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INSTITUTO LOCKMANN

CURSO DE TEOLOGIA
DISCIPLINA HISTORIA DO CRISTIANISMO III
ALUNO REINALDO DE JESUS MARTINS

Capítulo V. GLÓRIA A DEUS – João Calvino. João Calvino (pp. 163 a 304); GEORGE,
Timothy. Teologia dos Reformadores. São Paulo: Vida Nova, 1993.

Segundo autor a figura de Calvino surgiu num momento de crise da teologia reformada.
Martinho Lutero encontrava-se excomungado pelo papa e banido pelo imperador, que se
arregimentava para uma guerra contra os príncipes protestantes. Os judeus não demostravam
interesse em se converter ao cristianismo apesar das investidas de Lutero. O Turcos lutavam a
guerra santa contra toda Europa. E mais grave era o quadro era o desenrolar interno da reforma, não
havia uma unidade no movimento reformado, muitos que num primeiro momento apoiaram Lutero
haviam desertavam e as diferenças doutrinárias se acentuavam gerando divisões. (p. 165, 166)
O autor ainda ressalta que Calvino tem sido uma figura histórica mal interpretada,
algumas vezes tida como um santo, ou como um demônio. Entretanto, discorre o autor que Calvino
era um homem comum de origem religiosa. Em sua juventude por orientação de seu pai foi clérigo
e posteriormente ainda sob a mesma orientação estudou direito. No decorre de sua vida sempre
esteve voltado para o sagrado até vivenciou uma experiência de conversão que descreve como
súbita:

Três importantes tendências da piedade e da personalidade de Calvino são evidentes nessa


recordação reveladora. Em primeiro lugar, via sua conversão como o resultado da
iniciativa divina: “Deus mudou meu coração” . Talvez fosse essa a verdadeira
intenção por trás de sua descrição da mudança como “repentina” — não tanto uma
ocorrência rápida como um relâmpago (embora possa ter sido assim, também),
quanto uma sensação de ser completamente dominado pela graça de Deus. Calvino não
tinha ilusões de que poderia ter conseguido uma relação adequada com Deus sem uma
prévia “mudança” da parte de Deus. “Eu permanecia tão obstinadamente entregue às
superstições do papado, que teria sido muito difícil arrancar-me de tão profundo lamaçal” ,
ele observou.18 “Eu não fiz nada, a Palavra fez tudo.” A experiência de Calvino ecoava a
de Lutero. Aqui, também, estão as raízes experimentais da tão discutida doutrina da
predestinação. Como veremos, a visão de Calvino sobre a eleição só pode ser entendida no
contexto de uma apropriação particular da salvação por meio de Jesus Cristo. (p. 174, grifo
nosso)

No decorre da sua vida foi um pastor por excelência exercendo seu ministério em
Genebra e em Estrasburgo. Além de pastor foi professor, escritor um estadista da Igreja. De
personalidade introspectiva foi arrastado para o turbilhão da reforma por seus pares que cobravam
seu posicionamento. Casou-se e teve um filho que veio a falecer, e posteriormente também sofreu a
perda de sua esposa. (p. 179-181)
A obra de Calvino teve grande influência tratando de forma sistemática os temas da
cristandade. O autor põe em relevo alguns desse pontos:

