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FXVIII
DECISÃO
HC 479978
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É o relatório.
Decido.
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comportamento carcerário).
3. Na hipótese, o indeferimento da progressão de regime
foi adequadamente fundamentado pelas instâncias ordinárias, com base
no cometimento de falta disciplinar durante o cumprimento da pena e no
fato de que, mesmo contrariando o parecer favorável apresentado pelo
exame criminológico, o Juízo da execução entendeu pela presença de
fatores que desautorizam a concessão do benefício, ao fundamento de
que "ainda persiste dúvida razoável quanto ao controle que possui sobre
seus impulsos e sobre seu senso de responsabilidade, configurando
obstáculo à pronta reintegração social".
4. A jurisprudência desta Corte Superior é assente no
sentido de que não há constrangimento ilegal no indeferimento do
pedido de progressão, quando devidamente fundamentada, com base nas
peculiaridades do caso, a ausência do elemento subjetivo.
5. Este Corte possui entendimento de que o Magistrado
não está adstrito ao laudo favorável do exame criminológico, o qual
poderá formar sua própria convicção acerca do pedido de progressão,
com base nos dados concretos da execução da pena.
6. Agravo regimental não provido." (AgRg no HC
419.539/SP, Quinta Turma, Rel. Min. Ribeiro Dantas, DJe 16/02/2018,
grifei).
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Análise
De acordo com o relato do sentenciado, ele foi criado por ambos os
pais, cresceu com cuidados parentais, começou a trabalhar como vendedor ambulante
aos 14 anos de idade para contribuir com a renda familiar. Negou uso de drogas
ilícitas e a prática de atos infracionais na adolescência. Aos 19 anos iniciou o uso de
cannabis, no ano seguinte iniciou a prática de crimes, que justificou pela influencia
dos pares sociais. O entrevistado é reincidente, afirmou que após a primeira prisão
não mais reincidiu, no entanto, tinha processos do passado que foram julgados, o que
fez com que ele fosse preso outras vezes. Ao falar sobre os delitos cometidos, afirmou
que errou ao praticá-los e atribuiu a responsabilidade a outrem, demonstrando sinais
de baixa crítica acerca das responsabilidades pessoais e sociais em relação aos
delitos cometidos. Negou registro de falta disciplinar. Referiu-se abstinente do uso de
drogas há dois anos. Relatou que não observou mudanças em seu comportamento ou
caráter ao longo do cumprimento de pena.
Considerações Finais
Cabe aqui ressaltar que toda avaliação psicológica capta sinais e
indícios sugeridos através das técnicas utilizadas no momento da avaliação, e não
pode predizer comportamentos futuros, como a reincidência criminal, uma vez que
estes são resultado não só das disposições psíquicas individuais do sujeito, como
também do meio social em que ele está inserido, dentre outras variáveis. Competindo
ao profissional fazer análise contextualizada e multifatorial dos elementos passíveis
de reflexão. No caso acima mencionado notaram-se indícios de funcionamento
intelecto-cultural limitado, de modo que o entrevistado demonstrou dificuldades para
compreender algumas perguntas por dificuldades de abstração, assim como,
empobrecimento do vocabulário pessoal. Tais dificuldades intelectuais também podem
exercer influencia na capacidade crítica e reflexiva do sentenciado.
[...]
1) O sentenciado tem se dedicado a atividade laborativa e/ou de estudo
desde o início do cumprimento da pena privativa de liberdade?
O sentenciado não desenvolve atividade laborativa e/ou estuda, devido
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baixa crítica acerca das responsabilidades pessoais e sociais em relação aos delitos
cometidos
Evidente que o sentenciante ainda não possui maturidade suficiente
para ser beneficiado com a progressão, e não há razoável certeza de que assimilou a
terapêutica penal.
Como bem fundamentou a douta magistrada a fl. 38, "... conclui-se que
nas condições atuais não se mostra aconselhável a concessão de progressão de
regime prisional ao condenado, porquanto ainda não se apresenta devidamente
preparado para essa nova etapa do cumprimento da pena. Nota-se que no exame
criminológico existem importantes observações desfavoráveis ao condenado, em
destaque para o fato do sentenciado atribuir responsabilidade a outrem acerca dos
delitos cometidos, demonstrando sinais de baixa crítica acerca das responsabilidades
pessoais e sociais. Em outras palavras: o sentenciado ainda não assimilou
adequadamente a terapêutica penal de reeducação, não ostentando, por conseguinte,
aptidão para desfrutar de regime prisional menos rigoroso, dotado de certas regalias
e de menor vigilância. Mostra-se ele, ainda, carente de autodisciplina e de senso de
responsabilidade, condições imprescindíveis para ingressar no regime prisional em
questão."
Tais fatos, portanto, demonstram que o agravante, que é reincidente,
não possui o mérito necessário para a obtenção da progressão para o regime
semiaberto.
Sobre o assunto, é manifesto que não se contenta o legislador com o
atendimento do lapso temporal, exigindo- se que detenha o reeducando, também,
mérito a evidenciar que esteja efetivamente preparado ao retorno à vida em
sociedade.
Diante da gravidade do crime praticado, o atestado comprobatório de
bom comportamento carcerário emitido pela Secretaria da Administração
Penitenciária é insuficiente, no presente caso, para comprovar o preenchimento do
requisito subjetivo pelo sentenciado.
[...]
Além disso, em sede de execução penal, vale o princípio elucidado pelo
brocardo in dúbio pro societate, com o qual se prima, na dúvida, quanto à aptidão do
reeducando, em mantê-lo por um período maior de tempo sob o olhar cauteloso do
Estado, evitando-se que a sociedade seja posta em risco com a reinserção prematura
do sentenciado, que teve de ser coercitivamente apartado da vida em sociedade.
E, nesse diapasão, tratando a execução da pena de atividade
eminentemente jurisdicional, incumbe ao Magistrado acompanhar o progresso e
merecimento dos condenados submetidos à sua jurisdição, com vistas a dar integral
vigência ao artigo 8o da Lei de Execução Penal, que aponta para a necessária
individualização da execução.
[...]
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Por certo, tais aspectos não constituem motivação idônea para a negativa
da progressão ao regime semiaberto. Com efeito, o indeferimento do pedido de
progressão de regime, mormente quando existe parecer favorável da comissão que
realizou o exame criminológico, exige fundamentação concreta, firmemente calcada
em elementos da execução da pena que demonstrem não ser devido o benefício.
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convívio social.
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regime. Precedentes.
IV - Embora seja possível ao Julgador discordar, de
forma motivada, do resultado favorável do exame criminológico, pois
não está adstrito à opinião dos especialistas, in casu, os aspectos da
avaliação psicológica invocados pelo eg. Tribunal a quo não
evidenciam impeditivo para a progressão de regime, pois o paciente já
cumpre pena no regime fechado desde 4/11/2011, sem nenhum relato
desabonador de sua conduta desde então. Além disso, houve remição
da pena pelo estudo, o que contraria a conclusão do laudo de que não
teria desenvolvido atividades em tal sentido. Habeas corpus não
conhecido. Ordem concedida de ofício para cassar as decisões das
instâncias ordinárias e determinar que o Juízo da Execução proceda a
novo exame da possibilidade de progressão de regime, afastada a
fundamentação anteriormente adotada." (HC 426.369/SP, Quinta
Turma, de minha relatoria, DJe 16/04/2018, grifei).
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