DIVULGAÇÃO

ANO XCIX • Rio de Janeiro, domingo, 31 de março de 2024 - No 33.109

CAPA PUBLICITÁRIA
APRESENTADO POR

AS NOTÍCIAS DO BRASIL E DO MUNDO EM 1974

Comorigemimobiliária,empresaapostanovarejo
A Multiplan aposta no grande
potencial dos shopping
centers se utilizando da expertise
da Veplan, destaque no mercado
de incorporação. Um dos marcos
foi o primeiro edifício do Rio com
garagem mecânica, lançado nos
anos 1960 e vendido em dois dias.
O foco voltado para o varejo
surgiu a partir da percepção de
que a tendência dos shoppings
é ter um papel social na vida
das pessoas, com diferentes
experiências combinadas em um
mesmo ambiente. Fundador da
Veplan, José Isaac Peres decidiu
então vender sua participação e
criar a Multiplan, empresa que
adotou como filosofia “entregar
mais do que as pessoas esperam”.
A ex per iência adqu ir ida
ao longo de décadas faz a
Mu ltipla n at ua r em todo
o processo da criação dos
empreendimentos, a começar
pela prospecção dos terre-
nos, seguida de planejamento,
desenvolv imento, vendas,
aluguéis e comercialização dos
espaços de publicidade. José Isaac Peres e Eduardo K. Peres (D): novo foco em shoppings e no varejo

Multiplancriaredenacionaldeshoppingcenters
Companhia promete revolucionar o setor, transformando os hábitos de consumo

C om um novo conceito de

DIVULGAÇÃO
shopping centers para o
país, é fundada, no Rio de Janeiro,
aMultiplan.Aempresachegapara
revolucionar o setor oferecendo,
além de comércio, lazer, gastro-
nomia, cultura e serviços em um
único local.
A companhia implanta uma
visão pioneira sobre o papel dos
shoppings no desenvolvimento
regional ao promover a transfor-
mação do seu entorno.
O propósito da Multiplan é
antecipar as necessidades e os
desejos dos clientes. Com esse
olhar estratégico e o compro-
misso de fazer bem-feito, não
se limita apenas à previsão, mas
também à entrega de experiências
inovadoras e de alta qualidade
aos consumidores. A Multiplan
se propõe a ser uma empresa que
valoriza detalhes e estabelece
projetos de padrões elevados.
O BH Shopping, empreendi-
mentodeestreiadaMultiplan,éum
exemplodisso.Distantedocentro,
torna-se uma atração comercial e
turística,alémdeumvetordecres-
cimentodaregião.Otrevorodoviá-
riolocalizadoemfrenteaoterreno
do shopping inspirou a logomarca
da empresa, um trevo de quatro
folhas, que germina em terrenos
férteis, onde necessidade e a opor-
tunidadesecruzam. Trevo localizado em frente ao terreno do BH Shopping, em Belo Horizonte, inspirou a logomarca da Multiplan, reconhecida como símbolo de excelência

Petróleo à vista Inaugurada a A caminho Vacinação

dos 4 bilhões mundial
Ponte Rio-Niterói
Foi encontrado o primeiro campo
de petróleo com volume comer-
cial do país, de Garoupa, na Bacia
de Campos. A descoberta foi
dehabitantes Organização Mundial da Saúde
(OMS) inicia o Programa
AGÊNCIA O GLOBO

possível graças à persistência do Dados estatísticos divulgados Ampliado de Imunização, com o

geólogo Carlos Walter Marinho,
que recebeu o reconhecimento
de colegas e da comunidade
internacional.
Leda, o
novo satélite
Astrônomo americano Charles
Kowal descobre mais um saté-
lite natural de Júpiter, no
Observatório do Monte Palomar,
na Califórnia. O satélite recebeu
o nome de Leda.
P úblico estimado em dez
mil pessoas assistiu à
solenidade. À noite, uma fila
de carros já estava formada à
espera da abertura do tráfego,
às 6 horas da manhã. A constru-
ção da maior ponte da América
Latina teve início em janeiro
de 1969. Em novembro do ano
anterior, foi inaugurada a placa
que marcava o início das obras,
com a presença da rainha
Elizabeth II da Inglaterra e do
príncipe Philip.
pelas Nações Unidas apontam
queapopulaçãomundialchegará
a 4 bilhões em 1975. Autoridades
chinesasaceleramprogramapara
reduzircrescimentodemográfico
e evitar que população — atual-
mente cerca de 800 milhões —
ultrapasse os 900 milhões.
A ONU declarou 1974 o Ano da
PopulaçãoMundialeorganizoua
primeiraconferênciaglobalsobre
o tema, na Romênia. O encontro
discutiu a melhoria da qualidade
da vida de todos os habitantes
do planeta, que chegarão a 6
bilhõesem25anos.Alimentaçãoe
controle de doenças são desafios.
objetivo de vacinar crianças no
mundo todo.
Safra única
da MPB
Entre os melhores lança-
mentos do ano estão “Elis &
Tom”, “Sinal Fechado” (Chico
Buarque), “Maysa”, “A Tábua de
Esmeralda” (Jorge Ben), “Secos
e Molhados II”, “Gita” (Raul
Seixas), “Cartola”, “Clara Nunes”
e “Martinho da Vila”.

Avanço na Fusão Síntese

AGÊNCIA O GLOBO

agropecuária
Embrapa cria primeiros centros
nacionais de pesquisa por produ-
tos, em Passo Fundo (trigo),
Goiânia (arroz e feijão), Campo
Grande (gado de corte) e Manaus
(seringueira).
Pelé dá
Guanabara e ao Santosadeus
RiodeJaneiro
Sancionada lei da fusão dos esta-
dos da Guanabara e do Rio de
Janeiro, que passa a valer a partir
de 1º de março de 1975.
da insulina
Pelé fez na Vila Belmiro seu
Na Suíça, cientistas obtêm pela
primeira vez a síntese da insulina
último jogo com a camisa do humana. O laboratório respon-
Santos, em vitória de 2 a 0 contra sável informa que a descoberta
a Ponte Preta. traz novas perspectivas para o
tratamento da diabetes.

FOTOS: DIVULGAÇÃO E AGÊNCIA O GLOBO CONTEÚDO PATROCINADO PRODUZIDO POR GLAB.GLOBO.COM

A GENTE FAZ DE
TUDO PRA QUE
VOCÊ VIVA A MAGIA
DE CADA MOMENTO.
Para nós, fazer as pessoas felizes é algo mágico. Por isso, a Multiplan está sempre investindo
para transformar sonhos em realidade. A nossa principal missão é surpreender e encantar
as pessoas todos os dias.
Há meio século, somos referência no desenvolvimento de shoppings e empreendimentos
imobiliários. Nossos projetos inovadores transformam a vida das pessoas, com serviços,
conveniência, cultura, entretenimento e muito mais. Que nos próximos 50 anos você viva
momentos ainda mais mágicos com a gente.
José Henrique Fonseca: ‘Sempre enchi a boca para dizer de onde vim’,
diz cineasta, que faz filme sobre o pai, o escritor Rubem Fonseca SEGUNDO CADERNO

OGLOBO
Irineu Marinho (1876-1925) (1904-2003) Roberto Marinho RIO DE JANEIRO, DOMINGO, 31 DE MARÇO DE 2024 ANO XCIX - Nº 33.109 • PREÇO DESTE EXEMPLAR NO RJ • R$ 10,00

VICTOR GUIÃO

Cercadas de cifrões
e luxo por todos os lados
Propriedades hoje
à venda no país,
como a Ilha do
Magalhães, em
Santa Catarina
(foto), custam
até R$ 50 milhões,
têm casas luxuosas,
fauna exuberante
e milhares de reais
em gastos mensais.
PÁGINA17

FUGA DE CÉREBROS 60 ANOS DO GOLPE

Em dez anos, 2,6 milhões ENTREVISTA/ HELOISA STARLING

‘Há uma disposição das
Forças Armadas de tutelar’

de brasileiros emigraram Historiadora diz que 8/1 não teve apoios interno
e externo como 1964, mas adverte sobre danos
do bolsonarismo aos quartéis. PÁGINA10

ENTREVISTA/ CARLOS FICO

Crise econômica e oportunidades escassas provocam êxodo recorde ‘Não temos proeminência
do poder civil ainda no Brasil’
EXPATRIADOS Fatores internos, como as buíram para o Brasil ter hoje um recorde de investiga as causas e principalmente os efei-
DO BRASIL crises econômicas na últi- 4,5 milhões de cidadãos vivendo no exterior tos desse fenômeno. O ranking dos destinos Professor defende a revisão do artigo 142
madécada,eexternos,comoadesburocrati- — mais da metade emigrou entre 2012 e preferenciais é encabeçado por EUA, Portu- da Constituição para enterrar a visão de que
zação do visto permanente nos EUA, contri- 2022. O GLOBO inicia hoje uma série que gal, Paraguai, Reino Unido e Japão. PÁGINA23 as Forças são poder moderador. PÁGINA10

EDITORIAL MERVAL PEREIRA MÍRIAM LEITÃO LAURO JARDIM ELIO GASPARI BERNARDO MELLO DANIEL BECKER SENSACIONALISTA
FRANCO
CASO MARIELLE As contradições Mesmo fio liga PF vê lavagem Um militar Use a birra Bolsonaro avalia
TRAZ CHANCE
DE REERGUER
do Supremo em os golpes que em relatório americano nas Jango e Brizola como partida embaixada
SEGURANÇA casos recentes rondam o país sobre Rivaldo tramas de 1964 depois do golpe para educar no Airbnb
PÁGINA 2 PÁGINA 2 PÁGINA 20 PÁGINA 6 PÁGINA 14 PÁGINA 3 PÁGINA 26 SEGUNDO CADERNO

EVA KOLENKO E KEVIN O’BRIEN

Investigações no Rio A nova

têm rotina de omissão fase de
e destruição de provas Gisele
Em casos como o de Marielle, no qual há sus- Übermodel
peita de sabotagem, celulares e inquéritos de- lança livro de
saparecem, testemunhas não são ouvidas e pis- receitas, fala
tas são descartadas pela Delegacia de Homicí- sobre vida — Boa Páscoa,
dios,emindíciosdeomissãoproposital. PÁGINA27 após a pessoal!
separação
de Tom Brady,

ARTIGO/MARINETE SILVA
luto pela SP vive febre de ringues
Caso de minha filha Marielle
perda da mãe,
educação
de luta em espaços públicos
é uma mancha na democracia PÁGINA 3 dos filhos “UFC de rua” é praticado em ringues
e projetos improvisados, até com menores, em
para o futuro: praças e postos de gasolina. PÁGINA18
“Nunca vou
O QUE AVALIAR ANTES parar de

Prós e contras de comprar trabalhar”

Governo ‘lava as mãos’ em um
o primeiro carro elétrico terço das votações no Congresso
Com novos modelos de carros elétricos e Com base frágil, Planalto deixa de orientar
híbridos, vendas sobem no país, mas decisão voto para fugir de pautas polêmicas, evitar
de compra deve ir além da economia de até derrotas ou não se opor a aliados. PÁGINA 4
80% com a troca do tanque pela bateria.
Pesam preço e seguro mais altos e falta de
pontos de recarga e de oficinas. PÁGINA19
ESPORTES
Fla sai na frente no Carioca
DETOX DIGITAL Time rubro-negro domina o
Saiba como ter uma relação mais Nova Iguaçu e faz 3 a 0 na primeira
saudável com o celular PÁGINA 26 partida da final do Carioca. PÁGINA 34
2 |
Opinião do GLOBO
Caso Marielle traz
oportunidade para
reerguer segurança
Investigação poderia ser a semente
de uma força-tarefa que asfixiasse
crime entranhado nas instituições
O M
resultado da investigação
sobre o assassinato da ve-
readora Marielle Franco
(PSOL-RJ)edeseumoto-
rista, Anderson Gomes,
traz a oportunidade para o início de
uma reviravolta na política de segu-
rança pública nacional e aponta o ca-
minho para impedir o avanço do cri-
me organizado sobre as instituições.
A Polícia Federal (PF) prendeu sus-
peitos não apenas de mandar matar
Marielle,mastambémdesabotarasin-
vestigações para proteger os executo-
res e a própria organização criminosa.
Noemaranhadodefatosenvolvendoo
crime,aindahámuitosfiosapuxar.Em
linhas gerais, o relatório da PF cita de-
núnciasdequeaPolíciaCivildoRiore-
cebia propina para engavetar a apura-
ção de homicídios da contravenção. É
preciso retomá-la, bem como esclare-
cer as mortes de suspeitos vinculados
aosacusadosdetramaroassassinato—
e “apagados” no caminho como quei-
ma de arquivo. É fundamental, além
disso, entender como esses acusados
ascenderam na estrutura do Estado e
quemlhesabriuasportasdopoder.
Mais que um exemplo de como o
crime organizado se infiltra no Esta-
Vini Jr. precisa de mais apoio na
luta contra o racismo na Espanha
Ele recebeu aplausos da torcida
e homenagem do Real Madrid.
Mas ninguém foi punido por agredi-lo
O
craque Vinicius Jr. voltou
aos gramados do estádio
Santiago Bernabéu, em
Madri, não apenas para
disputar uma partida de
futebol pela Seleção. O amistoso con-
tra a Espanha, no estádio de seu clube,
o Real Madrid, coincidiu com as difi-
culdades enfrentadas pelo jovem atle-
ta,perseguidoporracistasqueaprovei-
tam os jogos do campeonato espanhol
paraagredi-lopelacordapele.Dirigen-
tes brasileiros e espanhóis procuraram
transformar o jogo — que terminou
empatadoem3a3—numatocontraa
discriminação racial, sob o lema “uma
só pele”. Outro gesto de apoio ao atleta
ocorreu em outubro, na cerimônia de
entrega da Bola de Ouro, quando Vini
Jr. recebeu o prêmio Sócrates pela re-
sistênciaantirracista.
Mas o enfrentamento do racismo na
Espanha, infelizmente, precisa de algo
além das ações de conscientização. É
verdade que não falta apoio do Real
Madrid, que homenageou Vini Jr. no
SantiagoBernabéudepoisdospesados
ataques que sofreu em maio do ano
CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO
PRESIDENTE: João Roberto Marinho
VICE-PRESIDENTES: José Roberto Marinho e Roberto Irineu Marinho
O GLOBO
é publicado pela Editora Globo S/A.
DIRETOR-GERAL: Frederic Zoghaib Kachar
DIRETOR DE REDAÇÃO E EDITOR RESPONSÁVEL: Alan Gripp
EDITORES EXECUTIVOS: Letícia Sander (Coordenadora),
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CEP 20.230-240 • Tel.: (21) 2534-5000 Fax: (21) 2534-5535
do, o caso Marielle pode ser a semen-
te de uma investigação exemplar, ca-
paz de mudar a política de segurança
pública brasileira. É preciso agir con-
tra o crime organizado antes que a
contaminação institucional cresça.
O governo federal não pode mais fu-
giràresponsabilidadedeenfrentaras
máfias que aterrorizam o país. Não
pode delegar exclusivamente aos es-
tadosamissãodecombaterorganiza-
ções criminosas que agem como
multinacionais do crime. Eles não
dispõem dos recursos financeiros
nem dos meios necessários para isso.
Na campanha, o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva prometeu separar
os ministérios da Segurança Pública e
daJustiça.Nopoder,nãoseparou.De-
veria ao menos assumir o protagonis-
mo numa pauta fundamental para os
brasileiros.APolíciaFederal,corpora-
ção mais imune à contaminação que
as polícias estaduais, tem demonstra-
do independência para investigar ca-
sos que estas preferem abafar. Ela de-
veriaseroeixodeumaforça-tarefana-
cional para desarticular o crime orga-
nizado, envolvendo as demais forças
de segurança, Ministério Público, juí-
zes especializados, Conselho de Con-
passado,numjogoemValencia.Ocho-
ro dele, ao abordar a questão do racis-
mo em entrevista na véspera do amis-
toso,comprovaseuestadodetensão.
Embora continue mantendo alto
nível de jogo, a perseguição que lhe
movem das arquibancadas espanho-
las cobra um preço emocional incal-
culável. Ele afirmou estar “cada vez
mais triste” e ter menos vontade de
jogar. Mas não sairá da Espanha. “Se
saio daqui, dou aos racistas o que eles
querem”. Na sua visão, a Liga Espa-
nhola(LaLiga)temevoluídonotema
do racismo, mas ele considera que as
leis ainda deixam a desejar.
Édifícilaceitarqueclubesimportan-
tesdaEspanhanãopossamseunirpara
enfrentarcompuniçõesdurasostimes
queabrigamtorcedoresracistas.Noúl-
timo Campeonato Brasileiro, o Corin-
thianstevedefazerumjogoemseues-
tádio vazio, como punição pelos cânti-
cos homofóbicos da torcida num
clássico contra o São Paulo (pelas esti-
mativas, o clube perdeu receitas de R$
1,5 milhão). A punição já constava das
normas do Superior Tribunal de Justi-
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Bairros: Milton Calmon Filho - miltonc@oglobo.com.br
troledeAtividadesFinanceiras(Coaf)
e Receita Federal. Como em toda ini-
ciativa de sucesso capaz de desarticu-
lar máfias incrustadas no Estado
mundoafora,investigarorastrododi-
nheiro é fundamental para asfixiar fi-
nanceiramente as organizações cri-
minosas e impedir que continuem a
alimentar a barbárie.
Só com um comando central, a atu-
ação de uma força-tarefa que integre
as diversas instituições e um plano de
segurança robusto, será possível ven-
cer o crime organizado. O grau alar-
mante de contaminação institucional
revelado pelas investigações do caso
Marielledeveriaservirdealertaàsau-
toridades.Atentativadeblindaropre-
sidentedaRepúblicadosdesgastesas-
sociados ao combate à violência não
faz sentido, pois Brasília não tem fica-
do imune ao descalabro. O tema está
hoje no topo das preocupações dos
brasileiros.Oenvolvimentodapolícia
com o crime organizado é, nas pala-
vras do ministro Gilmar Mendes, do
Supremo Tribunal Federal, “extrema-
mente grave”. Ele defende a “refunda-
ção dessas instituições”. Não há tem-
po a perder. A hora é agora. A letargia
só fará tudo piorar.
ça Desportiva, mas foi preciso que a
ConfederaçãoBrasileiradeFutebolde-
cidisse endurecer contra os crimes de
homofobia, racismo e xenofobia para
quefossecumprida.
LaLiga poderia seguir o exemplo e
endurecer as punições. Infelizmen-
te, os clubes espanhóis têm sido leni-
entes. Até agora, houve mais de dez
denúncias de atos racistas contra Vi-
ni Jr. Ainda não houve punição. Em
maio do ano passado, a polícia espa-
nhola deteve sete suspeitos de come-
terinjúriasraciaiscontraobrasileiro.
Três foram liberados depois de pres-
tar depoimento, e não há notícia de
condenação contra os demais.
A revolta justa dos atletas contra o
racismo tem feito parte dos esportes
ao longo de décadas. Vini Jr., entre
lágrimas, disse que só quer jogar fute-
bol, fazer tudo pelo seu clube e sua fa-
mília. Tem sido forçado a ir além. Ao
ser substituído no segundo tempo do
empate entre Brasil e Espanha, foi
aplaudido efusivamente no Santiago
Bernabéu.Conforta,masnãoresolve.
Ele precisa de mais apoio nessa luta.
SUCURSAIS
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Domingo 31.3.2024
INÊS 249
| OGLOBO
Artigos
oglobo.globo.com/opiniao/
cartas@oglobo.com.br
MERVAL
PEREIRA
blogs.oglobo.globo.com/merval-pereira
editoria.artigos@oglobo.com.br
Mudanças
perigosas
ais cedo do que pensava, o Supremo Tribunal Fede-
ral(STF)sedeparacomsuaprópriacontradiçãoao
ter que julgar os acusados de mandantes do assassinato
de Marielle Franco com base muito mais em uma dela-
ção premiada do que em provas que a confirmem.
Até hoje o ex-juiz Sergio Moro é criticado por ter decla-
rado que tinha “convicção” de que o então ex-presidente
Lulaeraculpado,comoseadmitissenãoterprovascontra
ele. Esse parece ser o caso das acusações aos irmãos Bra-
zão e ao delegado Rivaldo Barbosa, pois a investigação da
Polícia Federal não traz provas que corroborem a delação
domatadordealuguelRonnieLessa,emboraquemleiao
relatóriotenhatodasasinformaçõesparaseconvencerde
quesãomesmoosautoresintelectuaisdocrime.
A questão é que as conclusões da investigação estão
sendo contestadas, e a escolha da jurisdição do julga-
mento também, pela oposição e por advogados inde-
pendentes. Pelas regras atuais, nenhum dos três acusa-
dos deveria estar sendo julgado no STF. Já temos exem-
plosdoquepodeacontecerseequandoosventospolíti-
cos mudarem.
A revisão dos critérios para o foro privilegiado faz par-
te dessas contradições internas do Supremo. Embora o
ministro Gilmar Mendes tenha defendido a revisão an-
tes do caso Marielle ter chegado ao STF, já estava lá o in-
quérito sobre a tentativa de golpe de 8 de janeiro, com a
polêmica decisão de julgar todos os envolvidos na ins-
tância mais alta do Judiciário.
O mais razoável seria julgar os líderes da intentona no
Supremo,deixandoparaasinstânciasinferioresosenvol-
vidosnasdepredaçõesdaPraçadosTrêsPoderes.Comoo
ex-presidenteJairBolsonaroestáenvolvidonessatentati-
va de golpe desde o início de seu governo, está implicado
em crime a ser julgado pelo Supremo, sem
A revisão dos
critérios para o
quealeiatualprecisasseseralterada.
DesdeojulgamentodomensalãooSupre-
foro privilegiado mo definiu, contudo, que, em casos como
faz parte de aquele, o julgamento seria conjunto, pois
contradições importavajulgarocasocomoumtodo,enão
internas do a ação individual de cada um dos acusados.
Supremo O mesmo critério está sendo adotado agora
nojulgamentodatentativadegolpede8/1.
Ao decidir, seis anos atrás, restringir o foro privilegiado
acrimescometidosnocargoeemfunçãodele,porinicia-
tiva do hoje seu presidente, ministro Luís Roberto Barro-
so, o Supremo deu um passo correto, a meu ver, para não
banalizaresseinstrumento,queoriginalmentevisaapro-
tegerafunçãoexercida,nãoapessoaqueoexerce.
Neste momento, a ampliação da abrangência do foro
privilegiadoparatodososquejátiveramcargorelevante
quando crimes foram cometidos, garante a permanên-
cia no Supremo de todos os inquéritos que envolvam
autoridades com ou sem mandato. Dá a impressão, co-
mo disse um deputado, que o Supremo quer manter os
deputadosfederaissobsuajurisdição.Nãoétotalmente
inverossímil essa impressão, pois o que dá poder políti-
co ao Supremo é justamente essa atuação criminal, que
se sobrepõe na maioria das vezes à atuação constitucio-
nal de suas excelências.
Nesse caso, o que parece mais provável é que quei-
ram manter com o relator, o ministro Alexandre de
Moraes, todos os inquéritos que estão sob seu crivo,
de teor político relevante. Assim como mudaram o
entendimento sobre foro privilegiado apenas seis
anos depois da decisão anterior, também mudaram
quanto ao trânsito em julgado.
OplenáriodoSupremorejeitouinúmeroshabeascor-
pusafavordeLula,enegouváriastentativasdesuadefe-
sa no sentido de que Curitiba não era a jurisdição ade-
quada para o julgamento. Num belo dia, mudaram de
posição quanto à prisão em segunda instância e quanto
à jurisdição adequada, mudando também o rumo da
história recente.
Correr o risco de ver, em poucos anos, novas altera-
ções,deacordocomosventospolíticos,nãoébompa-
ra a estabilidade da democracia.
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OGLOBO | Domingo 31.3.2024 INÊS
Opinião 249
| 3

_ SEG _ Fernando Gabeira _ Demétrio Magnoli (quinzenal) _ Miguel de Almeida (quinzenal) _ Irapuã Santana (quinzenal) _ Washington Olivetto (quinzenal)
_ TER_ Merval Pereira _ Carlos Andreazza _ QUA_ Vera Magalhães _ Elio Gaspari _ Bernardo Mello Franco _ Roberto DaMatta (quinzenal) _ QUI_ Merval Pereira _ Malu Gaspar
_ SEX_ Vera Magalhães _ Flávia Oliveira _ Pedro Doria _ Bernardo Mello Franco _ SÁB_ Carlos Alberto Sardenberg _ Eduardo Affonso _ Pablo Ortellado _ DOM_ Merval Pereira _ Dorrit Harazim _ Bernardo Mello Franco

BERNARDO
ARTIGO MELLO FRANCO
Memória de
Marielle vive oglobo.com.br/bernardo
bernardomf
bmf@oglobo.com.br

MARINETE
SILVA Jango e Brizola

O assassinato de minha filha no dia 14 de

marçode2018foioepisódiomaisdifícil
N os 60 anos do golpe de 1964, novos do-
cumentários jogam luz sobre os dois
principais alvos dos militares: João Gou-
da minha vida. Perdi a Mari de forma vio- lart e Leonel Brizola.
lenta, cruel e inesperada. Foram 2.202 dias Herdeiros políticos de Getúlio Vargas,
sem respostas, com vazamentos de infor- os gaúchos derrotaram o golpismo em
mações sensíveis, tapinhas nas costas que 1961, quando Jânio Quadros renunciou e
não nos traziam nenhum conforto, até che- os generais tentaram impedir a posse do
garmos ao último domingo, dia que entrou vice-presidente. Brizola peitou os conspi-
para a História do Brasil. radores, montou a Cadeia da Legalidade e
Foi num Domingo de Ramos, data cristã conclamou o povo a resistir. A mobiliza-
que simboliza justiça, renovação e fé, que re- ção dividiu o Exército e garantiu a volta de
cebemos a informação da prisão provisória Jango, seu cunhado.
dos dois supostos mandantes e de um ideali- Três anos depois, os generais foram à
zador do assassinato de Marielle. Infelizmen- forra. Arrancaram Jango da Presidência e
te,autoridadesque,numprimeiromomento, cassaram o mandato de Brizola, deputado
nos acolheram enquanto sofríamos e chorá- mais votado do país e virtual candidato ao
vamos a morte dela e de Anderson participa- Planalto em 1965. Além de interromper o
ram do plano que tirou a vida da minha filha. projeto trabalhista, o golpe separou os
Nos prometeram justiça, mas tramaram con- dois aliados. Brizola quis resistir, e Jango
tra a vida dela. Não realizaram as diligências preferiu partir direto para o exílio. Venci-
necessárias, sabotaram o processo, foram dos, ambos se refugiaram no Uruguai.
muitas idas e vindas, saídas de promotores e Apesar da proximidade física, passariam
ameaças, e hoje tudo faz sentido. mais de uma década sem se falar.
Agora, nesta nova etapa em que os man- “Jango no exílio”, de Pedro Isaías Lucas,
dantes foram identificados, revivo tudo o mostra como a distância do Brasil abateu
quepasseinosmeseseeleiçõesquesesegui- o ex-presidente. Proibido de voltar ao pa-
ram à morte da minha filha. Vejo, mais uma ís, ele se sentia humilhado ao ver os filhos
vez, pessoas de todos os campos políticos serem alfabetizados em espanhol. Che-
tentando se promover em cima da memória gou a arrendar um hotel em Montevidéu
da Mari, com uma investida de várias par- para abrigar outros perseguidos, mas se
tes, tentando ganhar notoriedade e se apro- recusava a ouvir planos de insurreição ar-
priar politicamente do caso, que agora en- mada no Brasil. “Tu procuras o Brizola.
tra numa nova fase. Como mãe, sinto um tempos verdadeiramente melhores quando poresseserhumanoquegereiesónosdáor- Eu não estou interessado nisso”, disse a
misto de tristeza e revolta com toda essa re- tivermos respostas e justiça. Nesse caso, a gulho, que veio ao mundo para encantar, um ex-aliado que foi visitá-lo.
percussão negativa e tentativa de apagar ou justiça que queremos vai além da responsa- florescer, ser uma semente viva e mudar as No melhor depoimento do filme, a his-
reduzir a memória da minha filha. bilização dos executores e dos mandantes estruturas deste país e também do mundo. toriadora Denize Goulart descreve o so-
O oportunismo de uns e outros é uma situa- desse crime político. O que eu e minha fa- Por aqui, seguiremos com toda a socieda- frimento que acompanhou o pai: “O exí-
çãoqueabomino,principalmenteseforsobre mília buscamos é uma justiça que responsa- de brasileira fazendo a política no dia a dia e lio é uma solidão indescritível. Uma dor,
a dor da nossa família, que sempre esteve ao bilize os autores do crime, com reparação em todos dias, fazendo política ao me man- uma tristeza que vai corroendo”. Jango se
lado da Justiça, e sempre por caminhos corre- para nós, e garanta a não repetição, ou seja, ter viva e de pé, com afeto e compromisso tornaria o único ex-presidente brasileiro
tos, desde o ativismo de Marielle enquanto previna que outras mulheres negras e pes- com as vidas de todas as mulheres negras, a morrer no exílio. O Exército tentou im-
defensora dos direitos humanos até os dias de soas LGBTQIA+ vivenciem a terrível vio- desenhandoeconstruindoatransformação pedir que seu enterro, em São Borja, vi-
hoje, quando queremos que a justiça seja feita lência que minha filha passou. E garantam donossoEstado.ComoMariellefez,ecomo rasse um ato contra a ditadura. O povo ig-
em seu nome. Não podemos esquecer o que que nenhuma outra vida seja interrompida. hojeAnielletambémfaz,commuitorespei- norou as ameaças, lo-
Marielle exercia enquanto cidadã, seja no Por isso mais uma vez enfatizo que é inad- to pela história da nossa família e por todas Documentários tou as ruas e cobriu o
Parlamento, nas ruas, ou na sua vida pessoal, missível o posicionamento de pessoas fa- as mães que perderam seus filhos e filhas mostram como caixão com uma ban-
como filha, mãe, irmã, esposa e amiga, sem- lando do processo como se fossem do san- pela violência do Estado. o golpe de 1964 deira da Anistia.
pre teve uma postura alinhada à justiça e ao gue da Marielle ou sofressem as dores das separou Jango e “Brizola”, de Marco
combate a qualquer opressão. famílias que passaram por isso. Sobrevive- Marinete Silva Brizola, dois Abujamra, começa com
O caso de minha filha é uma mancha na mos por longos seis anos sem nenhuma res- é mãe de Marielle Franco cunhados que cenas da volta do ex-go-
democracia do nosso país e, como sempre posta concreta ou que trouxesse luz e espe- disputaram o vernador ao país. A nar-
falamos,nossademocraciasóvoltaráaviver rança para nós. Mas sobrevivemos por ela, N. da R.: Dorrit Harazim excepcionalmente não escreve hoje legado de Vargas ração da época informa
que ele havia passado
5.489 dias no exterior —o mais longo exí-
lio já imposto a um político brasileiro.
ARTIGO Ofilmereconstituiatensãoquemarcou
a campanha da Legalidade. O jovem go-
Diplomacia genuína ou oportunismo eleitoral? vernador gaúcho se entrincheirou no Pi-
ratini e liderou resistência pelo rádio. Os
generais planejaram bombardear o palá-
cio. Foram sabotados por sargentos lega-
URIÃ A exclusão de dissidentes nas eleições por pela Genial/Quaest revelou que a queda na listas, que retiraram as peças dos aviões.
FANCELLI Maduro não é novidade. Logo, se sua estra- popularidade de Lula tem ligação com suas Brizola quis lutar de novo em 1964, mas
tégia se mantém inalterada, surge a ques- declarações sobre o conflito em Gaza. O ajus- esbarrou na recusa de Jango ao confronto
tão: teria então a percepção de Lula sobre a te na postura em relação à Venezuela, tradici- com os militares. “Eles empurraram a
democracia na Venezuela sofrido alguma onalmente ponto vulnerável do governo Lu- porta, não encontraram nada. Empurra-

A recente nota do Itamaraty expressando pre-

ocupaçãocomaseleiçõesvenezuelanasge-
rou debates intensos, indicando uma possível
transformação? Pode ser, desde que tenha
ocorridonosúltimos30dias,quando,aoser
questionado sobre a inelegibilidade de Ma-
la, poderia ser uma estratégia para recuperar
o apoio popular recentemente perdido.
Se Lula realmente mudasse sua postura di-
ram outras duas portas, não encontraram
resistência nenhuma. E assim foram ocu-
pando toda a casa”, lamenta o ex-governa-
posturamaiscríticadogovernoLulacontraNi- ría Corina Machado, ele propôs: ante de regimes autoritários, esperaríamos dor, em depoimento gravado em 1987 e
colásMaduro.Entretanto,paraconfirmaruma —Emvezdechorar,indiquemoutronome. que expressasse preocupação com eleições reproduzido no documentário.
mudança na posição brasileira sobre a Venezu- A declaração ao lado de Macron contrasta noutros países, como a recente exclusão de No exílio, as desavenças só aumentaram.
ela,seránecessáriomuitomaisdoqueumano- com a defesa mais vee- opositores na Rússia, similar ao caso venezue- “Jango adota uma postura mais cautelosa,
ta à imprensa de cinco parágrafos terceirizada Embora tenha
mente de Maduro, ilus- lano.Noentantoasituaçãorussanãooferecea típica da sua personalidade conciliadora. E
peloItamaraty.EmboraopróprioLulatenhare- reconhecido a
trada por comentários mesma alavanca política aos adversários de Brizola adota uma postura mais agressiva,
conhecido,duranteumeventocomopresiden- gravidade
de Lula em 2023, quan- Lula, considerando a afinidade entre Jair Bol- típica da sua personalidade incendiária”,
te francês Emmanuel Macron, a gravidade do do veto à
do questionou a “narra- sonaro e Vladimir Putin, diferentemente do resume o historiador Américo Freire.
vetoaumacandidaturaoposicionista,eleman- candidatura
tiva” de ditadura na Ve- que ocorre com a Venezuela. O filme sobre o ex-presidente mostra
tém uma abordagem cautelosa ao criticar Ma- de Yoris, Lula é
nezuela e sugeriu uma Aqualidadeeadimensãodamudançanapos- queelefoiquestionadoinúmerasvezespe-
duro. Concluir que tenha mudado sua postura cauteloso ao
relatividade no conceito turadeLulaemrelaçãoàVenezuelasópoderão la inação. Sempre respondeu que quis evi-
favorávelaoregimedeMaduroéprecipitado. criticar Maduro
de democracia. Sua ser confirmadas à medida que as eleições se taroderramamentodesangue.“Nãoresis-
Porsisó,aNotaàImprensaNº134,doItama- crítica tímida levanta aproximam. Se cada próximo ato de Maduro ti porque ia perder, e isso ia virar um Viet-
raty,nãomostraclaramenteendurecimentoda questionamentos sobre contraademocraciaprovocarumarespostaex- nã”, ouviu dele um jovem Tarso Genro.
posturabrasileiracontraMaduro.Odocumen- a consistência e a clareza da postura da diplo- pressa diretamente por Lula, então poderemos Jango e Brizola só voltariam a se ver 12
to menciona a atenção do Brasil ao processo macia brasileira em relação à Venezuela. concluir que houve mudança significativa na anos depois do golpe, em Montevidéu. O
eleitoral, mas não critica diretamente as ações A possibilidade de Lula estar descontente sua percepção da democracia venezuelana. Se gelo foi quebrado no fim de 1976, quando
de Maduro, nem menciona Corina Yoris, a com a violação do Acordo de Barbados pode- não for esse o caso, a Nota à Imprensa Nº 134 e o ex-presidente apareceu para visitar a ir-
substitutaimpedidadeconcorrer,ouMaríaCo- riaatéexplicaramudançanaposturabrasilei- sua declaração ao lado de Macron serão vistas mã, Neusa Goulart Brizola. Não houve
rina Machado, líder da oposição venezuelana, ra.ContudoémaisplausívelqueanotadoIta- apenas como um esforço pontual e decepcio- tempo para outra conversa. Jango morreu
tambémvetada.Aodestacarqueoutros11can- maraty e a declaração ao lado de Macron te- nanteparaangariarapoiopopular. em dezembro daquele ano, sem ver o oca-
didatos se registraram, a nota ainda pode suge- nham surgido da percepção, pelo governo, de so da ditadura no Brasil.
rir que o caso de Yoris é isolado e conclui reite- que posicionamentos na política externa Uriã Fancelli, mestre em estudos europeus “Jango no exílio” entrou em cartaz na
rando o repúdio a sanções contra a Venezuela, também podem causar impacto na avaliação pelas universidades de Groningen e Estrasbur- quinta-feira. “Brizola” estreia em 7 de
categorizadacomoumpaís“amigodoBrasil”. popular. Uma pesquisa realizada em março go, é autor do livro “Populismo e negacionismo” abril, no festival É Tudo Verdade.
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INÊS
Domingo 31.3.2024
249
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DATAFOLHA PARA

Política
ACESSAR

Democracia é defendida pela maioria APONTE

O CELULAR
PARA
NA WEB Pesquisa aponta que 71% dos entrevistados veem como a melhor forma de governar O QR CODE

RÉDEA SOLTA
Base frágil leva governo a deixar de orientar
bancada em um terço das votações no Congresso
BRENNO CARVALHO/17-05-2023
CAMILA TURTELLI, LAURIBERTO
POMPEU E SÉRGIO ROXO
politica@oglobo.com.br
BRASÍLIA
-

S em conseguir formar
uma base confiável no
Congresso, o governo ab-
dicou de dar orientações
de bancada a parlamenta-
res aliados em quase um
terço das votações realiza-
das nos plenários da Câ-
mara e do Senado neste
ano. A estratégia tem co-
mo objetivo tanto evitar se
opor a parte dos aliados
quanto a de não se com-
prometer com propostas
consideradas polêmicas,
deixando aberta a possibi-
lidade de um veto presi-
dencial posterior.
Levantamento do GLO-
BO mostra que as banca-
das governistas foram li-
beradas a votar como qui-
seram em 11 das 42 vota-
ções nominais realizadas
na Câmara neste ano, o
que equivale a 26%. No
ano passado, esse índice
era menor. De 301 propos-
tas analisadas, o governo Sem rumo. Votação no Congresso: aliados do governo argumentam que com uma base tão heterogênea é impossível ao Planalto conseguir unidade em projetos como o da “saidinha” de presos
deixou de orientar em 61
delas (20%). Contarato (PT-ES), na
Já no Senado, das cinco SEM DIREÇÃO época, líder do partido na
votações nominais no ple- Liderança do governo deixa de Casa. Na Câmara, o gover-
nário da Casa neste ano, orientar bancada aliada em 29,9% no liberou sua bancada na
três não tiveram orienta- das votações nominais nos plenários hora da votação.
ção. Foi o caso, por exem- da Câmara e do Senado em 2024 Quando o texto chegou
plo, do projeto que res- na mesa de Lula para que
tringiu a chamada “saidi- fosse sancionado, auxilia-
nha” de presos em feria- EM 2024 CÂMARA SENADO res do presidente o aconse-
dos. Apesar de a medida lharam a vetar trechos que
sofrer resistência de mi- Total de votações nominais 42 5 tratavam do acesso de mu-
nistros, o líder do governo lheres nas corporações,
na Casa, Jaques Wagner Sem orientação do governo 11 3 participação de policiais
(PT-BA), desistiu de ori- em manifestações políti-
entar o voto contrário pa- % 26% 60% cas e o que vinculava ouvi-
ra evitar uma derrota cer- dorias aos comandantes-
ta. A proposta foi aprova- gerais. Os vetos foram cri-
da pelo placar de 62 a 2. QUANDO O GOVERNO NÃO ORIENTOU VOTO ticados até mesmo por in-
— Eu não gosto da ideia tegrantes da base aliada.
de liberar, mas eu também Na avaliação de parla-
não vou conflitar com to- mentares da base, o gover-
dos os líderes que já enca- no sofre dificuldades
minharam (voto a favor). quando o tema em discus-
Então o governo nesse ca- são foge da área econômi-
so vai liberar, e eu vou ex- ca, assunto em que há
plicar ao governo o que mais boa vontade do Con-
PL da Saidinha PEC das igrejas Lei Orgânica das PMs
aconteceu —disse Wagner gresso. Na semana passa-
na ocasião. Projeto que restringiu saída de presos Sem força para barrar proposta, Projeto, que teve líder do PT como relator no da, por exemplo, o Planal-
em feriados enfrenta resistência em governo optou por não recomendar voto Senado, foi aprovado na Câmara sem que o to decidiu abrir mão de
PRERROGATIVADE LÍDERES alas do governo, mas líder de Lula no contrário em comissão da Câmara e governo se posicionasse. Ao sancionar texto, tratar como prioridade a
A orientação de voto faz Senado, Jaques Wagner (PT-BA), negociou ajustes no texto diretamente Lula vetou trechos e gerou reclamações até PEC que obriga militares
parte do rito de votações abdicou de orientar voto contrário para com bancada evangélica, em reuniões mesmo entre partidos da base. a irem para a reserva para
nas duas Casas legislativas. não contariar aliados. na Fazenda. se candidatarem.
Durante a análise do tema, EDITORIA DE ARTE

cada líder partidário pode CENÁRIO DE DIFICULDADES

subir à tribuna para dizer as brigas que o governo vai prioritária está focada na Proposta de Emenda à Ministério da Fazenda e A PEC já tinha sido ameni-
como a sua bancada deverá comprar, e a decisão de ori- questão econômica, na re- Constituição (PEC) que negociou restringir o al- zada por Jaques Wagner,
votar em um projeto ou no entarounãoavotaçãoéana- criação das políticas sociais, aumenta a isenção tribu- cance da PEC, fazendo que assumiria a autoria do
item que está em discus- lisada caso a caso. na transição ecológica — tária de igrejas e templos ajustes para reduzir seu texto elaborado pela Defesa
são. O líder do governo e da —Às vezes, você tem den- afirmouPadilhaaoGLOBO. religiosos. O texto, de au- impacto nas contas públi- e tirou o artigo que vedava a
oposição também têm a tro dos próprios parlamen- Mesmo em temas econô- toria do deputado Marcelo cas —estimado em R$ 1 bi- possibilidade de oficiais da
mesma prerrogativa. Nem tares que apoiam o governo micos, porém, o governo Crivella (Republicanos- lhão. A proposta deve ser ativa serem nomeados mi-
sempre, contudo, são se- posições divergentes. Em tem evitado tomar lado e RJ), foi aprovado em vota- votada nos próximos dias nistros. A mudança, contu-
guidos. geral,quandoogovernonão tenta negociar com parla- ção simbólica na Comis- na Câmara dos Deputados do, não foi suficiente para
Aliados do governo argu- fazumaorientaçãoéporque mentares diretamente. são Especial em fevereiro, e, embora o Planalto ainda reduzir resistências.
mentam que, com uma base (o projeto) não está no cen- Foi o que aconteceu com a em uma sessão que contou não tenha manifestado O deputado Rui Falcão
tão heterogênea, formada tro das suas com a presença de apenas apoio, também não deve (PT-SP), que foi presidente
por partidos que vão do priorida- um deputado governista, apresentar objeções. da Comissão de Constitui-
PSOL ao União Brasil, seria des. Nossa que não se posicionou. A estratégia de liberar a çãoeJustiça(CCJ)daCâma-
impossível ao Palácio do agenda Antes de a proposta ir a bancada, em alguns casos, ra no ano passado, reconhe-
Planalto conseguir uma plenário, contudo, o go- também é fruto da falta de ce o cenário de dificuldades
unidadeemprojetoscomoo verno se reuniu com a discussão do governo em nas votações e diz que o go-
da “saidinha” de presos. bancada evangélica no alguns assuntos que con- verno não tem maioria.
Responsável pela articu- Jaques sidera laterais. A Lei Or- — Não passou nada que
lação política do Planalto no Wagner. gânica das PMs e do Corpo fosse prejudicial ao governo
Congresso, o ministro da Líder no Alexandre de Bombeiros, por exem- (na CCJ), mas (o governo)
Secretaria das Relações Ins- Senado Padilha. plo, foi aprovada pelo Se- não tinha maioria, era tudo
titucionais, Alexandre Padi- Ministro da nado com relatório favo- ginástica, convencimento
lha, diz ser preciso escolher articulação rável do senador Fabiano —afirmou o deputado.
CRISTIANO MARIZ/27-06-2023 CRISTIANO MARIZ/20-02-2024
OGLOBO | Domingo 31.3.2024
Aos 50 anos, Multiplan
inova com excelência
Companhia, reconhecida pelo pioneirismo, soma 20 shoppings,
alcança lucro recorde de R$ 1 bi e aposta em expansão
eferência em gestão
de shopping centers, a
Multiplan chega aos 50 anos
com a marca da inovação,
excelência no atendimento
e recorde de resultados. A
companhia foi pioneira no
setor imobiliário, atuando no
desenvolvimento de imóveis
comerciais e residenciais, com
projetos multiúso que geram
sinergia com os shoppings.
Essa estratégia oferece conve-
niência e comodidade aos
usuários e agrega valor aos
ativos da empresa.
Hoje, soma 20 shoppings e
duas torres corporativas, em
sete estados brasileiros, e gera
80 mil empregos. Seus empre-
endimentos reúnem 6 mil lojas
e recebem em torno de 200
milhões de visitas por ano.
Em 2023, a companhia alcan-
çou o resultado inédito de R$
1 bilhão de lucro líquido, o que
representa aumento de 32,6%
em relação ao ano anterior.
As vendas chegaram a R$ 21,9
bilhões, maior valor já regis-
trado em um ano.
IPO
A Multiplan está há 16 anos
na Bolsa de Valores brasi-
leira e é a maior empresa
imobiliária da B3 em valor
de mercado. A companhia
também representa uma das
maiores empresas do setor de
shopping centers do Brasil.
Desde a abertura de capital,
foram 56 projetos concluídos,
nove shoppings e 12 torres
comerciais inaugurados, 18
expansões e 17 aquisições de
participações.
Ano passado, o comando da
empresa mudou de mãos pela
primeira vez. Um dos mais
longevos CEOs do país, José
De olho no futuro sem esquecer o passado
Avanços em tecnologia e governança focada no compromisso social e ambiental
N o caminho para melhorar
a cada dia a experiência
do cliente, a Multiplan acom-
panha os avanços da tecnologia
e tem desenvolvido uma série
de ferramentas que aproximam
os shoppings de consumidores,
lojistas e colaboradores.
Um dos grandes sucessos
digitais é o app Multi, que ultra-
passou 5,5 milhões de downlo-
adsacumuladosechegouafigu-
rar entre os dez aplicativos de
compras gratuitos mais baixa-
dos na AppStore. Em 2023, o
app Multi atingiu 18 milhões
de sessões (interações), um
aumento de 40% em relação ao
ano anterior. O superaplicativo
é um ponto de contato perma-
nente com o cliente e permite
agendar serviços, fazer consul-
tas sobre lojas, restaurantes
e clínicas médicas, obter infor-
mações sobre eventos e ter
acesso a ofertas exclusivas.
Outra iniciativa pioneira da
Multiplan focada no aprimo-
ramento contínuo da jornada
do cliente é o Acesso Multi,
entrada expressa nos esta-
cionamentos, sem cancelas e
APRESENTADO POR
Ilustração do rooftop
gourmet, em construção no
MorumbiShopping, em São
Paulo. Espaço contará com oito
novos restaurantes.
EXPANSÕES
Sete expansões foram
anunciadas com
um investimento que
soma R$ 1,5 bilhão.
A ampliação do
MorumbiShopping, SP,
já está em execução.
Isaac Peres, sócio-fundador
e presidente do Conselho de
Administração da Multiplan,
passou o cargo para o filho
Eduardo K. Peres.
O COMEÇO
Tudo começou com o BH
Shopping, o primeiro da marca
Multiplan, concebido graças à
visão de futuro de José Isaac,
que apostou em um projeto
ousado, fora do centro urbano
da capital mineira, o que deu
grande impulso ao desenvol-
vimento da região. Esse espí-
rito inovador e visionário é
o ponto de partida de cada
com tecnologia que permite a
leitura das placas dos carros. O
modelo free flow, já presente
na maior parte dos shoppings,
possibilita o pagamento auto-
mático no aplicativo, por
meio do cadastro de cartão
de crédito ou tags de esta-
cionamento, bem como nos
totens de autoatendimento.
Além do conforto para o
consumidor, o Acesso Multi
é uma importante contribui-
ção no aspecto ambiental: em
dezembro de 2023, pelo menos
empreendimentodaMultiplan,
seja comercial ou residencial.
Estimular o crescimento
e valorizar as comunida-
des do entorno dos proje-
tos é a grande marca da
Multiplan, desde sua funda-
ção. Nos primeiros cinco
anos, a empresa ergueu cinco
shoppings. Ao BH Shopping,
juntaram-se, entre outros, o
RibeirãoShopping, referên-
cia no interior de São Paulo,
e o BarraShopping, no Rio
de Janeiro, um dos maio-
res complexos de compras
e lazer da América Latina. A
Multiplan também inovou
com projetos residenciais
como o condomínio Chácara
Santa Elena, em São Paulo, e
o Barra Golden Green, na orla
da Barra da Tijuca, no Rio, com
14 edifícios residenciais e um
campo de golfe iluminado.
No exterior, a empresa cons-
truiu o primeiro shopping
de padrão internacional em
Entrada sem cancela
do ParkShopping,
em Brasília
750 mil tíquetes de papel deixa-
ram de ser impressos.
A atenção ao meio ambiente,
um dos valores da agenda ESG
(ambiental,socialegovernança,
na sigla em inglês), sempre
esteve presente nos 50 anos de
atuação da Multiplan. As inicia-
tivas começam na escolha do
materialusadonasconstruções
eseguemcomageraçãoprópria
deenergiaeagestãosustentável
da água e dos resíduos.
Inaugurado em 2021, o
ParkJacarepaguá, no Rio de
FOTOS: DIVULGAÇÃO
Portugal, o CascaiShopping, e
condomínios residenciais em
Miami.
Aocompletarcincodécadas,a
companhia foca na moderniza-
ção de seus ativos e no aprimo-
ramentodomixdelojas,através
de expansões e revitalizações.
Sãoseteexpansõesanunciadas,
sendo três já em fase de execu-
ção: ParkShoppingBarigüi
(PR) e DiamondMall (MG),
que serão entregues ainda em
2024,eMorumbiShopping(SP).
Ao todo, 70 mil m 2 serão
adicionados, com um total
de R$ 1,5 bilhão investido nos
próximos anos.
O grupo também se volta aos
empreendimentosimobiliários
com o Golden Lake, primeiro
bairro privativo de Porto
Alegre, que nasce como ícone
do segmento de alto padrão
no país. O projeto possui sete
condomínios interligados a um
inédito complexo de esportes,
lazer e natureza.
Acesso Multi permite
a entrada expressa
nos estacionamentos,
sem cancelas e com
tecnologia que possibilita
a leitura automática das
placas dos carros
Janeiro, recebeu o prestigiado
selo LEED, adotado em 135
países e que reconhece edifí-
cios voltados para preservação
do meio ambiente e do ecos-
sistema. No emprendimento,
concebido com o conceito de
‘shopping do futuro’, mais de 3
mil placas solares têm capaci-
dade de gerar o equivalente ao
consumo de energia elétrica de
640 residências por ano.
No âmbito social, o Pro-
grama de Escolarização —
iniciativa que tem como obje-
tivo qualificar os trabalhado-
res e promover a inclusão por
meio do acesso à educação —
já permitiu a formação de 650
colaboradores e, em 2024, será
estendido para toda a rede de
shoppings Multiplan.
CONTEÚDO PATROCINADO PRODUZIDO POR
INÊS
Política 249
| 5
ENTREVISTA
EDUARDO K. PERES,
presidente da Multiplan
Que balanço você faz de
seu primeiro ano à frente
da Multiplan?
Para mim, é uma grande honra
e um enorme desafio dar conti-
nuidade a cinco décadas de um
trabalho bem-sucedido e feito
com muita dedicação. Nossos
valores e processos de gover-
nança permanecem, bem como
nosso plano de crescimento e
expansão.Seguimosinvestindo
na modernização de processos,
algo essencial para otimizar a
eficiência operacional, sempre
com uma visão atenta à expe-
riência do consumidor. Gestão
de pessoas também é uma prio-
ridade, buscando uma integra-
ção e proximidade com o time
e promovendo um ambiente de
trabalhosaudávelesustentável.
Nesses 50 anos, o que diria
que foi o maior mérito e o
maior desafio da Multiplan?
Nosúltimos50anos,oméritofoi
anossavisãodefuturoeonosso
comprometimento em fazer
sempreomelhor,comamáxima
qualidade. Eu sempre digo que
a especialidade da Multiplan é
transformar o desejo do consu-
midoremrealidade.Alémdisso,
estamos sempre atentos às
tendências do mercado. O prin-
cipaldesafiodeumaempresaao
chegaraosseus50anoséacapa-
cidade de se reinventar e pros-
perar em diferentes cenários da
sociedade. Hoje, completamos
50 anos de história celebrando
a magia de cada momento, mas
também olhando para os próxi-
mos 50 que virão.
Como você imagina os
shoppings no futuro?
Vejo uma integração crescente
entre os mundos físico e digital,
que visa aprimorar a jornada
do cliente em todas as fases:
antes, durante e após a visita ao
shopping. Tudo isso aliado aos
investimentos em tecnologia,
inovação e estratégias de rela-
cionamento, permitindo uma
compreensãomaisprofundado
cliente e de suas preferências.
Outro aspecto que vejo como
tendência futura é o desenvol-
vimento, cada vez maior, de
projetosmultiúso,queintegram
osshoppingsaoscentroscomer-
ciais, residenciais, hotéis, áreas
de lazer e espaços verdes.
O FUNDADOR
JOSÉ ISAAC PERES,
sócio-fundador e
presidente do Conselho de
Administração da Multiplan
“Tudo o que vale a pena
ser feito, vale a pena ser
bem-feito. Esse sempre foi o
nosso lema. Construir, para
nós, vai além do que é palpá-
vel. Aprendemos a incorporar
sonhos e a despertar senti-
mentos, aperfeiçoando a expe-
riência em nossos empreen-
dimentos. A coragem nos faz
estar à frente do nosso tempo.
E é assim que queremos seguir
ano após ano”.
GLAB.GLOBO.COM
 6 | Política Domingo 31.3.2024
INÊS 249
| OGLOBO

GOVERNO
Em todas 1
Àsvésperasdojulgamento
deRobinho,Janjaentrou
emcampo.Ligouparao
relatordocasonoSTJ,
FranciscoFalcão,para
pressioná-lo.Nofimdas
contas,ovotodoministro
estavaemsintoniacomos
desejosdeJanja,ouseja,
queoex-jogadorcumpris-
senoBrasilapenadenove
anosaquefoicondenado
naItáliaporestupro.
Em todas 2
Os interesses de Janja no
Judiciário não param
neste caso. Ela também
tem trabalhado nas cor-
tes superiores para algu-
mas indicações de juízes
na Justiça Federal. Uma
das duas vagas abertas
no TRF de São Paulo
para serem preenchidas
por advogados tem rece-
bido especial atenção da
primeira-dama.
Dança das cadeiras
Não se sabe exatamente o
que está na cabeça de
Lula. Mas entre os graú-
dos do PT é corrente a
discussão sobre uma re-
forma ministerial que o
presidente poderia fazer
no segundo semestre —
antes das eleições inclusi-
ve. Diz um ministro: “O
Lula está preocupado com
a popularidade. Se não
subir, as chances de trocas
crescem muito”.
Pacote de novidades
Apropósito,paratentar
alavancarsuapopularida-
de,Lulatemsidoaconse-
lhadoporquementende
doriscadoalançarnovos
programassociais—como
orecém-criadoPé-de-
Meia.Osmaisantigos,
comoBolsaFamíliaeMi-
nhaCasaMinhaVida,são
importantes,masjáestão
incorporadosnoimaginá-
riodosbrasileiros,queos
consideramumaobriga-
çãodequalquergoverno.
“Temqueapresentarnovi-
dades”,dizumdessesin-
terlocutoresdeLula.
Email - Lauro Jardim: lauro.jardim@oglobo.com.br / João Paulo Saconi: joaopaulo.saconi@infoglobo.com.br / Naira Trindade: naira.trindade@bsb.oglobo.com.br / Rodrigo Castro: rodrigo.oliveira@infoglobo.com.br / Equipe:colunalaurojardim@oglobo.com.br
ANDRÉ MELLO
ECONOMIA
LAURO Novo depoimento
JARDIM Nos próximos dias, Mi-
guel Gutierrez, o ex-che-
fão da Americanas, dará o
seu segundo depoimento a
Otávio Yasbek, presidente
oglobo.globo.com/laurojardim
Com João Paulo Saconi, Naira Trindade e Rodrigo Castro
do comitê independente
nomeado pelo conselho
de administração da Ame-
Não acabou BRASIL
De olho
ricanas para apurar as
fraudes contábeis, ou seja
lá o que tenha ocorrido na
Paraquemficouimpressionadocomo NasinvestigaçõesqueaPF varejista. Gutierrez, como
relatóriodequase500páginasdaPF fazsobreoesquemadeespio- da primeira vez que depôs
sobreocasoMarielle,umaviso:foi nagemilegalcomandadopor ao comitê, em janeiro,
produzidoumoutromaterialtãoex- AlexandreRamagem,a“Abin falará a partir de Madri,
tensoquantooquefoitornadopúbli- paralela”,osagentesestão onde está radicado desde
co.Sãoosrelatóriosquecadaagente analisandodocumentos Prefeito romancista meados de 2023.
envolvidonainvestigaçãoproduziue encontradospelaCGUsobre
queforamresumidosnotextofinal— osseishospitaisfederaisdo OconjuntoderelatóriosdegestãodeGracilia- Na mira
masquecontêmdiversasrevelações RiodeJaneiro—eternocen- noRamosnoperíodoemquefoiprefeitode
detemasespecíficos.Porenquanto, trodepéssimosserviçospres- PalmeirasdosÍndios,emAlagoas,serápublica- A propósito, do primeiro
estátudosobsigilo.AlexandredeMo- tados,indicaçõespolíticase dopelaprimeiravezemlivro—umaideia dos muitos inquéritos
raessóliberaráapapeladaquandofor suspeitasdecorrupção.No óbviamasquenenhumeditoraindahavia abertos na CVM no caso
feitaadenúnciaaoSTFpelaPGR. computadordeRamagem pensadonela.“Oprefeitoescritor—doisretra- Americanas tem agora a
umdosdocumentosencon- tosdeumaadministração”(Record)reúnea previsão de ser concluído
tradostrazumarelaçãodos íntegradedoisdocumentos,muitomaisliterá- em maio, vários meses
CASO MARIELLE hospitais,seusgestorese riosqueburocráticos,produzidosem1929e depois da expectativa ini-
Em espécie quemosindicou.FlávioBol- 1930,quandorenunciouaocargo.Sãotextos cial. Vai mirar
sonaroemplacoutrês.Edois emqueoromancistaexpõe,comverveafiada, justamente em Miguel
Umexemplodopotencialdessesrela- deputadosfederaiseum ocalotedosricos,contratosàsescuraseoorça- Gutierrez.
tóriostemáticosdizrespeitoaRivaldo ex-deputado,todosdoRio, mentoapertado.Eisumtrechodeumdos
Barbosa,umdostrêspresosnodomin- apadrinharamoresto. relatóriosdoescritor:“Penseiemconstruirum Se defendendo
gopassado.Ali,háindíciosgritantesde novocemitério,poisoquetemosdentroem como pode
lavagemdedinheiro.Asduasempresas PARTIDOS poucoseráinsuficiente,masostrabalhosaque
deconsultoriadesegurançadeÉrika, Escolinha de minions meaventurei,necessáriosaosvivos,nãome Eike Batista resolveu mu-
mulherdodelegado,aquemaPFacusa permitiramaexecuçãodeumaobra,embora dar todos os seus advoga-
desertestadeferrodomarido,tinham OPLdesenvolveuumatécni- útil,prorrogável.Osmortosesperarãomais dos e concentrar todos os
emsuascarteirasváriosclientes,mui- caparacrescersuamilitância algumtempo.Sãoosmunícipesquenãorecla- seus processos no escritó-
tosdelescompanhiasdegrandeporte, digitalefazercomqueideias mam”.Olivro,queserálançadoemabril,conta rio do ex-presidente da
quenãonecessitavamdosserviçosque conservadorascheguem comprefáciodeninguémmenosqueLula. OAB Ophir Cavalcanti,
contratavam.Mais:cercade60%do naqueleeleitorqueseidenti- que tem o ex-presidente
dinheirorecebidopelasempresasdo ficacomasmesmaspautas, da Câmara João Paulo
casal(umadelasnãotinhanemfuncio- masque...éeleitordeLula.O Cunha como um dos seus
nários)eraretiradoemespécie. partidocrioua“Academia ‘Outro Graciliano’ mais reluzentes sócios.
BrasileiradePolíticaConser-
Sem surpresa vadora”evemdisponibilizan- A ideia do prefácio foi de Ricardo Ra- CaixaBet
dovídeoscurtospara“formar mos Filho dadas as coincidências entre
Namanhãemquefoipreso,Domingos novasliderançasquedefen- o seu avô Graciliano e o presidente, A Caixa está trabalhando
Brazãoestavaemcasaapenascomo damliberdade,democraciae desde a data de nascimento (7 de outu- para entrar no mercado
filho.Orestodafamíliahaviaviajado.A família”.Sãopalestrasecur- bro) ao romance de estreia do escritor das bets. Será uma nova
empregadanãodormiunacasa.Logo soscomconceitosdo“pensa- (Caetés), cidade natal de Lula. O pedido forma de fazer apostas, e o
depoisdachegadadaPF,recebeua mentoliberaleconservador”. ocorreu por intermédio de Celso Amo- nome ainda está em dis-
visitadesuairmã,Lucia.Echorou. Aestratégiaéusaramilitân- rim no fim de 2023. Lula logo aceitou. cussão, mas as expectati-
ciaparasemultiplicar. Recebeu o exemplar em dezembro. O vas de arrecadação são: R$
SEGURANÇA prefácio é curto. Claramente é de res- 5 bilhões em 2025 e R$ 13
Em caixa A rifa da pepita ponsabilidade de um ghost writer (“O bilhões em 2026. A título
Graciliano que emerge destas páginas de comparação, em 2020,
Nareuniãoministerialdasemanare- A defesa de Valdemar Cos- [...]” definitivamente não foi escrito por a Loterias Caixa —que
trasada,RicardoLewandowskideta- ta Neto vai pedir de volta a Lula), o que não é um problema em si — abarca apostas em geral —
lhoupartedorelatórioemquevem pepita de ouro apreendida são raros os presidentes que escreveri- ficou em 27º lugar no
trabalhandoparamapearrecursos em uma caixinha na casa am um texto desses e Lula, afinal, tem ranking de maior opera-
liberadospeloMinistériodaJustiça, do presidente do PL duran- outras qualidades. De qualquer forma, dora do mundo, com US$
masnãoexecutadospelosestados.Há, te a operação Tempus Veri- Lula leu “O prefeito escritor” a julgar 3,3 bilhões. No mesmo
sódaFundaçãoNacionalPenitenciá- tatis. A peça terá um novo pela frase que abre o texto que assina: período, os EUA arrecada-
ria,maisdeR$1bilhãoquepoderãoser destino, segundo Valde- “Ao ler este livro, me deparei com um ram US$ 48,4 bilhões,
usadospelosgovernadoreseainda mar. Será objeto de uma outro Graciliano (...)”. China US$ 47,4 bilhões e
restosapagarde2019e2020. rifa beneficente. Itália US$ 17,5 bilhões.

