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Escola Estadual de

Educação Profissional - EEEP


Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Curso Técnico em Modelagem do Vestuário

Moulage
Governador
Cid Ferreira Gomes

Vice Governador
Domingos Gomes de Aguiar Filho

Secretária da Educação
Maria Izolda Cela de Arruda Coelho

Secretário Adjunto
Maurício Holanda Maia

Secretário Executivo
Antônio Idilvan de Lima Alencar

Assessora Institucional do Gabinete da Seduc


Cristiane Carvalho Holanda

Coordenadora da Educação Profissional – SEDUC


Andréa Araújo Rocha
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APOSTILA DE MOULAGE

Modelagem do Vestuário – Moulage


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1. FALANDO DE MODELAGEM PARA ENTENDER A


MOULAGE

2. MODELAGEM TRIDIMENSIONAL (MOULAGE) NA


INDÚSTRIA DO VESTUÁRIO

3. MOULAGE/DRAPING

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1. FALANDO DE MODELAGEM PARA ENTENDER A


MOULAGE

Modelar consiste na interpretação do modelo sobre a base, ou seja, na


concretização das idéias do designer de moda e das informações registradas na
ficha técnica do produto (SILVEIRA, 2006). A modelagem consiste na construção
do conjunto de moldes gabaritos, que reproduzem as formas e medidas do
corpo humano adaptadas ao estilo proposto pelo designer, que são executados
a partir da análise do desenho técnico e das demais especificações do projeto
(JONES, 2006).
Para executar a modelagem de peças do vestuário, os principais fatores
de referência são as formas, as medidas e movimentos do corpo humano. O
modelista deve interpretar corretamente as formas projetadas no desenho técnico
ou de estilo propostas pelo designer. De acordo com Araújo (1996, p.92), “os
modelistas são intérpretes de uma linguagem muito especial, baseada em desenhos
e anotações de estilistas”. O autor também salienta que o desenho deve ser
uma reprodução fiel da idéia original, incluindo pormenores estruturais, como
costuras, pregas, aberturas, botões, acessórios decorativos, entre outros, e ainda
conter anotações sobre pormenores como largura de fitas, o número de carreiras
de pontos, o tamanho de um decote ou bibe, a altura de uma bainha e afins.
As referências de medidas geralmente são adaptadas pelas empresas,
com base nas medidas médias de seu público-alvo. Geralmente, essas tabelas
de medidas não levam em consideração as medidas referenciais normalizadas,
o que traz dificuldades para os consumidores na hora da compra, pois produtos
similares, de marcas diferentes, nem sempre vestem o mesmo manequim. No
Brasil, as medidas referenciais, consideradas fundamentais para a construção do
vestuário, padronizam circunferências das partes do corpo para cada tamanho
e são apresentadas na norma NBR 13377 da Associação Brasileira de Normas
Técnicas - ABNT.
A modelagem é uma arte de medidas proporcionais. Além do conhecimento
das medidas do corpo, é preciso que o modelista tenha noções de ergonomia,
o que lhe permitirá a modelagem de roupas adaptadas à função do público
consumidor. O estudo dos movimentos do corpo pode orientar modificações na
modelagem, resultando num produto de qualidade superior (RADICETTI, 1999).
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O conhecimento das características da anatomia humana, como as relacionadas à


simetria, forma e postura, também interfere no desenvolvimento da modelagem.
Poder valorizar ou diferenciar as formas, para vestir adequadamente uma mulher
adulta é um desafio para quem produz roupas, destacando-se a importância do
reconhecimento das características dos diferentes biótipos. Amparado nesses
conhecimentos e no domínio do processo e dos recursos técnicos, o modelista
desenvolve os moldes seguindo a técnica mais adequada ao produto e utilizando
as ferramentas disponíveis na empresa. No que diz respeito à vestimenta, teorizar
não é suficiente, pois o corte de uma indumentária não se explica apenas com
palavras. É necessário que exista conhecimento prático para visualizar o efeito.
Para Saltzman (2004) modelagem deve levar em consideração o material a
ser utilizado na confecção da peça, respeitando suas qualidades. Ainda, segundo
Barros (1998), a modelagem procura adaptar a roupa também à evolução do corpo
humano, que vem mudando de maneira sutil, ao longo do tempo. Depois do
biótipo, o segundo fator de influência na modelagem é a técnica.
A modelagem de roupas em caráter industrial pode ser executada, basicamente,
através de dois métodos geométricos: a técnica bidimensional, que é a
modelagem plana, podendo ser desenvolvida manualmente ou através do uso do
sistema digital CAD, e a técnica tridimensional, o moulage, em que a construção
da modelagem do protótipo é feita diretamente sobre o busto de costura, que
possui as formas e medidas anatômicas do corpo humano. A primeira técnica
é amplamente utilizada nas indústrias, principalmente para produção em larga
escala. Já a segunda costuma ser mais utilizada em produções estilizadas, quase
artesanais, em pequena escala. Neste contexto, o presente artigo analisa os métodos
de modelagem de roupas, visto sob a forma bidimensional e tridimensional,
dentro da indústria. Para tanto, buscou-se na literatura referenciais teóricos para
mostrar os principais conceitos e aplicações das duas técnicas.

