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Superior Tribunal de Justiça

FXVIII

HABEAS CORPUS Nº 479.978 - SP (2018/0309518-2)

RELATOR : MINISTRO FELIX FISCHER


IMPETRANTE : DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ADVOGADOS : VANESSA PELLEGRINI ARMENIO - SP229887
DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE SÃO PAULO
IMPETRADO : TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
PACIENTE : CESAR FERNANDO PROSPERO

DECISÃO

Trata-se de habeas corpus substitutivo de recurso especial, com pedido


liminar, impetrado em favor de CESAR FERNANDO PROSPERO, contra v.
acórdão proferido pelo eg. Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.

Depreende-se dos autos que o d. Juízo da Execução Penal indeferiu


pleito de progressão ao regime semiaberto formulado pelo paciente (fls. 42-47).

Irresignada, a Defesa interpôs agravo em execução, para o qual o eg.


Tribunal de origem negou provimento nos termos de v. acórdão acostado às fls. 72-77,
assim ementado:

"AGRAVO EM EXECUÇÃO - Progressão de regime (do


fechado para o semiaberto) - Pedido negado no Juízo das Execuções -
Recurso da Defesa visando à concessão do benefício - Inadmissibilidade
- Não comprovação do requisito subjetivo para a progressão de regime -
Relatório psicológico afirmando que o reeducando não está apto para o
benefício - Atestado de comportamento carcerário insuficiente - Decisão
devidamente fundamentada, ainda que de forma concisa - Recurso
improvido."

No presente habeas corpus, a Defensoria Pública estadual, ora


impetrante, argumenta que o paciente preencheu todos os requisitos para a progressão
de regime, tendo sido classificado no bom comportamento carcerário e com exame
criminológico favorável. Contudo, aduz, o d. Juízo de 1º Grau teria levado em
consideração, para negar o benefício, considerações desfavoráveis do parecer, o que
configuraria, no seu entendimento, ilegalidade.

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Requer a concessão da ordem a fim de que seja concedida a progressão


ao regime semiaberto para o paciente.

O pedido liminar foi indeferido às fls. 85-87.

As informações foram prestadas às fls. 94-106 e 109-117.

O Ministério Público Federal oficiou pelo não conhecimento ou pela


denegação do habeas corpus, em parecer de fls. 119-120, com a seguinte ementa:

"PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS


SUBSTITUTIVO. DESCABIMENTO. EXECUÇÃO PENAL.
PROGRESSÃO DE REGIME DE FECHADO A SEMIABERTO.
AUSÊNCIA DE REQUISITO SUBJETIVO. ARESTO PROFLIGADO
QUE RATIFICOU INDEFERIMENTO ANTE CONCLUSÃO DE
EXAME CRIMINOLÓGICO INDICATIVO DE NÃO ASSIMILAÇÃO DA
TERAPIA PRISIONAL. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. PARECER POR
NÃO CONHECIMENTO OU DENEGAÇÃO DO WRIT."

É o relatório.

Decido.

A Terceira Seção desta Corte, seguindo entendimento firmado pela


Primeira Turma do col. Pretório Excelso, firmou orientação no sentido de não
admitir habeas corpus em substituição ao recurso adequado, situação que implica o
não conhecimento da impetração, ressalvados casos excepcionais em que, configurada
flagrante ilegalidade, seja possível a concessão da ordem de ofício.

Tal posicionamento tem por objetivo preservar a utilidade e eficácia do


habeas corpus como instrumento constitucional de relevante valor para proteção da
liberdade da pessoa, quando ameaçada por ato ilegal ou abuso de poder, de forma a
garantir a necessária celeridade no seu julgamento. Assim, incabível o presente
mandamus, porquanto substitutivo de recurso especial.

Em homenagem ao princípio da ampla defesa, contudo, necessário o


exame da insurgência, a fim de se verificar eventual constrangimento ilegal passível de

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ser sanado pela concessão da ordem, de ofício.

Inicialmente, destaco que a partir das inovações trazidas pela Lei n.


10.792/03, que alterou a redação do art. 112 da Lei n. 7.210/84, afastou-se a exigência
do exame criminológico para fins de progressão de regime.

Contudo, este Superior Tribunal de Justiça firmou o entendimento de que


o Magistrado de 1º grau, ou mesmo o Tribunal a quo, diante das circunstâncias do
caso concreto, podem determinar a realização da referida prova técnica para a
formação de seu convencimento acerca do merecimento do apenado, desde que essa
decisão seja fundamentada.