Governo lancará campanha

BRENNO CARVALHO/18-03-2024
Propaganda.
Ministro da

com aceno a evangélicos

Secom, Paulo
Pimenta: para
campanha dar
certo, auxiliares
Novo slogan da gestão, ‘Fé no Brasil’, é uma alusão a promessas de Lula avaliam que Lula
tem que para de
falar de
SÉRGIO ROXO
sergio.roxo@sp.oglobo.com.br
mesmo tempo, acenar aos visita do presidente e de seus Bolsonaro em
BRASÍLIA evangélicos, segmento ali- ministros a cada estado. O seus discursos
-
nhado ao bolsonarismo, e slogan escolhido pela Secre-

C om a popularidade em
queda, o governo de
Luiz Inácio Lula da Silva vai
tentar destacar a entrega de
obraseprojetoscomoforma
de esfriar a polarização po-
taria de Comunicação Social
(Secom)é“FénoBrasil”,que,
navisãodeintegrantesdogo-
colocar no ar na próxima se- lítica que domina o país. verno, sinaliza ao público re-
mana uma nova campanha Aideiaéqueomaterialseja ligioso e busca demonstrar
publicitária que buscará, ao exibido simultaneamente à que as promessas de Lula es-
tão se materializando.
O ministro da Secom, Pau-
lo Pimenta, tem feito reuni-
ões com os demais ministé- quando a população vê os re- de comunicação do governo, ra universitários) e da im-
rios para que as campanhas sultados concretos de ações, por exemplo, Lula chamou plantação das escolas em
relacionadas a entregas se- tende a deixar de lado a dis- Bolsonaro de “covardão” e tempo integral.
COMPRO JOIAS EM OURO jam envelopadas com o novo puta entre Lula e o ex-presi- disse que o país “correu o ris- Também está prevista a
OURO - JOIAS ANTIGAS - PRATA - BRILHANTES - RELÓGIOS DE LUXO slogan. Cada pasta usará o dente Jair Bolsonaro, que do- codeterumgolpe”.Afalado- divulgação de obras rodo-
PLATINA - MARFIM - MOEDAS EM GERAL - ANTIGUIDADES - QUADROS seu contrato publicitário pa- minaapolíticabrasileirades- minou o noticiário do dia. viárias pelo país. A estraté-
ESCULTURAS - OBRAS DE ARTE - PRATARIAS
(VENDA, CONSERTO, FABRICAÇÃO DE JOIAS EM GERAL)
ra fazer a divulgação. de a eleição de 2018. Um dos focos na nova gia de regionalização terá
ESCOLHA SEMPRE UMA EMPRESA SEGURA —Ogovernodefiniualguns campanhadogovernoseráa início na próxima semana.
COM CREDIBILIDADE HÁ 34 ANOS NO MERCADO princípios: a segmentação e a CRÍTICAS ABOLSONARO educação, com a divulgação Quando Lula desembarcar
* NÃO VENDA ANTES DE NOS CONSULTAR regionalização. A ideia é que Para concretizar essa nova do programa Pé de Meia, no Rio na terça-feira para
* CUBRO OFERTA nessafasedeentregascadaes- estratégia, porém, auxiliares que prevê o pagamento de inaugurar uma faculdade
* PAGO NA HORA tadotenhaasualinguagem— avaliam ser necessário que o uma poupança e um auxílio voltada a alunos campeões
* ATENDEMOS EM DOMICÍLIO
afirma Pimenta. atual presidente deixe de fa- para estudantes de baixa de olimpíadas de mate-
Shopping Cidade Copacabana - Copacabana Auxiliares de Lula enten- lar do antecessor. Na reunião renda do ensino médio per- mática, rádios, emissoras
Rua Figueiredo de Magalhães, 598 / Terreo - Loja 92
Shopping Cassino Atlântico - Copacabana dem que a divulgação de rea- ministerial do último dia 18, manecerem na escola, do de TV e sites locais começa-
Rua Francisco Otaviano, 20/ Térreo - Loja H, 117 e 234 lizações do governo ajuda a que tinha como um dos focos novo Fies (programa de fi- rão a exibir as campanhas
carolinajoiasoficial | www.carolinajoias.com.br afastar a polarização porque, principais definir estratégias nanciamento estudantil pa- do governo.
98059-7801 97940-2930 / & 3988-3985 & 2235-8289
 OGLOBO | Domingo 31.3.2024
60 ANOS DO GOLPE
Lula evita se opor a militares e trava comissão
Um ano após Ministério dos Direitos Humanos propor recriar grupo criado na década de 1990 para reconhecer
vítimas da ditadura, presidente mantém indefinição se dará aval à iniciativa criticada nas Forças Armadas
JENIFFER GULARTE E SÉRGIO ROXO
politica@oglobo.com.br
BRASÍLIA
-
N o aniversário dos 60 anos
do golpe militar, o presi-
dente Luiz Inácio Lula da Sil-
va mantém indefinido o des-
tino do decreto que reinstala
a Comissão Especial sobre
Mortos e Desaparecidos Po-
líticos (CEMDP), criada em
1995 com o objetivo de reco-
nhecer e encontrar vítimas
do regime. Pessoas próximas
ao petista afirmam que ele
tem protelado uma decisão
de recriar o grupo, encerrado
no governo de Jair Bolsona-
ro, para não correr risco de
reabrir feridas com militares
em um momento em que a
relação do Planalto com o
Exército está “estabilizada”.
Criticada por aliados, a pos-
tura de Lula sobre o assunto
também é vista por auxiliares
como um gesto ao trabalho
feito pelo comandante do
Exército, Tomás Paiva, nos
quartéis. A avaliação é que o
general conseguiu acalmar
ânimos desde a tensão criada
comosatosdo8deJaneiroeo
envolvimento de militares
nas discussões de uma supos-
ta trama golpista no governo
passado. Paiva também ga-
rantiu a Lula que não haveria
nenhuma manifestação so-
bre a data na caserna.
No Planalto, o temor é que
Presidente promove general que
nomeou delegado do caso Marielle
Richard Nunes bancou escolha de Rivaldo Barbosa, preso acusado de planejar o crime
ALICE CRAVO
alice.cravo@bsb.oglobo.com.br
BRASÍLIA
-
O presidente Luiz Inácio
Lula da Silva nomeou
na sexta-feira o general Ri-
chard Nunes para o segun-
do maior posto do Exérci-
to. Ele vai assumir o co-
mando do Estado-Maior
da Força. O militar era se-
cretário de Segurança Pú-
blica do Rio de Janeiro du-
rante a intervenção mili-
tar no estado, época do as-
sassinato da vereadora
Marielle Franco e do mo-
torista Anderson Gomes.
A promoção do militar já
era prevista e foi concretiza-
da em reunião entre Lula, o
ministro da Defesa, José
Múcio Monteiro, e os co-
mandantes das Forças Ar-
madas na última quinta-fei-
ra. O gesto demonstra mais
um aceno do presidente aos
a recriação da comissão pos-
sarecrudescerumclimahos-
til entre os oficiais. Em no-
vembro, o presidente do Su-
perior Tribunal Militar, Jose-
li Parente Camelo, afirmou à
coluna de Malu Gaspar ser
“completamente desneces-
sária” a criação do colegiado,
verbalizando um desconfor-
to de outros integrantes das
Forças Armadas.
Embanho-mariadesdemar-
ço do ano passado, a proposta
de recriação da comissão foi
apresentada pelo Ministério
dosDireitosHumanoseainda
aguardaumparecerdoMinis-
tério da Justiça. O Ministério
da Defesa, segundo integran-
tes da pasta, já se posicionou
deformafavorável.
A demora para uma decisão
sobre a retomada dos traba-
lhos da comissão tem gerado
pressão por parte do PT, parti- Distensionado. Lula com os comandantes das Forças Armadas durante cerimônia do Dia do Exército
do do presidente. A bancada
da legenda na Câmara divul-
gou uma nota na quinta-feira
naqualdizser“fundamentala
recriação imediata da Comis- “Não adianta esquecer o leira, inclusive com presença (PT-SP) é um dos que quer
são”. “Trata-se de instrumento passado porque ele se
essencial para investigar, es-
clarecer e reconhecer os casos manifesta no presente,
de mortos e desaparecidos po- como foi o caso do 8 de
líticosemnossopaís”,afirma. Janeiro”
Na mesma nota em que de-
fendeu a recriação da Comis- Rui Falcão, deputado do PT
são Especial sobre Mortos e
Desaparecidos Políticos, a
bancadadoPTrelacionaogol-
GABRIEL DE PAIVA/12-12-2018
militares, que vem modu-
lando as declarações sobre
os eventos dos 60 anos do
golpe militar: “página vira-
da”, já disse o presidente.
Em 2018, Richard Nu-
nes foi o responsável pela
indicação do delegado Ri-
valdo Barbosa para a che-
fia da Polícia Civil do esta-
do do Rio. A sugestão do
nome ocorreu uma sema-
na antes do assassinato da
parlamentar, e o policial
tomou posse na véspera
do crime. Barbosa foi pre-
so no último dia 24 por
suspeita de planejar “me-
ticulosamente” a execu-
ção de Marielle e de sabo-
tar as investigações en-
quanto esteve à frente da
corporação, entre março e
dezembro de 2018.
Na época, quem assinou a
nomeação do delgado foi o
general Walter Braga Netto,
interventor de Segurança
INÊS
Política 249
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RICARDO STUCKERT/PR/19-04-2023
caso da intentona do 8 de Ja-
neiro—disseele.
No começo de março, o
Ministério Público Federal
recomendou que o governo
recrie a comissão em um
prazo de 60 dias.
Caso a comissão seja recria-
da, um dos trabalhos que o
grupodeveretomaréaidenti-
ficação de ossadas encontra-
dasnaValaClandestinadePe-
rus, na Zona Oeste de São
Paulo. O local foi usado pelos
militares para esconder o cor-
po de opositores do regime.
SEM MANIFESTAÇÕES
Dentro do PT, também há
críticas à decisão de Lula de
proibir manifestações do go-
verno sobre os 60 anos de gol-
pe, inclusive na ala moderada.
Líderes da legenda acreditam
que o governo deveria marcar
a sua posição como defensor
da democracia, até porque es-
pede1964como8deJaneiro. dia 8 de janeiro de 2023 en- sefoiumdosmotesdacampa-
“Lamentavelmente, ainda há quadra-senessecontexto.” nhavitoriosade2022.
segmentosnasociedadebrasi- O deputado Rui Falcão Para o grupo, Lula poderia
participardeumatosóbrioem
no Estado, abertamente sau- celeridade na abertura da que exaltasse os militares que
dosos dos anos de chumbo, comissão para que famílias seguem a lei e condenasse os
quemantêmpráticasautoritá- de desaparecidos políticos que decidiram tomar o poder
rias e truculentas, defendem possam obter atestado de em 1964. Os aliados do presi-
rupturas do regime demo- óbito de vítimas do regime: dente avaliam que o episódio
_ crático e promovem revisio- —Espero que o decreto seja não traria desgaste ao governo
nismo histórico para negar o publicado o mais rápido possí- entre o eleitorado de centro e
caráter autoritário, ditatorial e vel. Não adianta esquecer o serviria, inclusive, para de-
violento do regime militar. A passado porque ele se mani- marcar posição em contrapo-
tentativa de golpe ocorrida no festa no presente, como foi o siçãoaosbolsonaristas.
Promoção.
O general
Richard,
secretário de
Segurança no
Rio durante o
caso Marielle, foi
nomeado por
Lula para
comandar o
Estado-Maior do
Exército,
segundo maior
posto da Força
Pública do estado durante o
governo Michel Temer.
O general Richard Nu-
nes é citado no relatório da
Polícia Federal como a
pessoa que bancou a no-
meação de Rivaldo Barbo-
sa ao cargo, mesmo após o
setor de inteligência da
Polícia Civil não recomen-
dá-lo para o posto. Na últi-
ma semana, o oficial do
Exército afirmou que pode
ter sido “ludibriado” para
realizar a nomeação.
ATAQUE BOLSONARISTA
No fim do governo de Jair
Bolsonaro, Richard Nunes
foi atacado por apoiadores
do ex-presidente. Seu nome
e foto circularam em grupos
nas redes sociais por não
apoiar a tentativa de golpe.
Em um artigo, ele afirmou
que“insultos”e“ataquesare-
putações” buscavam “atingir
a coesão” do Exército.
8 | Política INÊS
Domingo 31.3.2024
249
| OGLOBO
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Política 249
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60 ANOS DO GOLPE
O 8 DE JANEIRO NÃO
TEVE O APOIO POPULAR
COMO NO GOLPE DE 64
ENTREVISTA
Heloisa Starling / HISTORIADORA
Para pesquisadora, ataques de 2023 foram segunda
de três etapas para consolidar a ruptura, que só
não houve por falta de suporte interno e externo
MARCELO REMIGIO marcelo.remigio@oglobo.com.br
E1964”:
m seu novo livro, “A
máquina do golpe —
Como foi desmonta-
da a democracia no Brasil”, a
historiadora resgata minuci-
osamente o período que an-
tecedeu o golpe. Ao compa-
rar64como8/1,Heloisares-
salta o papel da sociedade na
defesa da democracia, fala
em destruição das Forças Ar-
madas por Jair Bolsonaro e
alerta para a decisão de Lula
denãorelembraropassado.
PaísesdaAméricadoSultêm
tratamentostãodiferentesem
relaçãoàmemóriaeagolpes.
Comoasenhoraanalisaessa
questãonoBrasil?
Por que conhecer a histó-
ria do golpe de 64 é impor-
tante? Porque ela fornece
repertório para a gente
pensar o presente. Como
aconteceu? Como esse gol-
pe foi organizado? Como
podemos garantir a demo-
cracia?Opassadoéquefor-
nece esse repertório para
que a gente possa avançar e
reparar os erros. Não é por
acaso que a fatia reacioná-
ria da sociedade brasileira,
que é o bolsonarismo, ten-
ta apagar o passado. Exata-
mente porque querem
controlar a História e o
presente.
O que acha de o governo não
promover eventos sobre os
60 anos do golpe?
É um erro do presidente
Lula, muito pelo que falamos
anteriormente. Quando en-
tendermos o que falamos so-
bre 64, entenderemos o que
acontece hoje. O compro-
misso do presidente com a
democracia é real, não há o
que discutir. Pode ser que o
contexto, aí estou rigorosa-
mente especulando, dentro
daquiloqueeleviveunoperí-
odo da ditadura, tenha feito
eleavaliardessamaneira.
Em 64 o golpe se consolidou,
com apoio dos EUAe de
governadores.Por que isso
não se repetiu em 8/1?
O 8 de Janeiro foi a segun-
da etapa da tentativa de gol-
pe, antes houve o planeja-
mento. Foi a execução,
quandocria-seumaaçãopo-
lítica de desestabilização
das instituições para que se
possa agir e tomar o poder,
que é a terceira etapa. Mas o
momento era diferente de
64, da situação de desestabi-
lização. A posição internaci-
onal, também. Em 64 os Es-
tados Unidos eram a favor
do golpe e hoje são comple-
tamente contrários, com
manifestações inclusive de
outros países, que não dari-
am apoio a essa ação. A im-
prensano8/1defendeuade-
mocracia, o que não aconte-
ceuem64,quandooeditori-
aldeumdosjornaismaisim-
portantes do Brasil, o “Cor-
reio da Manhã”, saiu com
um“Fora,Jango!”.O tercei-
ro elemento foi a grande
parte da sociedade brasi-
leira que no 8 de janeiro
saiu em defesa da demo-
cracia, que se manifes-
tou a favor do voto. Em 64
ocorreram reações dife-
rentes, como a Marcha
da Família. No 8 de janei-
“Na República,
há uma disposição
das Forças Armadas
de tutelar”
“A fatia reacionária
da sociedade, que é o
bolsonarismo, tenta
apagar o passado para
controlar o presente”
“Bolsonaro impôs
às Forças Amadas
um processo
de destruição”
FERNANDO LEMOS/30-08-2018
ro as forças a favor da de-
mocracia e da legalidade
se uniram.
Como a senhora analisa o
papel das Forças Armadas ?
Na República há uma dis-
posição das Forças Arma-
das de tutelar. A interven-
ção política é muito gran-
de, é como se a República
precisasse de uma bengala.
É importante, na atual con-
juntura, que a gente não
perca a chance de eliminar
e refazer o artigo 142 da
Constituição (confere às
Forças a garantia de pode-
res constitucionais), deli-
beradamente dúbio. Cha-
mar a sociedade para fazer
uma discussão para valer
do que é um projeto de De-
fesa do Brasil nas nossas
fronteiras e embalar as For-
ças Armadas naquilo que é
a posição delas.
Pela primeira vez as Forças
estão envolvidas em
investigações.Qual sua
opinião sobre isso?
É algo inédito. Anos
atrás era inimaginável. É a
indicação mais clara do
processo de destruição
que o ex-presidente Bol-
sonaro impôs às Forças
Armadas. Não sabemos a
extensão desse processo
de degradação. Nós não
sabemos qual é a extensão
desse processo dentro da
instituição militar, como
estão pensando nos quar-
téis, quais intenções bol-
sonaristas permanecem.
Bolsonaro resgata um
sentimento anticomunismo
de 64,analisado em seu livro.
Há espaço ainda para essa
narrativa?
Você tem uma construção
do anticomunismo com
(Getulio) Vargas, em que há
a insurreição e os comunis-
tas armados. A partir daí é
construído um imaginário
elástico, que cabe em qual-
quer circunstância. Em 64,
tem a presença de um cam-
po de treinamento de guer-
rilheiros financiado “por
culpa do comunismo”. Com
Bolsonaro, comunismo é
Venezuela. A palavra virou
algo que dá nome ao “mal”.
Por ser elástico, vai se adap-
tando à História.
MINISTROS DA DEFESA
SEMPRE FORAM FRÁGEIS
DIANTE DOS MILITARES
ENTREVISTA
Carlos Fico/ HISTORIADOR
Professor diz que soberania do poder civil sobre a
caserna, base da democracia, é mal resolvida e que
artigo 142 baliza visão errada sobre poder moderador substituiçãodopodermode-
CAIO SARTORI caio.sartori@oglobo.com.br
N otórioconhecedordadi-
tadura e da relação en-
tre política e caserna, o his-
toriador Carlos Fico avalia
que os militares passam ho-
jeporumescrutínioquepo-
de levar a condenações
inéditas por tentativa de
golpe. Com livros publica-
dossobreoregimeinstaura-
do há 60 anos, Fico finaliza
este ano “Utopia autoritária
brasileira”, que vai explorar
a história dos anseios inter-
vencionistas no país.
Como avalia a decisão do
presidente Lula de evitar
cerimônias sobre os 60 anos
do golpe? O que ela diz sobre
a forma como ele lida com os
militares?
A conciliação com os mili-
tares eu até lamento, mas
compreendo, porque o go-
verno foi eleito por peque-
na margem. Já a diretriz de
não ter cerimônias sobre
os 60 anos eu acho real-
mente condenável. Lula
sempre teve a postura de
buscar conciliação. Na
Presidência é compreensí-
vel que se busque governa-
bilidade, e os militares bra-
sileiros ao longo de toda a
História foram um fator de
instabilidade. Há também
uma fragilidade do Minis-
tério da Defesa. A pasta,
cuja concepção foi muito
importante, foi criada com
enormes dificuldades pelo
FHC.Osministrossempre
foram frágeis porque nun-
ca conseguiram resolver a
proeminência do poder ci-
vil sobre os militares, os
comandantes às vezes ain-
da têm mais força. No Bra-
sil, não temos ainda a proe-
minência do poder civil,
que é a base de qualquer
democracia.
O senhor fala bastante do
problema que é o artigo 142.
Como acabar com isso?
É muito difícil, porque
vemdesdeaProclamaçãoda
INÊS
Domingo 31 .3.2024
249
| OGLOBO
AGÊNCIA O GLOBO
deres. Quando a Constitui-
ção diz que as Forças têm a
atribuição de manter os po-
deres constitucionais, os mi-
litares passam a interpretar
equivocadamente como
rador. Temos que mudar o
texto via PEC.
República. Tivemos mais de
umadezenadetentativasde
golpe e isso precisa ser en-
Por que as Forças não
executaram o plano de golpe
do bolsonarismo?
frentadocomumgestomui- Provavelmente pela per-
toforte:darnovaredaçãoao cepção, o medo dos generais
artigo 142. Esse artigo está de que não havia apoio popu-
presente com outros núme- lar e de que haveria conse-
ros em todas as Constitui- quências nas relações exteri-
ções republicanas, e a atri- ores, no comércio internaci-
buição aos militares da ga- onal, e sobretudo de que ha-
rantia dos poderes constitu- veria alguma reação popular.
cionais é excessiva e indevi- Embora Bolsonaro contasse
da. É a única coisa que pode- com simpatizantes radicali-
riaserfeita.Quemfazacríti- zados, existiam e ainda exis-
ca de que só isso não tem setores do eleitorado
impediria os militares de contráriosaisso.Essesmilita-
tentaremgolpenãoentende res que não apoiaram o golpe
a cabeça dos militares. Eles de Bolsonaro, embora prova-
sempre interpretaram essa velmente tivessem simpatia
atribuição da garantia dos pelo bolsonarismo, ficaram
poderes como uma licença sem ter como promover um
para tutelar a sociedade. golpe. Em 1964, a campanha
de desestabilização de João
Aideia de “poder Goulart foi tão intensa que
moderador”é a base disso? haviaasuposiçãodequeseria
Na Constituição de 1891, possível enfrentar qualquer
aconteceuumacoisaterrível resistência. Acabou que não
que foi essa redação do arti- houveresistênciaalguma.
go 14, que seria o atual 142.
Os militares conseguiram O escrutínio pelo qual
colocar essa atribuição ex- passam os militares,com a
cessiva em substituição ao investigação sobre a
quehavianaConstituiçãodo tentativa de golpe,é inédito?
Império.DuranteoImpério, Em relação a crimes co-
o imperador tinha o chama- muns, o Superior Tribunal
dopodermoderador,queze- Militar costuma punir ofi-
lava, cuidava dos demais po- ciais que não são generais.
Coisa muito distinta é
quando envolve generais, e
outra distinção é quando
envolve tentativa de golpe.
“O artigo 142 Temos uma tradição brasi-
precisa de leira que é a busca pela
nova redação anistia. Agora vemos um
constitucional.” movimento nesse sentido,
mas parece que pela pri-
meira vez esses militares
“Parece que, pela serão punidos. E, se houver
primeira vez, punição com sentença
transitada em julgado pelo
militares serão STF, vai ter algo ainda mais
punidos por inédito: o julgamento mo-
tentativa de golpe” ral pelo STM da declaração
deindignidadeparaoofici-
alato desses generais. Se
“Lula sempre teve forem condenados, eles
a postura de buscar perdem as patentes, as
condecorações, que é o re-
conciliação com vés mais grave que um mi-
os militares” litar pode ter.
OGLOBO | Domingo 31.3.2024
Obras de saneamento irão transformar
a vida de famílias da Baixada
Águas do Rio dá início à implementação dos serviços de coleta e tratamento de esgoto
nos municípios de Japeri e Queimados. Rio Guandu também será beneficiado
A o longo de três gera-
ções, a família de
Priscila Amorim sobreviveu
da pesca. E acompanhou de
perto a degradação do Rio
Guandu, onde é captada a
água que abastece 80% da
Região Metropolitana do
Rio de Janeiro. O manan-
cial tem sofrido com a
poluição e o descarte
irregular de lixo e esgoto.
— O Guandu era sinô-
nimo de vida, nossa fonte
de renda. Meu avô e meu pai
foram pescadores e, há 20
anos, quando me casei, meu
marido também se apai-
xonou por essa profissão.
Durantedécadas,foidesserio
quetiramosonossosustento.
Mas, com a poluição, os
peixes se tornaram cada
vezmaisraros—elarelata.
O marido começou a
trabalhar como servente de
obras, e a renda familiar foi
reduzida em mais de 80%.
— Meu sonho é ver o
Guandu despoluído para
que eu possa viver da
pesca novamente. E não
só isso, mas ver ressurgir
a vida no meu pantanal
iguaçuano — diz Amorim.
Esse desejo começou a se
tornar realidade no último
dia 26 de março, quando a
concessionária Águas do
Rio deu início às obras de
implantação dos sistemas
de esgotamento sanitário
em Japeri e Queimados,
duas cidades da Baixada
Fluminense que estão situa-
das ao longo do curso do Rio
Guandu e atualmente não
contamcomnenhumserviço
de esgotamento sanitário —
um drama que atinge cerca
de 90 milhões de brasileiros,
segundo o Instituto Trata
Brasil, referência em indica-
doresdesaneamento.
Por isso, retirar esgoto
que é lançado no rio será
crucial para contribuir para
que ele seja recuperado,
com benefício direto para
nove milhões de pessoas
atendidas pelo manancial.
Cerca de 700 quilômetros
de redes e mais de 60
estações de bombeamento
serão construídos durante
os dois anos de obras em
Queimados e Japeri
“É UMA OBRA
DE ENGENHARIA
ARROJADA, QUE
ENVOLVE UM
INVESTIMENTO DE R$
640 MILHÕES E ESTARÁ
CONCLUÍDA EM 2026.
A CADA ANO QUE A
INFRAESTRUTURA
DE ENCANAMENTOS
AVANÇAR, JÁ TEREMOS
A CAPACIDADE DE
PROCESSAR TUDO O
QUE FOR COLETADO”
FELIPE ESTEVES
DIRETOR EXECUTIVO DA
ÁGUAS DO RIO NA BAIXADA
Larissa Pimenta, do
bairro São Jorge, em
Japeri, vive com o
esgoto na porta de casa.
Expectativa é de melhora
da qualidade de vida para
a família após as obras
APRESENTADO POR
TRANSFORMAÇÃO SOCIAL
Além do esgoto doméstico
gerado pelos 270 mil mora-
dores, a estação de trata-
mento, que será construída
nobairroJardimQueimados,
terá capacidade para tratar
600 litros por segundo e
também vai atender uma
parte de Nova Iguaçu. A
obra de implantação de
rede começou na Rua Maria
Isabel, no bairro Cosme e
Damião, em Japeri, onde
existem234residências.
— Todo o esgoto da vizi-
nhança fica bem atrás da
minha casa. A gente já se
acostumou com o mau
cheiro, mas, se chega visita,
ficamos com vergonha.
Tem muitos ratos e mosqui-
tos. Sempre que chove forte,
essa água com esgoto entra
na minha casa. Meu filho
já pegou bicho-de-pé brin-
cando no quintal, minha
mãe é alérgica, foi picada
por um mosquito e precisou
ficar internada. Sabendo
que finalmente as obras
estão chegando, nosso cora-
ção se enche de esperança
— relata Larissa Pimenta,
que mora no bairro São
Jorge, a 15 quilômetros dali.
Resultado de um investi-
mento de R$ 640 milhões,
serão instalados aproxima-
damente700quilômetrosde
redes e mais de 60 estações
“MEU SONHO É VER O
GUANDU DESPOLUÍDO
PARA QUE EU POSSA
VIVER DA PESCA NOVA-
MENTE. E NÃO SÓ ISSO,
MAS VER MEU PANTANAL
IGUAÇUANO VIVO
DE NOVO”
PRISCILA AMORIM
MORADORA DA BAIXADA
FLUMINENSE
elevatórias, responsá-
veis por bombear o esgoto
atéaestaçãodetratamento.
— É uma obra de enge-
nharia arrojada, que estará
concluídajáem2026.Acada
ano que a infraestrutura de
encanamentos avançar,
teremos a capacidade de
processar tudo o que for
coletado — informa Felipe
Esteves, diretor executivo
da Águas do Rio na Baixada.
QUALIDADE DE VIDA
Além do impacto ao meio
ambiente,asaçõesemJaperi
eQueimadosvãolevarsaúde,
dignidadeequalidadedevida
para a população local. Para
Izabel dos Santos, mora-
dora de Japeri e presidente
do Centro de Integração
CulturaleSocialMãoAmiga,
INÊS
Política |249
11
FOTOS: DIVULGAÇÃO/ÁGUAS DO RIO
270 mil
moradores
de Japeri e
Queimados
serão
diretamente
beneficiados.
O que eles
podem
esperar:
Cerca de
700
quilômetros
de redes de esgoto
Uma estação de
tratamento de esgoto
com capacidade para
tratar
a expectativa de ver a região
com esgotamento sanitário
pelaprimeiravezéalta. 600
litros
— Estou muito feliz com
a chegada dessas obras de esgoto por segundo
que vão impactar positiva-
mente todo o nosso muni-
cípio, que vem sofrendo Mais de
com valas de esgoto. Nossas
crianças vivem aqui sem
saúde nenhuma por conta
60
dafaltadesaneamento. estações
Segundo o vice-presi- de bombeamento
dente da Aegea, respon-
sável pelo Rio de Janeiro,
Alexandre Bianchini, as Investimento de
obras marcam o início da
universalização do acesso
a um serviço essencial para
R$ 640
a população e de um futuro milhões
promissorparaaregião.
— Esse é um dos nossos
compromissos. A Aegea tem
trabalhado para ampliar o
Mais
acesso ao saneamento em saúde
mais de 500 municípios e qualidade de vida com
e agora, por meio da sua a universalização dos
concessionáriaÁguasdoRio, serviços de saneamento
vai promover esse avanço
na Baixada Fluminense,
partindo do zero até atin-
gir a universalização de
um serviço tão essencial e
que vai gerar mais saúde,
preservação ambiental
e prosperidade compar-
tilhada, principalmente
em áreas mais carentes. Moradora da Baixada
Vamos priorizar a contra- Fluminense, Priscila
tação de mão de obra local Amorim tem esperança
de que a família possa
paragerarempregoerenda. voltar a viver da pesca
no Rio Guandu
CONTEÚDO PATROCINADO PRODUZIDO POR GLAB.GLOBO.COM
12 | Política
Agendas marcadas para fortalecer candidaturas
Em SP, enquanto Nunes se dedicou a entrega de obras e a encontros com religiosos em março, a seis meses das eleições, Boulos
consolidou apoio em redutos com promessa de ampliar diálogo com setores refratários e Tabata focou na formação de chapas
GUILHERME CAETANO
E BIANCA GOMES
politica@oglobo.com.br
SÃO PAULO
-
A seis meses das eleições
municipais,ostrêsprinci-
pais pré-candidatos na dispu-
tapelaprefeituradeSãoPaulo
se valem de estratégias distin-
tas para largar na frente na
corrida eleitoral. O prefeito
Ricardo Nunes (MDB) tem
concentrado esforços na
inauguração de obras e agen-
dascomlíderesreligiosos.Jáo
deputado federal Guilherme
Boulos (PSOL) procurou for-
talecer laços com partidos ali-
ados e grupos alinhados à sua
pré-candidatura. E Tabata
Amaral (PSB) tem dado espa-
ço a compromissos com cor-
religionários do seu partido.
OGLOBOlevantouoscom-
promissospúblicosdotrio,en-
tre os dias 1º e 26 de março, e
analisou a que tipo de público
os concorrentes vêm recor-
rendo para se fortalecer de
olhonaeleiçãodeoutubro.
Nunes teve 34 agendas pú-
blicas oficiais em março, das
quais se sobressaem anúncios
de investimentos, entregas de
obras e inaugurações (32,4%
dos compromissos), que estão
a todo vapor neste ano eleito-
ral. Encontros religiosos vêm
em seguida (14,7%). O levan-
tamento exclui despachos in-
ternos,reuniõesnaprefeitura,
entrevistas à imprensa e com-
promissos não registrados no
EDI SOUSA/ATO PRESS/23-12-2023
Reeleição. Nunes mostrou resultados da gestão
sitedopodermunicipal.
Oprefeitotemconcentrado
seus compromissos na região
que promete ser a trincheira
da batalha pela prefeitura de
SãoPaulonaseleições:aZona
Sul, onde faz quatro em cada
dez agendas (38,2%).
Entre os compromissos se
destacam ainda as reverências
aobolsonarismoeasegmentos
ligados ao grupo. Nunes foi a
uma cerimônia de formatura
da Guarda Civil Metropolitana
e visitou a feira expositiva do
Dia do Agricultor. Forças poli-
ciais e o agronegócio são dois
fortespilaresbolsonaristas.
OsaliadosdeNunesafirmam
quesuaagendaévoltadaparaas
Planos. Boulos entrará em nova etapa da campanha Liderança. Tabata dedicou parte do tempo ao PSB
responsabilidades inerentes
aocargodeprefeito,enãopara
acampanhapré-eleitoral.
—Nunes está discutindo os
problemas da cidade. Entre-
gando e buscando soluções
que melhorem a vida dos pau-
listanos —diz Enrico Misasi,
presidente do diretório muni-
cipaldoMDBdeSãoPaulo.
NOVAETAPA
JáBoulostemdedicadoumter-
ço(31,3%)deseuscompromis-
sos públicos a eventos partidá-
rios, como plenárias para con-
versar com lideranças locais,
além de encontros com sindi-
catos e professores e estudan-
tes,quejuntossomam25%.
EDILSON DANTAS/02-02-2024
Na visão de alguns aliados,
ele tem “pregado a converti-
dos” ao priorizar agendas com
setores com os quais já tem in-
terlocução.Umapessoadoen-
torno do líder sem-teto ressal-
ta que o deputado não conse-
guiu, até agora, representan-
tesdepesodaigrejaevangélica
ou do empresariado para sair
publicamente em defesa de
suapré-candidatura.
A agenda com policiais civis
emilitaresecomguardascivis
metropolitanosfazpartedesse
movimento, assim como um
jantar com empresários e in-
vestidoresqueodeputadopar-
ticipou na última segunda-fei-
ra. A expectativa é usar a mi-
Domingo 31.3.2024
GUITO MORETO/21-10-2019
nistraMarinaSilva(MeioAm-
biente) para ampliar o diálogo
comosegmentoevangélico.
Integrantesdacampanhade
Boulos afirmam, porém, que
comofimdoprojetoSalveSão
Paulo,noqualopré-candidato
percorreu as subprefeituras
conversando com a popula-
ção, começa uma nova etapa
da campanha, para ampliar o
diálogo com setores que Bou-
losnãoalcançounacampanha
paraaprefeituraem2020.
— A nossa pré-campanha
entra em nova etapa dedicada
aampliarodiálogocomtodaa
sociedadepaulistana—afirma
Josué Rocha, coordenador da
campanhadeBoulos.
INÊS
249
| OGLOBO
Tabata, por sua vez, tem da-
dorelevanteespaçoacompro-
missos com seus correligioná-
rios. Eventos do PSB corres-
pondem a 53% de sua agenda
pública em março, envolven-
do participações em eventos
de filiação de lideranças co-
munitárias, lançamento do li-
vro de Lu Alckmin, esposa do
vice-presidente Geraldo Alck-
min (PSB), e até boas-vindas
ao apresentador José Luiz Da-
tenaaopartido.
Comopresidentemunicipal
do PSB, a deputada precisa di-
vidirsuaagendacomaorgani-
zaçãodachapadecandidatosa
vereador. Por isso tem marca-
do presença na recepção a no-
vos filiados, em especial lide-
ranças comunitárias. O res-
tantedeseutempoelatemdis-
pensadoasetoresdomercado,
como indústria, comércio e
engenharia, e a seus temas do
coração, como educação, mu-
lheresemoradia.
— As agendas partidárias
são essenciais para a pré-
campanha, não é mera obri-
gação de cumprir funções no
diretório municipal. Esta-
mos filiando lideranças para
fortalecer a chapa —diz Julia
Cruz, ex-chefe de gabinete
de Tabata e coordenadora da
pré-campanha.
Apré-candidataMarinaHe-
lena (Novo) não tem partici-
pado de agendas públicas, já
que teve o seu segundo filho
nestemês.
OGLOBO | Domingo 31.3.2024 INÊS | 249
Política 13

Nosso futuro olímpico

também passa por aqui.
Vem aí o Intercolegial 2024.
Em ano de Olimpíadas, as competições do Intercolegial ganham um
significado ainda mais especial. Afinal de contas, a maior competição
estudantil do Brasil tem um papel fundamental no estímulo ao
esporte e aos valores olímpicos, além de descobrir jovens talentos
em diversas modalidades. Preparem-se, vem muita emoção por aí.
As inscrições começam amanhã.

Acesse e inscreva-se!

intercole
egial.com.br
14 | Política INÊS
Domingo 31.3.2024
249
| OGLOBO

ELIO que o removesse para o Rio, reforçando o

dispositivo militar da embaixada. Walters

GASPARI moveu céus e terra para não sair de Roma,

pensou em pedir passagem para a reserva.
Em outubro o coronel desceu no Rio e teve
13 generais para recebê-lo no aeroporto.
Na noite de 13 de março de 1964 ele viu o
oglobo.globo.com/opinião discurso de João Goulart na casa do general
editoria.artigos@oglobo.com.br
Castello Branco. (O alto da testa de Castello
batia abaixo da base do queixo de Walters,
Walters, o que o descreveria assim: “Baixo, robusto. O
pescoçomuitocurtoeagrandecabeçadãoa

americano que
impressão de que é corcunda”.)
Walters deixou o Brasil em 1967 como ge-
neral. Uma semana depois da edição do
esteve em todas AI-5, quando havia pressão para que os EUA
se afastassem da ditadura, ele escreveu ao
secretário de Estado Henry Kissinger de-

N
amanhãdehoje,há60anos,oem-
baixadoramericanoLincolnGor-
don chegou à sua sala por volta
das 9h15m. Ele sabia que o golpe
estavapordias,masnãosabiaque
ogeneralOlímpioMourãoFilho,comandante
da Região Militar com sede em Juiz de Fora
(MG), havia resolvido se rebelar. Quem o avi-
sou que a coisa havia começado foi seu adido
militar,ocoronelVernonWalters,umhomem
corpulento,amigodemilitaresbrasileirosdes-
de a Segunda Guerra Mundial.
Walters ralou durante esse dia. No fim da
tarde achava-se que o general Castello Bran-
co, seu colega de barraca na Itália e chefe do
Estado-Maior do Exército, estava encurrala-
donoMinistériodaGuerra.(Falso,eleestava
num aparelho na Zona Sul.) Um marechal
avisou-o de que uma tropa legalista da Vila
Militar marchava para Minas Gerais. Às
19h05m seu prognóstico era sombrio: “A re-
belião parece estar perdendo ímpeto.”
NaquelesdiasoRiodeJaneiropenavaumra-
cionamento de energia e bairros inteiros fica-
vamsemluzànoite.Pertodas23h,omarechal
Lima Brayner, chefe do Estado-Maior da For-
ça Expedicionária Brasileira durante a guerra,
ouviu pancadas na entrada de serviço do seu
apartamento de Copacabana, abriu a porti-
nholaeviu,iluminadoporumavela,ocoronel
Walters. Brayner disse-lhe: “O Kruel acaba de
lançar um manifesto.” “Graças a Deus”, res-
pondeu Walters, um católico devoto.
A adesão do general Amaury Kruel, coman-
dantedaguarniçãodeSãoPaulo,haviadecidi-
do a parada. O marechal Cordeiro de Farias,
patriarca de todas as sublevações militares do
período resumiria a questão: “O Exército foi
dormir janguista a acordou revolucionário.”
No dia 2 de abril, Walters passou pela casa
de Castello Branco, em Ipanema. No dia 4,
denovo,etambémnadoex-presidente,ma-
rechal Eurico Dutra (1946-1950).
Eleito presidente, no primeiro dia de ser-
viço, Castello convidou-o para um almoço
no Palácio do Planalto. Walters presente-
ou-o com um abacaxi.
O coronel Walters entrou na mitologia
das intervenções militares americanas co-
mo se, com seus seu pés enormes, esmagas-
se governos. Teria ajudado a derrubar o rei
Farouk no Egito (1954), o premier Mossa-
degh no Irã (1953), os presidentes Manuel
Prado no Peru e Arturo Frondizi na Argenti-
na (1962), noves fora Jango. É um exagero.
Na vida real ele foi mais que isso. Onde hou-
veencrencaoumistério,láestáele.Conversas
secretas com chineses e vietnamitas? Foi Wal-
tersquembateuàportadeembaixadachinesa
emPariscomumrecadodopresidenteameri-
cano Richard Nixon. Era em sua casa que
Henry Kissinger se escondia para negociar
com os vietnamitas do Norte. Escândalo do
Watergate, que derrubou o presidente dos Es-
tadosUnidos?Eleeraovice-diretordaCentral
Intelligence Agency em 1972, quando a Casa
Brancaconcebeuumestratagemaparaconge-
lar as investigações do FBI. Walters e o diretor
da CIA, Richard Helms, barraram a manobra.
Waltersalistou-senoExércitoparaderrotaro
nazismoecontinuounacarreiraparaderrotaro
comunismo. Em 1989, ele era embaixador na
Alemanha e de sua janela viu o fim do Muro de
Berlim.Morreuem2002,aos85anos.
O homem que falava
oito línguas
Walters era um interlocutor direto, dotado
de um humor sarcástico. Costumava dizer
que falava outras sete línguas (francês, itali-
ano, espanhol, português, alemão, russo e
holandês) mas não pensava em nenhuma.
Seu português tinha pouco sotaque, como o
de Roberto Campos.
Quando Fidel Castro lhe disse que estu-
dou com padres, cortou:
—Yo también, pero me quedé fidel.
Quando era acusado de saber tudo sobre o
Brasil, respondia:
—Se eu fosse isso tudo, não teria comprado
um apartamento no Panorama Palace Hotel.
(Lançado no Rio nos anos 1960, o Panorama
foi um mico e hoje é chamado de Favela Hub.)
Waltersalistou-senoExércitoem1941antes
mesmo que os Estados Unidos entrassem na
guerra. Seu pai teve algum dinheiro, mas per-
deu-o na Depressão dos anos 1930. Tinha ta-
lento para idiomas e lapidou-o na adolescên-
cia, como mensageiro de uma companhia de
seguros da Babel de Nova York. Achou que
com isso teria uma boa posição mas, de saída,
virou soldado raso.
Um ano depois era tenente, na área de in-
formações, e um coronel mandou que
aprendesse português. Em 1943 foi desig-
nado para acompanhar oficiais brasileiros
nos Estados Unidos e, mais tarde, na Itália.
Daí em diante foi interprete das conversas
de presidentes americanos com brasileiros,
de Dutra a Médici, de Harry Truman a Ri-
chard Nixon. Teve dois padrinhos, o presi-
dente Eisenhower e Averell Harriman, mi-
lionário, diplomata, ex-governador de No-
va York grão-duque do partido democrata.
Depois de ter vivido alguns anos no Rio (e
virar flamenguista), era adido militar em
Roma em 1962, quando o embaixador Lin-
coln Gordon pediu ao presidente Kennedy
fendendo a aliança:
“Se o Brasil se perder, não será outra Cu-
ba. Será outra China”.
Walters foi adido militar em Paris, vice-
diretor da CIA, embaixador nas Nações
Unidas e em Berlim. Lá, pelo seu jeitão lo-
quaz, o secretário de Estado James Baker
evitava-o.
WASHINGTON MANDA,
E WALTERS CUMPRE
Em 1966 a Polícia Federal prendeu dois
americanos com contrabando de minérios
na Amazônia. Um poderoso senador foi ao
secretário de Defesa e pediu por eles. Wal-
ters recebeu o seguinte telegrama:
“Apreciamos seus francos comentários se
há algo que possa ser feito nesse caso atra-
vés de seus bons contatos com seus interlo-
cutores militares brasileiros.”
Walters foi a Castello Branco dizendo-se
envergonhadoporencaminharagestão.Dias
depois, as celas dos americanos amanhece-
ram com as portas abertas e eles fugiram.
MISSÃO IMPOSSÍVEL,
RESGATAR KISSINGER
Quando: 1970.
Onde: Paris
O general Walters está no seu gabinete de
adido militar na França e recebe uma men-
sagem de Washington informando que o
avião que conduz do secretário de Estado
Henry Kissinger para mais um encontro se-
creto com vietnamitas está sobre o Atlânti-
co e será obrigado a descer no aeroporto de
Frankfurt, na Alemanha.
Missão: Trazer Kissinger, incógnito, a Paris.
Walters desceu, caminhou até o palácio
presidencial e pediu para ser recebido ime-
diatamente pelo presidente francês Geor-
ges Pompidou. Expôs o seu caso: precisava
de um avião para buscar o secretário.
Quando Pompidou perguntou-lhe o que
Kissinger vinha fazer em Paris, respondeu
que a viagem envolvia uma senhora.
Pompidou emprestou-lhe um jato mili-
tar, ele desceu em Frankfurt, atravessou a
pista, mandou apagar os refletores e resga-
tou Kissinger. Seguindo a rotina, levou-o
para seu apartamento, onde a empregada
jamais soube quem era o hóspede.
SERVIÇO:
Walters escreveu dois livros de memórias, o
primeiro, “Missões silenciosas”, muito
bom, tem edição em português.

PSDB perderá toda a Antes de Aníbal assumir o

diretório municipal, Orlan-

bancada na Câmara de SP do Faria foi o presidente da

executiva municipal de ou-
tubro a janeiro, também se
Debandada ocorre após crise na direção municipal, posicionando contra o
que rejeitou apoiar a reeleição de Ricardo Nunes apoio a Nunes, eleito em
2020 na chapa do tucano
Bruno Covas (1980-2021).
A bancada tucana se disper-
BIANCA GOMES
bianca.gomes@sp.oglobo.com.br
com o qual toda a bancada é sou entre diversos partidos de
SÃO PAULO alinhada. A nova direção de- centro e direita, como PSD,
-
fende candidatura própria ou Podemos,MDBePL.

O PSDB está prestes a per- apoioàdeputadafederalTaba-

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7726/2272-4400 Scvl1086
der todos os seus verea- ta Amaral, pré-candidata do
dores na Câmara Municipal PSBnacapitalpaulista.
Xexéu Tripoli era um dos
poucosque,atéomêspassado,
avaliava permanecer no
de São Paulo e ficar sem re- PSDB. Mas, ao GLOBO, disse
presentantes na maior Casa ESTOPIM queausênciadechapainviabi-
Legislativa do país. O partido A decisão de não apoiar Nu- lizaapermanência:
era dono, ao lado do PT, da nes, oficializada no último dia —Não existe chapa, como
maior bancada na Casa, com 22,foioestopimparaoesvazi- alguémpodeficar?
oito vereadores eleitos em amentocompletodabancada, Em nota, Marconi Perillo,
2020.Destes,quatrojásefili- mas se insere em uma crise presidente nacional do PSDB,
aram a outras legendas, e os profunda que se estende há dissequeaspossíveistrocas,se
demais vão seguir o mesmo meses. Como mostrou O acontecerem, serão conse-
caminho nos próximos dias. GLOBO, os vereadores tuca- quência de um “fisiologismo
A debandada completa na nos vinham, desde o ano pas- barato, resultado da frágil le-
cidadequeéberçoeleitoraldo sado, expressando desconten- gislação eleitoral e partidária,
partido ocorre após a Executi- tamento com a falta de comu- que permite isso”. Segundo
vaprovisória,comandadapelo nicaçãocomadireçãopartidá- ele, o PSDB quer ao seu lado
ex-senador José Aníbal, recha- riaeausênciadeumachapade políticos preocupados com
çar o apoio à reeleição do pre- vereadores faltando poucos políticas públicas, e não com
feito Ricardo Nunes (MDB), mesesparaaeleição. cargosnoPoderExecutivo.
OGLOBO | Domingo 31.3.2024 INÊS | 249
Política 15

AUTORIDADES E ESPECIALISTAS
DEBATEM O BRASIL QUE TEREMOS E
O BRASIL QUE QUEREMOS.
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DATA: 08 DE ABRIL | LOCAL: HOTEL ROSEWOOD | SÃO PAULO

