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A responsabilidade internacional dos Estados e mecanismos de soluções de

controvérsias
Conceito
Nas relações internacionais, como em outras relações sociais, a invasão da esfera
jurídica de um sujeito de Direito por outra pessoa jurídica gera responsabilidade que
reveste várias formas definidas por um sistema jurídico particular. A responsabilidade
internacional é normalmente considerada a propósito dos Estados como sujeitos comuns
de Direito (BROWNLIE, 1997, p 457).
A aplicação da teoria da responsabilidade aos ilícitos praticados no seio da sociedade
internacional, por representar uma segurança necessária às relações jurídicas
extraterritoriais, conforme tem entendido majoritária doutrina internacionalista, essa
noção [de responsabilidade] penetrou, como não podia deixar de ser, em todos os ramos
da ciência jurídica, inclusive no DI. Logo, esta noção corresponde a uma “necessidade
de equilíbrio social, de retribuição, de justiça, sendo esta a razão de o seu fundamento
ser ético”.
Na ordem jurídica internacional ela tem a mesma razão de ser. Nenhum sistema jurídico
pode existir sem atribuir aos seus sujeitos deveres ao lado de direitos. Ela surge, como
já vimos, quando o Estado viola uma norma internacional, isto é, quando o Estado viola
o dever que tem de respeitá-la (MELLO, 2004, p 526).

Controvérsias

Será o Estado, portanto, responsável pelo ilícito internacional mesmo não sendo ele o
autor imediato da antijuridicidade. Terá o dever de compensar os danos decorrentes dos
atos praticados por seus órgãos internos, agentes políticos e particulares, sendo, no
último caso, indispensável, além do requisito da nacionalidade vinculada, outros
específicos, como a omissão ilícita do Estado
Trata-se de uma técnica fundamental de sanção pela não-aplicação das normas
internacionais pelo Estado, que observa a lógica de que o ente público civilmente
responsável pela prática de um ato ilícito segundo o Direito Internacional deve, ao
Estado ao qual tenha causado o dano, uma reparação adequada.
A responsabilidade internacional engloba, assim, a pronta responsabilização do ente
agressor perante a ordem internacional, através de cortes arbitrais ou judiciais
internacionais, sempre que negada uma reparação espontânea através do ordenamento
interno dos países. Além disso, a responsabilidade em contexto será sempre de Estado a
Estado e terá como finalidade a cessação de uma prática antijurídica e a reparação do
prejuízo causado, já que sua natureza decorre de preceitos civilistas.

Mecanismo de soluções
Serão as principais características dessa responsabilização internacional o seu caráter
interestatal, a sua finalidade reparatória de natureza civil, a sua orientação de instituto
consuetudinário, o aspecto político do ilícito praticado e, para alguns, a possibilidade,
diante da gravidade do fato, do interesse de reparação não ficar limitado ao Estado da
vítima.
Para que se configure a responsabilidade internacional, são necessários três elementos:
ato ilícito, imputabilidade e danos.
Definido pela doutrina o ato ilícito advém de uma conduta omissiva e comissiva que
viole o Direito Internacional.
De uma forma geral “a responsabilidade pode ser delituosa ou contratual, segundo
resulte de atos delituosos e da inexecução de compromissos contraídos” (CASELLA,
2011, p. 385).
A imputabilidade refere-se à necessidade de que o ato ilícito seja atribuído ao ente a ser
responsabilizado, deve haver, portanto, um vínculo entre a violação da norma
internacional e o seu responsável, podendo ser esta direta ou indireta.
Já o dano é de fato o prejuízo decorrente do ato ilícito, causado a outro Estado, a
organização internacional ou a pessoa protegida pelo ente estatal ou organismo
internacional.
Ainda aponta a doutrina a necessidade de existência de nexo de causalidade, sendo
necessário assim defini-lo: “o nexo de causalidade é o vínculo existente entre a conduta
ilícita e o dano, ou seja, o dano deve decorrer diretamente do ato ilícito internacional”.
É importante destacar ainda que prática dos atos tenham se dado na qualidade de órgão
oficial e não na pessoa simples particular.
O Estado, enquanto sujeito do Direito Internacional, atua no cenário internacional
gozando dos direitos e deveres reconhecidos pelo Direito Internacional.
Atualmente, não mais se discute acerca da igualdade dos Estados, de modo que todos
desfrutam, por exemplo, dos direitos reconhecidos na Carta das Nações Unidas.
Dentre os direitos fundamentais dos Estados, ressaltamos: Direito à liberdade, Direito à
igualdade; Direito de defesa e conservação e; direito ao desenvolvimento.
Para Hans Kelsen as normas de direito internacional geral impõem deveres sobre os
Estados e ao fazê-lo conferem direitos aos demais. E, ainda, se os deveres forem
formulados corretamente, a formulação do direito correspondente é supérflua.
Passemos, assim, a análise dos deveres dos Estados soberanos.
Delituosa ou contratual, pode vir a ser a responsabilidade, conforme seja resultado de
atos delituosos ou da inexecução dos compromissos assumidos. É corrente que se fale
também em responsabilidade direta, a que deriva de atos do governo ou de seus agentes,
e responsabilidade indireta, resultante de atos praticados por particulares, de forma que
possa ser imputável ao governo. Assim, a responsabilidade por parte do Estado é
sempre indireta, uma vez que somente possa praticar quaisquer atos por intermédio de
seus agentes e, quando responder por atos de particulares, não o será por tê-los praticado
de fato.

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