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CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC

Sebastião dos Santos Filho

CONDIÇÕES DE TRABALHO E AGRAVOS À SAÚDE NAS


MICRO E PEQUENAS EMPRESAS DA INDÚSTRIA MOVELEIRA
NO BRASIL: SUBSÍDIOS À GESTÃO DA SAÚDE E SEGURANÇA
NO TRABALHO

São Paulo
2006
SEBASTIÃO DOS SANTOS FILHO

CONDIÇÕES DE TRABALHO E AGRAVOS À SAÚDE NAS


MICRO E PEQUENAS EMPRESAS DA INDÚSTRIA MOVELEIRA
NO BRASIL: SUBSÍDIOS À GESTÃO DA SAÚDE E SEGURANÇA
NO TRABALHO

Dissertação de mestrado apresentada ao Centro


Universitário Senac como exigência parcial para
obtenção do grau de Mestre em Gestão
Integrada em Saúde do Trabalho e Meio
Ambiente.

Orientador: Prof. Dr. Celso Amorim Salim

São Paulo
2006
Filho, Sebastião dos Santos
Condições de trabalho e agravos à saúde nas micro e pequenas
empresas da indústria moveleira no Brasil: subsídios à gestão da
saúde e segurança no trabalho / Sebastião dos Santos Filho – São
Paulo, 2006.
174 f.

Orientador: Prof. Dr. Celso Amorim Salim


Dissertação (Mestrado em Gestão Integrada em Saúde do Trabalho
e Meio Ambiente) – Centro Universitário SENAC, Campus Santo
Amaro.

1. Micro e Pequenas empresas. 2. Ramo Moveleiro. 3. Acidentes do


Trabalho. 4. Gestão integrada. I. Título.
FOLHA DE APROVAÇÃO
DEDICATÓRIA

Ao meu pai, Sebastião dos Santos (in memoriam), que sempre procurou nos
mostrar o caminho do saber.

À minha mãe, Maria Alves dos Santos, amiga e conselheira.

À minha esposa, Simone Cândida Hito, pelo companheirismo.

Ao meu filho, Gabriel Hito dos Santos, que aos dois anos de idade mostrou ser
amigo e companheiro.

Aos meus irmãos, ao meu sogro, à minha sogra, aos meus cunhados e sobrinhos,
que souberam compreender minha ausência nas reuniões familiares.
AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador, Prof. Dr. Celso Amorim Salim, exemplo de dedicação.

Ao Dr. Vitor Gomes Pinto, do Departamento Nacional do SESI, pela importante


colaboração.

Ao Departamento Regional do SESI/Paraná, pela acolhida a este projeto.

À Gerência Regional de Campos Gerais, pelo interesse demonstrado neste


trabalho.

Aos gerentes, supervisores e funcionários das Agências da Previdência Social.

À Luiza, gerente da Agência da Previdência Social de Ponta Grossa, que soube


entender a importância do nosso trabalho.

Ao Elias, ao Luis, à Cinthia e à Daniela, pela colaboração na coleta e tabulação


dos dados.

À Célia, pelo excelente trabalho de revisão.

À Heloisa, minha sogra, pela ajuda nas viagens, ao cuidar de nosso filho.

Aos proprietários e funcionários do Posto de Gasolina Rio Branco, pelo estímulo.

À Paula, secretária da pós-graduação, pela sua dedicação e presteza.

Ao Gustavo, pelo excelente trabalho estatístico.


Se dois homens vêm andando por uma estrada,
cada um carregando um pão, e, ao se encontrarem,
eles trocam os pães, cada homem vai embora com um;
porém, se dois homens vêm andando por uma estrada,
cada um carregando uma idéia, e, ao se encontrarem,
eles trocam as idéias, cada homem vai embora com duas.

(Provérbio Chinês)
RESUMO

Este trabalho foi desencadeado pela constatação da enorme importância social e


econômica dos acidentes de trabalho graves e mutilantes provocados por
máquinas, provavelmente obsoletas e inseguras, e responsáveis por 25% dos
acidentes graves e incapacitantes registrados no País, tendo como objeto de
pesquisa o setor moveleiro – formado em sua maioria por pequenas e
microempresas, que, se constituindo em importante segmento de inclusão
econômica e social como geradoras de renda e absorvedoras de mão-de-obra, no
mundo e principalmente no Brasil, têm peso relativo de participação nesses
acidentes.

Os acidentes de trabalho da indústria moveleira constituem, em razão do


desconhecimento de informações relacionadas à sua própria realidade, um
desafio para a melhoria de seus mecanismos de gestão da saúde ocupacional e,
mais amplamente, para a proposição de um sistema de gestão integrada em
saúde do trabalho e meio ambiente adequado às suas peculiaridades, que lhe
possibilite um desenvolvimento sustentável e socialmente responsável. Assim,
esta pesquisa pretende identificar os prováveis agentes envolvidos na gênese e
na conformação dos acidentes de trabalho no ramo moveleiro, e com isso, testar
uma metodologia para identificar e mensurar todo e qualquer acidente de trabalho
através de registros administrativos já existentes, que contemple a participação
das unidades básicas de saúde descentralizadas e de todos os profissionais
envolvidos direta ou indiretamente com a área de saúde coletiva.

O presente estudo limitou-se às micro e pequenas empresas do ramo moveleiro


localizadas nos pólos de Ubá/MG, Maringá e Arapongas/PR, São Bento do Sul e
Bento Gonçalves/RS, apoiado na pesquisa “Acidentes do trabalho em pequenas e
micro empresas industriais nos ramos moveleiro, calçadista e de confecções”,
resultante de ação cooperativa entre a FUNDACENTRO e o SESI, e subsidiada
com recursos financeiros da FUNDACENTRO e do SEBRAE.

Palavras-chaves: micro e pequenas empresas, ramo moveleiro, acidentes do


trabalho, gestão integrada.
ABSTRACT

This work has been unchained for the ascertaining of the huge social and
economical importance of severe injuries and work accidents caused by
machines, probably unsafe and obsolete, and responsible for 25% of severe
injuries and disabilities registered in the country, having the furniture sector as the
object of the research that is formed by micro and small companies that have a
relative degree of participation in these accidents, once they constitute an
important segment of social and economical inclusion as profit generators as well
as of hand labor absorbers.

Work related accidents of furniture sector constitute, as a result of lack of


information related to its own reality, a challenge for the improvement of their
mechanisms of occupational health management and, widely, for the proposition
of an occupational health and environmental integrated management system
adequate to their peculiarities that enables a sustainable and socially responsible
development. So this research aims to identify possible agents involved in work
accidents genesis and configuration in the furniture sector and, with this, to test a
methodology for the identification and evaluation of all of every work accident
through administrative registers already existent that contemplate the participation
of decentralized basic health units as well as of all professionals directly or
indirectly involved with public health area.

The present study is limited to micro and small organizations of furniture sector
located in Ubá/MG, Maringá and Arapongas/PR, São Bento do Sul and Bento
Gonçalves/RS, supported by the research “Work accidents in small and micro
enterprises of furniture, shoes and clothes manufacturing sectors” resulting from
the cooperation between FUNDACENTRO and SESI and supported by financial
resources from FUNDACENTRO and SEBRAE.

Keywords: micro and small organizations, furniture sector, work accidents,


integrated management.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1 Ciclo PDCA............................................................................ 93

GRÁFICO 1 Quantidade total de acidentes de trabalho registrados


em 2000-2003....................................................................... 44

GRÁFICO 2 Quantidade total de acidentes de trabalho


registrados segundo o motivo – 2000-2003....................... 45

GRÁFICO 3 Participação % relativa da quantidade de


acidentes registrados na média de vínculos
de empregados, segundo os grupos de idade e tipos de
acidentes – 2003................................................................... 46

GRÁFICO 4 Distribuição espacial das empresas da indústria de


móveis (mercado formal) – 2003........................................... 68

GRÁFICO 5 Distribuição espacial das empresas da indústria de


móveis (mercado formal) – 2002 .................................................. 76

GRÁFICO 6 Representação gráfica da participação de acidentes


do trabalho por CNAE, nos pólos moveleiros, de 2002
a 2004.................................................................................... 113

GRÁFICO 7 Representação gráfica da participação de acidentes


de trabalho por UF total......................................................... 114

GRÁFICO 8 Representação gráfica da participação de acidentes


do trabalho por UF por ano................................................... 114

GRÁFICO 9 Representação gráfica da participação de acidentes


do trabalho por local (UF) onde o mesmo foi registrado....... 115

GRÁFICO 10 Representação gráfica da participação de acidentes


de trabalho por local (localidade específica)
onde aconteceu o acidente................................................... 116
GRÁFICO 11 Representação gráfica da participação das proporções
(porcentagem e numéricas) de acidentes do trabalho
onde o trabalhador e a empresa se situam na
mesma localidade ou em localidades diferentes................... 117

GRÁFICO 12 Representação gráfica da participação dos tipos


de acidentes de trabalho por registros efetuados por ano.... 119

GRÁFICO 13 Representação gráfica da participação dos tipos


de acidentes de trabalho nos registros efetuados
por pólo.................................................................................. 120

GRÁFICO 14 Representação gráfica do registro de ocorrência dos


tipos de acidentes de trabalho no mesmo município
da empresa empregadora ou em
municípios diferentes............................................................. 121

GRÁFICO 15 Representação gráfica do local do acidente de trabalho...... 122

GRÁFICO 16 Representação gráfica do agente causador do acidente


em cada pólo moveleiro........................................................ 124

GRÁFICO 17 Representação gráfica do agente causador máquina


total (aberto especificamente por máquinas) em cada
pólo moveleiro....................................................................... 125

GRÁFICO 18 Representação gráfica da evolução dos acidentes


de trabalho de 2002 para 2004............................................. 127

GRÁFICO 19 Representação gráfica da participação das faixas


etárias nos acidentes de trabalho registrados...................... 132

GRÁFICO 20 Representação gráfica da participação das faixas


etárias até 18 anos nos acidentes de trabalho
registrados por ano................................................................ 134
GRÁFICO 21 Representação gráfica da participação dos sexos
nos acidentes de trabalho registrados por ano..................... 135
GRÁFICO 22 Representação gráfica da proporção de acidentes
masculinos para cada acidente feminino.............................. 136
GRÁFICO 23 Representação gráfica da participação dos sexos por faixa
por faixa etária...................................................................... 137
GRÁFICO 24 Representação gráfica das partes do corpo atingidas,
por pólo moveleiro. Totais da pesquisa................................. 139

GRÁFICO 25 Representação gráfica da participação dos meios


de transporte nos acidentes de trabalho............................... 140

GRÁFICO 26 Representação gráfica da taxa de incidência acumulada,


mortalidade e letalidade geral em relação aos
indicadores médios dos CNAE 3611 e
3612 de 2002 e 2003............................................................. 141

GRÁFICO 27 Representação gráfica da taxa de incidência acumulada,


mortalidade e letalidade geral em relação aos indicadores
médios dos CNAE 3611 e 3612 de 2002 e 2003.................. 171

GRÁFICO 28 Representação gráfica da taxa de incidência acumulada,


mortalidade e letalidade no pólo moveleiro de Ubá
em relação aos indicadores médios dos CNAE 3611
e 3612 de 2002 e 2003........................................................ 172

GRÁFICO 29 Representação gráfica da taxa de incidência acumulada,


mortalidade e letalidade no pólo moveleiro de Arapongas
em relação aos indicadores médios dos CNAE 3611 e
3612 de 2002 e 2003............................................................. 173

GRÁFICO 30 Representação gráfica da taxa de incidência acumulada,


mortalidade e letalidade no pólo moveleiro de Maringá
em relação aos indicadores médios dos CNAE 3611 e
3612 de 2002 e 2003............................................................ 174
GRÁFICO 31 Representação gráfica da taxa de incidência acumulada,
mortalidade e letalidade no pólo moveleiro de São
Bento do Sul em relação aos indicadores médios
dos CNAE 3611 e 3612 de 2002 e 2003............................... 175

GRAFICO 32 Representação gráfica da taxa de incidência acumulada,


mortalidade e letalidade no pólo moveleiro de
Bento Gonçalves em relação aos indicadores médios
dos CNAE 3611 e 3612 de 2002 e 2003............................... 176

GRÁFICO 33 Representação gráfica dos afastamentos por tempo,


por pólo moveleiro. Dados extraídos da pesquisa pelo
DCB – DIB............................................................................. 143

GRÁFICO 34 Representação gráfica do tipo de CAT por pólo


moveleiro............................................................................... 144

GRÁFICO 35 Representação gráfica da área de abrangência


da ocorrência do acidente por pólo moveleiro...................... 145

QUADRO 1 Pólos moveleiros consolidados e potenciais no Brasil.......... 69


LISTA DE TABELAS

TABELA 1 Distribuição dos trabalhadores e situação no mercado de


trabalho – Brasil, 2002........................................................... 34

TABELA 2 Quantidade total de acidentes do trabalho registrados


segundo os grupos de idade e o motivo – 2003..................... 46

TABELA 3 Quantidade de acidentes do trabalho registrados por tipo


de ferimento e lesões ligadas ao punho e mão, segundo
o CID-10 – 2003...................................................................... 47

TABELA 4 Freqüências absolutas e relativas dos óbitos por acidente de


trabalho, confrontados com todos os óbitos, com as causas
externas e com os óbitos notificados pelas CAT* - Brasil,
1979 – 1988............................................................................ 57

TABELA 5 Faturamento do setor 2000/2005............................................ 67

TABELA 6 Número de empresas e empregados no setor moveleiro por


estado..................................................................................... 70

TABELA 7 Pólos moveleiros por estado: empresas, número


de empregados e principais mercados................................... 71

TABELA 8 Porte, número de empresas e emprego na indústria de


móveis (marcado formal) – 1998/2002.................................... 75

TABELA 9 Indicadores de acidentes do trabalho – CNAE – 2002........... 77

TABELA 10 Indicadores de acidentes do trabalho – CNAE – 2003........... 77

TABELA 11 Total de CAT coletadas por pólo moveleiro............................ 110

TABELA 12 Participação: acidentes por CNAE total e abertos por ano..... 165

TABELA 13 Registro de emitentes de CAT por pólo moveleiro.................. 118

TABELA 14 Distribuição por ano dos acidentes de trabalho pela situação


geradora.................................................................................. 123

TABELA 15 Participação dos tipos de acidentes sobre o total


registrado............................................................................... 126
TABELA 16 Variação dos tipos de acidente de ano para ano.................... 167

TABELA 17 Variação nos tipos de acidentes por ano, por registro............ 128

TABELA 18 Acidentes por agente causador, por pólo moveleiro............... 168

TABELA 19 Acidentes pelo agente causador máquina –


participações %....................................................................... 169

TABELA 20 Percentual de causas de acidentes por agente causador


aberto por pólo moveleiro........................................................ 130

TABELA 21 Registro de acidentes por ano, por faixa etária específica..... 133

TABELA 22 Registro de acidentes por faixa etária e por pólo moveleiro... 137

TABELA 23 Registro de acidentes de trabalho por partes do corpo


atingidas, por pólo moveleiro.................................................. 137
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABIMÓVEL Associação Brasileira da Indústria do Mobiliário

AISS Agência Internacional de Seguridade Social

CAT/SUB Comunicação de Acidente de Trabalho/

CIPA Comissão Interna de Prevenção de Acidentes

CNAE Classificação Nacional de Atividades Econômicas

DIB-DCB Data de Início do Benefício – Data de Cessação do Benefício

FACTS Agência Européia para a Saúde e Segurança do Trabalho

INSS Instituto Nacional de Seguridade Social

ISO Organização Internacional para a Padronização

MPE Micro e Pequena Empresa

NOB. SUS Norma Operacional Básica. Sistema Único de Saúde

NOST Norma Operacional de Saúde do Trabalhador

NR Norma Regulamentadora

OIT Organização Internacional do Trabalho

PCMSO Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional

PDCA Planejar. Desenvolver. Checar. Ação Corretiva

PPRA Programa de Prevenção de Riscos Ambientais

RGPS Regime Geral de Previdência Social

SAI Sociedade Internacional de Responsabilidade Social

SESI Serviço Social da Indústria

SIM Sistema de Informações de Mortalidade

SST Saúde e Segurança no Trabalho

SUS Sistema Único de Saúde


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................. 20

1.1 Apresentação da problemática......................................................... 20

1.2 Origem do trabalho........................................................................... 22

1.3 Relevância do estudo....................................................................... 23

1.4 Questões de pesquisa...................................................................... 26

1.5 Hipóteses ........................................................................................ 26

1.5.1 Hipótese geral.................................................................................. 26

1.5.2 Hipótese de trabalho........................................................................ 27

1.6 Objetivos.......................................................................................... 27

1.6.1 Objetivo geral................................................................................... 27

1.6.2 Objetivos específicos....................................................................... 27

1.7 Procedimentos metodológicos......................................................... 28

1.8 Delimitação da pesquisa.................................................................. 28

1.9 Descrição e organização dos capítulos............................................ 28

2 A SAÚDE DO TRABALHO NO BRASIL........................................... 30

2.1 A política nacional de saúde e segurança do trabalhador............... 32

2.2 A saúde do trabalhador.................................................................... 36

2.3 Os acidentes de trabalho................................................................. 42

2.4 A violência urbana e os acidentes de trabalho................................. 53

2.5 Os acidentes de trabalho e as fontes de informação....................... 55

2.6 Os acidentes de trabalho e a previdência social.............................. 58

2.6.1 O fator acidentário previdenciário e a comunicação de acidente


do trabalho....................................................................................... 61

2.7 A previdência social, o acidente de trabalho e a


reabilitação profissional .................................................................. 63
3 A INDÚSTRIA MOVELEIRA NO BRASIL........................................ 66

3.1 Os arranjos produtivos locais........................................................... 72

3.1.1 Centros de tecnologia da madeira................................................... 74

3.2 A importância socioeconômica da indústria de móveis no Brasil..... 74

3.3 A indústria moveleira, o meio ambiente e o


desenvolvimento sustentável........................................................... 78

3.4 A gestão dos resíduos da indústria moveleira................................. 81

3.5 A gestão de saúde e segurança do trabalho nas


MPE moveleiras............................................................................... 85

4 MATERIAL E MÉTODO................................................................... 96

4.1 Delineamento do estudo.................................................................. 96

4.2 Estratégias da pesquisa................................................................... 98

4.2.1 Conceituação das MPE.................................................................... 98

4.2.2 Ramo de atividade........................................................................... 100

4.2.3 Universo de estudo e abrangência geográfica................................. 100

4.2.4 Período de referência....................................................................... 101

4.2.5 Fonte e coleta dos dados................................................................. 102

4.2.5.1 Principal fonte de informações......................................................... 102

4.2.5.2 Outras fontes de dados utilizadas.................................................... 102

4.2.5.3 Coleta de dados............................................................................... 103

4.2.5.4 Configuração do banco de dados da Fundacentro.......................... 104

4.2.6 Análise dos dados............................................................................ 107

5 ANÁLISE DOS RESULTADOS........................................................ 113

5.1 Consolidação do banco de dados.................................................... 113

5.2 Descrição das variáveis................................................................... 125

5.2.1 Distribuição dos registros de acidentes do trabalho por tipo


125
de acidente e por pólo moveleiro.....................................................
5.2.2 Distribuição dos registros de acidentes do trabalho segundo
as causas do acidente e por pólo moveleiro.................................... 128

5.2.3 Distribuição dos registros de acidentes do trabalho por


faixa etária........................................................................................ 131

5.2.4 Distribuição dos registros de acidentes por sexo............................. 135

5.2.5 Distribuição dos registros de acidentes do trabalho segundo


as partes do corpo atingidas............................................................ 138

5.2.6 Distribuição dos registros de acidentes do trabalho,


modalidade acidente de trajeto, segundo o meio de
transporte utilizado........................................................................... 139

5.3 Estimativa das taxas de incidência acumulada, mortalidade


e letalidade...................................................................................... 140

5.4 Estimativa das taxas de incidência de acidentes do trabalho,


taxa de incidência específica para acidentes do trabalho
típicos, taxas de acidentalidade proporcional específica
para a faixa etária de 16 a 34 anos................................................. 141

5.5 Afastamento pela DIB-DCB, por pólo moveleiro ............................. 142

5.6 Classificação das CAT por pólo moveleiro....................................... 144

5.7 Acidentes por pólo por área de abrangência................................... 145

5.8 Considerações finais 145

6 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES.......................................... 148

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................. 151

ANEXOS.......................................................................................... 161

APÊNDICES.................................................................................... 170
20

1. INTRODUÇÃO

1.1 Apresentação da problemática

No curso da História, sob vários sistemas produtivos e formas de organização do


trabalho, os acidentes e os agravos à saúde fazem parte do cotidiano dos
trabalhadores – fato que, no entanto, ganha visibilidade a partir do século XIX,
com o avanço do processo de industrialização e das lutas operárias dele
decorrentes (MACHADO, 1991). Vale dizer, enquanto fenômeno que rompe com
a lógica do trabalho, a sinistralidade no ambiente de trabalho, expressa em
acidentes e doenças, sempre existiu. Mais do que isso, pode-se afirmar que,
ligados à dinâmica da sociedade, que está sempre em movimento, os acidentes
sempre farão farte do cenário social que conforma o mundo do trabalho
(FREITAS, 1996).

Com a Revolução Industrial, através do desenvolvimento científico e tecnológico,


que veio provocar profundas transformações na sociedade e na natureza, o
homem passa a ser o responsável pela geração e remediação de seus males. A
concepção anterior de acidente torna-se insuficiente porque, assim como não
existe trabalho em geral, não existe acidente em geral (OLIVEIRA, 1999), ou seja,
faz-se necessário contextualizar o acidente historicamente. A simples descrição
do evento não mais responde à lógica, e com isso as situações de trabalho
modificam-se em curto espaço de tempo.

A crescente automação dos processos produtivos em larga escala e a


conseqüente redução dos postos de trabalho nas indústrias consideradas
tradicionais têm enfatizado o papel das micro e pequenas empresas como
geradoras de renda e absorvedoras de mão-de-obra. Nesse sentido, diversos
organismos têm voltado sua atenção para programas de apoio às pequenas e
micro empresas já constituídas e para o desenvolvimento da capacidade
empreendedora, visando à constituição de novos empreendimentos em bases
sólidas e sustentáveis.

O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e o SEBRAE (Serviço


Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) classificam as pequenas e
21

microempresas, doravante globalmente referidas como PME, pela quantidade de


pessoas nelas ocupadas – microempresa, aquela com até 19 empregados;
pequena empresa, aquela com o número de pessoas ocupadas no intervalo de 20
e 99 empregados.

Estudos desenvolvidos pelo IBGE (2003) e SEBRAE (2004) constataram a


existência de cerca de 3,5 milhões de empresas; desse total cerca de 98%
poderiam ser classificadas no segmento das PME.

Na realidade, as PME constituem hoje, em todo o mundo e muito fortemente no


Brasil, um segmento importante de inclusão econômica e social. O setor tem
destacada participação no acesso às oportunidades de emprego e no
desenvolvimento econômico do País. Por gerarem grande parte dos postos de
trabalho e oportunidades de geração de renda, as micro e pequenas empresas
tornam-se o principal sustentáculo da livre iniciativa e da democracia no Brasil – o
segmento representa nada menos que 99% do total de empreendimentos do
País, 60% dos empregos existentes e contribui com 20% do PIB. Além disso, os
pequenos negócios são responsáveis por 95% dos novos empregos líquidos
gerados a cada ano (SEBRAE, 2005).

Os conhecimentos gerados pela Engenharia de Segurança clássica, cuja teoria é


a de que os acidentes são produzidos por condições inseguras, e pela Psicologia
clássica, de que os acidentes decorrem de atos falhos, mostram-se insuficientes,
uma vez que a noção moderna de acidente de trabalho prioriza o contexto
histórico deste.

Os acidentes de trabalho, por outro lado, não estão mais associados apenas às
atividades restritas ao ambiente das empresas ou local de trabalho, assim como
os acidentes predominantes não correspondem mais àqueles relacionados
diretamente com os processos intrínsecos ao trabalho. Os riscos mais gerais aos
quais está submetida toda a população, principalmente as diversas formas de
violência crescentes nas áreas urbanas, atingem de forma indiscriminada os
trabalhadores, que tiveram seu local de trabalho ampliado para o espaço público,
acrescentando-se esses riscos àqueles inerentes aos processos produtivos
(WALDVOGEL, 2002).
22

Nesse contexto, destaca-se, dentre outros, o problema das máquinas e


equipamentos obsoletos e sem segurança, os quais são responsáveis por cerca
de 25% dos acidentes de trabalho graves e incapacitantes registrados no País,
conforme Mendes et al. (2001). Aqui o peso relativo da participação das PME
nesses acidentes, embora ainda desconhecido como um todo, não pode ser
olvidado.

No período de 1999 a 2003, a Previdência Social registrou 1.875.190 acidentes


de trabalho, sendo 15.293 com óbitos e 72.020 com incapacidade permanente, e
uma média de 3.059 óbitos/ano, entre os trabalhadores formais (cerca de 22,9
milhões em 2002). O coeficiente médio de mortalidade, no período considerado,
foi de 14,84 por 100.000 trabalhadores (MPS, 2003). A comparação desse
coeficiente com o de outros países – tais como Finlândia: 2,1 (2001); França: 4,4
(2000); Canadá: 7,2 (2002) e Espanha: 8,3 (2003) (TAKALA, 1999) – demonstra
que o risco de morrer por acidente de trabalho no Brasil é cerca de duas a cinco
vezes maior.

No Brasil, exemplarmente, apesar dos números gerais sobre os acidentes de


trabalho – i.é, englobando todos os setores, ramos de atividade e segmentos
empresariais – não refletirem a real situação da sinistralidade nos ambientes de
trabalho em função das sub-notificações e dificuldades de ajustamento dos
bancos de dados dos Ministérios da Previdência Assistência Social, do Trabalho e
Emprego e da Saúde, sabe-se, concretamente, sobretudo através de estudos
tópicos, que as micro e pequenas empresas são responsáveis pela grande
maioria dos acidentes de trabalho, seja pela sua maior concentração, seja pela
sua falta de investimentos em saúde e segurança do trabalho. No entanto, os
dados oficiais não explicitam esse quadro inteiramente.