HORÁRIO: 08H30 ÀS 17H


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16 | Política
Relação de Moro e
Deltan estremece às
vésperas de julgamento
Senador começa a ser julgado amanhã pelo TRE-PR em meio a
distanciamento com um de seus maiores aliados na Lava-Jato
LUÍSA MARZULLO
luisa.castro@oglobo.com.br
-
O senador e ex-juiz federal
Sergio Moro (União-PR)
começará a ser julgado ama-
nhã pelo Tribunal Regional
Eleitoral (TRE) do Paraná no
processo que pode culminar
emsuacassação.Morochega
ao julgamento sem o apoio
de um de seus maiores alia-
dos, o ex-procurador e ex-de-
putado federal Deltan Dal-
lagnol (Novo) —cassado em
maio de 2023 pelo Tribunal
Superior Eleitoral (TSE)
com base na Lei da Ficha
Limpa.
Colegas na Operação Lava-
Jato, Moro e Deltan entraram
na política em 2022 e chega-
ram a formar uma bancada
contra a corrupção no início
deseusmandatosnoCongres-
so. No dia primeiro de feverei-
ro de 2023, quando tomaram
posse,osdoisposaramparafo-
tos ao lado da mulher do sena-
dor, a deputada federal Rosân-
gela Moro (União-SP), e até
meadosdemaionutriamcerta
proximidade.
A relação começou a aze-
dar quando Deltan perdeu o
Júri deve se estender por 3 dias e terá transmissão ao vivo
Moro é acusado de abuso de poder econômico e caixa 2. Em caso de cassação, cadeira no Parlamento é cobiçada por PL e PT
FELIPE GELANI
felipe.oliveira.rpa@edglobo.com.br
-
O Tribunal Regional Elei-
toral do Paraná (TRE-
PR) começa amanhã o jul-
gamento de duas ações que
pedem a cassação do man-
dato do senador Sergio Mo-
ro (União-PR). Ele é acusa-
do de abuso de poder econô-
mico e uso de recursos de
campanha sem declaração,
o caixa dois, durante a pré-
PROCURAR IMÓVEL EM OUTROS SITES SÓ
TEM UM PROBLEMA: AS OFERTAS
MORAM LÁ HÁ MUITO TEMPO.
Oferta velha não resolve nada.
Imóveis, veículos, empregos e muito mais
no Classificados do Rio. Só ofertas atuais
com fotos e navegação inteligente.
mandato. À época, os minis-
tros entenderam que o ex-
procurador deixou o Minis-
tério Público para escapar
de possíveis punições, sen-
do assim enquadrado na Lei
da Ficha Limpa.
A postura de Moro naquele
momento incomodou alia-
dosdeDeltan,queesperavam
maior apoio. O senador che-
gou a defender o ex-compa-
nheiro em diversos posicio-
namentos públicos, mas não
compareceu aos atos em fa-
vordeDeltanemCuritiba,re-
duto eleitoral de ambos. O
maior gesto de Moro foi aco-
lher parte da equipe de asses-
sores do ex-parlamentar em
seu gabinete e no de sua mu-
lher, Rosângela, o que não foi
considerado suficiente.
REAÇÃO ÀPOSTURA DE MORO
Fora do mandato, Deltan in-
tensificou o discurso de oposi-
çãoaogovernofederalecome-
çouaperceberumaposturadi-
ferente de Moro, quase sem-
pre mais comedido nas pala-
vras. O ponto de tensão ocor-
reuapósoex-ministrodaJusti-
ça Flávio Dino ser indicado ao
Supremo Tribunal Federal
campanha eleitoral de
2022. Antes mesmo da ava-
liação do caso, a cadeira do
ex-juiz da Lava-Jato já virou
alvodedisputasentrepolíti-
cos do Paraná.
Há previsão que o julga-
mento sobre a cassação do
ex-juiz federal ocorra em
três sessões, marcadas para
amanhã, quarta-feira e o
próximo dia 8, após uma
série de adiamentos. No
episódio mais recente, o
Anuncie agora via
WhatsApp ou Telegram
21 2534-4333
(STF). Durante o périplo do
então integrante do primeiro
escalão de Lula pelo Senado
embuscadeapoioàindicação,
Deltan cobrou que os parla-
mentares votassem contra a
suaescolha.
Como a votação é secreta,
não foi possível afirmar que
Moro teria votado a favor de
Dino. Mas imagens de afagos
entre os dois durante a saba-
tina na Comissão de Consti-
tuiçãoeJustiça(CCJ)daCasa
foram o suficiente para gerar
desconfiança em Deltan.
Na ocasião, o ex-deputado
fez um apelo para que Moro
tornasse público o seu voto, o
que foi ignorado pelo senador.
Somado a isso, o GLOBO fla-
grou uma troca de mensagens
entreoex-juizeseusuplente,o
advogado Luiz Felipe Cunha,
em que o parlamentar foi
aconselhado a ser discreto so-
bre sua posição, além de aler-
tado sobre a repercussão de
sua proximidade com Dino
nasredessociais.
Após o episódio, fontes
próximasaoex-deputadorela-
taram seu descontentamento
com a conduta do senador
que, em sua avaliação, teria
afastamento do advogado
Thiago Paiva dos Santos,
que integrava o TRE do Pa-
raná desde 2019, deixou
uma cadeira vazia no colegi-
ado, preenchida em feverei-
ro por um indicado de Lula.
Ele foi substituído pelo ju-
rista Rodrigo Sade, escolhi-
do a partir de lista tríplice.
Moro responde a duas
ações de investigação judici-
al eleitoral, a Aije, apresenta-
das pelo PL, partido do ex-
GERALDO MAGELA/AGÊNCIA SENADO
Moro. Vai a julgamento: senador enfrenta duas ações
RUSGAS ENTRE OS
COLEGAS DA FORÇA-TAREFA
Ausência sentida
Durante o processo de perda de
mandato,Deltan promoveu atos
públicos,como carreatas.Moro
faltou e decepcionou Deltan.
Prefeitura de Curitiba
Apossibilidade de a mulher de
Moro,Rosângela,disputar a prefei-
traído a direita. Passados qua-
tromeses,oclimaentreosdois
não melhorou e novos episó-
dios de tensão se somaram à
crise.
Emfevereiro,Deltanpartici-
pou de um debate sobre a di-
reitanoBrasilemumauniver-
sidade no Paraná. Durante a
presidente Jair Bolsonaro, e
pela Federação Brasil da Es-
perança, composta por PT,
PV e PCdoB, que serão julga-
dos em conjunto. Se Moro ti-
veromandatocassado,ficará
inelegível por oito anos.
As legendas argumentam
que ele teria tido vantagem
eleitoral durante a pré-cam-
panhaem2022quandoainda
se apresentava como postu-
lante ao Palácio do Planalto
pelo Podemos. O Ministério
Domingo 31.3.2024
Deltan. Eleito deputado federal, acabou cassado pelo TSE
tura curitibana existe.Isso a coloca-
ria em embate como Deltan,que
tenta se cacifar para a disputa.Em
caso de inelegibilidade,sua mulher,
Fernanda,concorreria.
Relação profissional
Sergio Moro e Deltan Dallagnol,
afirmam aliados,não conviviam
fora do ambiente de trabalho.
discussão, um convidado fez
uma piada sobre Moro, em
que afirmou que considerava
osenador“frouxo”.Oex-depu-
tado não conseguiu segurar o
riso, o que foi repassado para o
ex-juiz,gerandodesconforto.
No início do mês, a mudan-
ça de domicílio eleitoral de
Público Eleitoral (MPE) cal-
culou gasto de R$ 2,03 mi-
lhõeseconsiderouqueovalor
foi excessivo para a disputa ao
Senado no Paraná, o que con-
figura, na avaliação do órgão,
abuso de poder econômico.
Com a possibilidade de
perder o mandato, partidos
como PL e PT avançam em
articulações para um suces-
sor à vaga. Entre os nomes
cotados estão o da ex-pri-
meira-dama Michelle Bol-
INÊS 249
| OGLOBO
BRENNO CARVALHO/17-05-2023
Rosângela Moro para Curiti-
bacontribuiuaindamaispara
oafastamento.Pré-candidato
à prefeitura pelo Novo, Del-
tantemditoaaliadosquetem
certezaqueamulherdosena-
dor irá concorrer ao pleito,
criando assim um cenário de
batalha nas urnas entre no-
mes da Lava-Jato. Articulado-
res do ex-juiz, contudo, avali-
am a movimentação da parla-
mentar como uma forma de
disputar a vaga do marido no
Senado, em caso de cassação.
Interlocutores também
afirmam que é preciso pon-
derar que a relação entre os
dois sempre foi de cunho
profissional. Mesmo no au-
ge da Lava-Jato, Moro e Del-
tan não tinham amizade fo-
ra do trabalho.
Procurados pela reporta-
gem, Moro e Deltan não
quiseram comentar.
sonaro, pelo PL, e dos depu-
tados federais paranaenses
GleisiHoffmanneZecaDir-
ceu, ambos do PT. Há ainda
uma articulação dentro do
próprio União Brasil para
cacifar a deputada federal
Rosângela Moro, mulher do
senador, ao cargo.
O julgamento da cassação
de Moro está previsto para
começar às 14 horas, atra-
vessar a sessão do dia 3 de
abril, sendo finalizado na
terceira rodada, em 8 de
abril. Os encontros serão
transmitidos no canal ofici-
al do Tribunal Regional
Eleitoral do Paraná no You-
Tube. (Colaborou Julia Noia)
OGLOBO | Domingo 31.3.2024
Brasil
Novos projetos. Cirurgião plástico quer passar a Ilha dos Desejos, que comprou há 30 anos na Baía da Ilha Grande
TESOUROS AO MAR
Mercado de compra e venda de ilhas no
país chega a preços de até R$ 50 milhões
BIANCA GOMES, FERNANDA ALVES
E JULIANA CAUSIN
brasil@oglobo.com.br
SÃO PAULO E RIO
- convite para ser caseiro e
Éparauma aquisição que exige
alguns milhões, mas só
começar. O respeito à
legislação ambiental, os
cuidados com a manuten-
ção, um gosto pelo isola-
mento e mesmo conseguir
tempo para aproveitar são
recomendados para quem
quiser comprar uma ilha no
litoral ou no interior do Bra-
sil. Sem ter estas condições,
muitos felizes proprietários
se tornam os empenhados
vendedores de um mercado
exclusivo que recorre a sites
e corretoras especializadas
para fechar seus negócios.
Com coqueiros e forma-
ções rochosas, a Ilha das Ca-
bras fica a 2,7 quilômetros
da praia da Enseada, uma
das mais movimentadas do
Guarujá (SP), no litoral sul
paulista. Tem 45 mil m² e re-
cifes de coral onde é comum
encontrar tartarugas ou ar-
raias em mergulhos. O local
atrai turistas e moradores.
Quase todos ficam surpre-
sos ao descobrir que ela está
àvendaporR$15milhões.E
não é de hoje: é oferecida há
uma década. Em maio, a In-
vest Negócios Imobiliários,
emSantos,assumiuatarefa.
—A autossustentabilida-
de e a legislação ambiental
restringem bastante o nú-
mero de compradores. É
preciso um planejamento
para ter água potável e ener-
gia elétrica. Estar atento ao
quanto é permitido se cons-
truir e se a finalidade do pro-
jeto está dentro dos parâme-
tros do Ministério Público,
da Marinha e da prefeitura
—enumera Edgar de Olivei-
ra, diretor da Invest.
Anunciada em um site por
R$ 7 milhões, a Ilha da Co-
canha, em Caraguatatuba,
traz no nome o ideal de feli-
cidade ininterrupta que
atravessou séculos: na Ida-
de Média, acreditava-se que
a Cocanha era um país para-
disíaco onde todos os dese-
jos eram satisfeitos de graça
(houve quem acreditasse
que o Brasil seria esta terra,
na época do descobrimen-
to). A versão real está à ven-
da no site de duas imobiliá-
rias, e por enquanto é o pe-
queno paraíso para seus
INÊS | 249
17
QUEDA DE AVIÃO EM JUNDIAÍ PARA
ACESSAR
Corpo de piloto é encontrado APONTE
O CELULAR
PARA
NA WEB Angelo Pucci era o único ocupante da aeronave que desapareceu na quinta-feira O QR CODE
MÁRCIA FOLETTO MARIA ISABEL OLIVEIRA
Lenda que se tornou realidade. Ilha da Cocanha tem nome inspirado em terra de fartura sonhada na Idade Média
o local com a família. Quem
a habita é o caseiro Leandro
de Oliveira, de 44 anos, com
a mulher e o filho de 8 anos.
Leandro conta que a casa é
constantemente alugada,
com diárias de aproximada-
mente R$ 25 mil. Segundo
ele, o espaço já recebeu os
atores Bruna Marquezine e
Bruno Gagliasso, o músico
Pedro Sampaio, o jogador
do Flamengo Thiago Maia e
o youtuber Felipe Neto.
—Muita gente brinca que
MÁRCIA FOLETTO
eu tenho o melhor emprego
do mundo. Vim para fazer
um churrasco e uma caipiri-
nha em uma festa, recebi o
nunca mais saí. Dá trabalho
cuidar de tudo, mas consigo
aproveitar —comemora Le-
andro,queestánailhahásete
anos e quer continuar a ser o
caseiro quando a proprieda-
de for vendida.
Depois dos R$ 50 mi-
lhões, o hipotético novo pa-
trão de Leandro terá de ar-
car com outros gastos. Man-
ter sete funcionários para
limpeza e manutenção, en-
tre eles dois seguranças,
custa R$ 30 mil por mês. Há
ainda o IPTU de aproxima-
damente R$ 40 mil por ano
e a taxa para a Secretaria do
Patrimônio da União, de
cerca de R$ 500 mil.
O cirurgião plástico Geor-
ge Otero Nunes, de 75 anos,
resolveu passar adiante a
Ilha dos Desejos, em Angra
dos Reis, depois de a casa de
700m² na propriedade de 6
mil m² se tornar sua resi-
dência fixa, durante a pan-
demia. Mas ele a comprou
há 30 anos, pelo desejo de
ter sua própria praia e poder
praticar mergulho. Ela cus-
tou o equivalente a US$ 300
mil na época. Hoje, é anun-
ciada por R$ 15 milhões.
ROTINAMOVIMENTADA
Afaltadetelevisãoecompu-
tador não significam uma
Sem espaço na agenda. A Ilha do Japão tem piscina, jacuzzi de pedra, bangalôs e heliponto. Mas proprietário canadense não arranja tempo para aproveitá-la rotina parada na Ilha dos
Desesjos. Nunes conta que
dois moradores, Edemilson golfinhos pela manhã. por uma mansão. A casa falta tempo para fazer todas
R$ 10 mi
Ranulpho, o Alemão de 52 A lembrança da coloniza- principal foi construída as atividades que gostaria.
anos, e o seu coelho de esti- ção portuguesa também é com madeira trazida da —Além de mergulhar, es-
mação, Quequeílson. vizinha da Ilha do Maga- Tailândia ao redor de uma crevo, ando de stand up
É quanto custa lhães, também conhecida rocha. O espaço conta com paddle e de caiaque, e plan-
uma ilha fluvial em Goiás CAÇADORES EXPULSOS como do Maximiano, em uma área externa com pis- to. Esse é meu paraíso. Só
Apropriedade fica em uma repre- Edemilson chegou na ilha Santa Catarina, a 50 quilô- cina e uma jacuzzi de pedra decidi vender para poder
sa construída nos anos 1970,em há 23 anos, para trabalhar metros de Florianópolis. que acomoda até dez pes- usar o dinheiro para outros
Itumbiara como caseiro. Em 2006, Ela fica perto da Fortaleza soas e uma varanda gour- projetos, nesse resto de vida
montou um restaurante na de Santa Cruz do Anhato- met com churrasqueira. que me resta —conta.
areia cujo carro-chefe é o mirim, erguida em 1740. Tem outros três bangalôs, Em Goiás, uma ilha fluvial
R$ 50 mi
lambe-lambe, prato com Parte de um pequeno arqui- heliponto com capacidade de 8 km em Itumbiara está à
mexilhões frescos. Ele pélago, é banhada pela Baía para duas aeronaves e uma venda por R$ 10 milhões.
também é responsável pela dos Golfinhos, santuário de praia particular. A proprie- Com220milm²,olocalainda
é o preço preservação. animais marinhos e faz par- dade tem sistema de rea- não tem construções, com
da Ilha do Japão — Se não estivesse aqui, te do portfólio da Private Is- proveitamento de água e suamatapreservada.Deacor-
Mas o aluguel da casa principal já tinham colocado fogo lands For Sale Worldwide. placas de energia solar, e do com o corretor de imóveis
pode ser feito por R$ 25 mil na ilha. Já vieram caçado- Com uma casa de madeira dois geradores que podem Welerson Antunes, que pu-
res para pegar lagarto e de três andares, píer, água ser acionados em casos de blicou em suas redes sociais
tartaruga e tive que expul- tratada e energia elétrica, é necessidade. E agora está à um anúncio que viralizou na
sar — diz Alemão, que so- oferecida no site por US$ venda por aproximada- internet, é possível construir
nha construir um museu 1,3 milhão (cerca de R$ 6,5 mente R$ 50 milhões. um condomínio ou até mes-
caiçara e desenvolver um milhões). A propriedade é de um moumresort.Olocal,quean-
projeto ambiental para A 7 km de Angra dos Reis, empresário canadense que tes era parte de uma fazenda,
ajudar na preservação da a Ilha do Japão tem 25 mil decidiu se desfazer dela por está em uma represa constru-
ilha de onde é fácil avistar m², com 700 m² ocupados falta de tempo de aproveitar ída nos anos 1970.
18 | Brasil
No beco escuro
explode
a violência
dos ‘UFC de rua’
Lutas improvisadas na Zona Norte de São
Paulo são divulgadas na internet, mas polícia
diz que não podem ser consideradas crime
LUIS FELIPE AZEVEDO E
NICOLAS IORY
brasil@oglobo.com.br
RIO E SÃO PAULO
-
C om luvas de boxe prote-
gendo as mãos, homens
trocam socos em meio a rin-
gues improvisados em espa-
ços públicos da Zona Norte
da capital paulista. As lutas
ocorrem em condições pre-
cárias e são registradas pe-
los espectadores que se reú-
nem em torno do pugilato.
As competições informais
também contam com a par-
ticipação de menores de
idade e são promovidas em
praças, postos de combustí-
veis ou até mesmo no meio
da rua. Os vídeos vão parar
nas redes sociais sob o nome
de “UFC de Rua”.
“Se tu é bom de briga,
quero ver peitar. Vem pro
UFC de Rua, um pra um,
vem me enfrentar”, diz a le-
tra de um funk que promo-
ve os embates clandesti-
nos. Fenômeno nas redes,
as gravações compartilha-
das por perfis voltados à
prática no Instagram mos-
tram lutadores com pesos
discrepantes trocando so-
cos e outros golpes —o que
contraria regras oficiais de
competições de artes mar-
ciais. Homens que atuam
como juízes têm os rostos
cobertos com camisas.
As imagens são divulga-
das principalmente em
perfis que promovem bai-
les funk na Zona Norte de
São Paulo. As gravações
evidenciam a inexistência
de estrutura para atendi-
“Começou mento médico para os
como uma combatentes.
brincadeira Osvídeoschocampelaapa-
entre amigos. rente violência gratuita e di-
Ninguém bate videm as opiniões de quem
para arrancar vê. Enquanto uma parcela
dentes. É um dos internautas apoia o mo-
jeito de se vimento e se oferece para
divertir. No participar, outros demons-
segundo dia tram preocupação com os
que teve luta, competidores dessas brigas
já apareceu individuais de rua.
uma
multidão”
_ FENÔMENO RECENTE
Uma comerciante vizinha a
Renê (nome um posto de combustíveis
fictício), que é onde alguns embates são
primo de um travados, na Freguesia do Ó,
dos lutadores conta que o fenômeno é re-
cente no bairro, e passou a
“É muito ser comum nas noites de
violento, sem sextas-feiras, sábados e do-
nenhuma mingos. Poucos meses
proteção” atrás, o local era apenas um
_ ponto de encontro para jo-
Comerciante vens que ficavam bebendo e
da Freguesia exibindo suas motocicletas.
do Ó —As pessoas ficam saben-
do dessas lutas pelas redes
“Um soco sociais e pelo WhatsApp. É
no abdômen muito violento, sem ne-
pode gerar nhum equipamento de pro-
sangramento teção. Pode acontecer uma
no baço e no tragédia. De vez em quando
fígado” a polícia passa e dispersa as
_ pessoas. Mas assim que ela
Mateus vai embora, todo mundo re-
Freitas torna —conta a mulher, que
Teixeira, não quis se identificar.
médico O GLOBO esteve no local
esportivo na semana passada. Renê
(nome fictício) é primo de
um dos “atletas” envolvi-
dos nos combates e relatou
que nas lutas são proibidos
chutes, cotoveladas ou
agarrões. Alguns especta-
dores fazem apostas nos
competidores, por volta de
R$ 50 cada um.
— Começou como uma
brincadeira entre amigos.
Ninguém bate para machu-
car, para arrancar dentes. É
na amizade, um jeito de se
divertir mesmo. No segun-
do dia que teve luta aqui, já
apareceu uma multidão pa-
ra assistir. Os confrontos
duram três minutos. Se nin-
guém desistir, o próprio pú-
blico declara quem é o ven-
cedor —conta.
O nome “UFC de Rua” faz
referência à maior organi-
zação de artes marciais mis-
tas do mundo, que se popu-
larizou no Brasil no início
dos anos 2000. Apesar da
precariedade das condições
com que é feita, o coronel da
Polícia Militar Azor Lopes
da Silva Júnior afirma que
não há crime na prática de-
monstrada nos vídeos. Des-
de que não haja violação às
regras do esporte ou exces-
sos agressivos para além da
competição ou apostas pe-
los resultados.
Mestre em Direito e dou-
tor em Sociologia, Azor re-
conhece que as imagens
mostram “cenas inadequa-
das”, pelo fato de a luta ocor-
rer fora de um espaço seguro
para evitar acidentes. Mas o
oficial da PM considera que
não há um embate entre pes-
soas com o intuito de lesio-
nar, mas sim de competir se-
gundo regras do esporte.
—Não há lei que impeça a
prática de artes marciais fora
das academias. Também
acrescento que não nos pare-
ceria escandaloso ver crian-
ças de periferia jogando fute-
bol e até se machucando du-
rante a partida. O que as ima-
gens mostram não são con-
dutas ilegais, mesmo que seja
algo que eu recrimine diante
das circunstâncias como
ocorrem. Por isso, não há in-
teressepolicialemmonitorar
esse tipo de atividade, desde
que não se torne uma prática
comfinslucrativosemexplo-
ração ao menor ou que leve a
lesões graves ou fatais.
A Secretaria de Segurança
Pública de São Paulo afir-
mou que a Polícia Civil, por
meio do 28º Distrito Polici-
al (DP), analisa os vídeos e
faz diligências para identifi-
car os participantes das lu-
tas e está à disposição para o
registro da ocorrência. A se-
cretaria ressalta, entretan-
to, que os casos não se en-
quadram no artigo 129 do
Código Penal, uma vez que
houve “consentimento mú-
tuo das partes envolvidas”.
Sobreaparticipaçãodeme-
nores nos combates, Azor
lembra que o Estatuto da Cri-
ançaeAdolescenteprevêque
Domingo 31.3 .2024
REPRODUÇÕES DO INSTAGRAM
Três minutos de fúria.
Lutas têm desafiantes de
diferentes tamanhos e sem
ajuda médica por perto
INÊS
249
| OGLOBO
o direito à liberdade com-
preende a prática de espor-
tes,cabendoaoEstadoadotar
medidas de contenção e se-
gurança. O coronel da PM
aponta também que não há
crime na divulgação de ví-
deos pelo fato de os partici-
pantesnãoestaremsendoex-
postos a atos criminosos.
— Defendo uma aborda-
gem social pelo Conselho
Tutelar com políticas públi-
cas que permitam as crian-
ças do local a praticarem a
luta em um ambiente segu-
ro e com profissionais do ra-
mo —recomenda.
Paraotetracampeãomun-
dialdemuaythaiMoisésBa-
tista, o Gibi, que mantém
uma academia de artes mar-
ciais sob um viaduto na regi-
ão central de São Paulo, as
lutas de rua expõem os pra-
ticantes a riscos. Mas é tam-
bém resultado da falta de es-
paços públicos para a práti-
ca do esporte:
— A arte marcial conse-
gue salvar muitas pessoas
das ruas, do mundo do cri-
me. Mas falta incentivo do
poder público, faltam esco-
las de artes marciais nas pe-
riferias. Isso acaba levando
pessoas dessas regiões a se
arriscarem em competições
sem a mínima estrutura, o
que pode até prejudicar a
imagem do esporte.
O neurologista Denis Bi-
chuetti, professor da Uni-
versidade Federal de São
Paulo (Unifesp), alerta que
práticas de impacto, quan-
do não são supervisionadas,
têm como risco imediato a
ocorrência de contusões ce-
rebrais e traumas no crânio.
—A longo prazo, o trauma
de crânio repetitivo pode
desencadear um processo
degenerativo neurológico
que se manifesta posterior-
mente, entre os 50 e 60
anos. Este quadro pode, in-
clusive, evoluir rapidamen-
te para um processo demen-
cial —explica.
Cardiologista e médico do
esporte, Mateus Freitas Tei-
xeiraapontaqueapráticade
luta na rua é contraindicada
para todos, adultos e crian-
ças. Ele afirma que, além do
impacto cerebral, os golpes
podem provocar lesões no
tímpanoenosolhosehema-
tomas no abdômen.
—É diferente de quem lu-
ta profissionalmente, que
são atletas acompanhados
porumaequipe.Umsocono
abdômen pode gerar um
sangramento no baço e no
fígado, além de alteração
vascular —alerta.
MORTE NO CEARÁ
Embora tenham se dissemi-
nado na Zona Norte de São
Paulo, competições de luta
informaistambémsãoregis-
tradas em outras regiões do
país.Emoutubrodoanopas-
sado, o jovem João Vitor Pe-
nha, de 23 anos, morreu
após sofrer um nocaute du-
rante um torneio não oficial
de boxe em uma quadra pú-
blica do município de Jijoca
de Jericoacoara, no Ceará.
Penha foi atingido com um
soco na cabeça e mandado
para o hospital Santa Casa
de Sobral, onde foi diagnos-
ticada “morte encefálica”
que evoluiu para uma para-
da respiratória do gestor de
recursos humanos de um
hotel da região turística.
No Rio, a praia do Leme,
na Zona Sul, foi palco de
embates em novembro. Em
um dos casos —apelidado
de "UFC coletivo” pelos in-
ternautas — dois homens
foram flagrados trocando
socos e chutes na areia. Po-
liciais chegaram a disper-
sar jovens que formavam
rodas para assistir a brigas
de banhistas.
 OGLOBO | Domingo 31.3.2024
Economia
Meu primeiro elétrico. Daniel Mauller financiou um BYD Dolphin e está empolgado com a tecnologia. Ele planeja seus trajetos de acordo com a autonomia do carro: infraestrutura de recarga limitada
MUITO ALÉM DA TOMADA
Comprar carro elétrico envolve mais
que a economia de combustível
JOÃO SORIMA NETO
E ANA FLÁVIA PILAR
economia@oglobo.com.br
SÃO PAULO
-
S e a compra de um carro ze-
ro quilômetro já é uma de-
cisão difícil, seja pelo preço ou
pelos custos de manutenção,
optar por um veículo elétrico
elevaaindamaisograudedifi-
culdade. Além de serem mais
caros que os convencionais, a
nova tecnologia ainda desper-
ta dúvidas, como autonomia
dos veículos, infraestrutura de
recarga, manutenção e oferta
de peças para reposição. Tudo
isso precisa ser avaliado na
ponta do lápis, não basta pen-
sar na economia de dispensar
opostodecombustíveis.
Além disso, o brasileiro
sempre pensa na revenda fu-
tura do carro, e, no caso de
elétricos, ainda há incertezas
sobre como vai se comportar
omercadodeusados.Embora
afrotaeletrificadanopaísain-
da seja pequena, o mercado
tem mostrado que os eletrifi-
cados mais caros, com preço
de R$ 300 mil, tendem a des-
valorizar 12% ao ano, en-
quanto os “de entrada”, na fai-
xa de R$ 100 mil, desvalori-
zam 20%, segundo a consul-
toriaBrightConsulting,espe-
cializada no setor automoti-
vo. Essa diferença se deve
principalmente ao fato de ho-
je os veículos elétricos atraí-
rem principalmente o consu-
midor de maior renda, inclu-
sive no mercado de usados.
—O consumidor que tem o
orçamento mais restrito, na
hora de optar por um usado,
prefereoveículoacombustão,
já que instalar um carregador
no prédio onde mora pode ser
complicado e tem custo —diz
Murilo Briganti, sócio da
BrightConsulting,lembrando
que outro temor é a autono-
mia do carro, com a perda de
potênciadabateriausada.
Antônio Jorge Martins, co-
ordenador dos cursos auto-
motivos da FGV, explica que
umabateriaduramaisoume-
nos dez anos, e a garantia das
montadoras fica entre cinco e
oito. A bateria é o componen-
te mais importante e pode
custarentre40%e50%dova-
lordocarro,dizoespecialista.
Dono de um BYD Dolphin,
que financiou, o analista de
sistemasDanielMauller,de41
anos,éentusiastadoselétricos
enãosepreocupacomaperda
de valor do carro. Argumenta
que convencionais também
desvalorizam (cerca de 20%
por ano, segundo especialis-
tas).Oquemaisopreocupaéo
carregamentodoveículo.
— Tento me programar,
saindo de casa com o dobro de
capacidade de carga do per-
curso que vou fazer —conta o
analista,quevivenoRio.
102 MILELÉTRICOS NO PAÍS
Os elétricos mais baratos ro-
damcercade300quilômetros
sem recarga, enquanto SUVs
chegam a ter autonomia de
600 quilômetros. O mínimo
necessário para carregar um
carro elétrico é ter uma toma-
da de 220 volts. O carro costu-
ma vir com um carregador
portátil, que leva cerca de 12
horasparacarregarabateria.
Em São Paulo, prédios em
construção já têm que vir com
pontodecarregamentodeveí-
culos elétricos, segundo uma
lei municipal de 2020. Mas a
lei não determina quantos
pontostêmdeserinstaladose,
geralmente, apenas um é en-
tregue. O desafio é aumentar
esses pontos enquanto as ven-
das de elétricos crescem. Na
maioria dos prédios antigos, é
preciso revisar o sistema
elétrico antes de instalar pon-
tos de carregamento. E cada
carregador custa entre R$ 10
mileR$15mil.
A Tupinambá, empresa
que faz gerenciamento de es-
tações de recarga, desenvol-
veu um aplicativo em que o
dono do carro paga direta-
mente por meio digital o
quanto gastou em energia
para carregar seu veículo,
sem onerar o condomínio.
Nasruaserodovias,aindahá
poucos pontos de carrega-
mento. Enquanto na China
existem 1,8 milhão de esta-
çõesdecarregamento,noBra-
sil elas somam 7,7 mil, todas
instaladas pela iniciativa pri-
vada,apontamespecialistas.
—A questão é que as esta-
ções de carregamento rápido
(30 minutos) somam apenas
500.Easestaçõespúblicases-
tão concentradas em cidades
como São Paulo, enquanto
Norte e Nordeste têm pontos
críticos—dizDaviBertoncel-
lo, CEO e fundador da Tupi-
nambá,lembrandoqueoapli-
cativo da empresa localiza os
pontos de carregamentos
mais próximos do motorista.
Dono de um elétrico, o em-
presáriodizquepodeirdeSão
Paulo ao Rio (416 quilôme-
tros), já que há carregadores
rápidos da Dutra. Como seu
veículotemautonomiade340
km, precisa fazer uma parada
pararecarregar.Masoviajante
podeenfrentarfilanocarrega-
dor. E o preço do kW/hora va-
riaentreR$2,50eR$3,50.
SegundoaAssociaçãoBrasi-
leira do Veículo Elétrico (AB-
VE),102milmodeloscomba-
terias recarregáveis já foram
vendidosnopaís(atéfevereiro
desteano),incluindoos100%
elétricos e os chamados híbri-
dos plug-in, que também fun-
cionam com motor a combus-
IMPOSTO DE RENDA 2024
Casal deve declarar junto ou separado?
NA WEB Especialistas explicam como analisar qual é a opção mais vantajosa
No app. “A economia é tamanha que o carro vai se pagar”, diz Rafael Araújo
tão,maspodemsercarregados
em tomadas. Responderam
por cerca de 4% das vendas de
veículosnoanopassado.
O seguro do carro eletrifica-
do, segundo o corretor Osmar
Santos, há mais de 30 anos no
mercado, é mais caro que o do
convencional. Além de ser
ainda um mercado restrito, as
seguradoras levam em conta
O QUE CONSIDERAR NA HORA DE COMPRAR
Preço e desvalorização
Elétricos são mais caros: não saem
por menos de R$ 100 mil e podem
chegar a R$ 300 mil.Desvalorizam
entre 12% e 20% por ano.Vender
pode não ser fácil,já que o mercado
de usados ainda é pequeno.Segu-
ros de elétricos também são mais
altos,mas o IPVAé menor em
alguns estados.
Combustível e baterias
O valor da recarga com eletricidade
é 20% do gasto para abastecer um
carro convencional.Mas as baterias
têm vida útil de cerca de dez anos.
Montadoras garantem de cinco a
oito.Atroca é cara: a bateria é de
40% a 50% do valor do carro.
LEO MARTINS
GUITO MORETO
se há peças de reposição e o
preço da bateria, além do per-
fildocondutor.
Simulação feita pelo GLO-
BO com o Kwid 1.0 a combus-
tão e o Kwid elétrico mostrou
diferença de cerca de R$ 3,7
mil no seguro. O do convenci-
onal,ano2023,saiaR$3mil,e
odoelétrico,aR$6,7mil.
Em relação ao combustível,
Carregamento
Cada elétrico vem com um kit de
carregamento e precisa,no míni-
mo,de uma fonte 220V.Mas não é
simples instalar tomadas para
carros em condomínios.O equipa-
mento custa R$ 15 mil.Nas ruas,há
poucos pontos de recarga.Elétricos
têm autonomia de 300 a 600
quilômetros sem recarga.
Manutenção
Arevisão periódica até 60 mil
quilômetros rodados custa cerca
de 50% menos que a de um carro a
combustão,e não há necessidade
de troca de óleo,vela,correia etc.
Mas consumidores têm relatado
falta de peças.
INÊS | 249
19
PARA
ACESSAR
APONTE
O CELULAR
PARA
O QR CODE
o item que mais chama a aten-
ção, o motorista pode econo-
mizar até 80% trocando um
carro a combustão por um
elétrico, segundo estudo da
Aliança pela Mobilidade Sus-
tentável,lideradapelo99eou-
tras 12 empresas ligadas a mo-
bilidade. Ou seja, a versão
elétrica gasta com combustí-
vel 20% do similar a gasolina
ou etanol. Nas concessioná-
rias, as revisões de um elétrico
até 60 mil quilômetros che-
gam a ser 50% mais baratas, já
que o sistema é mais simples.
Por enquanto, as concessioná-
rias são o ponto de apoio dos
motoristas quando há proble-
mas, pois ainda não existe ain-
da uma rede de mecânicos au-
tônomosparaeletrificados.
MOTORISTAS DE APLICATIVO
O motorista de aplicativo Ra-
fael Araújo, de 43 anos, com-
prou seu primeiro carro total-
mente elétrico, um Dolphin,
no ano passado. Diz que seus
gastos para rodar nas ruas do
Rio encolheram. Ele financi-
ouocarro,eaparceladeR$2,2
mil é praticamente o mesmo
valor que gastava com com-
bustível mensalmente. Tam-
bém passou a pagar IPVA me-
noreeliminougastoscomtro-
cadeóleo,velaecorreia.
—A economia é tamanha
que o carro vai se pagar, mes-
mo desvalorizando —avalia.
Essa economia tem elevado
o número de elétricos nas fro-
tas dos aplicativos. No Uber,
cresceu350%noanopassado.
O 99 fechou 2023 com 1,7 mil
carroselétricos,70%acimada
metaquehaviaestabelecido.
— Os motoristas aponta-
ram vantagens como redução
do custo do combustível,
além de mais segurança e
conforto—dizThiagoHipóli-
to, diretor sênior de Inovação
e líder do Driver Lab do 99.
Para quem quer experimen-
tar, algumas montadoras co-
mo Renault, Volks, Fiat (a
BYD deve iniciar em breve),
alémdelocadoras,jáoferecem
serviço de assinatura de elétri-
cos, espécie de aluguel de lon-
go prazo. Para Briganti, é uma
forma interessante de conhe-
cer a nova tecnologia antes de
decidir comprar. Os especia-
listas dizem que um valor ra-
zoável de assinatura mensal é
2,5%dopreçodoveículo.
As montadoras, especial-
menteaschinesas,quetrouxe-
ram elétricos mais baratos ao
país e ajudaram a aumentar as
vendas do segmento, dizem
ter reforçado o estoque de pe-
ças. No início do ano, consu-
midores dessas marcas se
queixaramnasredesdedemo-
raoufaltadecomponentes.
A chinesa GWM informou
que mantém um centro de ar-
mazenamento e distribuição
depeçasdereposiçãoemCaja-
mar, na Grande São Paulo,
commaisde400militens,ga-
rantindo 95% de disponibili-
dade de peças para todos os
modelos comercializados no
Brasil. Este estoque pode su-
prir a demanda de até seis me-
sesdetodaaredede72conces-
sionáriasnopaís.
Alexandre Baldy, conselhei-
rodaBYD,afirmaqueonúme-
ro de pedidos diários de peças
subiude200para600,emum
prazo muito mais curto que o
planejado pela chinesa, por
contadoaumentodasvendas:
—Reforçamos a logística de
distribuição das peças para to-
do o Brasil para não ter garga-
los. O centro de distribuição
central de peças no Espírito
Santo, com mais de 370 mil
itens de todos modelos vendi-
dos no Brasil, vai dobrar para
atenderàsprojeçõesdecresci-
mentodevendaspara2024.
20 | Economia Domingo 31.3.2024
INÊS 249
| OGLOBO

SEG _ Rachel Maia (quinzenal) _Ricardo Henriques (quinzenal)_ TER _ Míriam Leitão _ QUA _ Zeina Latif _ QUI _ Míriam Leitão _ SEX _ Fabio Giambiagi (quinzenal)_Rogério Furquim Werneck (quinzenal) _ SÁB _ Carlos Góes (mensal) _ DOM _ Míriam Leitão

MÍRIAM ron havia sustentado que “a coisa julgada

não pode ser ofendida”, como se fosse caso
O presidente Lula determinou silêncio ofi-
cial sobre o golpe de 64, que agora completa
melhor esquecer o golpe que durante 21
anos vitimou a democracia brasileira.
LEITÃO encerrado. Clarice do plenário gritou: “não
é nada disso, está tudo errado.” O Brasil ja-
60 anos. Disse que não se devia ficar remoen-
do o assunto porque isso faz parte do passado
É uma estranha distorção da realidade. Exa-
tamente pelo que acabou de acontece,r é pre-
mais condenou alguém pelo assassinato do e ele está mais preocupado com o golpe de 8 ciso refletir muito mais sobre a recorrente in-
jornalista Vladimir Herzog, nem qualquer de janeiro de 2023, e quer “tocar o país para tervenção dos militares na vida brasileira. Por-
blogs.oglobo.globo.com/miriam-leitao
responsável pelos outros mortos sob tortu- frente”. Lula confundiu todos os tempos. que houve uma ameaça concreta de repetição
miriamleitao@oglobo.com.br ra, executados ou desaparecidos, portanto, Dois golpes rondam o Brasil. Um precisa ser da História, é essencial fortalecer a democra-
Com Luciana Casemiro nunca houve um caso encerrado. esclarecido, o outro tem que ser lembrado. E cia lembrando o horror que foram aqueles 21
Eunice Paiva também carregou, por todo há um fio que liga os dois anos. Os jovens que não viveram precisam sa-
O país que não o tempo que pôde, a bandeira de que era
preciso lembrar. Seu marido, Rubens Paiva,
Dois golpes eventos. O ex-presiden-
rondam o Brasil. te Jair Bolsonaro defen-
ber, os mais velhos precisam lembrar. Ne-
nhum país vira as costas para a própria Histó-

sabe lembrar
foi preso por oficiais da Aeronáutica, tortu- Um precisa ser deu a ditadura militar, ria, sem o risco de cair no mesmo erro.
rado até a morte na Polícia do Exército, e seu esclarecido, o mandou os quartéis co- Clarice venceu aquele julgamento de
corpo nunca apareceu. Crime continuado outro tem que ser memorarem a data, ins- 2017, e a Corte Interamericana de Direitos
de ocultação de cadáver. Viúva com cinco fi- lembrado. E há pirou seus seguidores a Humanos determinou que o Estado brasi-

N o dia 24 de maio de 2017, a Corte Intera-

mericana de Direitos Humanos se reu-
niu em San José, na Costa Rica, para ouvir as
lhos, Eunice decidiu enfrentar o regime.
Cursou Direito e se aliou à luta pela anistia.
Num roteiro tipicamente brasileiro, essa
um fio que liga os pedirem nas ruas um
dois eventos novo AI-5, homenageou
torturadores, atraiu li-
leiro julgasse e condenasse os responsáveis
pela tortura e morte de Vladimir Herzog.
Naquela tarde, no tribunal, Clarice lem-
partes no caso Vladimir Herzog. De um la- mesma Lei da Anistia, por caminhos tor- deranças militares para um assalto às institui- brou a saga de dona Zora, mãe do Vlado. “Eles
do estava Clarice, uma mulher que insistia tuosos, virou o pretexto para impor o esque- ções. Dessa forma foi preparado o atentado eram judeus. Ela pegou todas as suas joias e
em lembrar. Do outro, o Estado brasileiro cimento sobre os crimes da ditadura. A in- de 8 de janeiro, com o objetivo de impedir entregou a um homem, um alemão que disse
representado por servidores da Advocacia- terpretação até do Supremo Tribunal Fede- que o presidente Lula assumisse. Lula, justo que a ajudaria a fugir da Iugoslávia com seu
Geral da União (AGU) e um criminalista ral (STF) é a de que a lei perdoou também os ele, não pode pedir que o país não se lembre. marido e filho. Mas o homem os deixou num
contratado, Alberto Toron, para defender a crimes dos agentes do Estado. A ADPF 320, No país dos esquecimentos, a ideia de Lula hotelzinho e sumiu. A família teve que atra-
tese de que era preciso esquecer. Clarice es- proposta pelo PSOL, em 2014, questiona tem sido defendida por muita gente. A tese é vessar a fronteira a pé, ela com o filho nos bra-
tava ali para pedir punição ao Estado brasi- essa interpretação, usando os princípios do que os militares poderiam ficar melindra- ços.” Dona Zora chegou a uma conclusão
leiro pelo assassinato do seu marido, Vladi- direito internacional, pelos quais crimes dos, já que eles não vão comemorar o 31 de trágica em outubro de 1975. “Salvei meu filho
mir Herzog, no II Exército. Advogadas da contra a Humanidade são imprescritíveis. março, e caberia ao poder civil não lembrar dos nazistas para ele morrer aqui.” Há no nos-
AGU interrogaram Clarice tentando fazê-la Essa ação está há uma década no STF, na ga- o que houve. E, que, com a possibilidade de so passado histórias muito dolorosas. Lem-
cair em contradição. Um pouco antes, To- veta do ministro Dias Toffoli. punição dos agentes da intentona recente, brar é construir valores para o futuro.

Do genérico ao
DIVULGAÇÃO
farmácias, assim como há as
de xampus, para que os itens
não fiquem perdidos nas pra-
aajuda a reduzir riscos de seu
negócio em meio à concor-
rência do setor farmacêuti-

vibrador, Cimed
teleiras. Ela ainda vê a neces-
sidade de educar quem vai re-
vendê-los, para evitar que cli-
entes escutem piadinhas.
co. Os produtos populares
ajudam a fidelizar clientes,
afirma. Outra ferramenta é o
marketing. Além das redes

extrapola setor
— Queremos tratar o sexo
como bem-estar. Em pesqui-
sa, descobrimos que um dos
maiores medos que as pessoas
sociais, a Cimed investe cer-
ca de R$ 100 milhões num
patrocínio à Confederação
Brasileira de Futebol (CBF)

farmacêutico têm é de morrer e seus familia-

res descobrirem que elas ti-
nham um vibrador em casa.
Ainda é um tabu — comenta
Karla. — Outra coisa que me
Empresa destoa das rivais ao investir em surpreendeu é que a maioria
itens de consumo. Depois da febre dos das mulheres busca vibrado-
res para dar prazer ao homem,
hidratantes labiais, aposta em ‘sex toys’ quando deveria ser uma ferra-
menta de autoconhecimento.
Armando Ahmed, presiden-
LETYCIA CARDOSO
letycia.cardoso@oglobo.com.br
de K-toys chegam a ser 60% te da Drogaria Venancio, con-
-
menores que os do comér- corda que o consumidor vê ca-
cio especializado. da vez mais o prazer sexual co-
de quatro anos.
Ricardo Jacomassi, sócio e
economista-chefe da TCP
Partners, diz que, para crescer,
uma empresa tem dois cami-
nhos: comprar outras ou au-
mentar seu portfólio de pro-
dutos ou áreas de atuação. Co-
mo o setor farmacêutico já es-
tá bastante consolidado, ele vê
a Cimed avançando mais no
segundo caminho. Em 2023, a
farmacêutica faturou R$ 3 bi-
lhões, sendo apenas 32% com

N ão é de hoje que a Cimed

vem seguindo um cami-
nho nada tradicional quando
Desde novembro, quando
mergulhou no segmento de
bem-estar sexual, a Cimed já
mo questão de saúde, por isso a
rede apostou nas novidades:
— Com a chegada dos K-
medicamentos genéricos. O
fenômeno Carmed, por exem-
plo, responde por 12%.
comparado ao de outras em- distribuiu 50 mil unidades toys, criamos a categoria bem-
presas da indústria farmacêu- desses brinquedos eróticos estar íntimo, que, além dos tra- MAIS DE 600 ITENS
tica. Tornou-se popular entre entre redes de drogarias, co- dicionais preservativos e lubri- Ao todo, a companhia já vende
todas as gerações e um fenô- mo Pacheco/São Paulo, Ve- ficantes, oferece brinquedos mais de 600 produtos. Além
meno particularmente entre nâncio, Extrafarma e Pague eróticos. Assim, conseguimos de ser reconhecida por algu-
jovens, mesmo com esse no- Menos. Para achar os itens maior visibilidade, o que ajuda mas de suas marcas de medi-
me típico de bula de remédio. nas farmácias, no entanto, é também a desmistificar o pro- camentos, como o antigripal
Investe pesado em marketing preciso olhos de lince. Quem duto erótico. A ideia é fazer Cimegripe e o antialérgico Lo-
nas redes sociais e amplia procurar direitinho vai en- com que o cliente se sinta con- ratamed, ainda tem produtos
constantemente seu leque de contrar por ali seis modelos fortável e invista em prazer e nas categorias de nutrição (vi-
produtos, que hoje vai de ge- que atendem mulheres e ho- saúde sexual. taminas), higiene e beleza. A
néricos a cosméticos. Depois mens: sugador de clitóris, Cimed também tem feito
da febre das variações de seu anel peniano, plug anal, ovo DIVERSIFICAR PARA CRESCER aquisições. Em dezembro,
hidratante labial, o Carmed, masturbador e os vibradores Anova empreitada da Cimed é comprou a R2M, terceira mai-
entre adolescentes, a farma- “Entra y Vibra” (que promete parte de uma estratégia de di- or empresa do segmento de
cêutica abriu uma nova — e estimular o ponto G e o cli- versificação que ainda não é lenços umedecidos do Brasil.
ainda mais surpreendente — tóris) e o “Magic Mexe” (mas- uma tendência forte no setor E passou a atuar no segmento
frente, agora para um público sageador aveludado com 20 de farmacêuticas no Brasil, diz de pomadas infantis para assa-
mais maduro. Está produzin- variações). Os preços vão de “Um passo de cada vez”. Karla Felmanas, da Cimed, quer popularizar sex toys Nelson Mussolini, presidente duras com a marca Baby Med.
do e distribuindo em farmá- R$ 42,90 a R$ 169,90, mas do Sindicato da Indústria de Parcerias com outras em-
cias uma série de sex toys, co- não é possível ligar os vibrado- Produtos Farmacêuticos (Sin- presas também têm sido uma
mo vibradores. Desde o fim res na loja antes de comprar, dusfarma). Ele explica que a receita de sucesso. Em janeiro,
do ano passado, eles se jun- como se faz nas sex shops. vantagem está em aproveitar a a Cimed fez uma collab com a
REPRODUÇÕES

tam nas gôndolas às camisi- A vice-presidente da Ci- capilaridade dos pontos de empresa de energéticos Baly
nhas e lubrificantes produzi- med, Karla Felmanas, expli- venda para distribuir produtos para lançar o Flynow, bebida
dos pela empresa. ca que os produtos chegam de consumo, cujo processo de energética em três sabores que
A Cimed persegue o inte- de mansinho às lojas porque desenvolvimento é muito tem como diferencial o Power
resse do brasileiro por esses é preciso dar “um passo de mais rápido e barato que o de Inositol, um composto do
brinquedos sexuais. Levan- cada vez”. A discrição serve um medicamento. complexo B presente em mui-
tamento do portal Merca- tanto para proteger a privaci- — Essa exposição toda de tos suplementos nutricionais.
doerotico.org mostra que dade dos consumidores marca é muito diferente da in- Em novembro do ano passado,
artigos de sex shops movi- quanto para evitar que uma dústria farmacêutica. Não lançou camisinhas com o selo
mentam cerca de R$ 1 bi- “mãe tenha de explicar para Brinquedo de adulto. Os aparelhos posso fazer propaganda no jor- da série “Sex Education”, da
lhão por ano no país. Mas uma criança pequena o que é da Cimed, incluindo vibradores, nal de um produto para hiper- Netflix, comédia britânica que
quem compra on-line cos- aquilo” numa loja, diz. estão nas gôndolas das farmácias tensão arterial, por exemplo. aborda a educação sexual na
tuma receber embalagens Tenho de promover para os adolescência.
sem identificação de ori- HERDEIRA E ‘INFLUENCER’ dratantes labiais adotados pe- com Márcia Sensitiva, astró- médicos. Quando se tem uma —Vemos dois movimentos
gem, enquanto as lojas físi- Karla, que em 2017 assumiu a lo público infanto-juvenil, loga que ficou famosa na in- linha de produtos sem regula- que a Cimed tem tomado. Um
cas parecem esconderijos. A empresa fundada pelo pai que não combina com os no- ternet ao fazer previsões de mentação da Anvisa, posso fa- deles é verticalizar a sua indús-
ousadia da Cimed é vender junto com o irmão João Adibe vos produtos. Por isso, ela de- forma bem-humorada e pro- zer atividade promocional di- tria, dependendo menos de
vibradores à luz branca das (que é o CEO) e tem sido pe- cidiu não divulgar os vibrado- tagonizar muitos memes. reta ao consumidor. terceiros para atender suas de-
farmácias, ainda que em ça-chave nas inovações, ad- res no próprio perfil. Tam- —Todo mundo gosta do as- Luís Fischpan, diretor exe- mandas industriais. Recente-
embalagens discretas, num mite que a divulgação da nova bém foi descartada a publici- sunto sexo, mas ele não pode cutivo de Farma na Linx, seg- mente, por exemplo, adquiriu
estilo que poderia ser o de linha é um desafio. Ela mes- dade no TikTok, pelas regras ser explícito. Tem uma linha mento de software da Stone- uma empresa na área de em-
uma pasta de dente, com o ma se tornou uma embaixa- da rede social, e em outdoors. muito tênue entre aguçar a Co, observa que as farmácias balagens. E o outro é buscar
desenho dos conteúdos em dora da Cimed nas redes soci- Para mirar no público certo, a curiosidade e falar de forma têm se tornado pontos de mercados em que enxerga va-
tamanho pequeno, só na la- ais (só no Instagram, conta aposta dessa vez é a repercus- escancarada —afirma Karla. conveniência, que vendem lor agregado para a sua própria
teral. E, segundo a empresa, 1,2 milhão de seguidores) a são orgânica de um podcast A executiva quer criar uma de tudo um pouco —tendên- dinâmica de produção —resu-
os preços da linha batizada reboque da divulgação dos hi- que Karla vai comandar junto seção de bem-estar sexual nas cia que a Cimed captou e que me Jacomassi.
OGLOBO | Domingo 31.3.2024
C onhecida pelos laptops, a
Acerquerampliarsuaatu-
ação no Brasil, um dos dez
mercadosprioritáriosdacom-
panhia sediada em Taiwan.
Prepara o lançamento por
aquideroteadoresnosegundo
semestreeestudatrazerparao
Brasilscooters,patinetesebici-
cletas elétricas, antecipa Ger-
mano Couy, general manager
da Acer para América Latina,
em entrevista ao GLOBO. O
foconopaísnãoéàtoa.Segun-
do ele, o Brasil é o quarto mai-
or consumidor de tecnologia
do mundo, atrás de EUA, Chi-
naeÍndia.Achegadadainteli-
gência artificial (IA) aos lap-
topsvaiajudarosetoracrescer
10%esteano,apósumafasede
estagnação,eleprevê,masres-
salta que os novos recursos es-
tarãoconcentradosnosmode-
los premium, mais caros. Para
recuperar de vez as vendas de
eletrônicos, só com juros mais
baixos para baratear o crédito,
acredita, já que computador é
umtípicobemqueobrasileiro
compraparcelado.
Após a pandemia,quais são as
perspectivas para o mercado
de computação pessoal?
O pós-pandemia voltou a
ressaltaraimportânciadamo-
bilidadenaáreadetecnologia.
Antes, estava muito ligada ao
smartphone. Mas aí todo
mundo descobriu que traba-
lhar algumas horas no celular
nãoésustentável.Naviradade
2022, começamos a sentir
uma desaceleração no merca-
dodelaptops.Em2024,omer-
cado deve se estabilizar. Em
valor, deve crescer cerca de
10%, pois o consumidor está
migrando para modelos mais
robustos, com maior perfor-
mance. Hoje o modelo de en-
trada não é o mais comerciali- AIAestará apenas nos
zado no Brasil. Os produtos modelos mais caros?
que mais vendem custam en- Neste primeiro momento
treR$2.499eR$3.499. no Brasil, a IA está disponível
Dourados em
residenciais:
brilho de
forma discreta
O uso de dourado em móveis,acessórios
e decoração é uma tendência observada
nas áreas comuns dos projetos de luxo
MORARBEM
É luxo só! O uso de dou-
rado na decoração de
áreas comuns de residenci-
ais vem se firmando como
uma tendência. Exuberan-
te sem ser vulgar, o “toque
de Midas” contemporâneo
apareceemmóveis,luminá-
rias e objetos de portarias,
salões de festas, áreas gour-
met e piscinas. Mas nada
queremetaàrealezadoesti-
lo vitoriano ou às extrava-
gâncias do art déco. O dou-
radodoséculoXXIbrilhade
forma discreta, provando
que sofisticação e ostenta-
çãonãosãosinônimos.
Não foi à toa que, ao listar
27 tendências de design de
interiores para 2024, a re-
vista inglesa Livingetc, fo-
cada em decoração moder-
ninha,incluiuousododou-
OqueaAcertemfeitopara
O pilar disruptivo será o lan- Germano Couy /GENERAL MANAGER DA ACER NA AMÉRICA LATINA
alavancarvendasdenotebooks?
çamento, no meio deste ano, Executivo de um dos principais fabricantes de notebooks do mundo prevê
da versão nova do Windows
com o Copilot (assistente de alta nas vendas neste ano com a popularização da IA, que vai demandar
IA da Microsoft com tecnolo- máquinas cada vez mais potentes. Empresa prepara assinatura de hardware
gia da OpenAI, dona do BRUNO ROSA bruno.rosa@oglobo.com.br
ChatGPT). Haverá um siste-
ma operacional com mais re-
quisitos, e máquinas com dois
ou três anos não vão rodar to-
das as funcionalidades de IA
que o software permite, pois
vão depender de um processa-
dor mais aprimorado. A partir
desteanonãovamosmaisfalar
apenas de performance do
chip. Vamos falar da capacida-
dedeinteligênciaartificial.
Qual é o desafio da indústria?
O desafio, tanto da indústria
de hardware quando da de
software, é ter IA no computa-
dor sem estar conectado à in-
ternet. Isso vai atingir o pico já
em2026.Vocêvaiter90%das
funcionalidades sem estar co-
nectado, pois terá um chip ro-
dando IA. A tendência nos
próximosanoséterumareno-
vação no parque de computa-
dores. A indústria está conver-
gindoparaentregaressassolu-
ções.Agoraestamosnafasede
sabercomoperguntaraoassis-
tente virtual e ser preciso na
formulaçãodequestionamen-
tos. Os produtos passarão a ter
mais microfones para captar
comandodeformamaispreci-
sa.Haveráteclaespecíficapara
acessar o Copilot. Estamos
aindaaumentandoadefinição
de câmera e criando baterias
com maior durabilidade. O
que a gente tenta fazer é facili-
taravidadoconsumidor.Ode-
safio é transformar a tecnolo-
giaemumformatoamigável.
rado em “tintas, acessórios
e até mesmo peças de ilu-
minação”. Na avaliação dos
editores, essa tonalidade
“cintilante como o pôr do
sol” combina com muitas
cores, o que a torna versátil
nacriaçãodeumambiente.
Ainda segundo a publica-
ção, os decoradores têm
adotado versões com mais
“nuances de acabamentos
dourados, como latão escu-
recido ou bronze claro”.
Nosempreendimentosde
alto padrão da Patrimar, co-
mo o Oceana Golf, na Barra
da Tijuca, que tem o design
de interiores assinado pela
arquiteta Débora Aguiar, os
metais são usados na deco-
ração de forma bem dosada
para buscar equilíbrio na
harmonizaçãodoambiente.
Assim, é possível combinar
umpontodeluzdematerial
ENTREVISTA
‘EM DOIS OU TRÊS
ANOS, VOCÊ NÃO
VAI MAIS COMPRAR
COMPUTADOR.
VAI ALUGAR’
na linha premium. Em 2025,
desce a um nível médio. Vai
baixaropreço,mas,mesmoas-
sim, vai ficar um pouco mais
alto em relação ao atual. Em
2026, 70% dos equipamentos
terãorecursosdeIA.
MasaAcerqueriralémde
notebooks?Há
lançamentosprevistos
emoutrascategorias?
Estamos trazendo
para o Brasil, este
ano, roteadores de
olhonacasaconec-
tada e no público
gamer, com o
objetivo de re-
duziralatência
(tempo de res-
posta aos co-
mandos). Esta-
mos estudando no
Brasilscooters,patinetese
DIVULGAÇÃO
Salão gourmet.
Dourado pontua iluminação
e detalhes da decoração
no Oceana Golf
metalizado com outros ele-
mentos em madeira e tons
debegeecru.
—O uso do metal depen-
de muito da habilidade do
arquiteto para não ficar ex-
cessivo e combinar bem
com a ambientação geral.
Outro fator a ser levado em
conta é o público a que se
destina o condomínio. Se
falamosemumresidencial
para famílias ou pessoas
maisvelhas,odouradotraz
essa sofisticação mais
clássica. Agora, se for um
prédio para pessoas mais
jovens, deve-se trabalhar
com outros metais e tons
INÊS | 249
Economia 21
o usuário. Em dois ou três
anos, você não vai mais com-
prar computador. Vai alugar e
depoistrocar.
E como estão as vendas dos
notebooks ‘gamers’?
É uma das principais verticais
da companhia. A categoria re-
presenta 10% do total de mer-
cado. Tem espaço para dobrar
nos próximos três anos. Hoje,
temos 60% de market share
(fatia de mercado) na catego-
ria. Esse mercado gamer não
cai porque chega um momen-
to em que o console esgota as
possibilidades para alguns jo-
gos. Nesse caso, você precisa
de performance para rodar. A
troca é feita a cada dois anos.
Em geral, as pessoas ficam de
três a cinco anos ou até mais.
Osnotebooksgamerstêmsido
usados não só por jogadores.
Criamos um discreto, metáli-
co, pois descobrimos um seg-
mento de executivos e profis-
sionaisliberaisquequeremter
uma máquina gamer para le-
var para o trabalho. São mode-
bicicletas elétricas. Vamos ver los finos e com performance.
seagentevaitrazerounãoessa Durante o dia é um executivo,
linha de produtos, que é mais edenoiteviraumgamer.
premium também. A gente te-
ria de estudar fabricar local- E quais os principais desafios
mente, e por isso seria algo do ponto de vista
maispara2025. macroeconômico?
OBrasilestánotop10depa-
Mas a estratégia envolve ísesprioritáriosparanós.Esta-
apenas o lançamento de mos investindo em produtos,
novos produtos? pessoal e inovação. Por outro
Estamos desenvol- lado, o país não consome pro-
vendo para o Brasil o dutos de alto valor agregado,
conceito do hardware como Europa e EUA. É um
asaservice,queéopa- tíquete mais baixo por conta
gamento de serviço derenda,financiamento.Ata-
para ter máquinas em xa de juros é um desafio por-
100% do tempo em que o brasileiro tem o hábito
vez de precisar com- de comprar parcelado. É uma
prar.Écomosefosseum fatia muito importante do
aluguel. Uma escola, por consumo no Brasil. À medida
exemplo,alugaumnotebo- quevocêtemjurosmaisbaixos
ok por R$ 99 por mês. E a e inflação mais controlada, o
manutenção é comigo. E consumidor vai ter confiança
vejocomotendênciapara paragastarumpoucomais.
PATRIMAR/DIVULGAÇÃO
—explica a gerente de Pro- tendências, é um tom que
dutos do Grupo Patrimar, pode ser explorado de vá-
luminárias de metal mar-
cando o eixo de entrada. Os
Juliana Lembi. rias maneiras nos ambien- bancos dourados (Bubu e
tes, seja em objetos de de- Tooth), assinados pelo pró-
LUXOATEMPORAL coração ou no mobiliário. prio Starck, compõem o
Nos apartamentos decora- Ele é um símbolo de luxo ambiente juntamente com
dos, o uso de metais tam- atemporal que enriquece espelhos bisotados em tons
bém ganha protagonismo e visualmente e traz uma de bronze. Já no Wave By
acabainfluenciandoosfutu- sensaçãoacolhedora—ob- Yoo,naBarra,osalãodefes-
roscompradoresdosaparta- serva a sócia-fundadora da tas tem teto revestido de fo-
mentos, que apreciam a Ornare, Esther Schattan. lhasdouradasemmarcena-
ideia de destacar um ponto Essa riqueza visual tam- ria e elementos decorativos
do ambiente, integrando o bém aparece nos projetos em formato de ondas em
dourado a detalhes e mate- que o Studio Yoo desenvol- serralheria dourada.
riais como mármore e ma- ve no Rio de Janeiro, em —A introdução dos aca-
deira. Seja em um tecido parceria com a RJZ Cyrela. bamentos em metal e tons
luxuoso em revestimento O tradicional e premiado dourados em empreendi-
deparedeornamentadoou estúdio de design, coman- mentosdealtopadrãoobje-
empeçademobiliáriocom dado por Philippe Starck, tiva oferecer estilo, elegân-
acabamento dourado, es- Marcel Wanders, Jade Jag- cia e sofisticação. É uma
ses elementos criam uma ger e Kelly Hoppen, usa os abordagem estética que
atmosfera gold chique, por metais como um elemento temsidomuitobemrecebi-
assimdizer,quereúnesuti- de design contemporâneo. da pelos compradores —
leza e bom gosto. NoIconycByYoo,emBo- destaca o diretor de Incor-
— O uso do dourado na tafogo, o lobby principal, poraçãodaRJZCyrela,Car-
decoração transcende as com pé-direito duplo, tem los Bandeira de Mello.
22 | Economia INÊS
Domingo 31.3.2024
249
| OGLOBO

GUSTAVO parte nos estados.

As finanças dos estados estragaram tu-
FRANCO do de novo.
Nossa Lei de Responsabilidade Fiscal
(LRF) foi um enorme avanço, mas seus efei-
tos enfraqueceram depois de alguns anos.
Um de seus principais eixos era discipli-
economia@oglobo.com.br nar o endividamento, na presunção de que,
sob limitações, os entes federativos iam re-
solver as suas contas cada um do seu jeito.
Uma consultoria Mas era como fazer controle de caixa, e a
LRF não tratou do nascimento do gasto, que
Pense numa empresa estadual, concessi-
onária de um serviço público, e que compra
O Brasil precisava conhecer melhor o tra-
balho de Alexander Hamilton, o primeiro
sua matéria-prima de empresa federal.
Uma distribuidora e uma geradora de ener-
secretário do Tesouro dos EUA, um de seus
“pais fundadores”, como eles dizem.
gia, tipicamente. Hamilton foi brilhante em alinhar os in-
A sequência começa com a inadimplência centivosfinanceirosdosestadosedaUnião.
da concessionária, que Se estivesse vivo e viesse ao Brasil fazer
A União jamais faz um caixa extra, que uma consultoria ia ter muito trabalho.
vai impor aos transfere para o gover- Ao desembarcar, na coletiva no aeropor-
estados um nador que se manda pa- to, imagino que faria duas observações para
conceito que não
abraça. O maior
ra Brasília para renego-
ciar a dívida, ou propor
começar a conversa.
A primeira seria elogiar nossa coragem

de Hamilton
ocorre bem antes, no debate sobre o orça-
mento, quando direitos se convertem em
obrigações de gastar. Como todos os orça-
mentos de todos os entes federativos, incluí-
da a União, nascem e crescem profundamen-
veneno de uma umencontrodecontas,às em extinguir os bancos estaduais: os esta-
federação é o mau vezes no Judiciário. dos não podem ter banco central.
exemplo da União Há infinitas varieda- A segunda, respondendo à pergunta so-
des de truques desse ti- bre a fórmula para introduzir o conceito de
po e, em tese, todos poderiam ser evitados responsabilidade fiscal nos entes federati-

U ma das vertentes mais fundamentais do

ataque à hiperinflação, iniciado 30 anos
atrás,foioconceitoderesponsabilidadefiscal.
A despeito do sucesso na estabilização,
todavia, a batalha foi vencida apenas em
te no vermelho, era uma questão de tempo.
Os últimos anos testemunharam uma
espantosa proliferação de mecanismos
para burlar os limites de endividamento.
Um exemplo:
pelos TCEs, os quais, entretanto, estão lote-
ados politicamente.
Temos um baita ciclo de desarrumação fiscal
quejáestáemplenoandamento,paraoqual,ao
quetudoindica,aUniãoperdeuobonde.
vos, era muito simples:
O exemplo.
A União jamais vai impor aos estados um
conceito que não abraça. O maior veneno de
uma federação é o mau exemplo da União.

Perder o emprego ou o show da vida? Eis a questão

Fãs de Madonna inscritos no Concurso Nacional Unificado, marcado para o dia seguinte à apresentação gratuita da estrela pop
em Copacabana, vivem o dilema de abrir mão de um espetáculo histórico ou da prova. Muitos vão encarar os dois desafios

NEW YORK TIMES/13-12-2023

GUSTAVO SILVA, CAROLINE NUNES
E ARTHUR FALCÃO*
economia@oglobo.com.br
-
tem o segundo maior con-
tingente: 223 mil, só atrás
de São Paulo, com 228 mil.

