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Se pudéssemos sintetizar a 1ª parte desta obra magnífica em uma única frase, com
certeza a citação acima seria a mais adequada... Mas por quê? A Imitação de Cristo
inicia nos aconselhando o Desprezo do mundo e de suas vaidades. Curiosamente, a
passagem bíblica anteriormente mencionada é a “tampa da caneta”, isto é, a parte que a
completa, visto que o desprezo deste mundo supõe a busca do mundo futuro – o Reino
de Deus – e o desprezo de suas vaidades – o que o mundo nos oferece - implica buscar a
justiça de Deus – o que Deus nos oferece através de sua Vontade - ou seja, buscar fazer
a vontade de Deus! E de forma até engraçada, Jesus acrescenta por acréscimo: “E tudo
mais vos será acrescentado”! (cf. Mt 6,33).
Imitando a Cristo que, durante o seu período no deserto, foi tentado pelo diabo a aderir
ao mundo e as suas vaidades, e mesmo assim, saiu vitorioso, rejeitando a Satanás e as
suas ilusões. (cf. Mt 4,1-11)
Logo em seguida, nos é apresentado dois conselhos práticos para nos aventurarmos
nesta busca pelo Reino de Deus, que consistem na humildade, pois “aos humildes de
espírito pertence o Reino dos Céus” (cf. Mt 5,3) e na pureza de coração, pois apenas
“os puros de coração verão a Deus” (cf. Mt 5,8), como o próprio Jesus ensina em seu
evangelho.
E como podemos alcançar esta graça? A resposta é simples: Pedindo a Deus através da
oração, do mesmo modo que “Ele, nos dias de sua vida terrena dirigiu preces e súplicas,
com forte clamor e lágrimas, àquele que tinha poder de salvá-lo da morte” – Deus (cf.
Hb 5,7). Façamos como Santo Agostinho: ele, na sua simplicidade, pedia
incessantemente: “Senhor, concedei-me o tesouro da humildade! Que eu te conheça, ó
conhecedor meu! Que eu também te conheça como sou conhecido! Tu, ó força de minha
alma, entra dentro dela, ajusta-a a ti, para a teres e possuíres sem mancha nem ruga.”
Imitando a Cristo, que é “manso e humilde de coração” (cf. Mt 11,29) – isto é, ele, que
possuía um coração doce - prudente no falar e no agir (cf. Mc 7,37) - e, ao mesmo
tempo, possuía um coração aberto para seu Pai e a missão que lhe fora confiada – de dar
a vida pelas ovelhas. (cf. Jo 10,11-18)
Como então ser prudente no falar e no agir? Sendo verdadeiramente sábio, através dos
dons que nos concede o Espírito Santo, se os pedirmos: a Sabedoria, o Entendimento e a
Ciência que, diferente do que muitos pensam, não é condenada pela Igreja, pois é um
dom divino! Pelo contrário, a Igreja sabe que a verdadeira ciência consiste em conhecer
o seu autor – Deus – e conhecer a si mesmo, pois quando isso acontece, somos
impulsionados a imitar mais a Cristo a cada dia, que é a própria Ciência em pessoa – o
Verbo Eterno, de quem procede todas as coisas – enquanto a ciência deste mundo passa.
(1Cor 13, 8)
E como ser mais aberto para Deus? Através da nossa elevação da alma até ele, isto é,
através da oração feita em estado de recolhimento, pedindo a Deus para que tenhamos a
mesma pureza que ele possui em seu coração e aceitando os desígnios da sua vontade
para conosco, pois confiando na sua infinita providência, sabemos que ele nunca
desejaria o mal para os seus filhos. (cf. Lc 11,5-13).
- Ler a Palavra de Deus com o mesmo espírito que inspirou os autores a escrevê-la, um
espírito de amor puro e genuíno; de humildade, simplicidade e fé.
- Não confiar em qualquer um; no entanto, fazer o bem sem olhar a quem.
- Busque apenas companhias que edifiquem: simples, humildes e devotos, pois um
grande conforto para a alma é passar o tempo ao lado de pessoas que sentem e falam do
mesmo modo que você.
- A intimidade deve ser buscada apenas com Deus e os nossos anjos da guarda.
- Nossa esperança deve ser colocada na graça de Deus, que “dispersa os arrogantes e
exalta os humildes” (cf. Lc 1,52), e não nas vaidades deste mundo.
- Não se considerar melhor que ninguém, pois somos todos iguais aos olhos de Deus.
Pelo contrário, seja humilde, pois é num coração humilde que a paz reina. No coração
dos arrogantes reina apenas ira, inveja e avareza.
- Evitar tudo o que não edifica: se não edifica, não veja, não ouça, não fale! Aceite a
opinião dos outros apenas quando for para a sua edificação.
- Não fique cuidando da vida dos outros, pois intrometidos jamais alcançam a paz de
espírito. Esforce-se sim para seguir o exemplo dos Santos, que constantemente
procuravam unir-se a Deus e libertar-se das paixões deste mundo penitenciando-se
diariamente, pois sobre aqueles que assim agem repousa a mão de Deus e “mal nenhum
chegará a sua tenda” (cf. Sl 90,10).
- Tal como um pequeno vício leva a outros bem maiores, a extinção dos vícios nos dá a
cada dia a fortaleza para resistir às tentações e dificuldades maiores, pois quem os
supera aperfeiçoa-se no seu fervor e aumenta o seu aproveitamento espiritual.
- Quem vence esse mundo encontra a verdadeira paz através da fé em Jesus Cristo, que
é a nossa Paz em pessoa (cf. 1Jo 5,5), pois quem está morto para o mundo está vivo para
Deus!
- As provações não são queridas nem enviadas por Deus, mas são permitidas para fazer-
nos lembrar que “não encontraremos felicidade neste mundo, mas sim no próximo”,
como Nossa Senhora recordou a Santa Bernadete em Lourdes.
- Toda e qualquer pessoa é tentada, inclusive os santos e até mesmo Jesus (cf. Mt 4,1-
11). Vencidas, porém, estas tentações, somos purificados através delas, que nos
santificam constantemente. Para vencê-las, no entanto, é preciso ter a Constância de
Espírito e Confiança em Deus por meio da vigilância e da oração, pois a ausência de
ambas é a raiz de toda e qualquer tentação, e do mesmo modo como “o ouro é
purificado pelo fogo”, assim também nós somos purificados pelas provações que
passamos. (cf. 1Pd 1,7; Pv 17,3; Eclo 2,1-6).
- Não julgar os outros, pois podemos estar fazendo algo bem pior que o que estamos
julgando a respeito destas pessoas.
- A caridade é a “maior das virtudes” (cf. 1Cor 13,13) Quem a muito pratica, muito
mais a Deus ama, pois faz tudo para honra de Deus e não para si próprio.
- Sofrer com paciência os defeitos dos outros, pois se todos nos auxiliarmos uns aos
outros, melhor ainda será a nossa convivência.