REFERENCIAL TEÓRICO
Histórico da modelagem
O desenvolvimento do vestuário mostra que o homem, na sua evolução
sócio cultural, no impulso de olhar e o desejo de ser olhado, tenha tido um cuidado
particular com o embelezamento do corpo, que o levou a estruturar atrativos
para mostrá-lo e posicioná-lo frente aos outros. Segundo Castilho e Galvão (2002
p.69), “a manipulação da imagem corpórea e estrutura do discurso do corpo vestido
tende a evidenciar as características mais atraentes do corpo, que são eleitas
segundo valores estéticos compartilhados por certo grupo social ou época”.

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O tema modelagem de peças do vestuário vem sendo observado desde


a antiguidade, quando as roupas eram feitas com tecidos enrolados ao corpo e
esculpidas como esculturas, seguindo suas formas e dando às peças as formas
desejadas. A maneira mais fácil de transformar o tecido em vestimenta era enrolar
um pequeno retângulo de tecido ao redor da cintura, construindo uma forma primitiva
da saia, o sarongue. Posteriormente, outro quadrado de pano era enrolado
sobre os ombros e atados por broches. Esse tipo de vestimenta era utilizado
por egípcios, assírios, gregos e romanos. Roupas drapeadas denotavam marcas
de civilização, ao contrário das que acompanhavam as formas do corpo, que
eram consideradas “bárbaras”. Em determinado período os romanos chegaram a
condenar à morte quem as usasse. (LAVER, 1989).
Do século VII ao I a.C. tanto homens quanto mulheres usavam um só
tipo de roupa, o quiton, sendo o dos homens até o joelho e o das mulheres até
o tornozelo. Era preso ao ombro por alfinetes ou broches e usava um cordão
demarcando a cintura sem a marcação da cava definida, depois foram surgindo
mangas e definições de cintura. Este período é considerado de criação dos
princípios básicos da modelagem. Em meados do século XIX, a produção do
vestuário era um trabalho manual, os alfaiates costuravam o vestuário masculino,
as costureiras e as modistas confeccionavam e serviam o público feminino. Qualquer
peça de roupa era executada por medidas individuais, seguindo as idéias de
cada cliente. Ao final do século XIX e início do século XX, Charles Frederick
Worth inventou a alta costura parisiense, contribuindo para modificar o conceito
de moda. Worth não confeccionava vestido seguindo o desejo de suas clientes,
criava coleções que apresentava para as senhoras da sociedade. Worth conseguiu
concretizar seus ideais de beleza e elegância, tendo, dessa forma, conseguido a
proeza de transformar o alfaiate num criador de moda. O seu gosto tornou-se o
gosto padrão da sociedade e suas criações foram determinadas para alta costura
até os anos vinte.
Já no período que precedeu a primeira guerra mundial, Paul Poiret foi
o grande costureiro francês que, com os impulsos dos movimentos de reforma
do início do séc. XX renovou a moda sob um ponto de vista estético. Criou uma
linha de vestuário completamente nova, diametricamente oposta à suntuosidade
rígida dos espartilhos. Segundo Lehnert (2001, p.14), “Poiret defendia que se
deve montar a beleza natural do corpo feminino”. Poiret defendeu a libertação do
corpo feminino e sua moda permaneceu até o início da primeira guerra mundial,
enfraquecendo no período pós-guerra, com a difícil situação e a escassez de matéria
prima. Nesse período, o vestuário masculino pouco se modificou, enquanto
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o feminino tornou-se ainda mais austero e funcional, em que predominavam as

silhuetas pouco volumosas e a moda dá um passo decisivo em direção à


modernidade:
as linhas puras e o sentido de funcional.
Segundo Rocha (1998), a história ainda mostra ser bem antiga a curiosidade
do homem em medir o seu corpo, empregando parte dele como unidade
de medida. Os antigos egípcios deixaram trabalhos que mostram a existência de
proporção entre a parte e o todo do corpo (o membro superior equivalia a oito

dedos médios). O estudo antropométrico teve sua participação também nas artes
plásticas, quando escultores e pintores como Michelangelo e D.Vinci, em busca
de moldes clássicos da beleza humana, procuravam proporções ideais entre as
partes do corpo. Modernamente, o estudo da antropometria se volta para a influência
de determinados fatores na performance.
Segundo Souza (1997, p.48), “a antropometria é o processo de mensuração
do corpo humano ou de suas várias partes”. Um dos pioneiros da antropometria
moderna foi um alfaiate francês, H. Gugliemo Compaign. Seu trabalho
consistiu na elaboração de um quadro comparativo das idades e seu crescimento,
revelando as transformações graduais do corpo humano, desde o crescimento até
a velhice. Compaign mostrou como as partes do corpo crescem proporcionalmente
entre si. Sua obra, “Arte da Alfaiataria”, publicada em 1830, permitiu estabelecer
o princípio das graduações. Em 1835, o belga Lambert Adolphe Jacques
Quételet, que trabalhava para o governo no estudo da população, apresentou sua
concepção do homem médio como o valor central das medidas de características
humanas, que são agrupadas de acordo com a curva normal. Seus estudos são
utilizados até hoje, principalmente o cálculo de índice de massa corporal (IMC),
também conhecido como índice de Quetelet.