1.2 Origem do trabalho

Segundo dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT), quatro pessoas


morrem a cada minuto no mundo por causa de acidentes de trabalho, e na visão
dessa entidade, pelo menos, três dessas mortes poderiam ser evitadas se fossem
adotadas medidas para prevenir os acidentes de trabalho e as doenças
ocupacionais. A estimativa da OIT, para o número de trabalhadores que perderam
23

a vida durante o ano de 2002, é de 2 milhões de vítimas. E, conforme


levantamento nos países industrializados, houve uma queda nas lesões graves,
enquanto, nos países subdesenvolvidos, ainda continuam ocorrendo os maiores
índices de mortes e acidentes, cujo ápice está nos setores da agricultura, da
exploração florestal e da pesca, destacados como os setores de maior risco.

Quanto aos dados apresentados de acidentes de trabalho, estes demandam uma


reflexão séria, pois podem estar revelando uma mudança de tendência – apesar
de todas as normas de saúde e segurança em vigor –, causas estas que podem
estar relacionadas com alterações e agravamentos das condições de trabalho, e
que muito provavelmente implicam mudanças de prioridades estratégicas e até
mesmo um aumento do efetivo de fiscais do Ministério do Trabalho e Emprego.
Todavia, mister se faz passar o controle dessas ações para os atores sociais
interessados, ou seja, os trabalhadores, através de seus sindicatos constituídos.

Consoante considerações anteriores, este trabalho foi desencadeado pela


constatação da enorme importância social e econômica dos acidentes de trabalho
graves e mutilantes provocados por máquinas, provavelmente obsoletas e
inseguras, visto que estudos estatísticos têm demonstrado a gravidade desse
problema, seja pela incidência de tais acidentes, seja pela idade dos acidentados,
seja pelas suas conseqüências – estas últimas medidas pela incapacidade
permanente produzida, geradora dos benefícios previdenciários correspondentes
– além dos graves problemas sociais decorrentes desses acidentes, para os quais
não há parâmetros de medição.

1.3 Relevância do estudo

Arranjos produtivos são aglomerações de empresas localizadas em um mesmo


território, que apresentam especialização produtiva e mantêm algum vínculo de
articulação, interação, cooperação e aprendizagem entre si e com outros atores
locais, tais como governo; associações empresariais; instituições de crédito,
ensino e pesquisa.

Um Arranjo Produtivo Local – APL – é caracterizado pela existência da


aglomeração de um número significativo de empresas que atuam em torno de
uma atividade produtiva principal. Para isso, é preciso considerar a dinâmica do
24

território em que essas empresas estão inseridas, tendo em vista o número de


postos de trabalho, o faturamento, o mercado, o potencial de crescimento, a
diversificação, entre outros aspectos (FAIRBANKS, 2001).

Por isso, a noção de território é fundamental para a atuação em arranjos


produtivos locais. No entanto, a idéia de território não se resume apenas à sua
dimensão material ou concreta. Território é um campo de forças, uma teia ou rede
de relações sociais que se projetam em um determinado espaço (FAIRBANKS,
2001). Nesse sentido, o APL também é um território onde a dimensão constitutiva
é econômica por definição, embora não se restrinja a ela.

Portanto, o Arranjo Produtivo Local compreende um recorte do espaço geográfico


(parte de um município, conjunto de municípios, bacias hidrográficas, vales,
serras, etc.) que possua sinais de identidade coletiva – sociais, culturais,
econômicos, políticos, ambientais ou históricos – e mantenha ou tenha a
capacidade de promover uma convergência em termos de expectativas de
desenvolvimento, de estabelecer parcerias e compromissos para manter e
especializar os investimentos de cada um dos atores no próprio território, assim
como de promover ou ser passível de uma integração econômica e social no
âmbito local (FAIRBANKS, 2001).

Como exemplo, tem-se a cidade mineira de Ubá, primeiro pólo moveleiro de


Minas Gerais, cujas 310 indústrias, na maioria, micro e pequenas empresas –
censo feito pelo SEBRAE (2003), sobre o perfil da região, aponta que as
pequenas empresas representam 30% do setor e as micro 65% – empregam
aproximadamente 7.000 pessoas. As principais cidades envolvidas no pólo
moveleiro são: Guidoval, Piraúba, Rio Pomba, Rodeiro, São Geraldo, Tocantins,
Ubá e Visconde do Rio Branco.

A indústria brasileira de móveis está localizada, basicamente, no sul e no sudeste


do País. As unidades da federação compostas por Rio Grande do Sul, Santa
Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo
concentram 75% das empresas da indústria fabricante de móveis e estão
localizadas em torno de pólos regionais (FÓRUM DE COMPETITIVIDADE DA
INDÚSTRIA DE MADEIRA E MÓVEIS, 2001). De acordo com a mesma fonte, o
25

estado de Santa Catarina é o terceiro maior produtor de móveis do Brasil e o


maior exportador – São Bento do Sul, o principal pólo moveleiro do estado, é
também o maior centro exportador do País, com quase 40% do total das
exportações nacionais.

No estado do Paraná encontra-se o pólo moveleiro de Arapongas, voltado para a


produção de móveis populares. Entretanto, o estado possui também algumas
médias e grandes empresas de alta tecnologia, que exportam parte de sua
produção e são responsáveis por, aproximadamente, 7% das vendas externas de
móveis do País (FÓRUM DE COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA DE MADEIRA
E MÓVEIS, 2001).

O Brasil ocupa o 9º lugar no ranking mundial dos maiores produtores de móveis.


Com um crescimento anual médio de 4,3% no faturamento das empresas, o Rio
Grande do Sul, segundo maior exportador de móveis do País, apresenta forte
potencial empreendedor para ser transformado em um dos maiores centros
produtores de móveis da América Latina. A indústria gaúcha tem investido
especialmente no desenvolvimento tecnológico e de infra-estrutura, o que garante
a destinação de mais de 60% de sua produção para países como Estados
Unidos, França e Reino Unido. Em 2003, o Rio Grande do Sul contava com 268
empresas exportadoras e participou com 30% do faturamento da indústria de
móveis no Brasil, enquanto, em 1996, esse percentual foi de 19,2% (SEBRAE,
2003). Considerando-se toda a cadeia produtiva do beneficiamento da madeira
até a manufatura de móveis, no ano de 2003, a participação gaúcha no Brasil foi
de 15,1% sobre o número total de estabelecimentos e de 7,7% sobre o conjunto
de empregados nesses dois ramos de atividade. Vale registrar que um total de
87% do número de estabelecimentos dedica-se à fabricação de móveis de
madeira (SEBRAE, 2003).

Entre 1996 e 2003, a média anual de crescimento das exportações foi de 8,7%
(SEBRAE, 2003), gerando, desta forma, novos empregos e proporcionando um
crescimento/uma expansão cada vez maior dos pólos moveleiros.

Conforme dados fornecidos pelo Ministério do Trabalho e Emprego, o emprego


formal gerado pela cadeia produtiva de móveis no ano de 2000 foi de 185.798 mil
26

empregos; em 2001, de 188.721 mil empregos; em 2002, de 193.078 mil


empregos. Vale dizer: um crescimento da ordem de 2,3% no período entre 2000-
2002, o que comprova a importância socioeconômica da indústria de móveis na
geração de novos postos de trabalho.

1.4 Questões de pesquisa

Em vista da contextualização descrita, esta dissertação procura aprofundar o


estudo das seguintes questões de pesquisa:

• Quais características dos acidentes de trabalho da indústria moveleira


ocasionaram lesões aos trabalhadores?

• Há condições de minimizar os danos causados aos trabalhadores da


indústria moveleira?

• É possível contribuir com subsídios para ações preventivas mais efetivas a


partir da análise objetiva dos elementos desencadeadores dos acidentes
de trabalho no universo pesquisado?

• É possível contribuir com subsídios para ações mais efetivas a partir da


análise objetiva da dificuldade de obtenção dos dados e, desta forma,
tornar mais efetiva a informação sobre os acidentes de trabalho?

1.5 Hipóteses

1.5.1 Hipótese geral

Os acidentes de trabalho da indústria moveleira constituem, face ao óbice da falta


de conhecimento e de informações atinentes à sua realidade, um desafio para a
melhoria específica de seus mecanismos de gestão da saúde ocupacional e, mais
amplamente, para a proposição de um sistema de gestão integrada em saúde do
trabalho e meio ambiente afeito às suas peculiaridades, que possibilite ao setor
um desenvolvimento sustentável e socialmente responsável.
27

1.5.2 Hipótese de trabalho

A análise dos acidentes de trabalho nos conglomerados industriais do setor


moveleiro, caracterizado pelo predomínio das PME, gera subsídios fundamentais
para a criação e implementação de políticas específicas capazes de potencializar
o desenvolvimento sustentável do setor como um todo.

1.6 Objetivos

1.6.1 Objetivo geral

Identificar os prováveis agentes envolvidos na gênese e na conformação dos


acidentes de trabalho no ramo moveleiro e propor, com base nos resultados
obtidos, mecanismos de intervenção que possam diminuir tais acidentes nos
diversos pólos moveleiros, ou seja, gerar subsídios às recomendações de ações
pontuais preventivas de acidentes de trabalho consoante as condições
organizacionais do trabalho na indústria moveleira.

1.6.2 Objetivos específicos

• Caracterizar sociodemograficamente os acidentes de trabalho na indústria


moveleira do Brasil.

• Identificar os pólos moveleiros com maior prevalência de acidentes de


trabalho.

• Identificar os fatores de riscos presentes na indústria moveleira


responsáveis pelos acidentes de trabalho.

• Identificar e quantificar os acidentes de trabalho e comparar os dados dos


diversos pólos moveleiros estudados.

• Dimensionar o peso relativo da violência urbana como fator gerador de


acidentes de trabalho.
28

1.7 Procedimentos metodológicos

• Pesquisa bibliográfica: primeiramente foi realizado um estudo bibliográfico


exploratório englobando fontes primárias e secundárias, de forma a
possibilitar o aprofundamento do tema.

• Pesquisa de campo, via levantamento de informações de arquivos sobre


acidentes de trabalho do INSS, correspondendo a uma pesquisa
quantitativa exploratória de natureza ex-post-facto e com delineamento nos
moldes do estudo de caso.

1.8 Delimitação da pesquisa

A pesquisa limitou-se às micro e pequenas empresas do ramo moveleiro


localizadas nos pólos de Ubá, Maringá, Arapongas, São Bento do Sul e Bento
Gonçalves. Por conseguinte, não analisará comparativamente as informações do
ramo moveleiro com outros conglomerados industriais nos quais predominam as
PME, como os ramos calçadista, de confecções, de bebidas, de alimentos, etc.

Como se trata de pesquisa que envolve levantamento de informações de arquivos


e o seu tratamento em termos quantitativos, um aprofundamento da mesma seria
possível apenas com ulteriores estudos de natureza mais qualitativa – como, por
exemplo, através de um estudo de campo –, quando então se poderia aprofundar
particularidades da problemática através de recortes analíticos mais específicos,
porém relevantes, tais como: causas dos acidentes em maquinários específicos,
análise ergonômica do trabalho, etc. De qualquer forma, isso seria possível
apenas a partir de conhecimentos prévios sistemáticos, conforme aqui se propõe.

1.9 Descrição e organização dos capítulos

O capítulo 1 contém a introdução, com a finalidade de elucidar o assunto a ser


desenvolvido, delimitando-o, justificando sua importância e explicitando os
objetivos e questões da pesquisa.

O capítulo 2 fará uma exposição da saúde do trabalho no Brasil, relacionando-a


com os acidentes de trabalho, suas teorias e leis, e com o setor previdenciário,
passando pelos benefícios sociais, pela reabilitação profissional e pela reinserção
29

no mercado de trabalho. E mais, contextualizará também a violência urbana como


um dos fatores preponderantes nos acidentes de trabalho e faz um paralelo entre
os acidentes de trabalho, fiscalização do Governo e cobranças do Ministério
Público do Trabalho.

O capítulo 3 abordará a indústria moveleira no Brasil, os cuidados com o meio


ambiente, sua importância socioeconômica, bem como propiciará uma visão das
micro e pequenas empresas na área moveleira e sua disposição em arranjos
produtivos locais. E ainda descreverá os modelos de gestão de saúde do trabalho
e meio ambiente vigentes, não teóricos, assim como a problemática dos acidentes
de trabalho na indústria moveleira mediante estatísticas oriundas do Ministério da
Previdência e Assistência Social e do Ministério do Trabalho e Emprego. Este
capítulo analisará também a importância do tema no modelo produtivo atual,
correlacionando-o com a situação socioeconômica vigente, e confrontará algumas
teorias sobre acidentes de trabalho.

O capítulo 4 descreverá em detalhes a metodologia utilizada na pesquisa, o que é


imprescindível à consecução dos resultados requeridos.

O capítulo 5 descreverá e analisará, do ponto de vista estatístico e


epidemiológico, os resultados obtidos, incluindo a interpretação e a discussão
global dos mesmos.

Já o capítulo 6 apresentará a conclusão do trabalho e recomendações tanto para


melhorias no sistema de gestão de saúde do trabalho e meio ambiente nas micro
e pequenas empresas do ramo moveleiro quanto para trabalhos futuros.
30

2. A SAÚDE DO TRABALHO NO BRASIL

Nas últimas décadas, a industrialização acelerada da produção – sustentada pela


transformação do conhecimento científico em tecnologia e pela revolução da
microinformática – determinou mudanças radicais no mundo do trabalho,
associadas a outros aspectos como crescimento demográfico, urbanização
crescente, expansão dos meios de comunicação, que decisivamente modificaram
o viver dos homens individual e coletivamente (DIAS, 1994). Assim é que se torna
cada vez mais difícil falar em mundo do trabalho, como se houvesse outro fora
das fábricas. O mundo é um só e os trabalhadores nele atuam, transformando e
sendo transformados com um modo de viver historicamente determinado e
diferenciado em classes sociais (TAMBELLINI, 1985). O processo de trabalho,
visto como uma forma de interação entre o homem e a natureza, é composto por
uma base técnica e uma base social, objetivadas na tecnologia, na organização
do trabalho e no tipo de acumulação, que corporificam a dinâmica e a qualidade
da relação do homem com o ambiente e o processo de trabalho (MACHADO,
1995).

Berlinger (1993) relata que o processo central que influi na vida e na morte dos
seres humanos e no trabalho é, portanto, entender o significado do processo de
trabalho em geral e a forma especifica que esse processo assume na produção
capitalista, condição importante para que se possa entender a relação capital X
trabalho.

O modo de trabalho e o modo de adoecer das comunidades trabalhadoras


mostram a importância de uma interface com vários segmentos da vida social,
posto que há necessidade de uma integração entre saberes distintos.

Compreender o ambiente de trabalho e como os trabalhadores adoecem exige


que as várias teorias sejam desafiadas pela vida prática no dia-a dia. Por
conseguinte, como há inúmeras dificuldades de se modelar uma ação preventiva,
a inexistência de uma cultura preventiva é a expressão da demanda social
relacionada com as dificuldades encontradas no estudo da saúde do trabalho –
situação particularmente instigante em se tratando das condições objetivas dos
diversos ambientes de trabalho que caracterizam a realidade brasileira. Isso
31

porque a saúde do trabalho é oriunda de modos diferentes de trabalhar em modos


específicos de produção que perpassam pelos diferentes setores da atividade
econômica. Saúde e doença é uma dicotomia de condições concretas oriundas da
condição humana e atribuição de significados através de modificações no meio
ambiente.

Os determinismos sociais não agem diretamente sobre a ordem biológica, mas,


sim, sobre as modificações ambientais que determinam as mudanças na saúde
do trabalho.

A atividade humana de trabalho e a condição saúde-doença são componentes de


uma mesma trajetória histórica, e não podem ser dissociadas de seus eixos
balizadores, se o que se pretende é visualizar propostas preventivas na
concretude de suas diversas possibilidades.

O Brasil é um país com uma das maiores concentrações de renda do mundo e


com uma gama incomensurável de ineqüidades no campo do trabalho – dentre
elas, a alimentação precária do trabalhador, a educação deficiente, a saúde e a
segurança do trabalho apenas com uma visão legalista – a mostrarem que ainda
há muito por fazer para se alcançar uma excelência em prevenção em saúde do
trabalho.

A atual estrutura econômica do Brasil acentua cada vez mais os infortúnios do


trabalho através do fenômeno do desemprego, da flexibilização do trabalho, da
redução salarial, das terceirizações do trabalho perigoso e principalmente através
das subnotificações dos acidentes de trabalho e das doenças ocupacionais,
levando o trabalhador brasileiro a uma verdadeira via crucis em busca da
manutenção do emprego e, conseqüentemente, a passar por cima de quaisquer
situações que porventura venham a ameaçar-lhe o emprego – o que é uma das
maiores formas de agressão e violência contra o trabalhador brasileiro.

Em particular, a aquisição de tecnologias sucateadas e totalmente ultrapassadas


do ponto de vista de produtividade e competitividade, assim como problemas
quanto à proteção social aos trabalhadores constituem características indeléveis
para a grande maioria das micro e pequenas empresas do ramo moveleiro no
Brasil. Sem dúvida, em nível mais amplo, esse também tem sido o cenário
32

estruturante do segmento das empresas que mais empregam mão-de-obra no


Brasil, ou seja, onde se encontram as piores condições de trabalho,
caracterizando o que foi denominado por Wisner (1994) como modo degradado
de produção.

2.1 A política nacional de saúde e segurança do trabalhador

A partir de 1980, o movimento sindical, por meio de uma série de denúncias


quanto ao ambiente de trabalho nocivo aos trabalhadores, organiza-se na
formação de propostas de transformações das condições de trabalho de uma
maneira ainda um tanto quanto desorganizada, em virtude da presença justaposta
de sindicatos mais fortes ao lado de sindicatos de pouca ou nenhuma
representatividade, tornando, dessa forma, maiores as dificuldades de
enfrentamento das ineqüidades do trabalho no Brasil.

Portanto, a saúde do trabalhador deve organizar-se em torno de perspectivas de


uma redefinição do setor público de saúde, com a participação de trabalhadores,
empresários, organizações não-governamentais, universidades e dos próprios
sindicatos, e deve desenvolver-se de modo articulado e cooperativo pelos
Ministérios do Trabalho e Emprego, da Previdência Social, da Saúde, da
Educação, da Justiça e do Meio Ambiente (3 CNST, 2005), com vistas a garantir
que o trabalho – base da organização social e do direito humano fundamental –
seja realizado em condições que contribuam para a melhoria da qualidade de
vida, para a realização pessoal e social dos trabalhadores, sem prejuízo para a
sua saúde e integridade física e mental (3 CNST, 2005).

É necessário que o Estado cumpra seu papel na garantia dos direitos básicos dos
trabalhadores através da formulação e implementação de políticas e ações que
sejam norteadas por abordagens transversais e intersetoriais. Nessa perspectiva,
as ações de segurança e saúde do trabalhador exigem uma atuação
multiprofissional, interdisciplinar e intersetorial capaz de contemplar a
complexidade das relações capital X trabalho.

Mais recentemente, considerando os preceitos institucionais do direito à saúde, à


previdência social e ao trabalho decente, o Governo constituiu um grupo de
trabalho interministerial – Ministério da Previdência e Assistência Social/Ministério
33

da Saúde/Ministério do Trabalho e Emprego – com as atribuições de analisar


medidas e propor ações integradas e sinérgicas que contribuam para aprimorar
as ações voltadas para a segurança e a saúde do trabalhador; de elaborar
proposta de política nacional de segurança e saúde do trabalhador, observando
as interfaces existentes e as ações comuns entre os diversos setores do Governo;
de analisar e propor ações de caráter intersetorial referentes ao exercício da
garantia do direito à segurança e à saúde no trabalho, assim como de ações
específicas da área que necessitem de implementação imediata pelos respectivos
ministérios individual ou conjuntamente, e de compartilhar os sistemas de
informações referentes à segurança e saúde dos trabalhadores existentes em
cada ministério (I PNSST, 2004).

A abordagem integrada das inter-relações entre as questões de saúde e


segurança do trabalhador, meio ambiente e desenvolvimento sustentável
representa, na atualidade, um grande desafio para o Estado brasileiro. Assim, é
fundamental o estabelecimento de uma política nacional de saúde e segurança do
trabalhador que articule as competências e normas no âmbito dos Ministérios do
Trabalho, Previdência Social e da Saúde – às quais se juntaram, mais
recentemente, as ações do Ministério de Meio Ambiente –, e que seja ampliada
para todos os setores e esferas do Governo. Enfim, pela primeira vez, busca-se
uma ação articulada para o enfrentamento das iniqüidades relacionadas ao
ambiente de trabalho, através da estruturação de uma política ampla e afeita às
diversidades de um país de dimensão continental.

De fato, a população economicamente ativa (PEA) no Brasil, segundo estimativa


do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (PNAD 2002), já era de
82.902.480 pessoas, das quais 75.471.556 consideradas ocupadas. Destes,
41.755.449 eram empregados (22.903.311 com carteira assinada; 4.991.101
militares e estatutários e 13.861.037 sem carteira assinada ou sem declaração);
5.833.448 eram empregados domésticos (1.556.369 com carteira assinada;
4.275.881 sem carteira assinada e 1.198 sem declaração); 17.224.328 eram
trabalhadores por conta própria; 3.317.084 eram empregadores; 3.006.860 eram
trabalhadores na produção para próprio consumo e construção para próprio uso,
e 4.334.387 eram trabalhadores não remunerados. Portanto, entre os 75.471.556
trabalhadores ocupados em 2002, afora os militares e estatutários, apenas
34

22.903.311 (com carteira assinada), ou seja, menos de 1/3 (30,35%) possuíam


cobertura da legislação trabalhista e do SAT – Seguro de Acidente do Trabalho,
conforme Tabela 1, abaixo, gerada a partir de dados da PNAD 2002 e extraída do
documento preliminar relativo ao I PNSST (2004). Em contrapartida, para fins
comparativos, se excluído do total do pessoal ocupado o número absoluto de
empregadores (3.317.084) e considerada apenas a soma dos trabalhadores sob
condições formais de trabalho (empregados com carteira assinada, militares,
estatutários e trabalhadores domésticos com carteira assinada), ter-se-ia, por
exclusão, quase 2/3, ou seja, 59,18% da população trabalhadora alocada no setor
informal e, por conseguinte, sem proteção social e sob condições precárias de
trabalho.

Tabela 1

Distribuição dos trabalhadores e situação no mercado de


trabalho – Brasil, 2002

Ademais, observam-se grande diversidade da natureza dos vínculos e das


relações de trabalho e o crescimento do setor informal e do trabalho precário, o
35

que acarreta baixa cobertura dos direitos previdenciários e trabalhistas para os


trabalhadores (I PNSST, 2004).

Isso sem desconsiderar que a saúde dos trabalhadores é condicionada por


fatores sociais, econômicos, tecnológicos e organizacionais relacionados ao perfil
de produção e de consumo, bem como por fatores de risco de natureza física,
química, biológica, mecânica e ergonômica presentes nos processos de trabalho
particulares.

De acordo com a classificação internacional de Schilling (MENDES, 2003; I


PNSST, 2004), de modo esquemático, pode-se dizer que o perfil de
morbimortalidade dos trabalhadores no Brasil, na atualidade, caracteriza-se pela
coexistência de:

¾ Agravos que têm relação com condições de trabalho específicas, como os


acidentes de trabalho típicos e as doenças profissionais.

¾ Doenças que têm sua freqüência, surgimento ou gravidade modificados


pelo trabalho – as denominadas doenças relacionados ao trabalho.

¾ Doenças comuns ao conjunto da população, que não guardam relação de


causa com o trabalho, mas condicionam a saúde dos trabalhadores.

A dificuldade de obtenção de informações consistentes sobre a saúde dos


trabalhadores, em vista da disparidade de informações dos vários órgãos
envolvidos, torna difícil a execução de políticas públicas no campo da prevenção,
do planejamento e da implementação de ações com vistas à saúde no trabalho –
situação que priva a sociedade de instrumentos que visam a melhoria das
condições de vida e de trabalho.

As informações disponíveis referem-se, de modo geral, apenas aos trabalhadores


empregados e cobertos pelo Seguro de Acidente do Trabalho (SAT) da
Previdência Social, que representam cerca de 1/3 da PEA, deixando de fora
outros 2/3 da população em condições de informalidade. Portanto, as políticas
públicas para o setor são de certa forma incoerentes e incompletas, uma vez que
atingem menos da metade da classe trabalhadora, aumentando ainda mais as
ineqüidades no campo do trabalho.
36

Segundo Pastore (1998), para cada real gasto com o pagamento de benefícios
previdenciários, a sociedade paga R$ 4,00, incluindo gastos com saúde, horas de
trabalho perdidas, reabilitação profissional, custos administrativos – cálculo que
eleva um custo total para o País de, aproximadamente, 33 bilhões de reais por
ano.

O número de dias de trabalho perdidos em razão dos acidentes aumenta o


custeio da mão-de-obra no Brasil, encarecendo a produção e reduzindo a
competitividade do País no mercado externo. Estima-se que o tempo de trabalho
perdido anualmente devido aos acidentes de trabalho seja de 106 milhões de
dias, apenas no mercado formal, considerando-se os períodos de afastamento de
cada trabalhador.

Dessas experiências surgiram, de um lado, a legitimação da doença profissional e


do acidente de trabalho; de outro lado, a construção de algumas competências
profissionais para ações diagnósticas e preventivas em saúde do trabalho
(ANAMT, 2004).

2.2 A saúde do trabalhador

A Revolução Industrial, ocorrida na Inglaterra, levou o trabalhador a se submeter


a precárias condições de trabalho, a jornadas extensas, a acidentes de trabalho,
ao trabalho insalubre e perigoso, a baixos salários, a precárias condições de
higiene no trabalho. Nesse contexto, a presença da figura do médico no interior
da fábrica se apresentava como um meio principalmente de possibilitar a
recuperação do trabalhador o mais rápido possível para o retorno ao trabalho,
num momento em que a força de trabalho era necessária à industrialização.
Dessa forma, a Medicina do Trabalho, centrada na atuação médica, mantém-se,
até os dias atuais, dentro de um enfoque biologicista e individual, buscando a
causa das doenças e dos acidentes de trabalho por meio de uma abordagem
unicausal (OLIVEIRA, 2001) ao invés de uma avaliação da organização do
trabalho.