 Doutrina das sagradas escrituras – A Bíblia é a Palavra de Deus inspirada e


revelada em linguagem humana e confirmada ao cristão pelo testemunho interior do Espírito Santo
 O Deus que age – Calvino defende a trindade, ressaltando a natureza divina de
Cristo. Calvino apresenta Deus como o criador de todas as coisas que cuida de sua criação através
de sua providência.
 A doutrina do Pecado - Calvino antes de desenvolver o grande tema da redenção,
primeiramente discutiu a natureza e a extensão da pecaminosidade humana. O pecado é entendido
por Calvino como uma tendência da nossa natureza que tem origem na queda de adão e que envolve
três aspectos: 1. Cada um tem a culpa do seu próprio pecado, apesar da queda de Adão 2. A
corrupção de humanidade foi decorrente da desobediência a Deus; e 3. O pecado permeia a vida
toda e não apenas uma dimensão do ser humano (a existência corporal e a sexualidade.
 Cristologia - “Calvino afirma que a tarefa da teologia verdadeira é restaurar a
doutrina de Cristo, “exatamente como ele é, com todas as suas bênçãos” . Por outras palavras, o
tema que domina a cristologia de Calvino não é o conhecimento de Cristo em sua essência, mas em
seu papel redentor como Mediador ” (P. 215)
 A Vida no Espírito - De acordo com Calvino, o ser humano é por natureza um ente
adorador, homem religiosus. O problema da existência humana é que esse imenso apetite pelo
divino foi tragicamente mal direcionado, voltado para si mesmo, saciado com artigos transitórios.
Para redirecionar e redimir a humanidade decaída, Deus tornou-se homem na pessoa de seu Filho,
Jesus Cristo. É nessa altura, nas Instituías, que Calvino começa a revelar como os cristãos “chegam
a usufruir de Cristo e de todos os seus benefícios” . O terceiro volume como um todo é um tratado
maravilhoso acerca da vida cristã, no qual Calvino desenvolveu sucessivamente os seguintes
tópicos: a obra do Espírito Santo, fé e regeneração, arrependimento, abnegação, o carregar da cruz,
meditação sobre a vida futura, justificação, santificação, liberdade cristã, oração, eleição e
ressurreição final. Visto ser impossível abordar todas essas importantes doutrinas de maneira
resumida, focalizaremos três delas: a fé, a oração e a predestinação. (P. 223)
(a) Fé - Que é, então, a fé? Calvino definiu-a como “o firm e e seguro conhecimento da
divina benevolência para conosco, [conhecimento] que, fundado na verdade da graciosa promessa
em Cristo, não só é revelado à nossa mente, mas é também selado em [nosso] coração, mediante o
Espírito Santo” (Inst., m, II, 7). A partir dessa definição, podemos ver que, para Calvino, a fé estava
longe de ser uma capacidade inata dentro da natureza humana corrompida. Crer ou não crer não está
dentro do conjunto de possibilidades abertas àqueles que se encontram fora da órbita da atividade
redentora de Deus. Repetidamente, Calvino reiterava que a fé é o dom único do Espírito Santo. De
fato, a fé é “a obra principal do Espírito Santo” , um dom sobrenatural que aqueles que de outra
maneira permaneceriam na descrença recebem pela graça (Inst., III, I, 4). (p. 224)
(b) Oração -Calvino chamou a oração de o principal exercício da fé, mediante a qual
recebemos diariamente os benefícios de Deu. Calvino apresentou quatro regras de oração para guiar
o cristão em suas conversas com Deus. A primeira é que nos aproximemos reverentemente de Deus,
que elaboremos nossas orações “devida e corretamente”. Isso significa que devemos evitar o tipo de
leviandade e frivolidade que recorre a Deus como uma espécie de amigo celeste, o “homem lá de
cima”. Achegar-se verdadeiramente à presença divina é ser “movido pela majestade de Deus” (Inst.
Ill, XX, 5). (p. 227) A segunda regra de oração é que oremos com uma percepção sincera de
necessidade, e penitentemente. A oração é mais do que murmúrios piedosos. Deve vir do coração,
“das profundezas” , como disse o salmista. Os verbos que Calvino empregou para descrever a
oração verdadeira frisam este princípio: na oração ansiamos, desejamos, temos fome, sentimos sede,
buscamos, pedimos, suplicamos, clamamos. (p. 228) A terceira regra da oração segue a segunda:
devemos abandonar toda a confiança em nós mesmos e humildemente suplicar perdão. Todo o
propósito da oração, e na verdade da vida cristã inteira, é a glória de Deus. Isso significa que
qualquer um que se põe diante de Deus para orar deve em verdadeira humildade. (p. 228) A quarta
regra é que oremos com esperança confiante: “ ... assim prostrados e subjugados de verdadeira
humildade, sejamos, não obstante, animados a orar, com segura esperança de alcançar resposta”
(Inst., m, XX, 11). Calvino chegou a ponto de dizer que a única oração aceitável a Deus nasce da
“presunção da fé”. (p. 229)
 A Predestinação - Podemos resumir a doutrina da predestinação exposta por
Calvino em três palavras: absoluta, particular e dupla. A predestinação'é absoluta, no sentido de que
não está condicionada a nenhuma contingência finita, mas baseia-se somente sna vontade imutável
de Deus. Em segundo lugar, a predestinação é particular no sentido de que pertence a indivíduos, e
não a grupos de pessoas. Finalmente, a predestinação ié dupla; isto é, Deus, para o louvor de sua
misericórdia, ordenou alguns indivíduos para a vida eterna, e, para o louvor de sua justiça, enviou
outros para a condenação eterna. (p. 232)
 Doutrina da Igreja - Calvino desenvolveu uma teoria mais formal da relação entre a
igreja invisível e a igreja como instituição externa. Os dois pólos da eclesiologia de Calvino, a
eleição divina e a congregação local, são mantidos juntos na conexão mais próxima possível,
freqüentemente na mesma frase. A igreja é chamada de casa de Deus, explicou Calvino, porque “ele
não apenas nos recebeu como filhos pela graça da adoção (eleição), mas ele mesmo habita no meio
de nós” (a congregação). Além disso, a construção da igreja é para o bem dos eleitos. Nesse sentido
Calvino de modo prático Calvino organizou a igreja como uma instituição, os ofícios eclesiásticos,
e a relação da igreja com o mundo. (p. 243-245)

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