitos...
—, começou por dar aulas ao ar livre, no
miradouro da Avenida Friedrich Engels,
e também ao domicílio, repartindo-se
ainda por dois ou três ginásios dos cerca
de trinta que a cidade deve ter, em regime
de part-time.
“Mas depois a procura começou a aumen-
tar e vi-me obrigado a dar aulas em grupo”,
recorda Tavares. Com 25 pupilos, arren-
dou um espaço na Av. Ahmed Sekou Touré
onde abriu um pequeno ginásio. Espar-
tano, não tem qualquer máquina. Uma
aridez que decorre da natureza dos trei-
nos: “Há muitos PT cá mas sou o único

30 | Exame Moçambique
 AFLUÊNCIA:
A procura por
ginásios não
dá descanso
EDILSON TOMÁS

às passadeiras

novembro 2018 | 31
NEGÓCIOS GINÁSIOS

formado em pugilismo, além da Motri-

cidade Humana”, realça. ERIBERTO NOGUEIRA:
Em função dessa singularidade, o ex- O Planeta Saúde é um
-pugilista, que foi campeão da Península ginásio para o povo
Ibérica ao serviço de um clube português
de Loulé, introduziu em Maputo o boxe
funcional. “É a combinação de técnicas
de boxe com técnicas de autodefesa mas
sem contacto”, explica Rico. “Acelera o
metabolismo e, assim, queima mais rapi-
damente as gorduras, ajudando a tonifi-
car o corpo e a trabalhar o cárdio.” Uma
ajuda preciosa são também as rendas
dos outros PT solitários que lhe suba-
lugam o espaço à hora. Contas feitas e
tudo incluído, o ginásio de Rico Tavares
movimenta mais de um milhão de meti-
cais por ano.

MASSIFICAÇÃO DO INVESTIMENTO
Muito mais movimentará o Planeta Saúde,
ali na vizinhança. Desde as 5 da madru-

EDILSON TOMÁS
gada e para lá das 22 horas, máquinas,
bicicletas e passadeiras instaladas numa
sala das Piscinas do Maxaquene não têm
sossego dada a afluência massiva de uten-
tes. A procura explica-se pelo preço: “Os MURRO NA PREGUIÇA:
estudantes pagam 1300 meticais por mês, Cada vez mais
os outros 1500. É barato”, diz Eriberto moçambicanos
Nogueira, moçambicano licenciado em frequentam ginásios
Educação Física que abriu, com a mulher
nutricionista, o Planeta Saúde em 2008.
Um êxito instantâneo mas, no entanto,
fruto de uma abordagem ponderada ao
mercado. “O ponto é estratégico, o preço
é óptimo, o serviço é excelente”, advoga,
frisando: “O preço é um atractivo mas
não basta — é preciso ter serviço de qua-
lidade senão as pessoas não voltam. Por
isso, investimos nos recursos humanos”,
alega, “porque esse é o factor mais difícil
de gerir neste negócio”.
Daí o cuidado extremo no recrutamento
dos instrutores, um processo exigente e
um pouco longo: “Apareceram cá mui-
tos candidatos, mas sem formação acadé-
mica nem profissional. Então começámos
a recrutar na Faculdade”, explica. Após
nove meses de formação, tanto teórica
como prática, os universitários ou licen-
ciados em Educação Física que assimi-
lam os padrões do Planeta Saúde ficam
na empresa.