Consolidando o entendimento, o enunciado sumular de n. 439 desta


Corte, segundo o qual: "Admite-se o exame criminológico pelas peculiaridades do
caso, desde que em decisão motivada".

O col. Supremo Tribunal Federal, ao analisar o tema, editou a Súmula


Vinculante de n. 26, in verbis:

"Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por crime


hediondo, ou equiparado, o juízo da execução observará a inconstitucionalidade do
art. 2º da Lei n. 8.072, de 25 de julho de 1990, sem prejuízo de avaliar se o condenado
preenche, ou não, os requisitos objetivos e subjetivos do benefício, podendo
determinar, para tal fim, de modo fundamentado, a realização de exame
criminológico."

Assim, forçoso reconhecer a possibilidade de determinar a realização do


exame criminológico, desde que por decisão fundamentada.

Nesse sentido, cito os seguintes precedentes:

"EXECUÇÃO PENAL. HABEAS CORPUS


SUBSTITUTIVO DE RECURSO ESPECIAL. NÃO CABIMENTO.
PROGRESSÃO DE REGIME. EXAME CRIMINOLÓGICO. SÚMULA
439/STJ E SÚMULA VINCULANTE 26. DECISÃO FUNDAMENTADA
EM ELEMENTOS CONCRETOS. HISTÓRICO PRISIONAL
CONTURBADO. PRÁTICA DE FALTA GRAVE. CRIME DOLOSO.

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AUSÊNCIA DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL. HABEAS CORPUS


NÃO CONHECIDO.
I - A Terceira Seção desta Corte, seguindo entendimento
firmado pela Primeira Turma do col. Pretório Excelso, sedimentou
orientação no sentido de não admitir habeas corpus substitutivo do
recurso adequado, situação que implica o não conhecimento da
impetração, ressalvados casos excepcionais em que, configurada
flagrante ilegalidade apta a gerar constrangimento ilegal, seja possível
a concessão da ordem de ofício.
II - Com as inovações trazidas pela Lei n. 10.792/03,
alterando a redação do art. 112 da Lei n. 7.210/84, afastou-se a
exigência de exame criminológico para fins de progressão de regime.
Nada obstante, este Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento de
que o Magistrado de 1º Grau, ou mesmo o Tribunal de origem, diante
das circunstâncias do caso concreto, podem determinar a realização da
referida prova técnica para a formação de seu convencimento acerca do
merecimento do apenado, desde que por decisão fundamentada. Súmula
n. 439/STJ e Súmula Vinculante n. 26/STF.
III - In casu, o eg. Tribunal de origem determinou a
realização do exame criminológico para aferir o mérito para progressão
do regime prisional, com base em elementos concretos, a saber, o
histórico prisional do apenado, que cometeu falta grave no curso da
execução, consistente na prática de crime doloso.
IV - Não se vislumbra qualquer ilegalidade ou
arbitrariedade no v. acórdão combatido tendo em vista as
peculiaridades do caso concreto que justificam a submissão do apenado
ao exame criminológico a fim de se aferir o preenchimento do requisito
subjetivo. Precedentes.
Habeas corpus não conhecido." (HC 469.205/SP, Quinta
Turma, de minha relatoria, DJe 6/12/2018).

"HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO PENAL.


CONDENAÇÕES POR ROUBO CIRCUNSTANCIADO E EXTORSÃO
MEDIANTE SEQUESTRO. PROGRESSÃO DE REGIME.
INDEFERIMENTO PELO JUÍZO DAS EXECUÇÕES. CONFIRMAÇÃO
PELO TRIBUNAL A QUO. GRAVIDADE ABSTRATA DOS DELITOS E
LONGA PENA A CUMPRIR. FUNDAMENTAÇÃO INIDÔNEA.
CONSTRANGIMENTO ILEGAL EVIDENCIADO. ORDEM DE
HABEAS CORPUS PARCIALMENTE CONCEDIDA.
1. A execução progressiva da pena, com a transferência
para regime menos gravoso, somente será concedida ao condenado que

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preencher, cumulativamente, os requisitos estabelecidos no art. 112 da


Lei de Execução Penal.
2. Para aferição do requisito subjetivo, não mais se exige,
de plano, a realização de exame criminológico. Contudo, a perícia pode
perfeitamente ser solicitada quando as peculiaridades da causa assim o
recomendarem, devendo ser considerada para fins de concessão ou
negativa do benefício.
3. A mera referência à gravidade abstrata dos delitos e à
longa pena a cumprir, conforme orientação desta Corte, não constituem
motivação idônea para justificar a negativa da progressão prisional.
Precedente.
4. Ordem concedida em parte para, cassando o acórdão
impugnado e a decisão de primeiro grau, determinar ao Juízo das
Execuções que reavalie o pedido de progressão de regime formulado
pelo Paciente, à luz do art. 112 da Lei de Execução Penal." (HC
463.223/SP, Sexta Turma, Rel. Min. Laurita Vaz, DJe 13/11/2018).