O Rio de Janeiro está

prestes a sediar dois
megaeventos: o show da
cantora Madonna, que
promete lotar a Praia de
Copacabana com sua tur-
nê histórica em uma apre-
sentação gratuita, no sába-
do, 4 de maio, e o Concur-
so Nacional Unificado
(CNU), marcado para o
dia seguinte. A apresenta-
ção da diva pop americana
está prevista para começar
entre 21h30m e 21h45m —
embora quem já foi a ou-
tros shows da artista saiba
que pontualidade não é o
forte dela —e terá cerca de
duas horas de duração. Os
horários das provas da
seleção para o serviço pú-
blico federal ainda não
foram divulgados pelo
Fã de Madonna desde 2015,
o estudante de Geologia
Tiago Borges, de 28 anos, é
um deles. Ficou eufórico
desde que soube da vinda
da artista ao Rio, mas o so-
nho de vê-la no palco foi de
encontro ao Concurso Na-
cional Unificado. O estu-
dante se prepara há meses
para as provas com aulas
on-line. Mesmo assim,
decidiu ir aos dois eventos.
Mas, para chegar fisica-
mente disposto na prova do
domingo , elaborou um
plano para o sábado.
—É uma oportunidade
única, pois não sei quando
ela vai voltar ao Brasil. A
estratégia para aguentar
essa jornada vai ser me ali- Atração tentadora. Madonna em ação na “Celebration Tour”: os fãs acabaram ficando divididos entre a diva pop e as notas no concurso público
mentar bem, beber bastan-
te água, ter muito fôlego e desgastante, e acredito
FOTOS DE ACERVO PESSOAL

governo, mas o que se sabe
até agora é que haverá dois
blocos de provas, um pela
manhã e outro à tarde.
Está instaurado o dilema
para quem é fã de Madonna
e está inscrito no concurso
em busca de uma das 6.640
vagas em disputa: abrir mão
do “show da vida” pela
chance de ingressar na car-
reira dos sonhos —a partir
do maior processo seletivo
já realizado no país —ou se
render à diversão, na única
apresentação da cantora na
América do Sul, celebrando
40 anos de uma trajetória
única? Muita gente já está
planejando como fugir des-
sa escolha e conciliar lazer
e dedicação.
NO RJ,223 MILINSCRITOS
Em fevereiro, o Ministério
da Gestão e da Inovação em
Serviços Públicos (MGI)
fez um alerta para que esta-
dos e municípios evitassem
eventos na véspera e no dia
do concurso. O objetivo é
garantir a segurança dos
candidatos e facilitar os
deslocamentos. Com isso,
alguns organizadores já
adiaram eventos, como a
Nike São Paulo Run, previs-
ta inicialmente para 5 de
maio. A nova data ainda não
foi marcada. Mas, no Rio, o
show da “Celebration Tour”
foi confirmado na semana
passada pelas autoridades.
E a capital já se prepara para
receber visitantes de todos
os cantos, até de outros
países. A previsão é mais de
1 milhão de pessoas nas
areias de Copacabana na
véspera do concurso.
O CNU tem 2 milhões de
inscritos. O Estado do Rio
preparação mental —diz.
Assim como Borges, mui-
ta gente pretende encarar o
duplo desafio. O advogado
Felipe Daflon, de 27 anos,
se prepara há dois anos para
concursos. Sua rotina é
voltada integralmente aos
estudos. Com a confirma-
ção da turnê no Brasil, ele
balançou e agora planeja
conciliar os dois megaeven-
tos, mas, digamos, com
responsabilidade:
—É uma oportunidade
única, tanto um show da
Madonna gratuito, em Co-
pacabana, depois de mais
de 12 anos sem turnês dela
no Brasil, quanto um con-
curso com a quantidade de
vagas e cargos ofertados.
Daniel Coel, de 32 anos,
conta que não conseguiu se
preparar como gostaria
para a seleção mesmo. En-
tão não vai perder a oportu-
nidade de ver Madonna.
Pretende ir ao show, mes-
mo enfrentando uma prova
longa no dia seguinte.
—Eu não estava dando
muita atenção porque espe-
rava um anúncio oficial (da
apresentação de Madon-
na). Agora está confirmado.
Como não estou me dedi-
cando tanto ao concurso,
fico mais tranquilo de ir ao
show e, no dia seguinte,
fazer a prova.
O advogado Vyctor Trin-
dade, de 29 anos, que vive
em Belém (PA), optou por
não fazer as provas, por-
que já vinha estudando
para outros concursos
específicos. A seleção uni-
ficada seria uma oportuni-
dade extra de testar seus
conhecimentos, mas ago-
ra ele tem um motivo para
Confiança. Felipe Daflon, de 27 anos, prepara-se há dois anos para concursos, mas tentará conciliar show e prova
viajar para o Rio.
—O fato de o show ter
sido confirmado na véspera
da prova com certeza foi o
motivo de eu cancelar a
“Como não estou me
dedicando tanto ao
concurso, fico mais
tranquilo de ir ao show e,
no dia seguinte, à prova”
_ _
Daniel Coel, de 32 anos
minha participação no con-
curso. Nunca existiu um
show de turnê dela de graça
em qualquer outro país.
Realmente vai acontecer
“Desisti do show. O
deslocamento seria
desgastante, e acredito
que afetaria meu
bem-estar para a prova”
Talitha Trovão, de 32 anos
uma vez só —conta o rapaz.
Há, porém, quem prefira
acompanhar a cantora
pela televisão —e talvez
avançar mais casas na
frente de quem vai fazer a
prova após o desgaste físi-
co de um espetáculo ao
vivo para uma multidão. É
o caso da analista de tecno-
logia da informação Tali-
tha Trovão, de 32 anos, que
está retornando aos con-
cursos por meio do CNU e
quer estar bem disposta no
dia da prova.
Ela é fã de divas pop co-
mo Madonna desde mais
jovem, e diz que seria mui-
to marcante poder ver a
cantora ao vivo. Moradora
de Osasco (SP), ela diz que
poderia vir ao Rio de avião
e retornar a tempo de fazer
a prova. Mas decidiu que
não quer correr risco nem
se desgastar.
—O deslocamento,
mesmo de avião, seria
que afetaria meu bem-
estar —explica.
GOVERNOS TRANQUILIZAM
Os governos estadual e mu-
nicipal do Rio foram consul-
tados pelo GLOBO sobre o
que será feito para amenizar
os impactos do show na
infraestrutura e nos servi-
ços da cidade, como trans-
porte e segurança, na véspe-
ra do concurso. Apesar da
recomendação do governo
federal de não programar
grandes eventos para a vés-
pera do concurso, a resposta
foi de que a cidade estará
preparada para receber os
dois megaeventos, com
esquemas de segurança e
logística que vão garantir o
sucesso de ambos.
A Prefeitura do Rio e go-
verno fluminense informa-
ram que já preparam um
esquema de trânsito e de
policiamento para que a
apresentação de Madonna
em Copacabana ocorra sem
problemas, num esquema
parecido com o do réveil-
lon. Quanto ao concurso,
ainda não foram elaboradas
estratégias específicas,
mas, as autoridades estão
confiantes de que tudo cor-
rerá bem.
A previsão é de que ago-
ra em abril sejam revela-
dos os planos para esque-
ma especial de transpor-
tes para o público do even-
to em Copacabana no sá-
bado e a adaptação do
trânsito da capital nos
principais pontos onde
serão aplicadas provas do
concurso no domingo.
*Estagiário, sob a supervi-
são de Monica Pereira
OGLOBO | Domingo 31.3.2024
Mundo
BRASILEIRO TIPO EXPORTAÇÃO
Emigração bate recorde em meio a desafios
econômicos e envelhecimento populacional
EXPATRIADOS
DO BRASIL
EMANUELLE BORDALLO
emanuelle.quintanilha@oglobo.com.br
-
N unca houve tantos brasi-
leiros morando fora do
país quanto hoje. Se formas-
sem um estado, a comunida-
de de 4,5 milhões de pessoas
no exterior superaria a popu-
lação da Paraíba. Apenas na
década de 2012 a 2022, mais
de 2,6 milhões de brasileiros
deixaramopaís,comumsalto
nas emigrações em dois anos
marcados por crises: 2013 e
2020. Para especialistas ouvi-
dos pelo GLOBO, o senti-
mentodequeagramadovizi-
nho é mesmo mais verde é
preponderante entre jovens e
profissionaisaltamentequali-
ficados—umcenáriodesafia-
dor para o Brasil, que se vê di-
ante de uma população em
constante envelhecimento,
ao mesmo tempo em que en-
frenta a carência de mão de
obra especializada em impor-
tantes setores para o desen-
volvimento econômico, co-
mo pesquisa e inovação.
‘MORTE DAESPERANÇA’
Para o sociólogo Rogério Bap-
tistini, da Universidade
Mackenzie,apercepçãopessi-
mistasobreofuturofoiumca-
talizadordofenômeno.
—Em 2013, o consumo das
famílias registrou aumento
pelo décimo ano consecutivo,
mas foi o menor desde 2003.
As pessoas que haviam ascen-
dido socialmente e formado
uma nova classe média passa-
ram a ter dificuldades para
manter a posição conquistada
—analisa. —Fatores externos
einternoscontribuíramparaa
desaceleraçãodocrescimento
da economia, mas foram os
domésticos que redundaram
na crise que abalou todo o sis-
tema da representação. Essa
emigraçãoédevidoàmorteda
esperança: as pessoas já não
esperamdofuturoenãoconfi-
amnospolíticos.
“De certa forma, o
Brasil deixou de ser
percebido como o
país do futuro e
uma terra de
oportunidades”
_ iníciodopico.
Rogério Baptistini, professor
da Universidade Mackenzie
“Se estivessem no
país, esses
brasileiros
estariam pagando
tributos e
contribuindo para
o progresso
econômico”
_ malmente, é um brasileiro
Victor do Prado, conselheiro
consultivo do Centro Brasileiro
de Relações Internacionais
O processo se intensificou
nosanosqueseseguiram,com EVOLUÇÃO DA EMIGRAÇÃO BRASILEIRA NA ÚLTIMA DÉCADA
a crise política interna e a eco- Número de brasileiros no exterior bateu recorde em 2022, a maioria concentrada na América do Norte ou na Europa
nômica agravada ainda mais
pelapandemia,em2020. EVOLUÇÃO DE 2012 A 2022
De acordo com os dados 5000000
mais recentes do Ministério
das Relações Exteriores, de
2022, dos 4,5 milhões de bra-
sileiros em situação legal na 4000000
diáspora, 45% vivem na
América do Norte, 32% na
Europa e apenas 14% migra- 3000000
ram para um dos vizinhos na
América do Sul. Na série de
reportagens que começa ho- 2000000
je, O GLOBO mostrará o que
está por trás do fenômeno e
seus efeitos. A partir de ama-
nhã, vamos contar a história 1000000 2012
de pessoas que vivem nos cin-
co principais destinos da co- CONCENTRAÇÃO DA COMUNIDADE BRASILEIRA EM CADA CONTINENTE
munidade brasileira: Estados Estimativa em 2022
Unidos, Portugal, Paraguai,
Reino Unido e Japão.
—Como em todo fluxo mi-
gratório, um fator inevitável
continua a ser a busca por me-
lhores condições econômicas,
culturais e sociais, o que pode
ser percebido pelo ponto de
destino desses brasileiros: a
maiorparteparaaAméricado
Norte e a Europa Ocidental —
aponta Marta Mitico, presi-
dentedaAssociaçãoBrasileira
de Especialistas em Migração
e Mobilidade Internacional
(Abemmi). — O número de
brasileiros no exterior cresceu
47% na última década, en-
quanto o aumento percentual
da população interna foi de só
6,5%nomesmoperíodo.
Uma pesquisa Datafolha
feitacomjovensde12capitais
brasileiras em 2022 revelou
que 76% deles têm muita ou
alguma vontade de deixar o
país para sempre. E, quanto PAÍSES COM MAIS BRASILEIROS VIVENDO
menor a idade, maior o dese-
jo: entre a população de 15 a 1º
19 anos, que ocupa a menor
fatia do mercado de trabalho, 2º
o patamar chega a 85%.
MENOS IMPOSTOS
No caso dos EUA, André Li-
nhares, advogado especialista
emmigraçãoparaopaís,avalia
queumdosfatoresqueimpul-
sionou o êxodo começou em
2016, quando uma mudança
jurídicafacilitouaobtençãode
vistopermanente.
—Antesde2016eramaisdi-
fícil ir, tinha de ter uma garan-
tia de emprego. Depois, é pre-
ciso demonstrar que se tem
condições de conseguir um lá.
Em 2018 e 2019, já vemos o
Ele explica que, embora a
faixaetáriamaisjovemnãose-
ja elegível para o visto mais
procurado, ela exerce grande
influência nos pais que to-
mamessadecisão.
—Desdeadécadade1990,o
perfil de brasileiro que imigra
para os EUA mudou bastante.
Antes, muitos vinham tentar
ganhar a vida à própria sorte,
mas hoje é um público bem
posicionado, investidor... Não
é só por necessidade financei-
ra, mas pela busca de qualida-
de de vida —explica. —Nor-
com família, que parte de um
descontentamento em rela-
çãoaofuturoeprocuraumavi-
2.801.249
1.898.762
2013
AMÉRICA
DO NORTE EUROPA
2.078.170 1.490.745 646.730 222.053
45,19% 32,42%
Estados Unidos
Portugal
3º Paraguai
4º Reino Unido
5º Japão
Fonte: Ministério das Relações Exteriores, ano-base 2022.
damelhorparaosfilhos.
Baptistini avalia que o au-
mento da emigração brasi-
leira, que começou a dar si-
naisnosanos1980eganhou
força na última década, é
acompanhado de uma mu-
dança na visão da juventude
e da classe média.
—As pessoas emigram em
busca de oportunidades e da
vida que julgam que lhes é ne-
gada no local de origem. O
Brasil deixou de ser percebido
como o país do futuro e uma
INÊS | 249
23
APÓS NÃO IR À VIA-CRÚCIS PARA
ACESSAR
Papa celebra Vigília Pascal APONTE
O CELULAR
PARA
NA WEB Francisco fala em ‘decepção’na benção; imprensa cita questões de saúde O QR CODE
do tributos e contribuindo pa-
raoprogressoeconômico.
E se progresso em setores
estratégicos —como pesqui-
sa, tecnologia e defesa —é o
4.215.800
4.404.255
4.598.735 segredo para o crescimento, o
êxodo de uma parcela mais
qualificada de profissionais
3.590.022 nessas áreas, a fuga de cére-
bros, impõe mais desafios.
3.105.922
3.083.255 Em especial, quando a con-
corrência, em níveis de infra-
estrutura e potencial de ga-
nho econômico em moedas
2.722.316 mais fortes, torna-se desleal.
— [A fuga de cérebros] é
um fenômeno que não é só
do Brasil para os EUA, é do
mundo inteiro para os EUA.
2014 2015 2016 2018 2020 2021 2022
‘MIGRAÇÃO EM REDE’
Renata Geraissati, historiado-
ra especialista em imigração,
avalia que a popularidade de
certosdestinosemdetermina-
dos momentos da história, co-
mo no caso atual dos EUA, é
um efeito não só do bom de-
sempenho econômico do país
no período, mas também das
conexões formadas no local
que se retroalimentam, tam-
bém conhecidas como “mi-
graçãoemrede”.
—[Existe] uma rede de in-
formação que é trocada entre
esses primeiros imigrantes
que vão para lá e se estabele-
cem. Cartas, informações, no-
AMÉRICA ORIENTE AMÉRICA
tícias, remessas de capital vão
DO SUL ÁSIA MÉDIO OCEANIA ÁFRICA CENTRAL impactando nisso — pontua
Geraissati. —A própria ascen-
são econômica desses primei-
59.230 53.430 39.600 8.777 ros imigrantes acaba servindo
de motriz para os outros. Por
vezes, os primeiros acabam
14,06% 4,83% 1,29% 1,16% 0,87% 0,18% fornecendo crédito, informa-
ção, abrigam seus conterrâ-
neosatéseinstalarem...
Mesmo a atração motiva-
da pelo vislumbre de suces-
so econômico pode ter dife-
1,9 milhão renças a depender do local
de destino e do perfil de mi-
360 mil grante, explica Alex Gue-
des, autor do livro “Brasilei-
254 mil ros no exterior: o caso da
Flórida”. Enquanto a Flóri-
da se tornou um destino de
220 mil
sucesso devido à propagan-
da dos seus residentes na
206 mil
chamada migração em re-
de, no Paraguai o principal
atrativo são os valores bara-
tos das terras.
Em outros, como o do Ja-
pão, a migração foi fruto de
uma política de Estado —
por isso, o país é o único on-
de podemos saber de fato o
número de brasileiros, já
que a imensa maioria foi de
forma regular.
—A migração para o Japão
faz parte de um fluxo mais an-
EDITORIA DE ARTE tigo,quecomeçounofinaldos
anos1980,quandoopaísdeci-
terradeoportunidades. 0,47% do Produto Interno diu atrair mão de obra de des-
Do ponto de vista econômi- Bruto(PIB)domesmoano— cendentes de japoneses, esti-
co,àprimeiravistaoêxodode participação maior que de al- mulandoaidademuitosbrasi-
brasileiros pode não parecer guns estados, como o Amapá. leiroseperuanos—descreveo
uma má ideia, considerando No entanto, Victor do Pra- escritor. —No início era um
o volume de dinheiro que en- do, conselheiro consultivo do perfil bem laboral, para traba-
tra no país pela diáspora. Afi- CentroBrasileirodeRelações lhar em setores que ninguém
nal, é comum que muitos en- Internacionais (Cebri), des- queria,mascomotempoaco-
viem ajuda financeira a pa-
rentes e amigos no Brasil. Em
taca um outro lado da moeda:
—Uma das principais con-
munidade foi mudando, cri-
ando negócios centrados em
2022, o país registrou um re- sequências é a fuga de consu- outros membros, e pequenos
cordedeR$4,7bilhõesemre- midoreseaoportunidadeper- empresários começam a ir. A
messas pessoais vindas do ex- dida em cobrança de impos- diáspora cresceu do ponto de
terior, segundo o Banco Cen- tos. Se estivessem no país, es- vista qualitativo, mas caiu em
tral (BC), o equivalente a sesbrasileirosestariampagan- número.
24 | Mundo
ENTREVISTA
Daniel Buarque / PESQUISADOR
Em novo livro, especialista do Instituto de Relações Internacionais da USP analisa contradições
entre as ambições do Brasil em se tornar potência global e sua imagem vista no exterior
‘NAS QUESTÕES GLOBAIS, BRASIL
É VISTO COMO UM PEÃO COBIÇADO’
JANAÍNA FIGUEIREDO
janaina.figueiredo@oglobo.com.br
BUENOS AIRES
- terno, talvez fortaleceu a
E
mmomentosemque
a política externa do
governo Luiz Inácio
Lula da Silva provo-
ca debates e o presi-
dente recebe críticas por falas
e posicionamentos sobre te-
mas como Venezuela e a guer-
ra entre Israel e o grupo terro-
rista Hamas, o novo livro de
Daniel Buarque, pesquisador
do Instituto de Relações Inter-
nacionais da Universidade de
São Paulo (USP), analisa em
profundidade o projeto do
Brasildetornar-seumapotên-
cia global. Intitulado “O status
internacional do Brasil e o re-
conhecimentocomopotência
emergente” (editora Palgrave
Macmillan),oterceirolivrode
Buarque sobre Brasil é o resul-
tadodequatroanosdepesqui-
sa durante seu doutorado no
King’s College, na Inglaterra,
na qual entrevistou 94 especi-
alistas (incluindo, entre vários
diplomatas, dez ex-embaixa-
dores no Brasil) dos cinco paí-
sesqueocupamumavagaper-
manente no Conselho de Se-
gurança da ONU (EUA, Chi-
na, Rússia, França e Reino
Unido).“Háumdescompasso
muito grande entre o que o
Brasilachaquedeveriaserseu
lugar no mundo e o que esses
cinco países, que são potên-
cias estabelecidas, acham que
oBrasiltemdireito”,disse.
Qual foi seu principal objeto
de pesquisa?
Sempre se fala sobre o que o
Brasil quer, sobre o desejo de
ser uma potência global. Meu
interesse foi pesquisar o outro
ladodahistória,paraentender
qual é o nível de reconheci-
mento que o Brasil alcança
nessaambiçãodeterumlugar
de destaque no mundo. A teo-
riadasrelaçõesinternacionais
indica que esse prestígio só
existe quando ele é reconheci-
do pelo outro, especialmente
quandoeleéreconhecidopelo
outro que já tem um status
mais alto. Por isso, fui atrás do apoiar a gente”.
quepensamnospaísesquesão
membros permanentes do PorqueoBrasilnãotem,na
ConselhodeSegurança.
E que respostas o senhor
encontrou? Um dos motivos é
Existe um descompasso porque o Brasil cos-
muito grande entre o que o tuma ficar em cima
Líder do Peru critica operação de busca por Rolex
Boluarte é investigada por suposto crime de enriquecimento ilícito e por não declarar relógios de luxo como parte de seus bens
LIMA
-
A presidente do Peru, Dina
Boluarte, descreveu co-
mo um “ataque e assédio sis-
temático” as buscas feitas pe-
lasforçasdesegurançaemsua
residência e no Gabinete pre-
sidencial na madrugada de
ontem. Desde 18 de março, a
líder peruana é investigada
por suposto crime de enri-
Em cima do muro. Lula fala na Assembleia Geral da ONU, em Nova York: apesar das ambições globais, presidente não tem consenso na América Latina
Brasil acha que deveria ser
seu lugar no mundo e o que
esses cinco países, que são
potências estabelecidas,
achamqueoBrasiltemdirei-
to. Eles acham que o Brasil
nãotemessarelevânciatoda.
Como o Brasil é visto por
esses cinco países?
O Brasil é reconhecido co-
mo um ator importante em
algumas questões, como
meio ambiente. Mas, nas
grandes questões globais, o
Brasil não é visto como um
paísimportanteesimcomoo
quechamodepeãocobiçado.
Por um lado, essas potências
dizem que o Brasil não tem
relevância,ouseja,éumpeão
pouco influente. Mas, ao
mesmo tempo, querem que
nojogointernacionaloBrasil
estejadoladodeles,porissoo
peão cobiçado. Os russos fo-
ramosentrevistadosmaisvo-
cais, eles diziam “a gente só
vai apoiar o Brasil se o Brasil
visãodessescincopaíses,
oqueénecessáriopara
serumapotênciaglobal?
quecimento ilícito e por omi-
tir informações em docu-
mentos públicos, em um caso
que começou com uma de-
núnciajornalísticasobreuma
supostacoleçãoderelógiosde
luxo Rolex não declarados co-
mo parte de seus bens.
—A medida da madrugada
é arbitrária, desproporcional
eabusiva—disseBoluarteem
uma mensagem à nação após
do muro em grandes discus-
sões globais. Alguns se per-
guntam para que o Brasil
quer ser membro permanen-
te do conselho, se, quando o
país está no conselho, abs-
tém-se das principais dispu-
tas. Um país que quer liderar
deve assumir os custos de li-
derar, sejam financeiros ou
políticos. As grandes potên-
ciasachamqueoBrasilpreci-
sa tomar uma atitude, ser
mais vocal e tomar decisões.
“Um país que quer
liderar deve assumir
os custos de liderar,
sejam financeiros
ou políticos”
asoperaçõesdebuscaordena-
das pelo Ministério Público.
Segundo um documento
da polícia, quase 40 agentes
participaram da operação
“comoobjetivodeapreender
os relógios Rolex”. A ação
conjunta do MP e da polícia
foitransmitidapelaemissora
de televisão local Latina. Nas
imagens, agentes cercam a
casa de Boluarte, localizada
Domingo 31.3.2024
INÊS 249
| OGLOBO
MICHAEL M. SANTIAGO/GETTY IMAGES VIA AFP/19-9-2023
Teve custos para o Brasil?
Se teve algum custo foi in-
oposição. Mas no mundo
Lula foi aplaudido por mui-
tos, sobretudo pelo Sul Glo-
bal. O problema, a meu ver,
é que, mais uma vez, o Brasil
está apostando numa or-
dem política multipolar e
em ser representante do Sul
Global. Mas hoje ninguém
acredita em ordem multi-
polar, especialmente no
momento em que temos
guerras na Europa e no Ori-
ente Médio, e no qual quem
tem armas e dinheiro é
quem tem relevância. Não
estamos mais em 2005 ou
2008, quando havia um
contexto global diferente.
Os próprios EUA aceitavam
aideiadereformadoConse-
lho de Segurança da ONU.
Hoje ninguém espera isso.
Hoje se fala em bipolarida-
de global entre EUA e Chi-
na, e achar que haverá espa-
ço para uma nova potência
do Sul Global é ser ingênuo.
Que outras críticas são feitas
Atradição diplomática assessor internacional Celso ao Brasil de Lula?
brasileira é falar com todos os Amorim estão dispostos a O que mais ouvi é que, para
lados e promover o diálogo… aceitar o preço político por oBrasilsetornarumagrande
A estratégia de ser neutro terumaposturadeliderança. potência, precisa “botar a ca-
é positiva para uma potên- Eles estão apostando no iso- sa em ordem” e apostar no
cia média. Para ser um in- lamento de Israel, e que, nes- desenvolvimento. A Índia
terlocutor global, não. Pen- se contexto, o Brasil apareça tem a mesma ambição e foi
se numa Noruega, que con- como um dos primeiros que atrásdissoconstruindocapa-
versa com todos, mas não oacusoudegenocídio.Éuma cidadedepoderreal,comde-
têm a ambição de ser uma aposta e pode dar errado, senvolvimento econômico,
grande potência. É funda- mas, se der certo, estará rom- podermilitar,pareceseguira
mental que você veja como pendocomatradiçãodeficar fórmula mais tradicional. O
sua estratégia é vista de fo- em cima do muro. E escolher Brasil segue uma fórmula al-
ra, para repensar. Os diplo- um lado é algo que se espera ternativa, que até hoje não
matas brasileiros dirão que que o Brasil faça. deu resultado.
isso é um absurdo, que o
Brasil tem uma estratégia Afala de Lula comparando Falta liderança inclusive na
clara e sabe muito bem o Israel com Hitler o América Latina?
que quer. O livro diz que o surpreendeu? O Brasil quer ser represen-
mundo não percebe isso. Sim, foi surpreendente. tante da região, mas não con-
Lula já vinha dando indí- vence a própria região. Lula
Ou não concorda com a cios, mas uma postura tão já teve muita influência regi-
estratégia do Brasil? dura como essa é rara, so- onal, mas hoje não tem. Os
Na pesquisa surgiram ou- bretudo para a diplomacia entrevistados me diziam que
tras perguntas. O Brasil quer brasileira. É interessante, muitas vezes o Brasil parece
ser uma grande potência pa- porque é uma escolha de la- atirar para todos os lados. O
ra quê? É fundamental que o do que não implica em um Brasil deveria apostar em pa-
governo e os diplomatas en- alinhamento com a China, cificar a Venezuela, liderar a
tendam como a estratégia mas sim com o Sul Global, e América do Sul, por exem-
brasileira está sendo vista pa- não é diretamente contra os plo. Não se vê ganho em se
ra saber passar para o mundo EUA. Lula usou Israel, que envolver nas discussões so-
o que se quer. Toda a polêmi- tem uma relevância menor bre a paz em Gaza, ou na
ca sobre Israel mos- para o Brasil e que está no guerra entre Rússia e Ucrâ-
trou que Lula e seu olho do furacão, para testar nia. Grandes potências fa-
um posicionamento. É uma zem isso, mas o Brasil não
posição cômoda, porque tem essa influência. O me-
existe uma crítica global lhor é centrar-se no que está
contra Israel. ao seu alcance.
Se for acusada formalmen-
te, a presidente só poderá ser
julgada depois de julho de
2026, quando termina o seu
mandato, conforme estabele-
ceaConstituiçãodopaís.Oes-
cândalo, porém, pode levar a
nobairrodeSurquillo,noles- arte utilizou vários relógios um pedido de impeachment
te de Lima, e fazem uma bar- da marca de luxo Rolex em no Congresso sob alegação de
reira humana para impedir o
trânsito de veículos nos arre-
dores.OcoronelHarveyCol-
atividades oficiais desde que
se tornou vice-presidente do
governodoex-presidentePe-
“incapacidade moral”. Para
que isso aconteça, os grupos
de direita e ultradireita que
chado não confirmou se os droCastilloeministradoDe- controlam o Parlamento uni-
relógios foram encontrados. senvolvimento e Inclusão cameral—equesãoabasepo-
O escândalo eclodiu devi- Social em 2021. O período líticadamandatária,apesarde
do a uma reportagem do pro- analisado pelo programa jor- ela não ter uma bancada pró-
grama jornalístico La Encer- nalístico vai até dezembro de pria —devem apoiar grupos
rona exibida em meados de 2022, mês em que ela assu- minoritários de esquerda, nu-
março,querevelouqueBolu- miu a Presidência. maaliançadifícildealcançar.
OGLOBO | Domingo 31.3.2024
Saúde
CONSTANÇA TATSCH
constanca.tatsch@oglobo.com.br
SÃO PAULO
-
A s “tias do zap” foram
muito ouvidas por mi-
lhares de sobrinhos Brasil
afora. “Não tome vacina.”
“Aquele remédio vai te pro-
teger da Covid-19.” “Más-
cara não adianta nada.”
“Comer tal coisa evita cân-
cer”. E por aí vai. Médicos,
cientistas e a mídia profis-
sional se esforçavam para
serem ouvidos sobre o que
era informação de saúde
confiável. E, incrivelmen-
te, parece que começaram
a vencer a batalha.
A empresa de pesquisas e
insights brasileira Hibou,
que atua há 18 anos no mer-
cado, realizou um levanta-
mento ao qual O GLO-
BO teve acesso com
exclusividade, mos-
trando que, nos últi-
mos dois anos, o per-
centual de pessoas
que diziam obter “in-
formações confiáveis
sobre saúde” por meio
de aplicativos de men-
sagem, como Whatsapp
e Telegram despencou de
31% para 7%. As redes so-
ciais também perderam
em credibilidade, passan-
do de 17% em 2022 para
9% em 2024.
No sentido oposto, as
pessoas voltaram a buscar
informações nos jornais,
redes de TV, e sites de notí-
cia profissionais: de 57%,
71% passaram a recorrer à
TV aberta e de 21% a 29%
aos portais de notícias.
A pesquisa também per-
guntou às pessoas onde
havia “conteúdo verdadei-
ro” em canais digitais, de
forma geral: 55% disseram
que em sites de informa-
ção específicos e 51% em
sites de mídias conheci-
das. Apenas 15% citaram
as mensagens recebidas de
sua lista de contatos (con-
tra 39% em 2022).
Na pesquisa feita pela
Hibou sobre fake news,
entre 20 categorias, saúde
foi a área considerada
mais importante pelas
pessoas quando se fala em
desinformação.
— Foi pela saúde que o
brasileiro passou a conside-
rar mais importante checar
afonteeverificarseasinfor-
mações são verdadeiras ou
não —explica Ligia Mello,
fundadora e vice-presiden-
te de estratégia da Hibou —
O que a gente entendeu é
que a eleição de 2022 e a
pandemiacolocaramaspes-
soas em xeque, elas recebe-
ram muita coisa que não era
verdade. Questionaram:
“Será que aquilo é menti-
ra?” e começaram a enten-
derqueoWhatsappéumca-
nal seguro, mas o conteúdo
não ali era. Aí vem o aumen-
to do uso da TV aberta, co-
mo um contraponto.
Para Mello, durante a
pandemia havia toda a dis-
cussão entre tomar vacina
ou não, ficar em casa ou
não, usar máscara ou não.
Depois que ela acabou, a
importância da vacina fi-
cou provada, assim como a
veracidade das notícias.
Quando questionados
“Quais destes canais fora
da internet você acredita
que tenham o conteúdo
mais verdadeiro?”, os par-
ticipantes citaram, em
primeiro lugar, os médi-
cos (49%). Em segundo,
estavam nomes de jorna-
listas conhecidos/reco-
nhecidos, com 46%.
INÊS | 249
25
NOVA POLÊMICA PARA
ACESSAR
Jejum intermitente divide ciência APONTE
O CELULAR
PARA
NA WEB Estudo apontou risco cardíaco, mas pesquisadores contestam conclusão O QR CODE
No entanto, Doria consi-
dera que é uma questão de
tempo para que as pessoas
aprendam a lidar melhor
com os canais digitais e sai-
bam filtrar melhor as infor-
mações de qualidade.
— A gente não saiu do
mundo da desinformação
ainda, tem chão para cor-
MAIS NEWS,
rer, mas em algum mo-
mento as pessoas vão
aprender a usar a internet.
Só que talvez demore mais
MENOS FAKE
dez, 15 anos. O rádio ele-
geu Hitler e Mussolini
porque qualquer demago-
go que dominasse essa mí-
dia na época se elegeria, é
Pesquisa mostra que busca igualzinho com a inter-
net. Mas, depois dos anos
1950, isso já não bastava.
por informações confiáveis
Todo aquele choque da
tecnologia nova passou.
Uma hora as pessoas se
acostumam com o meio,
de saúde cresceu no Brasil
mas isso é algo para uma
geração, coisa de uns 20
anos —afirma.
Apesar de acreditar que
esse processo vai levar pelo
menos uma década, o jorna-
—Aspessoasenxergamno —Completamente. Eu já ram a fake news, porque as lista não descarta que possa
jornalista quase a mesma tinha essa percepção. Nas pessoas estão mais atentas. vir uma surpresa, conside-
força que o médico. Elas minhas redes, a busca, in- Mostra que o brasileiro vem rando a velocidade das mu-
querem a informação na “Se bater na tecla da clusive na minha caixa de melhorando. A internet e as danças tecnológicas e a ne-
raiz, de verdade. Dá espe- informação, o entrada, com perguntas e mídias sociais são ferra- cessária adaptação a elas.
rança que estão entendendo interação de conteúdo, es- mentas fantásticas, mas —O ritmo de desenvolvi-
que não é porque tenho brasileiro aprende. tá muito maior. Não de tem que ser bem usadas. mento tecnológico é muito
Whatsapp que tudo que che- Ele entendeu que usuários antigos, mas de Segundo Naime Barbosa, diferente hoje, mas o que
ga ali é verdade. Todo mun- quando algo pode pessoas novas buscando outra prova de que a desin- conta aí é esse ritmo ou o
doestáfalandodefakenews, informação. Como divul- formaçãoestádiminuindoé tempo de se adaptar às mu-
e a gente vê que, se bater na não ser verdade, há gador científico de longa o aumento da cobertura va- danças? Talvez a gente te-
tecla da informação, o brasi- como verificar. data e professor, vejo que as cinal no Brasil, que ainda nha começado a se adaptar
leiro aprende. Ele entendeu pessoas estão aprendendo não chegou à meta, mas “já à mudança mais rapida-
que quando algo pode não Esperamos ter um a não confiar em mensa- melhorou muito”. mente, até mesmo do pon-
ser verdade, há caminhos país melhor” gens que não tenham sub- to de vista emocional, pode
para verificar. Esperamos _ sídio e um suporte de quali- NOVA MÍDIA ser —provoca Doria.
ter um país melhor —diz a Ligia Mello, vice-presidente dade. Talvez tenha sido O jornalista e colunista do O infectologista Alexan-
especialista em pesquisas. de estratégia da empresa uma contribuição da pan- GLOBO Pedro Doria, cria- dre Naime Barbosa se man-
de pesquisas Hibou demia, que as pessoas te- dor do Canal Meio e especi- tém otimista.
DIRETO NAFONTE nham aprendido a checar. alista em mídia digital, é —A gente tem uma pia-
Os dados levantados pela “A justiça tarda, mas Naime Barbosa dá um cauteloso em relação à di- da interna (entre médico e
Hibou com 2.084 entrevis- exemplo recente: uma pes- minuição na propagação pesquisadores), que é a se-
tados em todo o Brasil cor- não falha, e com a soa “graduada em medici- de fake news sobre saúde. guinte: a justiça tarda,
roboram uma percepção ciência é a mesma na” postou no X (antigo Ele afirma que, como atual- mas não falha, e com a
que a classe médica já co- Twitter) que a ivermectina mente existe uma reprova- ciência é a mesma coisa. A
meça a sentir. Ao saber os coisa. A ciência (medicamento contra ver- ção social em relação ao te- ciência sempre vence no
números da pesquisa, o in- sempre vence no mes e parasitas, que foi en- ma, algumas pessoas po- final. É isso que está acon-
fectologista e professor da final. É isso que está volvido em fake news de dem tentar responder o tecendo. Como diz o dita-
Unesp Alexandre Naime que trataria Covid-19) po- que o pesquisador suposta- do: pode-se enganar uma
Barbosa, coordenador ci- acontecendo” deria ser usada contra den- mente quer ouvir. Outro pessoa muito tempo, mui-
entífico da Sociedade Bra- _ gue. Os seguidores do aspecto a ser considerado é tas pessoas por pouco
sileira de Infectologia, foi Alexandre Naime Barbosa, médico o procuraram para que há um grupo de pesso- tempo, mas não dá para
questionado se eles faziam infectologista e professor avaliar aquele conteúdo: as que hoje se recusa a par- enganar todo mundo o
sentido na sua prática: da Unesp — Os seguidores trouxe- ticipar de pesquisas. tempo todo —afirma.
26 | Saúde INÊS
Domingo 31.3.2024
249
| OGLOBO

DANIEL metemos muitos erros na sua abordagem.

O primeiro conceito para entendê-las me-
BECKER lhor: o cérebro da criança é imaturo. Seu cór-
tex pré-frontal, responsável pelo controle de
impulsos, tomada de decisões, reflexão e pla-
nejamento, ainda está iniciando seu desen-
volvimento — e só amadurece completa-
Pediatra, sanitarista, palestrante e
escritor. Ativista pela infância, saúde
mente após os 20 anos. Num momento em
coletiva e meio ambiente. que ela está buscando autonomia, descobrin-
do seus desejos, em que quer se afirmar no
Evitando a birra, mundo, a frustração e a contrariedade geram
muita raiva. E essa raiva explode sem contro-
de, e mesmo, como aproveitá-las para a edu-
cação emocional da criança. Um spoiler:
não será pelo castigo, sempre a pior opção.
Para a prevenção, é preciso antes de mais
nada pensar na sua conexão com seu filho.
Você passa tempo com ele, olho no olho, pro-
vendo afeto e atenção? Você convive com
sua filha sem olhar o celular constantemen-
te? Um bom vínculo é essencial para qual-
quer ação educativa.
É importante
lembrar do
É importante lembrar
do reforço positivo: elo-
essa brincadeira, mas temos que ir pra casa
da vovó. Lá vai ser legal também”. Repita o
aviso algumas vezes até a hora de sair.
Algumas crianças demandam o tempo to-
do. Nesses casos, é sábio escolher as bata-
lhas. Vale ser um pouco mais permissivo em
questões menos essenciais, como sair com a
roupa descombinada e assim evitar 15 mi-
nutos de choro e estresse.
Fome e sono agravam o descontrole. Se for
sair, calcule a hora da soneca, leve um lanche
gostoso e tudo fica mais leve. Evite ambientes

terror dos pais

le porque o cérebro não tem “equipamento” reforço positivo: giar o comportamento propensos à frustração, como shoppings e lo-
para processá-la de outra maneira. elogiar o da criança quando ela es- jas de brinquedos. Em vez ficar confinado em
Durante a crise a criança está descontro- comportamento tiver sendo legal, afável e ambiente consumista e comer porcaria, leve
lada. Ela pode se jogar no chão, bater com a da criança colaborativa. Não é fácil numa pracinha, na praia ou num parque, que

Q uem tem filhos já viveu ou vai viver essa ce-

na terrível, comum nos corredores dos
shoppings. A criança lá pelos 2 anos, contrari-
ada, começa o choro fortíssimo, se joga no
chão, bate, berra. Enquanto isso, os olhares de
julgamento dos passantes esmagam os pais,
que se sentem fracassados como educadores.
Birra é um nome pejorativo. Melhor cha-
mar de crises de irritabilidade da infância. Ela
é tão assustadora para as famílias que conteú-
dos sobre o tema frequentemente viralizam
nas redes sociais. E apesar de tão comum, co-
cabeça, atirar objetos. É preciso protegê-la
nessa hora, com uma contenção carinhosa.
Ela pode bater em quem estiver por perto —
inclusive você. Isso não é um gesto de agres-
são ou desrespeito, mas de descontrole —
precisa ser contido, mas não castigado.
Portanto, essas crises não são manipula-
ção, crueldade ou malcriação. Elas fazem
parte do desenvolvimento normal da crian-
ça, por isso são inevitáveis.
A questão é como lidar melhor com elas,
como reduzir seu número e sua intensida-
quando ela
estiver sendo
legal e afável
lembrar disso, pois so-
mos programados para
criticar e reclamar. Mas
faz toda a diferença.
Mencione e elogie o bom comportamento:
“adorei que você veio logo se vestir, ajudou a
mamãe”. Os elogios devem ser dirigidos à
ação, valorizando o esforço. Em vez de “você é
muito inteligente”, melhor: “fiquei muito feliz
que você estudou e foi bem na prova”.
É bom preparar a criança para uma situa-
ção de potencial frustração. “Filha, tá legal
relaxam e alegram a criança.
Dois grandes segredos: ofereça mais auto-
nomia — deixe que ela escolha a roupa para
sair, o brinquedo do banho, que participe das
tarefas domésticas. E abuse da brincadeira e da
fantasia, linguagens essenciais da infância. A
criança é atraída para elas, mesmo numa crise
de mau humor ou irritabilidade. O riso alivia o
estresse e desarma a raiva e o medo. Ela estará
mais aberta para aprender e colaborar.
Numa próxima coluna discutiremos for-
mas de atuar no momento da crise.

NYT
deia, e também nos privan-
do da oportunidade de pro-
cessar e interpretar o que vi-
venciamos— critica.
Uma maneira de criar har-
monia com a tecnologia é li-
mitar o uso do telefone quan-
do estiver em trânsito. Saiu
para passear? Desligue suas
notificações. Vai tomar um
café? Deixe seu telefone em
sua mesa. Se você estiver se
sentindo corajoso, tente desli-
gar o telefone no transporte.

Agende pequenas pausas

Férias prolongadas de seus
dispositivos eletrônicos po-
dem não ser possíveis. Mas
se você está tentando passar
menos tempo olhando para
as telas, intervalos de dez ou
15 minutos podem ser uma
opção mais prática, propõe
Adam Gazzaley, neurocien-
tista da Universidade da Ca-
lifórnia, em São Francisco.
Você pode dar uma cami-
nhada rápida, fechar os
olhos, ler um livro ou termi-
nar um quebra-cabeça.
Outro truque: agende pau-
sas tecnológicas em seu calen-
dário. Programar algo como
“fazer uma caminhada sem te-
lefone” pode parecer estra-
nho, mas não deveria ser se is-
so já fosse uma prioridade.

Como ter um Mas soluções dramáticas —

desintoxicação digital, tro-
ca por um aparelho de quali-
tigo publicado em 2020 na re-
vista científica da Associacion
for Psychological Science.
Um tempo.
Será que ele te
controla ou você
Controle o ambiente

relacionamento
dade inferior ou saída com-
pleta das redes sociais —po-
dem parecer impraticáveis.
É possível ter uma relação
—Quando você perceber a o controla? Não confie apenas na sua
vontade, simplesmente se faça Aprenda a força de vontade para man-
a seguinte pergunta: “Eu real- aproveitar um ter o seu tempo de tela bai-
mente preciso fazer isso ago- pouco mais o xo, orienta James A. Ro-

mais saudável
saudável com a tecnologia e
ao mesmo tempo utilizá-la
diariamente? Felizmente,
de acordo com os especialis-
ra?” —aconselha Davidson. mundo real berts, especialista em com-
Fazer essa pergunta pode portamento do consumidor
te ajudar a fazer uma pausa, da Universidade de Baylor,
refletir e resistir à tentação no Texas. Em vez disso, ajus-

com o seu celular

tas, a resposta é sim.
Comece com uma
pergunta simples
Desconectar-se totalmente é quase impossível,
Você tem aquela vontade de
mas aqui vai um guia realista para usar sua pegar o telefone sem perce-
ber? E então, antes que se dê
tecnologia de uma maneira que atenda a você conta, você está há uma hora
mexendo em uma rede social?
Se deseja coexistir pacifica-
ERIC ATHAS vos eletrônicos. Depois de mente com a tecnologia, pre-
Do New York Times
-
enviar a mensagem, Martin cisa controlar esses impulsos.
recebeu diversas respostas Comece percebendo quando
de olhar o seu dispositivo. te o ambiente ao seu redor.
Às vezes você pode decidir Estas são algumas coisas
passar algum tempo no ce- que você pode tentar:
lular, mas estar consciente Tenha um relógio des-
de seus impulsos ajuda a ter pertador: Um alarme de te-
controle dos seus hábitos. lefone força você a pegar seu
dispositivo ao acordar, tor-
nando muito fácil começar a
Esqueça o lado ‘móvel’ ler e-mails e alertas. Mas um
do aparelho despertador independente
permite que você deixe seu
Anna Lembke, professora de telefone intacto até decidir
Psiquiatria na Escola de Me- que é hora de começar.
dicina da Universidade de Nomeie um parceiro: pe-
Stanford, afirma que um dos ça a um membro da família ou

H á alguns anos, uma fun-

cionária do Google en-
viou um e-mail a milhares
de seus colegas de trabalho
sugerindo: “E se, durante
seis semanas seguidas, você
passasse uma noite por se-
mana sem tecnologia?”
O e-mail era de Laura Mae
Martin, consultora executi-
va de produtividade do Goo-
gle, função que, entre outras
coisas, foi criada para ajudar
os funcionários a promover
relacionamentos mais sau-
dáveis com seus dispositi-
de colegas de trabalho ansi-
osos por uma pausa em al-
guns dos produtos que aju-
daram a construir. Desde
então, milhares de funcio-
nários participaram do anu-
al No-Tech Tuesday Night
Challenge (Desafio da Ter-
ça-Feira Sem Tecnologia).
O problema que ela estava
tentando resolver não é ex-
clusivo dos funcionários do
Google. Uma pesquisa des-
cobriu que a maioria dos
americanos admite passar
muito tempo no telefone.
você sente vontade de pegar o
telefone ou abrir a rede social
no navegador, recomenda Ri-
chard J. Davidson, diretor do
Centro para Mentes Saudá-
veis da Universidade de Wis-
consin-Madison.
Ao se tornar consciente do
que está prestes a fazer, você
interrompe um comporta-
mento automático e desperta
a parte do seu cérebro que go-
verna o autocontrole. Ter
consciência de suas ações po-
de ajudá-lo a controlar os
maus hábitos, segundo um ar-
maiores problemas com
smartphones é, por exemplo,
a possibilidade de “enviar
amigo para lembrá-lo de des-
ligar o dispositivo quando es-
tiver usando-o por muito
mensagens de texto enquan- tempo, quando alguém esti-
to corre para pegar um ôni- ver tentando conversar com
bus”. Usar nossos dispositivos você ou em outros momentos
enquanto estamos em movi- em que ele estiver atrapalhan-
mento — caminhando de do a vida no mundo off-line.
uma reunião para outra, le- Exclua as mídias sociais
vando o filho para a escola ou do celular: Para gerenciar o
pegando um ônibus — nos uso das redes sociais sem
impede de estar mais envolvi- abandoná-las totalmente, é
dos em nossas vidas, afirma. necessário torná-las menos
—Estamos perdendo uma acessíveis. Uma dica é ex-
riqueza de informações e si- cluí-las do telefone, mas
nais no mundo que nos ro- mantê-las no computador.
OGLOBO | Domingo 31.3.2024
Rio
COMO UM INQUÉRITO MORRE
De celular sumido a documento molhado por
goteira, DH coleciona indícios de sabotagem
RAFAEL SOARES E VERA ARAÚJO
granderio@oglobo.com.br
-
E m julho de 2018, Eduardo
Siqueira,oDududoClone,
foi detido pela Delegacia de
Homicídios (DH), no Rio, sob
suspeitadetersidooresponsá-
vel por clonar o Cobalt usado
nos assassinatos de Marielle
Franco e Anderson Gomes.
Na época, seu celular foi
apreendido pelos policiais e,
no mês seguinte, a Justiça de-
terminouaquebradesigilodo
aparelho. A partir daí, porém,
essahistóriapareceteremper-
rado. Três anos depois, como
os dados do telefone não ti-
nham chegado ao inquérito, o
Ministério Público do Rio
(MPRJ) perguntou à Polícia
Civilondeestavaoaparelho.A
DH respondeu que o enviou
ao Instituto de Criminalística
Carlos Éboli (ICCE) que, por
suavez,alegoujamaisterrece-
bido o celular. Até hoje não se
sabeoparadeirodoaparelho,e
a participação de Dudu do
Clone no crime jamais foi
comprovada.
Este sumiço é só um dos in-
díciosdesabotagememinves-
tigações da DH —parte delas
questionada no relatório da
PolíciaFederalqueapontouos
irmãos Domingos e Chiqui-
nho Brazão como mandantes
dos assassinatos de Marielle e
Anderson. O GLOBO teve
acesso a documentos que re-
velam uma série de irregulari-
dades em inquéritos da dele-
gacia desde 2011 —a maioria
entre2012e2018,períodoem
queerachefiadapelodelegado
RivaldoBarbosa,presopelaPF
sob suspeita de participação
nocasoMarielle.Hádesdetre-
chos de uma investigação des-
truídosporumagoteiraatéde-
núncia sobre o desapareci-
mentodeuminquéritointeiro
dentrodadelegacia.
DENÚNCIADE COAÇÃO
NocasodocelulardeDududo
Clone, o último rastro docu-
mental antes do sumiço é um
“auto de encaminhamento”
da DH ao ICCE, assinado pelo
delegado Giniton Lages (ex-
braço direito de Rivaldo e que
acabou afastado, na semana
passada,porsuspeitadetentar
sabotar a investigação do Caso
Marielle). Ninguém assina,
contudo, o campo do docu-
mento destinado ao responsá-
vel por receber o aparelho no
ICCE. E Giniton, em depoi-
mentoaoMPRJ,nãosoubedi-
zeroparadeirodoaparelho.
A apuração do assassinato
do PM e ex-presidente da
Portela Marcos Falcon, exe-
cutado em 2016, também é
recheada de denúncias de sa-
botagem. Ao GLOBO, Mar-
celle Souza, filha de Falcon,
conta que testemunhas fo-
ram coagidas na delegacia:
—O investigador pediu pa-
ra que tomássemos cuidado
comoquefalávamos,quepo-
deria acontecer conosco o
que ocorreu com o meu pai.
Hoje, tenho certeza de que a
polícia foi conivente com a
morte do meu pai. Eles ti-
nham condição de solucio-
nar o crime e não quiseram.
Umdosmistériosqueronda
INÊS | 249
27
CASO PATRÍCIA ACIOLI PARA
ACESSAR
Mandante de crime já pode trabalhar APONTE
O CELULAR
PARA
NA WEB Benefício foi dado a condenado pelo homicídio de juíza,que está em prisão domiciliar O QR CODE
dos no crime foi filmado por
AS FALHAS NAS INVESTIGAÇÕES uma câmera de segurança.
Questionado se era ele quem
aparecia na imagem, o propri-
etáriodoveículorespondeude
pronto: “Não, mas esse aí é
meu irmão”. Após o reconhe-
cimento,BrunodaRochaBar-
bosa, o suspeito, chegou a ser
intimado, mas seu depoimen-
to nunca foi tomado: dois dias
depois,elefoiassassinado.
Por sua vez, a morte, na Bar-
ra da Tijuca, de mais um bi-
FALCON: CELULAR RETIRADO cheiro,MarceloDiotti—ocor-
DA CENA DO CRIME
O principal celular do PM Marcos
rido na mesma noite das exe-
Falcon foi retirado de perto do cuções de Marielle e Ander-
cadáver da vítima ainda na cena son,emmarçode2018—éal-
do crime e entregue para sua vo de uma investigação do
ZÉ PERSONAL:
família, já quebrado, dias depois. MPRJ sobre “falhas graves” na
GOTEIRA DESTRÓI INQUÉRITO Por causa do dano, não foi coleta de provas. Uma equipe
Em 2015, goteiras inundaram a sala do possível periciar o aparelho. da DH foi a uma padaria em
chefe de Operações da DH, e parte do Rio das Pedras frequentada
inquérito que investigava a morte do por integrantes do Escritório
bicheiro Zé Personal foi destruída.
doCrime,suspeitosdoassassi-
nato, para coletar imagens de
uma câmera. Mas o arquivo
extraído não continha ima-
gensdeboapartedamadruga-
da posterior ao crime —justa-
mente o intervalo da possível
chegadadoscriminosos.
O OUTRO LADO
O crime só foi esclarecido
graçasaumainvestigaçãopa-
ralelafeitapeloMPRJ,quele-
vou à condenação de dois in-
ANDRÉ SERRALHO: tegrantes do dito Escritório
INQUÉRITO DESAPARECEU doCrime.Nasentença,ojuiz
O delegado Brenno Carnevalle denunciou que o inquérito sobre o Bruno Rulière determinou
homicídio do ex-PM André Serralho sumiu dentro da DH depois que
ele determinou a realização de uma série de oitivas de testemunhas.
que fossem oficiados o Con-
Segundo Carnevalle, ele passou um ano tentando achar os autos sem selho Nacional do Ministé-
sucesso, até que foi removido da DH. rio Público (CNMP), a Cor-
regedoriadoMPRJeaProcu-
radoria-Geral de Justiça por
conta de indicativos da
“omissão deliberada dos ór-
MARCELO DIOTTI: CORTE NAS IMAGENS
gãos de investigação estadu-
O MP investiga "falhas graves" na coleta de provas do ais na apuração de homicí-
homicídio do bicheiro Marcelo Diotti. Ao coletar imagens dios em contexto de disputas
de uma câmera de segurança de uma padaria frequentada da contravenção”.
por integrantes do Escritório do Crime naquele dia, uma Procurado, o MPRJ alegou
equipe da DH deixou de coletar o trecho do vídeo de parte daquela que os homicídios de Marcos
madrugada, quando os criminosos teriam voltado ao local. Falcon, Haylton Escafura e
Zé Personal seguem em cur-
MARIELLE E ANDERSON: SUMIÇO DE CELULAR so,“sobnecessáriosigilo”.Jáa
Um celular apreendido com um suspeito de ser o responsável pela Secretaria estadual de Polí-
clonagem do Cobalt usado nos homicídios da vereadora e de seu
ciaCivilressaltouque,nofim
motorista desapareceu após ser remetido para a perícia. O
doanopassado,aatualgestão
aparelho não foi achado na DH nem no ICCE.
criou um grupo de trabalho
no Departamento-Geral de
Homicídios e Proteção à Pes-
soa para analisar os inquéri-
tos de homicídios ainda sem
solução e os que, porventura,
ocorram relacionados ao cri-
me organizado nas suas prin-
cipaisfrentesdeatuação:mi-
lícia, tráfico e contravenção.
EDITORIA DE ARTE Além disso, afirmou em nota
que,noiníciodaatualgestão,
a investigação também envol- conduziaainvestigação,Bren- pois do homicídio, o pai do foicontestadopelaunidadede umareuniãocomoGrupode
ve um celular: no caso, o da no Carnevale. Ele contou que contraventor, testemunha saúde, que disse não ter regis- Atuação Especial no Comba-
vítima, removido da cena do fez um despacho pedindo ocular do crime, afirmou ter trodapresençadeAdriano. te ao Crime Organizado (Ga-
crime. O aparelho chegou a uma série de diligências e, en- reconhecido pela voz um dos Após o depoimento, o in- eco) do Ministério Público
ser fotografado ao lado do cor- tão, “nunca mais teve contato encapuzados que invadiu um quéritoficouseisanosparado: elencou, em comum acordo,
po de Falcon, mas nunca foi físicocomosautos”.Carnevale centro espírita para matar seu nenhuma diligência foi reali- homicídios que deveriam ser
apreendido pela DH. Dias de- disse que passou um ano ten- filho. Seria o PM Luiz Carlos zada pela DH para confirmar tratados com atenção especi-
pois, o PM Anselmo Dionísio tando achá-los, sem sucesso, Martins, que, segundo ele, ou negar os relatos da partici- al, uma vez que as investiga-
dasNeves,umdesafetodeFal- em setores da delegacia, até “sempre foi ligado” ao ex-capi- pação de Adriano e de seu ca- ções apontavam para crimes
con, entregou o aparelho, já ser removido da DH, em mar- tão do Bope Adriano Maga- panga. A investigação passou cometidos por essas organi-
quebrado,paraafamília—que ço de 2018. Hoje, o caso está lhães da Nóbrega, o Capitão por gavetas de diferentes dele- zações criminosas.
o levou ao MPRJ. Por conta do arquivado, sem identificação Adriano, um dos maiores ma- gados e chegou a ter partes “O trabalho conjunto entre
dano, não foi possível periciar dosautores. tadoresdealugueldoRio. destruídas: em 2015, goteiras as instituições segue para que
o celular. O homicídio segue Outra testemunha corrobo- inundaram a sala do chefe de os casos sejam completamen-
semesclarecimento. CONTRAVENÇÃO NO FOCO rou o depoimento. Mas, so- operações da DH, e várias te elucidados e os envolvidos
Já o que desapareceu na in- Em comum, algumas dessas menteumanodepois,quando páginas foram molhadas. O responsabilizados”,dizanota.
vestigaçãodohomicídiodoex- investigações com falhas apa- RivaldoBarbosajáeraotitular crimeseguesemsolução. O GLOBO fez contato
PM André Serralho, em 2016, rentes são relacionadas a bi- da especializada, Adriano foi Em aberto também está a também com as defesas dos
foi o inquérito inteiro, que es- cheiros. A execução, em se- ouvido na DH. Disse que, no execução, em 2017, do bichei- delegados Rivaldo Barbosa
tavadentrodadelegacia.Osu- tembro de 2011, de José Luiz dia do crime, estava no hospi- ro Haylton Escafura, filho do e Giniton Lages, mas, até o
miço foi denunciado ao MPRJ de Barros Lopes, o Zé Perso- talondesuafilharecém-nasci- contraventor José Escafura, o fechamento desta reporta-
pelo próprio delegado que nal, é uma delas. Dez dias de- dafoiinternada.Álibiquelogo Piruinha. Um dos carros usa- gem, não houve retorno.
28 | Rio Domingo 31.3.2024
INÊS 249
| OGLOBO

Paes admite erro ao ter

FABIO ROSSI

nomeado Chiquinho
Brazão em secretaria
Prefeito comentou pela primeira vez, durante inauguração do
Transbrasil, a prisão de suspeito de ter mandado matar Marielle

MADSON GAMA
madson.gama@oglobo.com.br
surgir os boatos —disse Paes. ação equivocada de que não
A indicação de Chiquinho tinha esse risco. A gente go-
-
paraaSeactinhasidopartede verna a cidade com os me-

O prefeito do Rio, Eduardo

Paes, comentou ontem
pela primeira vez a prisão do
um acordo entre Paes e o par-
tido Republicanos, para que a
legendaapoiasseacandidatu-
lhores quadros, e meu gover-
no vai continuar dando de-
monstração de que não tem
deputado federal Chiquinho ra à reeleição do prefeito. conivência com nenhum ti-
Brazão, apontado pela Polí- Apesarde,naocasião,odepu- podeirregularidade—conti- Mea-culpa. Paes em viagem inaugural de linha de ônibus entre Deodoro e o Centro: ‘alianças têm que ter um limite’
cia Federal como suspeito de tado pertencer ao União Bra- nuou Paes ao comentar a no-
ser um dos mandantes do as- sil—doqualfoiexpulsonase- meação de Chiquinho. rou também aliados da famí- dososdiasdasemana,das10h no entanto, que a linha come-
sassinato da vereadora Mari- mana passada —, Chiquinho Quando ela ocorreu, em lia Brazão que permaneciam às15h,comviagensnomode- çaráafuncionaremsuapleni-
elle Franco e do motorista integrava a ala próxima ao outubro passado, Domingos na Seac, entre eles Ricardo lo parador e intervalos de dez tude, de 4h à meia-noite, ain-
Anderson Gomes, em 2018. presidente estadual do Repu- Brazão, irmão de Chiquinho, Martins David, conhecido minutos. Segundo a prefeitu- da neste primeiro semestre.
Paesadmitiutersidoumerro blicanos,oprefeitodeBelford já era investigado pelo assas- como Ricardo Abraão, que ra,otrajetointeirodevedurar —Esse é o último corredor
a nomeação do parlamentar, Roxo, Waguinho. sinato de Marielle Franco. A havia substituído Chiquinho cercade40minutos.Massóa do BRT a ser inaugurado, mas
em outubro do ano passado, —Entendemos que os qua- cerimônia de posse no muni- como secretário na pasta. As viagem inaugural, que teve é o mais sensível, porque pas-
para comandar a Secretaria dros que tínhamos do Repu- cípio se deu dois dias após o mudanças geraram reação do Paes entre os passageiros e sa pela Avenida Brasil, que é
Especial de Ação Comunitá- blicanos aqui não eram ade- colunistadoGLOBOBernar- Republicanos, com ameaçou ocorreu, excepcionalmente, uma via estrutural da cidade.
ria (Seac) do município, da quados. Queremos alianças, do Mello Franco ter revelado romper com Paes. sem paradas, durou exatos 37 Por isso, estamos operando
qualChiquinhofoititularaté mas as alianças têm que ter que o Caso Marielle havia si- minutos. primeiro de 10h às 15h, que é
fevereiro deste ano, quando umlimite.Equandodigoque doremetidopelaJustiçaesta- PERCURSO COMPLETO —Primeiro, estamos come- um horário de menor movi-
foi exonerado. errei, acho que fiz uma avali- dual do Rio para o Superior AsdeclaraçõesdePaesontem çando uma operação assisti- mento —disse ela, lembran-
— Foi um erro da minha Tribunal de Justiça (STJ), de- sobre Chiquinho acontece- da. Já tínhamos iniciado uma doquealinhaPenha-Gentile-
partecolocarnogovernouma vidoaindíciosdeumsuposto ram no Terminal Intermodal ligação da Penha com o Ter- za continua circulando. —Só
pessoa que tinha suspeita no envolvimento de Domingos, Gentileza,emeventodeinau- minalGentileza.Agora,inau- que, agora, ela passa a parar
caso (Marielle). É óbvio que que tem foro privilegiado co- guração do percurso comple- guramos o percurso comple- também nas estações da Ave-
possoaquitertodasasdescul- Já tinha pedido que ele mo conselheiro do Tribunal todoBRTTransbrasil,queco- to do Transbrasil, ainda fora nidaBrasil,assimcomoservi-
pas do mundo. Foram seis fosse retirado da de Contas do Estado (TCE). meçou a funcionar após qua- dos horários de pico, para que ço o Fundão-Gentileza.
anos (de investigação), e todo secretaria quando No último domingo, tanto se dez anos de obras. O corre- possamos testar e ver que er- Com previsão de transpor-
mundo já tinha sido acusado DomingosquantoChiquinho dorde26quilômetrosentreo ros vamos ter que corrigir e tar 250 mil pessoas por dia
detudo.Maserrei.Omaisim- começaram a surgir os foram presos pela PF, assim Centro e Deodoro, na Zona que mudanças serão necessá- até 2030, o corredor Trans-
portante quando se erra é boatos comooex-chefedaPolíciaCi- Oeste, corta 18 bairros, como rias —ressalvou Paes. brasil é o quarto a ser instala-
consertaroerro.Játinhapedi- _ vil Rivaldo Barbosa, acusado Guadalupe, Irajá e Bonsuces- Diretora-presidentedaMo- do no Rio, somando-se aos
doqueelefosseretiradodase- Eduardo Paes, prefeito do Rio de obstruir as investigações. so, e será o trajeto da linha de bi-Rio, empresa que opera o BRTs Transoeste, Transcari-
cretariaquandocomeçarama sobre Chiquinho Brazão Após a operação, Paes exone- ônibus 60, que vai circular to- BRT, Claudia Secin garante, oca e Transolímpico.
OGLOBO | Domingo 31.3.2024 INÊS
Rio | 249
29

FOTOS DE CAMILA ARAUJO

A mãe dela, Darlene Ma-
chado, acredita que o crivo
da escola é importante.
— Se houver um equilí-
brio, acho que pode, sim,
mudar o comportamento.
Acho que vai trazer ganhos
para todo mundo —aposta
Darlene.
A lei foi aprovada em ju-
nho e sancionada pelo pre-
feito Eduardo Paes em julho
do ano passado, após quatro
anos de discussões na Câ-
maradosVereadores.Opro-
jetooriginalfoiapresentado
pelo vereador Cesar Maia
(PSDB) e leva a assinatura
de outros 14 parlamentares.
Relatora do projeto na Câ-
mara, a vereadora Rosa Fer-
nandes (PSC) lembrou que
uma em cada três crianças
está com sobrepeso ou obe-
sidade no Brasil.
—A preocupação era que
não tivesse nenhuma emen-
da que transformasse a proi-
bição dos alimentos ultra-
processados em recomen-
dação. Isso não resolveria o
problema. É necessário esse
olhar atento ao que elas de-
vem consumir — explica a
vereadora.