Nessa direção, a Saúde Ocupacional começa a se delinear a partir do contexto


econômico e político da II Guerra e do pós-guerra, quando o custo provocado pela
perda de vidas abruptamente por acidentes de trabalho ou por doenças do
37

trabalho começou a ser sentido tanto por empregadores como pelas companhias
de seguro, devido às pesadas indenizações. Nessa abordagem desloca-se a
intervenção antes centrada no indivíduo para a questão dos riscos existentes no
ambiente de trabalho (OLIVEIRA, 2001). Por conseguinte, a Saúde Ocupacional
passa a utilizar o enfoque da Higiene Industrial, buscando através da atuação
multiprofissional intervir nos locais de trabalho com a finalidade de controlar os
riscos ambientais, refletindo, assim, a influência das Escolas de Saúde Pública
principalmente dos Estados Unidos (MENDES e DIAS, 1991).

Laurell e Noriega (1989) enxergam as questões inerentes às relações


trabalho/saúde/doença de uma forma diferente, conceituando o trabalho a partir
da concepção de processo de trabalho, inscrito nas relações sociais de produção.
Portanto, além dos agentes nocivos ao ambiente de trabalho já conhecidos,
procuram entender as agressões biopsíquicas sobre o trabalhador nas linhas de
produção da indústria.

A Saúde do Trabalhador tem suas origens na Medicina Social latino-americana e


na Saúde Coletiva, e procura compreender o processo de adoecimento dos
trabalhadores através dos processos produtivos e da organização do trabalho,
dessa forma, articulando as questões sociopolíticas e econômicas de forma a
estabelecer o nexo biopsíquico das coletividades nas sociedades capitalistas
industriais (LAURELL e NORIEGA, 1989).

A Saúde do Trabalhador, campo em construção na Saúde Pública, enquanto


área, começa a constituir-se no Brasil na década de 80, visando uma ruptura com
as formas até então existentes de tratar as doenças e os acidentes do trabalho
adotadas principalmente pela Medicina do Trabalho e pela Saúde Ocupacional
(OLIVEIRA, 2001). Mendes e Dias (1991) relatam que o objeto da saúde do
trabalhador pode ser definido como o processo saúde e doença dos grupos
humanos em sua relação com o trabalho, e refere-se a um campo do saber que
busca compreender a relação do processo de saúde/doença no trabalho,
entendendo a saúde e a doença, articuladas, como o modo de produção e de
desenvolvimento da sociedade num determinado contexto histórico. E mais, parte
do princípio de que a forma de inserção dos homens no trabalho contribui
efetivamente para sua forma de adoecer e morrer (LAURELL e NORIEGA, 1989).
38

Nessa perspectiva, os trabalhadores são sujeitos ativos dos processos de estudos


e modificações dos ambientes de trabalho, capazes de construir sua própria
história (OLIVEIRA, 2001). Mendes e Dias (1991) relatam que os trabalhadores
buscam ser reconhecidos no seu saber, questionam as alterações no processo de
trabalho – particularmente a adoção de novas tecnologias – e exercitam o direito
à informação e à recusa ao trabalho perigoso ou arriscado para a saúde.

Em particular, a evolução histórica das políticas de saúde está relacionada


diretamente com a evolução político-social e econômica da sociedade brasileira,
não sendo possível fazer sua dissociação. A lógica do processo evolutivo sempre
obedeceu à ótica do avanço do capitalismo na sociedade, sofrendo forte
determinação do capitalismo em nível internacional e com ele dividindo espaço na
globalização.

Contudo, a saúde nunca ocupou lugar de destaque na política do Estado


brasileiro, sendo sempre deixada na periferia do sistema, como se fosse uma
moeda de troca eleitoreira, tanto no que diz respeito às soluções dos grandes
problemas de saúde – dentre eles, a saúde do trabalho – que afligem a população
e os próprios trabalhadores – quanto na destinação de recursos direcionados ao
setor de saúde, desviados para os mais variados fins com o carimbo de verba
específica para o setor de saúde. Essa verba tem servido para as mais variadas
finalidades, menos para produzir melhorias na saúde pública brasileira, haja vista
o verdadeiro caos que se encontra o SUS (Sistema Único de Saúde). O
trabalhador brasileiro é o grande prejudicado, pois não encontra resolutividade
para seus problemas de ordem ocupacional e muito menos os de saúde fora do
contexto ocupacional, tornando-se, assim, um custo a mais para a Previdência
Social, que acaba tendo no seu rol de beneficiários trabalhadores que aguardam
exames complementares, consultas especializadas, cirurgias e até mesmo
consultas de acompanhamento de tratamento, há mais de dois anos – situação
que encarece cada vez mais a Previdência Social e colabora para o déficit
crescente da instituição.

Somente nos momentos em que determinadas endemias ou epidemias se


apresentam como importantes em termos de repercussão econômica ou social
dentro do modelo capitalista proposto – e o acidente de trabalho é um deles – é
39

que estas passam a ser alvo de uma maior atenção por parte do Governo,
transformando-se pelo menos em discurso institucional até serem destinadas a
um plano secundário, quando deixam de ter importância, sem contar que, via de
regra, com proeminência das ações corretivas sobre as ações preventivas.

As ações de saúde propostas pelo Governo sempre procuram incorporar os


problemas de saúde que atingem grupos sociais importantes de regiões
socioeconômicas igualmente importantes dentro da estrutura social vigente. Vale
dizer, as políticas de saúde, de forma recorrente, têm sido direcionadas para os
grupos organizados e aglomerados urbanos em detrimento de grupos sociais
dispersos e sem uma efetiva organização. A propósito, por ora, registrem-se as
particularidades inerentes à precária situação de saúde e segurança do trabalho
das micro e pequenas empresas em geral e do setor moveleiro em particular.

Para Fleury (1992), o debate sobre a reforma sanitária não chegou a configurar
um novo paradigma, mas serviu para questionar a concepção de saúde restrita à
dimensão biológica e individual, além de apontar diversas relações entre a
organização dos serviços de saúde e a estrutura social vigente. Apesar disso, não
se podem olvidar as questões que dissociam leis e decretos de suas respectivas
regulamentações para fins operacionais.

A Constituição de 1988, no capítulo VIII – Da Ordem Social – e na Secção II,


referente à saúde, define no artigo 196 que “a saúde é direito de todos e dever do
Estado, garantindo mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução
do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às
ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”.

O SUS é definido pelo artigo 198 da Constituição como:

As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e


hierarquizada, e constituem um sistema único, organizado de acordo com as
seguintes diretrizes: descentralização, com direção única em cada esfera de governo,
atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, participação da
comunidade, com controle social.

Parágrafo único: o sistema único de saúde será financiado com recursos do


orçamento da seguridade social, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, além de outras fontes (Lei 8080/90).
40

O texto constitucional demonstra claramente que a concepção do SUS baseava-


se na formulação de um modelo de saúde voltado para as necessidades da
população, procurando resgatar o compromisso do Estado para com o bem-estar
social, especialmente no que refere à saúde coletiva, consolidando-o como um
dos direitos da cidadania. Tal visão refletia o momento político por que passava a
sociedade brasileira, recém-saída de uma ditadura militar, onde a cidadania
nunca foi um princípio de governo. Embalada pelo movimento das Diretas Já, a
sociedade procurava garantir na nova Constituição os direitos e os valores da
democracia e da cidadania.

Dessa forma, a saúde passa a ser definida de uma forma mais abrangente e
tendo como fatores determinantes e condicionantes – entre outros – a
alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a
renda, a educação, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços
essenciais. Os níveis de envolvimento do Governo em saúde do trabalho
expressam a organização social, econômica e política do País.

Pela abrangência dos objetivos propostos e pela existência de desequilíbrios


socioeconômicos regionais, a implantação do SUS e, por conseguinte, da saúde
do trabalhador, não tem sido uniforme em todos os estados e municípios
brasileiros, pois, para que isso ocorra, é necessário dispor de grandes recursos
financeiros, de pessoal qualificado e de uma efetiva política em nível federal,
estadual e municipal para viabilizar o sistema.

Portanto, o surgimento da Saúde do Trabalhador no Brasil está associado a


mudanças importantes que aconteceram na década de 80, no contexto da
transição democrática. A própria Constituição de 1988 configurou-se como um
avanço em termos de legislação para a área de saúde do trabalhador.
Posteriormente, na Lei Orgânica da Saúde – Lei 8.080/90, em seu artigo VI
(Brasil, 1990) – essa área foi conceituada como:

Um conjunto de atividades que se destina, através das ações de vigilância


epidemiológica e vigilância sanitária, à promoção da saúde dos trabalhadores, assim
como visa à recuperação e reabilitação da saúde dos trabalhadores submetidos aos
riscos e agravos advindos das condições de trabalho abrangendo:
• Assistência ao trabalhador vítima do acidente de trabalho ou portador de doença
profissional e do trabalho.
41

• Participação, no âmbito de competência do Sistema Único de Saúde, em estudos,


pesquisas, avaliação e controle dos riscos e agravos potenciais à saúde existentes no
processo de trabalho.
• Participação, no âmbito do Sistema Único de Saúde, da normatização, fiscalização
e controle das condições de produção, extração, armazenamento, transporte,
distribuição e manuseio de substâncias, de produtos de máquinas e de equipamentos
que apresentam riscos à saúde do trabalhador.
• Avaliação do impacto que as novas tecnologias e novas formas de trabalho
provocam à saúde.
• Informação ao trabalhador e a sua respectiva entidade sindical e a empresas,
sobre os riscos de acidente de trabalho, doença profissional e do trabalho, bem como
os resultados das fiscalizações, avaliações ambientais e exames de saúde, de
admissão, periódicos e de demissão, respeitados os preceitos da ética profissional.
• Participação na normatização, fiscalização e controle dos serviços de saúde do
trabalhador nas instituições e empresas públicas e privadas.
• Revisão periódica da listagem oficial de doenças originadas no processo de
trabalho, tendo na sua elaboração a colaboração das entidades sindicais.
• Garantir ao sindicato dos trabalhadores a condição de requerer ao órgão
competente a interdição de máquina, setor de serviço ou de todo o ambiente de
trabalho, quando houver exposição a risco iminente para a vida ou a saúde dos
trabalhadores.

Essa lei foi elaborada após a VIII Conferência Nacional de Saúde (VIII CNS),
realizada em 1986, que significou um momento de intensa mobilização popular
pela saúde no Brasil. A promulgação da Lei Orgânica da Saúde, em 19 de
setembro de 1990, atribuiu ao SUS ações de vigilância epidemiológica e sanitária
em saúde do trabalhador, possibilitando aos serviços de saúde uma ampliação da
concepção de saúde, incorporando nas suas práticas a prevenção e o controle
das doenças e dos acidentes de trabalho.

Nesse processo de construção da área de saúde do trabalhador no SUS, a


Norma Operacional de Saúde do Trabalhador no Sistema Único de Saúde-NOST-
SUS (BRASIL, 1998), complementar à Norma Operacional Básica do Sistema
Único de Saúde (NOB-SUS) N° 01/96, expressa-se como uma direção para a
área, objetivando orientar e instrumentalizar a efetivação das ações de saúde do
trabalhador através dos seguintes pressupostos: universalização e eqüidade;
integralidade das ações; direito à informação sobre a saúde; participação e
controle social; regionalização e hierarquização das ações de saúde do
trabalhador; utilização do critério epidemiológico e de avaliação de riscos para o
desenvolvimento das ações e a configuração da saúde do trabalhador como um
conjunto de ações de vigilância e assistência, visando a saúde dos trabalhadores
submetidos a riscos e agravos advindos do processo de trabalho.
42

Portanto, todo esse processo social gestado através das reivindicações de


diferentes segmentos sociais, que conformou legislações voltadas para um novo
modelo de saúde, no qual a saúde do trabalhador tem um importante papel, foi
essencial para a consolidação da atenção à saúde do trabalhador no SUS através
da criação e implementação de programas e centros de referência em saúde do
trabalhador.

Mais recentemente, a Previdência Social instituiu o Perfil Profissiográfico


Previdenciário (PPP) através da Medida Provisória N° 1.523, de 11 de outubro de
1996, efetivamente implementado a partir de janeiro de 2004, que é um
documento que contém o histórico laboral do trabalhador e dá informações
referentes a registros ambientais, a resultados de monitoração biológica e a
dados administrativos (GONZAGA, 2002).

Com o PPP dá-se um importante passo na obtenção de informações fidedignas


sobre os ambientes de trabalho. O objetivo é conjugar, em um único documento,
informações que estão dispersas na empresa em diversos setores, sem qualquer
rastreabilidade, e transmiti-las para um grande banco de dados, de forma a
propiciar um adequado gerenciamento e monitoramento das condições
ambientais de trabalho (GONZAGA, 2002).

2.3 Os acidentes de trabalho

Conceitua-se o acidente de trabalho como aquele que ocorre durante o exercício


do trabalho, que provoca lesão corporal ou perturbação funcional que cause
morte, perda ou redução permanente ou temporária da capacidade para o
trabalho. Consideram-se igualmente os casos ocorridos no percurso da residência
e do local de refeição para o trabalho ou deste para aquele (BRASIL, 1991).
Estende-se, portanto, o conceito para as ocorrências nos intervalos das refeições
e delineiam-se com clareza os acidentes de trajeto. Nessa definição, a referência
é relativa apenas ao efeito provocado, sem qualquer alusão à possível causa.

Em 1992 inclui-se no regulamento de Benefícios da Previdência Social um maior


detalhamento das circunstâncias que caracterizam o acidente de trabalho:
43

• Acidente ligado ao trabalho, o qual, mesmo não provocado por causa


única, tenha contribuído diretamente para a morte, perda ou redução de
capacidade, ou que tenha produzido lesão que exija atendimento médico.

• Acidente sofrido no local e no horário de trabalho em conseqüência de: ato


de agressão, sabotagem ou terrorismo; ofensa física intencional; ato de
imprudência, de descuido ou de imperícia de terceiro, ou de colega de
trabalho; ato de pessoa privada de razão; desabamento, inundação,
incêndio, entre outros.

• Acidente sofrido ainda que fora do local de trabalho: na execução de ordem


ou realização de serviço para a empresa; na prestação espontânea de
qualquer serviço à empresa; em viagem a serviço da empresa; no percurso
da residência para o trabalho ou deste para aquele; em períodos
destinados a descanso ou refeição e no agravamento ou complicação do
quadro de saúde no período de reabilitação profissional.

Em 2003 foram registrados 390.180 acidentes de trabalho no Brasil, significando


que, de cada 1.000 trabalhadores segurados, 17,17 sofreram algum acidente de
trabalho. A quantidade de acidentes em 2003 representa um contingente 0,74%
inferior ao verificado em 2002 (393.071 acidentes), 14,67% superior ao
constatado em 2001 (340.251 acidentes) e 7,23% maior em relação a 2000
(363.868 acidentes), conforme o Gráfico 1 a seguir.
44

Gráfico 1: Quantidade total de acidentes de trabalho registrados em 2000-2003

De acordo com o Gráfico 2, a seguir, dentre os 390.180 acidentes registrados em


2003, 82,0% (319.903) correspondem a acidentes típicos, ou seja, decorrentes do
exercício do trabalho, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que
cause a morte, perda ou redução da capacidade laborativa. Além dos acidentes
típicos, 12,6% (49.069) referem-se a acidentes de trajeto e 5,4% a acidentes
provenientes de doença do trabalho.
45

Gráfico 2: Quantidade total de acidentes de trabalho registrados segundo o motivo


– 2000-2003

A concentração de acidentes na categoria “típicos” mostra que a maioria dos


acidentes no Brasil ocorre dentro da própria empresa, no desenvolvimento
rotineiro da atividade laborativa, e acomete principalmente trabalhadores jovens
com idade entre 20 e 29 anos (como pode ser visto no Gráfico 3 – freqüência
ponderada pela quantidade de trabalhadores em cada faixa etária – e na Tabela 2
– quantidade absoluta, ambos a seguir). Distribuídos em escala, os dados deste
gráfico indicam a necessidade de políticas orientadas fundamentalmente para o
ambiente de trabalho, ou seja, para o local onde a atividade profissional é
desenvolvida, com especial ênfase nos trabalhadores com menos experiência.1

1
Disponível em: <http://www.previdenciasocial.gov.br
46

Gráfico 3: Participação % relativa da quantidade de acidentes registrados na


média de vínculos de empregados, segundo os grupos de idade e
tipos de acidentes – 2003

Tabela 2

Quantidade total de acidentes do trabalho registrados


segundo os grupos de idade e o motivo – 2003

Deve-se destacar também a região do corpo atingida pelos acidentes de trabalho.


Segundo os últimos dados disponíveis (AEPS/2003), as lesões com maior
incidência foram o ferimento do punho e da mão, representando 17,73% do total
47

de acidentes; fratura do punho e da mão, 7,30%; traumatismo superficial do


punho e da mão, 5,02%; sinovite e tenossinovite, 2,76%, conforme pode ser
visualizado na Tabela 3.

Tabela 3

Quantidade de acidentes do trabalho registrados por tipo de ferimento e lesões


ligadas ao punho e mão, segundo o CID-10 – 2003

Fonte: Anuário Estatístico de Acidentes do Trabalho (AEAT), 2003.

Duas teorias tentam explicar o acidente de trabalho – a do risco social e a do risco


profissional – ambas implícitas na legislação e na ação de órgãos oficiais
responsáveis pela prevenção e vigilância dos acidentes. A teoria do risco social
baseia-se no princípio de que os bens são produzidos para consumo da
sociedade e, portanto, é a própria sociedade quem deve arcar com alguns dos
ônus da produção (MACHADO e MINAYO GOMEZ, 1995).

De acordo com a teoria do risco profissional, desenvolvida na Alemanha na


segunda metade do século XIX, cabe ao empregador indenizar o trabalhador
acidentado. Baseada no fato de que o acidente é visto como conseqüência do
trabalho e como parte integrante do negócio, ou seja, o lucro do empresário está
ligado ao risco de ocorrência de acidentes (MACHADO e MINAYO GÓMEZ,
1995), e que, em razão disso, é função da empresa indenizar o acidentado, essa
teoria, ao identificar os riscos e suas repercussões sanitárias específicas, obriga o
capital a aceitar sua imperfeição e abre a possibilidade de alterações nos
processos de trabalho, sob os critérios de saúde, o que é potencialmente
transformador se consolidados os mecanismos de controle social.
48

Ambas as teorias têm como principal preocupação a identificação de um culpado


para o acidente – teoria da culpa – tendo em vista as implicações jurídicas da
responsabilidade civil. Desde a sua formulação, a teoria da culpa direciona a
análise dos acidentes no sentido de atribuir-lhes uma dentre duas causas
possíveis: uma ação dolosa do empregado (ato inseguro) ou uma ação dolosa do
empresário (condição insegura, criada por imprudência, negligência ou falta de
diligência) – uma metodologia de análise que ainda hoje é profusamente utilizada,
ainda que com uma pequena modificação ao admitir a possibilidade de
concomitância das duas causas (RODRIGUES, 1986).

A discussão das teorias que embasam a compreensão dos acidentes de trabalho


encontra um solo fértil para polêmicas tecnicistas, provocando um dualismo
superficial. Como exemplo, o caso da distinção entre acidente no trabalho e do
trabalho. O primeiro conceito assume o ambiente como potencializador de
acidentes; o segundo considera o acidente parte da atividade laboral, do trabalho
em si, cabendo aqui margem para os acidentes ditos de trajeto, ou seja, aqueles
que ocorrem fora do ambiente de trabalho, mas no trajeto entre a residência e o
local de trabalho propriamente dito – o ambiente de trabalho localizado é
transportado para espaços extramuros e concorrentes com toda a situação de
violência urbana existentes nos dias de hoje. Os que defendem a teoria do risco
social tendem a usar a definição de acidente no trabalho por ser mais abrangente.
Os adeptos da teoria do risco profissional adotam o conceito de acidente do
trabalho por ser mais específico e apresentar maior visibilidade. Ambiguamente
recorre-se ao conceito restritivo para amortecer gastos com o seguro social e ao
mais abrangente para dissolver responsabilidades jurídicas e financeiras. Em
conseqüência, depara-se com modelos fragmentados e ineficazes de abordagem
do acidente de trabalho que tendem a culpar especificamente o trabalhador e não
a organização do trabalho (PEPE, 2002).

Segundo Machado e Minayo Gómez (1995), as políticas especificas que


influenciam o modelo de gestão brasileiro para a saúde do trabalho têm como
base o risco social por conta do Ministério da Previdência Social, ao contratar
serviços por meio de convênios especiais para assistência aos acidentados e
apoiar políticas de controle de acidentes por parte das próprias empresas,
49

enquanto o Ministério do Trabalho e Emprego, por sua vez, tem como base o
risco profissional, o qual fica claro através das normatizações estabelecidas pela
Portaria 3214/78, um tanto quanto técnica, porém distante do trabalhador.

Embora os estudos por ramos de atividade econômica sejam importantes para


identificar as bases tecnológicas envolvidas nos acidentes, para localizá-los e
avaliar as políticas de prevenção, nenhum órgão no Brasil dispõe de uma
sistematização periódica dessa informação. Entretanto, alguns estudos tentam
categorizá-los (MENDES, 1988a, 1988b; TEIXEIRA, 1982; OLIVAN FILHO et al.,
1984; FARIA e SILVA, 1986; NEGRÃO, 1988; MACHADO, 1991; SALIM, 2005).

Em relação à freqüência de casos de acidentes de trabalho, a construção civil é


apontada, na maior parte desses estudos, como a atividade mais crítica.
Entretanto, essa situação é relativizada em análises da incidência (NEGRÃO,
1988), da mortalidade (MACHADO, 1991), ou por ambas, segundo o porte dos
estabelecimentos (SALIM, 2005).

No Brasil, as estatísticas sobre o quadro de saúde e segurança no trabalho não


revelam a situação completa, mas uma situação parcial, que não pode ser
considerada representativa dos índices de acidentes de trabalho e doenças
ocupacionais – situação basicamente explicada por deficiências no grau de
cobertura e na qualidade intrínseca dos dados oficiais (SALIM, 2003b; 2004).
Ademais, os dados obtidos ainda não são devidamente explorados quanto às
suas possibilidades de exploração técnica e de sua disseminação para fins de
gerenciamento de ações em diversos níveis da estrutura produtiva nacional ou
ainda para fins de informação aos diversos segmentos da sociedade.
Basicamente, o País vem contando com os registros administrativos federais no
âmbito dos Ministérios da Previdência, da Saúde e do Trabalho e Emprego, como
meio para dimensionar a realidade dos acidentes de trabalho e doenças
ocupacionais que compõem a sua área de abrangência territorial. Porém, cada
um dos Ministérios apresenta peculiaridades administrativas de coleta e
armazenamento de dados, dificultando sobremaneira a compilação e a
interpretação dos dados estatísticos. E mais: esses registros, à exceção do
Sistema CAT/SUB da Previdência Social, não são inteiramente direcionados ao
tema. Na verdade, se tomadas como base as informações oficiais
50

disponibilizadas, não se poderão detectar os perfis ou padrões efetivos


diferenciados dos acidentes de trabalho e das doenças ocupacionais no Brasil.
Aliás, as doenças do trabalho propriamente ditas (Classificação Internacional de
Schilling I) ficam um pouco à margem desse processo (SALIM, 2003a). Dá-se
mais importância aos acidentes de trabalho típicos, seja por descuido ou por
desconhecimento de uma anamnese ocupacional bem feita. Ramazzini (1700
apud MENDES, 2002) já relatava, em seu livro De Morbis Artificum Diatriba, que
os médicos poderiam diagnosticar mais doenças ocupacionais se, pelo menos,
perguntassem a seus clientes: “Qual a sua profissão?”. De outro modo, a
quantificação das doenças acaba relegada a um segundo plano, visto que a
formação médica não está voltada para a área ocupacional e, na grande maioria
das vezes, as doenças ocupacionais não serão diagnosticadas num curto espaço
de tempo, deixando uma lacuna enorme nos meios estatísticos, traduzindo-se,
assim, num grande desafio para a construção de indicadores que possam
relacionar a saúde e segurança do trabalho com outras áreas de atuação – entre
elas o meio ambiente. Se olhado para o campo da informalidade, ficará cada vez
mais difícil identificar esses indicadores.

Nas micro e pequenas empresas, a situação não é diferente. Pode-se observar


que a própria estruturação da produção leva algumas empresas para a
informalidade, e a ausência de informações na área de saúde e segurança gera
grandes dificuldades para trabalhar os temas sob o ângulo da gestão integrada.

Portanto urge melhorar a informação desses dados, através do diálogo com os


empresários e de técnicas capazes de melhorar a quantificação da condição de
saúde e segurança no trabalho nas micro e pequenas empresas, de acordo com
os ramos de atividade econômica e com a cobertura previdenciária, de forma que
possam ser criadas estratégias em nível nacional para as chamadas ações
preventivas de saúde e segurança no trabalho, não se esquecendo de incluir o
meio ambiente como um todo, a fim de que as gerações futuras possam usufruir
do planeta de um modo totalmente responsável e sustentável.

A partir do final de 1994, a legislação brasileira que trata da segurança e da saúde


no trabalho passou a adotar um novo enfoque ao estabelecer a obrigatoriedade
das empresas de elaborar e implementar dois programas: um ambiental, com o
51

nome de Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA), e outro médico,


denominado Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO).
Adotando como paradigma a Convenção 161/85 da Organização Internacional do
Trabalho (OIT), a legislação brasileira específica passou a considerar as questões
incidentes não somente sobre o indivíduo, mas também sobre a coletividade de
trabalhadores, promovendo, assim, uma ampliação do conceito restrito de
Medicina do Trabalho.

Freqüentemente, o aumento da produtividade é conseguido por uma combinação


do aumento do ritmo de trabalho com a diminuição das pausas e com o aumento
da carga de responsabilidade dos trabalhadores. No que concerne ao impacto
sobre a saúde e a segurança dos trabalhadores, isso tem se traduzido em
verdadeiras epidemias na saúde do trabalhador – dentre elas podem-se citar os
acidentes de trabalho típicos, as doenças osteomusculares relacionadas com o
trabalho, as lombalgias e mais recentemente as doenças relacionadas com o
estado psíquico do trabalhador (OLIVEIRA, 2005).