Consoante o entendimento delineado, convém examinar a


fundamentação que o d. Juízo de 1º Grau forneceu para determinar que o paciente
fosse submetido ao exame criminológico (fls. 21-22):

"Imprescindível a submissão do sentenciado a exame criminológico,


com o escopo de verificar se se encontra satisfeito, na espécie, o requisito subjetivo
legalmente exigido para a concessão de benefício.
Tal aferição psicológica revela-se indispensável no caso em comento em
razão da gravidade do delito cometido pelo condenado, concretamente considerada
(deveras prejudicial à sociedade), bem assim da personalidade criminosa por ele
revelada. De consignar-se, ao propósito, que o sentenciado fora condenado porque
guardava, sem autorização legal, para fornecimento a consumo alheio, considerável
quantidade de "cocaína", a indicar que faz dessa nefasta atividade criminosa o seu
modo de vida, o que, por si só, legitima a providência acima alvitrada.
Necessário, então, diante desse contexto, constatar se, atualmente,
dispõe o sentenciado de condições - mérito - para obter beneficio, sem novos abalos à
paz social.
Em outros termos: o interesse público exige, no caso em apreço, a
realização da avaliação supracitada, porquanto não se pode admitir que a sociedade
seja laboratório de criminosos.
Tal providência, ademais, encontra amparo no entendimento
consolidado do Egrégio Supremo Tribunal Federal e do Colendo Superior Tribunal de
Justiça." (grifei)

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Evidencia-se, de pronto, que a motivação aduzida encontra-se em


desconformidade com a jurisprudência deste Superior Tribunal de Justiça e do col.
Supremo Tribunal Federal, porquanto se amparou exclusivamente na gravidade do
crime e em uma suposta personalidade criminosa que se revelaria pela própria
prática do delito e, ao contrário, não indicou nenhuma circunstância concreta da
execução - como a prática de uma falta grave - que demonstrasse ser indispensável a
realização do exame criminológico.

Malgrado a flagrante ilegalidade, a Defensoria Publica estadual, sempre


combativa, não se insurgiu contra a questão no agravo interposto, de modo que, como
o eg. Tribunal a quo não se manifestou sobre a matéria, inviável o seu conhecimento
no presente mandamus, ainda que de ofício, sob pena de indevida supressão de
instância.

Superado esse breve considerandum, firme-se a premissa de que o


magistrado não está adstrito ao parecer elaborado pelos especialistas no exame
criminológico, podendo dele discordar, contanto que de forma motivada.

Nessa esteira, menciono os seguintes precedentes:

"AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS


SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO. EXECUÇÃO PENAL.
PROGRESSÃO DE REGIME PRISIONAL. ART. 112 DA LEP.
REQUISITO SUBJETIVO. ELEMENTOS CONCRETOS DA
EXECUÇÃO DA PENA. FALTA DISCIPLINAR DE NATUREZA
GRAVE. NÃO VINCULAÇÃO AO EXAME CRIMINOLÓGICO
FAVORÁVEL. AGRAVO NÃO PROVIDO.
1. Esta Corte e o Supremo Tribunal Federal pacificaram
orientação no sentido de que não cabe habeas corpus substitutivo do
recurso legalmente previsto para a hipótese, impondo-se o não
conhecimento da impetração, salvo quando constatada a existência de
flagrante ilegalidade no ato judicial impugnado.
2. O art. 112 da Lei de Execução Penal dispõe que, para a
concessão da progressão de regime, é necessário o preenchimento dos
requisitos de natureza objetiva (lapso temporal) e subjetiva (bom