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Conceito de modelagem
Segundo Saltzman (2004), no desenvolvimento do projeto de vestuário é
importante que elementos de composição da peça sejam levados em consideração,
como o corpo, que é base tridimensional e também suporte; o tecido, que é a
matéria prima que assume diferentes formas envolventes ao redor do corpo e ainda
o contexto, que é a variável delimitadora do projeto com todo seu significado.
A forma pode ser estática, definida e fechada ou, pelo contrário, móvel, mutante
e vital. Deste ponto de vista, a natureza da indumentária e os diferentes recursos
materiais e construtivos que estão ligados a ela permitem pensar o vestuário em
função da capacidade de transformação do desenho, de modo que possa projetar
um objeto versátil, flexível e de formas múltiplas.

Com a evolução tecnológica, sociocultural e com a produção em série,


a antropometria foi sendo utilizada no estudo das proporções do corpo, pois ele
precisa ser coberto, ao mesmo tempo em que necessita de conforto e liberdade de
movimentos. As roupas também devem estar em conformidade com o meio ambiente.
Portanto, é preciso considerar o espaço existente entre corpo e vestimenta,
pois, para se desenvolver a modelagem, estudam-se as medidas que auxiliam
na construção da embalagem que envolve o corpo. O estudo da modelagem na
indústria do vestuário é fundamental e necessário em todas as etapas do
desenvolvimento do produto. Por isso, a importância de um estudo mais aprofundado
das medidas antropometricas, que vem sendo desenvolvido através da tecnologia de
escaneamento do corpo humano, com vantagens para vários setores, que vão
do vestuário ao setor de cuidados com a saúde e segurança. A indústria do vestuário
é hoje, provavelmente, a que mais avançou no uso dessa tecnologia.
Além da antropometria, a ergonomia é também um fator importante
neste estudo, pois, sabe-se bem que o homem, desde os tempos mais antigos,
busca conforto, mesmo com limitações, para seu melhor desempenho em suas
tarefas diárias, e com isso originou-se uma forma de estudar estes problemas. A
ergonomia estuda o homem em suas características físicas, fisiológicas, influência
do sexo, idade, psicológicas e sociais, sendo que na indústria do vestuário,
a ergonomia assegura ao usuário as características do produto, como conforto,
funcionalidade, segurança e usabilidade. A modelagem, segundo Grave (2004,
p. 49), possui função participativa nos movimentos articulares do corpo, e “o
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cuidado com cálculo determina a construção da peça, pois ela trabalhará


simultaneamente com o corpo”.
De acordo com Araújo (1996), moldes e tecidos são bidimensionais,
constituídos apenas de comprimento e largura. A peça de vestuário, resultante da
montagem das várias partes componentes, possui também uma terceira dimensão:
a profundidade. Esta é incorporada no molde através de pences. Assim, para
que a modelagem obtenha sucesso, é necessário que siga uma seqüência lógica
de desenvolvimento. Segundo o autor, esta seqüência deve levar em consideração
os passos apresentados no quadro 1.

Para desenvolver uma modelagem com qualidade, é necessário conhecer


a anatomia humana, suas funções e necessidades. De acordo com Grave (2004),
o vestuário vem utilizando inúmeras técnicas para modelar, como por exemplo,
envolver o tecido em um manequim técnico, dando-lhe forma e assim, como
brincadeira de boneca, modela-se conceituando a moulage. Em outra hipótese,
utilizando-se cálculo, faz-se o traço, e como uma planta em duas dimensões,
transporta-se o traçado do corpo para o tecido, definindo a modelagem plana.
Modelagem plana na construção de peças do vestuário para a indústria
de confecção
A modelagem plana (bidimensional) é um trabalho de precisão que exige
medidas e cálculo apurado uso de proporção e habilidade para imaginar o
efeito em três dimensões. Os moldes planos são criados a partir de um conjunto
de medidas. A construção dos moldes em duas dimensões é rápida, economicamente
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viável e indispensável para a indústria da moda, além de também ser


projetada no sistema com o uso do software, programado para imprimir no plotter
conforme as medidas especificadas. Para a construção dos moldes através da
modelagem plana são necessários o conhecimento e o uso das medidas fundamentais
e secundárias, na construção do diagrama, que se fundamenta pelo uso
dos planos e linhas, que se relacionam com o equilíbrio e a dinâmica da peça
pronta. Para Araújo (1996), existem normas de ajustamento do vestuário que
devem ser respeitadas e estas consistem na utilização de cinco conceitos: folga,
alinhamento, correr do tecido, equilíbrio e assentamento.
A aplicação dos princípios tradicionais da criação de moldes base é a
técnica mais utilizada para obter diferentes estilos. Para Araújo (1996), este princípio
consiste na utilização de um bloco de moldes base, ao qual são introduzidas
modificações e manipulações, a fim de produzir um modelo. Um bloco de moldes
base pode dar origem a muitos modelos das coleções da empresa, durante várias
estações. Ele ainda ressalta que o bloco de moldes base é um conjunto de moldes
sem qualquer interesse estilístico, mas com pormenores estruturais em locais
clássicos ou tradicionais. Não possui geralmente margens de costura para criar
um modelo. Os moldes base são moldes aprovados que podem ser utilizados com
segurança, desde que não haja alterações nos tecidos ou na moda.
A modelagem digital projeta de forma simples e rápida, no teclado do
computador, as bases que serão armazenadas para serem utilizadas na construção
de diferentes modelos, para várias coleções. O software pode receber a entrada
dos dados pelo usuário, que utiliza uma série de ícones que possibilitam as operações
para executar a modelagem, definir a distância, ângulos e ainda janelas de
comunicação, que indicam a função que está sendo manipulada. Determinadas
funções, quando acionadas, abrem na janela de trabalho o menu, onde aparecem
os campos DX e DY, que são os eixos horizontal e vertical mais utilizados na
construção dos moldes.
O método digital não substitui o profissional de moda. O que muda são
as ferramentas do seu trabalho. Este profissional utiliza seus conhecimentos de
modelagem e o conhecimento que obteve sobre o sistema digital através de
treinamento,passando a desenvolver o trabalho, que fazia manualmente, direto no
computador. O sistema permite também, a organização das pastas de moldes que
posteriormente poderão ser usadas no desenvolvimento de modelos semelhantes,
tendo ainda a vantagem de economia de espaço físico, de tempo e de organização
no setor de modelagem.