NAREDE PÚBLICA
Nas escolas municipais, a re-
comendação ainda é incluir
no currículo a Educação Ali-
mentar e Nutricional (EAN),
para abordar práticas saudá-
veis sob a ótica da segurança
alimentar e nutricional.

Opções saudáveis
tos privados foram notifica-
dos para realizar as adequa-
ções exigidas. A Vigilância
Acostumadaaalimentosfres-
Por definição, os ultrapro- Tentação na cos e fruta “direto do pé”, An-
cessados são aqueles que calçada em tônia Rodrigues, de 37 anos,
têm na composição cinco frente. gostou da notícia. As duas fi-

ganham mais
Sanitária municipal disse
queestáemcontatocomadi-
reçãodoColégioMilitarpara
agendar uma visita técnica.
ou mais ingredientes como Estudantes do lhas, Stefany, de 9 anos, e
gorduras vegetais hidroge- Santo Inácio, em Maysa, de 6, estudam na Es-
nadas, amido modificado, Botafogo, cola municipal Tia Ciata.
corantes, aromatizantes e compram doces — Antigamente davam

espaço no
FUGAATÉ APASTELARIA
Nas redondezas da unidade
de ensino, adolescentes se
realçadores de sabor. na entrada do leite com achocolatado;
E são estes os produtos colégio agora é só o leite puro. E ofe-
que o Santo Inácio, colégio recem frutas. É uma rotina
particular em Botafogo, es- que as crianças vão levar pa-

cardápio escolar
aglomeram na pastelaria da
esquina. “Não oferecem al-
moço, e aqui sai mais bara-
to”, diz um deles, enquanto
devoraosegundosalgadode
Em vigor desde o início do ano letivo, lei que queijo e presunto com re-
fresco de maracujá, para en-
bane ultraprocessados das cantinas gera mudanças frentar a jornada de aulas no
na hora de lanche, mas a turma do jeitinho resiste período da tarde.
Em nota, o Departamento
de Educação e Cultura do
Exércitoinformouqueosfo-
CAMILA ARAUJO
camila.pinto@edglobo.com.br
A legislação prevê que o es- od trucks estão instalados
tabelecimento de ensino po- em caráter temporário no
-
derá responder solidaria- Colégio Militar do Rio por-
tá banindo de sua cantina.
Neste ano, nada de pizza,
queijo coalho tostado ou do-
ces com grandes quantida-
des de açúcar.
—Tem uma cantina vega-
na. Substituíram a farinha
por aveia e tiraram os pro-
dutos com mais açúcar. Eli-
minaram presunto dos sal-
gados. Agora é tudo integral
—disse um aluno, que pre-
feriu não se identificar.
Perto do colégio, na bar-
raquinha do Seu João, que
ra a vida toda. Eu vim do
Nordeste, estou acostuma-
da com comida fresca. Bis-
coito eu acho muito desne-
cessário, não tem nada de
nutritivo. Esses industriali-
zados fazem mal —avalia
Antônia, que nasceu em São
Benedito, no Ceará.
Já a filha mais velha não
curtiu muito a novidade.
Food truck. —Não gosto de leite puro.
Equipamento Preferia com o achocolata-
estacionado no do —confessa.
Colégio Militar do Na ausência do brownie e

A merenda escolar ganhou

sabor diferente neste ano
letivo. Biscoitos, aquela bali-
nha e o refrigerante, por
“Não tem exemplo, foram banidos das
mais a cantinasdesdejaneiro,quan-
minha bala do entrou em vigor a lei
preferida, eu 7.987/23, que proíbe a venda
comprava de alimentos ultraprocessa-
quase todo dos nas unidades de educa-
dia. Tiraram ção públicas e particulares
muita coisa. do Rio. A intenção é preser-
Mas ainda var a saúde dos estudantes e
tem pão de combater a obesidade infan-
queijo” til. O prazo estabelecido de
_ 180 dias para a adaptação do
Aluno do cardápio venceu há dois me-
ensino médio ses, mas algumas escolas ain-
da escola Alfa da insistem em oferecer lan-
Cem, na Tijuca ches mais próximos do peca-
do da gula do que do respeito
”O ambiente à legislação.
escolar é Alimentos com embuti-
propício para dos, como presunto e salsi-
promover cha, estão proibidos. Mes-
hábitos mais mo assim, no Colégio Mili-
saudáveis. tar do Rio, na Tijuca, na Zo-
Com a lei em na Norte, uma barraquinha
vigor, fica serve cachorro-quente. No
mais fácil último dia 19 de março, O
para a escola GLOBO ainda flagrou um
apresentar food truck de sorvete, com
novas formas mais de dez opções de co-
de comer, de bertura industrializada. Há
proteger a outros pontos de espetinho
cultura e a de churrasco e açaí espalha-
educação dos pelo pátio da escola. Se-
alimentar” gundo alunos, a cantina que
_ funcionava dentro do colé-
Bárbara gio fechou no início do ano,
Marques mas uma máquina de venda
Generoso, automatizada de doces está
nutricionista à disposição dos estudantes.
mente por irregularidades
cometidas pelo serviço da
cantina. Em um primeiro
momento,aescolaénotifica-
da a suspender as vendas no
prazo de dez dias. Caso não o
faça, é advertida. A insistên-
cia na irregularidade pode le-
var a instituição particular a
sofrer multa diária de R$ 1,5
mil até que a legislação seja
cumprida. Desde o início do
anoletivo,19estabelecimen-
que está em curso um pro-
cesso de cessão de uso para o
funcionamento de três can-
tinas. Também foi informa-
do que os alunos não são de-
pendentes da alimentação
oferecida nas cantinas, uma
vez que o colégio integra o
Programa Nacional de Ali-
mentação Escolar (PNAE),
que fornece alimentação
saudável e gratuita, como
frutas e sanduíches.
não fica vazia por cinco mi-
nutos durante o horário do
almoço, todos aproveitam
para abastecer o estoque de
guloseimas.
—Tem que ser. Às vezes a
gente quer um docinho ou
só um biscoito. Graças a
Deus é meu último ano —
desabafou Isabela Macha-
do, do 3º ano, que leva comi-
da para esquentar no micro-
ondas da escola.
Rio, na Tijuca,
vende sorvetes
com mais de dez
do cookie, que sumiram da
cantina, alunos do Liceu
Franco Brasileiro, no Largo
tipos de do Machado, fazem fila para
cobertura comprar sacolé de uma ban-
industrializada: o quinha na calçada ao lado.
Departamento —Meu filho complemen-
de Educação e tava o lanche às vezes com
Cultura do açaí, brownie. Foi do que ele
Exército informa mais sentiu falta. A gente sa-
que essa é uma be da importância extrema
opção de caráter de ter opções mais saudáveis.
temporário Aos poucos, os alunos vão en-
tendendo e se adaptando —
diz Rozane Sztejnberg, mãe
de Ian, de 15 anos.
ALTERAÇÃO PARA MELHOR
Na escola particular Alfa
Cem, na Tijuca, estudantes
revelam sentir falta do pas-
sado mais doce e açucarado.
Um aluno do ensino médio,
por exemplo, cita as balas e
os biscoitos vendidos até o
ano passado.
— Não tem mais a minha
bala preferida; eu comprava
quasetododia.Tirarammuita
coisa. Mas ainda tem pão de
queijo —conta.
Nutricionista,BárbaraMar-
ques Generoso garante que a
mudança foi para melhor:
— Ultraprocessados fa-
zem mal. O ambiente esco-
lar é propício para promo-
ver hábitos mais saudáveis.
Com a lei em vigor, fica mais
fácil para a escola apresen-
tar novas formas de comer,
de proteger a cultura e a
educação alimentar.
30 | Rio Domingo 31.3.2024
INÊS 249
| OGLOBO

Tempo
TEMPERATURA SOL E LUA Nasc. 6H00 Cheia Ming. Nova Cresc.
> 40º 37º/40º 33º/36º 29º/32º 25º/28º
12º/14º 20º/24º 16º/19º 12º/15º < 12º Poente 17H53 29/03 02/04 08/04 15/04

PREVISÃO Sol Nublado Nublado Pancadas Nublado Chuvas e Geada MARÉ Hora BAIXA 0h41m 5h51m BAIXA 13h03m 18h43m
parcialm. de chuva c/ chuvas trovoadas Altura 0,5m ALTA 1,1m 0,3m ALTA 1,1m

26°
Macapá Fortaleza
BRASIL RIO Porciúncula
19° Previsão
ZONA
SUL
ZONA
NORTE
ZONA
OESTE
SENSAÇÃO
TÉRMICA/RIO
PROBABILIDADE
DE CHUVA
Boa Vista 25°/ 29° 24°/ 32° Domingo de Páscoa com Chance de pouca chuva Bom Jesus do 27°
25°/ 32° Natal
temporais no ES, MA, PI, CE apenas no litoral norte do RJ. Itabapoana 20° HOJE 22°/27° 21°/29° 21°/29° 21°/30° Baixa
São Luís 24°/ 30°
Belém e no interior do Nordeste. Dia de sol e tempo firme em 29°
AMANHÃ 21°/29° 20°/31° 20°/31° 21°/32° Baixa
Manaus 24°/ 30° João Itaperuna NORTE São Francisco 28°
26°/ 31°
24°/ 31° Chove forte no AM, RR, AP e todas as demais áreas do 20°
de Itabapoana 22°
Pessoa Santo Antônio 28° TERÇA 22°/31° 21°/33° 21°/33° 21°/34° Baixa
24°/ 30° no AC. Pouca chuva no Sul estado, com temperaturas de Pádua 20°
Porto Velho
24°/ 32°
Teresina Recife e tempo firme em SP, PR e elevadas à tarde. 29° São João 28° QUARTA 24°/27° 23°/29° 23°/29° 23°/30° Alta
24°/ 32° sul de MG. São Fidélis 29° da Barra 21°
24°/ 30° 21° Campos
Rio Branco Palmas Maceió
22° QUINTA 24°/28° 23°/30° 23°/30° 23°/31° Alta
24°/ 34° Santa Maria 26°
23°/ 30° 24°/ 30°
29° Paraíba SERRANA Madalena 16° SEXTA 24°/28° 23°/30° 23°/30° 23°/31° Baixa
Brasília Salvador Aracaju 20° do Sul Nova 22°
Cuiabá Friburgo 15°
23°/ 32° 19°/ 28° 26°/ 31° 25°/ 30° 23° Visconde 27°
26°
Teresópolis
SÁBADO 23°/29° 22°/31° 22°/31° 22°/31° Baixa
Valença 29°
Vitória 15° de Mauá 17° Casimiro 30° Macaé
Campo Grande 20° 22°
23°/ 29° 28° Volta de Abreu 22°
23°/ 32° 28° 20° Redonda Barra 30° Cachoeiras Rio das 29°
Belo Horizonte Resende Petrópolis de Macacu
20° do Piraí 21° Ostras 22°
18°/ 29° 28° Barra 25° 28° Silva Jardim
Goiânia
20° Mansa 29° Duque 16° 29° 27° Praias - Impróprias: Ondas - Ondas: 0,5 metros. Ventos - Vento: Rajadas
21°/ 30° Rio de Janeiro SUL 20° Búzios
21°/ 29° 23° de Caxias LAGOS 23° 21° Arpoador, Botafogo, Ondulação de leste-sudeste. variando de 40 a 50 km/h.
29°
29° Araruama
27° Flamengo, Leblon, São Melhores locais: Arpoador,
São Paulo Mangaratiba 29° Rio de 22° Cabo Frio
23°
21°
Janeiro Niterói
Maricá Saquarema 21° Conrado e Vidigal. Macumba e Prainha.
18°/ 29° Angra 27°
29° 29° 28°
dos Reis METROPOLITANA 23°
Porto Alegre Florianópolis Curitiba 23° 22° 22° informações: Inea informações: Ricosurf
28°
20°/ 31° 22°/ 30° 17°/ 29° Paraty
22°

GABRIEL DE PAIVA
CAMILA ARAUJO E ao crescimento e à expansão
FELIPE GRINBERG
granderio@oglobo.com.br da empresa no Brasil.
-
—Na Itália, após um im-

A Reforma Tributária pro-

mulgada no fim do ano
passado abriu caminho para
posto como este, vimos uma
queda de 90% na demanda
por embarcações, o que fez
os estados estenderem a co- quebrarpraticamentetodos
brança do Imposto sobre a os estaleiros que trabalha-
Propriedade de Veículos Au- vam com o mercado nacio-
tomotores (IPVA) a embarca- nal. Depois, a taxação foi
çõeseaeronaves.Opercentu- cancelada, mas já era tarde
al que consta no projeto de lei —conta Francesco Caputo,
previsto para ser votado na CEO da Azimut.
AssembleiaLegislativadoRio Dados da Capitania dos
(Alerj) ainda no primeiro se- Portos mostram que o Esta-
mestre é de 4% sobre o valor do do Rio de Janeiro tem
do bem. E, se for aprovado, o mais de 110 mil embarca-
novo tributo deverá injetar ções registradas, sendo 34
nos cofres estadual e munici- mil lanchas, 8,6 mil jet skis,
pais R$600 milhões por ano. 6,6 mil veleiros e 214 iates.
A proposta é de autoria do Já de acordo com a Agência
deputado estadual Luiz Paulo Nacional de Aviação Civil,
(PSD)ejápassoupelaComis- estão registradas e autoriza-
são de Constituição e Justiça das 789 aeronaves.
(CCJ)daCasa.Oparlamentar
pediu urgência na tramita- MUDANÇANO RATEIO
ção. Se sancionado até o fim O texto que tramita na Alerj
de setembro, o novo imposto segue o que está na Reforma
já poderá entrar em vigor em Tributária, que alterou a
2025. Mas, antes disso, preci- Constituição Federal sobre a
sapassarporduasvotaçõesno Gasto à vista. Embarcações na Marina da Glória, que poderão ter que pagar IPVA: se aprovado, imposto terá alíquotas de acordo com o combustível utilizado divisão das receitas de IPVA
plenário; se deputados apre- entre estados e municípios.
sentarem emendas ao proje-
to, ele retornará à CCJ.
De acordo com o projeto, IPVA na água e no ar: —Há embarcações e aviões
zeroquilômetroeusados.Para
os novos, é possível aplicar o
Parte do novo imposto vai pa-
ra a cidade de residência do
dono do veículo e não para

imposto entra em
haverá isenções. No setor aé- imposto em cima do valor que onde o bem foi registrado, co-
reo, não vão pagar o imposto estánanotafiscal.Mas,paraos mo no caso de carros, motos e
os donos de aeronaves usadas usados, não temos a tabela Fi- caminhões. Prefeituras e go-
ematividadesagrícolasenem pe, como os carros. É um pro- vernos estaduais rateiam

debate na Alerj
aqueles que prestam serviços jeto pioneiro que pode servir meio a meio o arrecadado.
aterceiros,aexemplodecom- de balizamento a outros esta- O administrador João Mel-
panhias e táxis aéreos. Já para dos. É uma justiça fiscal. Se lo Lauer pilota aeronaves há
osetornaval,embarcaçõesde uma pessoa que tem um carro dez anos. Hoje, com um ul-
pessoa jurídica com autoriza- para trabalhar paga IPVA, traleve do modelo Vans
ção para prestar serviços de Cobrança sobre embarcações e aeronaves particulares quem tem avião executivo e RV-14A,avaliadoemR$1mi-
transporte aquaviário, barcos barco de lazer tem que pagar lhão, ele aguarda a decisão fi-
de pesca artesanal ou indus- pode render R$600 milhões ao ano a estado e municípios também—dizLuizPaulo. nal sobre a cobrança:
trial e plataformas marítimas Para o professor de Direito —As coisas têm de ter um
(como as de petróleo) vão fi- Tributário da FGV Rio Gusta- preço de tributo. Se disserem
car livres da cobrança. vo Fossati, o estado deveria que tem de pagar, a gente vai
aguardar a votação de uma lei pagar,mascabeaosórgãosde-
AINDANÃO EXISTE TABELA PROPOSTA DE TAXAÇÃO complementarfederalquede- finirem o que deve ser feito.
Para carros, motos e cami- ARRECADAÇÃO PREVISTA ve acontecer ainda neste pri- Presidente do Sindicato dos
nhões, a alíquota do IPVA va- meiro semestre no Congresso Auditores-Fiscais da Receita
ria de acordo com o tipo de NO
PAÍS
NO ESTADO
DO RIO
Nacional. O Ministério da Fa- Federal (Sindifisco Nacional),
veículo. Automóveis de pas- R$ 10,4 R$ 600 zenda deve enviar o projeto Isac Moreno Falcão Santos
seio, por exemplo, pagam 4% bilhões milhões Sendo R$ 80 milhões E R$ 520 milhões em abril. Nesta regulamenta- alerta que os governos preci-
do seu valor, e as motocicle- com aeronaves de uso privado com embarcações ção, explica, o ideal seria ter sam redobrar a atenção para
tas, 2%. No projeto da Alerj, discriminado qual tabela será evitar tentativas de fraude a
EMBARCAÇÕES REGISTRADAS Total
para os setores aéreo e náuti- NO ESTADO DO RIO 110.268 usada para avaliar os veículos partirdanovalei:
co, a diferença da alíquota se- emtodoopaís. — É preciso se preocupar
rá apenas de acordo com o Lancha Bote Moto Veleiro Canoa Pesqueiro Escuna Iate Jet boat — Caso o Congresso se quanto à fiscalização. Com a
combustívelutilizado.Apro- aquática mostre inerte, a Constitui- lei, não se deseja que alguém
posta prevê que aviões e bar- ção prevê que os estados po- crie uma pessoa jurídica para
cos que usem combustíveis dem legislar para não serem fazer um táxi aéreo para si
fósseis paguem 4% de seu va- prejudicados. Mas seria in- mesmo. Esse tipo de desvio
lor. Aqueles movidos a ener- teressante ter essa padroni- precisa ser combatido.
gia renovável seriam taxados 3.004 2.406 463 214 53
zação tributária —explica. Duranteapandemia,omer-
em 3% por ano. Nos próximos meses, um cado náutico no país registrou
O percentual, segundo a 34.216 19.606 8.693 6.684 veleirodeR$4,5milhõesdeve um expressivo aumento, so-
Associação de Construtores atracar no Iate Clube do Rio, bretudo,nabuscadeembarca-
de Barcos (Acobar), deveria naUrca.Obarcofoiproduzido ções maiores, como iates. Di-
ser calculado segundo a po- peloestaleiroMagmaIates,do retora da Boat Show, Thalita
tência do barco e não pelo carioca Ricardo Carvalho. Pa- Vicentini explica que a ten-
tamanho. A entidade tem AERONAVES REGISTRADAS IPVA DE VEÍCULOS ra ele, a cobrança pode impac- dência é que o mercado se es-
participado de reuniões pa- NO ESTADO DO RIO TERRESTRES NO RIO tar os negócios e a cadeia eco- tabilize este ano, já que deve
ra discutir o tema. 789 Arrecadação nômicadaatividade. reaquecer a busca por barcos
prevista em 2024
—A gente está trabalhando comerciais e
Veículos fabricados —Cada barco gera mais de de menor porte. Ela ainda de-
particulares R$ 4,4 bilhões
pela cobrança justa. Um bar- a partir de 2009 cinco empregos diretos. Cer- monstra preocupação com a
Arrecadação em 2023 emplacados no RJ
co de 30 pés, com apenas um tamentevaiimpactaraindús- possível criação do imposto
motor movido a gasolina, não R$ 4,2 bilhões 3.840.061 tria náutica; provavelmente paraosetor:
pode pagar o mesmo valor Fonte: Detran/RJ, Anac, Capitania dos Portos, Sindifisco Nacional e Gabinete do deputado Luiz Paulo (PSD) EDITORIA DE ARTE aspessoasvãoevitarcomprar. — Taxação em qualquer
que um com dois motores a Não vejo nexo — diz Carva- segmento é um freio. É um
diesel e cabines com ar-con- avalia Eduardo Colunna, pre- 15 anos de fabricação, o proje- vado, o texto precisará ser re- lho, CEO da empresa. valor a somar no momento
dicionado. Cobrando da ma- sidente da Acobar. to define que só não pagarão o gulamentado pelo governo es- Diante da possibilidade do da escolha do produto e pode
neira correta, ninguém vai se Outra diferença é que, en- IPVA as embarcações com tadual, que terá que definir a novo imposto, a italiana Azi- refletir no segmento, sobre-
negar a pagar e não vai gerar quanto carros e motos são maisde30anoseasaeronaves tabela de estimativa do valor mut Yatchs congelou parte tudo, no de maior valor agre-
prejuízos para a atividade — isentos do imposto ao atingir com 50 anos ou mais. Se apro- doveículoqueseráusada. dos investimentos dedicados gado, que terá maior custo.
OGLOBO | Domingo 31.3.2024 INÊS
Rio | 249
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Prisão de Brazão
Percebe-se no Brasil um
forte aparato de proteção,
blindagem e corporativismo
aos representantes
parlamentares no país. Na
Câmara Federal, três deputados
pediram vistas sobre a
manutenção da prisão de um
parlamentar, alegando na CCJ
a pressa para avaliar o fato.
Entretanto, o assassinato
implicado ao deputado
completou seis anos, com
muitas dificuldades na
investigação. Há outros casos,
como o de uma deputada
estadual do Rio, que retornou
aos trabalhos legislativos
mesmo tendo sido presa e
implicada em ações de
favorecimento a grupos
milicianos, em uma volta que foi
referendada pelos colegas
parlamentares. Ou seja, a
representação legislativa
posta-se de costas para
a população e afeita aos
interesses particulares,
mesmo aqueles fora da lei.
Difícil situação.
JOSÉ ROBERTO DE SOUZA AGUIAR
RIO
_
No editorial deste sábado
(“Câmara tem de referendar
prisão de Chiquinho Brazão”),
O GLOBO informa que a análise
da Comissão de Constituição e
Justiça da Câmara acabou
adiada por pedidos de vista dos
deputados Gilson Marques
(Novo-SC), Fausto Pinato
(PP-SP) e Roberto Duarte
(Republicanos-AC) que,
supostamente, não acreditam
na periculosidade e no
envolvimento do colega
Chiquinho Brazão com a milícia
e com o crime cometido contra
a vereadora Marielle Franco
e o seu motorista (Anderson
Gomes). Os citados
parlamentares poderiam fazer
muito mais do que um simples
pedido de vista, que se resume
à leitura dos autos no conforto
dos seus gabinetes: saiam da
segurança do Congresso e
venham passar alguns dias em
visita a Muzema, Rio das
Pedras, Praça Seca ou Cidade
de Deus para conhecer os
domínios do colega preso —
preferivelmente sem
seguranças e carros blindados!
ALBERTO CAVALCANTI
RIO
_
Depois de seis anos e muitos
empecilhos, chegou-se aos
mandantes do assassinato
de Marielle: os Brazão.
Determinada a prisão dos
meliantes pelo STF, aguarda-se
que a Câmara “autorize“
manter a detenção. Isso é uma
aberração e, pior, os elementos
daquela Casa, muitos do
mesmo quilate desses homens,
ainda têm a pachorra de criar
entraves para autorizar essa
prisão. Isso é o Brasil,
terra sem lei.
WILTON RIBEIRO GOMES
MARICÁ, RJ
Foro privilegiado
Os ministros do STF, numa
atitude digna de louvor, querem
acabar com a impunidade que
acontece muitas vezes quando
o processo do acusado muda
de instância pela mudança de
cargo, o que resulta recomeçar
tudo do zero. Para isso, eles
propõem “ampliar o alcance do
foro privilegiado”. Com a devida
vênia, senhores ministros, o
melhor mesmo seria acabar de
vez com esse malfadado foro
privilegiado, restringindo-o
somente ao Presidente da
República.
FLÁVIO COUTINHO
RIO
Nunca mais
Passadas seis décadas do golpe
militar que durante mais de
duas décadas dominou o poder
entre nós, é preciso refletir
sobre as causas e efeitos nesse
momento histórico complicado
que vivemos. Aquele período
tenebroso foi o segundo
vivenciado em nossa história
republicana, posto que nos
anos 30 a 45 do século passado
tivemos um similar período
ditatorial da era Vargas. Embora
tenhamos tido, nesse dois
períodos, avanços na economia,
precisamos ter consciência
que tais ditaduras foram
responsáveis por grandes
problemas, cujos efeitos
danosos até agora ainda
vivenciamos. Por tudo isso,
temos de ter consciência
que ditadura nunca mais.
JOSÉ DE ANCHIETA NOBRE DE
ALMEIDA
RIO
_
Assim como óleo e água,
revolução e democracia não se
misturam com golpe de Estado e
ditadura; são coisas
absolutamente distintas que se
repelem. Colocado à parte o
sectarismo, fatos históricos
incontestes registram que nas
décadas de 60 e 70 presidentes
de países latino-americanos
foram depostos manu militari
sob o pretexto de defender a...
democracia (?). Em seguida, os
presidentes depostos foram
substituídos por militares
golpistas que, mantidos
autocraticamente no poder
por anos (no Brasil, 21 anos!),
cercearam a liberdade de
manifestação, prenderam
arbitrariamente, e
institucionalizaram a tortura e
o assassinato de presos políticos
colocados sob a tutela do
Estado, como acontece
nas ditaduras. Ora,os
acontecimentos aqui delineados
não representam opiniões
pessoais, são fatos históricos
explícitos e inconfundíveis: golpe
de Estado não se confunde com
revolução, e ditadura com
democracia. Parlamentares e
militares autocratas insultam
nossa Constituição distorcendo
fatos históricos.
VLADIMIR MOREYRA DUARTE
MIGUEL PEREIRA, RJ
Melhor amigo
Li a história de amor do leitor
Victor Hugo Abril, “Encontro
de almas”, sobre o seu
relacionamento com uma
pessoa que conheceu pela
internet e que, quando o
encontrou pela primeira vez
pessoalmente, em sua
casa, o seu cachorro Simba,
um Chow Chow um pouco
desconfiado e antissocial,
abanou o rabo de alegria,
concordando com o
relacionamento que perdurou
por muito tempo.
Desta forma, temos que
reconhecer a habilidade dos
cães de ler o comportamento
humano com precisão. No
mesmo jornal, li também a
matéria que ressalta o quanto
os cachorros são treinados para
farejar ”flashback” de trauma
em pacientes, conseguindo
detectar minutos antes
quadros médicos como uma
convulsão iminente ou
hipoglicemia repentina.
No mesmo dia, tomei
conhecimento pela mídia, que
um cão da polícia de SP, com o
seu faro, detectou em uma casa
abandonada uma tonelada de
drogas. Diante desses fatos,
podemos dizer que os
cachorros foram criados por
Deus para melhorar os
humanos. Portanto, é uma
covardia maltratar esses seres.
JOÃO CARLOS DA CUNHA
RIO
Crise dos hospitais
Sou médico em Goiânia e hoje
estou aposentado do serviço
público, depois de 37 anos de
labor. Sobre a crise dos
hospitais (no Rio), não será a
mudança de diretoria e a
compra ou recuperação de
equipamentos que irá fazer a
fila andar. Hospital federal só
funciona com residência
médica, é complexo e, devido a
isso, a produtividade é
pequena. A solução para esta
fila enorme à espera de uma
cirurgia eletiva é comprar
pacotes junto à rede privada e a
fila, num prazo de um a dois
anos, vai estar zerada.
Lembrete: hospital público é
para casos gravíssimos e para
formação de especialistas.
Sem querer ser mais um sábio
de plantão, não venham junto
com o ôba ôba de governo
de reinventar a roda. ..
JOSÉ TAVARES DE MORAIS FILHO
GOIÂNIA, GO
Rua da Cerveja
Há alguns anos, um banco
comprou quase um lado
inteiro da Rua da Carioca,
subindo o preço dos aluguéis
de maneira abusiva, o que
provocou o fechamento de
dezenas de lojas, muitas já
centenárias, dando início a um
processo agressivo de
decadência da via inteira. Na
época, o então prefeito, hoje
atual prefeito, protestou e até
ameaçou a instituição
financeira com a expropriação
dos imóveis. Passados os
anos, a mesma prefeitura
desvirtua o uso da rua,
transformando-a numa
“monocultura comercial”, e, o
mais impressionante, dando
incentivos para que o mesmo
banco que destruiu a rua
fature, alugando os imóveis
que fez questão de manter
fechados por quase uma
década em profunda
decadência e abandono,
quase em ruína. Me
desculpem os empolgados,
mas isso, em termos de
moralidade administrativa,
tem cara é
de scotch paraguaio.
ANDRÉ DECOURT DE A. COSTA
RIO
Feliz Páscoa
Os coelhinhos estão saindo
da toca. Afinal de contas, hoje
é um dia especial. A festa
cristã homenageando a
ressurreição de Cristo. Mesas
prontas, famílias reunidas
festejando em tantos lares.
Um exemplo de união e
fraternidade. Que o mundo,
pelo menos nesta data,
também adote esse caminho,
assuma essa postura. Que ela
seja sempre a portadora de
uma mensagem de luz e de
emoção, digna dos maiores
guerreiros, para que
possamos encontrar as
portas bem abertas e um
novo céu azul colorido de
amor e paz. E assim
consigamos fazer um Brasil
diferente, um país muito
melhor, crescendo nos
amanheceres do tempo. Ser
copiado e respeitado em cada
canto desse planeta.
Guardado e venerado em
todos os corações, por todas
as gerações que dele
honradamente fazem parte.
Feliz Páscoa a todos nós.
ANA LUÍSA DAMASO ALVES
RIO
_
Talvez a festa da Páscoa não
tenha, para nós, o mesmo
apelo afetivo que o Natal, por
exemplo. Mas, na Páscoa, não
estamos celebrando uma
lembrança, algo que já se foi
e que procuramos não
esquecer. Na Páscoa temos o
que vivemos todo o dia, se é
que somos cristãos. Vivemos,
festejamos, saboreamos a
presença de Jesus entre nós.
Alegremo-nos com sua
presença, com sua atenção,
pela companhia que nos faz.
Olhamos para Ele, o que vive
entre nós e nos faz viver, e
tudo se torna mais claro e
mais simples. Não lemos
suas palavras, mas ouvimos
sua voz e escutamos o que
nos diz. Páscoa é vida, é
presença, esperança e
certeza. Porque Jesus
ressuscitou e está de pé, tudo
é novo para nós, tudo é
possível, tudo está garantido.
Feliz Páscoa para nós!
JOSÉ RIBAMAR PINHEIRO FILHO
BRASÍLIA, DF

HÁ 50 ANOS
EXCLUSIVO PARA ASSINANTES Governo busca controle da inflação
CONSULTE CONDIÇÕES DAOFERTANO SITE CLUBEOGLOBO.COM.BR 31/3/1974

Show para celebrar a Vinhos para brindar Moda íntima dedicada

trajetória de Moacyr Luz
50%
desconto
O cantor e com-
positor Moacyr Luz
se apresentará quarta-
feira na EcoVilla Ri-
Happy,no Jardim Botâ-
nico,em uma comemo-
ração de seus 45 anos
de carreira musical.
Aapresentação deve
ser levada futuramente
a outras cidades do
país,mas,por enquan-
to,é “exclusiva”do Rio:
MARLUCI MARTINS/DIVULGAÇÃO
assinante O GLOBO,
aliás,compra ingres-
sos antecipadamen-
te pela metade do
preço.No palco,
“Moa”cantará as
canções que marca-
ram a trajetória,
conta casos que
viveu nessas quatro
décadas e meia,e
homenageia parcei-
ros de trabalho,como
Aldir Blanc.Confira
os detalhes comple-
tos da oferta em
nosso site.
o feriado de Páscoa
20%
desconto
Parceira do Clu-
be, a Lovin’Wine foi
criada em Porto Alegre
para disseminar pelo
Brasil a proposta de
servir vinhos enlata-
dos, em substituição à
tradição das garrafas.
A modalidade permite
a alta qualidade da
bebida, com manuseio
descomplicado ao
consumidor, e ainda
ao cotidiano masculino
DIVULGAÇÃO
abre uma janela
para que eles te-
nham experiências
mais agradáveis e
completas. A em-
presa oferece pro-
dutos tintos, bran-
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mante. Assinante
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DIVULGAÇÃO
em casa, no traba-
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mas masculinas deter- esportivas), bem queogovernoiniciaráamanhãrigorosocontrole
minada a oferecer aos como nos momen- dainflação,queapresentouelevadastaxasde
homens uma confortá- tos e espaços de crescimentonostrêsprimeirosmesesdoano.
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brar, esquentar ou sair mais da oferta em afirmouaindaque,emboranãosedevamfazer
do lugar durante o uso. nosso site e se pre- previsõesparaesteanoantesdejunho,ainflação
O objetivo é fazer parte pare para vestir. noperíodoseráinferiora23%esuperiora13%.
32 |
Esportes
VITOR SETA
vitor.seta@extra.inf.br
-
Ena mdurante
uma das entrevistas
o final de sema-
do All-Star Game da
NBA, em fevereiro, LeBron
James foi perguntado, entre
outros assuntos, sobre que
jogadorespoderiamserofu-
turo da liga assim que ele
deixasse as quadras. O astro
do Los Angeles Lakers, de
39 anos, apontou dois no-
mes bem específicos: os ar-
madores Shai Gilgeous-Ale-
xander (25 anos) e Anthony
Edwards (22), de Oklaho-
ma City Thunder e Minne-
sota Timberwolves. Não é
coincidência que, na reta fi-
nal da temporada regular da
NBA, os dois liderem duas
das equipes mais fortes que
rumam aos playoffs, a fase
mata-mata da liga.
—Acredito que esses são
dois dos caras que podem
carregar a tocha depois que
eu, Steph (Curry) e Durant
pararmos. Esses garotos são
incríveis, fico ansioso para
vê-los mostrar do que são
capazes —disse o astro.
A duas semanas do fim da
temporada regular, marcado
paraodia14deabril,oThun-
dereosTimberwolvesdispu-
tam o topo da Conferência
Oeste com o Denver Nug-
gets,atualcampeão,jogoajo-
go. As três equipes ultrapas-
saram as 50 vitórias e estão
praticamente garantidas na
pós-temporada, seguidas um
pouco mais de longe por Los
Angeles Clippers, New Orle-
ans Pelicans, Dallas Mave-
ricks e Phoenix Suns, que es-
tão mais perto do embolado
cenário entre as últimas va-
gas para os playoffs e as vagas
do play-in (a “repescagem”).
O grande desempenho do
trio de líderes se reflete na bri-
ga pelo prêmio de MVP (me-
lhor jogador) da temporada.
Na última atualização da “cor-
rida”, a lista de favoritos pelo
prêmio, a NBA apresenta
NikolaJokic(26,1pontos,12,2
rebotes e 8,9 assistências),
principal jogador dos Nuggets
e atual MVP das finais, e Shai
(30,4pontos,6,3assistênciase
4,6 rebotes) como primeiro e
terceirocolocadosdoranking.
Em segundo aparece o craque
Luka Doncic, dono da maior
pontuação em um único jogo
nestatemporada(73pontos)e
atualcestinhadaliga.Edwards
(26,2pontos,5,2assistênciase
Empate com
gosto distinto
no Mineiro
FOTO: CRUZEIRO/DIVULGAÇÃO
Em clássico emocionante
na Arena MRV,o Cruzeiro
marcou um gol aos 50
minutos do segundo tempo,
empatou em 2 a 2 após sair
perdendo de 2 a 0 e mante-
ve a vantagem do empate
na decisão do Campeonato
Mineiro.No próximo fim de
semana,no Mineirão,um
empate basta para o time
celeste ser campeão em
cima do Galo,que estreou o
técnico Diego Milito.De
quebra,com o resultado,a
Raposa manteve o tabu:
nunca perdeu um clássico
na nova casa do rival.Agora,
são duas vitórias e um
empate.Bruno Fuchs e Hulk
marcaram para o Atlético-
MG,ainda no primeiro
tempo.Jamerson (contra) e
Dinenno descontaram na
etapa final.
INÊS
Domingo 31.3.2024
249
| OGLOBO
ALEMANHA PARA
ACESSAR
Ameaça antes de Bayern x Borussia APONTE
O CELULAR
PARA
NA WEB Estado Islâmico deixou polícia de Munique de sobreaviso antes do clássico O QR CODE
Reta final da NBA tem 5,5 rebotes) não aparece no
top 10, mas tem ganhado cada
vezmaisadmiradores.
garotada em evidência e
—Se Minnesota terminar
no topo do Leste sem Karl-
Anthony Towns (com lesão
nomeniscodojoelhoesquer-
favoritismo em Boston
do) por pelo menos um mês,
ele pode ser o MVP —defen-
deu Charles Barkley, ex-joga-
dor e atual comentarista da
TNT no início do mês.
Celtics garantem classificação antecipada em temporada também marcada
FAVORITISMO NO LESTE
por times intensos e liderados por craques da nova geração no Oeste Sem Towns, pivô referência
dos Wolves, Edwards tem li-
derado um ataque mais
rápido e letal do perímetro.
A RETA FINAL DA TEMPORADA REGULAR DA NBA A intensidade para atacar e
Liga tem favorito já classificado no Leste e briga acirrada no Oeste
defender também tem sido
amarcadoThunderdeShai,
CONFERÊNCIA CONFERÊNCIA um time com média de ape-
nas 22,6 anos de idade no
LESTE OESTE seu quinteto mais utilizado.
Numa Conferência Oeste
em que Los Angeles Lakers e
Golden State Warriors cor-
rem risco de ficar de fora da
Boston pós-temporada, é a juventu-
Classificado Celtics de quem dá as cartas.
Muito perto dos playoffs
Dooutroladodaliga,oBos-
ton Celtics vive uma tempo-
rada de sonhos. Na última ja-
nela de transferências, a fran-
quiafoiagressivaeresolveuas
Milwaukee Cleveland New York Minnesota Oklahoma Denver lacunas do elenco com o ar-
Bucks Cavaliers Knicks Timberwolves City Thunder Nuggets mador Jrue Holiday e com o
pivô Kristaps Porzingis, dois
Brigam pelas últimas vagas atletas dominantes em seus
fundamentos em quadra. O
armador Jayson Tatum (27,3
pontos, 4,9 assistências e 7,3
rebotes) lidera tecnicamente
a equipe numa temporada de
Orlando Indiana Miami Philadelphia Los Angeles New Orleans Dallas Phoenix
classificação antecipada, ga-
Magic Pacers Heat Sixers Clippers Pelicans Mavericks Suns
rantida no último dia 15.
No Leste, equipes jovens e
organizadas como o Cleve-
land Cavaliers e o Orlando
Magic disputam as vagas
Sacramento Los Angeles mais altas contra os competi-
Kings Lakers tivos Milwaukee Bucks e
NewYorkKnicks,deGiannis
Próximos do play-in Antetokounmpo e Jalen
Brunson,masagrandehistó-
riaserámesmoobservarseos
Celtics sairão do “quase”.
Nas últimas cinco tempo-
radas, a franquia de Boston
Chicago Golden State
Bulls Warriors
chegou às finais de conferên-
cia duas vezes e às finais da li-
ga uma vez, mas não conse-
guiu o fator decisivo quando
foinecessário.Natemporada
passada, quando foi a nova
Atl
Atlanta Houston decisão do Leste, acabou
Hawks
Ha Rockets caindo para o Miami Heat.
Os atuais vice-campeões da
Jayson Anthony NBA, por sinal, estão perto
Tatum Edwards
(BOSTON (MINNESOTA de ficarem apenas com vaga
CELTICS) TIMBERWOLVES) no play-in. (Números da re-
* Dados até o fechamento desta edição EDITORIA DE ARTE portagem até o fechamento
desta edilção).
OGLOBO | Domingo 31.3.2024 INÊS | 249
Esportes 33

MARCELO umahoraantesdoiníciodapartida.Ovalor,
ainda não divulgado, certamente não che-
BARRETO gará perto dos 14 milhões de euros pagos à
Fiorentina por Pedro. Mas foi o timing da
contratação que provocou mais reações: fe-
char o negócio na véspera de uma decisão
seria uma forma de desestabilizar o jogador
esporteglb@oglobo.com.br ou de acuar o adversário?
ONovaIguaçuéumclubepequeno.Deuns
tempos para cá, vocês da imprensa inventa-
Do conto de fadas ram uma cautela com esse termo. Mas não se
trata de diminuir ninguém. Um clube é pe-
cedeu o mando de campo, como fizera com o
Vasco, porque não tem uma torcida capaz de
encher um estádio; foi buscar no Maracanã
um título inédito que para o adversário é ba-
nal;ecomumelencocujafolhadepagamento
equivale ao salário de um ou outro jogador ru-
bro-negro, como o já citado Pedro, que fez
também o segundo gol e a jogada do terceiro,
contra. Uma combinação mais do que sufici-
enteparadaraoFlamen-
O Nova Iguaçu é go uma vantagem quase
um clube pequeno. impossível de tirar.
futuro clube, na semifinal do Campeonato
Paulista, defendendo o Novorizontino. Mas
tudo isso é olhar sob o ponto de vista de quem
detém o poder financeiro, e todo contrato
tem pelo menos duas assinaturas.
O Nova Iguaçu precisa vender. Depois do
Estadual, vai disputar a Série D, e qualquer
competição nacional exige um nível de in-
vestimento que um time pequeno não atin-
ge com seus próprios recursos. E Carlinhos,
obviamente, quer sair. O depoimento que o
jogador deu ao repórter Davi Ferreira, no

à vida real
queno no tamanho da torcida, e não no amor De uns tempos Carlinhos, portanto, GLOBO, dá a dimensão humana —tão fácil
que seus poucos torcedores sentem por ele; para cá, vocês da não precisaria entrar na de esquecer no ambiente competitivo do
nonúmeroenaimportânciadesuasconquis- imprensa conta. Sobre o momen- futebol —à negociação. Aos 27 anos, depois
tas,enãonoempenhoounavontadedeobtê- inventaram uma to de fechar o negócio, o de viver um drama familiar que chegou a in-
las; e no dinheiro que arrecada, e não no uso cautela com esse Flamengo pode alegar terromper sua carreira por um ano, ele vai

L evou 19 minutos para que as diferenças

entre Flamengo e Nova Iguaçu se trans-
formassem em gol na final do Estadual,
num pênalti cobrado por um dos centroa-
vantes rubro-negros em campo. O outro
ainda vestia laranja —Carlinhos foi anunci-
ado como reforço pelo vice de futebol Mar-
cos Braz à beira do gramado do Maracanã,
que faz dele. Chegar a uma decisão contra o
grande, popular, vitorioso e rico Flamengo já
foi uma façanha. E vencer seria—já uso na
condicional, pela força dos 3 a 0, outro termo
que a gente parece ter se sentido obrigado a
evitar—zebra.
Todas essas diferenças já entraram em cam-
po no primeiro jogo da final. O Nova Iguaçu
termo. Mas não se que enfrentava a con-
trata de diminuir corrência de outros
grandes,comoAtlético-
MG e Vasco, e precisava agir depressa. Além
disso, a janela que permitiu a contratação se
fecha com o fim dos Estaduais. Nesta tempo-
rada, já houve pelo menos um caso seme-
lhante: Rômulo enfrentou o Palmeiras, seu
ter uma chance que pensava ter jogado fora
para sempre depois de um início tão pro-
missor quanto irresponsável.
A carruagem do Nova Iguaçu já come-
çou a virar laranja no conto de fadas do Es-
tadual. Mas a vida real continua, com no-
vos desafios para o time e seu quase ex-
centroavante.

Botafogo faz penúltimo ensaio para novo treinador

Goleada por 4 a 0 no primeiro jogo tranquiliza segundo jogo da final da Taça Rio, que pode ter vola de Jeffinho.
Artur Jorge é esperado na terça-feira, quando deve acompanhar de perto os titulares e estreia na Libertadores

VITOR SILVA/BOTAFOGO
os laterais. Por lá, traba-
lhou com atletas que alia-
vam essa boa movimenta-
ção com a alta capacidade à
frente do gol. Banza, arti-
lheiro do time na atual
temporada (21 gols e 5 as-
sistências), é um exemplo.

LATERAIS IMPORTANTES
Esse papel de buscar a tabela
mais afastado do ponto de re-
ferência já foi testado com Ti-
quinho, com bons e maus re-
sultados.Ocamisa9sabefazer
a função e já distribuiu quatro
assistênciasnatemporada.
O período do ofensivo Fa-
bio Matias à frente do time,
todavia, fez Júnior Santos
crescer ainda mais como
protagonista em participa-
ções em gols no ataque. São
13 tentos e duas assistências
do camisa 11 em 16 jogos.
Últimas orientações. Os jogadores do Botafogo no treino ouvem as orientações do interino Fábio Matias, que dirige o time hoje e contra o Junior, na quarta Para além dos números, a
capacidade do atleta de 29
VITOR SETA
vitor.seta@extra.inf.br
importantíssimo, contra o atletas e a gente tem conse- tilidade na tomada de deci- de promover corridas ofen-
-
Junior Barranquilla-COL, guido fazer isso bem. Mas são: Ricardo Horta, Simon sivas e abrir espaços para os
pela estreia na fase de gru- vamos planejar com calma e Banza, Vitinha, Abel Ruíz e meias e laterais atacarem

C om a chegada de Artur
Jorge, novo técnico, es-
perada para terça-feira, não
poderia haver cenário me-
lhor para os próximos dias
do Botafogo. Hoje, às
18h30, o alvinegro recebe o
Boavista no Nilton Santos
pelo segundo jogo da final
da Taça Rio, jogo que, por
conta da goleada por 4 a 0 na
ida, promete um cenário de
certa tranquilidade para co-
locar em campo alguns atle-
tas que precisam de ritmo
de jogo e outros que retor-
nam de lesão. Três dias de-
pois, já com o comandante
português no Rio, os titula-
res “se apresentam” em jogo
pos da Libertadores.
Para levar a decisão —que
vale, além do título simbóli-
co, a vaga para a Copa do
Brasil 2025 —para os pênal-
tis, a equipe de Saquarema
precisa devolver uma golea-
da por quatro gols de dife-
rença, o que deixa o alvine-
gro em uma situação bem
confortável. É possível que
o atacante Jeffinho retorne
ao time para a partida. O go-
leiro John, o meia Patrick de
Paula e o atacante Luiz Hen-
rique também estão perto
de retornar após lesões.
—Nosso planejamento é
dar uma equilibrada na
questão de minutagem dos
consciência. Ainda temos
treinos para organizar me-
lhor as ideias — afirmou o
técnico interino Fabio Ma-
tias após a goleada. Em seu
penúltimo compromisso à
frente da equipe, pode en-
tregar um time com bom
potencialparacrescerainda
mais sob Jorge.
O ataque é um ponto de
atenção para o português,
quenoBragavarioubastante
nas peças que utilizou no úl-
timo terço. Na temporada
passada, o técnico coman-
dou cinco atacantes que ter-
minaram com pelo menos
dez gols marcados, todos
comcaracterísticasdeversa-
Iuri Medeiros. Um sexto, Al-
varo Djaló, marcou cinco. Botafogo
O Botafogo oferece fartas Gatito; Damián
Boavista
André Luiz;
promete ser essencial sob o
novo comandante.
As laterais, que nas últimas
opções no setor, a maioria Suárez, Halter,
Barboza e Hugo
Matheus Ludke,
Sheldon,Gabriel
temporadas foram um proble-
com essa versatilidade. (Marçal); Marlon Almeida,Pablo ma no elenco do alvinegro,
Além de Tiquinho Soares e Freitas, Tchê Tchê Maldini e Alyson; também prometem ser im-
Júnior Santos, a equipe tem e Raí; Júnior William Oliveira, portantes nas duas fases do jo-
Santos, Emerson
nos próprios Jeffinho e Luiz Urso (Jeffinho) e Crystopher
Guilherme;
e Ryan
go: nas recomposição defensi-
Henrique opções de veloci- Tiquinho Soares. Jeffinho e Ma- va,nascorajosassaídasdebola
dade mais agudas, bem co- Técnico: Fabio theus Lucas. dotreinadorportuguêsenojo-
mo o jovem Yarlen e Savari- Matias. Técnico: José goapoiadopelasalas.
Quadros.
no, que jogam mais abertos. O recém-chegado Dami-
Todos serão importantes se Local: Nilton Santos.Horário: 18h30. án Suárez e Marçal, mais ex-
Jorge mantiver suas ideias Árbitro: Yuri Elino Ferreira. perientes,terãosuascapaci-
de jogo. Transmissão: Bandsports e Canal Goat. dades físicas testadas. Para
No time português, os Hugo, mais incisivo no ata-
atacantes alternavam en- que, a chegada do novo trei-
tre a movimentação por nador pode ser a oportuni-
dentro ou a abertura pelos dade de ganhar ainda mais
lados para associações com espaço.

FLUMINENSE VASCO LEANDRO AMORIM/VASCO

ESTADUAIS
Ganso fora da estreia Cruz-maltino vence o Juventude e Grêmio
na Libertadores Voltaço em jogo-treino ficam no empate
O Fluminense não Maracanã,pela se- Em seu segundo que ainda não marcou No primeiro jogo Rildo e Gilberto.
contará com Paulo gunda rodada. A jogo-treino no período em jogos oficiais,fez o da final do Campeonato Com o 0 a 0,a defini-
Henrique Ganso na lesão foi sentida há entre a saída do Campe- segundo após lança- Gaúcho,ontem,Juven- ção fica para o segun-
estreia da Libertadores, 15 dias.Além dele, onato Carioca e o início mento de Praxedes, tude e Grêmio não con- do jogo,na Arena do
quarta-feira,contra o Keno e Marlon esta- do Brasileirão (estreia batendo na saída do seguiram tirar o zero do Grêmio.Apartida
Allianza Lima,na capital rão fora do jogo de contra o Grêmio no dia goleiro. placar no Alfredo Jaco- está marcada para o
peruana.O meia vinha quarta por questões 13 de abril),o Vasco O cruz-maltino não ni,em Caxias do Sul. próximo sábado,às
tratando de uma lesão físicas.Para comple- venceu novamente. divulgou as escalações, Apartida foi faltosa,com 16h30
na panturrilha direita e, tar,o Fluminense Desta vez,o triunfo foi mas o jogo contou com oito cartões amarelos Não há vantagem do
após as últimas avalia- também não contará por 2 a 0 sobre o Volta titulares e reservas do aplicados aos dois times empate,portanto,
ções,o departamento com John Kennedy e Redonda,em São Ja- elenco.Agora,o Vasco somados pelo árbitro persistindo a igual-
médico constatou que Diogo Barbosa,am- nuário. tem novo compromisso, Anderson Daronco. dade,a definição vai
ainda é cedo para ele bos suspensos. O atacante David abriu o também em jogo-treino Agrande atuação da para a disputa de
retornar.Com isso,será Cano,que vem tra- placar batendo de pri- fechado,contra o Améri- tarde foi do goleiro pênaltis.
preparado para estar à tando uma entorse meira na entrada da ca-MG,no próximo final Caíque,do Grêmio,que O Grêmio tenta ser
disposição contra o no joelho direito, área após bola afastada de semana,que fechará evitou boas oportunida- campeão pela sétima
Colo-Colo,dia 9,no deve estar apto. pela defesa.Clayton, a preparação. Na Colina. Clayton marcou o segundo em jogo-treino des do Juventude com vez consecutiva.
 OGLOBO | Domingo 31.3.2024
ESPORTES
esporteglb@oglobo.com.br
PEDRO. Grande nome da primeira partida da final entre Nova Iguaçu e Flamengo ao marcar dois gols e participar do terceiro, ele fez o de número 13 mil do clube e encaminhou a artilharia do Carioca
FÁCIL, FÁCIL
Fla domina Nova Iguaçu, encaminha
taça e até se preserva para terça
RAFAEL OLIVEIRA
rafael.oliveira@extra.inf.br
-
C hega a ser irônico olhar
para trás e lembrar que,
na estreia do Flamengo no
Carioca, Tite chamou o Esta-
dual do Rio de “mais forte do
país”. Pouco mais de dois me-
ses depois, seu time pratica-
mentegarantiuataçaaoven-
ceroNovaIguaçupor3a0no
primeiro jogo da final. O ru-
bro-negro atravessou o cam-
peonato sem encontrar essa
dificuldade.Otécnicoexage-
rou naquela declaração?
Sim. Mas claro que também
teve méritos. Se alguém foi
forte na competição, foi jus-
tamente o seu time.
Uma força liderada por Pe-
dro. O camisa 9 infernizou
zagas ao longo do campeona-
to. Ontem, com mais dois
gols e participação no tercei-
ro, não foi diferente. Chegou
aos 11, abriu três para seu fu-
turo companheiro de time
Carlinhos —que assinou por
três temporadas com o ru-
bro-negro—e caminha para
a segunda artilharia do Cari-
oca na carreira (já fora em
2018, pelo Flu).
O placar magro a favor do
Flamengo na descida para o
intervalo não reflete o que foi
o começo do jogo. O rubro-
negroditouoritmodapartida
e controlou todas as ações. O
Nova Iguaçu que surpreen-
deu com a segunda melhor
campanha do Carioca e que
não se intimidou diante dos
grandes — principalmente
nas semifinais contra o Vasco
—não deu as caras. Foi facil-
mente neutralizado.
O curioso é que a descri-
ção acima dá a impressão de
que o Flamengo massacrou
o adversário. Mas não foi as-
sim (ao menos não no pri-
meiro tempo). A equipe de
Tite optou por jogar num
ritmo não tão intenso. Pro-
vavelmente porque tem
uma viagem para Bogotá, na
Colômbia, já hoje à tarde.
Como precisava de força
máxima tanto na decisão do
Carioca quanto na estreia
na Libertadores (terça, con-
tra o Millonarios), dosar as
energias era o melhor cami-
nho. E deu certo.
O Flamengo nem usou
tanto a sua marcação alta.
INÊS 249
COLUNA FINAL DA TAÇA RIO
DO BARRETO
O conto de fadas Botafogo para
do Nova Iguaçu português ver
PÁGINA 33 PÁGINA 33
ALEXANDRE CASSIANO
0 3
Nova Iguaçu Flamengo
Fabrício, Yan (M. Rossi, Varela, F.
Matias), Gabriel, Bruno, L. Pereira e
S. Raphael (Ro- A. Lucas; Pulgar (I.
nald) e Maicon Jesus), De La Cruz
(Sidney); Albert, (Allan) e Arrasca-
Igor (Fernandi- eta (M.Gonçal-
nho) e Yago; Bill, ves); L. Araújo (V.
Xandinho (Ale- Hugo), Cebolinha
gria) e Carlinhos. (Bruno Henrique)
T: Carlos Vítor. e Pedro. T: Tite.
Gols: 1º tempo: Pedro,aos 19.2º tempo:
Pedro,aos 7; e Ronald (contra),aos 31.
Árbitro: Alex Gomes Stefano.Cartões
amarelos: Albert,Igor Fraga,Varela e
Pulgar.Público pagante: 39.739 pagantes
(43.778 presentes).Renda: R$ 3.853.735.
Local: Maracanã.
Já com a bola nos pés, pro-
curou explorar a largura do
campo para não deixar o
Nova Iguaçu se fechar e gi-
rou a bola com paciência
atrás dos espaços. De La
Cruz e Arrascaeta foram
fundamentais nesta fun-
ção. Um pouco mais à fren-
te, Cebolinha esteve impa-
rável fazendo o facão. Só
não teve a companhia de
Luiz Araújo, que não esta-
va tão inspirado pela direi-
ta. Mas tinha Pedro, atento
a todas as bolas que chega-
vam até ele.
Em grande começo de
temporada, o camisa 9 foi
premiado com o gol de nú-
mero 13 mil do Flamengo.
Mas antes, aos 19 minutos,
marcou o de número 2.999
convertendopênaltisofrido
por Ayrton Lucas.
O gol 13 mil poderia ter sa-
ído ainda no primeiro tem-
po. Quando o goleiro Fabrí-
ALEXANDRE CASSIANO
cio salvou com os pés a con-
clusão de Pedro, aos 41, e
quando o VAR apontou im-
pedimento milimétrico do
centroavante, anulando o
que seria o seu segundo na
partida, já no minuto final
da etapa.
Com Luiz Araújo mais
atento na volta do intervalo,
o time ganhou mais força
ofensiva. E o novo gol não
demorou. Aos 7, Cebolinha
recebeu ótima inversão do
ponta-direita e serviu para
Pedro, livre, empurrar.
O Nova Iguaçu, que no
primeiro tempo só conse-
guiu levar perigo em chutes
deforadaárea,foiaindame-
nos ameaçador no segundo.
Diante de um jogo tão con-
trolado e com a vantagem já
construída, Tite tratou de
promover as substituições
para pôr jogadores para des-
cansar. E ainda assim achou
maisumgol.Natentativade
cortar a jogada de Pedro, Ro-
nald marcou contra, liqui-
Professor em dando sem querer a disputa
alta. Tite acena aos 31 minutos.
para os Domingo que vem, o Fla-
mascotes que mengo que só levou um gol
entraram em no campeonato (com time
campo com a reserva) vai poder perder
camisa do por até dois de diferença pa-
Flamengo ra levantar o troféu pela 38ª
vezemsuahistória.Cenário
melhor, impossível.
MARIA FORTUNA INÊS 249
DIVULGAÇÃO/MARINA VANCINI

mariafortuna@oglobo.com.br
OGLOBO | Domingo 31.3.2024

‘N ão atrapalha o teu pai,

que ele está escreven-
do.” Esta foi a frase que o cine-
SEGUNDO CADERNO segundocaderno@oglobo.com.br
asta José Henrique Fonseca
maisouviuemcasanaadoles-
cência. Filho do escritor Ru-
bem Fonseca (1925-2020) e
da tradutora e escultora Thea
Maud, ele colava os ouvidos
na porta do escritório do pai e
só o que conseguia escutar
eram as músicas de Jorge Ben
e Rolling Stones, que embala-
vam o bater dos dedos do au-
torcontraotecladodamáqui-
na de escrever. Esta lembran-
ça enche o coração do diretor
de uma memória afetiva que
ele revira agora no documen-
tário que roda sobre o pai. O
filme vai celebrar o centená-
rio do autor, em 2025. Res-
ponsável por longas como “O
homemdoano”esériescomo
“Mandrake”, o cineasta tam-
bém está à frente de uma fic-
ção baseada na “história de
amor, sexo, drogas e assassi-
nato” dos estilistas Frankie
Mackey e Amaury Veras, da
grife Frankie Amaury.