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comportamento carcerário).
3. Na hipótese, o indeferimento da progressão de regime
foi adequadamente fundamentado pelas instâncias ordinárias, com base
no cometimento de falta disciplinar durante o cumprimento da pena e no
fato de que, mesmo contrariando o parecer favorável apresentado pelo
exame criminológico, o Juízo da execução entendeu pela presença de
fatores que desautorizam a concessão do benefício, ao fundamento de
que "ainda persiste dúvida razoável quanto ao controle que possui sobre
seus impulsos e sobre seu senso de responsabilidade, configurando
obstáculo à pronta reintegração social".
4. A jurisprudência desta Corte Superior é assente no
sentido de que não há constrangimento ilegal no indeferimento do
pedido de progressão, quando devidamente fundamentada, com base nas
peculiaridades do caso, a ausência do elemento subjetivo.
5. Este Corte possui entendimento de que o Magistrado
não está adstrito ao laudo favorável do exame criminológico, o qual
poderá formar sua própria convicção acerca do pedido de progressão,
com base nos dados concretos da execução da pena.
6. Agravo regimental não provido." (AgRg no HC
419.539/SP, Quinta Turma, Rel. Min. Ribeiro Dantas, DJe 16/02/2018,
grifei).

"PENAL E PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS.


EXECUÇÃO. PROGRESSÃO DE REGIME INDEFERIDA. EXAME
CRIMINOLÓGICO DESFAVORÁVEL. CONSTRANGIMENTO ILEGAL
NÃO EVIDENCIADO. TESE DE NULIDADE DO LAUDO
PSICOLÓGICO POR FALTA DE RESPOSTA AOS QUESITOS
FORMULADOS PELA DEFESA. ART. 179 DO CPP.
INAPLICABILIDADE. AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO DE
PREJUÍZO. INEXISTÊNCIA DE VINCULAÇÃO DO JUIZ DA
EXECUÇÃO AO RESULTADO DO LAUDO PERICIAL. PLEITO DE
CONCESSÃO DA PROGRESSÃO. VIA IMPRÓPRIA. HABEAS
CORPUS NÃO CONHECIDO.
1. Ressalvada pessoal compreensão diversa, uniformizou o
Superior Tribunal de Justiça ser inadequado o writ em substituição a
recursos especial e ordinário, ou de revisão criminal, admitindo-se, de
ofício, a concessão da ordem ante a constatação de ilegalidade
flagrante, abuso de poder ou teratologia.
2. Nos termos da jurisprudência desta Corte, desde a Lei n.
10.793/2003, que conferiu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução
Penal, aboliu-se a obrigatoriedade do exame criminológico, como

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requisito para a concessão da progressão de regime, cumprindo ao


Julgador verificar, em cada caso, acerca da necessidade ou não de sua
realização, podendo dispensar o exame criminológico ou, ao contrário,
determinar sua realização, desde que mediante decisão concretamente
fundamentada. Precedentes.
3. Uma vez realizado o exame, nada obsta sua utilização
pelo magistrado, como fundamento válido para o indeferimento do
pedido de progressão de regime. Precedentes.
4. Não há falar em nulidade do exame criminológico
porquanto não teriam sido respondidos os quesitos formulados pela
defesa, não apenas porque a inaplicável, no âmbito da execução penal, a
regra do art. 176 do CPP, cabendo ao juízo das execuções a elaboração
dos quesitos que entender adequados para aferição do mérito subjetivo,
mas também porque, consoante assentado pelas instâncias ordinárias,
não foi demonstrado prejuízo decorrente.
5. Ademais, nos termos da jurisprudência desta Corte, o
magistrado não está adstrito ao resultado do exame criminológico,
podendo, conforme seu prudente juízo, dele valer-se como fundamento
para deferir ou indeferir o benefício pleiteado. Precedentes.
6. Habeas corpus não conhecido." (HC 333.692/SP, Sexta
Turma, Rel. Min. Nefi Cordeiro, DJe 25/05/2016, grifei).

Cumpre verificar, portanto, se as instâncias de origem apresentam


fundamentação adequada para afastar o parecer favorável e indeferir a progressão de
regime.

Por oportuno, transcrevo os seguintes trechos dos laudos confeccionados


no exame criminológico (fls. 35-39):

"Foi realizada entrevista técnica no dia 25/06/18, com o objetivo de


efetuar avaliação psicológica sobre o apenado supra qualificado, utilizando como
instrumentais técnicos a entrevista semi-estruturada, o exame do estado mental e a
observação dos fenômenos não verbais (análise da postura física, gesticulações,
expressão facial e mudanças afetivas no timbre e volume da voz, entre outras
expressões relevantes). A presente avaliação baseia-se em um encontro entre
avaliador e entrevistado, totalizando uma hora. Foram considerados nesse parecer os
seguintes Quesitos do Juízo e Quesitos do Ministério Público:
1) Qual a percepção do sentenciado em relação ao (s) crime (s)
cometido (s)? O condenado dá mostras de arrependimento dos atos ilícitos
cometidos?