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FRENTE
COSTA
Figura 1: Modelagem plana de vestido

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2.MODELAGEM TRIDIMENSIONAL (MOULAGE) NA INDÚSTRIA


DO VESTUÁRIO

Moulage, literalmente moldagem em francês, é ajustar um tecido diretamente ao


manequim no tamanho apropriado ou no próprio corpo da pessoa.
Quando a forma e o tamanho estão corretos, o tecido é removido e copiado em
papel, adicionando as costuras. Utiliza-se também a moulage – também conhecida
como draping – para peças trabalhadas em viés, porque permite moldar o
tecido na forma do corpo e visualizar como a roupa se movimenta. O tecido pode
ser controlado e com ele faz-se a escultura da peça.
De acordo com Saltzman (2004), traçar as linhas construtivas na modelagem
é decidir onde a peça se aproxima ou se afasta do corpo, onde ela cria volume
ou aderência e definir que tipo de peça se busca, através da caracterização
da superfície de planos, por suas qualidades têxteis e por união. A autora ainda
ressalta que os planos construtivos surgem da anatomia e estabelecem diferentes
exigências de proteção e mobilidade. Portanto, a moulage torna o produto viável,
usável e funcional. Melhora a produção dentro da indústria, por proporcionar a
visualização do produto antes da montagem do protótipo, podendo transmitir o
caimento, volume e forma desejados.

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Segundo Souza (2006), a visualização da tridimensionalidade do produto


efetivamente permite a avaliação imediata das questões de vestibilidade, e
essa avaliação se processa num intervalo de tempo relativamente curto, tendo
em vista a multiplicidade de elementos envolvidos e as contribuições positivas
desse resultado para o processo. Ainda segundo a autora, a grande vantagem da
técnica tridimensional é a possibilidade de se trabalhar as técnicas de criação e
materialização de modo simultâneo.

COMPARA ÇÃO E CRITÉRIOS ESTA BELECIDOS DAS DUAS TÉCNICAS


DE MODELAGEM
“A modelagem se apoia nos planos do corpo. Para a execução de um
modelo, é necessário atuar com auxilio dos planos, dos eixos e das linhas secundárias
e terciárias, conforme as exigências específicas” (GRAVE, 2004, p.54).
Segundo Radicetti (1999), as empresas apresentam dificuldades para
dimensionar seus problemas e adequá-los aos seus clientes, o que provoca perda,
já na preparação dos moldes-piloto. Algumas indústrias chegam a montar até três
protótipos para aprovar um único modelo. Nesse caso, procede a constatação de
Péclat (2000) de que a modelagem plana mais comumente usada nas indústrias
de confecções do vestuário possui limitações quanto à eficiência, devido ao fato
de traçar moldes em duas dimensões (altura e largura) para recobrir as formas do
corpo, que são tridimensionais. A moulage, diferentemente da modelagem plana,
favorece a visualização da evolução do modelo, desde o inicio até o produto
final, pois esse processo permite a verificação das possibilidades de
construção, alterações ou mudanças do modelo (SOUZA apud PÉCLAT E
FIGUERAS, 2006).

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Aprimorar a técnica e o conhecimento das medidas no manequim possibilita ao


designer o desenvolvimento do desenho técnico em escala, facilitando o trabalho
do modelista. Embora o draping seja forma ideal de desenvolver idéias e criar
novas silhuetas, às vezes é combinado com modelos planos. Essa abordagem
combinada é especialmente útil, quando as variações sobre uma silhueta evidenciadas
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são produzidas.
“A moulage é vista, portanto, como uma alternativa para a modelagem
plana, ou mesmo como mais uma técnica para auxiliá-la no produto
criado”.(SOUZA, 2006, p.99). Vale ressaltar que a modelagem tridimensional
ainda enfrenta a resistência de muitos modelistas das indústrias de confecção
que, habituados ao desenho e à modelagem plana, têm dificuldades para criar
utilizando a moulage.

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O quadro 2 compara as duas técnicas de modelagem conforme critérios


estabelecidos, considerando a elaboração de um modelo específico.