‘POPULARES E BIZARROS’
Há ainda “Meu cérebro ele-
trônico” (título provisório),
longa que escreve com Camila
Agustini. É sobre uma menina Aprendizados.
que sofre de epilepsia e im- “Beleza a gente
plantanocérebroumchipque perde rápido. Todo
ajuda a prever convulsões (pe- mundo vai ficar
lo qual se apaixona!). Enquan- encarquilhado,
to toca os projetos, José Henri- caquético. Dinheiro
que colhe louros de “Bom dia, também vai embora.
Verônica”, série de Raphael Vivo dizendo aos meus
Montes e Ilana Casoy que diri- filhos: ‘Ganha teu
giu. A 3ª temporada da atração dinheiro e separa um
chegourecentementeaoTop3 pouco para sua
Global da Netflix. O diretor ar- velhice’”
riscapalpiteparaosucesso:
— Tem tema relevante, o
abuso feminino, mas não fica
só na denúncia. Há ação, per-
sonagenspopularesebizarros.
No escritório de sua produ-
tora, Zola, Zé Henrique, co-
moéchamadoporamigos,fa-
la dos planos com empolga-
ção. A desenvoltura faz pen-
sar sobre o porquê de ser tão
avesso a entrevistas. Não fica
àvontadenofoco.Menosain-
da quando o assunto é a vida
pessoal. Herdou a caracte-
rísticaqueforjavaapersonali-

‘A GENTE NUNCA
dade de Rubem Fonseca: dis-
crição. Pai de quatro filhos
com a atriz Cláudia Abreu, de
quem se separou há um ano e
meio, só deixa escapar que a

amizade e a parceria profissi-
onal continuam:
—Tenho trocentos proje-
tos junto com a Cacau. Fora
o principal: nossos filhos.
Além da sorte de ter nascido
nummeiotãocultural,elecar-
rega a fama de ser um dos dire-
toresmaisgatosdoaudiovisual
brasileiro. Às vésperas de fazer
60anos,seráquesevêcomoas
pessoas o enxergam? Reflete
sobre o quanto do sucesso po-
deserfrutodoprivilégio?
—A gente nunca se vê de
fora, né? Esse gato acho que
já foi (risos)... Tenho heran-
çaculturaldaminhafamília,
sempre enchi a boca para di-
zer de onde vim. Me vejo co-
mo privilegiado nesse senti-
do. Gosto da minha origem,
de ter construído minha fa-
mília, dos meus amigos. Isso
é fruto do meu interesse pe-
lo ser humano.
Diz estar mais interessado
em pensar sobre o que leva-
mos da vida, “o amor”:
—Beleza a gente perde rápi-
do. Todo mundo vai ficar en-
carquilhado, caquético (risos).
Dinheiro também vai embora.
Vivo dizendo aos meus filhos:
“Ganha teu dinheiro e separa
umpoucoparasuavelhice.”
Zé Henrique tem outro as-
pecto em comum com o pai
além da tal discrição, como
diz Tainá Müller, protagonis-
ta de “Bom dia, Verônica”:
—É um cara da palavra. Fica
evidente que é filho de Rubem
nas primeiras conversas. Faz
humor com aquele niilismo
típicodequemleudemais.
SE VÊ DE FORA, NÉ?’
CINEASTA JOSÉ HENRIQUE FONSECA RODA FILME QUE VAI CELEBRAR O
CENTENÁRIO DE NASCIMENTO DE SEU PAI, O ESCRITOR RUBEM FONSECA,
PREPARA FICÇÃO INSPIRADA EM CRIME DA ALTA SOCIEDADE CARIOCA E,
PRESTES A COMPLETAR 60 ANOS, REFLETE SOBRE A PRÓPRIA IMAGEM
DIVULGAÇÃO/ALISSON LOUBACK
Bom de Dirigida por ele no curta
palavra. “Cachorro!”, Drica Moraes
“Fica diz que é “um dos diretores
evidente mais cultos” com quem já tra-
que é filho balhou. Também em “Bom
de Rubem”, dia, Verônica”, Rodrigo San-
diz Tainá toro destaca o “frescor”:
Müller, ao — Está atrás do que pode-
lado com mosencontrarjuntosnoset.
Rodrigo Já Du Moscovis, parceiro
Santoro em na série “Lúcia McCartney”,
“Bom dia, ressalta o “caos criativo”:
Verônica” —Éumafigurainquieta.Me
sinto numa zona de descon-
fortointeressantecomele.
ANA BRANCO/10-1-2000
Desconforto que Fernan-
Escândalo no da Montenegro deve ter
high society. sentido quando precisou
Frankie Mackey deitar sobre 30 litros de san-
e Amaury Veras: gue falso em “Cachorro!”:
“História de —Eu olhava para ela, olha-
amor, sexo, va o sangue. Ela viu que eu es-
drogas e tava sem graça e disse: “É pra
assassinato” deitar, né?” Foi lá e deitou.
Emsolidariedade,eledeitou
junto, e dirigiu a cena lambu-
zadonapoça:
—Diretor está sempre pre-
cisando de dinheiro para fil-
mar.Eéumanimador,precisa
deixaratoresàvontade.Nãose
fazfilmebomsembonsatores.
Ele ainda não sabe quem se-
rão os protagonistas do filme
“Frankie & Amaury”. A histó-
ria inclui um dos crimes de
maior repercussão no Rio nos
anos2000.Amauryfoiassassi-
nado. Para a polícia, foi morto
porFrankie:
—É história cabeluda. Fala
de um Rio desbundado dos
anos 1980. Vai do sexo desen-
freadoatéaAids,queAmaury
contraiu. Argentino, Frankie
era casado e vem para o Rio.
Os dois se conhecem e é pai-
xão total. A mulher, grávida,
volta para a Argentina. Eles
vão cheirando e conhecendo
o mundo. Vão para Côte d’A-
zur. Frank trabalha limpando
barco de rico, Amaury, como
boy. Voltam dizendo que um
foi figurinista da Kenzo. A
mentiravaicolandoeelescri-
am a marca. O filme mostra a
ascensão e queda, mas é so-
bretudo história de amor.
OBRA QUE PASSA DE PAI
PARAFILHO, NA PÁGINA2
2 | Segundo Caderno
CACÁ
DIEGUES
segundocaderno@oglobo.com.br
UM EPISÓDIO
SEM
CORREÇÃO
C omo é que a gente evita as influên-
cias vãs naquilo que a gente escre-
ve? Mais do que das influências vãs,
como é que a gente se livra das impro-
dutivas?
Como esse é o último artigo de
uma série sobre o mesmo assunto
(nossa origem como Humanidade),
aproveito o tema dela do qual esse é
apenas o terceiro texto completo e
acabado, gostaria de pensar em es-
crever alguma coisa que faça senti-
do, sem deixar de abordar o mesmo
assunto dos artigos precedentes.
Nossa história começa há 13,5 bi-
lhões de anos atrás, com o surgi-
mento da matéria e da energia, a
fundação da Física. Fica mais fácil
de entendermos o lance se ficarmos
em 4,5 bilhões de anos atrás quan-
do, vítima de fenômenos então inex-
plicáveis, o planeta que passamos a
conhecer como Terra (não sei direi-
to quando) se formou e se destacou
na Via Láctea. De lá pra cá, as coisas
não mudaram muito, não.
Não mudaram muito em termos,
pois há 3,8 bilhões de anos aparece-
ram novos orga-
nismos que
deram iní-
cio ao que
chama-
mos de
Biolo-
gia, um
novo
conhe-
cimento
que dife-
renciava o
Ser Humano
do resto da cria-
ção original.
VAMOS FAZER Os responsá-
DESTE PLANETA veis pela Criação
UM LUGAR MAIS entenderam
JUSTO, ONDE bem que os Seres
Humanos eram a
POSSAMOS
novidade que va-
COM UM lia a pena explo-
MÍNIMO DE rar. Ainda anda-
DIGNIDADE ram um tempo
REALIZAR perdendo tempo
NOSSOS com os Dinos-
SONHOS sauros, uns seres
escabrosos. Mas
isso terminou quando os que estu-
davam o assunto e viviam com os bi-
chões ao lado provaram que eram
desnecessários. Um destaque des-
necessário da natureza.
Acho que a eliminação de concor-
rentes facilitou a vida dos outros.
Desde então os Seres Humanos co-
meçaram a se preocupar seriamen-
te com o futuro dessa história. Eles
tinham que conquistar o trono da
Terra, para isso contavam cada vez
menos com a fúria dos líderes locais
e se sentiam cada vez mais ameaça-
dos por seus poderes crescentes.
Por fim, concederam àqueles o
direito de admirar sua tomada de
poder e os condenaram ao silêncio
sobre o que acontecia e podia vir a
acontecer. Quando esses outros
deram por si, a Terra já estava to-
mada por uma cultura de finanças,
tecnologias, bombardeios ou coisa
parecida. Nunca mais o planeta se-
ria o mesmo.
E os homens colaboraram muito
para isso.
Nós,osHomosapiens,passamosesse
tempo todo reagindo ao avanço de ou-
tras espécies sobre a nossa espécie e
sobrenossacultura,nossomododevi-
ver. Nos livramos de cara dos Nean-
dertais, dos Floresiensis, dos poucos
sobreviventes, de todos os que se me-
teram nessa disputa quase inútil.
Só nós podemos mudar essa condi-
ção, mas vamos seguir defendendo
nossos direitos tentando mudar o
mundo numa direção mais justa.
Nem que seja apenas isso. Vamos fa-
zer desse planeta um lugar mais justo,
onde possamos com um mínimo de
dignidade e de autodedicação realizar
nossos sonhos.
CONTINUAÇÃO DA CAPA
A GRANDE ARTE
DE REVIVER
A HISTÓRIA DE UM PAI
De geração
em geração. José
Henrique Fonseca e o
pai, Rubem Fonseca,
em três momentos:
juntos no aniversário
da filha de Zé, Felipa;
na porta de
maternidade em
2001, quando nasceu
outra filha, Maria
Maud (“ela se chama
Maud em
homenagem à minha
mãe e a foto é do
meu irmão Zeca
Fonseca”) e com
toda a família na ABL,
quando Rubem
recebeu Prêmio
Machado de Assis
pelo conjunto da
obra, em 2015
S e a discrição é ponto de
convergência entre pai e
filho, é o respeito por ela que
vai nortear “José”, documen-
tário de José Henrique Fon-
seca sobre Rubem Fonseca.
—Não é que o filme vai re-
velar o escritor recluso, que
vou contar tudo que ele não
contava —brinca Zé. —Pa-
pai dizia que a maior ferra-
menta do escritor é a obser-
vação e que perde isso quan-
do é reconhecido. Virou um
cara pop, citado em novela
de Gilberto Braga, mas co-
monãodavaentrevista,nin-
guém sabia quem ele era.
O cineasta ainda tem na
memória a imagem do pai
mal-humorado na mesa de
almoço da família, após per-
der as 60 páginas do livro
“Bufo & Spallanzani” que ha-
via escrito num computador
Commodore.Masodoc,pre-
visto para novembro de
2025, deve ir muito além da
intimidade, abordando te-
mas de várias ordens. Como
o impacto do estilo do escri-
tor na literatura brasileira:
— Ele surpreendeu com
sua literatura ágil e cortante,
que sacudiu o cenário influ-
enciando escritores, o que
segue acontecendo. Mos-
trouumBrasil,atéentãoma-
quiado, como ele é. Colocou
nabocadospersonagenscoi-
sas que Foucault falava—diz
Zé, mergulhado em rese-
nhas que dissecaram obras
como “Os prisioneiros”, “A
coleira do cão”, “Lúcia MC-
cartney” e “O cobrador”.
Em depoimento para o
doc, Chico Buarque, amigo
de Rubem desde atos políti-
cos pró-abertura, contou so-
bre o susto que levou quando
ele, então alto executivo de
multinacional, começou a
escrever. Destaca também a
face humanista. Lado que Zé
conhece bem:
—Cansei de vê-lo conver-
sando com morador de rua,
INÊS
Domingo 31.3.2024
249
| OGLOBO
FOTOS DE ARQUIVO PESSOAL
se interessava pela história
das pessoas. Ajudava o lixei-
ro Vagner, da Comlurb. An-
tes de sair, sempre falava:
“Os 50 reais do Vagner.”
Nosúltimosanos,paiefilho
iam todos os dias caminhar
pelaPraçaAnterodeQuental,
no Leblon. Rubem costuma-
vacantarolarcançõesdeNoel
Rosa. Os dois sentavam num
banco, falavam da vida e ad-
miravam os ipês plantados
pelo escritor. Conseguiu até
salvá-los da chegada do me-
trô, sugerindo que fossem re-
plantadosemoutrocanto,on-
de a prefeitura instalou placa
com o nome do escritor.
Este humanismo é, para
Zé, prova de que seu pai não
era “direitista”, pecha que
tentaram colar nele e um dos
assuntos espinhosos do doc.
—Não quero fazer um fil-
me chapa branca. Meu pai
era executivo de multinacio-
nal num momento pré-gol-
pe e começaram a fazer uns
programas no tom de “Brasil
grande”. Quando ele sentiu
que estava ficando estranho,
saiu. Como um cara que tem
livro censurado pelo gover-
no (“Feliz ano novo”), pro-
cessa a União na ditadura e
conversa com morador de
ruaédedireita?Quandofoia
Cuba visitar Fidel, o chama-
ram de comunista.
JUNTOEMISTURADO
A famosa entrevista con-
cedida por um anônimo “Jo-
sé” a um repórter de uma TV
brasileira que não o reco-
nheceu, durante a queda do
MurodeBerlim,tambémes-
tará no filme. Assim como
cartasdoperíodoemqueele,
formado em Direito Penal,
contava pegar carona na via-
tura da Academia de Polícia
em Nova York rumo ao Mo-
MA para assistir a filmes de
René Clair e Eisenstein. Ca-
etano Veloso, Dionísio da
Silva e Marçal Aquino, entre
muitos outro nomes, tam-
bém darão depoimentos:
—Ele ajudou muita gente a
escrever. Tinha esse negócio
de incentivar. Jô Soares falava
isso, Chico, Caetano. Quando
Paulo Coelho explodiu, a in-
teligênciacriticoueeledefen-
deu: “Esse cara é bom, está fa-
zendo as pessoas lerem.”
Semprefoicontraaglamouri-
zação da função do escritor.
Oolhardetestemunhaocu-
lar de dentro dessa história
percorrerá todo o filme, diri-
gido por alguém que não teve
medo de construir sua traje-
tória profissional dialogando
com a obra do pai, adaptando
personagens e livros do escri-
“Não é que o tor para o audiovisual:
— Muita gente falava:
filme vai revelar “Cuidado para não ficar só
o escritor filmando o seu pai.” Eu pen-
sava: “Daqui a pouco, o cara
recluso, que vai morrer e vou sentir sau-
vou contar dade disso.” Ter trabalhado
com ele foi um privilégio.
tudo que ele Me sinto igual a essas viní-
não contava. colas em que o pai vai enve-
lhecendo e o filho pega as
Papai dizia uvas e começa a fazer o vi-
nho. Me sinto herdando
que a maior uma herdade.
ferramenta Quatro anos após a morte
dele, fica um vazio profissi-
do escritor onal além do emocional?
é a observação —Fica um vazio de inter-
locução de trabalho e tam-
e que perde bém das questões existenci-
isso quando ais, que acho que não vou ter
com ninguém nunca mais.
é reconhecido” (Maria Fortuna)
OGLOBO | Domingo 31.3.2024
SILVIO ESSINGER
silvio.essinger@oglobo.com.br
N ascido nos Estados Unidos,
batizado com o nome de
um deus do hinduísmo e cria-
do na Venezuela, o cantor e
compositor Devendra Ba-
nhart — um dos expoentes da
música folk alternativa dos
anos 2000 — é a grande atra-
ção internacional do Quere-
mos! Festival, dia 13, na Mari-
na da Glória, no Rio. Frequen-
tador dos palcos brasileiros
desde o Tim Festival de 2006
(onde quase desmaiou de
emoção ao saber que tinha si-
do visto pelo ídolo Caetano Ve-
loso), Devendra começa sua
nova incursão ao país por São
Paulo (dia 10, no Audio) e de-
pois passa por Porto Alegre
(dia 11, no Opinião). Sem fa-
zer um show por aqui desde
2017, ele expressa, de forma
tradicionalmente insólita, sua
saudade em papo por Zoom.
—Parece que a última vez aí
foi em 1942, muito tempo
atrás! — diz o artista, de 42
anos de idade. —Lembro mui-
to bem, porque o Brasil é um
lugar paradoxal. Ele é como
muitos lugares na América do
Sul, mas, ao mesmo tempo, é
como se fosse o seu próprio
continente. Uma coisa, po-
rém, que o resto da América do
Sul e o Brasil têm em comum é
essa incrível beleza natural
misturada com a iluminação
da sala de interrogatório. Em
qualquer lugar que eu vou aí, a
iluminação é como se eu esti-
vesse sendo interrogado pela
polícia, é terrível! Mas é sem-
pre superdivertido, meus ami-
gos estão aí, e eu amo o Brasil.
Ano passado, depois de
quatro anos sem gravar, De-
vendra lançou “Flying wig”
(“Peruca voadora”), álbum
gravado num estúdio num
chalé, em Topanga (no arre-
dores de Los Angeles, cidade
onde vive), com muitos sin-
tetizadores e a produção da
cantora e compositora galesa
Cate Le Bon — que lhe deu a
ideia de usar, durante o traba-
lho, brincos da avó e um ves-
tido do estilista japonês Issey
Miyake (1938-2022).
—A feminilidade sempre foi
uma grande parte do meu tra-
balho. Se o mundo diz que vo-
cê é, digamos, um homem e
diz para você suprimir o seu la-
do feminino, então eu acho
que seu trabalho é abraçar esse
lado feminino. Tudo isso serve
para criar um equilíbrio, não
tem nada a ver com sexualida-
de ou gênero — discorre o
músico. — Uso vestidos desde
os 9 anos de idade e, como um
homem heterossexual, en-
contrei nisso algo muito revo-
lucionário. Porque, assim que
coloquei esse vestido, me senti
lindo e senti que poderia real-
mente cantar com uma voz
muito aguda. Mas, para esse
disco, a coisa tem mais a ver
talvez com o design do vestido
do que com o próprio vestido.
O corte é tão reto que incenti-
va você a sentar-se ereto, a ficar
em pé. Isso muda sua postura e
a maneira como você canta,
então foi realmente uma ferra-
menta maravilhosa, tão im-
portante quanto um microfo-
PATRÍCIA KOGUT. Excepcionalmente hoje a coluna não será publicada
SegundoINÊS
Caderno 249
| 3
AQUI ME
TENS DE
REGRESSO
DE VOLTA AO BRASIL
COM UM DISCO QUE
GRAVOU USANDO
UM VESTIDO, O Luzes estranhas.
CANTOR DEVENDRA
BANHART FALA DE
“Em qualquer lugar
que vou aí, a
iluminação
FEMINILIDADE, DE é como
se eu estivesse
JUSTIÇA A MADONNA sendo interrogado
pela polícia, é
E DO DIA EM QUE terrível! Mas é
QUEBROU A PERNA sempre
superdivertido,
COM UMA CABEÇADA meus amigos estão
DO AMIGO RODRIGO aí, e eu amo o
Brasil”, diz Devendra
AMARANTE
ne corretamente posicionado. Adoro quando consigo chorar
Devendra promete que al- e rir num mesmo espetáculo,
gumas das canções de “Flying filme ou mesmo vendo um
wig” estarão no repertório quadro — divaga Devendra.
dos shows brasileiros, junta- —Acho que o que há de tão es-
mente com algumas de seus pecial em um ambiente de
outros dez álbuns de uma car- música ao vivo é que estamos
reira fonográfica iniciada em tendo uma experiência co-
2002. Com ele, no palco, esta- munitária em que podemos
rão os músicos Gregory Ro- chorar e rir juntos. Algo que,
grove, Hugh Evans e Brian fora daí, só costuma aconte-
Betancourt. cer em casamentos e funerais.
—É um grupo maravilhoso É por isso que ainda estamos
de pessoas que se amam de fazendo shows!
verdade, e duas delas nunca es-
tiveram no Brasil. Todo mun- TÚNEL DO TEMPO
do na banda ama a cultura bra- No seu Instagram, há al-
sileira e, claro, a música brasi- gumas semanas, ele fez um
leira, todo mundo é meio ob- pedido aos seus fãs brasilei-
cecado por isso. Então, ir ao ros para que dissessem
Brasil é como ver pessoalmen- quais canções queriam ou-
te a pessoa mais famosa do vir nos shows:
mundo —compara ele. — Podem ser canções
mais antigas, mais novas,
DO CORAÇÃO canções que não compuse-
Desta vez, o artista não con- mos, covers, ou mesmo
tará com a companhia de seu músicas que ainda não fo-
braço direito musical, o guitar- ram compostas, algo que só
rista e produtor Noah George- vai ser feito daqui a dez anos
son (“que acabou de ter mais ou que só exista outra di-
um filho e vai ficar em casa”) e mensão... não importa, nós
nem com o seu melhor amigo vamos aprender e tocar!
brasileiro, Rodrigo Amarante, Nos seus espetáculos mais
dos Hermanos (“que está gra- recentes (e não deve ser dife-
vando um álbum solo em No- rente no Brasil), Devendra
va York”). Acerca de Rodrigo, tem tocado um cover de
por sinal, ele lembrou ano pas- “Don’t tell me”, de Madonna.
sado, em entrevista ao Guardi- —Esse desejo nasceu a par-
an, do dia, em 2010, em que os tir do tipo de merda com que
dois andavam de skate e, nu- Madonna tem que lidar. Ela é
ma manobra infeliz, a cabeça incrível, maravilhosa e amada,
do brasileiro atingiu um de mas o mundo também gosta
seus joelhos e causou uma fra- de ser cruel com ela, com mi-
tura na perna. lhares de críticas, por mais su-
—Dói só de lembrar! —arre- cesso que ela tenha. Vejo Ma-
pia-se. — Eu amo aquele ho- donna como um desses cor-
mem, mas se um dia o mundo deiros sacrificiais da cultura
ficar sem equipamentos de pop, esperamos que eles nos
construção e eles precisarem exponham tudo, cada pedaci-
de algo realmente duro que nho de suas vidas, e os levamos
possa quebrar paredes, eles aimolarem-se por nós —acre-
podem simplesmente usar es- dita. — Queria apenas home-
se crânio grande e forte pra ca- nageá-la e agradecê-la por esse
ralho do Rodrigo! Aquela coisa sacrifício. E “Don’t tell me” é
dobrou meu joelho na direção uma puta música!
oposta, mas foi uma coisa lin- Com mais de 20 anos de
da, porque ele que estava ten- carreira, mesmo assim De-
tando me impressionar. vendra diz que até hoje real-
Foi uma experiên- mente não entende “como
cia muito amoro- se compõe uma música”:
sa e dolorosa. —No início da minha car-
Sobre os shows reira, foi muito importante
em si, Devendra construir uma história, e aí eu
promete que serão comecei a ver que isso é como
experiências únicas. morar em uma casa cheia de
— Para nós, não se cacarecos. Em algum mo-
trata apenas de apre- mento, passei a apenas tentar
sentar um novo ál- me livrar das coisas, me livrar
bum, mas de criar um de Devendra. Não acho que
arco harmonioso, qua- compus alguma música boa, é
se como uma jornada Devendra quem faz música
que todos podemos per- há 20 anos. Mas a pessoa que
correr juntos, algo que seja eu posso ser hoje, apaixonada
fiel ao espectro de emoções pelo mundo, acho que essa
que sentimos ao longo do dia. pode compor boas músicas!
ROBERT WRIGHT/THE NEW YORK TIMES
4 | Segundo Caderno Domingo 31.3.2024
INÊS 249
| OGLOBO

LUIS ROBAYO/AFP/14-3-2024

Insatisfação. Argentinos fazem

protestos contra cortes no orçamento
do setor cinematográfico do país

CINEMA ARGENTINO
ciente para pagar o custo de
fazer cinema no país. Na
verdade, ninguém pede
mais dinheiro ao Estado,

LUTA CONTRA CORTES

mas, sim, incentivos para
produzir —diz o produtor
Axel Kuschevatzky, que
tem em sua trajetória fil-
mes que brilharam em fes-
JANAÍNA FIGUEIREDO
PRODUTORES, O Ministério das Relações to do instituto, que Milei tivais internacionais como
janaina.figueiredo@oglobo.com.br
Exteriores cortou, entre afirma que deve ser equili- “O segredo de seus olhos” e
DIRETORES E
BUENOS AIRES
muitas outras coisas, o orça- brado, é financiado, em “Argentina, 1985”.

O cinema argentino, com

sua respeitável projeção
internacional construída ao
longo de 120 anos, está em
estado de alerta. Nas últi-
mas semanas, foram reali-
zados protestos e assem-
bleias para discutir a crise
que assola um setor forte-
mente afetado pela serra
elétricadogovernodeJavier
Milei. Desde que o chefe de
Estado incluiu cortes no
Instituto Nacional de Cine-
ma e Artes Audiovisuais
(INCAA) no chamado pro-
jeto de Lei Ônibus, enviado
ao Congresso em dezembro
e derrubado semanas de-
pois, produtores, diretores,
roteiristas e atores, entre
outros, decidiram enfrentar
o governo, visto como uma
ameaça para o futuro do ci-
nema nacional.
O projeto de lei morreu na
praia, mas outras medidas
foram incluídas num decre-
to presidencial e um novo
projeto de lei está sendo dis-
cutido no Congresso. Com
estepanodefundo,nasceuo
grupo Cinema Argentino
Unido.
Ao anunciar os ajustes no
INCAA, o Ministério do Ca-
pital Humano informou so-
bre reduções orçamentárias
e demissões de servidores e
antecipou o provável cance-
ATORES DO PAÍS
VIZINHO TENTAM
DRIBLAR CRISE
ACIRRADA PELA
CHAMADA SERRA
ELÉTRICA DO
NOVO GOVERNO
lamento de festivais de ci-
nema, entre eles o de Mar
del Plata, que acontece to-
dos os anos desde 1954.
“Nosso compromisso com
zerar o déficit (fiscal) é ine-
gociável. Acabaram os anos
em que se financiavam fes-
tivais de cinema com a fome
demilharesdecrianças”,diz
a nota do ministério.
Um dos que rebateram
com contundência o gover-
no de Milei ao cinema foi o
ator Ricardo Darín: “Acre-
ditar que o que está aconte-
cendo em nosso país há dé-
cadas, com a deterioração
da educação, do trabalho
real, a quantidade de pes-
soas que está abaixo da li-
nha da pobreza, coisas la-
mentáveis, horrorosas, de-
pende de um setor, do setor
artístico, é um delírio. Sim-
plesmente um delírio”, dis-
se ele em entrevista ao jor-
nal Clarín.
mento do Programa Sur, de-
dicado a traduzir obras de
autores argentinos para
promover a cultura nacio-
nalnorestantedomundo.O
programa contava com US$
300milanuaisatéachegada
de Milei ao poder, e agora,
comentou a escritora e ro-
teirista Claudia Piñeiro,
tem apenas US$ 30 mil:
— O que Milei faz com a
cultura é como dizer “não
vou te matar de fome, mas
vou tirar sua comida”. Isso é o
que está acontecendo com
toda a cultura nacional, os
riscos são enormes — co-
menta ela, para quem Milei
está destruindo um patrimô-
nio incalculável, em termos
de cultura e prestígio da Ar-
gentina no mundo.
O governo deu fim a con-
tratos do INCAA, reduziu
remessas a governos pro-
vinciais que financiavam o
cinema nacional e promete
continuar avançando com
a serra elétrica. O INCAA,
além de financiar o cinema
nacional, tem uma escola
de cinema, organiza festi-
vais e administra alguns ci-
nemas, entre eles o Gau-
mont, um dos mais antigos
de Buenos Aires, que Milei
pretende fechar.
Representantes do setor
esclarecem que o orçamen-
grande medida, pela pró-
pria produção cinemato-
Paraele,“ocinemagerapos-
tosdetrabalhoenãofome”:
gráfica nacional. A princi- —O discurso do governo
pal fonte de financiamento distorce a realidade e cons-
do INCAA é o Fundo de Fo- trói imagens falsas. Falta
mento Cinematográfico, um diálogo adulto sobre
criado em 1994. Esse fundo como gerar um modelo
recebe 10% do valor de cada mais virtuoso para o cine-
ingresso do cinema e outras ma argentino.
contribuições vinculadas à Kuschevatzky, que há cin-
produção. Em 2022, segun- co anos mudou-se para Los
do o site Chequeado, 80% Angeles, diz que está fican-
do orçamento do INCAA vi- do cada vez mais difícil con-
eram desse fundo. seguir sócios estrangeiros
—Os problemas do cine- para fazer filmes na Argen-
ma argentino são anterio- tina. Faltariam incentivos e
res a Javier Milei. Temos vantagens competitivas.
um mercado que não é sufi-
‘MODELO COMO O SOVIÉTICO’
Na opinião do documenta-
rista Fernando Krichmar, “o
problema de Milei com o ci-
nema não é econômico e
sim ideológico”.
—O cinema é um ecossis-
“Os problemas do temanoqualtodosajudama
cinema argentino todos. A Argentina faz entre
200 e 250 filmes por ano,
são anteriores a dos quais em torno de 44%
Javier Milei. Temos são documentários. Esses
um mercado que documentários circulam
em escolas, sindicatos, pla-
não é suficiente taformas,e,juntos,geramos
para pagar o custo 600 mil postos de trabalho
por ano —comenta.
de fazer cinema Para o documentarista, “o
no país” modelo de Milei é similar ao
dos soviéticos, que fizeram
Axel Kuschevatzky poucos filmes e sempre com
Produtor total controle do Estado”.

HORÓSCOPO Cláudia Lisboa

ÁRIES (21/3 A 20/4) Elemento: Fogo. Modalidade: Impulsivo. Signo complementar: Libra.
Regente: Marte.
Suas emoções se apresentarão de forma viva e intensa, e é possível que
pequenos fatos cotidianos ganhem proporções desmedidas. Selecione os sentimentos
que valerão a pena alimentar e enalteça sua força.
LEÃO (23/7 a 22/8) Elemento: Fogo. Modalidade: Fixo. Signo complementar: Aquário.
Regente: Sol.
O momento trará grandes doses de energia e estímulo, e será prudente
contar com as parcerias e amigos para colocar os planos em prática. Lembre-se de
que é na vida real que os sonhos se materializam
SAGITÁRIO (22/11 A 21/12)Elemento: Fogo. Modalidade: Mutável. Signo complementar:
Gêmeos. Regente: Júpiter.
Você estará mais sensível e permeável sobre as energias ao seu redor.
Reforce suas convicções e fortaleça seus próprios objetivos para seguir em frente.
Certos questionamentos não lhe pertencem. Confie.

TOURO (21/4 A 20/5) Elemento: Terra. Modalidade: Fixo. Signo complementar: Escorpião.
Regente: Vênus.
Seus afetos serão fonte de prazer e coragem agora, incentivando-lhe a agir
em benefício daquilo que fortalecerá sua alma e seu corpo. Ainda que a segurança
seja valiosa, certos riscos valerão ser vividos.
VIRGEM (23/8 A 22/9) Elemento: Terra. Modalidade: Mutável. Signo complementar: Peixes.
Regente: Mercúrio.
Ao transformar a intimidade num berçário de sonhos e projetos, você
enxergará os momentos de solitude com mais graça e beleza. Aproveite o silêncio
para alimentar a criatividade e valorize sua jornada.
CAPRICÓRNIO (22/12 A 20/1) Elemento: Terra. Modalidade: Impulsivo. Signo
complementar: Câncer. Regente: Saturno.
Para se dedicar aos objetivos que você almeja agora, será preciso, acima de
tudo, ter fé nos caminhos que escolheu para si. De nada adiantará executar planos, se
você não acreditar nos resultados finais.

GÊMEOS (21/5 A 20/6) Elemento: Ar. Modalidade: Mutável.
Signo complementar: Sagitário. Regente: Mercúrio.
Você precisará lidar com responsabilidade com suas relações. Tenha em
mente que a ansiedade não lhe levará a lugar nenhum, enquanto a paciência e a
maturidade fortalecerão seus laços. Trabalhe a escuta.
LIBRA (23/9 A 22/10)Elemento: Ar. Modalidade: Impulsivo. Signo complementar: Áries.
Regente: Vênus.
Você se sentirá mais impulsivo que o habitual e deverá ser cuidadoso com
as atitudes das quais poderá se arrepender mais tarde. Viva intensamente, mas não
fira seus próprios valores. Tudo é passageiro.
AQUÁRIO (21/1 A 19/2) Elemento: Ar. Modalidade: Fixo. Signo complementar: Leão. Regente:
Urano.
As trocas e encontros que você estabelecerá ao longo do dia provocarão
sentimentos dúbios em seu interior, e o melhor a fazer será refletir sobre tais efeitos
na segurança de sua intimidade. Acolha-se.

CÂNCER (21/6 a 22/7) Elemento: Água. Modalidade: Impulsivo. Signo complementar:
Capricórnio. Regente: Lua.
A melhor maneira de alimentar seu ânimo e disposição agora será realizan-
do pequenos ajustes na rotina, que significarão grandes mudanças. Não subestime o
poder do hábito. Nutra-se do que lhe faz bem.
ESCORPIÃO (23/10 A 21/11)Elemento: Água. Modalidade: Fixo. Signo complementar: Touro.
Regente: Plutão.
Você se sentirá imbuído de criatividade e coragem, e deverá aproveitar para
transformar tamanha energia em potência realizadora. Aproveite que as ferramentas
estão ao seu alcance. Dê forma para as emoções.
PEIXES (20/2 A 20/3) Elemento: Água. Modalidade: Mutável. Signo complementar: Virgem.
Regente: Netuno.
Você sentirá a necessidade de equilibrar o lado emocional com o racional,
pois, enquanto sua mente apontará para o sucesso e bom andamento de seus planos,
o coração se moverá com grandes receios. Reflita.
OGLOBO | Domingo 31.3.2024 SegundoINÊS
Caderno 249
| 5

SERIAIS TALITA DUVANEL talita.duvanel@oglobo.com.br

‘FORTUNA’ ‘RIPLEY’ ‘DA PONTE PARA LÁ’

APPLE TV+, A PARTIR DE QUARTA-FEIRA NETFLIX, A PARTIR DE QUINTA-FEIRA MAX, A PARTIR DE QUINTA-FEIRA
FOTOS DE DIVULGAÇÃO

APRENDENDO A DRAMA E MISTÉRIO

FAZER CARIDADE EM SÃO PAULO

Um ano depois do atribulado divórcio que expôs as traições As diferenças socioeconômicas de São Paulo são um dos
do bilionário de tecnologia John Novak (o ator Adam Scott), pilares deste drama, cujo grande mistério é: quem matou
Molly Wells ( Maya Rudolph) está de volta para a segunda Ícaro? A série de sete episódios segue as buscas de Malu
temporada desta comédia. A hilária dondoca vai se (Gabz) pelo que aconteceu com o amigo, papel de Victor
fortalecer no comando da organização filantrópica Liam. O elenco tem ainda João Guilherme, Marcello
Fundação Wells, entre sucos verdes e champanhes. Antony e Virginia Cavendish.

‘SUGAR’
APPLE TV+, A PARTIR DE SEXTA-FEIRA

TIRANDO ESQUELETOS
OS RIPLEY AGORA ‘HERCAI – AMOR E VINGANÇA’
GLOBOPLAY, A PARTIR DE AMANHÃ

ROMEU E JULIETA
DO ARMÁRIO EM MINISSÉRIE À MODA TURCA

C riado pela escritora americana Patricia Highsmith (1921-1995) e

chega ao streaming na próxima quinta-feira na minissérie “Ripley”.
Colin Farrell interpreta o detetive particular John Sugar
nesta produção de mistério de oito episódios. O caso da
vez é o desaparecimento de Olivia Siegel, neta de
Jonathan Siegel (James Cromwell), um famoso produtor
de Hollywood. Este trabalho traz à tona uma porção de
segredos que a família não gostaria de ver revelados.
transposto para as telas diversas vezes, o personagem Tom Ripley
Andrew Scott foi o escalado para o papel principal.
A produção foca no início na vida de Ripley nos anos 1960. Em Nova York,
um rico industrial contrata os serviços dele para ir à Itália e convencer o filho
playboy Dickie Greenleaf (o ator Johnny Flynn) a voltar para casa. Este é o
início de um longo currículo de trambiques e até assassinatos.
“Tom Ripley faz parte da nossa consciência”, disse, à Vanity Fair, Steve
Zaillian, showrunner da série, que também roteirizou filmes como “O
irlandês” e “Gangues de Nova York”: “Quase 70 anos após a criação de Esta novela turca sobre amor entre pessoas de famílias
Patricia Highsmith, figuras contemporâneas ainda estão sendo rivais, sucesso mundial de exportação, está de volta para
comparadas a ele.” a segunda leva de capítulos. E as novidades começam
O primeiro filme americano a adaptar a história foi “O talentoso Ripley” com o jovem Miran (Akin Akinözü) pronto para pedir o
(1999). Com Matt Damon de protagonista, a produção foi indicada a divórcio de Gonul (Oysa Unutasi) e a mão da amada,
cinco Oscars, mas não levou nenhum. Reyyan (Ebru ށahin).

Passatempo
CRUZADAS VERSOGRAMA
1 J 2 A 3 L 4 G 5 N 6 H 7 I 8 C 9 E 10 O

11 B 12 G 13 D 14 J 15 I 16 A 17 C 18 M 19 L

20 P 21 B 22 G 23 H 24 C 25 F 26 I 27 J

28 N 29 L 30 P 31 M 32 O 33 A 34 P 35 D 36 B 37 M

38 N 39 H 40 F 41 D 42 G 43 N 44 B 45 E 46 P

47 O 48 F 49 M 50 J 51 N 52 H 53 B 54 O 55 I

56 H 57 P 58 C 59 L 60 M 61 J 62 E 63 D 64 O

65 H 66 A 67 F 68 P 69 O 70 I 71 N 72 L 73 J

74 G 75 D 76 L 77 H 78 F 79 O 80 N 81 E 82 I

83 L 84 P 85 G 86 A 87 J 88 F 89 C 90 B 91 H

A = recíproca
66 02 16 33 86
B = (RS) em vão
44 36 21 53 90 11
C = que não abundam
24 89 08 17 58
POESIA: Quatro irmãos, o outono é pobre, / membro humilde da irmandade, /

MÚTUA - ALPEDO - RAROS - ÍMPIO - NOMO - ADENDA - TUSSOR - REBOLUDO -

IMPURO - COPEQUE - ABUSADO - NÉDIO - IMÊMORE - CHAMBÃO - ORMASDE

D = incrédulo
35 63 75 41 13
E = divisão territorial do antigo Egito
45 81 09 62
F = suplemento
porém possui, como um nobre, / seu palácio: o da saudade!

40 88 25 67 48 78
G = tecido fino de seda
04 74 12 85 22 42
H = grosso e arredondado
52 91 23 06 77 65 39 56
I = contaminado
07 26 55 15 70 82
J = moeda soviética
61 14 50 27 01 87 73
L = confiado, atrevido
POETA: MARINA TRICÂNICO

76 29 59 72 03 83 19
M = nítido
18 49 37 60 31
N = (poét) esquecido
80 28 71 43 51 05 38
O = contrapeso na venda da carne
79 32 47 54 69 10 64
P = segundo Zoroastro, o princípio
68 30 34 84 57 46 20 do bem.

Editor: Marcelo Balbio (balbio@oglobo.com.br).Editor assistente: Eduardo Rodrigues (earodrigues@oglobo.com.br) .Diagramação: Gustavo Amaral (gdamaral@edglobo.com.br)
oglobo.com.br/cultura Telefones: Redação:2534-5703. Publicidade: 2534-4310 publicidade@oglobo.com.br Correspondência: Rua Marquês de Pombal 25,4º andar.CEP 20.230-240
6 | Segundo Caderno Domingo 31.3.2024
INÊS 249
| OGLOBO

_ SEG_ Joaquim Ferreira dos Santos _ TER_ Leo Aversa_ QUA_ Ana Paula Lisboa (quinzenal) _ Martha Batalha (quinzenal)_ QUI_ Cora Rónai_ Luis Fernando Verissimo _ SEX_ Ruth de Aquino_Nelson Motta_ SÁB_ José Eduardo Agualusa_ DOM_Cacá Diegues

HUMOR

ISENTO DE VERDADE

Ciro fica
com ciúmes Bolsonaro dá avaliação Jair pede
passaporte
Pênis de Gabigol
fará curso com coach
Crianças
estão
de fotos de
Macron com máxima para embaixada para ir a Israel,
mas Xandão
para vencer a timidez preferindo
ganhar azeite
Lula e vai até
Paris tirar
satisfação
da Hungria no Airbnb REPRODUÇÃO
só libera se ele
for para Gaza
O jogador Gabigol matriculou
seu pênis num curso para supe-
rar a timidez. O artilheiro foi
no lugar
de ovos de
Páscoa
Ainda sobre o ex- suspenso porque não quis dei-
O ensaio de pré- presidente: ele pediu xar que os fiscais vissem seu “Coelhinho da
wedding mais ao STF que liberem órgão genital enquanto urinava Páscoa, o que tra-
comentado da seu passaporte para para o exame antidoping. Gabi- zes pra mim? Um
semana não reper- visitar Israel. “Não gol se justificou dizendo que ovo da Páscoa com
cutiu bem lá no vou fugir, Xandão, estava frio. o preço de um
Ceará. Ciro Go- vou ficar lá no máxi- A assessoria de imprensa do rim!” Os altos
mes ficou enciu- mo 30 anos, tá o.k.?” jogador divulgou uma nota. “Ga- preços do choco-
mado com a apro- Bolsonaro quer bigol estava dando um exemplo a late colocaram
ximação entre colocar um pedido no outros jogadores. Eles não devem fim em uma polê-
Macron e Lula. Muro das Lamenta- mostrar seus pênis a desconheci- mica que não é
“Canalhas! Eu ções por cada denún- dos”, diz o texto. Jesus, mas sempre
fui o primeiro go- cia feita contra ele. ressuscita nessa
vernador a trazer Um engenheiro disse época: vale mais a
um chefe de Esta- que isso pode causar pena comprar ovo
do francês para o o desmoronamento Lula inaugura submarino ou barra? A repos-
estado do Ceará do muro. para descobrir onde foi ta é: não dá para
quando levei Há quem duvide parar sua popularidade comprar nenhum
Charles de Gaulle do sucesso da via- dos dois.
para visitar Jerico-
acoara”, teria dito
Ciro a pessoas
N o carnaval, Bolsonaro cantou sertanejo universitário no
lugar de samba: “O jeito é dar uma fugidinha com você...
Primeiro a gente foge, depois a gente vê.”
gem. Depois que os
seguidores de Bolso-
naro insinuaram que
O presidente Luiz Inácio Lula
da Silva quer que a Petrobras
invista pesado na escavação do
“Já que é para
pedir coisa cara,
melhor pedir um
próximas. Após O ex-presidente tinha acabado de ter seu passaporte retido pela a maioria da popula- pré-sal para ver se encontra sua litro de azeite”,
ver as fotos, Ciro PF e fugiu para a embaixada de seu amigo de extrema direita ção israelense é popularidade nas profundezas. disse o pequeno
embarcou imedia- Viktor Orbán. Segundo testemunhas, ele participou de uma festa evangélica e usaram O Planalto continua traçando Guido, de 5 anos.
tamente para Pa- do pijama que durou dois dias. um pentagrama na estratégias para que Lula suba Outra lembrança
ris, onde deve per- “Quando estavam todos de quarentena, ele andava de jet-ski. bandeira do país no nas pesquisas. Uma das possibi- que fez sucesso
manecer em hi- Agora que está tudo liberado, ele se esconde num feriado”, disse lugar da Estrela de lidades é que o presidente baixe entre as crianças é
bernação até as um cidadão curioso. David, Jair pode ser uma medida provisória proibin- o PlayStation com
próximas eleições Por fim, o advogado de Bolsonaro esclareceu tudo: “Fugir para despachado para do gravação na caixa postal de ovo de chocolate
presidenciais. a embaixada da Hungria é o que todo homem inocente faria.” Gaza sem escalas. ligação de telemarketing. dentro.

DIVULGAÇÃO/NETFLIX
TALITA DUVANEL
talita.duvanel@oglobo.com.br

N ão há previsão para a es-

treia da quinta e última
temporada de “Stranger
things”, um dos maiores su-
cessos da Netflix, mas quem
andacomsaudadesdafictícia
cidade de Hawkins pode via-
jar para lá com o lançamento
do terceiro livro sobre a série,
“Stranger things: o voo de
Ícaro”. E ainda estreitar laços
com um dos mais queridos
personagens da quarta tem-
porada, Eddie Munson, in-
terpretado pelo ator Joseph
Quinn,cujo destino deixou
todos os fãs boquiabertos.
Escrito por Caitlin Schnei-
derhan, roteirista da série, o
livro é todo dedicado ao me-
taleiro líder do Hellfire Club,
onde os adolescentes Dustin,
Lucas, Mike e Erica jogam o
famoso jogo de RPG Dunge-
ons & Dragons. A história se
passa dois anos antes do que
apareceu na TV e mostra o jo- Dono do jogo. Líder do Hellfire Club, Eddie Munson (interpretado por Joseph Quinn) ganhou um livro para chamar de seu no mundo de “Stranger things”, uma das séries mais populares do streaming
vem com uma chance de ou-

OUTRO LADO DE
ro:adesemudarparaLosAn- rada ser lança-
gelesafimdetentaracarreira da. Seu pri-
de músico profissional. Mas, meiro cargo
para isso, precisa gravar uma foi de assisten-

‘STRANGER THINGS’
fita demo com as músicas de te dos criado-
sua banda Corroded Coffin. res Matt e
Sem grana, o jeito é recorrer Ross Duffer,
ao pai ausente, um homem ‘Stranger things: trabalho que
cheio de esquemas escusos. o voo de Ícaro’ exerceu até a
Será que vale a pena mesmo? DIVULGAÇÃO
Autor: Caitlin quarta tempo-
—Eddie é um personagem ROTEIRISTA DETALHA LIVRO CENTRADO NUM DOS Schneiderhan. rada, quando
que reúne tudo o que torna Tradutor: André foi promovida
umheróide“Strangerthings” PERSONAGENS MAIS QUERIDOS DA SÉRIE, EDDIE MUNSON: Marinho. Editora: pararoteirista.
umherói—dizCaitlinemen- Ela não po-
trevista ao GLOBO por e- ‘ELE É CORAJOSO, LEAL E AUTÊNTICO, MESMO QUANDO Intrínseca.
Páginas: 254. de responder
mail. —Ele é corajoso, leal e O MUNDO INSISTE PARA ELE SER OUTRA PESSOA’ Preço: R$ 54,90. nenhum de-
autêntico, mesmo quando o talhe sobre o
mundo insiste para ele ser ou- ceirolivrodafranquia“Stran- Hawkins Jim Hopper) foram —Era preciso ter em men- que está por vir, nem pelos
tra pessoa. E eu quis escrever ger things”. Mas o primeiro a escritos por autores sem liga- te que o Eddie que encon- atrasos na produção, bastan-
uma história explorando co- ter como autora uma pessoa ção com a obra audiovisual. tramos no início do livro te impactada pelas greves de
mo ele se tornou quem é. da sala de roteiro da série. Os Ter participado da con- nãoétãosegurodesiquanto atores e roteiristas de
outros dois (“Raízes do mal”, cepção do personagem para o Eddie da quarta tempora- Hollywood, que duraram
IRON MAIDEN de 2019, dedicado ao perso- a TV pode até ter dado algu- da.Elenãopodiasertãodes- quase 150 dias. Sobre estes
“Voo de Ícaro”—uma alusão nagem do do cientista Mar- ma vantagem para Caitlin temido ou confiante, por- assuntos, ela se limitou ape-
a um hit da banda Iron Mai- tin Brenner, que conduz ex- na hora de escrever o livro, que ainda não tinha desen- nas a dizer:
den, que, por sua vez, remete perimentos com a protago- mas, ainda assim, ela consi- volvido essas qualidades. —Estouanimadaparaque
aomitogregodopersonagem nista, Eleven; e o segundo, derou a missão um desafio Caitlinentrouparaouniver- o público se apaixone pela
que voa para perto demais do “Cidade nas trevas”, de 2020, por causa da falta de amadu- so da série em 2016, antes quinta temporada da mes-
Sol e acaba caindo —é o ter- Autora. Caitlin Schneiderhan sobre o chefe de polícia de recimento do roqueiro: mesmo de a primeira tempo- ma forma que eu!
31 DE MARÇO DE 2024
.
O GLOBO
INÊS 249

GISELE
AS RECEITAS, A
COZINHA EM FAMÍLIA
E AS ESTRATÉGIAS
DA TOP Nº1 DO
MUNDO
 INÊS 249

CRYSTAL, DESIGN INOVADOR E

AUTÊNTICOS CRISTAIS AUSTRÍACOS

A nova coleção da linha Crystal apresenta modelos

inovadores e que respiram sofisticação. Suas pulseiras
encantam por serem únicas, adornadas pelos autênticos
cristais de origem austríaca, que são criteriosamente
selecionados e lapidados para entregar um brilho único
em cada peça. Confira no site.
technos.com.br
 INÊS 249

editorial
receitas de
estratégia

P
oucas coisas são tão frustrantes para
um bom entrevistador quanto uma
conversa sem olho no olho. Só mesmo
estar com alguém que não fale sobre a
vida pessoal, controle o uso das imagens
e conceda, dias antes, uma baita entrevista ao The New
York Times com tudo o que você queria
saber, mas foi impedido de perguntar.
Laís Rissato, repórter da revista ELA
há dois anos, viveu tudo isso com a
übermodel Gisele Bündchen, e não
desistiu. A chamada de vídeo entre as duas
estava marcada para o meio-dia de uma
sexta-feira, mas a top transferiu para 15h. Vinte
minutos antes, avisou, via assessoria, que não
se sentia bem e pediu que mudássemos para
segunda. Quando o momento chegou, Gisele
não ligou a câmera “por estar dirigindo”.
Laís não teve dúvidas, perguntou por que
a top é tão mais receptiva com a imprensa
estrangeira do que com a brasileira. “Não
O repórter Matheus Krüger fez a
tem diferença”, disse ela, recusando-se a falar sobre o novo seleção de produtos da página 38
namorado (com quem foi vista há alguns meses, no maior
romance, em Ibitipoca, Minas), mas abrindo o coração sobre
o livro de receitas que lança nesta semana. Estrategista de
primeira, a gaúcha de 43 anos calcula cada um de seus passos
— e pratos! Basta ver a receita do salmão crocante, a da
musse de abacate com limão y otras cositas más
que você encontra a partir da página 10.

marina
caruso

3
 INÊS 249

26 40

34
SUMÁRIO
42 44

9 MARTHA MEDEIROS expediente

e
33 LUANA GɁNOT EDITORA-CHEFE Marina Caruso
E

34 MODA FOTO Eva Kolenko EDITORA ASSISTENTE Joana Dale

e Kevin O’Brien REPÓRTERES Eduardo Vanini, Laís Rissato,
40 BELEZA Marcia Disitzer, Maria Guimarães
e Yasmin Setubal
46 BRUNO ASTUTO STYLIST Lucas Magno F.
PRODUTORA EXECUTIVA Kariny Grativol
EDIÇÃO DE ARTE Dushka e Mayu Tanaka
DIAGRAMAÇÃO Ana Scott e Cristina Flegner
INSTAGRAM @elaoglobo
SITE oglobo.com.br/ela
E-MAIL revistaela@oglobo.com.br

4
INÊS 249
 INÊS 249

front
Por JOANA DALE | Fotos FÁBIO ROSSI

PESSOAL
E TRANSFERÍVEL
CHICÔ GOUVÊA
REALIZA LEILÃO
COM 800 ITENS
DE SEU VASTO
ACERVO, DE
OBRAS DE ARTE
A PEÇAS KITSCH

Paisagem
carioca: caixas
de marchetaria
com imagens
clássicas do Rio

6
 INÊS 249

D ono de um estilo inconfundível, o ar-

quiteto carioca Chicô Gouvêa, de 71 anos, mora numa es-
pécie de gabinete de curiosidades. Em sua imensa cole-
ção, iniciada ainda na infância, há milhares de itens, in-
cluindo arte africana, indígena e contemporânea, além
de centenas de objetos, com destaque para peças lúdicas,
de Tintin a Mickey Mouse. Em dezembro passado, numa
arrumação daquelas — de uma tacada, separou 65 caixas
de livros (!) —, ele começou a pensar na ideia de fazer a
energia circular. Com auxílio de Jones Bergamin, o Peni-
nha, catalogou 800 itens que vão a leilão na Bolsa de Arte, O arquiteto
abre a sua
entre 8 e 12 de abril. Antes disso, as peças estarão expos- casa-escritório,
tas, entre 2 e 6 de abril, na sua casa-escritório na Gávea, na Gávea,
para visitação
com visitas agendadas (até 10 pessoas por vez). “Sou um
curioso, e sempre gostei de viver cercado por coisas di-
versas. Mas, com a idade, resolvi simplificar a vida”, con-
taChicô,quenemdelongevaidesmontaracasatoda.Pe-
lo contrário: “Da coleção de Tintin, só 5% vai a leilão”.

“A COLEÇÃO TEM A
BRASILIDADE COMO
TÔNUS VITAL” Apenas 5%
das peças de
Tintin vão a
VANDA KLABIN leilão: Chicô
começou a
CURADORA DE ARTE
colecionar o
personagem
O acervo vai de obras de Frans Krajcberg, Eduardo Su- aos 10 anos
ed,AscânioMMMeIvanSerpaaitensparaládekitsch,co-
mo um busto de Carmen Miranda garimpado na feira da
Praça XV. Os lances começam em R$ 200. “A coleção traz
uma visualidade constelar, que nos encanta a todo instan-
te, pois contempla variadas criações artísticas. Reinventa
em verdadeiro zigue-zague, tendo a brasilidade como tô-
nus vital”, observa a curadora Vanda Klabin.
Brasilidade e carioquice, como as caixas de madeira
em marchetaria com paisagens do Rio, que Chicô co-
meçou a colecionar nos anos 1980. “Escolhi as melho-
res que encontrei para o leilão. Sou um carioca comple-
tamente apaixonado pela cidade”, diz o arquiteto, que,
além de centenas de projetos residenciais, deixou sua
marca em botecos como o Jobi e o novo Magnólia. “Em
diferentes épocas da minha vida, entre um projeto e ou-
tro, fui cultivando coleções de coleções.” e

7
 INÊS 249
Por JOANA DALE

HOMENS
com H
Enquanto faziam esta foto, Ney
Matogrosso e Marcelo D2 ligaram
para Criolo costurando um
encontro inédito no I Love PRIO
Festival de Inverno. D2 torce para
o repertório incluir “Não existe
amor em SP”. “É um clássico, uma
pedrada. Foi aí que Criolo furou
a bolha para ser não só mais um
rapper, mas um grande nome
da MPB”, finaliza. Os três farão
também shows individuais na
abertura do evento, de 5 a 14

3 perguntas de julho, na Marina da Glória.

DANI MAIA D2, NEY E CRIOLO JUNTOS

Ela é uma das grandes responsáveis por
E OS BASTIDORES DA
Madonna incluir o Rio em sua “The celebration MADONNA NO RIO
tour”. Lá atrás, a secretária municipal de Turismo
endereçou uma carta ao empresário da cantora
com o pedido, numa operação mantida em sigilo.
Aqui, Dani Maia fala sobre os bastidores da
produção deste e de outros grandes eventos
que colocam o Rio no centro das atenções.

1- Como e quando surgiu a ideia

de trazer Madonna? Quando assumi a
secretaria, o Eduardo (Paes) me disse que queria
voltar a promover grandes shows no Rio.
Em maio de 2021, sentei com o Luiz Oscar
(Niemeyer), que produziu os Rolling Stones em
2006, e começamos a mobilização. As energias
convergiram e a campanha de cem anos do

PIRO
RES INA
Itaú cruzou o nosso caminho. Queria que fosse
o único show da Madonna no Brasil, mas foi

T
além: será o único na América do Sul. Que
venham todos movimentar nossa economia.
2- Em maio, também haverá
NA RO
o Guia Michelin no Rio. Como a
LEO AVERSA (D2 E NEY), DENISE

gastronomia movimenta a cidade? Os artistas Anna Costa e Silva e Rafa Éis desafiaram
LEÃO (DANI) E DIVULGAÇÃO

Um restaurante estrelado atrai muitos turistas.
Já temos cinco (Mee, Cipriani, Oro, Oteque
e Lasai) e acredito que surgirão outros!
3 - Onde você levaria a Madonna
para jantar? No Lasai. Ou no Ocyá,
se ela preferir comer um peixinho.
o imaginário de sete servidores públicos, criando
ficção em colaboração com o stylist José Camarano.
O resultado pode ser visto no filme “Ventário”, parte
da mostra “Formas de respirar”, que abre na quarta
(3), no Sérgio Porto. “É um filme-devaneio. Criamos
figurinos e personagens fantásticos para manifestar
afetos, emoções e sensações”, conta Anna.