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2) O sentenciado apresenta falta ou ausência de autocrítica?


3) O condenado tem ou teve envolvimento com substâncias
entorpecentes?
4) O sentenciado registra atitudes negativas, dentro ou fora do presídio,
desde o início do cumprimento da sanção corporal?
5) Como age ou parece agir o sentenciado diante das instabilidades
comuns da vida?
6) Os valores internos do sentenciado mostram-se preservados?
7) Existem indícios de que o sentenciado voltará a delinquir?

Análise
De acordo com o relato do sentenciado, ele foi criado por ambos os
pais, cresceu com cuidados parentais, começou a trabalhar como vendedor ambulante
aos 14 anos de idade para contribuir com a renda familiar. Negou uso de drogas
ilícitas e a prática de atos infracionais na adolescência. Aos 19 anos iniciou o uso de
cannabis, no ano seguinte iniciou a prática de crimes, que justificou pela influencia
dos pares sociais. O entrevistado é reincidente, afirmou que após a primeira prisão
não mais reincidiu, no entanto, tinha processos do passado que foram julgados, o que
fez com que ele fosse preso outras vezes. Ao falar sobre os delitos cometidos, afirmou
que errou ao praticá-los e atribuiu a responsabilidade a outrem, demonstrando sinais
de baixa crítica acerca das responsabilidades pessoais e sociais em relação aos
delitos cometidos. Negou registro de falta disciplinar. Referiu-se abstinente do uso de
drogas há dois anos. Relatou que não observou mudanças em seu comportamento ou
caráter ao longo do cumprimento de pena.

Considerações Finais
Cabe aqui ressaltar que toda avaliação psicológica capta sinais e
indícios sugeridos através das técnicas utilizadas no momento da avaliação, e não
pode predizer comportamentos futuros, como a reincidência criminal, uma vez que
estes são resultado não só das disposições psíquicas individuais do sujeito, como
também do meio social em que ele está inserido, dentre outras variáveis. Competindo
ao profissional fazer análise contextualizada e multifatorial dos elementos passíveis
de reflexão. No caso acima mencionado notaram-se indícios de funcionamento
intelecto-cultural limitado, de modo que o entrevistado demonstrou dificuldades para
compreender algumas perguntas por dificuldades de abstração, assim como,
empobrecimento do vocabulário pessoal. Tais dificuldades intelectuais também podem
exercer influencia na capacidade crítica e reflexiva do sentenciado.
[...]
1) O sentenciado tem se dedicado a atividade laborativa e/ou de estudo
desde o início do cumprimento da pena privativa de liberdade?
O sentenciado não desenvolve atividade laborativa e/ou estuda, devido

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demanda de vagas estarem completas.


2) O condenado tem ou teve envolvimento com o uso de substâncias
entorpecentes?
O sentenciado informou que se encontra abstinente de substâncias
psicoativas há dois anos.
3) O condenado possui plano e perspectivas positivas para o futuro?
O sentenciado pretende reinserir-se no mercado de trabalho e retomar
convívio familiar, sobretudo com sua mãe, pessoa que o apóia nesse momento.
4) O condenado recebe visitas de familiares e/ou amigos?
Apresenta vínculos familiares preservados mediante visitas de sua
mãe.
[...]
Diante das informações obtidas nos relatórios anexos. Esta Comissão
Técnica de Classificação, após analisar todo o quadro exposto e realizar as
considerações e deliberações, pondera smj por parte de Vossa Excelência, neste
momento, ACONSELHÁVEL a concessão benefício pleiteado." (grifei)

O d. Juízo de 1º Grau assim fundamentou o indeferimento do pedido (fls.


42-47):

"O condenado não faz jus à progressão de regime prisional, para o


semiaberto.
Com efeito, depois de acurada análise do parecer emitido pela equipe
técnica de avaliação - exame psicossocial conclui-se que nas condições atuais não se
mostra aconselhável a concessão de progressão de regime prisional ao condenado,
porquanto ainda não se apresenta devidamente preparado para essa nova etapa do
cumprimento de pena.
Nota-se que no exame criminológico existem importantes observações
desfavoráveis ao condenado, em destaque para o fato do sentenciado atribuir
responsabilidade a outrem acerca dos delitos cometidos, demonstrando sinais de
baixa crítica acerca das responsabilidades pessoais e sociais.
Em outras palavras: o sentenciado ainda não assimilou
adequadamente a terapêutica penal de reeducação, não ostentando, por conseguinte,
aptidão para desfrutar de regime prisional menos rigoroso, dotado de certas regalias
e de menor vigilância. Mostra-se ele. ainda, carente de autodisciplina e de senso de
responsabilidade, condições imprescindíveis para ingressar no regime prisional em
questão.
De registrar-se. por outro lado. que a concessão de progressão de
regime prisional pressupõe previsão segura e favorável - certeza moral - a respeito da
provável ressocialização do condenado. Um prognóstico cauteloso e suficientemente
seguro de que irá ajustar-se, com disciplina e responsabilidade, à nova fase do