MOULAGE / DRAPING
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3.MOULAGE/DRAPING
Para vestir o corpo humano é necessário conhecer a sua anatomia e seu
significado. Aprender moulage é saber vesti-lo.
Moulage, palavra francesa, derivada de moule, que significa forma. É sinônimo da
palavra
Draping, derivada da língua inglesa, que significa dar forma e caimento ao tecido.
É uma técnica de modelagem tridimensional onde a construção dos moldes de
uma roupa é feita diretamente sobre o corpo, um modelo vivo ou um busto de costura,
permitindo a sua visualização no espaço, bem como seu caimento e volume, antes da
peça confeccionada. O processo de modelagem tridimensional facilita o entendimento
da
montagem das partes da roupa e suas respectivas funções. A técnica permite produzir
peças bem projetadas, com caimento perfeito, favorecendo a percepção das formas
estruturais do corpo durante a construção das roupas, sua prática libera a criatividade
das
formas e volumes tridimensionais como escultura permitindo visualizar as três
dimensões
do modelo, de frente, de costas e lateral.
A moulage tem como ponto forte a amplitude do espaço para a criatividade do
profissional da moda e a oportunidade de permitir que se obtenha uma roupa com
melhor
acabamento no sentido do caimento de ajustes mais precisos e a possibilidade de
avaliar
a inserção de acessório externo que possam diferenciar o modelo.
A moulage como ferramenta de trabalho tem se mostrado mais rápida e eficaz, por
facilitar o processo de criação e produção analisando o produto durante o processo,
antes
mesmo da montagem do protótipo. Na indústria a moulage pode ser usada para
desenvolver o protótipo, como já foi ressaltado e transferindo para o papel como molde
definitivo.

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PREPARAÇÃO DO MANEQUIM
Para iniciar o trabalho é preparado o manequim de costura, com as marcações
das referências anatômicas. Marca-se o contorno dos perímetros da cintura, quadril,
busto, pescoço e cava. São marcadas também as medidas de comprimento (distancia
entre dois pontos anatômicos), do ombro, do centro das costas, da frente e da linha
lateral. Feitas as marcações, o manequim está pronto para interpretação do modelo.
O manequim deve ser posicionado na altura da pessoa. As marcações são
realizadascom fita – sutache ou similar com 0.5 cm de largura.

PASSO A PASSO:
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1. Achar a metade da medida do ombro da frente e das costas. Posicionar a fita


métrica bem na base do pescoço. Marcar com alfinete no meio da fita mimosa.
2. Deixar cair à fita mimosa ate o centro do pé do manequim, fixar. (metade do
centro frente e costas).
3. Marcar a medida do pescoço, os dois lados têm q ter a mesma medida. (simetria).
4. Marcar a altura do busto da base do pescoço até a parte mais saliente do busto.
5. Marcar a altura da cintura da base do pescoço até a parte mais côncava do
manequim.
6. Marcar a altura do quadril da medida da cintura a 18 cm para o tamanho 40.
7. Contornar todas as larguras para a as costas com a fita, usando a observação
nas linhas horizontais.
8. Marcar a medida da lateral do manequim pela metade do contorno do pescoço.
Medir todas as linhas horizontais e achar o meio.

9. Conferir as medidas das duas laterais.

REGRAS

Trava

A trava é a junção de dois alfinetes no mesmo ponto em direção oposta. Ela ajuda a
fixar, travando o tecido sobre o manequim. Usada em ângulos estratégicos como:
centro frente/cintura, comprimento/cintura etc.

Mapeamento do manequim

Contornar as linhas horizontais, verticais, diagonais e curvas que definem o modelo.

O sutache é o material mais adequado para mapear o modelo no manequim. Com a


prática, o mapeamento do modelo, pode ser dispensado.

A técnica de modelagem deve ser aplicada sobre o manequim específico previamente


mapeado com as linhas do corpo: cintura, nível do quadril.

Preparação do Tecido

Medir na demarcação de cada molde o maior comprimento e largura. Acrescentar as


folgas suficientes para manusear o tecido de acordo com o modelo.

Aplicação do Tecido

A marcação do fio sobre o tecido é de extrema importância, pois facilita a reprodução


do molde do tecido para o papel.

Usar giz de costura ou lápis nos tecidos de prova (tela).

Usar o giz de costura, alfinetes ou alinhavos nos tecidos definitivos

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ANEXOS

A primeira abordagem oficial da ISO (InternationalStandardizationOrganization) sobre


o assunto da graduação do tamanho das roupas teve origem na Suécia em meados de
1968.Como justificativa para o estudo, o representante da Suécia na ISO declarou.
“Os atuais sistemas de graduação de tamanhos estão insatisfatoriamente
padronizados e a prática corrente com freqüência varia de país para país. É , portanto
, de interesse para o publico em geral, para fabricantes , comerciantes e consumidores
que um sistema internacional seja criado.”

Nos comentários apresentados pelo representante da Suécia foi sugerido que o


estudo fosse baseado em pesquisas antropométricas. Estas pesquisas foram
realizadas em muitos países, porém o resultado demonstrou que as padronizações
deveriam ser por país, devido á grande diversidade antropométrica encontrada.

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Aqui no Brasil os trabalhos do Comitê Brasileiro de Têxteis da Associação Brasileira


de Normas Técnicas nesta área, foram iniciados por volta do ano de 1981 na
Comissão de Estudo de Tamanho de Artigos Confeccionados.

Os primeiros projetos de norma começaram a ser votados em 1985 e diziam respeito a


como e onde efetuar as medidas do corpo humano, masculino , feminino, infantil e
bebê.
Várias Normas Técnicas foram finalmente aprovadas, fixando as condições exigíveis
para a medição do corpo humano.