Enquanto os antigos processos produtivos continham seus fatores de stress na


monotonia, em tarefas repetitivas – eliminando a capacidade de inovação e
criação dos trabalhadores –, os novos modos de produção trazem outros
incentivos, pois agora o fator estressante está centrado na insegurança da
garantia do trabalho e na competição pelo mesmo posto de trabalho. Tornam-se,
portanto, necessários estudos mais aprofundados, abrangentes e
interdisciplinares que expliquem a complexidade desses processos e suas
conseqüências para a saúde no trabalho.

Segundo Pastore (2001), os danos causados pelos acidentes de trabalho para as


famílias implicam redução da renda familiar, interrupção do emprego de
familiares, gastos com a acomodação do doente e, o mais importante, a dor e o
estigma de acidentado ou doente.

Enfim, os agravos à saúde dos trabalhadores englobam, além dos acidentes de


trabalho, as doenças profissionais – aquelas que apresentam relação de causa e
efeito com o trabalho, e são inerentes aos indivíduos cuja atividade produtiva é a
causa inequívoca da doença – e as doenças relacionadas ao trabalho, aquelas
52

em que não existe o pressuposto de causa e efeito, sendo o trabalho relacionado


como co-fator na etiologia da doença (WÜNSCH FILHO, 1995).

A forma de atuação dos técnicos de saúde e segurança nas empresas reflete


também nas estatísticas. Ao ser identificada uma área de risco ambiental, de
operação crítica, ou uma situação potencialmente perigosa, detectada pela
Delegacia Regional do Trabalho (DRT), pelo SESMT, pela Comissão Interna de
Prevenção de Acidentes (CIPA) ou até pelos movimentos de trabalhadores e
programas de saúde pública, a empresa pode adotar as seguintes medidas: a)
introduzir modificações no processo de trabalho, com vistas à eliminação do risco;
b) terceirizar tarefas ditas perigosas através de contratação de empreiteiras ou
subempreiteiras, como forma virtual de supressão do risco relacionado
diretamente aos seus empregados e de aumento da rotatividade através de
contratos de trabalho com duração de 90 dias; c) implementar treinamentos
especiais, supervisão freqüente das tarefas e intensificação da manutenção
preventiva, de forma a diminuir o risco da operação. Nas três condutas, o acidente
diminui. Na primeira tende a desaparecer; na segunda não é registrado ou é sub-
registrado, devido ao nível de formalização das relações de trabalho, que
dificultam o exercício dos direitos previdenciários e de cidadania; na terceira há
uma diminuição da freqüência, permanecendo a possibilidade de ocorrência do
acidente (OLIVEIRA, 2005).

Um segundo grupo de causas reais da diminuição está relacionado a mudanças


tecnológicas, com a gradativa substituição das máquinas-ferramentas por
processos automatizados ou semi-automatizados. Porém, a manutenção desse
parque tecnológico muitas vezes e atribuído a empresas terceirizadas, as quais,
na maioria das vezes, trabalham com profissionais menos qualificados, seja para
redução do custo, seja pela falta de mão-de-obra especializada – a título de
exemplo, no pólo moveleiro de São Bento do Sul, foram encontradas empresas
cadastradas como ligadas a atividades de escritório administrativo, que forneciam
mão-de-obra para a indústria moveleira. Observou-se, nesse contexto, que
grande número de acidentes de trabalho era registrado em nome das empresas
terceirizadas, e não das tomadoras do serviço – prática, aliás, freqüente no meio
53

empresarial e altamente lesiva tanto ao trabalhador quanto aos cofres públicos,


visto que o Governo deixa de arrecadar devido a vários fatores:

¾ A CAT está emitida em nome da empresa que alocou o trabalhador na


tomadora/fábrica.

¾ A GFIP é recolhida em desacordo com o Decreto 3048 – art. 202,


parágrafos 1 a 5.

¾ As empresas, estando inscritas indevidamente como optantes pelo


SIMPLES, passam a não contribuir com a cota patronal e com o RAT.

¾ O FAP (Fator Acidentário Previdenciário) deveria ser creditado na conta


da empresa tomadora do serviço e não na empresa prestadora de
serviço.

Com relação ao trabalhador, este sofre de todos os lados pela falta de


fiscalização nas empresas, seja pela Previdência Social, seja pelo Ministério do
Trabalho. Muitas vezes, ao procurar auxílio acidentário, o trabalhador não o
consegue, pois a empresa não vinha recolhendo as contribuições necessárias;
por outro lado, ao fazer uma reclamatória trabalhista, ele se vê desamparado, pois
a empresa já fora extinta.

2.4 A violência urbana e os acidentes de trabalho

Em aparente contraste com os dados internacionais, as estatísticas brasileiras


mostram que os acidentes resultantes de atividades externas às empresas, em
particular os de trânsito, são as maiores causas de morte no trabalho. O
entendimento do acidente como uma forma de violência impõe à área de saúde
do trabalhador novas relações no interior da Saúde Pública, bem como interfaces
disciplinares e setoriais. Sob essa perspectiva, a mortalidade por acidente de
trabalho torna-se socialmente visível. Na pesquisa realizada fica evidente a
importância deste tema na construção dos indicadores de acidente de trabalho,
na qualidade de acidentes de trajeto.

Alguns estudos vêm enfatizando o deslocamento dos acidentes do interior das


empresas para o espaço da rua (MACHADO, 1991; MACHADO e MINAYO
54

GÓMEZ, 1995; WALDVOGEL, 1999a). Segundo esses autores, os dados de


mortalidade por acidentes de trabalho, obtidos através das CAT e dos atestados
de óbito, revelam um número considerável de acidentes na rua em conseqüência
do processo de urbanização adotado e do crescimento da violência urbana. Essa
relação entre acidentes de trabalho e violência foi constatada por Machado e
Minayo Gómez (1995), ao identificarem, nas declarações de óbito entre 1979 e
1991, os acidentes de trânsito (35% em média no período) como predominantes
dentre as causas de óbito por acidente de trabalho em sete grandes capitais
brasileiras.

A análise das estatísticas das causas externas possibilita perceber os acidentes


acontecidos fora dos muros dos locais de trabalho, bem como visualizar a rua e
outros espaços como materializadores de diferentes processos de trabalho e de
exposição à violência em suas diversas manifestações. Segundo Machado
(1991), a compreensão dos processos de trabalho como espaços de relações
socialmente construídas evita atribuir ao mero acaso o local de ocorrência do
acidente. Como observam Machado e Minayo Gómez (1995), compreender o
acidente como uma forma de violência transforma esse objeto aparentemente
indefinido e amorfo em algo palpável, visível e inaceitável, implicando mudanças
profundas das relações técnicas e sociais. Os estudos epidemiológicos e dos
processos de trabalho onde eles ocorrem podem mostrar a verdadeira face e
dimensão dos acidentes de trabalho.

Ferreira e Mendes (1981) realizaram um estudo epidemiológico de 341 acidentes


de trabalho fatais ocorridos em Campinas, no período do 1972 a 1978, a partir
dos arquivos do Instituto Nacional de Previdência Social. Identificaram que 68,3%
das vitimas tinham menos de 40 anos e 95,6% pertenciam ao sexo masculino. Os
acidentes mais freqüentes foram os de trânsito, com veículos a motor (50,1%), e
as quedas (12,6%). Os traumatismos cranianos apresentaram-se como a principal
lesão.

Teixeira (1982) analisou os acidentes fatais registrados nas CAT em Santa


Catarina, no ano de 1981. Das 206 mortes decorrentes de acidentes de trabalho,
37,7% aconteceram em rodovias ou vias públicas. Homens, adultos, com idade
até 40 anos, configuravam o perfil do acidentado. Nesse contexto, as serrarias e
55

madeireiras apresentaram um alto índice de mortes. No conjunto dos acidentes,


predominaram os de trânsito e as quedas. Os traumatismos cranioencefálicos
foram os mais freqüentes, correspondendo a 50% dos diagnósticos de causa
mortis.

Silvany Neto et al. (1988), descrevendo as características dos acidentes fatais


ocorridos na Região Metropolitana de Salvador, entre 1978 e 1986, observaram
um maior número de acidentes após transcorridas três horas da jornada de
trabalho e um aumento dos acidentes de trajeto no período estudado. A média de
idade era de 34 anos, com maior proporção entre os 20 e os 29 anos, e apenas
4,8% dos óbitos ocorreram no sexo feminino. As principais causas foram:
traumatismo cranioencefálico, choque elétrico e lesões por arma de fogo.

2.5 Os acidentes de trabalho e as fontes de informação

Nos estudos sobre acidentes de trabalho fatais, depara-se com as deficiências


das fontes de informação oficiais, em que ao sub-registro alia-se a própria
limitação do universo que abrangem (ALVES e LUCHESI, 1992; BERALDO et al.,
1993; LUCCA e MENDES, 1993; RIBEIRO e LACAZ, 1984; SALIM, 2000, 2003b)
– deficiência que não constitui um problema exclusivamente brasileiro. Estudos
internacionais apontam dificuldades da mesma natureza, inclusive em países
como Canadá e Estados Unidos. Rossignol (1994), Hayden (1995) e Murply et al.
(1996) são enfáticos ao afirmar que as fontes de informação americanas têm
limitações quando se trata de identificar os riscos do trabalho. Hayden (1995)
levantou a questão ao analisar as mortes por acidentes de trabalho na agricultura,
no estado de Minnesota. Lerer e Myers (1994) avaliaram que a subnotificação dos
acidentes fatais na Cidade do Cabo, nos certificados de óbito, correspondia a
cerca de 28%. Rossignol (1994), em um estudo em Quebec, no Canadá, concluiu
que somente uma integração entre as fontes de informação pode permitir uma
análise mais abrangente dos acidentes de trabalho fatais.

No Brasil, os estudos acerca dessa temática recorrem ao INSS como fonte de


informação principal, mas que apresenta grandes limitações.

Alguns autores recorrem a fontes complementares e em alguns casos


estabelecem comparações entre as mesmas. Lucca e Mendes (1993)
56

investigaram no INSS – Instituto Nacional de Seguridade Social, entre 1979 e


1989, 476 prontuários de acidentes fatais arquivados na Agência de Campinas-
SP, assim como as informações contidas nas CAT, nos boletins de ocorrência
(BO) e nas declarações de óbito (DO). Waldvogel (1999) vincula as declarações
de óbito e os processos de acidentes do trabalho.

Beraldo et al. (1993) demonstraram grandes diferenças na comparação dos


dados do Sistema de Informações de Mortalidade – SIM – e da Previdência
Social. Analisaram 7.769.138 óbitos notificados em dez anos (1979-1988) no SIM,
onde computaram 813.558 classificados como provocados por causas externas, o
que corresponde a 3,3% do total de óbitos notificados. Dentre estes, 26.612 foram
enquadrados como acidentes de trabalho, que representam 3,3% do número total
(Tabela 4). No mesmo período, na Previdência Social constam 46.839 óbitos por
acidentes de trabalho. A notificação do sistema de saúde mostrou-se, portanto,
menos fidedigna, abrangendo apenas 56,8% dos casos notificados na
Previdência Social.
57

Tabela 4

Freqüências absolutas e relativas dos óbitos por acidente de trabalho,


confrontados com todos os óbitos, com as causas externas e com os óbitos
notificados pelas CAT* - Brasil, 1979 – 1988
Acidente de Trabalho Total de DOs** Causas Externas CAT

N % N % N % N %
1979 2732 10.3 711742 0.4 65253 4.2 4673 58.5
1980 2758 10.4 750727 0.4 70212 3.9 4824 57.7
1981 2565 9.6 750276 0.3 71833 3.6 4808 53.3
1982 2425 9.1 741614 0.3 73460 3.3 4496 53.9
1983 2119 8.0 771203 0.3 78008 2.7 4214 50.3
1984 2218 8.3 809825 0.3 82386 2.7 4508 49.2
1985 2681 10.1 788231 0.3 85845 3.1 4384 61.2
1986 3004 11.3 811565 0.4 95968 3.1 4578 65.6
1987 3260 12.3 799621 0.4 94421 3.5 5738 56.8
1988 2850 10.7 834334 0.3 96172 3.0 4616 61.7
Total 26612 100.0 7769138 0.3 813558 3.3 46839 56.8
[

Fonte: Beraldo et al, 1993.

Waldvogel (1999a), ao analisar a mortalidade por acidentes de trabalho no Estado


de São Paulo, também compara as potencialidades das fontes de informação de
traduzir a real situação dos trabalhadores, tendo recorrido para isso aos registros
do INSS e às declarações de óbito dos SIM nacional e estadual. A autora se
propõe a vincular as duas fontes no sentido de aprimorar a forma de identificação
desses acidentes, tornando possível quantificá-los e caracterizá-los demográfica e
epidemiologicamente, assim como mensurar a correspondente mortalidade. Os
acidentes de trânsito são o tipo de morte com maior ocorrência. Em relação à
capital, as ocupações mais atingidas são ligadas ao comércio e à construção civil,
enquanto no interior são ligadas ao setor de transportes. Os acidentes de trânsito
são o primeiro tipo de morte na capital, enquanto no interior os choques e as
explosões. Waldvogel (1999a) aponta que uma constatação relevante detectada
nesse estudo é a de que os acidentes de trabalho fatais típicos não estão mais
associados apenas às atividades realizadas dentro do ambiente de trabalho,
assim como os tipos de morte mais freqüentes não são mais aqueles
relacionados diretamente com os processos intrínsecos ao trabalho
(WALDVOGEL, 1999a).
58

2.6 Os acidentes de trabalho e a previdência social

Em que pesem as previsões positivas quanto ao desempenho da economia


brasileira, que apontam para uma recuperação no nível da atividade econômica,
debates ocorridos no final dos anos 90 e início dos anos 2000 externaram a
preocupação de que o crescimento do produto não seria acompanhado de uma
geração proporcional de empregos no mercado de trabalho formal, cuja massa
salarial constitui a principal base de sustentação do regime Geral de Previdência
Social (MINISTÉRIO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL, 2002).

Durante a década de 90, duas teses sobre o mercado brasileiro tornaram-se


predominantes: a) o crescimento econômico significaria cada vez menos
empregos (FIGUEIREDO e LAMOUNIER, 2002); b) o avanço da informalidade no
mercado de trabalho brasileiro (FLIGENSPAN, 2003).

No Brasil, o modelo de Seguro de Acidente do Trabalho (SAT) é público e tem no


Regime Geral de Previdência Social (RGPS) os mecanismos de cobertura e
financiamento dos benefícios relacionados a acidentes de trabalho/doenças
ocupacionais. Um dos maiores desafios é premiar as empresas que investem em
saúde do trabalhador e punir as empresas que não investem em saúde do
trabalho (MINISTÉRIO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL, 2004).

Há consenso em relação à necessidade de estimular os empregadores a


promover a prevenção em saúde do trabalho como vantagem competitiva
(MINISTÉRIO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL, 2004), que pode ser associada a
ganhos de imagem de sustentabilidade do negócio quanto à saúde e segurança
dos trabalhadores, incluindo a responsabilidade social da empresa como um fator
da maior importância.

Historicamente, o foco do Seguro de Acidente do Trabalho (SAT), bem como da


política de saúde e segurança do trabalhador e da aposentadoria por invalidez
tem sido muito pouco voltado para a prevenção e reabilitação, e bastante
centrado na reparação do dano à conta da Previdência Social. Em função disso, o
custo humano, financeiro e social da passividade da Previdência Social nessa
área tem sido enorme (MINISTÉRIO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL, 2004).
59

Nesse sentido, o artigo 10 da Lei n. 10.666, de 08 de maio de 2003, possibilitou


ao Instituto Nacional de Seguridade Social flexibilizar a contribuição destinada ao
financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de
incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho, mais
conhecido como Seguro contra Acidentes do Trabalho (SAT). O dispositivo prevê
que as atuais alíquotas de 1%, 2% ou 3%, estabelecidas para o financiamento
dos benefícios concedidos em decorrência dos acidentes de trabalho, poderão ser
reduzidas à metade ou duplicadas, em razão do desempenho da empresa em
relação às demais pertencentes à mesma atividade econômica (MINISTÉRIO DA
PREVIDÊNCIA SOCIAL, 2004).

Em cumprimento à Lei n. 10.666, o Conselho Nacional de Previdência Social


(CNPS) aprovou, mediante a Resolução N° 1236, de 28 de abril de 2004, a
metodologia de cálculo que visa permitir a flexibilização das alíquotas de 1%, 2%
ou 3% pagas pelas empresas para o financiamento dos benefícios acidentários
decorrentes dos riscos presentes nos ambientes de trabalho. Isso pode
representar um avanço significativo no aperfeiçoamento das políticas de proteção
social e estimular o desenvolvimento econômico do País por meio da redução de
custos e incentivo ao trabalho saudável em ambientes saudáveis (MINISTÉRIO
DA PREVIDÊNCIA SOCIAL, 2004).

A flexibilização das alíquotas de financiamento dos benefícios acidentários faz


parte de uma política mais ampla em saúde do trabalhador, cujo objetivo é
construir um novo sistema de saúde e segurança do trabalho na tentativa de
reduzir as estatísticas alarmantes de mortes e acidentes no trabalho. Além disso,
a constituição do nexo epidemiológico a partir do Código Internacional de
Doenças (CID) e da Classificação Nacional da Atividade Econômica (CNAE), com
a conseqüente extinção do nexo causal individual, também contribui para os
objetivos da Previdência Social. Por fim, a inversão do ônus da prova do nexo
acidentário fecha o círculo das alterações propostas pela Previdência Social.

Os acidentes de trabalho afetam a produtividade econômica, são responsáveis


por um impacto substancial sobre o sistema de proteção social e influenciam o
nível de satisfação do trabalhador e o bem-estar geral da sociedade. No Brasil, os
registros da Previdência Social indicam que ocorrem três mortes a cada duas
60

horas de trabalho e três acidentes a cada minuto de trabalho entre os


trabalhadores do mercado formal, considerando-se o número reconhecidamente
subestimado de casos para os quais houve notificação de acidente de trabalho
por intermédio da Comunicação de Acidente do Trabalho – CAT (MINISTÉRIO DA
PREVIDÊNCIA SOCIAL, 2004).

A ausência de saúde e segurança nos ambientes de trabalho no Brasil gera


despesas com benefícios acidentários, aposentadorias especiais, assistência à
saúde do acidentado e à sua família, reabilitação profissional, re-inserção no
mercado de trabalho, indenizações trabalhistas, horas de trabalho perdidas e re-
treinamento de novos funcionários. O custo saúde do trabalho afeta
negativamente a competitividade e a sustentabilidade das organizações,
aumentando o preço da mão-de-obra e conseqüentemente refletindo no preço
dos produtos. Por outro lado, o aumento das despesas públicas com previdência,
reabilitação profissional e saúde reduz a disponibilidade dos recursos
orçamentários para outras áreas e induz ao aumento da carga tributária sobre a
sociedade como um todo (MINISTÉRIO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL, 2004).

Por sua vez, a grande maioria das empresas afasta seus trabalhadores apenas
quando o período de afastamento é maior que 15 (quinze) dias. E, quando o
trabalhador retorna às suas atividades, ele é demitido, tornando-se, assim,
portador de lesão crônica originada no trabalho, o que dificulta a sua reinserção
no mercado de trabalho. Em vista dessa dificuldade, obrigado a manter a própria
vida e dos seus dependentes, o trabalhador procura o benefício previdenciário,
nascendo, dessa forma, um novo mercado: o da informalidade – o que resulta
numa legião de trabalhadores em gozo de benefício previdenciário e em exercício
de trabalhos informais, constituindo, assim, um enorme custo financeiro para a
Previdência Social, seja pelo pagamento do beneficio, seja pelo não recolhimento
à Previdência Social dos valores devidos em função do trabalho informal. Isso
constitui para o trabalhador dupla renda e faz com que ele dificulte ao máximo a
sua recuperação e o seu retorno ao trabalho formal.
61

2.6.1 O fator acidentário previdenciário e a comunicação de acidente do


trabalho

O fator acidentário previdenciário (FAP) é um multiplicador sobre as alíquotas de


1%, 2% ou 3% correspondentes ao enquadramento da empresa na classe do
Código Nacional da Atividade Econômica (CNAE). Esse multiplicador deve flutuar
em um intervalo fechado contínuo de 0,5 a 2,0, considerando gravidade,
freqüência e custo, conforme previsto na Lei n.10.666/03, e a sua estimativa é
uma importante tarefa que se propõe definir, bem como os parâmetros
correspondentes (PREVIDÊNCIA SOCIAL, 2004).

Busca-se, com base na freqüência, na gravidade e no custo um elemento primário


que seja tipicamente imune à sonegação, não declaratório, que independa do
desejo/poder do empregador sobre a informação e seja intrinsecamente
relacionado à incapacidade laboral, à doença ou à entidade mórbida ou registro.
Deve ser algo cuja responsabilidade médica seja pessoal, oferecendo o menor
grau de manipulabilidade e, conseqüentemente, uma maior segurança para o
gestor e a justiça (MINISTÉRIO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL, 2004).

Para exemplificar o descrito na Lei 10.666/03, foi observado que os acidentes de


trabalho ocorridos e registrados no Município de São Bento do Sul, no setor
moveleiro, eram em grande parte registrados em nome de empresas de
recrutamento de pessoal administrativo, embora seus trabalhadores executassem
suas funções nas várias fábricas de móveis na região. Feito o cruzamento de
informações da Comunicação de Acidente do Trabalho com a Guia de Informação
Fiscal da Previdência Social (GEFIP), encontraram-se várias irregularidades:

¾ Empresas registradas no sistema SIMPLES (Sistema Integrado de


Pagamento de Impostos e Contribuições de Microempresas e das
Empresas de Pequeno Porte) do governo federal.

¾ Ausência de recolhimento de Seguro de Acidente do Trabalho (SAT).

¾ Ausência de recolhimento dos valores devidos à Previdência Social.

Por conseguinte, o causador do acidente de trabalho ficará com o FAP menor,


embora seja o grande causador das lesões aos trabalhadores, e devendo a
62

alíquota suplementar do SAT, que não é recolhida, causando assim enormes


prejuízos à Previdência Social, porquanto a empresa que terceiriza mão-de-obra
não recolhe alíquota suplementar do SAT, mas recebe o trabalhador lesado na
indústria moveleira e o remete para a Previdência Social a fim de que esta
assuma todo o custo saúde do trabalho.

Diante disso, descartaram-se, de imediato, como elemento primário, os registros


dos acidentes de trabalho informados por intermédio das CAT, os quais, como já
foi afirmado, são subnotificados. E como tal, caso fossem utilizados, beneficiariam
sonegadores em detrimento das empresas que têm desenvolvido ações efetivas
de proteção ao trabalhador. Embora não se tenham estimativas globais quanto
aos acidentes não notificados, diversos estudos apontam para a subnotificação
dos acidentes, notadamente Waldvogel (2001), Santana et al. (2003) e Conceição
et al.(2003).

A questão da sonegação da CAT é assunto complexo e demarcado por aspectos


políticos, econômicos e sociais, para o qual nenhuma explicação é suficiente.
Dentre as principais explicações encontram-se as seguintes (MINISTÉRIO DA
PREVIDÊNCIA SOCIAL, 2004):

a) como o acidente/doença do trabalho é considerado socialmente


derrogatório, evita-se que o dado apareça nas estatísticas oficiais.
Exemplo: em Bento Gonçalves verificou-se, no registro das
Comunicações de Acidente do Trabalho, apenas que havia sido
concedido benefício previdenciário. Não se observou registro de
comunicações que não geraram benefício previdenciário;

b) para não reconhecer a estabilidade no emprego, de um ano de


duração, a partir do retorno do trabalhador às suas atividades;

c) para demitir o funcionário tão logo ele retorne ao trabalho;

d) )para não depositar a contribuição devida de 8% do salário, em conta


do FGTS, correspondente ao período de afastamento;

e) para não reconhecer a presença de agente nocivo causador de doença


do trabalho ou profissional e não recolher a contribuição específica
63

correspondente ao custeio da aposentadoria especial aos trabalhadores


expostos aos mesmos agentes.

2.7 A previdência social, o acidente de trabalho e a reabilitação profissional

A previdência social brasileira é parte integrante de um conjunto integrado de


política e de ações, consolidado na Constituição Federal de 1988 como
seguridade social (art.194), do qual fazem parte ainda as ações relacionadas à
assistência social e à saúde. As ações relativas à assistência social possuem
varias interfaces com o sistema previdenciário. Acompanhando uma tendência
mundial em termos conceituais, a Constituição de 1988 definiu o sistema de
seguridade social brasileiro como constituído por um conjunto integrado de ações
que tem por objetivo proteger e amparar a sociedade contra uma diversa gama de
riscos sociais, quais sejam:

¾ Assegurar a renda dos trabalhadores para os casos de perda da sua


capacidade de trabalho (previdência social).

¾ Prover condições mínimas de subsistência para os segmentos da


sociedade mais necessitados (assistência social).

¾ Prestar serviços de assistência à saúde para toda a sociedade.

Com efeito, essa integração de funções é tida como um grande avanço por alguns
segmentos da sociedade brasileira, sendo ardorosamente defendida na arena
política. Na realidade, em termos práticos, essa integração conceitual pouco ou
nada mudou na condução das políticas públicas e no cotidiano do cidadão.

A Constituição de 1988 criou o orçamento da seguridade social, onde se unificam


todas as fontes de recursos oriundas das contribuições da seguridade social
destinadas ao Regime Geral de Previdência Social (RGPS), ao Sistema Único de
Saúde (SUS) e aos programas de prestação de benefícios assistenciais
estabelecidos pela Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS). A previdência
social é o único programa integrante do sistema de seguridade social brasileiro
que requer um vínculo contributivo e pode ser entendida como um seguro
obrigatório feito pelos trabalhadores para que possam, quando alcançarem a
inatividade – definitiva ou temporária – manter seu padrão de rendimentos ou pelo
64

menos parte dele. Ou seja, pressupõe um vínculo entre as contribuições e o


benefício a ser auferido.

Os acidentes de trabalho e as doenças profissionais caracterizam um dos


potenciais riscos não programáveis aos quais o trabalhador está exposto ao longo
de sua vida ativa e a principal especificidade do acidente de trabalho e a relação
direta com as condições de trabalho às quais está submetido o trabalhador, o que
implica explícita responsabilidade do empregador, que pode e deve tomar
medidas no sentido de prevenir o acidente.