32 | Exame Moçambique

BOX FUNCIONAL:
A combinação
de técnicas de boxe com
EDILSON TOMÁS
técnicas de autodefesa
NÃO OBSTANTE O FORTE IMPULSO DOS
ÚLTIMOS ANOS, HÁ AINDA MARGEM PARA
AMPLIAR O UNIVERSO DE OPERADORES
E, aparentemente, todos prosperam.
Hoje, o Planeta Saúde tem mais de 180
máquinas ao serviço de mil utentes, dividi-
dos entre o ginásio das Piscinas de Maxa-
quene, zona residencial de classe média,
e a filial, com cerca de 1800 metros qua-
drados, instalada, desde 2016, dentro do
recinto da Escola Secundária Estrela Ver-
melha, na Avenida Guerra Popular. Uma
zona de má fama e rendimentos baixos.
A MUSCULATURA DO POVO
Mas o empresário quis que fosse assim:
“O preço é baixo, tal como no Maxa-
quene, mas quem vive aqui jamais se des-
locaria, todos os dias, para ir lá treinar.
Então viemos ter com o cliente. Porque
acreditamos que todos devem ter direito
a uma vida saudável”, afirma, revelando
EDILSON TOMÁS
o seu público-alvo: “A nossa aposta são
os estudantes e os funcionários públicos,
cujos salários não são muito elevados. Este
é um ginásio pelo povo e para o povo.”
Sob a retórica altruísta existe um modelo
de negócio em expansão. Para já, no hori-
zonte de Eriberto há uma nova unidade
pronta a inaugurar e que triplica a área
útil do Planeta Saúde do Estrela Vermelha
— a qual até quadra de voleibol de praia
tem... — mantendo a filosofia dos preços
baixos. Numa pura lógica de massificação.
Captar uma boa fatia de clientes é o
objectivo de todos os ginásios de Maputo
e seguramente a de um dos maiores e mais
recentes empreendimentos da cidade, o
Power by Physical. As instalações no Baía
Mall, na Avenida Marginal, com vista
privilegiada para o mar, ainda cheiram
a novo. Inauguradas em Fevereiro, têm
áreas amplas, 150 máquinas e dezenas
de monitores que servem pessoas mais
hedonistas, segundo Victoria Manhique:
“O Power implica a gestão conjunta com o
Ginásio Physical (sediado no Clube Marí-
timo há mais de vinte anos) e, como par-
ceiros, têm filosofias complementares: o
Physical está vocacionado para o bem-
-estar e a saúde, e o Power para o fitness,
a forma física e a musculação.”
E lá andam, esforçando-se por acele-
rar a combustão calórica, os clientes de
músculos exuberantes, veias salientes e
dentes cerrados, levantando pesos e, se
necessário, pneus de tractor no processo
de tornear o corpo... Ali, a expressão “no
pain, no gain” adquire outra dimensão.
Mas a clientela do Power ainda não
coincide com as previsões. Se é notório o
aumento da procura devido à proximidade
do Verão, cuja temperatura incita à dis-
pensa dos trapos que ocultam as cinturas
desnatadas pelo ginásio, os inscritos estão
aquém das expectativas. Não obstante a
época e os preços acessíveis (a partir de
2500 meticais), “pela estimativa inicial,
novembro 2018 | 33
NEGÓCIOS GINÁSIOS
CULTO: O da aparência
física é uma motivação
para ir ao ginásio
já teríamos mil membros mas estamos
abaixo disso”, confessa Manhique. Um
contratempo porque ao Power interessa
quantidade que faça jus ao investimento.
NO TOPO DA PIRÂMIDE
Nos antípodas da lógica inclusiva e mas-
sificadora dos outros ginásios encontra-
-se o Luxcorpus — Health Club & SPA.
Inaugurado em Março deste ano e rebap-
tizado entretanto Clube Luxcorpus, a sua
existência não se deve à cultura do físico
por si só nem se esgota enquanto negó-
cio; bem pelo contrário, o Luxcorpus nas-
ceu como serviço integrado num conceito
mais vasto e inovador em Maputo que tem
por filosofia a exclusividade. Com efeito, o
Clube Luxcorpus não é um equipamento
isolado mas peça integrante do Complexo
JAT Center, a “Nova baixa de Maputo”.
O prédio imponente e de fachada cris-
talina que avulta no centro de negócios da
capital, na zona leste da cidade e junto da
Rua dos Desportistas, é também o corolá-
rio dos empreendimentos JAT, cuja cons-
trução orçou em 130 milhões de dólares e
cinco anos de trabalhos. De resto, além do
34 | Exame Moçambique
EDILSON TOMÁS
TODOS OS OPERADORES TÊM A CONVICÇÃO
DE QUE O MERCADO SE VAI EXPANDIR
MAS O PANORAMA NÃO SERÁ TRANQUILO
investimento, no JAT Center tudo é super-
lativo, integrando dezenas de escritórios,
84 apartamentos residenciais, um hotel
de quatro estrelas e 173 quartos (Melia
Maputo Sky), uma zona comercial com
53 lojas e o Luxcorpus. Também este super-
lativo. Com 4500 metros quadrados, além
da maquinaria usual e dezenas de monito-
res, na oferta diferenciadora consta, para
lá das instalações — com um design con-
temporâneo e um suave perfume omni-
presente — e do SPA, da hidroteriapia e
massagem vichy (jactos de água), a pis-
cina semiolímpica aquecida. O tanque
proporciona natação, aulas de hidrogi-
nástica em ambiente controlado e acqua
training... O Luxcorpus é, enfim, um luxo
sem rival na cidade. Não é para todos.
A exclusividade é, aliás, uma ideia
nuclear ao Luxcorpus. Com mensali-
dades que podem ultrapassar os 15 mil
meticais, não surpreende que os clien-
tes tenham capacidade aquisitiva muito
superior à média e que procurem, além
da discrição no exercício, uma afirmação
de estatuto. Não obstante, e à semelhança
dos pares menos elitistas e sofisticados,
o Luxcorpus não enjeita a angariação de
clientes e a eventual expansão. Porque há
espaço num negócio cuja procura é cada
vez maior e transversal.
ILUSÃO DO LUCRO SEM ESFORÇO
A procura pode ser grande mas os encar-
gos de um ginásio também — principal-
mente no que respeita à maquinaria e
recursos humanos. E o rendimento da
maioria dos moçambicanos, já de si rela-
tivamente baixo, não tem aumentado.
A terem de fazer opções numa economia
deprimida, talvez o culto do físico — que
não se circunscreve ao exercício, envol-
vendo ainda a alimentação, os suplementos
e têxtil adequado — não seja prioritário.
É por isso que, embora todos os ope-
radores sejam unânimes na convicção de
que o mercado dos ginásios se vai expan-
dir, o panorama não será tranquilo. “Há
uma ilusão muito grande em torno deste
negócio. Certos investidores, porque vêem
um ginásio a trabalhar bem, cheio de pes-
soas, julgam que basta abrir e, como num
passe de mágica, começar a facturar. Está
longe de ser essa a realidade”, avisa Eri-
berto Nogueira.
Para o empresário brasileiro, no futuro
próximo e num contexto em que o apelo
é muito mas o dinheiro escasso, “vamos
assistir à abertura de muitos ginásios mas
também há falência de outros tantos. Até
o mercado estabilizar e ficarem só aqueles
que percebem mesmo do assunto.” Sobre-
viverão os ginásios com músculo para
aguentar as pancadas da economia.  b