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cumprimento de pena, abandonando definitivamente o caminho do ilícito ate então


trilhado.
Na fase de execução da pena, havendo dúvida quanto ao mérito do
condenado, a benesse há de ser negada, pois o Estado-juiz não pode transformar a
sociedade em laboratório de criminosos, impondo aos homens de bem, às pessoas
trabalhadoras, mais esse indesejável ônus.
Em outros termos: na dúvida, o interesse social há de ser resguardado,
em detrimento do interesse meramente individual do sentenciado, que não e absoluto,
mediante incidência do princípio norteador da execução penal: in dubio pro
societate.
[...]
Ademais disso, no mais das vezes, como se verifica no caso em análise, a
aferição do mérito do sentenciado não pode limitar-se à eventual satisfatória conduta
carcerária, porque insuficiente para tanto. Comportamento disciplinado, aliás, que
constitui dever de todos que vivem em sociedade e igualmente daquele que se
encontra temporariamente encarcerado, sob pena do preso rebelde suportar sanções
disciplinares (LEP, arts. 39, 50 e 52), com repercussões negativas na pena em
cumprimento (LEP, arts. 1 18 e 127)." (grifei)

O eg. Tribunal a quo, noutro passo, considerou que (fls. 72-77):

O recurso não comporta provimento. No presente caso, verifica-se pelo


Boletim Informativo de fls. 14/18 que o agravante está cumprindo pena de 05 anos e
10 meses de reclusão pela prática do crime previsto no art. 33, caput, da Lei n°
11.343/06.
Iniciou o cumprimento da reprimenda em 26/05/2016, com data de
vencimento prevista para 25/03/2022, ou seja, há ainda um longo caminho para o
cumprimento da pena.
Apesar de o agravante ter cumprido o requisito objetivo (fl. 14) e
apresentar bom comportamento carcerário (fl. 13), é indubitável que o requisito
subjetivo não foi devidamente preenchido.
O sentenciado, no momento, não desenvolve atividade laborterápica (fl.
21), e não participa de atividade escolar (fl. 22).
Evidente que, diante da ausência de dedicação às atividades
laborterápicas, cujo desempenho é de suma importância para a ressocialização, não
há elementos indicativos de que o agravante irá ajustar-se às condições do benefício
em tela.
Além disso, o Relatório de Avaliação Psicológico de fls. 23/28 em
momento algum foi categórico e afirmativo no sentido de que o agravante estaria
apto para ser reinserido no convívio social. Atestou que o sentenciado assume os
delitos praticados e "atribuiu a responsabilidade a outrem, demonstrando sinais de

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baixa crítica acerca das responsabilidades pessoais e sociais em relação aos delitos
cometidos
Evidente que o sentenciante ainda não possui maturidade suficiente
para ser beneficiado com a progressão, e não há razoável certeza de que assimilou a
terapêutica penal.
Como bem fundamentou a douta magistrada a fl. 38, "... conclui-se que
nas condições atuais não se mostra aconselhável a concessão de progressão de
regime prisional ao condenado, porquanto ainda não se apresenta devidamente
preparado para essa nova etapa do cumprimento da pena. Nota-se que no exame
criminológico existem importantes observações desfavoráveis ao condenado, em
destaque para o fato do sentenciado atribuir responsabilidade a outrem acerca dos
delitos cometidos, demonstrando sinais de baixa crítica acerca das responsabilidades
pessoais e sociais. Em outras palavras: o sentenciado ainda não assimilou
adequadamente a terapêutica penal de reeducação, não ostentando, por conseguinte,
aptidão para desfrutar de regime prisional menos rigoroso, dotado de certas regalias
e de menor vigilância. Mostra-se ele, ainda, carente de autodisciplina e de senso de
responsabilidade, condições imprescindíveis para ingressar no regime prisional em
questão."
Tais fatos, portanto, demonstram que o agravante, que é reincidente,
não possui o mérito necessário para a obtenção da progressão para o regime
semiaberto.
Sobre o assunto, é manifesto que não se contenta o legislador com o
atendimento do lapso temporal, exigindo- se que detenha o reeducando, também,
mérito a evidenciar que esteja efetivamente preparado ao retorno à vida em
sociedade.
Diante da gravidade do crime praticado, o atestado comprobatório de
bom comportamento carcerário emitido pela Secretaria da Administração
Penitenciária é insuficiente, no presente caso, para comprovar o preenchimento do
requisito subjetivo pelo sentenciado.
[...]
Além disso, em sede de execução penal, vale o princípio elucidado pelo
brocardo in dúbio pro societate, com o qual se prima, na dúvida, quanto à aptidão do
reeducando, em mantê-lo por um período maior de tempo sob o olhar cauteloso do
Estado, evitando-se que a sociedade seja posta em risco com a reinserção prematura
do sentenciado, que teve de ser coercitivamente apartado da vida em sociedade.
E, nesse diapasão, tratando a execução da pena de atividade
eminentemente jurisdicional, incumbe ao Magistrado acompanhar o progresso e
merecimento dos condenados submetidos à sua jurisdição, com vistas a dar integral
vigência ao artigo 8o da Lei de Execução Penal, que aponta para a necessária
individualização da execução.
[...]

