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METROLOGIA-2003 – Metrologia para a Vida

Sociedade Brasileira de Metrologia (SBM)


Setembro 01−05, 2003, Recife, Pernambuco - BRASIL

RASTREABILIDADE DE RADIÔMETROS PARA MEDIÇÃO DA ENERGIA


SOLAR NO BRASIL

Manfred G. Kratzenberg 1, Sergio Colle 1, Enio Bueno Pereira2, Sylvio Luiz Mantelli Neto2, Hans Georg
Beyer3 e Samuel Luna de Abreu1
1
LABSOLAR – Departamento de Engenharia Mecânica - Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis.
Santa Catarina, Brasil.
2
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE / CPTEC - DGE, São José dos Campos, São Paulo, Brasil.
3
Departamento de Engenharia Elétrica, Hochschule Magdeburg-Stendal, Alemanha,
Professor Visitante do LABSOLAR - Programa CAPES/DAAD

Resumo: O levantamento do potencial de energia solar nas digitais de imagens de brilhância da terra, medida através do
regiões continentais do globo cujos países dispõem de canal visível do espectro de radiômetros de satélites
poucas estações solarimétricas de boa qualidade é geoestacionários. Exemplos de tais modelos são
geralmente realizado por métodos numéricos derivados de apresentados em [2], [3] , [4] e [5]. Tais modelos permitem
modelos físicos baseados em satélites. No caso do Brasil, o determinar o total horário da radiação global, difusa e direta
mapeamento do potencial solar tem sido realizado com resolução espacial de até 7km x 7km, cuja incerteza na
sistematicamente pelo LABSOLAR e INPE, através do média mensal pode ser menor que 5%. Tais modelos são
modelo físico BRASIL SR, desenvolvido no Brasil em presentemente objeto de estudos no contexto do projeto
parceria com pesquisadores parceiros do GKSS de SWERA – Solar Wind Energy Resource Assessment
Geesthacht – Alemanha. Os dados derivados de satélites são (www.cea.inpe.br/webdge/swera/EN/en_swera_home.html),
comparados com dados coletados na superfície, nas bases de presentemente em execução com suporte da UNEP (United
totais horários, diários, mensal e anual. Por conseguinte, as Nations Environment Programme) / GEF, envolvendo várias
incertezas agregadas aos radiômetros utilizados na validação instituições internacionais, dentre as quais o LABSOLAR e
devem ser minimizadas em relação à escala pirheliométrica o INPE / DGE – CPTEC. A validação de tais modelos
internacional estabelecida pela WMO (World físicos é o objetivo principal do projeto mencionado, para
Meteorological Organization) / UN (United Nations), no dotar o Brasil, dentre outros países, de uma base de dados
contexto do projeto BSRN (Baseline Surface Radiation confiável de distribuição da radiação global e direta
Network). Os radiômetros de referência são os incidente na superfície horizontal, com resolução horária de
pirheliômetros de cavidade de HF (Hickey – Frieden) e o 12km x 12km e a América do Sul, neste caso, com resolução
pirheliômetro de cavidade PMO-6 do Centro Mundial de de 50km x 50km para cada três horas. Essa validação, tanto
Radiação de DAVOS. quanto a validação de outros modelos em desenvolvimento
com o objetivo mais amplo de investigar o efeito da emissão
Os resultados da calibração são apresentados em termos do
de CO2 na atmosfera, é realizada pela comparação de
intervalo de incerteza da constante de calibração, para os
totalizações temporais calculadas através desses modelos,
pirheliômetros de Angström e Eppley NIP, bem como para
contra dados coletados na superfície, através de
os piranômetros Eppley PSP, Kipp&Zonen CM11, CM22 e
piranômetros (radiação global) e pirheliômetros (radiação
CM3B e também os piranômetros SP LITE e LICOR.
direta). Por conseguinte, a qualidade dos dados coletados
Palavras chave: calibração, piranômetro, pirheliômetro. nesses radiômetros é fundamental para avaliar as incertezas
das estimativas teóricas derivadas desses modelos.
O LABSOLAR integra, desde 1994, a rede de estações de
1. INTRODUÇÃO superfície BSRN, organizada com apoio da WMO, para
A determinação da distribuição espacial e temporal da implementação de uma rede de estações de superfície, para
radiação solar incidente na superfície terrestre, na faixa de coleta e qualificação de dados de radiação solar, no interesse
comprimento de onda do espectro solar, compreendendo o da comunidade internacional de pesquisa da atmosfera. O
intervalo de 0,28µm a 3µm, tem sido objeto de pesquisa centro internacional de qualificação e distribuição desses
desde o trabalho pioneiro de Angström [1]. Nas últimas dados é o WMRC (World Monitoring Radiation Centre) /
décadas do século XX, surgiram modelos físicos de cálculo ETH – Zürich. Os instrumentos recomendados pelo comitê
da transmitância atmosférica, bem como teorias para científico da BSRN, para validação de modelos físicos de
explicar o papel da modulação da cobertura de nuvens sobre cálculo da radiação solar incidente na superfície, na faixa de
a distribuição da radiação solar, baseados em informações comprimento de onda do espectro solar entre 0,28µm e
3µm, são os piranômetros classificados pela WMO como A calibração de um pirheliômetro de campo é realizada pela
“secondary standard”, para medição da radiação global e comparação das medidas deste instrumento com dados
difusa e o pirheliômetro, para medição da radiação direta. medidos pelo pirheliômetro de cavidade. Tal instrumento
padrão e a escala pirheliométrica internacional são descritos
Neste contexto, o LABSOLAR é responsável pela operação em [7]. Os piranômetros são calibrados através de três
das estações BSRN – Florianópolis e BSRN – Balbina métodos, conforme descritos em [6] e [7], a saber,
(AM). A descrição dessas estações e instrumentação, bem
como dos procedimentos de coleta, controle e qualificação ( i ) método da soma “shade-unshade” (Norma ISO 9846
de dados e calibração dos radiômetros são apresentados em [8])
[6]. Conforme [6], a incerteza associada a medição da
( ii ) método da comparação com piranômetro de referência
radiação global não deve ser superior a 2% ou 2W/m2. A
(Norma ISO 9847 [9])
incerteza associada a medição da radiação difusa não deve
ser superior a 4% ou 5W/m2 e associada a radiação direta ( iii ) método da comparação recíproca (método de Forgan
não pode ser superior a 1% ou 2W/m2. Figura (1) mostra as [10]) .
modalidades de radiação e especialmente a composição da
No método (i) os dados de piranômetros são comparados
radiação global. Figura (2) mostra um exemplo de
com dados de um pirheliômetro de cavidade, que pode ser o
piranômetro e figura (3) o esquema do instrumento.
pirheliômetro de compensação de Angström, ou melhor, os
pirheliômetros de cavidade HF ou PMO-6.
SOL O LABSOLAR dispõe dos dois pirheliômetros. O de
Angström foi doado ao laboratório pelo Deutscher
Wetterdienst (DWD) – Hamburg, no contexto do convênio
CNPq – BMBF / KFA – Jülich (1992), enquanto que o HF
foi doado pela WMO no contexto do projeto BSRN (1996).
Radiação Radiação A rastreabilidade da escala internacional para calibração de
solar direta solar difusa piranômetros e pirheliômetros é esquematizada nas figuras
(4) – (a) e (b).
+
Radiação
IPC – International
solar global
Pyrheliometric Comparison