O atual seguro de acidentes do trabalho, da forma como está estruturado,


apresenta enfoque na reparação dos danos sofridos pelo empregado e representa
um baixíssimo incentivo à prevenção desses acidentes. As alíquotas pagas pelas
empresas são estabelecidas de acordo com o risco médio do setor em que
atuam, pouco tendo a ver com a sinistralidade específica de cada empresa.

As contingências sociais decorrentes do ambiente de trabalho são, pois,


responsáveis por um impacto substancial sobre o sistema de previdência social.
Os registros oficiais do Ministério da Previdência Social apontam, apenas entre os
trabalhadores do mercado formal, no ano de 2003, um custo de R$ 8,2 bilhões,
correspondentes a gastos com benefícios acidentários e aposentadorias
especiais, equivalentes a cerca de 30% da necessidade de financiamento do
Regime Geral de Previdência Social verificada naquele ano (MINISTÉRIO DA
PREVIDÊNCIA SOCIAL, 2004).

Isso sem levar em consideração o subdimensionamento na apuração das contas


da Previdência Social, que desembolsa e contabiliza como despesas não
acidentarias os benefícios por incapacidade, cujas Comunicações de Acidentes
do Trabalho não foram emitidas seja por falta de reconhecimento por parte da
empresa do acidente de trabalho, seja por falta ética do profissional médico do
trabalho, que não registra o acidente de trabalho para que suas estatísticas
estejam dentro de um patamar aceitável. Para tentar diminuir tal agressão ao
trabalhador, a Previdência Social, através de memorando (48 INSS/DIRBEN),
estabelece que a CAT preenchida e comunicada pelas pessoas contidas no
parágrafo 2, do art.22, da Lei 8213/91, seja via internet ou na agência da
65

Previdência Social, não pode ser recusada, pois tem o mesmo valor probatório
daquela providenciada pela empresa. Nada de mais faz a Previdência Social a
não ser cumprir a legislação previdenciária contida na Lei 8213/91.
66

3. A INDÚSTRIA MOVELEIRA NO BRASIL

A produção mundial de móveis está estimada no patamar de US$ 200 bilhões.


Nos países desenvolvidos, a produção representa 79% do total mundial, sendo
64% a parcela das sete maiores economias industriais: Estados Unidos, Itália,
Japão, Alemanha, Canadá, Franca e Reino Unido (BNDES, 2002).

A fatia restante de 21% corresponde à produção de móveis em países


emergentes, sendo que três deles (China, México e Polônia) vêm apresentando
rápido aumento na atividade moveleira, graças a investimentos recentes em
novas plantas, especialmente projetadas e construídas para exportações
(BNDES, 2002). O Brasil produz móveis de todos os tipos e materiais e emprega
cerca de 300.000 trabalhadores diretamente na produção, gerando 1.500.000
empregos diretos e indiretos em empresas que possuem entre 01 e 99
trabalhadores (SEBRAE, 2003).

Essas empresas, em sua grande maioria, são familiares, tradicionais e de capital


nacional, caracterizando-se principalmente por quatro aspectos comuns:

¾ Pouca ou nenhuma infra-estrutura

¾ Grande rotatividade de mão-de-obra

¾ Falta de qualificação profissional

¾ Tecnologia obsoleta

No Brasil, a falta de um design industrial específico para o setor de móveis e a


baixa qualidade tecnológica fazem com que esse ramo da indústria seja
suscetível às dificuldades geradas pela globalização.

No geral, o comércio mundial de móveis envolve cerca de 50 países, tendo


registrado cerca de US$ 55 bilhões em transações no ano de 2000 (BNDES,
2002). Os maiores importadores são Estados Unidos, Alemanha, França, Reino
Unido, Japão e Canadá, enquanto os maiores exportadores são Itália, Canadá,
Alemanha, China, Estados Unidos, Polônia e França.
67

Ultimamente, com o aumento nas exportações, a indústria brasileira tem


aprimorado sua capacidade produtiva e melhorado a qualidade de seus produtos
em função de um trabalho maior dos Centros de Tecnologia da Madeira, ligados
ao Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI). A indústria está
investindo mais na modernização da tecnologia, em maquinário, na organização
da produção e no design, visando atender consumidores internos e externos cada
vez mais exigentes. As exportações brasileiras de móveis estão demonstradas no
Tabela 5.

Tabela 5

Faturamento do setor – 2000/2005

Ano 2000 2001 2002 2003 2004 2005


Produção/Faturamento 7.599 8.631 10.095 10.756 12.543 12.051*
milhões de R$
Consumo 6.918 7.738 8.767 8.934 10.060 9.901*
milhões de R$
Exportação 485 479 533 662 941 991
milhões de US$
Importação 113 99 78 70 92 108
milhões de US$
Balança comercial 372 380 455 592 849 883
milhões de US$
Exportação /Produção (%) 10,1 11,6 15,4 17,2 22,0 18,3*
Importação/Consumo (%) 2,5 2,6 2,6 2,3 2,6 2,3*

Fonte: ABIMOVEL 2006.

A indústria brasileira de móveis está localizada, basicamente, no sul e no sudeste


do País. Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais,
Rio de Janeiro e Espírito Santo concentram 75% das empresas da indústria de
móveis.
68

Gráfico 4: Distribuição espacial das empresas da indústria de móveis


(mercado formal) – 2003

Fonte: RAIS 2003 – MTE.

Os fabricantes de móveis estão localizados em torno de pólos regionais, e além


dos pólos tradicionais existem outros aglomerados próximos sem que sejam
caracterizados formalmente como pólos moveleiros. O Quadro 1, a seguir, mostra
a distribuição dos pólos moveleiros por estado e as regiões onde existem
concentrações de empresas produtoras de móveis.
69

1: Pólos moveleiros consolidados e potenciais no Brasil

Embora os dados sejam antigos, visto que datam do último censo industrial do
IBGE, realizado há 16 anos, ainda se afirma que a indústria brasileira de móveis é
constituída por aproximadamente 13.500 micro, pequenas e médias empresas,
que empregam cerca de 185 mil pessoas (BNDES, 2002). De acordo com a RAIS
(2003), a indústria brasileira de móveis é formada por mais de 16.112 micro,
pequenas e médias empresas de capital nacional em sua maioria, que geram
mais de 189.372 empregos. A Tabela 6, a seguir, mostra o número de empresas
e pessoas empregadas no setor moveleiro por estado, o que demonstra, por si só,
a enorme capilaridade desse ramo industrial.
70

Tabela 6

Número de empresas e empregados no setor moveleiro por estado

UNIDADE DA FEDERAÇÃO Nº ESTAB N.º TRAB


Rondônia 123 673
Acre 34 180
Amazonas 36 445
Roraima 8 65
Para 127 1.682
Amapá 18 71
Tocantins 39 207
Maranhão 75 1.267
Piauí 64 950
Ceara 336 3.968
Rio Grande do Norte 119 881
Paraíba 82 609
Pernambuco 302 2.672
Alagoas 57 686
Sergipe 80 552
Bahia 340 3.775
Minas Gerais 2.118 22.457
Espírito Santo 297 4.817
Rio de Janeiro 632 5.392
São Paulo 3.821 46.717
Paraná 2.103 28.217
Santa Catarina 1.961 25.566
Rio Grande do Sul 2.467 30.970
Mato Grosso do Sul 135 713
Mato Grosso 223 1.547
Goiás 405 3.483
Distrito Federal 110 810
Total 16.112 189.372
Fonte: RAIS/2003 - Decreto 76.900/75.
Elaboração: CGET/DES/SPPE/MTE.
71

A Tabela 7, por sua vez, mostra, por estado, a realidade dos pólos moveleiros, o
número de empregados e os principais mercados.

Tabela 7

Pólos moveleiros por estado: empresas, número de empregados e principais


mercados

Pólo moveleiro Estado Empresas Empregados Principais


Mercados
Ubá MG 310 3.150 MG, SP, RJ,
BA e
exportação
Bom Despacho MG 117 2.000 MG
Linhares e Colatina ES 130 3.000 SP, ES, BA e
exportação
Arapongas PR 145 5.500 Todos os
estados e
exportação
Votuporanga SP 85 7.400 Todos os
estados
Mirassol SP 210 8.500 PR, SC, SP e
exportação
Tupã SP 54 700 SP

São Bento do Sul SC 210 8.500 PR, SC, SP e


exportação
Bento Gonçalves RS 370 10.500 Todos os
estados e
exportação
Lagoa Vermelha RS 60 1.800 RS, SP, PR,
SC e
exportação

Fonte: ABIMOVEL 2005.

No entanto, a Associação Brasileira da Indústria de Móveis (ABIMOVEL) estima


que, entre formais e informais, existam atualmente no País mais de 50 mil
unidades produtoras de móveis. São empresas familiares tradicionais e, na
grande maioria, de capital inteiramente nacional. Recentemente, em alguns
72

segmentos específicos, como o de móveis para escritório, ocorreu a entrada de


empresas estrangeiras.

Em 1999, a política cambial vigente levou à contração a produção de móveis. Em


2000, com uma taxa de câmbio mais estável e uma recuperação econômica geral,
o setor voltou a apresentar um bom crescimento (BNDES, 2002).

O Estado de São Paulo detém cerca de 40% do faturamento do setor e concentra


80% da produção nacional de móveis de escritório, enquanto o Rio Grande do
Sul, o segundo maior produtor nacional de móveis, contribui com 20% da
produção (GORINI, 1988).

O Brasil ocupa o 9º lugar no ranking mundial dos maiores produtores de móveis.


Com um crescimento anual médio de 4,3% no faturamento das empresas, o Rio
Grande do Sul, segundo maior exportador de móveis do País, apresenta forte
potencial empreendedor para ser transformado em um dos maiores centros
produtores de móveis da América Latina (SEBRAE, 2003). A indústria gaúcha tem
investido especialmente no desenvolvimento tecnológico e de infra-estrutura, o
que garante a destinação de mais de 60% de sua produção para países como
Estados Unidos, França e Reino Unido. Em 2003, o Rio Grande do Sul contava
com 268 empresas exportadoras. Entre 1996 e 2003, a média anual de
crescimento das exportações foi de 8,7% (SEBRAE, 2003).

3.1 Os arranjos produtivos locais

O paradigma da globalização dos mercados, da concorrência por novos mercados


extremamente distantes e a defesa do mercado interno por políticas
protecionistas por parte do Governo, obrigaram as micro e pequenas empresas
(MPE) a buscar uma solução para a questão da competitividade e da
sustentabilidade do negócio (CROCCO et. al, 2001). E a forma encontrada por
essas empresas foi a associação em arranjos produtivos locais, que as
diferenciam e a seus produtos, tornando-as competitivas frente às demais
concorrentes de mercado.

O conceito de cluster surge como sendo geograficamente localizado e, apesar de


não ser independente do contexto macroeconômico em que está inserido, realça
73

muito mais a relevância dos aspectos microeconômicos dos agentes econômicos


e suas relações (FAIRBANKS, 2001).

Os clusters podem ser definidos como concentrações geográficas de empresas


de um mesmo setor. Estes podem abranger uma rede de indústrias altamente
concentradas, em sua maioria, de pequenas firmas, com tecnologias de produção
flexíveis, sendo até mesmo capazes de responder rapidamente às mudanças nas
condições de mercado. A produção local tende a ocorrer de forma verticalmente
desintegrada, dificultando as relações entre as empresas, devido ao reduzido
contato direto e aos fluxos de informações (IEL, 2001).

Para poderem enfrentar o ambiente globalizado e bastante competitivo, as MPE


têm de se adequar aos padrões de qualidade, de flexibilização da produção, além
de construir formas de cooperação tanto vertical quanto horizontal. A proximidade
física das MPE propicia condições para interação corporativa, na tentativa de
superação de problemas comuns.

A indústria de móveis caracteriza-se pela reunião de diversos processos de


produção, envolvendo diferentes matérias-primas e uma diversidade de produtos
finais, e pode ser segmentada em função dos materiais com que os móveis são
confeccionados e de acordo com o seu uso final.

A realidade da indústria de móveis no Brasil vem mudando lentamente, mas ainda


contrasta com o padrão internacional, principalmente no que diz respeito à
incipiente difusão de tecnologia de ponta e à grande verticalização da produção
nacional (BNDES, 2002).

Cabe destacar ainda a grande informalidade existente no País, especialmente no


setor moveleiro, onde ela é marcante, na medida em que são fracas as barreiras
à sua entrada, seja pelo lado da tecnologia, seja pelo lado do investimento em
alguns segmentos dessa indústria. A informalidade gera ineficiências em toda a
cadeia industrial, dificultando, por exemplo, a introdução de normas técnicas que
atuariam na padronização dos móveis, assim como das suas partes e
componentes intermediários (BNDES, 2002).
74

3.1.1 Centros de tecnologia da madeira

O Serviço Nacional de Aprendizado Industrial (SENAI) possui centros


tecnológicos destinados à formação de mão-de-obra e ao desenvolvimento
tecnológico da indústria moveleira no Brasil, localizados nos principais pólos
moveleiros, dentre os quais se destacam:

¾ A Fundação de Ensino, Tecnologia e Pesquisa (FETEP), em São Bento do


Sul, Santa Catarina.

¾ O Centro Tecnológico do Mobiliário (CETEMO), de Bento Gonçalves, no


Rio Grande do Sul.

¾ O Centro Tecnológico da Madeira e do Mobiliário (CETMAM), de São José


dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, no Paraná.

¾ O Centro Tecnológico da Madeira e do Mobiliário (CETMAM), em


Arapongas, no Paraná.

3.2 A importância socioeconômica da indústria de móveis no Brasil

Conforme dados fornecidos pelo Ministério do Trabalho e Emprego, o número de


empregos formais gerado pela cadeia produtiva de móveis no ano de 2000 foi de
185.798; em 2001, 188.721 e, no ano de 2002, 193.078, um crescimento da
ordem de 2,3% no período, comprovando a importância socioeconômica da
indústria de móveis na geração de novos postos de trabalho.

Na Tabela 8, a seguir, pode-se observar que as pequenas e médias empresas do


ramo de móveis no Brasil responderam por 88,3% das empresas no ano de 1998
e com 98,2% em 2002. Todavia, se observada a geração de empregos, houve
uma queda de 69,4% em 1998 para 66,7% em 2002.

A redução dos postos de trabalho provavelmente é resultante de políticas


econômicas desencontradas, da falta de preparo dos empreendedores na
condução de suas empresas e de políticas de juros altos. Conforme dados do
SEBRAE (2004), 49,9% das empresas encerram as atividades com até 02 anos
de existência, 56,4% com até 03 anos e 59,9% com até 04 anos.
75

Tabela 8

O setor moveleiro contribuiu sobremaneira para o desempenho da balança


comercial brasileira em 2004, especialmente da região Sul, que respondeu por
mais de 80% do total de móveis exportados pelo País. Os números comprovam a
importância da indústria moveleira no cenário nacional: as vendas externas
consolidadas foram de US$ 940,6 milhões, 42% a mais do que no ano anterior.
Somados os três estados do Sul, alcançaram-se US$ 795,5 milhões e um
aumento de 39% sobre o ano anterior (2003), que já havia registrado um
incremento de 20,7% sobre 2002, segundo dados da Associação Brasileira da
Indústria do Mobiliário (ABIMÓVEL). Portanto, os três estados do Sul respondem
por 2/3 das exportações brasileiras no setor (Gráfico 5 a seguir).
76

Gráfico 5: Distribuição espacial das empresas da indústria de móveis


(mercado formal) – 2002

Fonte: Rais/2002 – MTb.

Os indicadores de acidentes de trabalho mostrados nas Tabelas 9 e 10, a seguir,


possibilitam uma comparação com outros ramos de atividade industrial que
igualmente possuem altos índices de acidentes de trabalho, conforme o AET 2003
(Ministério da Previdência Social), para os anos de 2002/2003, e demonstram por
si só a importância socioeconômica desta pesquisa.
77

Tabela 9

INDICADORES DE ACIDENTES DO TRABALHO – CNAE - 2002

INDICADORES

Incidência Incidência Incidência Incidência Taxa Taxa Tx.Ac16


CNAE
Doença Acidente de de de de a 34
Trabalho Incapacidade Mortalidade Letalidade

3611-fab. 33,34 1,48 29,72 32,41 9,61 2,88 66,24


móveis
de
madeira

3612-fab. 27,64 1,77 23,41 25,97 4,92 1,78 67,79


móveis
de
metal

3612-fab. 22,10 2,05 17,85 20,18 0,00 0,00 61,92


móveis
de metal

3614-fab. 21,39 1,32 18,57 20,86 0,00 0,00 74,49


de
colchões

Fonte: Ministério da Previdência Social.

Tabela 10

INDICADORES DE ACIDENTES DO TRABALHO – CNAE – 2003

INDICADORES

Incidência Incidência Incidência Incidência Taxa Taxa Tx.Ac.16


CNAE
Doença Acidente de de de de a 34
Trabalho Incapacidade Mortalidade Letalidade

3611-fab.
móveis 26,55 1,33 23,30 25,67 8,37 3,15 64,50
de
madeira

3612-fab.
móveis 22,13 1,52 18,69 20,27 11,26 5,09 60,05
de
metal

3612-fab.
móveis 19,75 1,23 16,34 17,30 27,24 13,79 68,28
de
metal

3614-fab. 18,81 1,26 15,39 18,81 9,00 4,78 72,73


de
colchões

Fonte: Ministério da Previdência Social.


78

3.3 A indústria moveleira, o meio ambiente e o desenvolvimento


sustentável

Concentrando não somente a maior parcela da floresta amazônica e o mais


extensivo remanescente de bioma florestal tropical, o Brasil é, simultaneamente, o
maior produtor e consumidor mundial de madeira tropical. Estima-se que 86% dos
26,5 milhões de m3 de diversas madeiras extraídas anualmente da região
amazônica são consumidas internamente (SMERALDI & VERISSIMO, 1999).

A maior parte da demanda por madeira está no setor da construção, que, apesar
de consumidor do produto, coloca pouca ênfase na qualidade ou no fornecimento
ambientalmente correto.

A floresta amazônica é uma plataforma para inovações na gestão comunitária dos


recursos naturais e da proteção florestal pública, mas a extração ilegal de madeira
em grande volume atua como um impedimento significativo na adoção de práticas
apropriadas de corte, deflacionando, ainda mais, os preços e a qualidade. Grande
parte da madeira tropical brasileira é proveniente de desmatamentos: cerca de 2,3
milhões de hectares de florestas são anualmente cortados para expansão da
agricultura e outros fins (FAO, 2000).

Ao mesmo tempo, o Brasil possui um dos principais parques industriais, baseado


em plantações florestais – com cinco milhões de hectares de floresta plantados,
dos quais 95% de espécies exóticas, principalmente eucaliptos e pinhos (FAO,
2000). Atuando durante muito tempo como um dos principais atores no mercado
global de celulose de fibra curta, o Brasil especializou-se no plantio de árvores de
alta produtividade desenvolvidas em viveiros de clonagem (FAO, 2000). A maior
parte da floresta plantada é encontrada próximo à costa do Atlântico, nos Estados
da Bahia, do Espírito Santo, de Minas Gerais, São Paulo e do Paraná.

As exigências de que os produtos e serviços florestais sejam produzidos de


maneira sustentável refletem a preocupação mundial com a proteção da
biodiversidade e o combate às mudanças climáticas, internalizados nos mercados
através da adoção voluntária da certificação do manejo florestal e da cadeia de
custódia para os produtos florestais. No Brasil, cada vez mais empresas estão se
79

voltando para o uso da madeira certificada como forma de sustentabilidade do


negócio.

Gorini (2000) relata que a introdução de novas tecnologias para utilização de


madeiras mais simples permitiu a utilização de madeira de reflorestamento, tal
como o pinus, o eucalipto e a seringueira. No Brasil utiliza-se em grande escala o
pinus e ainda é um tanto quanto pragmática a utilização do eucalipto, embora a
norma ISO-4000 estimule o uso de madeira de reflorestamento. O autor afirma
ainda que outra tendência verificada mundialmente é o crescimento do uso do
médium-density fiberboard (MDF) na confecção de móveis, o que barateia o
produto final.

Essas transformações influenciaram o consumo, tendo sido criados móveis mais


populares fabricados a partir de painéis de madeira, conforme relata Gorini
(2000).

O movimento em favor da certificação florestal começou no final dos anos 80 com


o boicote dos consumidores do Norte contra madeiras tropicais oriundas do
desmatamento. Os usuários de madeira tropical, europeus e americanos,
preocupados com as perspectivas de seus negócios em longo prazo, formaram a
Woodworker’s Alliance for Rainforest Protection (WARP) e publicaram uma “Lista
de Madeiras Boas” para proteger os fornecedores de madeira oriundos do bom
manejo. Em 1993, os representantes de organizações não-governamentais, de
fornecedores e compradores de madeira se reuniram em Toronto, iniciando o
processo que levou à criação do Forest Stewardship Council (FSC). Em resposta
à falta de critérios para definição do que, na verdade, constituía a boa prática no
manejo florestal, três conselhos internacionais, representando as preocupações
em nível comercial, social e ambiental, instituíram dez princípios e um rigoroso
conjunto de normas subsidiárias (AZEVEDO, 2002).

O segmento de florestas certificadas no Brasil emergiu no final dos anos 90.


Primeiro, a preocupação do consumidor em relação aos impactos ambientais da
produção de celulose e papel estimulou as mudanças técnicas na indústria global
(IIED, 1996). Em segundo lugar, as grandes corporações deveriam responder aos
questionamentos da sociedade quanto ao desenvolvimento sustentável do
80

planeta – o que as levaria a aumentar sua percepção de que este representa uma
convenção de mercado, influenciando os parâmetros da competição num
mercado globalizado. Para ter uma participação efetiva no mercado nesse
contexto globalizado, as indústrias deveriam buscar opções tecnológicas mais
amenas, assim como procurar meios para reforçar relações de benefício mútuo
com as comunidades vizinhas (VINHA, 2000).

Finalmente, o setor de produtos madeireiros admite, agora, que deve se esforçar


para que sua imagem de sustentabilidade seja refletida em mudanças tangíveis
da tecnologia de produção e, particularmente, do manejo florestal sustentável, e
que o único caminho para divulgar tal mudança, promovendo a confiança do
consumidor, é através de auditorias e certificações externas e independentes.
Inicialmente, as corporações adotaram as normas de gestão ambiental ISO 14000
e, mais tarde, os padrões de certificação de manejo de plantações florestais e
cadeias de custódia do Forest Stewardship Council (FSC).

O processo de conversão para o manejo florestal sustentável pode gerar


benefícios extras a empresas que adotam a conversão, mesmo com o aumento
inicial dos custos a ela associados. Estudos comparativos recentes das práticas
de exploração por meio de técnicas convencionais e do manejo sustentável,
resumidos por May e Veiga (2000), mostram evidências nessa direção.

Além dos retornos positivos financeiros obtidos com o manejo sustentável da


floresta, a certificação, conforme as normas do FSC, requer o cumprimento às
exigências legais e esforços para garantir às comunidades afetadas os benefícios
por hospedar o empreendimento. Embora o cumprimento dessas normas implique
aumento de custos e possa exigir uma mudança na cultura corporativa e nas
relações comunitárias, essas normas são de igual peso no processo de
certificação quanto são aquelas relativas às práticas de manejo.

Não obstante, os resíduos sólidos gerados na indústria moveleira têm uma


importância estratégica na geração de energia termoelétrica através da queima
desses resíduos.
81

3.4 A gestão dos resíduos da indústria moveleira

As indústrias de base florestal geram grandes quantidades de resíduos no


processo produtivo. Porém, o aumento progressivo da quantidade de madeira
desdobrada tem revelado o problema da disponibilização de quantidades ainda
maiores de resíduos, que muitas vezes não têm utilização na indústria onde foram
gerados. Além disso, as micro e pequenas empresas muitas vezes estão
localizadas em regiões longínquas, com pouca infra-estrutura (energia, estrada),
seus trabalhadores têm baixa qualificação profissional e elas não possuem
recursos tecnológicos de produção capazes de reduzir os altos índices de
desperdício observados nesse setor.

Estimativas grosseiras da quantidade de resíduos disponíveis podem ser feitas


através das áreas florestais produtivas, da sua produção primária e do grau de
rendimento. Nos resíduos das diferentes indústrias madeireiras, a disponibilidade
pode ser determinada diretamente das estatísticas disponíveis ou da relação input
matéria-prima output produtos (PATZAK, 1977).

As indústrias primárias transformam as toras em tábuas, lâminas, caibros, vigas,


etc. As indústrias secundárias incluem empresas que manufaturam produtos
acabados de tábuas ou lâminas produzidas pela indústria primária. Como
exemplo, podem-se citar móveis; divisórias de escritórios; produtos
manufaturados para o comércio, como janelas, portas, armários, pisos, cercas;
pallets; produtos para construção, etc. Essas empresas podem dar acabamento
ao produto final, como também serrar ou redimensionar a madeira serrada. A
quantidade de resíduos de madeira produzida varia muito com o tipo de atividade,
os quais podem ser pequenos ou grandes, incluindo partículas, serragem, refilos,
destopos e uma combinação destes.

Na cadeia produtiva da madeira há dificuldade de obter informações que


permitam uma análise e considerações sobre a problemática da reciclagem de
resíduos sólidos oriundos das empresas que processam a madeira para a
produção de bens de consumo e/ou insumos industriais, em parte devido à
grande dispersão da indústria da madeira por todo o território nacional, em parte
82

pela forma amadorística de gerenciamento, baseado exclusivamente no ambiente


familiar.

As empresas que atuam na cadeia da madeira em geral são grandes geradoras


de resíduos sólidos de madeira (serragem, cavaco, cascas, aparas, etc.). São em
grande número micro e pequenas empresas, possuem administração familiar,
utilizam muita mão-de-obra com baixa qualificação, possuem tecnologias de
produção obsoletas, apresentam elevados índices de acidentes de trabalho e
normalmente têm origem na cultura extrativista em relação à matéria-prima que
processam.

Os resíduos sólidos são passivos ambientais que podem inviabilizar a


continuidade e a evolução das indústrias do setor. O desafio que está sendo
considerado como problema neste estudo é a falta de gerenciamento dos
resíduos sólidos gerados na cadeia produtiva da madeira e a má destinação ou
aproveitamento desses resíduos. Atualmente recorre-se ao descarte desse
material em lixões, o que leva à produção de gases tóxicos e altamente
explosivos e à diminuição da capacidade de armazenamento desses locais.