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Especificamente o projeto que tornou-se a norma NBR 13377, começou a ser


estudado a pedido do DNPDC – Departamento Nacional de Proteção e Defesa do
Consumidor, órgão da Secretária Nacional de Direito Econômico do Ministério da
Justiça, no ano de 1992.
O convite formal foi feito a várias entidades para uma reunião em Brasília e por
definição de prioridade o Departamento de Tecnologia da ABRAVEST – Associação
Brasileira da Indústria do Vestuário tomou a dianteira convocando outras entidades,
empresas do ramo e consumidores finais para desenvolver os estudos necessários.
Durante três anos , um enorme quantidade de reuniões realizadas na sede da
ABRAVEST e consultas aos técnicos das principais empresas da indústria e comércio
do vestuário do Brasil, resultaram na aprovação da norma NBR 13377 – medidas do
corpo humano para vestuário – Padrões referenciais, no mês de maio de 1995.

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Definições:
A padronização de tamanhos do vestuário refere-se não as medidas das roupas
própriamenteditas , mas sim às medidas do corpo humano e é essencialmente um
exercício de antropologia aplicada .
Ao se comprar uma roupa o desejo é que esta vista adequadamente um determinado
tamanho de corpo, de forma “justa ” se for um tecido “strech” (que estica), ou de forma
“folgada”, com alguns centímetros a mais do que as medidas do corpo humando para
a grande maioria dos outros tecidos.

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A designação numéria ou alfabétic indicada na estiqueta de tamanho deve mostrar o


tamanho do corpo que se deseja vestir adequadamente.
O formato e as proporções do corpo humano variam muito, portanto , seria
praticamente impossível fixar padrões para todas as medidas, tanto as primárias coma
as secundárias.
Das medidas primárias são:
Contorno do Pescoço
Contorno do Tórax /Busto
Contorno da Cintura
Altura / Comprimento
Uma vez que as tendências de moda variam muito, o comprimento das roupas
também se altera, assim sendo, definiu-se não estabelecer padrões de comprimento.
Algumas das medidas secundárias são:
Contorno do quadril
Comprimento do ombro
Contorno do Braço
Contorno da Coxa
Por recomendação da maioria dos técnicos consultados, aprovou-se o uso de uma só
medida referencial primária para cada tipo de produto. de preferência a que menor
interferência causasse na criatividade dos estilistas.
Durante a preparação da norma NBR 13377 e mesmo depois de sua edição, nas
muitas palestras realizadas na sede da ABRAVEST, bem como em outros locais,
várias perguntas pertinentes surgiram ?
Se minha empresa não cumprir com as tabelas de Norma NBR 13377, que punições
vou receber? Serei multado pelo IPEM?

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As normas da ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas são todas


voluntárias, excetuando-se as relativas à saúde e segurança, portanto a menos que o
INMETRO – Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial
transforme a norma em regulamento técnico, não terá força de lei, passível de multa
em seu descumprimento.
Quanto mais os consumidore exigirem seus direitos, incluindo-se neles o direito de
não ser prejudicado por empresas que produzem roupas com medidas inferiores aos
do tamanho constante na etiqueta, prejudicando assim o consumidor na tarefa
necessária de comparação de preços e escolha do bem a se adquirido, em virtude de
uma diversidade de tamanhos de manequins para a confecção do vestuário, tanto
mais empresas comerciais exigirão de seus fornecedores o cumprimento da norma
NBR13377.
Cada vez que um consumidor procurar o PROCON para queixar-se das medidas de
uma roupa estarem abaixo das tabelas da norma, o fornecedor da mesma será
chamado à responsabilidade, de acordo com o CÓDIGO DE PROTEÇÃO E DEFESA
DO CONSUMIDOR, na seção IV – Das Práticas Abusivas ,onde consta:
“Artigo 39 – É vedado ao fornecedor de produtos e serviços:
Inciso VIII – Colocar, no mercado de consumo, qualquer produto ou serviço em
desacordo com as normas expedidas pelos órgãos oficiais competentes ou, se normas
específicas não existirem , pela Associação Brasileira de Normas Técnicas ou outra
entidade credenciada pelo Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e
Qualidade Indústrial (CONMETRO)”.
O Código deixa bem claro: se existirem Normas Técnicas para qualquer produto
colocado no mercado de consumo, é obrigatório a conformidade destes produtos com
os requisitos na Norma, sob pena de responsabilidade para o fornecedor.
Texto extraido do livro “Padrões de tamanho do vestuário : porque e como
utilizar” de Francisco de Paula Ferreira – São Bernardo do Campo : Marco Iten
Comunicação. Fotos: Pesquisa e montagens Comunidade Moda – Quer saber
mais de modelagem clique no site http://modelagem.blog.dada.net

www.comunidademoda.com
MOULAGE – TÉCNICA DE MODELAGEM TRIDIMENCIONAL
Publicadoem 15/01/2010 poradmin | 0comentário(s).
LucianeRopelatto
A palavramoulagederiva do francês “moule” quesignifica forma. É
umatécnicaartesanalqueconsisteemmoldar o tecidosobre um manequimquepossui as
mesmasmedidas do corpohumano. Egípcios, Gregos e
Romanosusavamroupassimilaresque se resumiamemdoiscortes de tecido.
Tambémfoimuitoutilizadaporgrandescostureiros da cortequefaziamcortes sob medida.
Ficoumaisconhecidaséculo XX através de Madeleine Vionnet (1912-1930),
famosaporseusdrapeados e cortesemviés. Costumavamoldarseusmodelossobre um
manequim de escala 1:2 quedepois da aprovação dos mesmos, repassava-
osemmedidasreais do corpohumano. No
Brasilestatécnicafoiintroduzidadidaticamenteporumafrancesa , Jeannine Nieceron,
através de um curso no Senai S. P. Mesmoassim, ainda é
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desconhecidaporalgumasempresas de confecção, mas semprefoimuitoutilizada no


