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NOME: Leonardo Schiavinatto da Silva/ Gustavo Henrique de Carvalho

1- Nos textos "Reis do Congo no Congo no Brasil nos séculos XVIII e XIX", de Marina de Mello
Souza, e ''De ''dança de negros'' a patrimônia cultura: notas sobre a trajetória histórica do
jongo no Sudeste brasileiro", de Silvia Cristina Martins de Souza, são tratadas manifestações
culturais, bem como seus significados, tanto para os atuantes destas como para aqueles que
observavam.

Marina de Mello Souza escreve a partir de um estudo e análise sobre os reinados negros no
Brasil do século XVIII e XIX, denotando a contribuição desta manifestação africana na formação
cultural brasileira. Tais reinados existiram principalmente entre grupos de irmandades leigas que
eram devotos de determinados santos (a autora destaca São Benedito e Nossa Senhora do
Rosário). O cortejo do rei pela cidade era a principal atividade das irmandades.

No artigo é dito que, para os africanos a manifestação dos reinados negros era um meio de
reunir várias comunidades africanas que buscavam construir novas identidades no Brasil, mas
preservando seu legado africano. Tais irmandades negras tinham papel primordial nessa
constituição de identidade, a partir da relação com os senhores, mas também com a sua
experiência com o catolicismo desde quando ainda habitavam a África, o ''catolicismo africano'',
que é o termo utilizado pela autora.

Já para os observadores desta manifestação (os senhores ou administradores), as festividades


eram aceitas por ter o significado de domínio sobre os escravos, já que tal manifestação integrava
os africanos nos moldes da sociedade escravista católica. Além disso, as festividades reforçavam
o discurso de expansão portuguesa pela imposição do catolicismo como legitimação do seu
domínio.

Sendo assim, no artigo fica claro a significado distinto que esta manifestação tinha, sendo que
para os negros, os reinados se tornou um método para consolidação da identidade negra dentro
do Brasil como comunidade católica, e para os brancos as congadas ganharam sua aceitação pelo
destaque do reino do Congo no que diz respeito à imposição do catolicismo aos negros.

Já no artigo de Silvia Cristina Martins, é exposto a maneira com que o Jongo do Sudeste
sofreu em seu início ''forte rejeição, opressão e proibição, passando depois pela tolerância,
seguida da aceitação e finalmente, a incorporação.'' O jongo é categorizado hoje como uma
expressão cultura complexa e teve origem no século XIX sendo praticada até hoje em algumas
comunidades de descendentes de escravos.

Para os praticantes o Jongo se tratava de uma tradição oral dos povos de língua banto, onde
aquele que pratica a oralidade tem o poder especial de transmitir os caminhos de seu povo e
também preservar suas tradições. Envolvendo "o canto, a dança ao som de tambores, prática de
magia verbo msucial, culto aos ancestrais..." o jongo tem um significado categorizado como
complexo porque para seus praticantes era ligado aos costumes e educação dos povos africanos
de língua banto.

Já para aqueles que observavam o significado se difere bastante. Categorizado como "dança
de negros" e foi descrito por certos literatos da época que escreviam suas impressões e davam
significados para tal manifestação baseados em suas próprias opiniões do que viam. Em
romances da época, século XIX, eram expostas descrições cheias de termos e julgamentos
preconceituosos e os jongos eram condenados por aqueles que assistiam sem fazer parte de sua
prática, se valendo de termos como "selvagens, primitivos, e incivilizado", denotando a maneira
com que os observadores da manifestação compactuavam da opinião de inferioridade do negro.

Para os viajantes que assistiam aos jongos se mantinha essa opinião formada pelo modelo
cultural europeu que julgava a manifestação como ato de barbárie, entretanto seus detalhes na
descrição ajudam a entender melhor como o jongo funcionava e era regido.

Sendo assim, fica claro no texto que a diferença de significados para os atuantes e para os
observadores é fortemente influênciada pelo descaso dos europeus (ou seus decendentes) para
com a cultura formada e trazida da África, onde na época era não só tratada com descaso mas
também vista com mals olhos, sendo até mesmo proibida e perseguida durante esse período.

2-Martha Abreu e Mathias Assunção propõe que o termo “cultura negra” possui vários
significados dependendo do período ao qual ele é utilizado.
Nos Estados Unidos no final do século XIX a cultura negra era refletida por exemplo, na
música produzida pelo negros, seja ela apropriada pela industria musical ou como forma de
combate as teorias racistas.
Em se tratando do Brasil, no ínico do século XX, o enfoque no estudo pelas culturas populares
negras, percorria pela “sobrêvivência” de traços culturais africanos na sociedade Brasileira. Para
alguns autores da época, a cultura africana estava fadada a desaparecer ou se fundir dando
origem a uma cultura mestiça no Brasil.
Nina Rodrigues propôs uma subdivisão da cultura negra em dois grupos baseada na
“autenticidade” de cada uma.
Vale lembrar que a cultura negra ainda era vista apenas no âmbito das contribuições para o
Brasil.
Com Arthur Ramos, a cultura advinda da África passa a ser vista por alguns como não apenas
limitada ao âmbito nacional no Novo Mundo. O mesmo também propõe uma ideia de
continuidade para os “africanismos” nas Américas.
Ademais, as diferenças entre Cultura Popular e Cultura Negra se tornam mais evidentes após a
decáda de 1980. A Cultura Popular utilizada pelos folcloristas se demonstra ineficaz ao passo
que a mesma funciona na analise de classes, mas não para dialogos referentes ao racismo no
Brasil. A Cultura Popular auxilia o mito da Democracia Racial no Brasil, ao propor uma
sociedade brasileira integrada “racialmente”.
Desta forma a Cultura Negra passa a ocupar o cerne das manifestações ditas Brasileiras, não
apenas um papel de contribuição.
Por fim, em “Da cultura popular a cultura negra” é proposto que os estudos referentes a
cultura negra ainda estão longe de elucidar todo o significado por trás da expressão.

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