Como exemplo pode-se citar o caso da indústria de painéis sarrafeados. Ecker et


al. (2003) encontraram 43,75% de rendimento no processo produtivo, partindo de
sarrafos verdes até o painel acabado. Assim, fica clara a necessidade da
caracterização do processo produtivo para o melhor aproveitamento da matéria-
prima e a produção de produtos de melhor qualidade.

Apesar disso, o setor vem absorvendo tecnologias. Santa Rita (2003), ao analisar
as características estruturais do complexo industrial, ressalta que, de forma
similar a outras indústrias, a cadeia produtiva da madeira tem passado por
transformações em seus processos produtivos, refletidos em suas técnicas de
organização industrial e em equipamentos microeletrônicos. Utilizando como
matéria-prima principal em seus produtos a madeira maciça ou chapas de
madeira reconstituída, a indústria moveleira depara-se, em seus processos
produtivos, com volumes cumulativos de resíduos que causam impactos
ambientais significativos.
83

Para o melhor entendimento da geração de resíduos na cadeia produtiva da


madeira, é necessário compreender sinteticamente as fases do processo
produtivo da madeira.

Na indústria primária, o processamento da madeira caracteriza-se pela utilização


da madeira bruta (toras) e pela aplicação de processos mecânicos para o seu
desdobramento.

Na primeira fase do desdobramento mecânico da madeira, as laminadoras


transformam a madeira bruta em lâminas de madeira torneadas ou faqueadas,
que serão usadas na fabricação de painéis compensados ou de painéis
reconstituídos, como os painéis de aglomerado e MDF. Ainda nesse estágio de
processamento, as serrarias têm como produtos mais característicos: semiblocos,
blocos, pranchões, vigas, vigotes, caibros, tábuas, sarrafos e ripas.

Numa segunda fase do processamento mecânico da madeira destaca-se a


transformação das peças obtidas na serraria em peças de dimensões menores. O
compensado, um dos principais produtos obtidos nessa fase da industrialização, é
um painel fabricado através de lâminas coladas transversalmente em número
ímpar de camadas, classificadas de acordo com as suas características de
fabricação e utilização e o tipo de adesivo empregado. Outro tipo de painel é
aquele denominado painel reconstituído, em que a madeira bruta é triturada,
transformando-se em cavacos, que, impregnados de resinas sintéticas, formam o
aglomerado, o MDF e o OSB.

A geração de resíduos é conseqüência direta da transformação da madeira


maciça ou painéis de madeira reconstituída. De acordo com suas características
morfológicas podem-se classificar os resíduos como cavacos (partículas com
dimensões máximas de 50 X 20 mm, em geral provenientes do uso de picadores),
maravalha (resíduo com mais de 2,5 mm), serragem (partículas de madeira
provenientes do uso de serras, com dimensões entre 0,5 a 2,5 mm) e, por fim, o
pó (resíduos menores que 0,5 mm). Considerando-se as três principais etapas de
processamento mecânico da madeira, são gerados subprodutos com variadas
aplicações comerciais (IBQP, 2002).
84

Os resíduos de madeira podem ser utilizados tanto na confecção de material


combustível, na agricultura, na geração de energia elétrica em termoelétricas, e
principalmente na indústria de painéis reconstituídos (IBQP, 2002).

A indústria moveleira brasileira é geradora de grandes volumes de subprodutos


de madeira e nesse sentido vende resíduos de madeira, pratica algum sistema de
classificação de resíduos (serragem, cavacos e maravalha), estima a quantidade
de resíduos gerados e usa vários tipos de armazenamento (cavaco e serragem
verde/pátio, maravalha e serragem seco/silos). O destino final dos resíduos é
duplo: a) biomassa interna/vapor; b) vendidos para empresas de painéis
reconstituídos para serem usados como biomassa, para a produção de
aglomerado e MDF. O custo de transporte dos resíduos de madeira para sua
disposição final é elevado, caso seja usado para a geração de energia térmica, e
baixo quando utilizado como matéria-prima (IBQP, 2002).

Ao analisar a cadeia produtiva da madeira e o aproveitamento de resíduos,


Huebin (2000) conclui que somente a região Sul gerou, no ano de 1990, cerca de
2,1 milhões de m3, enquanto a produção de produtos sólidos de madeira foi de 4,6
milhões de m3. As perdas e a geração de resíduos são de quase 50% do total da
cadeia produtiva da madeira, causadas tanto pela baixa qualidade da matéria
quanto pela falta de conhecimento básico das propriedades físicas, mecânicas e
organolépticas da madeira, e também pela aplicação de tecnologias inadequadas
para o seu processamento.

Uma das maneiras de reduzir o impacto ambiental provocado pelos resíduos de


madeira é o empresário identificar uma aplicação para esse resíduo na forma de
matéria-prima para a indústria de reaproveitamento.

Segundo Cline (1992), cada tipo de resíduo de madeira poderá ser reutilizado
pela indústria do reaproveitamento de forma especifica. Os resíduos de madeira
podem ter diversas aplicações desde que sejam observadas suas características
e a viabilidade econômica e socioambiental do destino adotado.

Para melhor análise das alternativas possíveis de destinação dos resíduos de


madeira, deve ser feita preliminarmente a caracterização dos resíduos, mediante
a quantificação e considerações sobre o armazenamento e destino dos resíduos.
85

As alternativas possíveis para a destinação dos resíduos de madeira são: a


compostagem; o uso como resíduo estruturante; a produção de energia; o uso
como lenha e carvão vegetal; a produção de materiais diversos e a produção de
painéis (aglomerados, MDF, OSB e outros), ou ainda a produção de briquetes.

3.5 A gestão de saúde e segurança do trabalho nas MPE moveleiras

O princípio básico de um sistema de gestão, sob aspectos normativos, envolve a


necessidade de determinados parâmetros de avaliação que incorporam não só os
aspectos operacionais, mas também a política, o gerenciamento e o
comprometimento da alta administração com o processo de mudança e melhoria
contínua das condições de saúde e segurança no ambiente de trabalho
(AGÊNCIA EUROPÉIA PARA A SEGURANÇA E A SAÚDE NO TRABALHO:
FACTS 42, 2004). Esse aspecto é de fundamental importância, pois, na maioria
das vezes, essas melhorias exigem, além do comprometimento corporativo, altos
investimentos que necessitam planejamento no curto, médio e longo prazo para a
sua execução.

Poder-se-ia chamar tal atitude de Responsabilidade Social da Empresa, tirando o


peso da responsabilidade de cima dos Serviços Especializados em Engenharia de
Segurança e em Medicina do Trabalho e distribuindo-o por toda a administração
da empresa. Cabe à administração identificar os riscos e orientar os
trabalhadores, assim como atitudes pró-ativas devem ser tomadas no sentido de
se dar o exemplo a ser seguido dentro da organização.

Acompanhar o desempenho das ações estabelecidas pelos programas de saúde


e segurança constitui um dos aspectos mais importantes do ponto de vista
administrativo.

Um sistema de gestão de saúde e segurança deve permitir o uso de ferramentas


de segurança capazes de interagir com o meio ambiente, recebendo parâmetros
de entrada e devolvendo saídas como resposta à empresa (FACTS 42, 2004).

Segundo Chiavenato (1999), sistema pode ser conceituado como um conjunto de


elementos interligados para formar um todo com características próprias que não
são encontradas em nenhum dos elementos isolados. Segundo Motta (1995), um
86

sistema aberto é um conjunto de elementos que troca informações com o meio


ambiente, recebendo parâmetros de entrada, promovendo o processamento
desses parâmetros e devolvendo ao ambiente o resultado de saída.

Os riscos físicos, químicos e biológicos podem ser identificados pela inspeção


sistemática e metódica do ambiente de trabalho.

É difícil executar uma única inspeção em uma empresa onde a produção


normalmente se encontra dividida em muitas áreas ou departamentos e com
funcionários realizando diversas tarefas no decorrer do período laboral, seja por
falta de mão-de-obra, seja como forma de conter custos num primeiro momento.
No entanto, o que se encontra, na realidade, são trabalhadores sem nenhuma
experiência colocados na linha de produção com todos os riscos inerentes a ela e
sem nenhum treinamento em especial. Independentemente do tamanho da
empresa, é difícil se lembrar de todos os detalhes a serem observados, e aí
ocorre a falha da inspeção ao local de trabalho para levantamento dos riscos
ambientais, que é uma atividade dinâmica e não estática como muitos acreditam
ser.

Para o acompanhamento do programa de segurança é necessário definir os


indicadores e a forma de acompanhar a evolução de cada um deles, assim como
divulgar para todos os colaboradores da empresa não só a metodologia de
acompanhamento, mas também os resultados alcançados.

O Programa de Prevenção de Riscos Ambientais deve estar articulado com todos


as Normas Regulamentadoras (Portaria 3214/78) e principalmente com o
Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (NR-7), com o Programa de
Ergonomia (NR-17), com a CIPA (NR-5), com o Programa de Prevenção de Perda
Auditiva (NR-7) e com o Programa de Prevenção de Perdas Respiratórias (NR-7).

Em Recomendações para a Organização da Segurança no Trabalho, da Industry


Cooperation on Standards and Conformity (ICSCA), preservar a saúde e a
segurança no local de trabalho é um dever fundamental de todas as organizações
e de seus funcionários – objetivo comum que é atingido mais facilmente se as
organizações estabelecerem critérios de enfoque para a identificação de perigos e
para avaliação e controle de riscos relativos ao trabalho. O enfoque mais eficaz é
87

aquele em que a organização atribui à obtenção de padrões elevados de gestão


de saúde e segurança no trabalho a mesma importância dada a outros aspectos
chaves do seu ramo de atividade. Muitas características de uma gestão eficiente
de saúde e segurança no trabalho são idênticas às práticas utilizadas para obter
qualidade e excelência empresarial. A incorporação desses aspectos no sistema
de gestão global é fundamental para: minimizar os riscos para funcionários e
outros; melhorar o desempenho empresarial e ajudar a estabelecer no mercado a
imagem de organização responsável.

Os elementos de enfoque na área de liderança e comprometimento claro da alta


gerência, feitos de forma ativa, visível, direta e consistente, são fundamentais
para o êxito da gestão de saúde e segurança no trabalho. Algumas das funções
da alta gerência são a definição da política, a aprovação de objetivos, o
fornecimento de recursos e a avaliação periódica de desempenho. É de particular
importância a revisão gerencial para avaliar regularmente o desempenho da
saúde e segurança, a adequação e eficácia das medidas na gestão de saúde e
segurança e para identificar possibilidades de melhorias. A alta gerência é
diretamente responsável pelo estabelecimento de um local de trabalho seguro e
por incentivar a preocupação com a segurança. Ela deve estabelecer ainda uma
política em que estejam presentes o comprometimento com a prevenção e a
redução de lesões e danos à saúde no trabalho, a adequação aos requisitos
legais, o reconhecimento da saúde e segurança como parte do desempenho das
atividades e a melhoria de desempenho constante. Essa política deve ser
comunicada a todos os empregados e ser implementada através de medidas
adequadas (OLIVEIRA, 2005).

As responsabilidades, autoridades e atribuições para a implementação das


medidas de gestão de saúde e segurança devem ser claramente definidas,
documentadas e comunicadas a todos os membros da organização. Embora as
funções de saúde e segurança possam e devam ser delegadas, a alta gerência é
a principal responsável pela saúde e segurança. É necessário definir as
responsabilidades dos funcionários em relação à sua própria segurança e à dos
companheiros de trabalho, em um contexto de medidas em que os funcionários
tenham recursos, ferramentas, treinamento, capacidade e oportunidade para
trabalhar de forma segura.
88

A organização deve tomar medidas eficientes para permitir a comunicação entre


todos os níveis e funções, em relação à saúde e segurança no trabalho, e
também permitir, quando necessário, o envolvimento dos funcionários e a
consulta aos mesmos. Os funcionários devem ter papéis adequados na
concepção e implementação dos programas de saúde e segurança, pois são eles
os atores diretamente ligados ao processo produtivo (OLIVEIRA, 2005).

Na área do planejamento, a organização deve implementar um procedimento para


análise de riscos que permita identificar os perigos relacionados ao processo ou
ao local de trabalho, que representem riscos potenciais ou reais de lesões ou
danos à saúde, lembrando sempre que os riscos extrapolam o ambiente de
trabalho e alcançam o meio extramuros (WALDVOGEL, 2002). Os perigos e
riscos devem ser priorizados para que possam ser gerenciados e controlados de
forma planejada. Na avaliação devem ser incluídos os riscos aos visitantes e ao
público, as emergências e o impacto do trabalho de subcontratadas, embora
estas devam ser responsáveis pela segurança de seus próprios funcionários;
porém existe a responsabilidade solidária entre contratante e contratada. Também
devem ser tomadas medidas no sentido de obter recomendações e serviços de
especialistas que sejam relevantes ao ramo de atividade da organização. O
primeiro objetivo no controle dos perigos/riscos identificados nas avaliações deve
ser a eliminação dos mesmos já na fase de planejamento (NR-7 e NR-9). A
utilização da hierarquia de controles na fase de planejamento resultará em
redução do risco no local de trabalho. O objetivo é que seja evitada a introdução
de novos perigos no ambiente de trabalho a partir da definição de requisitos e do
trabalho coordenado com fornecedores. Treinamentos, avisos e equipamentos de
proteção são a primeira opção e devem servir para controlar o risco ambiental
como um todo (NR-09). A organização deve tomar medidas eficazes para garantir
a identificação e utilização dos atuais requisitos legais, contratuais e outros,
relativos à saúde e segurança no trabalho (OLIVEIRA, 2005). Os requisitos
devem ser transformados em instruções práticas, permitindo que o pessoal
envolvido possa avaliar a importância do cumprimento das mesmas (OLIVEIRA,
2005). Devem ainda ser estabelecidas metas de saúde e segurança no trabalho
que possam ser quantificadas de forma a permitir o controle, a redução e, se
possível, a eliminação dos perigos e riscos no local de trabalho. É necessário
89

identificar e monitorar os indicadores-chaves de desempenho para cada objetivo.


Os objetivos devem servir para implementar os comprometimentos da política da
empresa, devem ser factíveis e levar em consideração outros objetivos
empresariais.

De acordo com as NR-07 e NR-09, para a implementação dos programas de


saúde e segurança, a organização deve desenvolver e implementar programas
que descrevam como, quando e por quem devem ser atingidos os objetivos.
Devem ser incluídos programas adequados para controlar e eliminar os riscos no
local de trabalho. Uma liderança pró-ativa irá promover uma cultura de saúde e
segurança eficiente. As mudanças no ambiente de trabalho devem ser projetadas
e implementadas para reduzir ou eliminar os perigos existentes e evitar o
aparecimento de novos perigos no local de trabalho.

A empresa deve avaliar as subcontratadas em relação ao desempenho, ao


treinamento e à competência nas áreas de saúde e segurança. Sempre que
possível, devem ser tomadas medidas em relação à coordenação dos locais de
trabalho compartilhados com empresas subcontratadas (OLIVEIRA, 2005). A
implementação dessas medidas não deve alterar a relação legal entre a
organização e as subcontratadas, que devem tentar criar e implementar medidas
consistentes com essas diretrizes, voltadas à saúde e segurança de seus
funcionários e daqueles que com eles convivem no local de trabalho. Os
requisitos de saúde e segurança devem ser incorporados aos procedimentos para
aquisição de bens e serviços, visando controlar a introdução de novos perigos no
local de trabalho, e ainda devem ser incluídos nos contratos relativos a máquinas,
equipamentos, instalações e subcontratadas (OLIVEIRA, 2005). A implementação
de procedimentos para identificar casos de emergência e responder aos mesmos
deve ser pensada. A eficácia dos procedimentos deve ser testada e avaliada
periodicamente.

As instruções de trabalho devem ser claras o suficiente para identificar os perigos


associados a operações, atividades e serviços do local de trabalho. Devem-se
implementar medidas para controlar as atividades identificadas na avaliação de
riscos e perigos, de forma a atingir os objetivos da organização e evitar lesões e
90

danos à saúde. É preferível que as medidas sejam incorporadas em outros


procedimentos, instruções de trabalho e protocolos de ação (OLIVEIRA, 2005).

Todos os funcionários devem ser competentes, treinados e equipados para


realizar as ações sob sua responsabilidade e para implementar as políticas e os
procedimentos relativos à saúde e à segurança no trabalho. O treinamento
mínimo é aquele exigido por lei e não deve ser ministrado apenas por esse
motivo. Deve, sim, ser criada uma cultura de treinamento regular que envolva
todos os níveis da organização e que traga práticas bem-sucedidas de prevenção
em saúde no trabalho. Todos os funcionários devem receber informações
adequadas em relação aos respectivos ambientes de trabalho e ser regularmente
conscientizados dos perigos associados à sua atividade. Também devem receber
instruções, principalmente antes do início do trabalho, sobre como realizar as
tarefas com segurança, dentro dos limites legais, como prevenir e evitar acidentes
e como reagir em casos de emergência. Nesse contexto estão incluídos
empregados de todos os níveis, inclusive supervisores e gerentes.

A verificação de melhoria contínua deve ser feita com indicadores objetivos para
medir regularmente o desempenho da saúde e segurança em relação aos
objetivos (OLIVEIRA, 2005). Quando forem observadas não-conformidades,
devem ser adotadas ações corretivas para reduzir as conseqüências das mesmas
e a possibilidade de que voltem a ocorrer. Sempre que possível devem ser feitas
análises para determinar as causas da não-conformidade. Devem ser feitas
previsões para a melhoria contínua das medidas de saúde e segurança com base
em lições aprendidas, no benchmarking e em novas tecnologias (OLIVEIRA,
2005). A investigação de lesões, doenças e situações de quase perda deve ser
feita por uma equipe multidisciplinar competente, assim como deve guiar a futura
redução de riscos e servir de base para a melhoria contínua da saúde e da
segurança.

A organização deve criar e manter registros para demonstrar que foram


implementadas as medidas para a gestão da saúde e da segurança no trabalho,
inclusive com documentação de desempenho. É necessário criar e manter
registros para fins legais (PORTARIA 3214/78).
91

Segundo Sherique (2002), os esforços de prevenção de acidentes e doenças


ocupacionais no Brasil têm evoluído de forma significativa, movidos em parte por
fatores endógenos fundados no fortalecimento das instituições nacionais, da
regulamentação e das práticas de gerência e de diálogo social, mas movidos
também por tendências e fatores externos que merecem aqui uma breve reflexão.

O panorama mundial de segurança e saúde no trabalho (SST) é chocante. Em


1999, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) estimou cifras anuais de
mais de 250 milhões de acidentes de trabalho, 350 mil acidentes fatais e 1,1
milhões de mortes por acidentes e doenças ocupacionais. Cerca de 1000
pessoas, por dia, não voltavam vivas do trabalho. A OIT estimou ainda entre 10 e
100 incidentes por cada acidente de trabalho e 750 a 1000 acidentes por cada
fatalidade.

Esse quadro mundial cobre, porém, uma enorme disparidade entre os países.
Coeficientes nacionais de morte ocupacional em alguns países em
desenvolvimento são 20, 30 vezes maiores do que em alguns países
industrializados. Essa disparidade é incompatível com as expectativas da
globalização, em particular, com o aumento recente da mobilidade internacional
das empresas e de consórcios entre empresas de países industrializados e em
desenvolvimento, que transferem para os países em desenvolvimento a sua
produção suja, ou seja, a parte ruim da operação industrial, confiantes em que as
legislações locais não são tão eficientes para a fiscalização dos ambientes de
trabalho. Nos países de origem ficam apenas as produções mais limpas, menos
agressivas ao ser humano e ao meio ambiente.

Contudo, diversas iniciativas internacionais, nacionais, regionais e empresariais


vêm surgindo para melhorar o quadro de segurança e saúde ocupacional no
mundo e reduzir a disparidade entre países.

A OIT, por sua única estrutura tripartite e seu singular papel normativo, tem feito
esforços importantes através de convenções e recomendações, de códigos de
práticas e sistemas de informações apoiadas numa rede de entidades nacionais,
de muitas publicações e da cooperação técnica envolvendo diversas entidades
nacionais e algumas internacionais, em particular, a Agência Internacional de
92

Seguridade Social (AISS) e a Organização Mundial de Saúde (OMS). O repertório


de diretrizes de Sistemas de Gestão de Segurança e Saúde no Trabalho (SG-SST
2001) oferece uma base flexível para iniciativas de caráter tripartite em nível
nacional. Os instrumentos normativos e de cooperação técnica da OIT estão
sendo, todavia, suplementados e fortalecidos pela atuação importante de outras
instituições internacionais, tais como a Organização Internacional para a
Padronização (ISO) e a Social Accountability Internacional (SAI).

Em 29 de dezembro de 1994, o Ministério do Trabalho aprovou o novo texto da


NR-9. E, em 15 de fevereiro de 1995, o texto legal foi publicado no Diário Oficial
da União, estabelecendo a obrigatoriedade de elaboração e implementação do
Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA – por parte de todos os
empregadores e instituições que admitam trabalhadores como empregados.

O PPRA do estabelecimento deve estar descrito em um documento base,


contendo os aspectos estruturais do programa, a estratégia e a metodologia de
ação, a forma de registro, a manutenção e a divulgação dos dados, a
periodicidade e a forma de avaliação do desenvolvimento do programa, bem
como o planejamento anual com o estabelecimento das metas a serem cumpridas
e com os prazos para sua implantação conforme cronograma preestabelecido
(NR-09).

O estudo, o conhecimento e a aplicação desses programas estão diretamente


relacionados aos sistemas de gestão que ora estão se tornando freqüentes nas
empresas modernas de todo o País. No entanto, o grande problema dos
acidentes de trabalho encontra-se nas micro e pequenas empresas, que, sem
condições de financiar a produção, de comprar máquinas melhores e de investir
na saúde do trabalho, vão se tornando ao longo do tempo deficitárias, acumulam
enorme passivo trabalhista, deixando para trás um rastro de agressões e
violências sobre o trabalhador, que, em última instância, acaba se aportando na
Previdência Social, que, sem uma estrutura apta para receber esses lesionados,
os mantêm por longos períodos sem nenhuma esperança de reabilitação ou
readaptação profissional, recebendo auxílio doença na maioria da vezes, pois as
empresas ou não reconhecem o acidente de trabalho ou simplesmente o ignoram,
apostando na impunidade reinante no País. Muitas vezes, este trabalhador
93

vitimado por acidente de trabalho se vê obrigado a processar a empresa e


aguardar a boa vontade da Justiça do Trabalho por longo tempo. Nesse intervalo,
porém, acaba falecendo, e somente após anos de luta é que a família consegue
algum amparo via judicial.

O modelo atual de PPRA define como foco central das atenções dos profissionais
que o realizam os riscos ambientais existentes ou que venham a existir no
ambiente de trabalho. Essa mudança na forma de avaliação e de modelo de
prevenção dos riscos é que possibilitará às empresas a implantação de um
sistema de gestão voltado para a segurança e saúde do trabalhador, já que esses
sistemas utilizam programas e ferramentas de prevenção para a busca da
melhoria contínua dos ambientes de trabalho. Segundo Oliveira (1999), a
aplicação do ciclo PDCA, em todas as suas fases, e o conseqüente realinhamento
das atividades de segurança e saúde do trabalhador necessitam das premissas
de que gerenciar é um procedimento complexo, afeto à mente, distante do ato de
“fazer”, e o conhecimento aprofundado do processo é o ponto de partida para
qualquer incursão no terreno gerencial. Não é fácil substituir o comportamento de
um adulto que vinha executando uma tarefa da mesma forma há anos e anos por
um outro considerado mais técnico e científico. Por outro lado, a participação dos
trabalhadores, seja na identificação de riscos, seja na discussão de medidas de
controle, é decisiva na aplicação do método PDCA (Planejar, Desenvolver,
Checar, Auditar).
94

Definir novas
metas Qual é o objetivo ?

Definir Metas e
Definir ação Meios
corretiva
A P

Analisar os C D Comunicar/Treinar os
envolvidos
desvios

Comparar Executar conforme


resultados com as planejado
metas

Figura 1: Ciclo PDCA


Fonte: Hortensius et al, 2004.

O trabalhador poderá não saber, com precisão, as causas fundamentais de um


problema de segurança relacionado ao seu trabalho, mas é ele quem sofre os
efeitos deletérios do mesmo. Daí a necessidade de ouvi-lo. Ouvi-lo e não
responsabilizá-lo pelo que há de errado na organização e nos métodos de
trabalho. Isso é tarefa do empregador e/ou de seus prepostos.

Ainda segundo Oliveira (1999), as Razões que contribuem para a Criação e


Manutenção de um Problema-Risco são várias. Entre elas podem ser citadas: as
pessoas envolvidas com o risco não tinham a real percepção da existência do
mesmo. Não sabiam que aquela situação presente constituía risco potencial à
integridade física e/ou mental dos trabalhadores ou ainda ao patrimônio da
empresa. A evolução e a maturidade de um programa de segurança do trabalho
numa empresa percorrem quatro estágios distintos, a saber, conforme Oliveira
(2005):
95

ƒ Quando a empresa atua nas conseqüências. Apareceu um problema, corrige;


apareceu outro, corrige; porém não se preocupa com o aspecto preventivo
(administração por crise).

ƒ Quando a atribuição de fazer segurança fica a cargo exclusivamente do


Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do
Trabalho da empresa. Nesse estágio, todas as atividades afetas à segurança
e à saúde dos trabalhadores são de total responsabilidade do serviço de
segurança e saúde. Não fazem parte das atividades correntes do negócio, são
tratadas em separado e por um organismo específico.

ƒ A terceira fase instala-se quando as questões de segurança e saúde do


trabalhador passam a ser entendidas como parte integrante dos processos e
métodos de trabalho, conseqüentemente incorporadas às atribuições dos
gerentes, aos quais cabe a responsabilidade de conduzir o processo e
responder por ele.

ƒ Nas empresas situadas na 4ª fase, tudo o que diz respeito à segurança/saúde


dos trabalhadores passa a ser parte integrante do seu núcleo central de
negócios. Nesse momento não há mais discussões em separado sobre o tema
– que merece a mesma atenção que as demais tarefas e atividades na
organização – elas passam a ser conduzidas por todos que trabalham na
organização, evidentemente que por decisão da alta direção da empresa.