desenvolvimento de coleçõesparadesfile. Com a diversidade e diferenciação de
modelos, hoje, estatécnicajápodeser vista e utilizadaporalgunsmodelistas e designers
de modaemgeral.
Dentresuasvantagens, tem-se liberdade de criação, o
modelopodeservistopraticamente pronto paraavaliação, o percentual de erro é menor,
mas exige-se treinoconstante e conhecimento de caimento de tecido. Na prática do
aprendizadogeralmenteusa-se o morimoupanoamericanoparaprototipagem. Depois de
conferências e aprovação, repassa-se para o tecido original. A
experiênciapodeserfascinante, comofrustrante, dependerá da prática e do
conhecimento, mesmoassim, é a únicaquenosproporcionaumavisão tridimensional do
modeloemaltura, largura e profundidadesendo um diferencialnaqualidade de
roupasproduzidas.

Trajesdesenvolvidos no curso de Design de Moda do GrupoUniasselvi-Assevim com a


técnica de Moulage (Fonte- Site Garimpo da FIP)

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Moulage, a arte de esculpir roupas no corpo


A técnica francesa de criar a roupa no corpo vem sendo resgatada por
profissionais e escolas de moda

A estrutura da roupa é montada com as medidas da cliente Depois é feita a


primeira prova da roupa estruturada só na entretela

A moulage pode reduzir medidas do busto e da cintura em até cinco centímetros,


dispensando cinta elástica e sutiã
Quem nunca ouviu dizer que ''aquela roupa caiu como uma luva'', com medidas
exatas e acabamento perfeito? Utilizada há décadas em ateliês de estilistas

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renomados, a técnica francesa de moulage começou a ganhar espaço no Brasil


nos últimos anos, mas ainda é pouco conhecida, sendo preterida pela modelagem
plana. Apesar da trajetória histórica dessa técnica, os riscos no papel passaram a
delimitar os moldes da maioria dos costureiros. Muitos deles até desconhecem
essa técnica de modelagem no corpo (ou no manequim) e desenvolvem suas
criações ao molde padrão ditado pelo processo industrial impulsionado pela
produção em grande escala.

No entanto, a busca pelo exclusivo e impecável tem feito ressurgir a técnica de


moulage no mundo da alta-costura e ateliês estão à procura mão-de-obra
especializada para dar conta da demanda. Em Londrina, poucos profissionais
trabalham com a técnica, apesar de existirem escolas que oferecem o curso.

''Preciso aumentar a equipe de trabalho, mas estou com dificuldade porque há


escassez de profissionais especializados nessa técnica'', destaca a modista Graça
Pinheiro, que há 33 anos trabalha no setor e afirma não dispensar a técnica que
tem atraído cada vez mais clientes ao seu ateliê.

O processo inclui várias etapas. ''Montamos a estrutura da roupa no busto com as


medidas da pessoa, utilizando entretela. Em seguida fazemos a primeira prova da
roupa somente montada na entretela. Depois que a tela foi confeccionada e
aprovada pela cliente, a estrutura é montada entre o forro e o tecido real'', explica
Graça.

Segundo ela, muitas noivas não dispensam a moulage na confecção do vestido,


uma vez que a técnica permite uma aderência do vestido ao corpo de forma firme e
segura, principalmente quando o modelo é um tomara-que-caia. Esse processo
permite grandes mudanças mesmo depois da roupa confeccionada.

A modista Eliana Zanini, outra especialista na técnica, lembra que inúmeras vezes
foi necessário fazer o ajuste horas antes do casamento porque a noiva emagreceu
de um dia para o outro. Eliana ressalta que ''essa técnica pode reduzir as medidas
do busto e da cintura em até cinco centímetros, sem que a cliente tenha que
recorrer às famosas cintas apertadas e sutiãs, que na maioria das vezes marcam o
corpo e deixam o tecido com aspecto enrugado''.

Para agilizar a confecção, algumas celebridades pedem para estruturar o molde do


busto com as medidas e desenhos exatos do corpo e o deixam no seu costureiro,
permitindo maior agilidade, assim não é preciso ir pessoalmente até o atelier toda
vez que precisam de uma peça nova. A princesa Diana foi uma das celebridades
que utilizaram a moulage na confecção de suas roupas de alta-costura.

Um vestido de noiva, todo estruturado, custa a partir de R$ 2.000,00, variando de


acordo com a quantidade de bordados e tipo de tecido.

Além dos vestidos de noivas e roupas de festa, outras peças podem ser feitas
usando esse método. Muitas grifes utilizam o processo na confecção de roupas
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básicas.

Serviço: Modelo: Karine Paucic/Studio Desirée Soares; vestidos: Eliana Zanini e


Graça Pinheiro/Atelier de Costura; cabelo e maquigem: José Luis/Espaço e Beleza.