8

ADEUS
Martha Medeiros
AO
MACHÃO
marthamedeiros
@terra.com.br
E
nquanto dois ex-ídolos do futebol eram
condenadosàprisãoporcrimessexuais(foradoestádiotam-
bém tem juiz e o cartão vermelho é vitalício), me caía em
mãosumlivroquedebateestaquestãoinadiável:queespécie
de “macho” ainda estamos entregamos para a sociedade.
Logo conto que livro é este. Antes, o assunto.
Padrões de raça e gênero estão sendo redefinidos. Mu-
lheres negras ocupam posições de destaque, modelos
cheinhas desfilam nas passarelas, capas de revista estam-
pam damas grisalhas. A desconstrução do protótipo “loi-
ra, magra e jovem” está encaminhada e conquistas come-
çam a ser percebidas. Hoje, quando nasce uma menina na
família, já se sabe que ela poderá ser artilheira da seleção,
uma cientista da NASA, presidente do país, especialista
emchurrasco,sermãeounãosermãe.Oqueelaquiser,do
jeito que quiser. Seu universo expandiu.
Por outro lado, nasce um menino e os pais ficam como?
Perplexos. O mundo encolheu para os homens, privilé-
gios estão se perdendo. O que funcionava antes (violên-
cia,prepotência)nãofuncionamais.Osnovoshomenste-
rão que externar seus sentimentos, conviver de igual para
igual com suas parceiras, assumir sua parte nos cuidados
com a casa e com os filhos. É um desafio colossal, que põe
por terra o que eles tinham como diretriz indiscutível: ser
homem é não ser como uma mulher.
“Seja macho”, diz o pai para o menino que volta arra-
nhado da escola. “Vá lá e dê o troco.” “Seja macho”, diz o
avô para o neto: se a guria te deu mole, não decepcione.
Tradução de “seja macho”: ataque!
INÊS 249
crônica
Essa insanidade precisa ter fim. “Não quero abraço de
macho”, disse um molequinho de 3 anos a um amiguinho
de2.Échocante.AcenafoitestemunhadaporMarinaSpe-
ranza, autora do livro “Educar meninos não é frescura”.
Marina é brasileira, vive em Barcelona e é mestre em
Gênero e Políticas de Igualdade pela Universidade de
Valência. Atenta aos descompassos pedagógicos, es-
creveu um livro leve, rico em referências e com refle-
xões necessárias para ajudar a sociedade a virar a chave.
Os meninos e adolescentes merecem amparo, não po-
dem ser jogados neste novo mundo com uma educação
obsoleta e ainda tão agressiva. Tem garoto de 10 anos
com gastrite! Por medo de dizer o que sente, medo de
desapontar os pais, medo de ser rechaçado pelos outros
garotos se não for valentão.
Editoras, olho na Marina. Ela fez nascer esse livro
com recursos próprios, tal era a gana de colocar o tema
em pauta. Estamos atrasados. Passou da hora de acabar
com a misoginia e com o falso heroísmo do macho sem
coração. Só assim reduziremos os índices de feminicí-
dio, estupros e outras selvagerias. Não adianta revoluci-
onar estereótipos historicamente ligados à mulher se os
homens continuam habitando as cavernas. e
“
NCO LHEU
NDO E NS.
O MU OS HOME ÃO
PARA GIOS EST
ILÉ O
PRIV PERDEND
SE
9
 INÊS 249
CAPA

à moda
bündchen
ÜBERMODEL LANÇA
LIVRO DE RECEITAS,
DEFENDE VIDA
SIMPLES, FALA SOBRE
O LUTO PELA MORTE
DA MÃE E REFUTA
APOSENTADORIA:
‘NUNCA VOU PARAR
DE TRABALHAR’
Por LAÍS RISSATO | Fotos EVA KOLENKO E KEVIN O’BRIEN

10
INÊS 249

Gisele
afirma estar
vivendo uma
nova fase,
mais madura
e cheia de
criatividade

11

G
iseleBündchenestáaovolante,entreumcompromissoeoutro
em Miami, onde mora, enquanto fala com a reportagem de
ELA por chamada de vídeo. Mesmo com a câmera fechada, é
perceptível sua euforia ao dar detalhes do novo livro “Nutrir:
receitassimplesparacorpoealma”,quechegaàslivrariasbrasi-
leiras esta semana pela editora Best Seller. A obra é um resgate
àsorigensdaübermodelgaúchade43anos,passandopelossa-
boresdainfânciaemHorizontina,noRioGrandedoSul,aola-
do das cinco irmãs, e pelos ensinamentos da mãe, Vânia Non-
nenmacher, morta aos 75 anos, no final de janeiro, em decor-
rência de um câncer. De maneira afetiva, Gisele também mos-
tra as possibilidades da alimentação saudável, com receitas
simples,emmeioarotinasatribuladascomoadela,semcairna
tentação da junkie food. “Organização é essencial. Se você não
temumplanoparaasemana,acabacomendoporcaria.Minha
mãe tinha uma lista na geladeira e fazia tudo no final de sema-
na, congelava feijão, lasanha. Nada era desperdiçado”, conta,
durante o papo de meia hora. Há também pra-
tos em homenagem à matriarca (“Caldo de ga-
linha da minha mãe”) e aos filhos, Benjamin,
de 14 anos (“Salada do Benny”), e Vivian Lake, “Gisele nunca foi
de 11 (“Rolinhos de pepino com abacate da Vi-
vi”), da relação de 13 anos com o jogador de fu- aventureira ou usou
tebol americano Tom Brady. “Benny é adoles-
cente, come muito, quer sempre o dobro de tu- drogas. A pegada
do. Então, há um adendo com ‘combinações
fartas’, incrementando cada receita”, diz. natural é real"
A mãe de Gisele era, segundo a própria, um
“anjonaTerra”.Noúltimoano,duranteseutrata-
mento,amodelovinhaaoBrasilumavezpormês.
Apesardetercomomantraavidafeliz,positivaedegratidão,tem
sepermitidoviverolutoeacolheratristeza.“Nãotemoutrafor-
ma. Quando a gente reprime um sentimento, ele se transforma
emdoença.Perderamãeéumadaspiorescoisasdomundo”,la-
menta.“Ela me ensinou a ser forte e independente. Meus filhos,
àsvezes,reclamamdelavarlouça,colocaroutiraramesaeajudar
na cozinha. Mas digo a eles: ‘Essa foi uma das maiores bênçãos
que minha mãe me deu’. Aos 14 anos, morando no Japão, sozi-
nha,jáeraemancipada.Devotudoaosmeuspais”,pontua,refe-
rindo-setambémaoempresárioesociólogoValdirBündchen.
12
INÊS 249
Mais do que saúde, a boa alimentação trouxe autoconheci-
mento a Gisele. Aos 22 anos, sua dieta era baseada no combo
fastfood,cigarroevinho,atreladaàprioridademáximadaque-
le momento, o trabalho. Não demorou para o corpo emitir o
alerta, e as crises de pânico, ansiedade e depressão tornarem-
seconstantes.“Nãofaziaacorrelaçãocommeuestilodevida.
Fui a um médico e ele apontou as escolhas erradas que eu fa-
zia. Eu não dormia, comia a qualquer hora, estava na ‘rodinha
dohamster’.Pareitudonomesmodia”,lembra.Apósservega-
na por alguns anos, voltou a comer proteína animal para me-
lhorar os índices de ferro no organismo.
Era o início dos anos 2000 e a ascensão da estética he-
roin chic priorizava a magreza extrema e o ar melancólico
das modelos. “Na época, o Bill Clinton, presidente dos Es-
tados Unidos, fez um apelo para que a imprensa parasse de
exaltar essa tendência, e que houvesse uma transforma-
ção. Foi quando Anna Wintour (editora de moda da Vogue
America) viu Gisele no desfile do Alexander McQueen e
COSTANZA PASCOLATO, EMPRESÁRIA
disse: ‘É ela!’”, conta a empresária e consultora de moda
Costanza Pascolato. Nascia, com a gaúcha, a era das tops
que simbolizavam saúde e bem-estar. “Gisele se tornou
‘natureba’anosantesmesmodeotemasepopularizar”.O
que o público via nas passarelas era mesmo reflexo da rea-
lidade.“Ela nunca foi aventureira ou usou drogas. A pega-
da natural é real. Para não ficar só na superfície, dedica-se
a projetos e causas importantes”, complementa Costan-
za, para quem não parece exagero dizer que a moda sal-
vou Gisele. E Gisele salvou as modelos. a
 INÊS 249

Salada de
beterraba e rúcula
com queijo de
cabra e ervas
ingredientes
l 2 beterrabas médias amare-
las ou vermelhas (cerca de 250 g
no total)
l Um fio de óleo de abacate
l Sal marinho refinado
l 6 colheres (sopa) de azeite
l 4 colheres (sopa) de vinagre
balsâmico ou de vinho branco
l Suco de ½ limão-siciliano
l ¼ de xícara de salsinha fres-
ca picada ou coentro
l 150 g de queijo de cabra
l 8 xícaras de rúcula fresca
l ½ xícara de amêndoas
aromatizadas com alecrim ou
nozes tostadas

preparo
Preaqueça o forno a 180°C e forre
uma assadeira pequena com
papel-manteiga. Leve as beterra-
bas à assadeira e besunte-as com
um pouco de óleo de abacate e
uma pitada de sal. Adicione 2
colheres (sopa) de água, dobre o
papel-manteiga sobre as beter-
rabas e amasse as bordas, for-
mando um papelote. Asse de 30
minutos a 1 hora, até que fiquem
macias. Retire do forno e deixe
esfriar. Em seguida, remova as
cascas. Corte-as em rodelas ou
quartos. Em um pote de vidro
com tampa, misture o azeite, o
vinagre, o suco de limão e uma
pitada de sal. Tampe e agite para
emulsionar. Em seguida, espalhe
a salsinha em um prato pequeno.
Usando uma faca, divida o queijo
de cabra em 8 porções iguais e
enrole cada porção em uma
bolinha. Passe as bolinhas na
salsinha e coloque-as em um
prato limpo. Em uma travessa
grande, coloque a rúcula, as
bolinhas de queijo de cabra e as
beterrabas por cima e regue com
o molho. Acrescente as amêndo-
as, salpique com uma pitada de
sal e sirva imediatamente.
Rende 4 porções.

13

noite da pizza
ingredientes
3 xícaras de mix pronto de
l
farinha sem glúten
l 1 pacote, ou 2 ¼ colheres (chá),
de fermento instantâneo
l 2 colheres (chá) de casca de
psyllium em pó
l 1 colher (chá) de sal marinho
refinado
l 2 ovos grandes
l 1 xícara de água filtrada morna
1 colher (sopa) de mel
Óleo de abacate
l
Coberturas sugeridas:
lMolho pesto e queijo de cabra
lFatias de queijo minas e uma
pitada de orégano seco, regada
com azeite depois de assada
14
lMuçarela de búfala e manjeri-
cão fresco
lLegumes assados e queijo
manchego ralado
lCogumelos shitake assados
crocantes e queijo Midnight Moon
ou outro queijo de cabra ralado
preparo
Em uma batedeira com o batedor
plano encaixado, misture a farinha, o
fermento, a casca de psyllium em pó
e o sal. Em um copo medidor grande,
misture os ovos, a água morna e o
mel. Com a batedeira em velocidade
baixa, vá acrescentando lentamente
a mistura de ovos aos ingredientes
secos e bata por 2 a 3 minutos, até
que a massa esteja homogênea,
espessa e levemente pegajosa.
Cubra a tigela com um pano de prato
limpo e reserve em temperatura
ambiente por 30 minutos. Preaque-
ça o forno a 230°C. Forre duas assa-
deiras com papel-manteiga e passe
INÊS 249
um pouco de óleo de abacate no
centro de cada uma. Divida a massa
ao meio. Coloque cada metade no
centro de cada assadeira e, em se-
guida, com as mãos bem untadas,
amasse até formar um disco de cerca
de 30 cm de diâmetro com a borda
ligeiramente mais grossa. Regue a
superfície de cada disco com um
pouco mais de óleo e use os dedos
para espalhá-lo por toda a super-
fície. Deixe a massa descansar por
mais 30 minutos, até ficar levemente
inchada e macia. Leve as assadeiras
ao forno por 12 minutos, girando as
assadeiras na metade do tempo de
cozimento, até que a massa esteja
levemente dourada e crocante, mas
macia por dentro. Retire as massas
do forno, mas mantenha o forno
ligado. Adicione os ingredientes que
desejar sobre a(s) massa(s) e volte
ao forno para assar por mais 10 minu-
tos, até o queijo estar borbulhando e
as bordas levemente crocantes.
Fatie e sirva imediatamente.
Rende 2 pizzas (30 cm).
 INÊS 249

Gisele à mesa
com os filhos
Benjamin, de
14 anos, e Vivi,
de 11, da união
com o jogador
Tom Brady

15

A übermodel é solícita ao falar de sua família, a relação
com Benjamin e Vivi e a sólida trajetória, de aspirante a
modelo a um dos principais nomes da indústria da mo-
da, além de empresária bem-sucedida. Mas é difícil sa-
ber mais do que isso. Poucos jornalistas conseguem
vencer a barreira imposta por Gisele. Ao receber pedi-
dos de entrevista, sua equipe se antecipa e avisa: ela não
fala da vida pessoal. Na semana passada, no entanto,
abriu uma brecha ao The New York Times, jornal mais
importante dos Estados Unidos. Além de afirmar que as
mulheres que têm coragem de deixar para trás uma re-
lação não-saudável levam a culpa e a pecha de “infiéis”,
assumiu, quase um ano e meio após a separação de Tom
Brady, estar vivendo um novo amor. “Esta é a primeira
vez que saio com alguém que era meu amigo. É muito
diferente. É muito honesto e transparente”, declarou,
mesmo sem confirmar a identidade dele — rumores
apontam o professor de jiu-jítsu brasileiro Joaquim Va-
lente, de 35 anos.
Será que Gisele se sente mais à vontade para se abrir
com a imprensa internacional do que com a brasileira?
“Não, não tem diferença. Eu não falo da minha vida pesso-
al, mas na hora em que a jornalista estava me entrevistan-
do, estavam acontecendo muitas coisas ao mesmo tempo.
E ela fez as perguntas baseadas nisso”, explica, sem querer
dar mais detalhes. Resguardar a intimidade é uma manei-
ratambémdenãodarmargemaespeculações.“Nãoquero
que minha vida vire um tabloide. Hoje em
dia, podem escrever qualquer coisa, nin-
guémcheca,eissogeraaudiência,éumbusi- “Gisele veio ao mundo
ness. Minha vida privada vai continuar pri-
vada”, decreta. Ao ser questionada sobre o com uma missão. E o
que criou para si não
novo namoro, preferiu falar de aprendiza-
dos. “Acho que estou em uma nova fase, um
pode ser replicado”
novo ciclo da minha vida. Em breve, faço 44
anos e, com isso, vem a maturidade.”
Por reconhecer sua importância, a gaúcha
entende a curiosidade e o assédio dos fãs,
principalmente na internet. Porém, prefere
gastar pouquíssimo tempo em frente às telas. “Faz parte de
uma profissão como a minha. Mas tenho muito para viver,
e escolho conscientemente não passar a vida nas redes so-
ciais. Fico, talvez, uma hora por semana”. Ciente do lado
tóxico de tablets e celulares, já “brigou” com a filha, que in-
sisteemterumacontanoaplicativoSnapchat,assimcomo
os amigos da escola. “Eu disse: ‘Esqueça, você não tem ca-
pacidade de lidar com as coisas negativas que vêm com is-
so. Pode brincar com joguinho, falar com as amigas pelo
FaceTime,masredesocial,não!’.Claroquetemosumaóti-
16
INÊS 249
ma relação, mas meu trabalho não é ser a melhor amiga da
minha filha. É, antes de tudo, ser mãe dela.” Por volta de
20h, todos param de usar dispositivos eletrônicos, que são
carregados no banheiro, longe da cama. “Não é uma puni-
ção, mas é um momento de estar mais calmo, caminhar
com o cachorro, tomar banho, ler.”
Tanta disciplina, consciência e autoproteção talvez ex-
pliquem porque Gisele completará 30 anos de carreira,
no ano que vem, com a imagem ilibada. Para Paulo Bor-
ges, fundador da São Paulo Fashion Week, palco em que a
gaúchadeuseusprimeirospivôs,em1997,estarnolugare
na hora certos e entender cedo a importância de tomar as
rédeas do próprio trabalho a transformaram em um fenô-
meno. “Ela nunca deixou uma agência determinar sua
carreira, sempre decidia todos os passos e tinha a palavra
final. Era um destino traçado, Gisele veio ao mundo com
uma missão. E o que criou para si não pode ser replicado”,
entende o empresário.
A top causou comoção ao se despedir das passarelas
onde começou, na mesma SPFW, em 2015. No ano se-
guinte, deu suas famosas passadas ao som de “Garota de
Ipanema”, na cerimônia de abertura das Olimpíadas do
Rio. Mas aquele não era o fim. Seguiu surpreendendo
quem pensava em sua aposentadoria, ao surgir em cam-
panhas recentes de grifes como Arezzo, Colcci, IWC,
Alaïa e Balmain. “Trabalhar com Gisele é sempre uma
emoção e nossa história tem mais de 12 anos. Sem dúvi-
PAULO BORGES, EMPRESÁRIO
da, seu profissionalismo e parceria são os principais atri-
butos de todo esse tempo”, garante Daniel Mafra, head
de marketing da Colcci. E o que pensa a übermodel so-
bre tudo isso? “Nunca disse que iria me aposentar, ape-
nas que não iria mais desfilar. Nunca vou parar de traba-
lhar. Meu desejo é continuar criando até o dia em que eu
morrer. Adoro a criatividade que existe dentro de mim,
quero aprender coisas novas. E a vida vai mostrar quais
serão as próximas, você vai ver.” No que depender de seu
rigor, o sucesso já é garantido. e
 INÊS 249

Gisele
ressignificou
a relação com
a comida,
melhorando
saúde e estilo
de vida

17
 INÊS 249

“Quando a gente
reprime um sentimento,
ele se transforma em
doença. Perder a mãe
é a pior coisa do mundo”
Gisele Bündchen

18
 INÊS 249

Gisele conta
que empodera
os filhos por
meio das tarefas
domésticas
diárias e
ensinamentos
da mãe, Vânia

19

mousse de abacate
com limão
ingredientes
l ½ xícara de castanha-de-caju
crua, demolhada e escorrida
l 1 abacate grande maduro, cor-
tado ao meio (casca e caroço são
descartados)
l ⅓ de xícara de maple syrup
l 6 colheres (sopa) de leite de
coco ou leite de coco integral pronto
l Raspas e suco de 3 limões (cer-
ca de ¼ de xícara de suco)
1 colher (sopa) de óleo de coco
l
virgem
l ½ colher (chá) de extrato de
baunilha
l ¼ colher (chá) de sal marinho
refinado
20
lPitada de espirulina azul em
pó (opcional)
l
l
Chantilly de coco
Coco torrado em lascas sem
açúcar, para a cobertura
preparo
Em um processador, triture as
castanhas demolhadas até formar
uma pasta lisa. Acrescente o aba-
cate, o maple syrup, o leite de
coco, as raspas e o suco de limão,
o óleo de coco, a baunilha, o sal e a
espirulina. Processe por 1 a 2 minu-
tos, raspando as laterais do pote
se preciso, até obter uma mistura
homogênea. (Não processe de-
mais, pois o abacate pode adquirir
uma coloração amarronzada).
Prove e acrescente mais xarope
de bordo se necessário. Despeje
a mousse em uma travessa grande
ou em pratos individuais. Cubra
e leve à geladeira por pelo menos
INÊS 249
1 hora ou de um dia para o outro,
até firmar. Sirva frio, com chantilly
de coco e lascas de coco torradas,
se quiser. Observação: Se você não
tiver tempo para deixar as casta-
nhas de molho, faça o processo
acelerado, deixando ferver em
uma panela com algumas xícaras
de água; deixe esfriar na água
por cerca de 1 hora e escorra.
Versão com chocolate:
Siga as instruções para fazer
a mousse de abacate com limão,
mas em vez do suco e das raspas de
limão e da espirulina, acrescente ¼
de xícara de cacau em pó orgânico
ao processador junto com 2 colhe-
res (sopa) extras de maple syrup.
Bata e leve à geladeira conforme as
instruções. Se desejar, antes de
servir, cubra a mousse com chantilly
de coco ou com nibs de cacau,
iogurte de coco e um fiozinho
de mel. Rende 4 porções.
 INÊS 249

Salmão
crocante
ingredientes
l2 filés (aprox. 170 g cada)
de salmão selvagem com pele
lSal marinho refinado
l1 colher (sopa) de suco de
limão-siciliano fresco
l1 colher (sopa) de azeite
l1 a 2 colheres (sopa) de óleo
de abacate
l2 colheres (sopa) de ervas
frescas picadas

preparo
Enxugue os filés com folhas de
papel-toalha. Tempere genero-
samente com sal. Em uma tigela
pequena, bata o suco de limão-
siciliano, o azeite e uma pitada
de sal até formar um molho.
Leve uma frigideira antiaderente
ao fogo médio a alto e, quando
estiver bem quente, regue com
óleo de abacate suficiente até
cobrir o fundo da panela. Colo-
que os filés com cuidado, deixan-
do a pele em contato com o óleo.
Sele por 3 minutos, até que a pele
fique crocante e dourada e se
solte facilmente da frigideira.
Evite mexer no peixe enquanto
ele cozinha. Para olhar o ponto
da pele, você pode deslizar uma
espátula fina por baixo e levantar
um pouco. Vire os filés e cozinhe
do outro lado (3 minutos para
malpassado ou 5 minutos
para bem passado) até que
o peixe comece a desmanchar
quando pressionado suavemen-
te. Transfira os filés com a pele
para cima para pratos individuais
e salpique as ervas frescas. Des-
peje um pouco do molho ao lado
do peixe (mas não em cima
da pele, pois ela perderá a cro-
cância). Sirva imediatamente.
Rende 2 porções.

21
 INÊS 249

A gente
imagina
mais
mulheres
no topo
Com o Banco do Brasil, você tem apoio
pra chegar aonde imaginar.
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 INÊS 249

Zica Assis
Cofundadora e sócia
do Instituto Beleza Natural
 INÊS 249
livro

Crença
Os autores Tuila
e Claudio. Acima,
colagem com
manifestações
religiosas clicadas
pela dupla

e FÉ
‘AXÉ AMOR AMÉM’
E CLAUDIO SOARES E TUILA JOST
FOTOS: LEO AVERSA (AUTORES)

REÚNE FOTOS, TEXTOS

E REFLEXÕES SOBRE
SINCRETISMO RELIGIOSO
Por EDUARDO VANINI

24

A
migos há 18 anos, o terapeuta ho-
lístico Claudio Soares e a atriz e diretora de teatro Tui-
la Jost têm a relação com a fé como um dos principais
elos. Foi por meio dessa conexão que criaram, durante
a pandemia, o perfil no Instagram Janela de Agni (@ja-
neladeagni), onde compartilham informações sobre
religiosidade e meditação, além de combater a intole-
rância religiosa. O sucesso foi tamanho, que a página
já reúne quase 300 mil seguidores. Materializar esse
conteúdo na forma de livro soou, então, como uma
ideia pertinente.
É o propósito de “Axé amor amém”, que a dupla acaba
de lançar pela editora Afluente. Com 328
páginas, a publicação tem orações e tex-
tos sobre orixás e santos católicos (em in-
glês e português), além de fotos clicadas
pela dupla. O conteúdo é fruto de uma
imersão por terreiros, santuários e igre-
jas em sete cidades brasileiras, como Sal-
Sincretismo:
Iemanjá, Santo
Antônio,
Obaluaê e
Sagrado Coração
de Jesus
INÊS 249
vador,AparecidadoNorteeOuroPreto,entrefevereiroe
dezembro do ano passado. “Entramos em casa de santo
que ninguém tem acesso e encontramos muita gente que
nos emocionou com a energia de sua fé”, narra Claudio,
sobre a experiência.
Os registros mostram como o sincretismo religioso faz
parte da História do Brasil e deve ser visto como uma men-
sagem poderosa sobre tolerância e resistência. “Foi muito
bonito conversar tanto com sacerdotes de diferentes religi-
ões quanto com fiéis”, conta Tuila. “Em comum, todos eles
traziam a mesma intenção no coração, mostrando que so-
mos muitos e como a fé deve estar acima da maldade.”
Com sobrecapa em papel cintilante e capa em tecido, a
publicação explode em cores aos olhos do leitor, resulta-
do das direções de design e de arte assinadas por Leo Eyer
e Batman Zavareze, respectivamente. “O conceito parte
desse aspecto multicolorido que o Brasil tem na sua etnia,
na sua convivência e na sabe-
doria dos encontros”, descre-
ve Batman. “É uma grande po-
roroca amorosa.” e
“Encontramos
muita gente que
nos emocionou com
a energia de sua fé”
CLAUDIO SOARES
TERAPEUTA HOLÍSTICO
25
 INÊS 249

Sem
filtro FENÔMENO ENTRE
ADOLESCENTES, THALITA
REBOUÇAS LANÇA AGORA
LIVRO SOBRE MATURIDADE:
‘AS MULHERES QUE
CHEGARAM À MENOPAUSA
ESTÃO FAZENDO HISTÓRIA’
Por MARCIA DISITZER | Fotos FABIO ROSSI

26
INÊS 249

27
 INÊS 249

28

D
“Tão bom avisar
para as novinhas que
o melhor ainda não
e repente, 50 anos. E as dores e
asdelíciasdamaturidadebatemàportacomvontade.
chegou. Os orgasmos
A escritora, apresentadora e roteirista carioca Thalita são mais profundos”
Rebouças, de 49, decidiu não apenas abrir aporta co-
mo compartilhar sem filtro as impressões sobre essa
fase da vida. Este é o tema central do recém-lançado
“Felicidadeinegociáveleoutrasrimas”,seu27ºlivro.Fenôme-
no entre o público infanto-juvenil — ela já vendeu mais de 2
milhões de exemplares — e do audiovisual — oito de seus li-
vros viraram filmes, além de duas histórias inéditas —, Thalita
sevoltaagoraparaasmulheres40+,compoemasdespretensi-
ososqueabordamquestões,porvezes,sofridas,etextoscurtos
sobre assuntos densos. Tudo isso com leveza de ser. “Sempre
tive óculos cor-de-rosa para a vida”, diz.
Com essa mesma energia, no seu apartamento em São
Conrado, falou, sem carão e sentada no chão, sobre alguns
pontosnevrálgicosdolivro,comomenopausa,sexodepois
dos 40 e a decisão de não ser mãe. “Temos que abrir a caixa
e entender que não estamos sozinhas.”
A seguir, os melhores trechos da entrevista.
COMO SURGIU A IDEIA DO LIVRO?
O projeto surgiu há um ano e meio e farei 50 neste ano. O
tema era o que estava se passando na minha cabeça. As ri-
mas vieram numa tacada só. A editora curtiu. Comecei a
postar e percebi a adesão maciça das mulheres. Escrevi o
que gostaria de ler. Só uma mulher que tem fogacho co-
nhece o que a outra está passando.
QUANDO PERCEBEU QUE ESTAVA ENTRANDO
NA MENOPAUSA?
Porvoltados45,46anos.Nocomeço,acheilegalnãomenstruar.
Masdepoispasseiamolharocolchãodesuore,dequebra,veioa
pandemia.Amenopausachegouchegandoporaqui.Nãoécon-
fortável até encontrar a dosagem certa de reposição hormonal.
Vocêquermorarnoar-condicionado.Temaindaonevoeiroce-
rebral e o escape de xixi. Outro dia uma amiga me ligou para
contar que não pode mais pular no refrão de “Maria, Maria”,
aquele“aê,aê,aa,aê”,precisaficarsónapalmadamão,porcausa
doescape(risos).Eohomemnãotemnada,mastudobem.
O TEMA AINDA É CERCADO DE PRECONCEITOS?
Asmulheresquechegaramàmenopausa,etambémasqueain-
da vão entrar, não têm noção de como estão fazendo história,
por estarem falando abertamente sobre o assunto. Porém, por
INÊS 249
THALITA REBOUÇAS
maisqueagentefalesobreoassunto,aindatemumagalerapara
chegarjunto.Estiveemumafeiranoanopassadoefuiabordada
porumamulherqueveiomefalarqueforammeusvídeosquea
fizeramentenderqueestavanoclimatério.Éimportantedeixar
evidente que não é uma fase fácil, mas a adolescência é fácil?
Tambémnão.
E O SEXO NA MATURIDADE?
Melhoramuito!Tãobomavisarparaasnovinhasqueomelhor
ainda não chegou. Os orgasmos são muito mais profundos. E
tem os brinquedinhos. O “chupafyer” é uma loucura, faz por
vocêoquenenhumhomemfaz,nãotechamademaluca,não
tem crise de ciúmes nem incomoda dormindo ao lado. Na
pandemia, eu estava solteira e virei a louca do vibrador (risos).
COMO CONHECEU SEU ATUAL MARIDO?
Conheci(oterapeutaRenatoCaminha)nofimdapandemia.Es-
tava querendo escrever sobre terapeutas, por ter um projeto de
sériesobreoassunto.Marqueideconversarcomaminhaex-te-
rapeuta e o marido, na casa dela, e o Renato, seu sócio, estava lá.
Deuliga.Depoisdetrêsmesesdenamoro,fomosmorarjuntose
noscasamosnopapel.Vejomuitasmulheresnafaixados40em
relacionamentos mornos, que não se separam por achar que,
quantomaisenvelhecem,menoresserãoasoportunidades.En-
tão, vigora o “não tem tu vai tu mesmo”. Eu me separei do meu
primeiro marido, depois de 18 anos de casamento, aos 40. Vivi
plena o meu período de solteira no Rio e, aos 45, encontrei o
amordaminhavida.
VOCÊ TAMBÉM FALA SOBRE A DECISÃO DE NÃO
QUERER SER MÃE. AS COBRANÇAS CONTINUAM?
Só pararam de me pressionar agora que estou na menopausa.
Jáouvicadacoisa,queeraumacrueldadeeunãoterfilhos,que
eraamaioregoístaequenuncaconheceriaoamordeverdade.
É uma cobrança incômoda. Hoje acho graça, mas ficava bem
chateada. No último carnaval, estava num bloco na Saúde,
quando um grupo de meninas me abordou e começou a gritar
assim:“ThalitaRebouças,vocêéanossamãe,vocênoscriou!”.
Éisso. Não fui mãe, mas ajudei a criar muita gente. e
29
 INÊS 249

CENAS DE SEXO
NO FILME ‘POBRES
CRIATURAS’
ACENDEM DEBATE
SOBRE PRAZER E
OBJETIFICAÇÃO
FEMININA
NAS TELAS
Por LAÍS RISSATO

toda nudez
será
castigada?
FOTOS: DIVULGAÇÃO (POBRES CRIATURAS, INSTINTO SELVAGEM E NINFO-
MANÍACA) E JULIANA CERDEIRA/NETFLIX (O LADO BOM DE SER TRAÍDA)

Emma Stone
ganhou Oscar
de Melhor Atriz
em obra que
gerou reações
controversas

30
 INÊS 249

A
Charlotte
Gainsbourg é
protagonista do
polêmico filme
“Ninfomaníaca”

bancáriapaulistanaDéboraPaulino,de38
anos,foicheiadeexpectativasassistira“Pobrescriaturas”,premi-
ado com quatro Oscars. O filme fez barulho pelas cenas de sexo
de Bella Baxter, personagem de Emma Stone. Espécie de
Frankensteinfeminina,elaviveseusimpulsossempudores,mas
o resultado frustrou Débora. “Mais um filme feito por homens
usando atrocidades cometidas contra uma mulher como ponto
focal.Namaioriadashistórias,elasestãopeladasoucaladas”,re-
sume. Ao conversar com o amigo, o consultor de políticas públi-
cas Thiago Barbizan, foi confrontada. “Cresci acompanhando
Madonnaesuascomposiçõessobreempoderamentofeminino.
Quandoamulherseapropriadosexo,falacomnaturalidade,eao
usá-loparaconseguiralgo,écriticada”,dizele.
Até que ponto a mulher é protagonista ou vítima da própria
sexualidade? Emma defendeu as cenas, dizendo que são “fiéis à
experiência de Bella”. A discussão trazida nas redes sociais pelo
longa do grego Yorgos Lanthimos, que já tinha ganhado força

“O status quo se
incomoda se o
objetivo não for o Michael
prazer masculino” Douglas e
Sharon Stone
em “Instinto
LUCIANA RODRIGUES PROFESSORA Selvagem”

comomovimento#MeToo,criadoem2017,denunciandooas-
sédiosexualnaindústriadocinema.Umcasonotórioédofilme
“Azuléacormaisquente”,de2013,quandoAdèleExarchopou-
loseLéaSeydouxforamobrigadaspelodiretoragravarcenasde
sexoporhoras.Portrásdascâmeras,asmulheresseguemsendo
minoria.PesquisadaUniversidadeEstadualdeSanDiegorevela
que das 250 produções americanas de maior bilheteria em
2023,só16%tinhamdiretorasnocomando.NoBrasil,dadosdo
Observatório do Cinema Audiovisual apontam que, entre 2018
e2023,elasestavamàfrentedeapenas19,2%dosfilmes.
“Mulheres contam histórias dando profundidade às persona-
gens femininas, incluindo experiências sexuais”, explica a pro-
fessora da FAAP e diretora de formação do Instituto Mais Mu-
lheresLiderançasnoAudiovisualBrasileiro,LucianaRodrigues.
“Anudezseránaturalizadasenãoalimentaraobjetificação.Mas, Cena do longa
o status quo se ressente se o objetivo não for o prazer masculi- “O lado bom
de ser traída”,
no. Nossos corpos só podem ser vistos nus se forem objetos de com Giovanna
desejo,masnãoparaonossoprazer”,complementa. a Lancellotti

31
 INÊS 249
Precursora da discussão sobre gênero no cinema, a britânica
Laura Mulvey fala, na tese “Prazer visual e cinema narrativo”,
de 1973, sobre o olhar objetificador do homem e a maneira de
retratar as mulheres nas artes visuais. Essa definição ganhou,
então, o termo male gaze (olhar masculino, em português). O
grupo Guerrilla Girls, de ativistas feministas americanas,
em seu manifesto mais conhecido, também fala sobre o ma-
le gaze nas artes, afirmando que “menos de 5% dos artistas
nas seções de Arte Moderna dos museus são mulheres, mas
85% dos nus são femininos”.
Giovanna Mais do que peitos e bundas para o deleite do espectador, o
Lancellotti problema se agrava na posição das mulheres nas narrativas,
e Leandro Lima
em filme analisa a pesquisadora Paloma Coelho Silva, da Fiocruz Mi-
da Netflix nas. “Não só sexual, mas de submissão e passividade dos pa-
péis femininos, de acordo com a vontade masculina.” Paloma
chama a atenção, ainda, para o recorte de raça, destacando a
hiperssexualização das mulheres negras e a ínfima participa-
ção delas em histórias com enredos significativos. “De quais
‘musas’ negras você se lembra?”, questiona.
No longa
“Ninfomaníaca”,
personagem
busca o prazer
“A questão não é só sexual,
de forma
incessante mas de submissão e
passividade dos papéis
femininos, de acordo
com a vontade masculina”
PALOMA COELHO SILVA PESQUISADORA
Ainda assim, as mulheres lutam para virar esse jogo. Além de
coordenadores de intimidade que protegem atores em cenas
de sexo simulado, algo conquistado com o #MeToo, muitas

ALINE ARRUDA/NETFLIX (OLHAR INDISCRETO), JULIANA CERDEIRA/NETFLIX

participam ativamente da construção da história, empoderan-
do-se do desejo de suas personagens. Protagonista de “Bom dia,
Verônica”, da Netflix, Tainá Müller credita à confiança na equi-

(O LADO BOM DE SER TRAÍDA) E DIVULGAÇÃO (NINFOMANÍACA)

pe seu conforto em cenas íntimas. “Sexo faz parte da vida. Mas
não me ‘jogo’ em qualquer cena, porque sei que é algo muito ex-
plorado. Preciso entender que ela não é fetichizada”, diz a atriz.
Diretora do longa “O livro dos prazeres”, de 2020, baseado na
obra de Clarice Lispector, Marcela Lordy resgata o histórico do
Brasil no audiovisual, principalmente na época da “pornochan-
chada”, nos anos 1970, reforçando a tese do fetiche citada por Tai-
A série “Olhar ná. “Por que fecham tanto o plano na bunda, no peito? É uma ca-
indiscreto”, da
Netflix, tem o fonice.” Por isso, sua protagonista, vivida pela atriz Simone Spo-
sexo como ladore, celebra o próprio prazer em cenas delicadas feitas por
tema central
olhos e mãos femininas. “Sofremos muita opressão, mas esta-
mos ressignificando nosso prazer e nosso lugar no mundo. Luta-
mos para ter direito à voto e só agora, em 2024, o aborto virou lei
na França. É um longo caminho, mas sou otimista”, finaliza. e

32

STATUS QUO
Luana Génot
lgenot@simaigualdade
racial.com.br
P
ausa na programação da semana por aqui
para ver “Ficção americana”. O filme que foi indicado ao Os-
car é uma sátira provocativa sobre a questão da inclusão. Esta-
mos realmente buscando incluir mais vozes e narrativas sub-
representadas em nosso tecido social e cultural ou estamos
simplesmente ampliando o alcance de estereótipos lucrativos
e confortáveis?
Prometo dar o mínimo de spoilers possível, mas preciso
compartilhar que, no coração dessa narrativa, está Thelo-
nious “Monk” Ellison, interpretado por Jeffrey Wright,
um professor e autor cujas obras, ricas em substância e
complexidade, não encontram o sucesso comercial.
Em contraponto, temos a obra de Sinatra Golden, inter-
pretado por Issa Rae, que, embora repleta de clichês e vi-
sões estereotipadas, alcança um sucesso estrondoso. Frus-
trado e instigado por essa dinâmica, Monk embarca em
um experimento literário: escrever um livro que, intenci-
onalmente, exagere nos estereótipos raciais.
Ironia do destino ou apenas uma obviedade iminente, o
sucesso repentino dessa obra escrita por Monk tem seu
custo. Coloca o protagonista em um dilema moral e inte-
lectual, refletindo a tensão entre sua integridade artística
e o sucesso comercial. Entre ser verdadeiro com sua visão
ou ceder às demandas do mercado.
Vale destacar que Monk se encontra em um momento
de crise, navegando por questões familiares e financeiras
complicadas, enquanto lida com as implicações de sua es-
colha literária mais comercial.
Apesar do espaço dado a vozes negras, “Ficção america-
INÊS 249
crônica
ANTI
na” também destaca como ainda assim elas continuam
frequentemente silenciadas ou marginalizadas.
E isso retrata de muitas formas a realidade brasileira ao
expôr como os estereótipos, especialmente aqueles relaci-
onados a personagens negros, mas que poderia se aplicar a
tantos outros grupos minorizados, são, por vezes, não ape-
nas tolerados, mas desejados pela indústria e pelo grande
público desde que se encaixem em narrativas típicas de vi-
olência e tragédia. Cabe ainda criticar o apreço pela marti-
rização de corpos sub-representados
Nos noticiários, filmes ou redes sociais, o que destoa dis-
so, por vezes não vende, não ganha likes, não viraliza ou
não é lido como “comercial o suficiente”.
Essa escolha temática voltada a alimentar o status quo
pode não só limitar a representatividade em sua multipli-
cidade, como também perpetua uma visão unidimensio-
nal da experiência negra, ignorando sua riqueza, diversi-
dade, complexidade e humanidade.
Anecessidade de se moldar ao que é comercialmente viável
e a rivalidade entre Monk e Sinatra Golden também servem
como uma metáfora para a disputa entre grupos minorizados,
como se somente houvesse espaços para um ou outro.
O filme confronta, com leveza, verdades inconvenien-
tes sobre nossa sociedade.
Nos desafia, como expectadores, a reconhecer a importân-
cia de resistir ao “piloto automático” de produzir, consumir e
perpetuar estereótipos. E nos encoraja a buscar e ter contato e
abertura com narrativas menos populares, mas já existentes,
que valorizem a diversidade de narrativas e perspectivas. Co-
mo aqueles livros escritos por Monk que não viralizaram.
Ao fazer isso, “Ficção Americana”, só por existir, nos oferece
uma visão de esperança, um lembrete de que, embora a força
dos estereótipos seja grande, questioná-los é possível na ficção
ou na realidade. E este pode ser um caminho pra mudança. e
“
R ONTA,
L M E CONF RDADES
O FI E ZA, VE TES
E V N
COM L ONVENIE
INC
33
 INÊS 249

moda Por JOANA DALE

Pilares: projetos
sociais, justiça
econômica
CONHEÇA
e materiais A HISTÓRIA
ecológicos DA MARCA
DE TÊNIS
QUERIDINHA
DE KATE
MIDDLETON,
QUE ACABA
DE MUDAR
DE NOME NO
BRASIL E, ATÉ
O FIM DO ANO,
ABRE LOJA
CONCEITO EM
SÃO PAULO

PEGADA
VERDE

34
 INÊS 249

D epois de dez anos aten-

dendo pelo nome de Vert no Brasil, a grife de
Corredores
testam o novo
modelo Condor:
das trilhas
às festas

tênis passa a se chamar Veja, como no mundo inteiro.

Especulou-se que os empresários parisienses não Algodão
orgânico
queriam estar associados à marca de limpeza nem à e extração
revista homônima. Mas não foi bem assim. sustentável
de borracha
“Quando chegamos, uma empresa varejista já
havia registrado com o nome, por isso adota-
mos Vert, verde em francês, que dialoga com o
produto. E só agora conseguimos comprar o
domínio”, conta François-Ghislain Morillion,
fundador, em entrevista à ELA, no Arpoador.
Até o fim do ano, a Veja inaugura sua pri-
meira loja no Brasil, na Oscar Freire (SP). En-
quanto isso, os rebatizados tênis já estão nas
prateleiras e lojas parceiras, como a Foxton, a
primeira a comercializar o pisante por aqui. E
por que fazem tanto sucesso no Rio? “O carioca e
oparisiense compartilham o saber viver, da marra
ao Marais”, diz Marcella Mendes, da Foxton.
Depois dos Estados Unidos e da Inglaterra, o Bra-
sil é o maior consumidor no mundo. Em 20
anos, foram vendidos 14 milhões de pares —
sendo 8 milhões nos últimos dois anos. “Ter
Kate Middleton e Meghan Markle usando
ajudou bastante”, comenta François.
Ele e seu sócio, Sébastien Kopp, se co-
nheceram na faculdade e logo começa- Sébastien Kopp
ram a trabalhar juntos, criando relatórios e François-
Ghislain
de sustentabilidade para multinacionais. Morillion: sócios
Os jovens, então com 25 anos, acabaram no e fundadores
Acre, onde tiveram a ideia de criar uma mar-
ca de tênis que unisse projetos sociais, justiça
econômica e materiais ecológicos. O primeiro BRASIL É
modelo foi inspirado no brasileiro Rainha, O 3º MAIOR
usado por jogadores de vôlei.
Ano passado, o consultor de moda André
CLIENTE
Carvalhal conferiu in loco todo processo de DA VEJA
produção, no Acre. “O grande lance é que, ao (EX-VERT),
serem remuneradas de forma justa, as famí-
lias envolvidas na produção da borracha aju- ATRÁS
FOTOS: DIVULGAÇÃO

dam a manter as florestas em pé”, observa ele, APENAS DOS

que, para além da sustentabilidade, é fã do de-
sign. “É versátil, com modelos que vão da trilha à EUA E DA
festa.” Sempre com aquela pegada. e INGLATERRA

35
 INÊS 249
Por MARCIA DISITZER

FLOR
ESTA
Oskar
M
a tradu etsavaht con
z tinua
florest ir o seu merg
a em r u lho na
2024 d oup
a Oskle a. No inver
textur n, core no
as se
Forest da coleção
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quatro ão inspirad o
eleme a s no s
fogo e ntos: t
ar err
camad . “Os looks m a, água,
as de p isturam
peças r
que en oteção com
da nat altece
ureza” m a be
, diz O leza
skar.

OUTRAS
QUATRO
ELEMENTOS palavras
A Fábula debutou:
INSPIRAM comemorando 15 anos, a
COLEÇÃO marca acaba de lançar uma
coleção lúdica, chamada
E COLLAB “Palavra viva”. “Contamos
SUPREMA histórias que viram
estampas”, diz a diretora
de estilo, Marta Rodrigues.

CLÁSSICO
RENOVADO
Imagine o tradicional sapato
Oxford reinventado com
a chancela de duas marcas
poderosas? Pois a collab entre
a Dr. Martens e a Supreme
tem essa proposta.
Um modelo é
vermelho, verde e
azul. O outro, preto.
Está sendo vendido
nos Estados Unidos
e na Ásia (US$ 170).
FOTOS: DIVULGAÇÃO

36
 APRESENTADO P OR INÊS 249

© UNS P L AS H
Uma nova era
DE TRATAMENTOS MAIS
EFICIENTES E SEGUROS
Speaker da Merz Aesthetics®
destaca o questionamento de
pacientes em relação aos princípios
ativos dos tratamentos estéticos

P
rimeiro veio a preocupação com a alimentação, resistência, Existem
tratamentos que
e ficamos atentos à origem e à composição permitindo a contêm apenas o
do que comemos. Passamos a optar, sempre extensão dos tratamentos necessário para
que possível, por itens naturais, menos de prevenção do envelhecimento obter os resultados
processados, não transgênicos e livres de agrotóxicos. por períodos mais longos. esperados
Recentemente, a mesma preocupação chegou ao setor
da beleza e estética. Um dos assuntos que mais ganharam A BELEZA PURA
repercussão nas prateleiras e nas redes sociais foi o A Merz Aesthetics® investe em produtos biocompatíveis
termo “clean beauty”, ou beleza limpa, em tradução livre, e mais sustentáveis. Algumas ações como digitalização
um movimento que valoriza produtos livres de ingredientes das informações de uso, transporte eficaz com
sobre os quais ainda não há evidências robustas do menor gasto energético e expressivo investimento
impacto que terão em nosso organismo. em pesquisa & desenvolvimento trazem resultados.
O movimento reforça uma tendência de procura por Com a evolução da tecnologia, agora já existem tratamentos
ingredientes mais naturais, além da preocupação sobre mais biocompatíveis, que contêm em sua composição
segurança, eficácia e benefícios dos produtos de estética e apenas o necessário para que o tratamento entregue o
beleza. O tema, que já é comum entre os profissionais de resultado esperado.
saúde, tornou-se relevante para pacientes. Segundo Giovana Pacini, presidente da Merz Aesthetics®
Em seu consultório, a dermatologista Carla Pecora Brasil, o compromisso com a ideia de beleza pura vai
(CRM-SP 78.977 | RQE 56.368) conta que há um aumento muito além de tratamentos, integra a sua filosofia pessoal
de questionamentos em relação aos princípios ativos e as missões institucionais.
dos tratamentos. Segundo a médica, há uma tendência de “Ao priorizar a beleza pura, estamos comprometidos
iniciar procedimentos cada vez mais cedo, o que, junto em respeitar o equilíbrio natural do corpo. Afinal,
ao aumento da expectativa de vida, estende o tempo de a beleza verdadeira vem de cuidados que consideram
exposição a essas substâncias desnecessárias. cada aspecto da sua saúde.”
“Hoje sabemos que muitas substâncias podem ser Pacini encerra ressaltando que, ao abraçarmos a pureza
retiradas da fórmula sem nenhum prejuízo no efeito final, como um compromisso duradouro, estamos investindo
além disso, produtos mais puros reduzem o risco de efeitos verdadeiramente em uma estética que reflete um cuidado
adversos e reações como alergias e hipersensibilidade”, integral com nosso bem-estar ao longo do tempo. O futuro
explica a dermatologista. da beleza, assim, revela-se não apenas na eficácia imediata,
De acordo com Carla, a notável vantagem dos tratamentos mas na promessa de um bem-estar duradouro e consistente.
purificados é a redução significativa da probabilidade de Saiba mais em: www.minhabelezapura.com.br
Bibliografia: 1. FINK, Bernhard; PRAGER, Michael. The effect of incobotulinumtoxin a and dermal filler treatment on perception of age, health, and attractiveness of female faces. The Journal of clinical and aesthetic dermatology, v. 7, n. 1, p. 36,
2014. 2. BENECKE, Reiner. Clinical relevance of botulinum toxin immunogenicity. BioDrugs, v. 26, n. 2, p. e1-e9, 2012. 3. TRUONG, D. Botulinum neurotoxin and dystonia: a case for greater flexibility in treatment regimens?. In: CNS. 2017.
p. 12-17. 4. KANE, Michael AC et al. A randomized, double-blind trial to investigate the equivalence of IncobotulinumtoxinA and OnabotulinumtoxinA for glabellar frown lines. Dermatologic Surgery, v. 41, n. 11, p. 1310-1319, 2015. 5. PARK,
Je-Young; SUNG, Nak-Kwan; PITT, Jonathan M. Efficacy and Tolerability of IncobotulinumtoxinA for Treating Glabellar Frown Lines in Korean Adults: A Postmarketing Observational Study. Dermatologic Surgery, v. 43, p. S304-S311, 2017.

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beleza
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40
 INÊS 249

OUTRA
Maquiagem
colorida e
forma
O pote abaixo está recheado
molhada para a de pasta de dente natural.
“versão” 15 anos
da atriz Giulia Em formato de pastilha, a
Benite novidade da B.O.B tem
versão com ou sem flúor.
Primeiro, é preciso mastigá-la
um pouco. Depois, basta
molhar as cerdas e fazer a
escovação. Os Tabs Dentais
vêm em pacotinhos
recicláveis de R$ 48,50
e o porta-Tabs de vidro custa
R$ 25, em usebob.com.br

DE REPENTE, 15
Quem reconhece a moça de maquiagem colorida, sobrancelhas penteadas para
cima e cabelo molhado? A atriz Giulia Benite tinha 9 e, depois, 11 anos quando
virou a dentuça Mônica, nos dois filmes da história em quadrinhos de Maurício
de Sousa. Aos 15, prepara-se para mais duas estreias no cinema, em maio: “De
repente miss” e “Morando com o Crush”, ambos do diretor, nascido em Taiwan e
naturalizado brasileiro, Hsu Chien. Giulia administra também uma presença forte
nas redes (2 milhões de seguidores no Instagram e 4 milhões no TikTok), com
conteúdo recheado de truques de beleza. “Tomo muito cuidado para não ficar
refém de rótulos e lembro sempre à minha geração a sorte de estar numa época
em que se fala mais sobre mulheres e corpos”, diz. Para o ensaio acima, a
maquiadora Laura La Laina trouxe um perfume da década de 1980 — estilo tão PASTA DE DENTE
atual — usando sombras roxa e laranja. E dá uma dica para ter sucesso com o wet EM COMPRIMIDOS,
hair: “O óleo, diferente do gel, permite maleabilidade aos fios”. (Foto: Fabio Audi).
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41
 INÊS 249

giro
Por INES GARÇONI | Fotos TOMÁS RANGEL

CAFÉ
COM
HISTÓRIA

Iona, Branca
e Paula
mudaram EMPÓRIO JARDIM COMPLETA
hábitos na
Zona Sul
DEZ ANOS DE SUCESSO E SÓCIAS
ANUNCIAM QUIOSQUE NO
SHOPPING LEBLON

42
 INÊS 249

E m um domingo de sol no iní-

cio de março, o Empório Jardim da Casa Fir-
jan, em Botafogo, chegou a ter 62 mesas em
espera, um número que assustou até as só-
O pão de
fermentação
natural, na
cias, Branca Lee, Paula Prandini e Iona chapa, é uma
Roth. Inegavelmente, a mais nova uni- das estrelas
dade do grupo, inaugurada em 2023, é
um sucesso. Mas as outras — no Jar-
dim Botânico, a primeira, e em Ipa-
nema, de 2018 — seguem com a fiel
clientela, mantida e ampliada ao
longo da última década, numa his-
tória que ajudou a mudar os hábitos
de café da manhã na Zona Sul.
Quando nasceu, o Empório se
tornou um oásis no deserto: era a
única casa de café da manhã que não
oferecia combos, mas pães, doces e
comidinhas à la carte. “Tenho urticá-
rias com a palavra ‘combo’”, brinca a
chef Paula, “porque são opções engessa-
das”. Para ela, fugir da modalidade foi o
grande diferencial e, ao mesmo tempo, o mai-
or desafio. Além disso, o trio foi pioneiro em ser-
vir café da manhã o dia todo. “A gente quis algo de-
mocrático, para as pessoas escolherem o que comer a
qualquer hora”, conta Branca.
O método segue sem alterações, a não ser pelo número
de ofertas, que aumentou. São 120 opções, entre elas, os
clássicos pães de queijo gruyére, croque monsieur, ovos
beneditinos e o pain au chocolat. Os pães, a cargo de Io-
Ovos pochê,
na, são de fermentação natural. Mas, para ela, a com molho
“melhor receita do Empório” é a parceria entre as de tomate e
especiarias: um
sócias: “Eu me orgulho muito de nunca termos clássico da casa
brigado e acho que esse é o grande segredo”.
Para comemorar os dez anos, o trio vai lan-
“EU ME ORGULHO
çar produtos, de canecas a camisetas, e um MUITO DE NUNCA
programa de fidelidade. Por fim, e mais im- TERMOS BRIGADO
portante: inauguram este ano um quiosque
no Shopping Leblon. “Nunca quisemos E ACHO QUE
abrir em shopping por achar que não dá para ESSE É O GRANDE
reproduzir o charme das casas”, explica Pau-
la. Mas, seduzidas pela ideia de um novo mo-
SEGREDO”
delo de negócio, aceitaram. “Não será simples,
mas a gente ama o que faz”, diz Paula. e
IONA ROTH
SÓCIA

43
 INÊS 249
Por JOANA DALE
n
, do Gra
Ramón la Gérman

BEM
ria no
Ma dup
ng, e a iño
Dabba ro Peña, do N s
P e d lho re
Sitz e º me
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Rese

NOVO POINT EM PARIS,

COZINHA LATINA NO RIO
E SORVETE NO INVERNO

Decoração
minimalista e
aconchegante
a pedidos
Sucesso do verão, a Sorveteria
do Grand
Pigalle Hotel Granado, em Ipanema, vai
atravessar as estações e ampliar
o funcionamento até o inverno.
Os sabores, criados pela Sorvetiño,
são inspirados nas fragrâncias da
marca. “Queremos surpreender
e mostrar que temos ingredientes
naturais”, diz Sissi Freeman.

SoPi
Não se trata daquele Pigalle dos cartões-postais. O Pigalle
contemporâneo, agora apelidado de SoPi “South Pigalle”, é um
bairro festivo e misterioso. Foi esse cenário que inspirou a decoração
FOTOS DE DIVULGAÇÃO

de interiores do Grand Pigalle Hotel, idealizada por Dorothée

Meilichzon. Do sótão ao térreo, todos os detalhes das 37 suítes foram
cuidadosamente pensados. O restaurante Frenchie Pigalle, com
uma cozinha definida como “sexy-trash”, é aberto a não hóspedes.
Diárias a partir de R$ 917. Mais informações: grandpigalle.com

44
 INÊS 249
Design Style no Radar Decoração por Andrea Eiras, Aurora Grei e Carla Napolião
@waydesignmoveis;
@novoambiente;
@arquivocontemporaneooficial;
@bretonoficial, @ovoo_rio,
@macmoveisrj, @trançarte e os
objetos de decoração da
@dracenahome e @organnerio.

Para nossos projetos de armários e

marcenaria selecionamos a
@laccamoveis,
@cacchionemarcenaria,
@monumentaldobrasil.

No segmento de revestimentos,
escolhemos: @orleanrio, @artecdesign e os projetos de
@icoloridivenezia, @mhmpedras, iluminação da @vigolucci e da
@portobelloshopbarra. @lucianamartinsrosa.luminarias.
Fazem parte também das nossas Confira todas as fotos, da seleção
seleções, os projetos da acima, na coluna Design Style
@highend_automation, publicada hoje no portal
A Interior Designer Andrea Eiras e as @landscape_jardins, www.radardecoracao.com.br .
arquitetas Aurora Grei e Carla @campinhoconstrucoes_, @radardecoracao”.
Napolião são profissionais de @inovar_esquadrias_de_aluminio Andrea Eiras, Aurora Grei e
excelência na área de projetos @elettromec, @tintascoral, Carla Napolião.
residenciais, interiores e comerciais,
somando suas expertises e
compondo uma equipe que se
entrega em todas as etapas de um
projeto, que vão desde a concepção
da ideia, passando por todo o
executivo, detalhamento e
decoração.

Com uma vasta cartela de clientes,

o trio afinado conta com uma
trajetória de reconhecimentos com
várias premiações no meio e
atuações em mostras de decoração,
como “Vitrines Assinadas”, Mostra
Artefacto, CasaCor Rio e entrega de
vários projetos no Rio de Janeiro,
São Paulo, Flórida e Portugal,
sempre com foco na alma e
personalização de cada cliente.

Em nossas escolhas para a Coluna

Design Style do portal Radar
Decoração, escolhemos os móveis
de design da @artefactooficialbrasil;

crônica
A BRUXA
Bruno Astuto
brunoastuto1@gmail.com.br
P
ortodasascoberturasquefizsobrearealeza
britânica, é natural que tenham me procurado nos últimos
tempos para opinar sobre o que teria acontecido
comKateMiddleton.Recebiconvitesparaprogramasderádio,
TV,sites,comosesoubessedealgumacoisa—enãosabia,cla-
ro. De qualquer forma, o meu fórum é aqui, então vamos a ele.
A informação que foi dada oficialmente me bastava: a
princesa se submeteria a uma cirurgia no abdômen e tira-
ria licença do trabalho. Cada pessoa sabe o momento em
que — e se — vai dividir sua condição de saúde. Por estar
numa posição de interesse político como mulher e mãe de
futurosreisdaInglaterra,Kateinformouaopúblicoquefa-
ria um procedimento. Mas as pessoas queriam mais, e hoje
em dia sempre querem mais, sobretudo especular.
Disseramqueomaridotinhabrigadocomospaisdela,que
ela tinha brigado com o sogro, que ela tinha feito plástica es-
condida, que o casal estava se separando. Isso tudo rendeu
memes, fofocas, conversas de bar e teorias conspiratórias.
Guardadasasdevidasproporções—eadistânciadaprince-
saaquiéimensa—,lembrei-medequandomeausenteidasre-
des sociais por causa de uma cirurgia. Amigos contavam que,
em grupos de Whatsapp, algumas pessoas diziam que eu esta-
va entre a vida e a morte, que eu estava deprimido. Só porque
fiquei 20 dias sem postar nada, sem tomar conhecimento do
resto do mundo. Eles estiveram entre os piores dias da minha
vida, pelo medo de não sobreviver, e também entre os melho-
res, pela oportunidade de viver uma experiência off-line e de
romper com essa filosofia de “posto, logo existo”.
Enfim,Kateveioapúblicoexplicarqueestásetratandode
46
INÊS 249
um câncer e fazendo quimioterapia. Que precisou de um
tempo para entender o próprio tratamento e encontrar um
meio de tranquilizar os filhos pequenos. E daí ficou aquele
bode nas rodas de bate-papo e nas redes sociais, um descon-
fortoentreosquesesesentiramàvontadeparabrincarcom
uma pessoa que, desde o início, avisou que faria uma cirur-
gia e por isso se ausentaria do trabalho. Ela não mentiu, mas
hoje se duvida de tudo, sobretudo da verdade.
Não ajudou a teimosa desconexão do palácio com o mun-
dorealevirtual,comonapublicaçãodafotoemqueaprince-
sa deu uma “photoshopada” em seu retrato com os filhos no
Dia das Mães da Inglaterra. Há alguns anos, Kate assumiu a
funçãodefotógrafaoficialdafamília,rompendocomatradi-
ção de contratar nomes badalados e experientes (entre eles,
Cecil Beaton, Lord Snowdon, Mario Testino) que costuma-
vam assinar esses retratos. Seus clichês criaram uma aproxi-
mação com o público, um sentido de intimidade e esponta-
neidade, que os “consertos” acabaram por trair. Ela não fez
nada de diferente do que fazem 99% das pessoas que adulte-
ramsuasfotoscomfiltrostodososdias,masessaexperimen-
tação só aumentou as especulações: se mentiu nessa boba-
gem, por que não estaria mentindo num assunto sério?
Mas a triste notícia relegou a fofocalhada a águas passa-
das, e daí vem a grande questão: por que só a doença impõe
respeito? Ora, porque com saúde não se brinca, responde-
riam os santos — aqueles mesmos que vivem brincando
com a saúde mental alheia.
Noves fora, quem está dando um show de equilíbrio, es-
toicismo e senso de dever é a mulher que foi xingada de to-
dos os nomes, chamada de velha, feia e bruxa: Camilla,
que, aos 76 anos, está segurando as pontas do marido, dos
enteados e da Coroa em to-dos os compromissos oficiais.
Para espanto dos santos, chegou o dia em que as bruxas
vêm salvar o reino em cima do cavalo branco. Ou pelo me-
nos são reconhecidas por isso. e
“
R Q U E SÓ
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ÇA I MPÕE
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A DOE PEITO?
RES
INÊS 249
 INÊS 249

Coleção Florais
As clássicas fragrâncias voltaram
em edição limitada.

granado.com.br GranadoPharmacias
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OGLOBO | Domingo 31.3.2024

BARRA
oglobo.com.br

NOVOS CAMINHOS
100 ANOS DEPOIS
Oferta de atividades à comunidade
e proteção do patrimônio são desafios
da Colônia Juliano Moreira
após fim do manicômio

CIDADE / MOBILIDADE
Licitação de transporte aquaviário
termina sem interessados
Nova data será marcada; moradores apoiam projeto, mas se preocupam com meio ambiente
LILIAN FERNANDES E
PRISCILLA LITWAK
falabarra@oglobo.com.br
-
A licitação para implanta-
ção do transporte aqua-
viário nas lagoas do comple-
xo lagunar de Jacarepaguá
terminou sem interessados.
Aproposta da prefeitura con-
siste na criação de 16 linhas,
com expectativa de transpor-
tar 90 mil passageiros por
dia. O investimento privado
previsto é de R$ 101,6 mi-
lhões, com operação e ma-
nutenção ao longo de 25
anos de concessão.
Oedital foi lançado em ou-
tubro do ano passado e, no
último dia 21, nenhum inte-
ressado apareceu à concor-
rência, no auditório da
Companhia Carioca de Par-
cerias e Investimentos (CC-
Par) da prefeitura, no Cen-
tro. A empresa informa que
vai republicar o edital até o
fim de abril, sem alterações,
e atribui o desinteresse ao
pouco tempo que os possí-
veis candidatos tiveram para
se preparar para a licitação.
A proposta é que as linhas
sejam implementadas gra-
dualmente, com a ligação da
estação Jardim Oceânico do
metrô a Rio das Pedras, Li-
oglobo.com.br/rio/bairros
O GLOBO - BARRA DA TIJUCA, JACAREPAGUÁ, RECREIO, SÃO CONRADO, VARGEM GRANDE E VARGEM PEQUENA
BANGU, BARRA DE GUARATIBA, CAMPO DOS AFONSOS, CAMPO GRANDE, COSMOS, DEODORO, GUARATIBA, INHOAÍBA, JARDIM SULACAP, MAGALHÃES BASTOS, PACIÊNCIA, PADRE MIGUEL,
PEDRA DE GUARATIBA, REALENGO, SANTA CRUZ, SANTÍSSIMO, SENADOR CAMARÁ, SENADOR VASCONCELOS, SEPETIBA, VILA MILITAR E VILA VALQUEIRE
Editor responsável: Milton Calmon Filho (miltonc@oglobo.com.br). Edições impressa e on-line: Lilian Fernandes (lilian@oglobo.com.br). Diagramação: Ana Scott. Telefones: Redação: 2534-5000,
r. 5905/5123. Publicidade: 2534-4355. Faturamento: 2534-5484. Crédito: 2534-5860. Endereço: Rua Marquês de Pombal 25, 3º andar - CEP 20230-240. E-mail: falabarra@oglobo.com.br.
Lagoa da Tijuca. Balsa que faz a travessia para a Ilha da Gigoia: objetivo do projeto é organizar transporte
nha Amarela e Canal de Ma-
rapendi; e a integração de
bairros e pontos de interesse
como Gardênia Azul, Muze-
ma, BarraShopping, Parque
Olímpico, Península e con-
domínios residenciais e co-
merciais. A tarifa prevista é a
mesma dos demais trans-
portes públicos municipais,
com integração tarifária e do
sistema de bilhetagem.
O vereador Pedro Duarte
(Novo), que acompanhava
a licitação, acredita que o
edital não é atrativo:
—Ao meu ver, o que pode
estar afastando as empre-
sas são questões como a
preocupação com o desas-
soreamento das lagoas. Há
outras inseguranças, como
a exigência de um investi-
mento inicial considerável
GUITO MORETO/7-6-2022
para um negócio de risco.
Para ele, a melhor alter-
nativa seria ter várias em-
presas operando o sistema,
incluindo os barqueiros
que já atuam na região:
—Esse transporte já exis-
te, mas é claro que pode ser
melhorado e ampliado, um
sonho antigo do morador.
A CCPar diz que os bar-
queiros foram ouvidos pe-
INÊS 249
la prefeitura, e o vencedor
da licitação terá de mantê-
los trabalhando no local.
Presidente da Câmara Co-
munitária da Barra (CCBT),
onde a prefeitura realizou
uma audiência pública so-
bre o projeto, há seis meses,
Delair Dumbrosck também
salienta que ele precisa ser
antecedido do desassorea-
mento das lagoas.
— O projeto dará mais
mobilidade a toda a região.
Mas os R$ 250 milhões
previstos (para limpeza
das lagoas) no contrato da
concessionária Iguá (res-
ponsável pelo abasteci-
mento de água e sanea-
mento da região) não da-
rão nem para a saída —diz.
O empresário Rommel
Cardozo, morador da Ilha
da Coroa desde que nasceu e
proprietário do tradicional
Bar do Oswaldo, faz coro:
— Tudo precisa ser feito
com calma, estudo de im-
pacto e transparência. É im-
portante garantir o equilí-
brio entre o uso das lagoas
para o transporte e a conser-
vação da fauna e da flora.
Criador do Instituto Núc-
leo Maré (InMar), na Praia
dos Amores, o professor de
surfe Márcio dos Santos res-
salta também a preocupa-
ção com as populações que
vivem das lagoas:
—Não adianta explorar o
complexo lagunar econo-
micamente sem falar de
dragagem, saneamento
básico e impacto na vida dos
barqueiros e das comunida-
des caiçaras e ribeirinhas.
Capa: Caminho que leva do Museu
Bispo do Rosário à Igreja de Nossa
Senhora dos Remédios na Colônia
Juliano Moreira.
FOTO DE ALEXANDRE CASSIANO
 INÊS 249

Água:
quando se
sabe a fonte,
é outra história.
Você já se perguntou de
onde vem a água que você
e sua família consomem?