Fig. 1. Componentes da radiação solar WRR – World


Radiation Reference

Pirheliômetro
de referência - Pirheliômetro
padrão primário de 1° classe
 Radiação global
hemisférica
 0,3 a 3,0 µm
 Princípio de Calibração pelo
Piranômetro -
funcionamento: método da
padrão
termopilha comparação
secundário
(vários termopares ( ISO 9059 )
conectados em série)
Pirheliômetro
de 1º classe calibrado

Fig. 2. Piranômetro Kipp&Zonen CM 11

Calibração pelo método da


domo de soma ( shade / unshade
vidro ( ISO 9846 )

Piranômetro
cobertura - padrão secundário
termopilha  calibrado
dissipador de calor

Fig. 4 (a). Rastreabilidade da escala radiométrica através do


padrão primário
Fig. 3. Detalhe do sensor do piranômetro
do CTENERG e tem sua coordenação centrada no CPTEC.
Piranômetro A bancada de calibração mencionada foi projetada de acordo
- padrão secundário com recomendações técnicas da BSRN, para calibração de
calibrado radiômetros, segundo as normas ISO 9846, 9847 e 9059
[11]. No contexto do projeto SONDA, as estações BSRN do
LABSOLAR foram modernizadas, com a instalação de
Pirheliômetro piranômetros Kipp&Zonen CM21 e CM22, instrumentos da
de 1° classe mais alta qualificação presentemente utilizados na
solarimetria. Um dos objetivos de grande alcance do projeto
Pirheliômetro SONDA é a implementação no Brasil, de uma rede de nove
de 2° classe estações de superfície de qualidade, no contexto da qual as
estações BSRN e adicionalmente cinco estações
solarimétricas de menor alcance do LABSOLAR, deverão
ser integradas.