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Ademais, por possuir o regime semiaberto uma vigilância mais branda,


deve-se tomar o cuidado de não progredir prematuramente o sentenciado, sob pena de
se estimular a prática de novos delitos.
Deste modo, é de rigor a manutenção da r. decisão ora atacada." (grifei)

In casu, o d. Juízo de 1º Grau assinalou algumas observações


secundárias feitas no exame criminológico, como o fato de o apenado "atribuir
responsabilidade a outrem acerca dos delitos cometidos" e de demonstrar sinais de
"baixa crítica acerca das responsabilidades pessoais e sociais", para concluir que ele,
"carente de autodisciplina e de senso de responsabilidade", "não assimilou
adequadamente a terapêutica penal de reeducação" (fl. 43).

Por outro lado, o eg. Tribunal de origem ratificou a r. decisão por


entender que, por não desenvolver o apenado atividade laborterápica nem participar de
atividade escolar, não existiriam elementos indicativos de que ele se ajustaria às
condições do benefício.

Por certo, tais aspectos não constituem motivação idônea para a negativa
da progressão ao regime semiaberto. Com efeito, o indeferimento do pedido de
progressão de regime, mormente quando existe parecer favorável da comissão que
realizou o exame criminológico, exige fundamentação concreta, firmemente calcada
em elementos da execução da pena que demonstrem não ser devido o benefício.

No caso dos autos, as instâncias de origem circunscreveram sua


motivação a aspectos secundários do exame criminológico, no qual, ressalte-se, a
comissão técnica, considerando esses mesmos aspectos e outros demais, manifestou-se
favorável à progressão de regime.

Ademais, extrai-se do atestado de trabalho e do atestado escolar,


acostados, respectivamente, às fls. 33 e 34, que o paciente não trabalhou nem estudou
no estabelecimento penitenciário porque as vagas de estudo e de trabalho estavam
integralmente preenchidas. Dessa forma, mostra-se desarrazoado inferir que, do fato
de não haver trabalho ou estudado, o apenado revelar-se-ia inapto para retornar ao

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convívio social.

Acrescente-se que nos dados de execução de pena informados pelo d.


Juízo da Execução às fls. 94-106 não há notícia de que o apenado tenha praticado
conduta que o desabonasse. Ao contrário, paralelamente ao parecer favorável no
exame criminológico, as instâncias de origem expressamente mencionam a existência
de atestado de boa conduta carcerária (fls. 44 e 75).

Fica demonstrando, pois, que as instâncias de origem não apresentaram


fundamentação adequada e suficiente para indeferir a progressão de regime. Nesse
diapasão, menciono os seguintes precedentes desta Corte Superior:

"EXECUÇÃO PENAL. HABEAS CORPUS


SUBSTITUTIVO DE RECURSO ESPECIAL. NÃO CABIMENTO.
PROGRESSÃO DE REGIME. INDEFERIMENTO. GRAVIDADE DOS
DELITOS PRATICADOS. LONGA PENA A CUMPRIR. FALTA GRAVE
ANTIGA. FUNDAMENTAÇÃO INIDÔNEA. EXAME
CRIMINOLÓGICO FAVORÁVEL. ASPECTOS NEGATIVOS NO
LAUDO DESTACADOS PARA NEGAR O BENEFÍCIO.
INVIABILIDADE. CASO CONCRETO QUE INDICA A
INADEQUAÇÃO DOS FUNDAMENTOS ADOTADOS. HABEAS
CORPUS NÃO CONHECIDO. ORDEM CONCEDIDA DE OFÍCIO.
I - A Terceira Seção desta Corte, seguindo entendimento
firmado pela Primeira Turma do col. Pretório Excelso, sedimentou
orientação no sentido de não admitir habeas corpus em substituição ao
recurso adequado, situação que implica o não conhecimento da
impetração, ressalvados casos excepcionais em que, configurada
flagrante ilegalidade apta a gerar constrangimento ilegal, seja possível
a concessão da ordem de ofício, em homenagem ao princípio da ampla
defesa.
II - As instâncias ordinárias indeferiram a progressão de
regime com fundamento na gravidade abstrata dos crimes e na longa
pena a cumprir, não apontando elementos concretos extraídos da
execução da pena, aptos a impedir o benefício, olvidando, inclusive, do
parecer favorável que consta do exame criminológico.
III - Esta Corte Superior tem se manifestado no sentido de
que faltas graves cometidas em período longíquo e já reabilitadas não
configuram fundamento idôneo para indeferir o pedido de progressão de

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regime. Precedentes.
IV - Embora seja possível ao Julgador discordar, de
forma motivada, do resultado favorável do exame criminológico, pois
não está adstrito à opinião dos especialistas, in casu, os aspectos da
avaliação psicológica invocados pelo eg. Tribunal a quo não
evidenciam impeditivo para a progressão de regime, pois o paciente já
cumpre pena no regime fechado desde 4/11/2011, sem nenhum relato
desabonador de sua conduta desde então. Além disso, houve remição
da pena pelo estudo, o que contraria a conclusão do laudo de que não
teria desenvolvido atividades em tal sentido. Habeas corpus não
conhecido. Ordem concedida de ofício para cassar as decisões das
instâncias ordinárias e determinar que o Juízo da Execução proceda a
novo exame da possibilidade de progressão de regime, afastada a
fundamentação anteriormente adotada." (HC 426.369/SP, Quinta
Turma, de minha relatoria, DJe 16/04/2018, grifei).

"HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO PENAL.


PROGRESSÃO DE REGIME. BENEFÍCIO CASSADO PELO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA. FALTA DE FUNDAMENTAÇÃO
CONCRETA.
CONSTRANGIMENTO ILEGAL EVIDENCIADO.
HABEAS CORPUS CONCEDIDO.
1. A teor dos precedentes deste Superior Tribunal, ao
indeferir a progressão de regime prisional por inadimplemento do
requisito subjetivo, o julgador deve mencionar elementos desabonadores
relacionados ao histórico carcerário do apenado.
2. A gravidade abstrata dos crimes objeto da execução
penal, a longa pena a cumprir e a existência de faltas graves cometidas
há muito tempo, a princípio, não constituem fundamento idôneo para
cassar a progressão ao regime semiaberto concedida pelo Juízo de
primeiro grau.
3. O Tribunal de Justiça pode discordar, de forma
motivada, do resultado favorável de exame criminológico, pois não
está adstrito à opinião dos especialistas. Contudo, os trechos de
avaliação psicológica e de exame de personalidade, transcritos no
acórdão, não evidenciam impeditivo para a gradativa reinserção do
apenado, que já cumpre pena no regime semiaberto há mais de um
ano, sem nenhum relato desabonador de sua conduta, inclusive com
submissão a novo exame criminológico, favorável à sua inserção em
regime aberto.
4. A realidade dos internos do sistema penitenciário

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nacional que, comumente, são associados a facções, sem individualizada


participação do paciente nas ações de grupo criminoso, não pode
justificar o cumprimento da integralidade da pena em regime fechado.
5. Habeas corpus concedido para restabelecer a decisão
do Juízo das Execuções." (HC 417.318/SP, Sexta Turma, Rel. Min.
Rogerio Schietti Cruz, DJe 16/10/2017, grifei).

Ante o exposto, não conheço do habeas corpus. Concedo a ordem de


ofício para cassar as decisões das instâncias ordinárias e determinar que o Juízo da
Execução proceda a novo exame da possibilidade de progressão de regime, com
observância dos ditames da Lei de Execuções Penais e com motivação concreta,
afastada a fundamentação anteriormente adotada.

P. I.

Brasília (DF), 11 de dezembro de 2018.

Ministro Felix Fischer


Relator

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