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A advocacia é o exercício regulamentado da profissão.

Enquanto o bacharel em Direito é aquele formado no


curso superior de Ciências Jurídicas, o advogado é um membro regularmente inscrito na Ordem dos
Advogados do Brasil e, portanto, pode realizar algumas atividades específicas que são privativas da
advocacia e que estão previstas no Estatuto da Advocacia.
Assim, de acordo com nosso ordenamento jurídico, podemos conceituar advogado como sendo o bacharel
em direito, devidamente inscrito nos quadros da OAB, que realiza atividade de postulação ao Poder
Judiciário, consultoria jurídica, assessoria jurídica e direção jurídica que é indispensável à administração da
Justiça, exercendo, no seu ministério privado, um serviço público de função social, pois os atos do advogado
constituem “múnus público” (encargo público).
No artigo 3º do Estatuto da Advocacia e da OAB, Lei nº 8.906 de 94, verifica-se que são advogados, não
apenas os que exercem a atividade de forma privada (profissional liberal, os vinculados ou empregados de
sociedade de advogados), mas também os integrantes da Advocacia Geral da União, da Procuradoria da
Fazenda Nacional, da Defensoria Pública e das Procuradorias e Consultorias Jurídicas dos Estados, do
Distrito Federal, dos Municípios e das respectivas entidades de administração indireta e fundacional
(autarquias e fundações públicas), sujeitando-se todos esses acima mencionados ao regime desta Lei,
podendo ser elegíveis e integrar qualquer órgão da OAB.
O artigo 1º do EAOAB enumera as atividades privativas da profissão de advocacia, quais sejam:
1. A postulação em órgão do Poder Judiciário e dos Juizados Especiais. A ADIN 1127-8 (DOU de 26 -5-
2006) insurgiu-se contra o inciso I, e o STF reconheceu que há exceções, em que a parte pode ir a juízo,
sozinha, sem a necessidade de estar acompanhada por advogado (jus postulandi).
Essas exceções são:
- Impetração de habeas corpus: qualquer pessoa pode impetrar, sem a necessidade de advogado.
- Juizados especiais cíveis, no valor de até 20 salários mínimos. Nos recursos para as turmas recursais e no
JECRIM é obrigatória presença do advogado, mas o STF entendeu que na audiência preliminar (fase pré-
processual) é possível ele não estar presente.
- Na justiça do trabalho, em algumas situações (artigo 791 da CLT).
- Na justiça de paz que é o órgão administrativo do judiciário para a celebração de casamento civil onde o
juiz de paz não possui poderes jurisdicionais, razão pela qual a postulação perante referidos juízes também
não constitui atividade privativa do advogado.
2. As atividades de consultoria, assessoria e direção jurídicas, incluindo-se também o cargo de gerência
jurídica, como previsto no artigo 7º do EAOAB, em qualquer empresa pública, privada ou paraestatal,
inclusive em instituições financeiras;
3. O visto em atos e contratos constitutivos de pessoas jurídicas para que estes sejam admitidos em registro
nos órgãos competentes. Exceção consta no artigo 9º da Lei Complementar nº 123, de 14-12-2006, que aduz
que esta necessidade de visto não se aplica às microempresas e empresas de pequeno porte. Além disso, os
advogados que prestam serviços a órgãos ou entidades da Administração Pública direta ou indireta da
unidade federativa a que se vincule a Junta Comercial ou a quaisquer repartições administrativas são
impedidos de realizar tal ato.
O Estatuto da Advocacia também garante aos estagiários regularmente inscritos na OAB a permissão para
praticar todos os atos privativos de advocacia, desde que em conjunto com o advogado ou defensor público
(artigo, 3º, § 2º) e, isoladamente lhes é permitido retirar e devolver autos em cartório, assinando a respectiva
carga, obter junto aos escrivães e chefes de secretarias certidões de peças ou autos de processo em curso ou
findos, assinar petições de juntada de documentos a processos judiciais e administrativos, bem como
comparecer isoladamente para exercício de atos extrajudiciais (com autorização ou substabelecimento). Em
todos os casos, é imprescindível que o ato esteja sob a responsabilidade do advogado (artigo 29 do
Regulamento Geral da OAB).
Por fim, o artigo 4º traz grupos de pessoas que, se praticarem qualquer ato de advocacia, ainda que não
comunicados à OAB, serão tidos como nulos:
- Grupo das pessoas não inscritas na OAB, inclusive aquele que deixou de ser advogado.
- Advogado impedido que, no âmbito do impedimento, sofre uma proibição parcial do exercício da
advocacia.
- Advogado suspenso, onde a suspensão é uma sanção disciplinar aplicada pela OAB, que ainda será
estudada.
- Advogado licenciado que exerce atividade incompatível em caráter temporário.
- Advogado que passa a exercer atividade incompatível com a advocacia em caráter definitivo, como por
exemplo, aquele que, admitido em um concurso para analista, deve cancelar a OAB.

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