Calibração pelo
método de comparação 2. METODOLOGIA DE CALIBRAÇÃO
( ISO 9059 )
2.1. Método da Soma “Shade-Unshade”
Piranômetro Este método baseia-se no princípio de que a soma da
de 1° classe radiação direta horizontal e de radiação difusa, totalizados
calibrado em um minuto, deve resultar na radiação difusa totalizada no
mesmo intervalo de tempo. A radiação difusa e radiação
Piranômetro global estão medidas com o piranômetro a ser calibrado.
de 2° classe Para medição da radiação difusa é utilizado um disco de
calibrado sombreamento que sombreia o piranômetro da radiação
direta. A radiação difusa e a radiação global são medidas
em intervalos de tempo correspondentes a operações
realizadas com alternância de medições de radiação global
Fig. 4 (b). Rastreabilidade da escala radiométrica através do
(sem o disco de sombreamento) e medições de radiação
padrão secundário.
difusa (com disco de sombreamento). O pirheliômetro de
A rastreabilidade da referência radiamétrica internacional do cavidade mede I bn , a intensidade da radiação direta normal,
LABSOLAR, é indispensável para assegurar um bom cuja componente horizontal é I bn cos γ , onde γ é o ângulo
padrão de qualidade em solarimetria, para as estações do
de zênite solar, que é o ângulo compreendido entre o raio do
LABSOLAR e de outras estações de superfície, cujo
sol e a normal a superfície horizontal.
objetivo seja o fornecimento de dados de radiação solar para
a comunidade científica de ciências atmosféricas e da Por definição,
engenharia de energia solar. Neste contexto, o projeto
BSRN poderá desempenhar um importante papel para I G = I bn cos γ + I D (1)
estabelecer no país a credibilidade há muito perdida no
onde I G é a intensidade de radiação global (W/m2) e I D é a
aspecto da monitoração da radiação solar, sobretudo nos
últimos vinte anos, durante os quais o Brasil deixou de intensidade de radiação difusa (W/m2), que são medidas
figurar nos bancos de dados de radiação solar da WMO e do com o piranômetro a ser calibrado.
Centro Mundial de Radiação Solar de São Petersburgo, até O sinal do piranômetro para a componente global em
porque o que restou das estações solarimétricas instaladas microvolts é expresso por (µ V )G = k I G onde k é o fator
pelo governo federal no país em 1978 foi desativado.
de calibração do radiômetro. Da mesma forma, para a
O objetivo principal deste trabalho é apresentar um estudo componente difusa (µ V )D = k I G .
comparativo de calibração de diferentes piranômetros e de
um pirheliômetro de campo NIP (normal irradiance Da equação (1) resulta que
pirheliometer), normalmente utilizados na solarimetria e
também, uma comparação do pirheliômetro de compensação I bn cos γ = I G − I D (2)
de Angström com o pirheliômetro de cavidade Hickey onde γ é calculado através de equações geofísicas
Friedem (HF). Os trabalhos de calibração e comparação
foram conduzidos na bancada de calibração do embutidas no software do rastreador solar. Segue-se que
LABSOLAR. Esta bancada de calibração foi construída com
recursos do projeto SONDA (Sistema de Organização I bn cos γ =
1
[(µ V )G − (µ V )D ] (3)
k
Nacional de Dados Ambientais para o Setor de Energia),
que presentemente está sendo executado em parceria com o
LABSOLAR. O projeto SONDA é financiado com recursos
de onde
k = [(µ V )G − (µ V )D ] I bn cos γ (4)

2.2.Método da comparação com piranômetro de referência


Este método baseia-se na comparação dos dados de radiação
medidos com o piranômetro a ser calibrado, com dados de
radiação, medidos com um piranômetro calibrado pelo
método (2.1). No presente caso o padrão de referência é o
piranômetro Kipp&Zonen CM22, instrumento que produz
um desvio de off-set mínimo.