SITE OLHAR DAMODELAGEM


Técnica
DRAPING / MOULAGE

Para os que estão iniciando a arte da modelagem, pretendo esclarecer o conceito de


draping/moulage. O draping (inglês) ou moulage (francês) é a técnica de modelagem
tridimensional na qual manequins específicos, ou mesmo modelos, são utilizados
como base para a modelagem de uma roupa. Madeleine Vionnet e Alix Grés foram as
precursoras na utilização dessa técnica. Reza a lenda, que as duas estilistas recorriam
aos manequins por não possuírem boa visão espacial.
A técnica tem como objetivo facilitar a visão espacial, eliminando testes no que diz
respeito a peso, elasticidade e caimento dos tecidos.
Embora com as aparentes facilidades ocasionadas pelo manuseio do tecido, a técnica
não é tão simples assim. Após finalizada a modelagem no manequim, todos os moldes
são transportados para o papel e colocados em grade para a produção em escala.

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BIBLIOGRAFIA

ARAÚJO, M. Tecnologia do vestuário. Lisboa: Fundação Calouste


Gulbenkian, 1996.
BARROS, F. O homem casual. São Paulo: Mandarim, 1998.
CASTILHO, K.; GALVÃO, D. A moda do corpo o corpo da moda. São
Paulo: Esfera, 2002.
GRAVE, M de F. A modelagem sob a ótica da ergonomia. São Paulo: Zennex
Publishing, 2004.
JONES, S. J. Fashion design: manual do estilista. São Paulo: Cosac Naify,
2005.
LAVER, J. A roupa e a moda: uma história concisa. São Paulo: Cia das Letras,
1989.
LEHNERT, G. História da moda do século XX. Colônia: Konemann, 2001.
PÉCLAT, S. A. Draping e design de moda. In: CONGRESSO NACIONAL
TÊXTIL, 6., 2000, Fortaleza. Anais... Fortaleza: UFC, 2000.
RADICETTI, E. Medidas antropométricas padronizadas para a indústria do
vestuário. In: Conferência industrial e de confecção. Rio de Janeiro: SENAI /

CETIQT, 1999.
BORBAS, M. C.; BRUSCAGIM, R. R. Modelagem plana e tridimensional – moulage
– na indústria do vestuário

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Hino Nacional Hino do Estado do Ceará

Ouviram do Ipiranga as margens plácidas Poesia de Thomaz Lopes


De um povo heróico o brado retumbante, Música de Alberto Nepomuceno
E o sol da liberdade, em raios fúlgidos, Terra do sol, do amor, terra da luz!
Brilhou no céu da pátria nesse instante. Soa o clarim que tua glória conta!
Terra, o teu nome a fama aos céus remonta
Se o penhor dessa igualdade Em clarão que seduz!
Conseguimos conquistar com braço forte, Nome que brilha esplêndido luzeiro
Em teu seio, ó liberdade, Nos fulvos braços de ouro do cruzeiro!
Desafia o nosso peito a própria morte!
Mudem-se em flor as pedras dos caminhos!
Ó Pátria amada, Chuvas de prata rolem das estrelas...
Idolatrada, E despertando, deslumbrada, ao vê-las
Salve! Salve! Ressoa a voz dos ninhos...
Há de florar nas rosas e nos cravos
Brasil, um sonho intenso, um raio vívido Rubros o sangue ardente dos escravos.
De amor e de esperança à terra desce, Seja teu verbo a voz do coração,
Se em teu formoso céu, risonho e límpido, Verbo de paz e amor do Sul ao Norte!
A imagem do Cruzeiro resplandece. Ruja teu peito em luta contra a morte,
Acordando a amplidão.
Gigante pela própria natureza, Peito que deu alívio a quem sofria
És belo, és forte, impávido colosso, E foi o sol iluminando o dia!
E o teu futuro espelha essa grandeza.
Tua jangada afoita enfune o pano!
Terra adorada, Vento feliz conduza a vela ousada!
Entre outras mil, Que importa que no seu barco seja um nada
És tu, Brasil, Na vastidão do oceano,
Ó Pátria amada! Se à proa vão heróis e marinheiros
Dos filhos deste solo és mãe gentil, E vão no peito corações guerreiros?
Pátria amada,Brasil!
Se, nós te amamos, em aventuras e mágoas!
Porque esse chão que embebe a água dos rios
Deitado eternamente em berço esplêndido, Há de florar em meses, nos estios
Ao som do mar e à luz do céu profundo, E bosques, pelas águas!
Fulguras, ó Brasil, florão da América, Selvas e rios, serras e florestas
Iluminado ao sol do Novo Mundo! Brotem no solo em rumorosas festas!
Abra-se ao vento o teu pendão natal
Do que a terra, mais garrida, Sobre as revoltas águas dos teus mares!
Teus risonhos, lindos campos têm mais flores; E desfraldado diga aos céus e aos mares
"Nossos bosques têm mais vida", A vitória imortal!
"Nossa vida" no teu seio "mais amores." Que foi de sangue, em guerras leais e francas,
E foi na paz da cor das hóstias brancas!
Ó Pátria amada,
Idolatrada,
Salve! Salve!

Brasil, de amor eterno seja símbolo


O lábaro que ostentas estrelado,
E diga o verde-louro dessa flâmula
- "Paz no futuro e glória no passado."

Mas, se ergues da justiça a clava forte,


Verás que um filho teu não foge à luta,
Nem teme, quem te adora, a própria morte.

Terra adorada,
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada, Brasil!

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