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Acresce que do outro lado da Serra que lhe fica a Nordeste existe um local também
denominado Carreira (Escusa, freguesia de Aramenha) onde não se vislumbra
qualquer indício de caminho.
Surgiu então a alguns estudiosos da zona outra hipótese de explicação do
topónimo.
Carreiras teria provindo do nome francês Carriére oriundo do latim QUADRUS
(quadrado) e que significa "local onde se exploram produtos minerais (não metálicos
nem carboníferos) e em particular rochas próprias para a construção.
Rochas não faltam quer na aldeia quer no sitio com o mesmo nome, do outro lado
da serra, mas não há vestígios de pedreiras.
Descontente com esta explicação encontrei uma outra que satisfaz ainda menos.
O vocábulo francês Carriére pode também provir do Latim CARRU, significando
entre outras coisas uma "ampla superfície destinada a exercícios de equitação, em
terreno descoberto".
Se existiu não deixou o mais leve indicio.
Voltei à CARRARIA que julgo mais apropriada a um povoado de origem remota
(com monumentos e achados pré-históricos), situado a escassos quilómetros da
cidade romana de Ammaia e com um velho caminho, mais tarde transformado em
"estrada camarária" que desembocava (como actualmente) na freguesia de
Aramenha, perto do local onde passava a VIA que ligava Ammaia a Ebora.
Na Revista "IBN MARUAN", n.º 13 pode ler-se o seguinte: "... esta via revestia-se de
uma grande importância comercial, já que permitia o acesso aos célebres mármores
de Estremoz e de Vila Viçosa, tão apreciados pelas elites urbanas e rurais."
E ainda:
Os caminhos pedestres que existem na região, alguns deles de origem romana,
outros medievais, seriam importantes na interligação comercial do mundo urbano
com o mundo rural (aglomerados secundários, VILLAE, casais ou pequenos sitios.)
Que existiu um caminho pedestre não parece difícil de aceitar, mas o topónimo
aponta para carros e é dos carros romanos que vamos falar.
Em "História da Humanidade - Roma" (2008) há uma página consagrada aos meios
de transporte em que se afirma:
"Havia definitivamente todo o género de carros para todos os gostos e fortunas."
Os mais relacionados com CARRARIA seria o CARRU, galera ou carroção puxado
geralmente por dois cavalos. No entanto o conforto, a forma de tracção, a cobertura,
o numero de rodas (2 ou 4), o facto de terem um ou mais cavalos de tiro, um ou
mais lugares determinaram o aparecimento de veículos com as seguintes
denominações:
RAEDA; SARRACA; ARCUMA; CISIUM
O mais utilizado era a RAEDA com capacidade para várias pessoas e muitas
bagagens.
O mais luxuoso chamava-se CARRUCA e era parecido com um coche - 4 rodas, 2
ou 4 cavalos de tiro totalmente cobertos, com 4 assentos cómodos, por vezes
enfeitado com ouro e prata.
Por sua vez o COVINUS podia ser conduzido pelo próprio viajante, sem
necessidade de cocheiro. Marcial fala da "agradável solidão" que proporcionava.
Voltamos gostosamente, a CARRARIA proveniente de CARRU, vocábulo que
embora latino é de origem gaulesa. Pelo possível caminho romano que ligaria os
Alvarrões (Aramenha) a Carreiras só passariam carroções puxados por poucos
cavalos. Não seria mais que um atalho estreito com sulcos abertos pela passagem
repetida das rodas ou pela mão do Homem para facilitar essa passagem.
É claro que pela VIA de EBORA transitariam veículos de transporte de carga, de
passeio...
Seria esse caminho a CARRARIA que passava por um VICUS que mais tarde lhe
herdou o nome?
Apenas uma hipótese...
Maria Guadalupe
Bibliografia
Fernandes, Domingos
Manuscrito
Lello Universal
Dicionário Enciclopédico Luso-Brasileiro - 1974