2.3 Ilustrações dos diferentes processos de calibração


A figura (5) ilustra o pirheliômetro HF montado sobre um Fig. 7. Bancada de calibração de piranômetros pelo método
rastreador solar SM3 da Eppley Co., enquanto que a figura da soma, mostrando o piranômetro Kipp&Zonen CM22.
(6) mostra a unidade de controle e o sistema de aquisição de
sinais do pirheliômetro mencionado. A figura (7) ilustra a
bancada de calibração pelo método (2.1), enquanto a figura
(8) ilustra o operador alinhando o disco de sombreamento na
operação shade-unshade.

Fig. 8. Operação manual “shade-unshade” do anel de


sombreamento da bancada de calibração.

Fig. 5. Pirheliômetro de Hickey Frieden montado sobre o


rastreador solar SM3 da Eppley Co., com detalhe da caixa
de conexão de calibração.

Fig. 9. Piranômetros PSP Eppley (primeiro plano), SP LITE


(segundo plano) e Kipp&Zonen CM 3B e CM21 (terceiro
plano).
Fig. 6. Unidade de controle e medição
A figura (9) mostra a bancada de calibração pelo método WMO. A incerteza do fator de calibração calculado para este
(2.2), com os piranômetros Kipp&Zonen CM11 e CM3B, radiômetro é de 0,25%.
SP LITE, LICOR, Eppley PSP e o piranômetro de referência
CM22. A figura (10) mostra o piranômetro de referência
CM22 ventilado. 3.3. Calibração do piranômetro CM22 pelo método da
soma
A seguir são mostrados os resultados de calibração do
piranômetro de referência CM22 pelo método da soma
descrito na seção 2.1. Os resultados da calibração são
apresentados na figura (14). O fator de calibração calculado
para este instrumento é k = 9,432 e o desvio percentual em
relação ao fator de calibração fornecido pelo fabricante é da
ordem de -0,4%.

920

Ra 910
di
aç 900
ão
Fig. 10. Calibração dos piranômetros pelo método da [W 890
comparação, tendo como referência o piranômetro /m
²]
Kipp&Zonen CM22 ventilado (à esquerda). 880
Angström
870
HF
3. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
860
10.60 10.65 10.70 10.75 10.80
hora decimal
3.1. Comparação do pirheliômetro de compensação de
Angström com o pirheliômetro HF Figura 11 (a). Dados comparativos de radiação solar
medidos com os pirheliômetros de referência de Angström e
As figuras (11) – (a) e (b) ilustram os resultados de HF.
medições realizadas com os dois pirheliômetros de
referência, a saber, HF e Angström. Estes instrumentos
foram comparados para avaliar as diferenças dos mesmos na
condição de dia claro.
905 Incerteza +- 1,32 %
As figuras (12) – (a) e (b) ilustram o resultado de outra 900 Incerteza +- 0.08 %
Radiação [ W/m²]

amostra de medições, desta vez em outro horário diferente


daquele correspondente a primeira comparação. Verifica-se 895
N= 21
que mesmo com um erro aleatório elevado na medição 890
manual com o radiômetro de Angström, este instrumento 885
apresenta resultados médios coerentes, em relação ao 880 Limite inferior
radiômetro HF. O desvio entre o instrumnto de referência de N= 9
875 MEDIA
Angström e o instrumento HF, associado a alta incerteza do Limite superior
instrumento de Angström, demonstra que este 870
pirheliômetro, na presente situação, não cumpre as 865
exigências de qualidade estabelicidas pela WMO. Angström HF
Instrumento
3.2. Calibração do pirheliômetro Eppley NIP No. 2804 Figura 11 (b). Intervalos de incerteza respectivos aos
através do pirheliômetro HF pirheliômetros de referência(a diferênça entre as médias dos
resultados é de 0,5%)
Nesta secção são apresentados os resultados de calibração de
um pirheliômetro de primeira classe (NIP) com um
pirheliômetro de referência (HF), utilizando o método da
comparação. A Figura 13-(a) mostra o resultado de uma
calibração para a qual os ensaios foram executados em
diferentes dias. A figura 13-(b) mostra os resultados de
calibração para anos diferentes, como recomendado pela
800 N= 58