O bom desempenho da saúde e segurança não é casual. As organizações devem


dispensar a mesma importância à obtenção de altos padrões de gerenciamento
de saúde e segurança como o fazem em relação a outros aspectos chaves de
suas atividades empresariais. Isso requer a adoção de uma abordagem
estruturada para a identificação, avaliação e controle dos riscos relacionados com
o trabalho.

O sistema de gerenciamento de saúde e segurança deve ser concebido para


acomodar ou adaptar-se aos fatores internos e externos e, principalmente devem
ser concebidos para as micro e pequenas empresas em especial. O levantamento
periódico da situação também proporciona uma oportunidade de realizar
previsões.
96

4. MATERIAL E MÉTODO

4.1 Delineamento do estudo

Em relação aos seus objetivos gerais, esta pesquisa poderia ser classificada
como descritiva, na medida em que focaliza as características de um determinado
grupo em termos socioeconômico, demográfico e epidemiológico. Todavia, como
ela vai além da simples análise de relações entre variáveis, buscando determinar
a natureza dessas relações, tem-se aqui um caso particular, no qual a pesquisa
descritiva se aproxima da explicativa, ou seja, na medida em que busca identificar
os “fatores que determinam ou contribuem para a ocorrência dos fenômenos”
(GIL, 1999, p. 42). Ademais, bifurca-se em duas dimensões: uma teórica, outra
prática (VERGARA, 2000). De dimensão teórica porque considera as nuances
interdisciplinares na compreensão dos determinantes dos acidentes de trabalho
nas PME, ou seja, atém-se a especificidades que se remetem a questões de
cunho mais epistemológico. De dimensão aplicada porque busca gerar subsídios
à melhoria dos sistemas de gestão em saúde ocupacional que resultem em ações
preventivas mais efetivas em termos de eficiência e eficácia, concretamente
direcionadas ao setor moveleiro do País.

Quanto ao delineamento da pesquisa, tem-se aqui uma sorte de levantamento


detalhado que seria mais bem caracterizado como estudo de caso – i. é, voltado
para o setor moveleiro –, que inclui elementos do estudo de campo, onde se
busca uma análise exaustiva e aprofundada de um problema concreto, “de
maneira a permitir o seu conhecimento amplo e detalhado, tarefa praticamente
impossível mediante os outros tipos de delineamentos considerados” (GIL, 1999,
p. 72-73). Ainda segundo o autor, embora apresente problemas e mesmo limites
intrínsecos, o estudo de caso, cada vez mais presente entre os pesquisadores
sociais, se prestaria também a diferentes propósitos, como:

“a) explorar situações da vida real cujos limites não estão claramente definidos;

b) descrever a situação do contexto em que está sendo feito determinada investigação;

c) explicar as variáveis causais de determinado fenômeno em situações muito complexas


que não possibilitam utilização de levantamentos e experimentos” (GIL, 1999, p. 73).
97

Importante é destacar que essa estratégia constitui em importante antídoto ao


risco de se cair na armadilha do inadequado indutivismo, embora se espere que o
presente estudo possa gerar importantes subsídios à compreensão e,
especialmente, às intervenções em situações concretas específicas e imediatas.

Em outras palavras, o presente estudo suporta-se em pesquisa sistemática


quantitativa de âmbito nacional do tipo ex-post-facto, porém envolvendo
levantamentos sistemáticos geograficamente localizados, através de estudos de
campo sobre casos específicos e remetidos a diferentes ramos da atividade
industrial, ou seja, em segmentos produtivos consoante áreas socioespaciais
previamente selecionadas.

A pesquisa de fundo na qual se apóia este estudo denomina-se “Acidentes do


trabalho em pequenas e micro empresas industriais nos ramos moveleiro,
calçadista e de confecções”, que, envolvendo ação cooperativa entre a
FUNDACENTRO e o SESI, e recursos financeiros da própria FUNDACENTRO e
do SEBRAE, tem a sua execução direta coordenada pela FUNDACENTRO,
através de seu Subprograma Nacional de Melhoria das Informações Estatísticas
sobre Doenças e Acidentes do Trabalho (PRODAT). Já tendo encerrado todos os
levantamentos relativos ao ramo moveleiro nos Estados de Minas Gerais, Paraná,
Santa Catarina e Rio Grande do Sul, a pesquisa ainda se encontra em
andamento, na fase de realização de levantamentos complementares em relação
aos ramos calçadista e de confecções.

Em si, a pesquisa, envolvendo a busca ativa, tem ainda característica de


pesquisa documental, na qual a coleta de dados é feita através da transcrição
padronizada de informações de arquivos para um formulário específico e já
devidamente testado em outros levantamentos de dados pela FUNDACENTRO e
a Fundação SEADE. Por outro lado, na abordagem como estudo de caso, foi
realizada uma pesquisa empírica de caráter qualitativo sobre os acidentes de
trabalho e o seu contexto real – procedimentos que, na busca da explicação do
fenômeno acidente de trabalho via análise de um conjunto de variáveis,
possibilitam, por outro lado, avançar na análise comparativa per si, ao
qualificarem o perfil, as tendências e as variações dos acidentes de trabalho em
diferentes contextos dos ramos de atividades selecionados.
98

Enfim, essa pesquisa pressupõe a busca ativa de informações como forma de


apreensão dos fatos e das variáveis investigadas, exatamente onde, quando e
como ocorreram. Os dados foram coletados de forma sistematizada, padronizada,
e organizados em banco de dados construídos para esse fim. O tipo de técnica de
coleta de dados utilizado poderia ser igualmente caracterizado como de
observação direta extensiva, realizada por meio do preenchimento de formulários,
o que pressupõe trabalhar com o universo total da população acidentes de
trabalho de acordo com os critérios amostrais selecionados. Com isso, foi
possível a obtenção direta do material sem intermediários. De acordo com Lima
(2004), o formulário é um instrumento de coleta de dados com o qual, sob a
orientação de um roteiro de questões, o pesquisador aborda, questiona e registra
dados obtidos através de contatos diretos.

4.2 Estratégias da pesquisa

Neste estudo utilizou-se como principal fonte de informação parte da base de


dados da pesquisa mais ampla iniciada em 2005, referida anteriormente. Todavia,
este estudo utilizou apenas os dados referentes aos acidentes de trabalho
ocorridos no setor moveleiro.

A metodologia empregada neste trabalho procurou seguir criteriosamente seis


passos:

4.2.1 Conceituação das MPE

O processo de escolha dos municípios que fizeram parte desta pesquisa contou
com a pesquisa exploratória como meio de conhecer e selecionar os casos mais
relevantes em termos de concentração das micro e pequenas empresas do setor
moveleiro nos estados e municípios brasileiros, através de registros da Relação
Anual de Informações Sociais (RAIS, 2003).

De acordo com o SIMPLES e a Lei 9.317/96, microempresa é a pessoa


jurídica/firma individual que possui receita bruta anual igual ou inferior a R$
244.000,00. E, de acordo com o art. 2º da Lei 9.841/99, empresa de pequeno
porte é a pessoa jurídica/firma individual que, não sendo classificada como
microempresa, possui receita bruta anual igual ou inferior a R$ 1.200.000,00.
99

Contudo, o IBGE e o SEBRAE classificam o porte das empresas pelo número de


pessoas ocupadas ou que trabalham nessas empresas. Desse modo, as
microempresas corresponderiam aos estabelecimentos com até 19 funcionários e
a pequena empresa seria aquela com o número de pessoas ocupadas
compreendido no estrato de 20 e 99 empregados.

Com base na definição acima, foram considerados, para fins deste trabalho, os
estabelecimentos com até 99 empregados, uma vez que o universo da pesquisa
se concentra nas micro e pequenas empresas.

Com base nos relatórios de 2003 da RAIS (Relação Anual de Informações


Sociais), do Ministério do Trabalho e Emprego, foram utilizadas as seguintes
variáveis no estudo exploratório para a identificação das micro e pequenas
empresas:

ƒ Geografia

Unidade da federação.

Município de localização do estabelecimento.

ƒ Estabelecimento

Faixa de tamanho do estabelecimento (TAMESTAB)

ƒ Setor

Grande setor de atividade econômica (IBGE), (GRSET IBGE)

Setor de atividade econômica (IBGE), (SET IBGE)

Subsetor de atividade econômica (IBGE), (SUBS IBGE)

Seção de atividade econômica (CNAE 95)

Grupo de atividade econômica (CNAE 95)

Divisão de atividade econômica (CNAE 95)

Classe de atividade econômica (CNAE 95)


100

4.2.2 Ramo de atividade

O setor de atividade de interesse – moveleiro – foi selecionado a partir dos


Grupos da Classificação Nacional da Atividade Econômica (95), e não pela
classificação por setor de atividade do IBGE, pois que esta classifica de forma
mais agregada as informações, não possibilitando, assim, uma escolha precisa
dos setores de interesse da pesquisa.

Um resumo das informações obtidas pela Classificação Nacional da Atividade


Econômica (95) pode ser observado a seguir:

Grupo 361 – Fabricação de artigos do mobiliário

3611-0 Fabricação de móveis com predominância de madeira

3612-9 Fabricação de móveis com predominância de metal

3613-7 Fabricação de móveis de outros materiais

3614-5 Fabricação de colchões

Foram selecionados também todos os trabalhadores terceirizados que estavam


trabalhando em empresas do ramo moveleiro, conforme a descrição do local de
trabalho, a descrição do acidente de trabalho, a descrição do local do acidente,
embora a classificação CNAE (95) seja para empresas do tipo serviços.

A seleção dessas empresas teve por base o cadastro nacional de pessoa jurídica
(CNPJ) inscrito na Comunicação de Acidente do Trabalho, no campo referente ao
CNPJ da empresa onde efetivamente ocorreu o acidente de trabalho.

4.2.3 Universo de estudo e abrangência geográfica

Todos os registros de acidentes do trabalho ocorridos nos pólos moveleiros de


Ubá (Minas Gerais), Arapongas e Maringá (Paraná), São Bento do Sul (Santa
Catarina) e Bento Gonçalves (Rio Grande do Sul) foram levantados no projeto de
pesquisa desenvolvido pela parceria FUNDACENTRO/SESI/SEBRAE, nas
Agências da Previdência Social que respondiam pelos atendimentos dos
101

segurados nas respectivas regiões descritas. A abrangência dessas agências da


não coincide com a abrangência geográfica dos pólos moveleiros.

O universo em estudo compreende os municípios participantes dos pólos


moveleiros nas respectivas regiões, e os acidentes do trabalho levantados foram
os relacionados à área de abrangência das respectivas Agências da Previdência
Social:

• Pólo moveleiro de Ubá (Agencia da Previdência Social de Ubá):


primeiro pólo moveleiro de Minas Gerais. Suas indústrias são, na maioria,
micro e pequenas empresas. Na microrregião de Ubá existem 310
indústrias entre micro, pequenas, médias e grandes empresas do setor,
que empregam aproximadamente 7.000 pessoas. As principais cidades
envolvidas no pólo moveleiro são: Guidoval, Piraúba, Rio Pomba, Rodeiro,
São Geraldo, Tocantins, Ubá e Visconde do Rio Branco.

• Pólo moveleiro de Arapongas (Agência da Previdência Social de


Arapongas): segundo pólo moveleiro mais importante do Brasil. É
composto pelos municípios: Apucarana, Arapongas, Califórnia, Cambé,
Cambira, Jandáia, Londrina, Manguari, Marialva, Maringá, Rolândia,
Sabaudia e Sarandi.

• Pólo moveleiro de São Bento do Sul (Agência da Previdência Social


de São Bento do Sul): composto pelos municípios: São Bento do Sul, Rio
Negrinho, Coronel Freitas, Pinhalzinho e São Lourenço do Oeste.

• Pólo moveleiro de Bento Gonçalves (Agência da Previdência Social de


Bento Gonçalves): composto pelos municípios: Bento Gonçalves, Caxias
do Sul, Restinga Seca, Santa Maria, Erechim, Lagoa Vermelha, Passo
Fundo, Canela, Flores da Cunha, Gramado.

4.2.4 Período de referência

A analise compreendeu o período entre 01 de janeiro de 2002 e 31 de dezembro


de 2004, e a coleta de dados se deu entre agosto de 2005 e dezembro de 2005.
102

4.2.5 Fonte e coleta dos dados

4.2.5.1 Principal fonte de informações

A principal fonte de informações para a realização deste projeto foi a base de


dados sobre acidentes de trabalho da pesquisa FUNDACENTRO/SESI/SEBRAE,
que contém registros dos acidentes de trabalho ocorridos entre a população
cadastrada na Previdência Social, nos pólos moveleiros de Ubá, Arapongas e
Maringá, São Bento do Sul e Bento Gonçalves.

As informações contidas nessa base de dados foram transcritas principalmente da


Comunicação de Acidente do Trabalho e de outros documentos que pudessem
acompanhar os respectivos processos, como boletim de ocorrência e atestado de
óbito.

Ao se considerarem outros documentos anexados ao processo, não apenas a


CAT, tentou-se assegurar o preenchimento de todos os campos existentes no
formulário de coleta de dados (ANEXO A) e padronizar as informações que, uma
vez obtidas por meio de registros oficiais, costumam não seguir nenhuma
padronização (PEREIRA, 1995).

4.2.5.2 Outras fontes de dados utilizadas

O presente estudo também utilizou outras fontes de informações quantitativas,


como:

¾ Relação Anual de Informações Sociais (RAIS 2003)

¾ Censo Demográfico de 2000, do Banco Multidimensional de Estatística do


Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)

¾ Grande setor de atividade econômica (IBGE), (GRSET IBGE)

¾ Setor de atividade econômica (IBGE), (SET IBGE)

¾ Subsetor de atividade econômica (IBGE), (SUBS IBGE)

¾ Classificação Nacional da Atividade Econômica


103

¾ Seção de atividade econômica (CNAE 95)

¾ Grupo de atividade econômica (CNAE 95)

¾ Divisão de atividade econômica (CNAE 95)

¾ Classe de atividade econômica (CNAE 95)

¾ Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica

¾ Sistema de Informações sobre Mortalidade (DATASUS)

Todas essas fontes foram utilizadas com o intuito de caracterizar o painel


sociodemográfico da população em pauta.

4.2.5.3 Coleta de dados

Diante da dificuldade de obterem informações mais detalhadas sobre os


acidentes de trabalho via publicações oficiais, especificamente relacionados à
população trabalhadora nas micro e pequenas empresas, por ramos de atividade
econômica, SESI e FUNDACENTRO realizaram um levantamento, em todas as
agências da Previdência Social e nas Secretarias Municipais de Saúde dos pólos
moveleiros objeto deste estudo, dos acidentes de trabalho e dos óbitos
registrados no período compreendido entre 2002 e 2004, que foram transcritos
para um formulário previamente elaborado (ANEXO A).

Além dos dados existentes nas CAT, foi analisada e transcrita para o formulário
(ANEXO A) toda documentação que pudesse ser anexada aos respectivos
processos – laudos médicos, boletins de ocorrência policial, certidões de óbito,
certidões de casamento, xerox da carteira profissional, carteiras de identidade e
outros – e servisse de fonte de informação. A intenção era coletar o máximo de
informações que pudessem fazer parte do processo na Previdência Social e que
não estavam registrados nas CAT. Enfim, foram preenchidos todos os campos
que porventura estivessem em branco nas CAT ou não existissem.

A transcrição de dados da CAT foi realizada de forma manual por equipes móveis
de coletores previamente selecionados e capacitados para esse fim. A seleção
dos coletores firmou-se em suas experiências profissionais e na formação
104

escolar, tendo sido priorizados os conhecimentos na área de pesquisa; noções de


arquivo e de organização de documentos; caligrafia boa, legível e clara, de modo
a não perder informações na transcrição da CAT; seriedade e postura ética de
cada um; disponibilidade de viagens; disponibilidade para treinamento; fácil
relacionamento social, etc.

Posteriormente, os candidatos selecionados participaram de um curso específico


de capacitação de 16 horas-aula, que compreendeu noções básicas sobre o
funcionamento da Previdência Social, as leis referentes aos acidentes de
trabalho, as formas de preenchimento da Comunicação de Acidente do Trabalho,
as leis referentes aos atestados de óbito e à declaração de óbito, as formas de
preenchimento desses documentos. Profissionais de pesquisa da Fundação
SEADE ministraram aulas sobre noções básicas de coleta de dados e formação
de questionário de pesquisa. Os candidatos selecionados ficaram cientes da
metodologia desenvolvida por Waldvogel (2003) e participaram da discussão da
reformatação do formulário de coleta de dados da CAT. Todos os participantes
puderam debater exaustivamente a metodologia sugerida por Waldvogel (2003),
ajustada pela equipe coordenadora do projeto através de reavaliações dos dados
dos sistemas de informação da Previdência Social.

4.2.5.4 Configuração do banco de dados da Fundacentro

A busca ativa de cada acidente de trabalho foi efetivada através do Sistema Único
de Benefícios da Previdência Social e comparada com os acidentes de trabalho
que geraram benefícios previdenciários. Feito o cruzamento das informações
contidas no Sistema Prisma da Previdência Social com as informações dos
arquivos, encontraram-se incorreções, que foram prontamente corrigidas. Fez-se
ainda o cruzamento de informações geradas em relatórios próprios do Sistema
Prisma, tais como:

a) relatório contendo todas as CAT emitidas pela Previdência Social no


período de 2002 a 2004 e cruzamento com todos os processos
arquivados de acidente de trabalho;
105

b) relatório contendo todas as CAT emitidas no período de 2002 a 2004


associadas com o cadastro geral de contribuintes e as datas dos
respectivos acidentes de trabalho;

c) relatório contendo as datas de início e cessação do benefício de todas


as CAT no referido período;

d) relatório contendo todas os benefícios de acidente de trabalho


transformados em aposentadoria por invalidez ou pensão por morte.

Portanto, os ajustes feitos na metodologia proposta por Waldvogel (2001) tiveram


como finalidade fazer o cruzamento de todas as informações referentes aos
acidentes de trabalho contidas nos sistemas informatizados da Previdência Social
e, dessa forma, obter dados com maior abrangência e confiabilidade técnica.

Os óbitos ocorridos em decorrência de acidentes de trabalho foram elencados


com base no Sistema Nacional de Pensão por Morte da Previdência Social
(Sistema Plenus), enquanto as informações relativas a cada Secretaria de Saúde
das áreas em estudo foram cruzadas através do Sistema de Informações de
Mortalidade – SIM.

A metodologia proposta para a construção de um banco de dados relativo aos


casos fatais de acidentes de trabalho – tipo e de trajeto – adota a técnica de
vinculação entre duas fontes de dados, modificada pela equipe de coletores para
a vinculação com cinco fontes de dados: os processos de acidentes do trabalho
do INSS e as declarações de óbito processadas pelos órgãos responsáveis em
cada área considerada, cruzados com as informações contidas no Sistema Único
de Benefícios, no Sistema Prisma e no Sistema Nacional de Pensão por Morte –
parte integrante do Sistema Plenus da Previdência Social – considerando-se os
ajustes referidos na metodologia proposta por Waldvogel (2001, 2002), quando
então se consideraram outros processos. Isso porque se entende que a
vinculação com outras fontes de dados do próprio INSS, com a finalidade de
maximizar a utilização dos dados administrativos por meio de uma busca ativa e
do cruzamento sistemático das informações obtidas, avança na busca do número
real dos acidentes de trabalho, das doenças ocupacionais e dos óbitos.
106

Segundo Waldvogel (2001, 2002), tal procedimento permite compatibilizar as


informações disponíveis em cada fonte, enriquecendo o detalhamento dos dados
coletados e possibilitando ampliar o universo de casos fatais e também a
identificação daqueles casos que, apesar de notificados pelo médico como
acidente de trabalho na declaração de óbito, não resultaram em um processo
aberto no INSS, ou seja, permite identificar acidentes fatais relativos aos
trabalhadores não cobertos pelo INSS.

Registre-se, aliás, que este pesquisador participou de todas as fases do processo


de pesquisa, desde o treinamento até a coleta de dados, quando coordenou o
grupo de coletores e percorreu todos os pólos moveleiros selecionados.

Paralelamente ao levantamento de dados, uma equipe de profissionais, que


capacitou e supervisionou os codificadores durante todo o processo, encarregou-
se de elaborar listas de codificação para todas as variáveis levantadas. Com base
nessa lista, foram codificados todos os campos do formulário, digitados
posteriormente. Foram criados códigos específicos para cada variável existente:
para a variável ocupação, foram utilizados os códigos existentes na Classificação
Brasileira de Ocupações; para a variável município, utilizaram-se os códigos do
IBGE. Para as variáveis descrição do acidente (variável criada), parte do corpo
atingida, agente causador, descrição da situação geradora, houve registro policial,
houve morte, houve internação, duração provável do tratamento, deverá o
acidentado afastar-se do trabalho durante o tratamento, meios de locomoção
utilizados pelo segurado quando ocorreu o acidente, foram criadas listas
especiais, procurando-se contemplar todo o detalhamento disponível. A variável
diagnóstico provável seguiu o exposto no Código Internacional de Doenças (CID)
em sua 10ª edição.

Por fim, registre-se que o banco de dados resultante deste levantamento


representa um valioso instrumento para dimensionar e caracterizar demográfica,
socioeconômica e epidemiologicamente os casos de acidentes de trabalho
envolvendo trabalhadores consoante o universo da pesquisa: o setor moveleiro.
Como tal, este material representa importante subsídio tanto para se repensarem
modelos de gestão em saúde ocupacional como para a elaboração de políticas
preventivas na área. Ademais, ulteriores análises decorrentes da exploração
107

destes dados, ou mesmo em novos estudos neles suportados, serão relevantes


para o conhecimento prévio da questão em níveis diferenciados e em outras
áreas selecionadas.

4.2.6 Análise dos dados

Como se viu, as informações coletadas foram remetidas a um banco de dados.


Isso possibilitou a elaboração de um plano tabular preliminar destinado à análise
estatística exploratória dos dados pertinentes aos casos de acidentes de trabalho
ocorridos no período e nas áreas selecionadas. Vale dizer: os valores relativos às
variáveis selecionadas, depois de avaliados criticamente, para fins de tabulação e
análise exploratória, foram transferidos para uma planilha eletrônica, o que, em
uma segunda fase, facilitou a acessibilidade, a organização e, sobretudo, uma
análise estatística definitiva dos mesmos. Em si, a análise estatística envolveu
dois níveis: primeiro, a descrição dos dados; segundo, a avaliação mediada pelo
marco teórico das generalizações obtidas a partir desses dados. Para isso,
também foram referidas as considerações pertinentes do capítulo 2.
Conseqüentemente, como resultado final, foi possível a montagem, em gráficos e
tabelas, das informações que consolidaram o conteúdo empírico da análise
apresentada no capítulo 5.

Em cada caso identificado levantaram-se diversas características do acidentado.


Nessa etapa foram consideradas as seguintes variáveis:

¾ Ano do acidente de trabalho

¾ Data de início do benefício

¾ Data de cessação do benefício

¾ Número do processo

¾ Agência/Posto

¾ Tipo de CAT

¾ Razão Social/Nome
108

¾ Tipo (CNPJ, CGC, CEI, CPF, NIT)

¾ CNAE

¾ Telefone

¾ Município da empresa e unidade da federação

¾ Nome do acidentado, nome da mãe, data de nascimento, sexo, estado civil

¾ Município do acidentado e unidade da federação

¾ Nome da ocupação e CBO

¾ Filiação à Previdência Social

¾ Aposentado

¾ Área urbana ou rural

¾ Data, local, hora, tipo de acidente

¾ Após quantas horas de trabalho

¾ Especificação do local do acidente, município do acidente e unidade da


federação

¾ Parte do corpo atingida

¾ Agente causador

¾ Descrição da situação geradora do acidente ou da doença

¾ Houve registro policial, morte, internação

¾ Duração provável do tratamento

¾ Deverá o acidentado afastar-se do trabalho durante o tratamento

¾ Diagnóstico provável, CID-10, CID informado

¾ Questionário de responsabilidade do empregador


109

¾ Acidente ocorrido no trajeto

¾ Meios de locomoção utilizados pelo segurado quando ocorreu o acidente

¾ Observações do pesquisador

Os dados coletados passaram por um processo de crítica e revisão, realizado por


uma equipe de supervisores. Em seguida foram executadas as etapas de
codificação e digitação.

Tanto a codificação como a digitação sofreram varias etapas de consistência.


Depois de codificado, cada campo era revisto por outro codificador, que, na
dúvida, discutia o caso com o responsável pela supervisão. A digitação foi
realizada em duas fases, nas quais os dados eram comparados e checados
diariamente.

Após a etapa de consistência, os casos de acidentes de trabalho digitados foram


organizados em um banco de dados que correspondia aos registros dos
acidentes de trabalho efetuados nas agências da Previdência Social nos pólos
moveleiros selecionados, relativos aos anos de 2002, 2003 e 2004.

Inicialmente foram coletadas 3541 CAT, que passaram por um processo de critica
e revisão. Destas, 99 foram descartadas, por não preencherem os critérios
analisados (Tabela 11 a seguir).
110

Tabela 11

Total de CAT coletadas por pólo moveleiro

Acidentes de Doenças Acidentes de Total


Pólos Trabalho Ocupacionais Trabalho

Arapongas 261 02 34 297

São Bento do Sul 2465 13 122 2600

Bento Gonçalves 248 11 16 275

Ubá 291 51 27 369

TOTAL 3265 77 199 3541


(92,2%) (2,17%) (5,61%) (100%)

Fonte: Pesquisa SESI/SEBRAE/FUNDACENTRO (2005).

Inicialmente foram coletados 3541 acidentes de trabalho. Desses registros, 369


foram de Ubá: 291 acidentes tipo; 27 acidentes de trajeto, 51 doenças
ocupacionais. Em Arapongas, do total de 242 registros, 213 foram: acidentes de
trabalho tipo, 28 acidentes de trajeto e 01 doença ocupacional. Maringá
correspondeu com 55 registros: 48 acidentes típicos, 06 acidentes de trajeto e 01
doença ocupacional. Em São Bento do Sul, os números encontrados foram 2600:
2465 acidentes típicos, 122 acidentes de trajeto e 13 doenças ocupacionais.
Bento Gonçalves contribuiu com 275 registros, dos quais 248 foram acidentes
típicos, 16 acidentes de trajeto e 11 doenças ocupacionais.