A água que chega aos moradores Perigo invisível

dos 18 bairros do Rio abastecidos
pela Iguá é tratada e passa por
diversos testes de qualidade, com
protocolos estabelecidos pela
Vigilância Sanitária e Ministério
da Saúde.
O olho pode até não ver diferença,
mas a saúde sente. Esta água pode
estar contaminada e causar doenças
como hepatite A e diarreia, entre
outras.

Fontes alternativas de água, como Saber de onde vem a água protege

poços perfurados sem autorização
e carros-pipa que não estejam a
serviço da concessionária, não
oferecem qualquer garantia de
qualidade e procedência.
a saúde de sua família e do planeta.
Saiba mais sobre como sua
água é tratada e os riscos do
uso de fontes alternativas.

ECONOMIA / IMPOSTO DE RENDA
Ajuda para prestar
contas ao Leão
Estácio tira dúvidas de pessoas físicas
D ez unidades da Estácio,
no Rio, em Niterói e em
Nova Iguaçu, estão ofere-
cendo atendimento gra-
tuito a quem tem dúvidas
quanto ao preenchimento
da declaração de Imposto
de Renda de pessoa física.
A equipe da universidade
também está fazendo aten-
dimento on-line, com o
objetivo de atingir todo o
país. Este ano, o prazo para
entrega da declaração vai até
31 de maio, e há mudanças
nas regras às quais os contri-
buintes devem estar atentos.
Entre elas estão o limite de
rendimentos tributáveis, que
passou para R$ 30.639,90; o
limite de rendimentos isen-
SAÚDE / SERVIÇO
UVA inaugura nova
clínica odontológica
Alunos atendem sob supervisão de professores
O campus Barra da Uni-
versidade Veiga de Al-
meida (UVA) inaugurou
este mês sua nova clínica
de odontologia, que ofere-
ce tratamentos a preços
mais acessíveis.
Estudantes a partir do 5º
período do curso de Odon-
tologia, sob a supervisão de
professores, realizam os
atendimentos durante to-
do o período letivo. Os cli-
entes pagam um preço fixo
tos e não tributáveis, que foi
para R$ 200 mil; a receita
bruta da atividade rural, que
agora é de R$ 153.199,50; e o
valor de posse ou proprieda-
de de bens e direitos, que su-
biu para R$ 800 mil.
O Núcleo de Atendimen-
to Fiscal (NAF) da Estácio,
que fica sediado no cam-
pus Estácio Tom Jobim, na
Barra, e conta com a parce-
ria da Receita Federal,
também fará atendimen-
tos gratuitos remotamen-
te. Os contribuintes pode-
rão contar com serviços di-
gitais gratuitos, como
preenchimento, declara-
ção e envio da declaração,
análise da malha, emissão
por semestre, para ter di-
reito a serviços como trata-
mento de gengiva, restau-
ração, extração e canal.
Procedimentos extras, que
dependam de laboratório,
como prótese (fixa e remo-
vível), clareamento e radi-
ografia periapical comple-
ta, têm um custo adicional.
O serviço será incremen-
tado com a inauguração
das clínicas de estomatolo-
gia, em abril, e de odonto-
Como preencher a declaração. Estudantes e professores do Núcleo de Atendimento Fiscal tiram dúvidas
e regularização de CPF,
CNPJ, Microempreende-
dor Individual (MEI), E-
Social, Simples Nacional,
PERDCOMP, análise de si-
tuação fiscal, emissão de
DARF, REDESIM, certi-
dões negativas e parcela-
mentos. Interessados de-
Preços acessíveis. Clínica oferece tratamentos como extração e canal
logia pediátrica, em maio.
E novas especialidades po-
derão passar a ser ofereci-
das, de acordo com o
aprendizado dos alunos da
graduação.
vem escrever para o e-mail
naf.digital@estacio.br.
Na região, além do cam-
pus Tom Jobim, a Estácio R9
Taquara, na Rua André Ro-
cha 838, também oferece
atendimento presencial.
Coordenadores, docentes
e alunos do curso de Ciên-
DIVULGAÇÃO/UVA
—Ter contato com paci-
entes da triagem ao trata-
mento e utilizar equipa-
mentos de primeira linha
possibilitam uma experiên-
cia completa para os alunos
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DIVULGAÇÃO/ESTÁCIO
cias Contábeis da Estácio
trabalharão na ação.
—Com o NAF, os estudan-
tes aprendem na prática e
ajudam a instituição a cum-
prir seu papel social — diz
Stephanie Kalynka, líder na-
cional da Área de Negócios
da Estácio.
e faz com que eles se prepa-
rem melhor para a vida pro-
fissional — diz Cláudia Cal-
legaro de Menezes, coorde-
nadora da clínica e do labo-
ratório de Odontologia do
campus Barra da UVA.
O público-alvo são mora-
dores de bairros da região,
mas não há restrição ao
atendimento de pessoas de
outras localidades. Todos
os pacientes passam por
uma etapa de avaliação e
triagem antes de iniciarem
o atendimento clínico.
Para agendamentos, de-
ve-se entrar contato pelo
WhatsApp (21) 99571-
4805. O campus fica na
Avenida General Felicíssi-
mo Cardoso 500, bloco A.
INÊS 249
 INÊS 249
GASTRONOMIA / EVENTO

Festival Arretado leva o

Nordeste ao shopping
Uptown terá música, gastronomia e produtos típicos da região
As ofertas anunciadas nesta página ficarão disponíveis
ao longo da semana. Fique ligado em: clubeoglobo.com.br DIVULGAÇÃO

DIVULGAÇÃO

MÚSICAS NOVAS NO PALCO

O Teatro Cesgranrio, no Rio Compri-
do, recebe no próximpo sábado a can- 50%
tora Mariana Nolasco. Na ocasião, ela desconto
apresenta o show “Quem é ela?” Assinante tem
50% OFF em ingressos. Detalhes no site do Clube.
DIVULGAÇÃO DIVULGAÇÃO Cardápio. Carne de sol acebolada, com macaxeira, arroz, feijão-fradinho, molho vinagre e farofa: uma das opções

O Uptown vai se tornar

um pedaço do Nor-
deste no próximo fim de
semana, quando realizará
o Festival Arretado, com
gastronomia, música e
HAMBÚRGUER APRENDA UM produtos típicos da regi-
ão dando o tom de sexta a
SABOROSO NOVO IDIOMA domingo.
O Burger King oferece Assinante descobre a O cardápio da festa vai
ao Clube 20% OFF em novas formas de apren- ter delícias como baião de
pedidos acima de R$ 25 dizado na Auding Idio- dois, carne de sol com ma-
e frete grátis em com- mas com 15% OFF em caxeira, acarajé, bobó do
pras superiores a R$ 35 qualquer programa da camarão, cuscuz e tapioca.
(até 5km das lojas). escola. Confira on-line. Estandes com cervejas ar-
tesanais, cachaças e drin-
ques refrescantes, com
ACESSE E CONFIRA! frutas tropicais, comple-
Escolha o modo “Foto” e posicione a tam a oferta.
câmera de modo a captar o código. No palco do evento vai
Feito isso, a câmera mostrará no topo ter forró pé de serra, axé,
da tela a opção para abrir o link.
piseiro (estilo musical
que nasceu no Piauí) e
outros ritmos que o Nor-
deste emprestou para fa-
zer o Brasil se sacudir.
Nos intervalos entre os
shows, a diversidade cul-
tural da região será cele-
brada por meio de apre-
sentações de capoeira
(sexta), frevo (sábado) e
maracatu (domingo).
Todos os dias, a música
começará com o DJ Fábio
Jamelão. Na sexta, quan-
do o festival vai das 17h às
23h, a programação terá
ainda o Trio Balanço
Bom, de forró pé de serra.
Sábado, a programação
se inicia ao meio-dia e in-
clui a dupla Higor e Bru-
no e o grupo Os 3 Nordes-
tinos, conhecido de
quem frequenta a Feira
de São Cristóvão, tradici-
onal reduto dos imigran-
tes da região e dos admi-
radores da sua cultura.
Domingo, o festival co-
meça no mesmo horário e
tem Iris Pontal e ainda o
grupo Soul da Gema, com
clássicos do axé.
Completa a festa uma
feira com cerca de 30 expo-
sitores de produtos ali-
mentícios típicos, artesa-
nato e exemplares da lite-
ratura de cordel, além de
área kids com oficinas de
pintura, slime e brinque-
dos infláveis.
A entrada no Festival
Arretado é franca, e o va-
lor do estacionamento no
Uptown é de R$ 17 pelo
período de 12 horas.
 INÊS 249

Nosso futuro olímpico

também passa por aqui.
Vem aí o Intercolegial 2024.
Em ano de Olimpíadas, as competições do Intercolegial ganham um
significado ainda mais especial. Afinal de contas, a maior competição
estudantil do Brasil tem um papel fundamental no estímulo ao esporte
e aos valores olímpicos, além de descobrir jovens talentos em diversas
modalidades. Preparem-se, vem muita emoção por aí. As inscrições
começam amanhã.

Acesse e inscreva-se!

intercolegial.com.br
 INÊS 249
CAPA / HISTÓRIA

Celebração ao fim das levavam os pacientes

para dentro do cubículo de
volta, chutando e dando

dos manicômios
gravata até a gente cair no
chão. E, mesmo assim, eles
continuavam batendo.
Eram três em cima de um
só. Na hora do almoço, não
No ano que marca o seu centenário, a antiga Colônia Juliano tínhamos sossego. A área
onde comíamos era igual a
Moreira renova seu papel no cuidado de pacientes psiquiátricos um chiqueiro de porco,
com poças de água no chão
e abre as portas para receber a comunidade do entorno fedendo a podre — relata.
MADSON GAMA madson.gama@oglobo.com.br Cem anos após a funda-
ção do conjunto psiquiátri-
co, inaugurado em 1924 na
FOTOS DE ALEXANDRE CASSIANO
antiga fazenda Engenho
Novo e que era o destino de
pacientes considerados ir-
remediáveis, o IMASJM
celebra a superação daque-
le modelo desumano e de-
gradante, distante de uma
assistência efetiva, um
movimento ensejado pela
luta antimanicomial e a re-
forma psiquiátrica, que co-
meçaram a avançar na dé-
cada de 1980.
— Não estamos cele-
brando cem anos da colô-
nia, do manicômio. Esta-
mos celebrando a luta efe-
tiva, a partir de trabalhado-
res e usuários da saúde
mental, para acabar com
esse formato excludente,
de encarceramento, en-
tendendo que cuidar é pos-
sível e é saudável em liber-
dade. É óbvio que cuidar
em liberdade dá trabalho;
muitas vezes, precisamos
emprestar muito do nosso
tempo para poder cuidar.
Parece ser mais fácil colo-
cá-los num lugar, impor re-
Novos ares. Último pavilhão a ser desativado, o antigo Franco da Rocha hoje abriga um centro de convivência com atividades culturais e esportivas gras e ter controle sobre
seus corpos. Mas quere-

Q
uando notou a Moreira, rebatizada na dé- viveu no local. Ex-interno nado na colônia. Vim para mos o mais fácil ou o me-
presença da equi- cada de 1990 de Instituto da instituição, ele mora nu- cá adolescente. Minha fa- lhor? —pontua a psicóloga
pe de reportagem Municipal de Assistência à ma das casas da área, que mília me trouxe de Enge- Rosângela Nery, vice-dire-
do GLOBO-Bar- Saúde Juliano Moreira hoje é uma espécie de sub- nho de Dentro, me jogou tora do IMASJM. — O me-
ra, na última ter- (IMASJM), Arlindo Olivei- bairro de Jacarepaguá, e vi- aqui como se eu fosse lixo e lhor é um cuidado que pos-
ça-feira, no Museu Bispo ra, de 70 anos, logo roubou sita quase diariamente o saiu fora. Recebíamos ele- sibilite a essas pessoas ocu-
do Rosário, situado dentro a cena e resolveu, de forma museu, onde tem obras au- trochoque, pauladas nas par a cidade; poder ir a um
do antigo complexo de ma- espontânea, interagir e torais em exposição. costas e chutes. Quando a teatro ou a um show, por
nicômios Colônia Juliano contar os pesadelos que já — Fiquei 55 anos inter- visita ia embora, os guar- exemplo. Ter um transtor-
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BARRA OGLOBO 9
Domingo 31.3.2024

O início Com a construção as na década de 1970.

de tudo iniciada em 1921, a Eletrochoques, loboto-
então Colônia de Alie- mias, castigos em
nados de Jacarepaguá solitárias e espanca-
foi inaugurada no dia 29 mentos faziam parte da
de março de 1924, rotina dos pacientes.
absorvendo os internos Com o fortalecimento
das superlotadas Colô- da luta antimanicomial,
nias de Alienados da esses métodos come-
Ilha do Governador: São çam a ser abolidos a
Bento e Conde de Mes- partir dos anos 1980.
quita. Em 1935, tornou- Vinte anos depois, a
se Colônia Juliano criação de residências
Moreira, em homena- terapêuticas para
gem ao médico pionei- receber ex-internos que
ro na psiquiatria brasi- não têm família ou não
leira e na luta contra podem ser acolhidos
teorias racistas. Com pelos parentes se tor-
estrutura que abrangia nou política nacional.
79 instalações, entre Hoje, o município conta
hospitais e pavilhões, o com 97 casas, sendo a
complexo de manicô- maioria na Taquara,
mios chegou a abrigar onde vivem cerca de
cerca de seis mil pesso- 550 pessoas.
Gestão feminina. A vice-diretora Rosângela Nery (à esquerda) ao lado da diretora Luciana Cerqueira

sitar o pavilhão é como fa-
zer uma viagem no tempo,
já que ele preserva uma ar-
quitetura colonial, com ca-
sas espalhadas numa am-
pla área verde cortada por
ruas de paralelepípedos,
lembrando uma fazenda.
— Patrícia Ruth, que é
uma artista plástica e esteve
internada nesse núcleo, foi a
pessoa convidada por mim,
que à época era diretora da
unidade, para fechar a porta
ejogar aquela chave fora. Pa-
ra as pessoas que estiveram
dentro do hospício, a chave
tem um significado muito
forte. Ouvir o barulho da ar-
gola de chaves quando apa-
Arlindo. Ex-interno, artista tem obras expostas no Museu Bispo do Rosário recia um funcionário era
muito assustador para eles,
no psiquiátrico não deve- Rocha foi rebatizado de Es- porque era o momento em
ria colocar ninguém numa paço Maria Rosenda, em que precisavam se recolher,
posição inferior. Nossa lu- homenagem a uma ex-in- muitas vezes, num cubículo,
ta até hoje é para que elas terna, e hoje serve como significando o fim da possi-
possam ter seus direitos um centro de convivência bilidade de conviver — rela-
como cidadãos garantidos. e aprendizado não apenas ta. — Manicômios são espa-
Último núcleo da colô- para pacientes psiquiátri- ços que roubam a vida das
nia a ser desativado, em ou- cos, mas para a comunida- pessoas. A colônia, não dife-
tubro de 2022, o Franco da de do entorno também. Vi- rente dos outros hospícios,
ocupava uma área afastada
do centro e era um lugar on-
de as pessoas fora do padrão
eram depositadas, tivessem
elas transtornos ou não. A
história dos manicômios
mostra que havia uma maio-
ria de pessoas pretas, peri-
féricas, pobres e indígenas,
que eram vistas como aber-
rações na sociedade.
Ofato é que há um esforço
de transformação e ressigni-
ficação do espaço ao longo
dos últimos anos. Das sete
casas dentro do atual Espa-
ço Maria Rosenda, uma se
tornou o Centro de Cultura
e Convivência Pedra Bran-
ca, cujos antigos quartos,
onde os internos se amonto-
avam, foram transformados
em sete salas, que abrigam
atividades como aulas de
alongamento, consciência
corporal, pilates, violão, ca-
vaquinho, composição mu-
sical, percussão, balé infan-
til e confecção de bonecos a
partir de materiais da natu-
reza. A poucos metros do lo-
cal, outro imóvel está sendo
usado como um barracão,
onde acontecem os ensaios
do bloco carnavalesco Im-
pério Colonial, formado por
artistas participantes do
museu, e parte das oficinas.
As demais construções do
núcleo ainda precisam pas-
sar por reformas.
—Em breve, iniciaremos
uma oficina de pintura em
tela e bordado ministrada
por Patrícia Ruth, que sema-
nalmente está aqui e ofere-
ceu esse trabalho. Estamos
só aguardando a chegada
dos materiais para começar
—conta a psicóloga Cecília
Estella, coordenadora do
centro. — A importância
maior é ressignificar um es-
paço que já foi um lugar de
dor e sofrimento. As pessoas
dizem: “Eu já estive aqui em
momentos muito difíceis.
Agora, estou aqui fazendo
uma oficina, produzindo ar-
te e convivendo com outras
pessoas”. Isso é fundamental
para a promoção da saúde.

CAPA / HISTÓRIA
Preservação do
patrimônio preocupa
Área sofre com degradação e ocupação irregular
S e as rígidas normas do
manicômio tolhiam a
autonomia e a subjetividade
dos internos, a arte, por ou-
tro lado, era uma ferramenta
para eles expressarem sua
singularidade e sobreviver. E
continua sendo na vida em
liberdade. Um dos símbolos
do processo de transforma-
ção da antiga Colônia Julia-
no Moreira é o Museu Bispo
do Rosário, que tem como
proposta a valorização do
potencial criativo no campo
da saúde mental, com o pro-
tagonismo dos pacientes
psiquiátricos. O nome é
uma homenagem ao ex-pa-
ciente Arthur Bispo do Ro-
sário, cujas obras, feitas a
partir de objetos do cotidia-
no do hospício, são reconhe-
cidas internacionalmente.
Ao entrar no pátio do mu-
seu, do lado esquerdo se po-
de ver um acervo que guar-
da as preciosidades de Rosá-
rio. Entre elas, o “Manto de
apresentação”, uma peça
que ele costumava vestir no
dia a dia e em que estampou
uma espécie de mapa usan-
do diferentes elementos,
como ônibus, peças de do-
minó, bicicletas e um terço.
Do lado direito, num meza-
nino, fica o Ateliê Gaia. Rei-
naugurado em janeiro co-
mo uma das celebrações ao
centenário, a galeria expõe
quadros, esculturas e insta-
lações de ex-pacientes da
colônia e atuais usuários da
saúde mental. Em comum
entre os trabalhos, um colo-
rido vívido. Um dos desta-
INÊS 249
ques é a obra “O navegador”,
um navio que Arlindo cons-
truiu com materiais reciclá-
veis, como chinelos, bone-
cas, carrinhos, lâmpadas,
pulseiras e correntes. Uma
ampla sala no andar abaixo
do ateliê, à vista do público,
é destinada ao processo cri-
ativo dos artistas.
—Os artistas se dedicam
diariamente à produção no
Ateliê Gaia. Temos uma
programação semanal em
que eles se revezam no espa-
ço de criação, supervisiona-
dos pela coordenação edu-
cativa do museu, que orien-
ta sobre formas de dar visibi-
lidade aos seus trabalhos.
Há ainda uma orientação de
curadoria. Temos uma reu-
nião toda terça-feira à tarde
em que um curador põe em
discussão o que estão crian-
do e ideias que têm guiado
as ações do museu, como o
enfrentamento ao racismo
estrutural — destaca o sani-
tarista Alexandre Trino, di-
retor do espaço.
Desde janeiro, o museu
promove atividades pelos
cem anos da colônia. Em fe-
vereiro, houve o desfile do
bloco Império Colonial.
—Temos feito uma inte-
gração com a cultura afro.
Este mês, fizemos um even- território nesses cem anos museu como um espaço po- Antigo Núcleo
to em que os três quilombos —conta Trino. — O museu tente na inclusão social e re- Franco da
do entorno trouxeram seu tem uma relevância enor- abilitação psicossocial, que Rocha. Local
conhecimento relacionado me dentro do contexto da atua ainda com iniciativas agora se chama
à gastronomia ancestral e à ex-Colônia Juliano Moreira, em prol da comunidade do Maria Rosenda
confecção de bonecas principalmente no que diz entorno, sendo uma delas o e abriga
Abayomi. Em abril, vamos respeito à superação ao ma- projeto da horta comunitá- atividades para
fazer uma exposição que vai nicômio. Ao comemorar o ria, possibilitando geração ex-internos e
retratar a transformação do centenário, lembramos do de trabalho e renda. comunidade

FOTOS DE ALEXANDRE CASSIANO
Com cerca de um quilô-
metro, um caminho de para-
lelepípedos separa o museu
de outro patrimônio históri-
co da colônia: a Igreja de
Nossa Senhora dos Remé-
dios, do século XVII, onde
há missas aos domingos, às
11h. Tombada pelo Instituto
Aqueduto.
Monumento
está em ruínas,
e parte dos
arcos foi
destruída
por invasores
de terras
Centro cultura
e convivência.
Núcleo oferece
oficinas para a
comunidade
Nossa trando pelo teto e estava tu-
Senhora dos do destruído. Então, a prefei-
Remédios. tura interditou. Nesse perío-
Manutenção da do ficamos pulando de galho
igreja tombada em galho para fazer as mis-
é feita pelos sas, e a prefeitura restaurou o
próprios fiéis telhado e o lado de fora, mas
faltou a parte interna —con-
ta Glória Maria de Sousa.
Um dos temores dos fiéis
é que o imóvel do antigo
núcleo Rodrigues Caldas,
colado aos fundos da igreja,
desabe. Completamente
deteriorada, a construção
lembra uma casa fantasma,
com o reboco escurecido
pelo tempo caindo aos pe-
daços e com mato brotando
de dentro para fora.
A poucos metros da igre-
Estadual do Patrimônio Cul- ja, o imponente Aqueduto
tural (Inepac), a construção da Colônia Juliano Moreira,
amarela foi reaberta em tombado pelo Instituto do
2014, após sete anos interdi- Patrimônio Histórico e Ar-
tada, graças à mobilização tístico Nacional (Iphan) em
dos fiéis, que reformaram 11 de maio de 1938, chama a
seu interior e fazem o possí- atenção. Hoje, mais por sua
vel para cuidar do imóvel. degradação do que pela be-
—Tinha raiz de árvore en- leza de outrora, já que o mo-
numento está em ruínas e
com o entorno tomado por
matagal e entulho.
Toda essa riqueza históri-
ca integra o que pode vir a ser
um corredor cultural previs-
to por um projeto de lei apro-
vado este mês na Câmara
dos Vereadores, que aguarda
a sanção ou o veto do prefei-
to Eduardo Paes. A Colônia
Juliano Moreira também fi-
gura em roteiros guiados
promovidos pela Casa de
Cultura de Jacarepaguá,
centro cultural na Taquara.
—Trabalhamos com me-
mória, e essa caminhada
que inclui o núcleo histórico
da colônia é uma viagem ao
século XVII. A primeira coi-
sa que fazemos é situar as
pessoas sobre o passado co-
lonial da região, para falar
dos antigos engenhos que
deram origem a esse territó-
rio — explica Alexandra
Gonzalez, fundadora do es-
paço. —Revitalizar essas ru-
ínas significa fazer as pazes
INÊS 249
BARRA OGLOBO 11
Domingo 31.3.2024
com a memória do bairro e
gerar desenvolvimento e
renda para uma comunida-
de muito abandonada. Essa
região tem sofrido com mui-
ta violência e o avanço das
construções irregulares, que
têm apagado nossos patri-
mônios. O aqueduto já teve
35 arcos; hoje, só tem sete.
A Secretaria de Ordem
Pública (Seop) informa que,
de 2021 a 2023, realizou 51
vistorias na antiga Colônia
Juliano Moreira, resultando
em intimações, notificações
e 33 unidades demolidas. A
pasta destaca que, de janeiro
amarço deste ano, foram fei-
tas seis inspeções e quatro
demolições e, desde janeiro,
está em andamento a des-
truição de um prédio de cin-
co andares. A Seop garante
que mantém fiscalização
constante na região e que
novas ações serão feitas,
com apoio da força policial,
já que o local sofre influência
do crime organizado.
 INÊS 249

Contagem regressiva para

DIVULGAÇÃO/ARI GOMES/28-05-2023
o Intercolegial de 2024
Inscrições das escolas para a 42ª edição começam na segunda-feira

çãoatravésdositewww.in- sal, primeira modalidade

tercolegial.com.br. em disputa, começa em 18
No ano passado, o Santa de maio. Ainda no primeiro
Mônica Rede de Ensino — semestre, os colégios vão
inscrição pela unidade de brigar por medalhas no ska-

Fdoalta pouco para o ponta-

pé inicial da 42ª edição
Intercolegial, que tem
realização do jornal O
GLOBO e apresentação do
Sesc-RJ. A partir de segun-
da-feira (termina no dia
19), as escolas poderão se
inscrever para a competi-
Cascadura — foi o grande
campeão,com272pontos.O
Loide Martha, de Duque de
te. Na segunda metade do
ano,apartirdeagosto,acon-
tecem as disputas de bas-
Caxias, somou 250 e ficou quete,xadrez,handebol,vô-
emsegundo.Obronzefoipa- lei e vôlei de praia.
raoGEODoutorSócrates,de A presença das escolas ins-
Guaratiba,com123pontos. critas no evento é obrigató-
O Congresso de Abertura ria, com cada colégio repre-
seránodia24deabril.Ofut- sentado por um professor. O

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DIVULGAÇÃO/ARI GOMES/25-11-2023
A bola não comparecimento impli-
vai rolar. cará na perda de dez pontos Calendário do
As disputas da instituição de ensino na Intercolegial
começam contagem geral do Intercole-
em maio gial.Afestadeencerramento Inscrição: Xadrez:
com o futsal serárealizadaemdezembro. De 1/4 De 31/8
Em todas as modalidades até 19/4 até 1º/9
as competições terão as ca-
tegorias masculina e femi- Congresso Handebol:
nina, divididas de acordo de Abertura: De 28/9
com faixa etária, sexo e re- Dia 24/4 até 26/10
gistro ou não em federação.
OIntersolidário,repetindo Futsal: Vôlei:
o que aconteceu em anos an- De 18/5 De 3/11
teriores, também estará no até 9/6 até 30/11
Intercolegial.Alémdeajudar
quem precisa, a ação contará Skate: Vôlei de praia:
pontos para a competição. A Dia 22/6 De 23/11
estratégia de recolhimento até 24/11
dealimentosserádefinidano Basquete:
Reta final. Congresso de Abertura. O De 17/8 Festa de en-
O vôlei de objetivo é superar o recorde até cerramento:
praia fechará de 2023, quando foram arre- 21/9 Dezembro
o Intercolegial cadados7.938,5kg.

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NITERÓI
FOME DE QUÊ?
Ana Cláudia
Guimarães
Observação de
baleias começa em
oglobo.com.br junho na cidade
PÁGINA 4

EDUCAÇÃO
‘NÃO VAMOS DEIXAR NENHUMA
CRIANÇA FORA DA ESCOLA’
EM ENTREVISTA AO GLOBO-NITERÓI, o secretário Bira Marques afirma que inauguração de
quatro unidades e convocação de 230 professores concursados vão resolver problema até maio PÁGINA 3

FOTOS DE DIVULGAÇÃO/LEONARDO SIMPLÍCIO

Acessibilidade e ecoturismo
em alta no Parque da Cidade
O Parque da Cidade, no Morro da Viração, acaba de receber obras de
melhorias. O objetivo da intervenção foi aprimorar a acessibilidade às
rampas de contemplação e de voo e revitalizar o paisagismo, consoli-
dando o espaço como destino turístico ecologicamente consciente e
acessível. Os trabalhos incluíram instalação de piso intertravado e
piso tátil, construção de muretas de concreto e manutenção e insta-
lação de novos guarda-corpos, bem como aprimoramento na ilumina-
ção, com luminárias direcionadas para minimizar os impactos à
fauna. Um novo espaço de convivência foi criado, com bancos e um
deque de madeira. O investimento da prefeitura foi de R$ 384 mil.

DOMINGOS PEIXOTO/26-02-2023 DIVULGAÇÃO/GRUTA DE SANTO ANTÔNIO DIVULGAÇÃO

RESULTADO DE ESTUDO ALMOÇO DE PÁSCOA VOZ E VIOLÃO

UFRJ propõe que estado Diferentes receitas com Isabella Taviani leva show
assuma operação das barcas bacalhau, a estrela da festa romântico ao Teatro Popular
PÁGINA 3 PÁGINA 6 PÁGINA 6
2 | Niterói INÊS
Domingo 31.3.2024
249
| OGLOBO

Sistema antecipa mudança climática em Niterói

Defesa Civil, em colaboração com a Universidade Federal Fluminense (UFF), elabora modelo meteorológico
pioneiro para prevenir desastres naturais; especialista explica a vulnerabilidade da cidade às chuvas intensas

DIVULGAÇÃO/LUCAS BENEVIDES
GABRIELLE LOPES
gabrielle.lopes.rpa@edglobo.com.br
Em tempo gematéqueaáguafossedre-
-
real. nada —contou Prado.
O modelo Ele diz que os problemas

Emanas,
m decorrência das fortes
chuvas das últimas se-
moradores de diver-
sos bairros de Niterói têm
relatado uma série de trans-
tornos causados pelas varia-
ções climáticas, que estão
cada vez mais evidentes. A
situação preocupa, uma vez
que os impactos não se res-
tringem à mobilidade urba-
na, mas também resultam
em perda de bens, pessoas
desabrigadas e aumento da
proliferação de vetores.
Em resposta a estas de-
mandas, a Secretaria de De-
fesa Civil de Niterói liderou
uma iniciativa para fortale-
cer a cidade contra os desa-
fios das mudanças climáti-
cas, com a implementação
de avanços tecnológicos.
Utilizando drones, satéli-
tes, mapas georreferencia-
dos, sensores e robôs, a De-
fesa Civil desenvolveu um
modelo meteorológico ex-
clusivo para Niterói. Essa
abordagem surgiu da cola-
boração entre a prefeitura e
a Universidade Federal Flu-
minense (UFF), por meio
do Programa de Desenvolvi-
mento de Projetos Aplica-
dos (PDPA).
—Os meteorologistas tra-
dicionalmente definem
modelos climáticos globais,
porém, percebemos a ne-
cessidade de uma aborda-
gem mais específica para
Niterói —destaca o secretá-
rio Walace Medeiros.
Márcio Cataldi, meteoro-
logista e docente do Depar-
tamento de Engenharia
Agrícola e Ambiental da
UFF, desempenhou um pa-
pel central como coordena-
dor e responsável pela im-
plementação deste modelo
meteorológico exclusivo.
—A gente conseguiu me-
lhorar bastante a previsão
de chuva, principalmente
para uma, duas horas à fren-
te, mas é importante au-
mentar essa margem para
24 ou até 36 horas —explica
Cataldi, ressaltando que es-
te projeto é pioneiro no uso
de redes neurais (IA) para
aprimorar a previsão pluvi-
ométrica no Brasil.
Em relação às chuvas re-
pentinas que geram trans-
tornos de proporções signi-
ficativas na cidade, o meteo-
rologista explica que a pro-
ximidade de Niterói com a
Serra dos Órgãos e a Baía de
Guanabara aumenta a com-
plexidade do trabalho.
—Agentetemtidomuitos
ciclones, por exemplo. En-
tão, esta é uma das regiões
mais difíceis do mundo para
se fazer a previsão de chuva
—salienta.
AJUDADAPOPULAÇÃO
O antropólogo e jornalista
Vitor Alexandre Araújo Pra-
do dos Anjos, morador de
Santa Rosa, enfrentou re-
centemente uma situação
desagradável devido a um
meteorológico
identifica
as áreas de
risco, o que
possibilita
ações rápidas
alagamento causado pelas
chuvas.
—Eu estava indo para ca-
sa, e começou a chover de
forma muito intensa. Um
dos córregos que corta uma
rua por onde eu preciso pas-
sar encheu, transbordou e
inviabilizou que eu chegas-
se. Precisei me abrigar. En-
tão, escalei uma mureta e fi-
quei preso na grade de um
outro prédio por um bom
tempo, até que o porteiro
notouqueeuestavaalieper-
mitiu que eu ficasse na gara-
relacionados às chuvas pa-
recem ter se intensificado
no verão deste ano.
— A minha impressão é
que estamos vendo chuvas
um pouco mais imprevisí-
veis e mais frequentes. E eu
me preocupo, porque acho
que a nossa cidade não está
preparada para o futuro —
opina ele.
A Defesa Civil diz que a
população pode ajudar a
mitigar as consequências
dos temporais: está adotan-
do uma abordagem integra-
da, combinando inteligên-
cia artificial (IA) com a par-
ticipação ativa da comuni-
dade, para enfrentar as mu-
danças climáticas.
O sistema identifica áreas
de maior risco e envia aler-
tas aos voluntários dos
Núcleos de Defesa Civil
(Nudecs), que realizam
ações preventivas nas co-
munidades. Uma outra ini-
ciativa que requer apoio po-
pular são as chamadas ron-
das preventivas, que bus-
cam conscientizar sobre bo-
as práticas ambientais.
A população de Niterói
também conta com o aplica-
tivo Alerta DCNIT, que for-
nece avisos sobre condições
ambientais adversas e per-
mite o contato com o órgão
em caso de emergência.

Nosso futuro olímpico

também passa por aqui.
Vem aí o Intercolegial 2024.
Em ano de Olimpíadas, as competições do Intercolegial ganham um significado
ainda mais especial. Afinal de contas, a maior competição estudantil do Brasil
tem um papel fundamental no estímulo ao esporte e aos valores olímpicos, além
de descobrir jovens talentos em diversas modalidades. Preparem-se, vem muita
emoção por aí. As inscrições começam amanhã.

Acesse e inscreva-se!

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OGLOBO | Domingo 31.3.2024 INÊS
Niterói 249
| 3

Secretaria de Educação
DIVULGAÇÃO/CHEILA PACETTI

promete zerar fila por

vagas de 0 a 5 até maio
Inauguração de quatro escolas e convocação de 230 concursados
vão garantir que nenhuma criança fique sem estudar, diz secretário

LÍVIA NEDER
livia.neder@oglobo.com.br
vagas.Outrademandaqueau-
-
mentoumuitonaredeeaqual Escola Parceira
estamos atentos é a educação

A inauguração de quatro no-

vas escolas até maio e a
convocação de 230 profissio-
naisconcursados,quecomeça-
ram a ser chamados na segun-
da-feira, vão resolver os dois
principais gargalos da educa-
çãopúblicanacidade:afaltade
vagas para crianças de 0 a 5
anoseacarênciadeprofessores
e profissionais de apoio para
alunoscomdeficiência.Éoque
garante o secretário municipal
de Educação, Bira Marques.
Em entrevista ao GLOBO-Ni-
terói, ele deu um panorama
dos investimentos que estão
sendofeitose,apesardenãoin-
formar o número exato de ins-
crições e de vagas não contem-
pladasnoprocessodematrícu-
las este ano, promete que, em
dois meses, nenhuma criança
ficarásemvaganacidade.
Desafios
O secretário atribui aos desa-
fios impostos na pandemia
os problemas enfrentados
hoje na rede municipal de
educação, que passou a rece-
ber uma demanda maior por
vagas nas escolas.
— Em 2019, tínhamos 27
mil crianças matriculadas.
Hoje, nós temos 32 mil. Um
aumentodecincomilcrianças
na nossa rede após a pande-
mia. A classe média de Nite-
rói, assim como em todo Bra-
sil, passou a demandar mais
especial. Em 2019, tínhamos
1.100 crianças com deficiên-
cia, e, em 2024, ainda fechan-
doosdados,estamoscomqua-
se duas mil crianças. Outro
ponto foi a dificuldade no
aprendizado em dois anos
com aulas remotas. Os nossos
investimentos dialogam mui-
to com as necessidades desses
trêspilares.
Novas escolas
Serão inauguradas duas Uni-
dades Municipais de Educa-
ção Infantil (Umeis) no mês
que vem: uma no Barreto,
com250vagas,eoutraemJu-
rujuba, com 140 vagas. Para
maio estão previstas as inau-
gurações das Umeis do Fon-
seca e da Ponta da Areia, am-
bas com 150 vagas, cada.
—Faremos dois movimen-
tos importantes nos próxi-
mos dois meses com essas
quatro inaugurações, geran-
do, aproximadamente, 700
vagas na rede. Realizaremos
um trabalho interno de
transferência de alunos e va-
mosgarantirnovasvagas.Te-
mos uma lista de espera e, a
partir dela, vamos convocan-
do. Através dessas novas va-
gas vamos superar esse mo-
mento que estamos vivendo
de criança fora da rede. Com
esses investimentos que fize-
mos, não vamos deixar ne-
nhuma fora da escola.
Além das vagas que serão
criadas com a inauguração
das escolas, a prefeitura
vem apostando no Escola
Parceira para compensar o
déficit de vagas para alunos
de 0 a 5 anos. O programa
consiste em bolsas de estu-
dos em escolas particulares,
pagas pelo município.
—Fizemos investimentos
robustos no Escola Parceira.
Disponibilizamos cerca de
1.500 vagas no início de mar-
ço, e, no próximo dia 6 serão
mais cem, totalizando 1.600
vagas. Para não deixar ne-
nhuma criança de fora, se
houver necessidade de conti-
nuar com o Escola Parceira
(nos próximos anos), vamos
continuar. No entanto, esta-
mos fazendo investimentos e
redefinindo algumas escolas.
Educação inclusiva
Além da falta de vagas para
alunos, a carência de profes-
sores e profissionais de
apoio para crianças atípicas
é outro ponto que vem sen-
do duramente criticado por
quem tem filhos matricula-
dos e por quem trabalha na
rede e se vê sobrecarregado.
No ano passado, O GLOBO-
Niterói chegou a publicar
casos de crianças com defi-
ciência que precisavam fa-
zer rodízio para ir à escola.
—Nós temos um profundo
Reta final. Prevista para ser inaugurada em abril, escola em Jurujuba contará com 140 vagas para a educação infantil
compromisso com as crian-
ças atípicas. Enviamos na se-
gunda uma mensagem para a
Câmara criando mais 150 va-
gasparaonossoconcurso,as-
sociadas às 70 vagas que já tí-
nhamos disponibilizado, to-
talizando230vagasdeprofis-
sionais para atender todas as
crianças da nossa rede com
deficiência. O chamado dos
profissionais será imediato.
Alfabetização
A alfabetização, diz Mar-
ques, vem merecendo aten-
ção especial.
—A dificuldade no apren-
dizado, observada após dois
anos com aulas remotas por
conta da pandemia, fez com
quetrabalhássemosaredein-
teira pela alfabetização. A in-
fraestrutura é importante,
colocar criança para dentro
da escola é importante, mas a
alfabetização com qualidade
é essencial. Temos uma par-
ceria com a UFF que dialoga
diretamente com nossos pro-
fessores e investiremos em
formação profissional para
garantir o direito dessas cri-
anças de terem sua alfabeti-
zação com qualidade.
Qualidade nos serviços
Ao ser questionado sobre
problemas pontuais flagra-
dos em escolas da rede no
ano passado, como falta de
gás na cozinha e ausência de
climatização em salas de au-
la, o secretário destacou os
investimentos que estão
sendo feitos na melhoria do
serviço ofertado:
— Fizemos um investi-
mento grande na compra de
aparelhos de ar-condiciona-
do e atingimos 70% das es-
colas de Niterói com clima-
tização. Até o final de maio,
todas as salas de aula terão
aparelhos de ar-condiciona-
do. Entregamos todos os
uniformes e avançamos
muitonaentregadoskitses-
colares. Garantimos neste
início de ano o material pe-
dagógico. Em maio, tere-
mos uma novidade: pela
primeira vez em Niterói se-
rão distribuídos uniformes
de inverno para as crianças
da redes. As escolas de Nite-
rói têm alimentação de refe-
rência, equipe de nutricio-
nistas, mais de cem itens no
cardápio, e estamos traba-
lhando ainda mais na quali-
ficação dos nossos servido-
res para atender ainda me-
lhor as nossas crianças.
Esportes
O secretário diz que Niterói
está prestes a receber o maior
investimento em esporte da
sua história.
—O Complexo Educacio-
nal Esportivo no Barreto vai
atender as 32 mil crianças da
rede. E vai ter um olhar para o
treinamento de alta perfor-
mance, para a gente garantir
futuros atletas. Será um cen-
trodeformação,mastambém
de preparação para os Jogos
Escolares de Niterói (JEN).

Estudo da UFRJ propõe que Legislativa do Rio de Janei-

ro (Alerj), enfatiza que,
embora a mudança no mo-
gatoriedade —diz.
O parlamentar argu-
menta que a operação das
jetos que pudessem atrair
mais usuários —frisa o par-
lamentar.

o estado faça gestão das barcas delo de gestão seja positi-

va, ela não traz solução pa-
ra outros desafios.
barcas requer integração
com outros meios de
transporte, e que a ligação
O edital já foi apresentado
ao Ministério Público e ao
Tribunal de Contas do Esta-
Para deputado, projeto não aborda pontos como integração com outros modais —A alteração dá ao gover- com as linhas de ônibus foi do (TCE). A expectativa é
no maior controle e possibi- prejudicada após as obras que a licitação seja lançada
lidade de buscar melhorias. para a construção do Porto ainda este ano, conforme
Mas pelo que foi apresenta- Maravilha. informações da Setram.
GABRIELLE LOPES
gabrielle.lopes.rpa@edglobo.com.br
ternativas para o transpor- sável por fiscalização, bi- do, infelizmente a única —O governo parece con- Procurada, a CCR Barcas
-
te. Os estudos começaram lhetagem, pagamentos e in- melhoria que vai haver em fortável ao deixar o modal reiterou seu compromisso
depois que a operação do vestimentos. um primeiro momento é a operando com uma capaci- de continuar as operações

C om uma média de 50 mil

passageiros por dia, as
barcas desempenham um
papel vital na mobilidade
urbana. Na semana passa-
da, técnicos do Programa de
Pós-Graduação em Enge-
nharia da Universidade Fe-
deral do Rio de Janeiro
(Coppe/UFRJ), a pedido da
Secretaria de Transporte e
Mobilidade Urbana (Se-
tram), apresentaram em
uma audiência pública no
auditório da instituição, na
Ilha do Fundão, um novo
modelo planejado para ga-
rantir a sustentabilidade
econômica deste sistema
aquaviário.
O estudo foi encomenda-
do pelo governo do estado
como parte de uma iniciati-
va para encontrar novas al-
oglobo.com.br/rio/bairros
Editor: Milton Calmon Filho (miltonc@oglobo.com.br). Editora assistente e
edição on-line: Lilian Fernandes (lilian@oglobo.com.br). Diagramação: Ana Scott.
Redação: 2534-5000,r.5265.Publicidade: 2534-4355. Faturamento: 2534-5484.
Crédito: 2534-5860. Endereço: Rua Marquês de Pombal 25,3º andar - CEP 20230-240.
E-mail: falaniteroi@oglobo.com.br.
modal foi ameaçada por um
impasse entre a concessio-
náriaCCRBarcaseoestado,
em 2022, quase levando a
sua suspensão.
Na ocasião, as partes che-
garam a um acordo para es-
tenderagestãodaempresaà
frente do serviço até 2025,
excedendo assim o prazo
original estipulado no con-
trato, que se encerraria em
fevereiro de 2023. As nego-
ciações envolveram o paga-
mento de uma indenização
de R$ 600 milhões à CCR
Barcas.
Os técnicos da Coppe/
UFRJ propõem que o gover-
no do estado assuma o siste-
ma e contrate uma empre-
sa, por meio de licitação,
para se encarregar da ope-
ração, além de ficar respon-
Flávio Serafini, deputado
estadual e presidente da
Frente Parlamentar em
inclusão da linha social no
trajeto Charitas-Praça
Quinze, em decorrência da
dade muito menor do que
seu potencial, e não plane-
jou reverter problemas co-
até o fim do contrato e escla-
receu que não esteve envol-
vida na elaboração do estu-
Defesa do Transporte Lei 8.037/2018, de minha mo a integração com outros do, limitando-se a fornecer
Aquaviário da Assembleia autoria, que prevê essa obri- modais nem criar novos tra- as informações solicitadas.
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4 | Niterói INÊS
Domingo 31.3.2024
249
| OGLOBO

FOME DE QUÊ? Cofrinho

Quem consumir produtos e serviços em Niterói ao longo de 2024 e não se esquecer de
pedir a nota fiscal pode melhorar o cofrinho. É que o programa NitNota Cidadã, da
ANA CLÁUDIA GUIMARÃES Secretaria municipal de Fazenda, este ano terá dois sorteios, programados para junho e
novembro, com prêmios que vão de R$ 5 mil a R$ 20 mil. Além de pedir a nota, é preciso
fazer o cadastro do seu CPF no site nitnota.com.br e acreditar na sorte. No sorteio de
ana@oglobo.com.br novembro, também haverá prêmio para entidades sociais do município.

FOTOS DE RUDY HÜLHOLD

Alexandre
Para ver as baleias
O premiado Mofati.
Produtor do
Crime e castigo FICA A DICA

O turismo de observação de
baleias chegará a Niterói no
dia 15 de junho. A Neltur,
dirigida por André Bento,
em parceria com a turma dos
Amigos da Jubarte, vai lan-
çar um passeio de barco para
turistas, que serão acompa-
nhados por biólogo e guia.
Estima-se que 30 mil baleias
migram do Ártico para se
reproduzir em Abrolhos
(BA), passando pelo litoral
do Rio de junho a agosto.
Solar do Jambeiro
Veja como vai ficar a estátua gratuita de teatro para crianças de 6 a 12 anos,
de bronze em homenagem
ao saudoso Cláudio Valério
(1949-2021). Terá 1,85m e
será instalada no Solar do
Jambeiro. A obra é assinada
pelo nosso Rodrigo Pedrosa. de reflexão sobre o papel da mulher na
Aliás, um dos maio-
res incentivado-
res do projeto
foi o prefeito
Axel Grael,
que deter-
minou o
início das
obras de
DIVULGAÇÃO
espetáculo
Lembra o caso da trans Nycol-
espetáculo ‘POR CARIDADE’
le da Silva Pinto, que estava
fazendo um trabalho espiritu- Foi em uma viagem a Minas
‘Bisa Bia, bisa al na Rua São João, no Centro,
efoi baleada no rosto por
Marciano da Silva Marques?
Gerais que o ator, produtor e
diretor de teatro Marcello
Caridade despertou sua pai-
Bel’ na UFF Ocriminoso estava na garupa
de uma moto conduzida pelo
filho quando viu a vítima e
xão pela arte sacra, em espe-
cial por oratórios.
— Como sempre tive em casa
O
espetáculo infantil “Bisa Bia, bisa Bel”,
baseado no livro de Ana Maria Machado,
dirigido e adaptado pela niteroiense Joana
melhor espetáculo do ano. A curta tempo- gritou: “Você gosta de fazer
rada na UFF faz parte do projeto “Circula- macumba? Odeio gente que
ção estadual — Nossa voz”, que levará a faz macumba!”. Logo depois,
material de cenários, resolvi
reciclar e transformar em arte.
De acordo com a minha inspi-
Lebreiro, comemora dez anos de carreira com várias cidades do estado do Rio espetácu- sacou a arma e atirou nela. ração, uso miçangas, tecido de
duas sessões (dias 6 e 7 de abril) no palco do los que abordam temas como questões de Marciano, agora, pede revi- chita, caixa de frutas e por aí
Teatro da UFF, ambas com intérprete de li- gênero, homofobia e racismo, envolvendo são da pena de 14 anos e um vai. Os oratórios são produzi-
bras. No sábado (6), haverá um bate-papo os direitos humanos. mês de prisão pelos crimes dos com muita fé e muito
sobre acessibilidade logo após a sessão. No dia — Queremos reforçar a necessidade de de tentativa de homicídio amor, e me sinto muito honra-
seguinte, domingo, será realizada oficina darmos voz a grupos que são discriminados triplamente qualificado. O do a cada conclusão de uma
historicamente — ressalta o produtor. julgamento será no dia 9. peça.
das 11h às 13h, com Viviana Rocha. O projeto A primeira coleção, segundo
é do ator e produtor Alexandre Mofati. No elenco. Caridade, foi vendida em Sal-
—Considero o premiado “Bisa Bia, bisa Viviana Rocha e Hospital de Jurujuba vador, Rio e Niterói.
Bel”, de 1981, um livro emblemático e indis- Vicente Coelho O preço (a partir de R$ 150)
pensável na nossa literatura, em termos A Justiça arquivou o proces- dos oratórios, chamados de
so movido pelo MP do Rio “Por Caridade”, por inspiração
sociedade, e um livro pioneiro sobre o em razão da manutenção no nome do próprio ator, varia
assunto, se considerarmos o universo dos leitos de longa perma- de acordo com o tamanho. As
infantil. Uma menina que reflete sobre o nência no Hospital Psiqui- encomendas podem ser feitas
passado, lembrando de sua bisavó, e átrico de Jurububa. A ideia, pelo Facebook do artista.
sobre como será o futuro, imagi- segundo a secretária Anama- DIVULGAÇÃO
nando a sua bisneta, para tomar ria Schneider, é que os paci-
suas próprias decisões, afirman- entes, privados do convívio
do: “Eu sou eu”. É bastante atual, social, sejam assistidos nas
se pensarmos na discussão sobre residências terapêuticas.

construção o empoderamento feminino. E

da cafeteria na premiada montagem, a dinâ-
do Solar, que mica superdivertida da encena- Homenagem
foi desenha- ção e as músicas garantem o
da por Valé- envolvimento —diz Mofati. A secretária Dayse Monassa
rio e já tem Esta produção de “Bisa ganhou a Medalha do Co-
aprovação do Bia, bisa Bel” ganhou sete mando das Operações Na-
Iphan. prêmios, incluindo o de vais. Ela merece!

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rá uma das atrações do festival dedica- 50%
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do à comemoração dos 90 anos do Tea-
tro Rival Petrobras, no Centro do Rio. A casa, uma
das mais tradicionais da cultura carioca, oferecerá
50% de desconto a assinante O GLOBO na apre-
sentação da filha de Martinho da Vila, marcada
para a próxima sexta-feira. Na ocasião, ela sobe ao
palco com o show “Pé do meu samba”, em referên-
cia ao álbum homônimo que lançou em 2002.
Mais de duas décadas depois, a obra está chegando
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mestre deste ano. Para conferir ao vivo no Rival, é
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OGLOBO | Domingo 31.3.2024 INÊS
Niterói 249
| 5

Contagem
FOTOS DE DIVULGAÇÃO/ARI FERREIRA

regressiva para
o Intercolegial
de 2024
Inscrições das escolas para a
42ª edição da disputa começam
amanhã e vão até 19 de abril

de maio. Ainda no primeiro

semestre, os colégios vão
brigar por medalhas no ska-
te. Na segunda metade do
ano,apartirdeagosto,acon-

FIntercolegial,
alta pouco para o pontapé
inicial da 42ª edição do
que tem reali-
tecem as disputas de bas-
quete, xadrez, handebol,
vôlei e vôlei de praia, que
Reta final.
O vôlei de praia, Calendário do
zação do jornal O GLOBO e encerra mais uma edição do que será apenas Intercolegial
apresentação do Sesc-RJ. A Intercolegial. em novembro, vai
partir de amanhã (termina A presença das escolas definir o campeão Inscrição: Xadrez:
no dia 19), as escolas pode- inscritas no evento é obriga- do Intercolegial De 1/4 De 31/8
rão se inscrever para a com- tória, com cada colégio re- de 2024. No ano até 19/4 até 1º/9
petição através do site presentado por um profes- passado, o título
www.intercolegial.com.br. sor. O não comparecimento ficou com o Santa Congresso Handebol:
No ano passado, o Santa implicará na perda de dez Mônica de Abertura: De 28/9
Mônica Rede de Ensino — pontos da instituição de en- Dia 24/4 até 26/10
inscrição pela unidade de sino na contagem geral do
Cascadura — foi o grande Intercolegial. A festa de en- Futsal: Vôlei:
campeão, com 272 pontos. cerramento será realizada De 18/5 De 3/11
O Loide Martha, de Duque em dezembro. A bola vai rolar. até 9/6 até 30/11
de Caxias, somou 250 e fi- As disputas
cou em segundo. O bronze INTERSOLIDÁRIO começam em Skate: Vôlei de praia:
foi para o GEO Doutor Sóc- Em todas as modalidades as maio com o futsal Dia 22/6 De 23/11
rates, de Guaratiba, com competições terão as cate- até 24/11
123 pontos. gorias masculina e femini- do o que aconteceu em para a competição. A estra- recorde de 2023, quando fo- Basquete:
O Congresso de Abertura na, divididas de acordo com anos anteriores, também tégia de recolhimento de ram arrecadados 7.938,5kg, De 17/8 Festa de en-
será no dia 24 de abril. O fut- faixa etária, sexo e registro estará no Intercolegial. alimentos será definida no marca que também ficou até cerramento:
sal, primeira modalidade ou não em federação. Além de ajudar quem pre- Congresso de Abertura. O acima dos 5.758,9kg da edi- 21/9 Dezembro
em disputa, começa em 18 O Intersolidário, repetin- cisa, a ação contará pontos objetivooutravezésuperaro ção de 2022.

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É bacalhau
o que todos
querem provar
LÍVIA NEDER
livia.neder@oglobo.com.br
-
U m dos pratos mais tradicio-
nais da Semana Santa, o
bacalhau continua sendo a
principal estrela do almoços
de Páscoa nas casas e nos res-
taurantes. Para celebrar o re-
nascimento de Cristo em fa-
mília, o consumo do peixe sal-
gado em suas variadas versões
é um clássico que marca o fim
da Quaresma.
E não faltam opções em Ni-
terói para apreciá-lo. Além das
casas portuguesas, restauran-
tes contemporâneos investem
no bacalhau nos menus. Mo-
mento ideal para quem não
quer trabalho na cozinha e
prefere comer fora ou pedir no
delivery. São muitos que ofe-
recem a iguaria. De entrada,
não podem faltar os bolinhos.
Já na hora do prato principal,
as receitas variam, mas quase
sempre são acompanhadas de
batatas, azeitonas e cebolas e
regadas com muito azeite.
Isabella Taviani faz show no Teatro Popular
Com violão e sucessos, a cantora e compositora se diz feliz por poder reencontrar público da cidade
“I sabella Taviani: voz e vi-
olão” é o nome do show
que começa a celebrar os 20
anos de carreira fonográfica
da artista, com apresenta-
ção no próximo sábado, às
19h30, no Teatro Popular
Oscar Niemeyer, no Centro.
Será a primeira vez da can-
tora naquele palco:
—Nunca cantei ali. Sempre
me apresentei no Municipal e
fiz um show no Teatro da UFF.
Estou superfeliz e ansiosa, por-
que tem um bom tempo que
não canto na cidade, onde
sempre termino os shows feliz
DIVULGAÇÃO/MARI PITTA
echeia de energia positiva.
A compositora tem viajado
com o show pelo país, tendo
no repertório o novo hit,
“Dois babies e uma casa de
campo”. O romantismo dá o
tom do espetáculo.
—Acredito de verdade que a
força de um amor é capaz de
romper barreiras de tempo,
gênero, idade, classe social,
política. E de criar conexões
indestrutíveis! Uma canção de
amor precisa ser honesta, sim-
ples assim —diz.
Sobre o novo sucesso, ela re-
pete que defende o amor, in-
Lagareiro.
Do Sagrado Mar
(@sagradomar
niteroi):
bacalhau com
batatas ao
murro, cebola
dourada, azeite,
alho e azeitonas
pretas. Custa Zé do Pipo. No Tejo (2828-1023): lombo de
R$ 240 e serve bacalhau preparado no forno com maionese, purê
duas pessoas de batatas, azeite, pimentão, louro e azeitonas.
Serve uma pessoa e custa R$ 80
cluído aí o homoafetivo:
—O refrão da canção já esta-
va pronto em 2018 e, na procu-
ra por material inédito nos
meus arquivos, fiquei surpresa
ao encontrá-lo e decidi termi-
nar a música. Quando olho
minha família e vejo tanto
amor e dedicação, me pergun-
to: “Por que não nos deixam vi-
ver em paz?”. Por que nossa
construção de vida precisa
sempre ser chancelada pelo
Legislativo, como se eles fos-
sem donos do certo e do erra-
do? A canção simplesmente
fala sobre os planos de um ca-
Domingo 31.3.2024
INÊS 249
| OGLOBO
DIVERSÃO DIVULGAÇÃO
FOTOS DE DIVULGAÇÃO
Mostra sobre paisagens naturais e culturais
Com curadoria de Juliana Crispe, a exposição “Outras paisa-
gens” estreia no MAC, no sábado, apresentando um olhar questi-
onador sobre outras realidades e invenções. A mostra fica até o
dia 26 de maio e reúne obras de 16 artistas de diferentes gera-
ções: Aline Moreno, Anaís-karenin, Antonio Pulquério, Carlos
Asp, Corina Ishikura, Dani Shirozono, Elias Muradi, Franzoi, Jus-
sara Marangoni, Marcella Moraes, Marcia Gadioli, Myriam Glatt,
Natália Lage, Sérgio Adriano H, Silvana Macêdo e Tuca Chicalé.
DIVULGAÇÃO
Do chef.
No Bistrô MAC
(2629-1616), a receita
leva lombo de bacalhau
grelhado em azeite de
ervas sobre cama de
batatas coradas
ao molho de
limão-siciliano. É Igor Carvalho faz show e lança clipe
finalizado com brócolis,
azeitonas, tomates O cantor niteroiense Igor Carvalho fará, na quinta, o pré-lança-
confitados e alho-poró. mento do seu novo clipe “No mar”, trabalho em parceria com a
R$ 145 para uma pessoa cantora e compositora maranhense Regiane Araújo, gravado
na Praia de Itaipu e em São Luís do Maranhão. No evento, que
acontece no segundo andar do Bemdito, em São Francisco, a
Bolinhos. partir das 19h, o músico se apresenta com uma banda e convi-
No Bacalhau dados. O repertório inclui temas autorais e sucessos da MPB.
Corujão Abertura: Vini Arouca DJ e Jorjão Perlingeiro. R$ 25.
(97665-0305),
a unidade
custa R$ 10,
THIAGO FREITAS/28-02-2022
e a massa para
fritar em casa
custa R$ 140
(o quilo)
Encontro Nacional de Capoeira
O Theatro Municipal de Niterói recebe no sábado, às 15h30, o
Encontro Nacional de Capoeira “Quanto mais velho melhor”.
O evento celebrará a cultura afro-brasileira com três ativida-
des: uma peça sobre a escravidão, uma homenagem aos
mestres de capoeira e a entrega de graduação aos alunos.
Mestres, contramestres, professores e praticantes de todas
as idades e níveis de habilidades vão celebrar a cultura e a
história. Grátis, com retirada de ingressos uma hora antes.
DIVULGAÇÃO/VINICIUS MOCHIZUKI
Celebração.
A cantora
comemora
20 anos de
carreira
sal e o que ele pensa sobre o
amor, mas acaba nos fazendo
pensar na razão pela qual se
questiona a legalidade de uma
relação homoafetiva como a
da minha família —explica.
Isabella conta que o formato
voz e violão dá sensação de li-
berdade e a faz lembrar do iní-
cio da carreira, quando canta-
va nos bares, aos 18 anos:
—Foi dessa forma que sem-
pre me conectei com plateias
diversas; fico ainda mais próxi-
ma das pessoas. É a artista, su-
as canções e a conexão com o
seu público. Tem sido incrível.

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