Fator de calibração [ uV m²/ W ]


6.78
Angström 6.77 Limite inferior
790 N= 42
HF 6.76 Média
radiação [ W/m² ]

6.75 Limite superior


780
6.74
6.73
770
6.72 N= 8
6.71
760
6.70
6.69 Incerteza de
750 calibração
6.68
6.67 (ISO 9059 )
740
6.66
11.44 11.46 11.48 11.50 11.52 11.54 11.56
Valor do 1999 2001 2003
hora ( decimal ) fabricante

Figura 12 (a). Dados comparativos de radiação solar Figura 13 (b). Intervalos de incerteza relativos a calibração
medidos com os pirheliômetros de referência, para outra do pirheliômetro Eppley NIP No. 2804, para caibração em
sequência de medição. três anos distintos.

785.0
Incerteza +- 1,02% 9.50

Fator de calibração [ uV m²/ W ]


780.0
9.48
775.0 Incerteza +- 0.72% N= 10
Radiação [W/m²]

9.46
770.0
9.44
765.0

760.0 N= 9 9.42 Incerteza de


N= 17 calibração
755.0 9.40 (ISO 9846) Limite inferior
Limite inferior
media MEDIA
750.0 9.38
Limite superior Limite superior
745.0
9.36
Angström HF
valor do fabricante calibração
Figura 12 (b). Intervalos de incerteza respectivos aos
pirheliômetros de referência, para outra sequência de Fig. 14. Intervalos de incerteza relativos a calibração do
medição. piranômetro Kipp&Zonen CM22 (método de soma).

3.4. Calibração dos piranômetros de campo

6.82
Nesta secção são apresentados os resultados da calibração de
N= 22
Fator de calibração [ uV m²/ W ]

6.80 diferêntes piranômetros de campo (primeira classe, segunda


N= 21 N= 64
6.78 N= 21 classe e padrão secundário), por comparação com o
6.76 piranômetro de referência CM22. Os resultados
6.74 comparativos de calibração dos piranômetros Kipp&Zonen
6.72 CM11 e CM3B, PSP Eppley, SP LITE e LICOR são
6.70
Limite inferior apresentados nas figuras (15) e (16).
6.68
Incerteza de Média
6.66 calibração A figura (15) ilustra as retas de resposta dos radiômetros em
6.64 Limite superior
(ISO 9059 ) mV , em função da intensidade de radiação solar em W/m2,
6.62
esta última medida com o piranômetro de referência
Intervalo 1

Intervalo 2

Intervalo 3

Resultado
fabricante
Valor do

calibrado.
A figura (16) mostra os intervalos de incerteza associados
aos fatores de calibração dos instrumentos calibrados, para
Figura 13 (a). Intervalos de incerteza relativos a calibração intensidade de radiação variando entre 600W/m2 e
do pirheliômetro Eppley NIP No. 2804 (1999), para 700W/m2, para um conjunto amostral de 195 medidas
diferentes sequencias de medição. totalizadas em um minuto.
Deve-se ressaltar que as estações solarimétricas do
LABSOLAR, a saber, de Chapecó-SC, Joinville-SC,
Sombrio-SC, Lebon Regis_SC, BSRN_Florianópolis,
BSRN-Balbina e Araras-RO, operam com radiômetros que
serão calibrados segundo padrões de qualificação da BSRN.
Pretende-se que tais estações, quando integradas a rede de
estações do projeto SONDA, venham a contribuir, em futuro
próximo, para oferecer uma base confiável de dados
qualificados, em benefício das ciências da atmosfera e das
energias renováveis no Brasil.

AGRADECIMENTOS
Os autores do presente trabalho manifestam seu
agradecimento ao apoio da BSRN / WMO, bem como ao
Fig. 15. Funções de resposta dos piranômetros calibrados apoio financeiro do MCT através do projeto SONDA, sem
pelo método da comparação. os quais este trabalho não teria sido realizado. Agradecem
também ao Dr. Hamilton J. Vieira do CLIMERH / EPAGRI,
pelo empréstimo dos piranômetros CM3B, SP LITE e
Observa-se que o piranômetro CM11 apresenta resultados LICOR.
um pouco melhores que aqueles dos outros instrumentos.
Deve-se observar que os piranômetros Eppley PSP e
Kipp&Zonen CM11 são instrumentos de melhor qualidade
REFERÊNCIAS
em relação aos outros instrumentos, uma vez que os
primeiros apresentam melhor estabilidade e melhor [1] Angström, A., “On the Computation of Global Radiation
aderência à lei do co-seno [7]. from Records of Sunshine”, Ark. Geofisik, vol. 2, no.5, pp.
471-479, 1956.
[2] Stuhlman, R., Rieland, M., and Raschke, E., “An
0.1 Improvement of the IGMK Model to Derive Total and
0.08 Diffuse Solar Radiation at the Surface from Satellite Data”,
Variação do fator de

0.06 J. Appl. Meteor., vol. 18, pp. 586-603, 1990.


calibração [ % ]

0.04
[3] Pereira, E. B., Martins, F. R., Abreu, S. L., Beyer, H. G.,
0.02 Limite inferior Colle, S., Perez, R., and Heinemann, D., “Cross Validation
0 Limite inferior
of Satellite Radiation Transfer Models During SWERA
-0.02 Limite superior
Project in Brazil”, Proocedings ISES 2003, Göteborg,
-0.04 Sweden, June, 2003.
-0.06
-0.08 [4] Perez, R., Kmiecik, M., Herig, C., and Renné, D., “Remote
-0.1 Monitoring of PV Performance Using Geostationary
Satellites”, Solar Energy, vol. 71, no. 4, pp.255-261, 2001.
SP LITE
CM11

LICOR
CM3B
PSP

[5] Beyer, H. G., Costanzo, C., and Heinemann, D.,


Piranômetros “Modifications of the Heliosat Procedure for Irradiance
Estimates from Satellite Data”, Solar Energy, vol. 56, pp.
Fig. 16. Intervalos de incerteza respectivos aos piranômetros 121-207, 1996.
calibrados pelo método da comparação.
[6] McArthur, L. J. B., “BSRN Operation Manual”, BSRN
Meeting Report of the BSRN Workshop – Regina, Canadá,
August, 2002.
4. CONCLUSÕES
[7] Fröhlich, C., and London, J., (Editors) “Revised Instruction
O presente trabalho apresenta os resultados ilustrativos de Manual on Radiation Instruments and Measurments”, WCRP
calibração de diferentes radiômetros utilizados na Publications Series No.7, WMO/TD, no. 149, October, 1986.
solarimetria. Os resultados apresentados caracterizam as
diferenças normalmente encontradas entre os diferentes [8] Norma ISO 9846, “Solar Energy – Calibration of a
radiômetros na operação de calibração. Particular atenção Pyranometer Using a Pyrheliometer”, 1993.
foi dispensada a comparação de pirheliômetros, com o [9] Norma ISO 9847, “Calibration of Field Pyranometers by
propósito de apresentar a metodologia e também demonstrar Comparison to a Reference Pyranometer”, 1992.
a capacitação do LABSOLAR para realizar a calibração [10] Forgan, B. W., “A New Method for Calibrating Reference
desses radiômetros. Os resultados apresentados não são and Field Pyranometers”, Journal of Atmospheric and
completos, na medida em que uma detalhada análise de Oceanic Technology, vol. 13, pp. 638-645, 1996.
erros e uma avaliação da rastreabilidade dos instrumentos
[11] Norma ISO 9059, “Calibration of Field Pyrheliometers by
em relação a referência radiômétrica internacional não
Comparison to a Reference Pyrheliometer”, 1990.
foram apresentados.
[12] Coleman, H. W. and Glenn Steele, Jr., W., “Experimentation
and Uncertainty Analysis for Engineers”, John Wiley &
Sons, 1989.

Autor: Eng. Manfred G. Kratzenberg, Dr. Sergio Colle, Eng.


Sylvio Luiz Mantelli Neto, Eng. Samuel Luna de Abreu e Dr. Hans
G. Beyer (Departamento de Engenharia Mecânica, UFSC, 88040-
900 – Florianópolis, SC, Telefone: (48) 2342161, Fax: (48)
3317615, e-mail: colle@emc.ufsc.br).
Dr. Enio Bueno Pereira (INPE / DGE, Caixa Postal 515, 12201-
970, São José dos Campos, SP, Telefone: (12) 39456741, e-mail:
enio@dge.inpe.br).

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