A taxa de incidência dos acidentes de trabalho é um indicador da intensidade com


que estes acontecem e expressa a relação entre as condições de trabalho e o
quantitativo médio de trabalhadores a elas expostos. Essa relação constitui a
expressão mais geral e simplificada do risco. Seu coeficiente é definido como a
razão entre o número de novos acidentes de trabalho registrados a cada ano e a
população exposta ao risco de sofrer algum tipo de acidente.
111

A taxa de incidência específica para acidentes de trabalho típicos considera, em


seu numerador, somente os acidentes típicos, ou seja, aqueles decorrentes das
características da atividade profissional desempenhada pelo acidentado.

A taxa de incidência específica para incapacidade temporária considera, em seu


numerador, os acidentes de trabalho nos quais os segurados ficaram
temporariamente incapacitados para o exercício de sua capacidade laboral.

A taxa de mortalidade mede a relação entre o número total de óbitos decorrentes


dos acidentes de trabalho verificados no ano e a população exposta ao risco de
se acidentar. Essa taxa pode ser calculada pela seguinte fórmula:

Entende-se por taxa de letalidade o maior ou menor poder que tem o acidente de
ter como conseqüência a morte do trabalhador acidentado. É um bom indicador
para medir a gravidade do acidente. O coeficiente é calculado pelo número de
óbitos decorrentes dos acidentes de trabalho e o número total de acidentes,
conforme descrito a seguir.

A taxa de Acidentalidade Proporcional Específica para a Faixa Etária de 16 a 34


anos tem por objetivo revelar o risco específico de acidentes para o subgrupo
populacional de trabalhadores nessa faixa etária de 16 a 34 anos, e pode ser
expressa como a proporção de acidentes ocorrida nessa faixa etária em relação
ao total de acidentes.
112

Apesar de registrar acidentes mais distribuídos entre as faixas etárias, há uma


concentração relevante de registros entre a população trabalhadora com menos
de 40 anos, chegando a 79,94% em 2002, 81,94% em 2003 e 83,51% em 2004.
113

5 . ANÁLISE DOS RESULTADOS

5.1 Consolidação do banco de dados

No trabalho de crítica dos formulários destinados a suportar a construção da sub-


base moveleira foram excluídos todos os registros de indústrias correlatas ou não,
que não coincidiam com a área de interesse, ou seja, em termos de classificação
CNAE correspondente, ano de ocorrência e classificação segundo as categorias
de micro e pequena empresa adotadas neste estudo. Daí a retenção do universo
relativo à indústria moveleira, o correspondente a 3.442 acidentes ocorridos, e o
fato de não ter ocorrido perda de nenhum dado por falta de informação (ANEXO
B, Tabela 12).

2500

2000

1500

1000

500

0
0 2010-9 2021-4 2029-0 3611-0 3612-9 3613-7 3614-5 7450-0 7499-3 Sem
Resposta

Gráfico 6: Representação gráfica da participação de acidentes do trabalho


por CNAE, nos pólos moveleiros, de 2002 a 2004

Fonte: Pesquisa Fundacentro, Sesi, 2006 (Dados premilinares).

Verificaram-se registros de acidentes do trabalho em municípios ignorados (80


registros – 2,32% dos dados apurados). Desta feita, no sentido de se buscar
identificar informações que pudessem confirmar o local do acidente, com a
finalidade de não se perder nenhum registro por falta de informação e de
114

consolidar o banco de dados, dentre outras variáveis, avaliou-se a unidade da


federação (UF) da empresa empregadora (Gráficos 7 e 8).

3000
2454
2500

2000

1500

1000

346 369
500 272
1
0
S/Especificação 43 (RG) 41 (PR) 31 (MG) 42 (SC)

Acidentes

Gráfico 7: Representação gráfica da participação de acidentes de trabalho por


UF total
Fonte: Pesquisa Fundacentro, Sesi, 2006 (Dados preliminares).

2500

2000

1500

1000

500

0
43 (RG) 41 (PR) 31 (MG) 42 (SC)

Sem Especificação 2002 2003 2004

Gráfico 8: Representação gráfica da participação de acidentes do trabalho


por UF por ano
Fonte: Pesquisa Fundacentro, Sesi, 2006 (Dados preliminares).
115

Quanto ao local de registro dos acidentes, aqui referidos aos municípios segundo
as suas respectivas unidades da federação, o pólo moveleiro de São Bento do Sul
foi o que apresentou maior número de acidentes do trabalho, enquanto nos
demais pôde-se observar uma igualdade mediana no registro dos mesmos
(Gráfico 9).

2500

2000

1500

1000

500

0
sem especificação Minas Gerais Paraná Santa Catarina Rio Grande do Sul

0 2002 2003 2004

Gráfico 9: Representação gráfica da participação de acidentes do trabalho


por local (UF) onde o mesmo foi registrado
Fonte: Pesquisa Fundacentro, Sesi, 2006 (Dados preliminares).

Considerando-se o local da empresa, verificou-se maior incidência de acidentes


no pólo moveleiro de São Bento do Sul, permanecendo uma igualdade mediana
nos outros pólos objeto desta pesquisa. No entanto, em um número pequeno de
CAT, não foi observada a localização da empresa, nem foi possível identificá-la
através de outras variáveis pesquisadas (Gráfico 10 a seguir).
116

3500

3000

2500

2000

1500

1000

500

0
Outros Empregador Prestadora Em via Pública Área Rural

0 2002 2003 2004

Gráfico 10: Representação gráfica da participação de acidentes de trabalho por


local (localidade específica) onde aconteceu o acidente
Fonte: Pesquisa Fundacentro, Sesi, 2006 (Dados preliminares).

Mesmo retendo o município de localização da empresa e de moradia do


acidentado, constatou-se uma pequena proporção de CAT não respondidas
nesses campos, assim como não foi possível identificar nas mesmas outras
variáveis que a isso respondessem. Uma informação importante para a
verificação, dentre outras variáveis, é aquela relacionada com o transporte desses
trabalhadores, uma vez que o ambiente de trabalho extramuros tem uma
importante participação na gênese do acidente de trabalho (WALDVOGEL, 2002),
como demonstra o Gráfico 11 a seguir.
117

3.500

3.000

2.500

2.000

1.500

1.000

500

0
TOTAL S/Especificação 2002 2003 2004

Mesma Localidade (Empresa e Acidentado) Diferente Localidade (Empresa e Acidentado)

100,00%

90,00%

80,00%

70,00%

60,00%

50,00%

40,00%

30,00%

20,00%

10,00%

0,00%
TOTAL S/Especificação 2002 2003 2004

Mesma Localidade (Empresa e Acidentado) Diferente Localidade (Empresa e Acidentado)

Gráfico 11: Representação gráfica da participação das proporções (porcentagem


e numéricas) de acidentes do trabalho onde o trabalhador e a
empresa se situam na mesma localidade ou em localidades diferentes
Fonte: Pesquisa Fundacentro, Sesi, 2006 (Dados preliminares).
118

A freqüência de preenchimentos errados ou a falta de preenchimento de


dados relacionados à localidade da empresa e moradia do acidentado foi
assim distribuída: Ubá (0,029%), Arapongas (0,203%), Maringá (0 %), São
Bento do Sul (0,784%) e Bento Gonçalves (0 %). Dentre esses pólos
moveleiros, destaca-se o de São Bento do Sul, com 0,784% (Tabela 13 a
seguir).
Tabela 13

Registro dos Emitentes da CAT por Pólo Moveleiro

EMITENTE DA PÓLO MOVELEIRO


CAT SEM UBÁ MARINGÁ ARAPONGAS SÀO BENTO BENTO
ESPECIFICAÇÃO DO SUL GONÇALVES

Sem 1 44
especificação
Empregador 13 362 56 238 2450 267
Sindicato 1 1 4
Médico 3
Segurado ou 2
Dependente
Autoridade
Pública
TOTAL 13 366 56 239 2496 271

Sem 0,00% 0,00% 0,00% 0,03% 1,28% 0,00%


especificação
Empregador 0,38% 10,52% 1,63% 6,91% 71,18% 7,76%
Sindicato 0,00% 0,03% 0,00% 0,03% 0,00% 0,12%
Médico 0,00% 0,09% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00%
Segurado ou 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,06% 0,00%
Dependente
Autoridade 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00%
Pública

TOTAL 0,38% 10,64% 1,63% 6,97% 72,52% 7,88%

Fonte de Pesquisa: Fundacentro, Sesi, 2006 (Dados preliminares).

Importante é salientar a necessidade do preenchimento correto dos dados de


localização da empresa, do local do acidente e da moradia do acidentado para
avaliações estatísticas e implantação de políticas públicas específicas e
localizadas. Muitas empresas têm sua sede administrativa em municípios
diferentes do seu local de produção, e muitos trabalhadores dependem de
deslocamento para chegar aos seus locais de trabalho. Dessa forma, o não
119

preenchimento desses dados implica maiores dificuldades para a criação de


políticas públicas específicas.

De todos os registros, 76,84% foram de acidentes típicos, 77% doenças do


trabalho e 5,58% acidentes de trajeto. Foram registrados 15,34% de acidentes
sem especificação (Gráficos 12 e 13 a seguir).

3500

3000

2500

2000

1500

1000

500

0
Total sem especificação 2002 2003 2004

Sem Especificação Típico Doença Trajeto

Gráfico 12: Representação gráfica da participação dos tipos de acidentes de


trabalho por registros efetuados por ano
Fonte: Pesquisa Fundacentro, Sesi, 2006 (Dados preliminares).
120

2500

2000

1500

1000

500

0
sem Ubá Maringá Arapongas São Bento do Bento
especificação Sul Gonçalves

0 Típico Doença Trajeto

Gráfico 13: Representação gráfica da participação dos tipos de acidentes de


trabalho nos registros efetuados por pólo moveleiro
Fonte: Pesquisa Fundacentro, Sesi, 2006 (Dados preliminares).

Desses registros, 74,03% eram de acidentes típicos cuja empresa situava-se


dentro do município e 5,17% de acidentes de trajeto – estes últimos, nas
empresas localizadas fora do município, corresponderam a 0,41% (Gráfico 14 a
seguir). Esses dados mostram a importância da violência urbana como fonte
geradora de acidentes do trabalho e remete à necessidade de políticas públicas
no controle do trânsito das cidades.
121

3.500

3.000

2.500

2.000

1.500

1.000

500

0
Total S/Espec. Típico Doença Trajeto

Empresa e Acidente no mesmo Município Empresa e Acidente em Municípios diferentes

Gráfico 14: Representação gráfica do registro de ocorrência dos tipos


de acidentes de trabalho no mesmo município da empresa
empregadora ou em municípios diferentes
Fonte: Pesquisa Fundacentro, Sesi, 2006 (Dados preliminares).

Como o local do acidente de trabalho (empresa) não foi preenchido em 6,71% dos
casos (Gráfico 15), optou-se pelo cadastro nacional de pessoa jurídica.
122

3000

2500

2000

1500

1000

500

0
S/Espec. Estabelecimento Empresa que Em Via Pública Em Área Rural Outros
da Empregadora presta Serviço

TOTAL Percentual

Gráfico 15: Representação gráfica do local do acidente de trabalho


Fonte: Pesquisa Fundacentro, Sesi, 2006 (Dados preliminares).

Verificou-se que, de todos os registros, 1,54% não continham a especificação do


acidente de forma clara e consistente (Tabela 14 a seguir) Nota-se, na leitura das
CAT, falta de critério ou mesmo desinformação por parte do responsável pelo
preenchimento das informações, pois há confusão explícita entre situação
geradora do acidente, descrição do local do acidente, agente causador e parte do
corpo atingida. Para uniformidade na interpretação desses dados, foi necessário o
agrupamento de dados compatíveis nos campos de preenchimento da CAT
nesses aspectos.
123

Tabela 14

Distribuição por Ano dos Acidentes de trabalho Distribuídos pela Situação Geradora

SITUAÇÃO ANO DE REGISTRO TOTALIZAÇÕES


GERADORA
SEM ESPEC. 2002 2003 2004 Quantidade %

Máquina 17 508 606 605 1.736 50,44


Organização Trabalho 6 269 237 276 788 22,89
Ergonomia 3 79 87 89 258 7,50
Trajeto 3 68 66 90 227 6,60
Queda Altura 5 67 65 78 215 6,25
Agressão - 1 - - 1 0,03
Desconhecido 2 13 19 19 53 1,54
PAIR - 15 13 15 43 1,25
Acidente Químico - 8 5 12 25 0,73
Impacto contra Objeto - 15 20 35 70 2,03
Assalto - 2 - - 2 0,06
Doença Ocupacional - 1 - - 1 0,03
Eletricidade - 3 2 3 8 0,23
Acidente Trabalho - 1 2 2 5 0,15
Epilepsia - 1 - - 1 0,03
Óbito - 1 - - 1 0,03
Picada Insetos - 1 - 1 2 0,06
Prática Esportes - 2 - - 2 0,06
Explosão - - 1 - 1 0,03
Ingestão Corpo Estranho - 1 - - 1 0,03
Mordida Cão - - 1 - 1 0,03
Queimadura - - - 1 1 0,03

Fonte: Pesquisa Fundacentro, Sesi, 2006 (Dados preliminares).

O agente causador do acidente de trabalho foi obtido após leitura minuciosa e


interpretativa da descrição das partes do corpo atingidas e da descrição do
acidente (Gráfico 16 a seguir).
124

2500

2000

1500

1000

500

0
S/Especificação Ubá M aringá A rapo ngas São B ento do Sul B ento Go nçalves

Máquinas Div. Corpo Estranho Queda DORT Ruído Ocupacional Sem Especificação

Gráfico 16: Representação gráfica do agente causador do acidente em cada pólo


moveleiro
Fonte: Pesquisa Fundacentro, Sesi, 2006 (Dados preliminares).

O agente causador máquina é o principal motivo de acidentes, com 54,91% dos


casos, fato que reitera uma das conclusões do trabalho de Mendes et al. (2001).
Em seguida, destaca-se o peso do agente corpo estranho, comprovando, boa
medida, que o trabalhador não utilizava os equipamentos de proteção individual
estabelecidos na legislação, o que, por obrigação, deveria estar sendo fiscalizado
pelo SESMT da empresa. Quanto às máquinas, as principais causadoras de
acidentes, conforme o Gráfico 17 a seguir, todos os pólos moveleiros utilizam
fresadeiras, tupias, serras e plainas, as quais se apresentam, portanto, como
importante agente causador de acidentes do trabalho.
125

1400

1200

1000

800

600

400

200

0
S/Especificação Ubá Maringá Arapongas São Bento do Bento
Sul Gonçalves

Máquinas Div. Ferram. e Compon. Prensa Tupia Serras


Plaina Lixadeira Seccionadora Impressora Desempenadeira
Fresa Furadeira Filetadeira Desengrossadeira Destopadeira

Gráfico 17: Representação gráfica do agente causador máquina total (aberto


especificamente por máquinas) em cada pólo moveleiro
Fonte: Pesquisa Fundacentro, Sesi, 2006 (Dados preliminares).

O código da doença e o diagnóstico provável apresentaram inconsistência em


2,56% dos casos registrados (dados sem especificação e sem resposta).
Exatamente por isso, para se chegar ao diagnóstico correto, houve necessidade
de avaliação de outras variáveis, tais como a descrição do acidente, do local do
acidente, do tipo de lesão apresentada e do tratamento efetuado.

A descrição do meio de locomoção do trabalhador nos casos de acidente de


trajeto foi obtida em todos os casos, não sendo necessário recorrer a outras
variáveis ou dados do processo para identificá-lo.

5.2 Descrição das variáveis

5.2.1 Distribuição dos registros de acidente do trabalho por tipo de


acidente e por pólo moveleiro

Em um universo de 3.442 registros de acidentes do trabalho na indústria


moveleira levantados nas comunicações de acidentes do trabalho, nas agências
126

da Previdência Social dos pólos moveleiros estudados pela


FUNDACENTRO/SESI/SEBRAE, observaram-se 758 acidentes típicos em 2002,
861 em 2003 e 1.001 em 2004. Dos eventos registrados, com menores
participações encontram-se os acidentes de trajeto, que, em números brutos de
ocorrências/registros, variaram de 52 ocorrências em 2002 para 57 em 2003 e
finalmente para 81 em 2004. Por último, as doenças ocupacionais, as quais
corresponderam aos seguintes números cadentes: em 2002, 31 registros; em
2003, 25 casos; em 2004, 19 casos.

Em nenhum dos anos analisados, o total de registros de doenças ocupacionais


ultrapassou o de acidentes de trajeto, demonstrando duas situações importantes:
a falta de diagnóstico e de reconhecimento associada ao baixo registro para as
doenças de origem ocupacional – na verdade, uma notória subnotificação,
determinada por vários fatores – e a importância do espaço extramuro na gênese
do acidente de trabalho, como, alíás, de forma original, já foi bem destacado por
Waldvogel (2002) como uma mudança qualitativa importante na tendência recente
dos acidentes de trabalho no País (Tabela 15).

Tabela 15

Participação dos Tipos de Acidentes sobre o Total Registrado

ANO TIPO DE ACIDENTE TOTAIS

S/Espec. Típico Doença Trajeto


total registros 7 25 2 2 36
s/Espec. sobre total registros 0,20% 0,73% 0,06% 0,06% 1,05%
sobre total do ano 1,33% 0,95% 2,60% 1,04% 1,05%
total registros 216 758 31 52 1.057
2002 sobre total registros 6,28% 22,02% 0,90% 1,51% 30,71%
sobre total do ano 40,91% 28,66% 40,26% 27,08% 30,71%
total registros 181 861 25 57 1.124
2003 sobre total registros 5,26% 25,01% 0,73% 1,66% 32,66%
sobre total do ano 34,28% 32,55% 32,47% 29,69% 32,66%
total registros 124 1.001 19 81 1.225
2004 sobre total registros 3,60% 29,08% 0,55% 2,35% 35,59%
sobre total do ano 23,48% 37,84% 24,68% 42,19% 35,59%
TOTAL 528 2645 77 192 3442
GERAL...........

Fonte: Pesquisa Fundacentro, Sesi, 2006 (Dados preliminares).


127

Em outras palavras, inversamente aos dados obtidos de registros de doenças


ocupacionais, observa-se um crescimento dos registros de acidentes de trajeto e
de acidentes do trabalho na indústria moveleira entre os anos de 2002 e 2004
(Gráfico 18 abaixo e ANEXO C, Tabela 16).

16,00%

14,00%

12,00%

10,00%

8,00%

6,00%

4,00%

2,00%

0,00%
2002 para 2003 2003 para 2004 2002 para 2004

Geral

Gráfico 18: Representação gráfica da evolução dos acidentes de trabalho de 2002


para 2004
Fonte: Pesquisa Fundacentro, Sesi, 2006 (Dados preliminares).

De fato, a indústria moveleira contabilizou um aumento de 28,22% nesse intervalo


de tempo para acidentes típicos, uma diminuição de 48,0% para doenças
ocupacionais e diminuição também de 50,88% para acidentes de trajeto, sendo
que, de 2002 a 2004, no geral, houve um aumento de 14,95% dos acidentes de
trabalho. Entre estes predominam, com 76,84% dos registros, os acidentes
decorrentes da atividade profissional desempenhada pelo trabalhador, ou seja, os
acidentes tipo. Com proporções menos relevantes, porém não menos
importantes, encontram-se os acidentes de trajeto (5,58%) e as doenças do
trabalho (2,30%), conforme mostraram os Gráficos 12 e 13. Contudo, se
numericamente inferiores e com menor participação no total dos acidentes de
trabalho no período compreendido entre 2002 e 2004, as doenças ocupacionais,
sem dúvida, constituem um grande desafio para o setor de saúde e segurança do
128

trabalho no que diz respeito tanto ao seu correto diagnostico médico e/ou
reconhecimento pericial quanto – e, por conseguinte – ao seu registro adequado
como acidente de trabalho. Por sua vez, os acidentes de trajeto vêm
apresentando uma trajetória de crescimento nas estatísticas, o que demonstra a
importância do espaço extramuro na geração dos acidentes de trabalho
(WALDVOGEL, 2002). Já os acidentes do trabalho tipo estão em crescimento
contínuo no período avaliado, mostrando a importância de políticas públicas
especificas para a saúde do trabalho no ramo moveleiro (Tabela 17).

Tabela 17

Variação nos Tipos de Acidentes por Ano de Registro

TIPO DE ACIDENTE TOTAIS ANO DE REGISTRO

S/especif. 2002 2003 2004

sem especificação 528 7 216 181 124


Típico 2.645 25 758 861 1.001

Doença 77 2 31 25 19

Trajeto 192 2 52 57 81

TOTAL........................... 3.442 36 1.057 1.124 1.225

Fonte: Pesquisa Fundacentro, Sesi, 2006 (Dados preliminares).

Enfim, se a indústria moveleira também se caracteriza por uma alta proporção de


acidentes tipo, superior a 70% no decorrer dos anos, e por uma grande incidência
de acidentes de trajeto (superior a 4%) e uma pequena – porém irrealista –
proporção de doenças do trabalho, vale observar a pertinência de se reter amiúde
essas tendências e variações (cf. ANEXO B, Tabela 12) como conditio sine qua
non para se pensar em ações preventivas focais mais efetivas e ainda
inexistentes.

5.2.2 Distribuição dos registros de acidentes do trabalho segundo as causas


do acidente e por pólo moveleiro

Os registros de acidentes do trabalho observados nessa base de dados mostram


as máquinas (participação de 50,44%) como as principais causadoras de
129

acidentes do trabalho. Mendes et al. (2001) relatam que as máquinas são


responsáveis por 25% dos acidentes de trabalho no País como um todo.

Mais especificamente, nos pólos moveleiros estudados, as máquinas foram, caso


a caso, as principais responsáveis pelos acidentes de trabalho: Ubá (48,91%),
Arapongas (47,92%), Maringá (60,71%), São Bento do Sul (49,76%) e Bento
Gonçalves (59,04%). Em seguida, aparece – em Ubá, Arapongas, São Bento do
Sul e Bento Gonçalves – a organização do trabalho, com índices de 11,48%,
17,50%, 25,44% e 22,88%, respectivamente. Em Maringá, os acidentes devido a
impactos contra objetos corresponderam a 10,71% dos fatores que concorreram
para os acidentes de trabalho. Ainda com base em Mendes et al (2001), vale
registrar que as máquinas são as maiores causadoras de acidentes do trabalho
nas pequenas, médias e grandes indústrias manufatureiras e da construção civil,
excluindo, porém, as microempresas. Por outro lado, diferentemente de Mendes
et al (2001), que encontraram as prensas mecânicas como as maiores
causadoras de lesão nos trabalhadores, nesta pesquisa as serras apresentaram-
se como as maiores causadoras de lesões nos trabalhadores (19,68% do total).
Em seguida, as furadeiras (7,14%) e as prensas (6,35%). De qualquer modo, as
máquinas em geral, sem distinção de sua finalidade operativa, são as grandes
causadoras de acidentes do trabalho na indústria moveleira (ANEXO D, Tabela
18, e ANEXO E, Tabela 19. Por outro lado, os índices de acidentes de trajeto,
com significativa variabilidade, corresponderam a 6,56% no pólo moveleiro de
Ubá. Em Arapongas e Maringá corresponderam, respectivamente, a 9,17% e
5,36%. Já em São Bento do Sul, 6,69%, e em Bento Gonçalves, 4,06%.

A população economicamente ativa é a grande população exposta ao risco de


morrer por acidentes de trabalho (WALDVOGEL, 2002). Em particular observa-se
nesta pesquisa que, dentro dos acidentes de trabalho ocorridos fora do espaço
das empresas, ou seja, extramuros, a maior parte decorreu do uso de bicicleta,
uma proporção menor pelo uso de veículos motorizados e uma proporção menor
em decorrência de andar a pé. A distância entre as empresas e a moradia dos
trabalhadores provavelmente concorreu para o aumento do número desses
indicadores. Uma dimensão importante dos acidentes de trajeto é a distribuição
por sexo e idade, proporcionando um perfil aproximativo dos mesmos. A
população trabalhadora masculina contribuiu com o maior índice dos acidentes de
130

trajeto. Alguns estudos vêm enfatizando o deslocamento dos acidentes do interior


das empresas para o espaço da rua (MACHADO, 1991; MACHADO e MINAYO
GÓMEZ, 1995; WALDVOGEL, 1999a). Segundo esses autores, os dados revelam
um número considerável de acidentes de trajeto em conseqüência do processo de
urbanização adotado e do crescimento da violência urbana.

Na observação dos registros para todos os acidentes de trabalho na indústria


moveleira entre 2002 e 2004, nota-se que as máquinas, em todos os casos,
constituem mais de 50% dos registros de acidente do trabalho (Tabela 19). A
organização do trabalho compreende 22,89% dos acidentes de trabalho
registrados e 26,67% correspondem a causas diversas dos acidentes de trabalho
analisados, especificados na Tabela 20.

Tabela 20

Percentual de Causas de Acidente por Agente Causador Aberto por Pólo


Moveleiro

AGENTE CAUSADOR PÓLO MOVELEIRO TOTAIS


s/especif. Ubá Maringá Arapongas São Bento Bento Gonçalves
do Sul
Máquina 46,15% 48,91% 60,71% 47,92% 49,76% 59,04% 50,44%
Organização Trabalho 15,38% 11,48% 8,93% 17,50% 25,44% 22,88% 22,89%
Ergonomia 7,69% 6,56% 3,57% 9,17% 7,53% 7,75% 7,50%
Trajeto 0,00% 6,56% 5,36% 9,17% 6,69% 4,06% 6,60%
Queda Altura 0,00% 6,56% 5,36% 9,17% 6,13% 4,80% 6,25%
Agressão 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,37% 0,03%
Desconhecido 15,38% 5,19% 3,57% 2,92% 0,76% 1,11% 1,51%
PAIR 7,69% 11,20% 0,00% 0,00% 0,04% 0,00% 1,25%
Acidente Químico 0,00% 1,37% 1,79% 0,00% 0,76% 0,00% 0,73%
Impacto contra Objeto 7,69% 1,09% 10,71% 3,33% 2,04% 0,00% 2,03%
Assalto 0,00% 0,27% 0,00% 0,42% 0,00% 0,00% 0,06%
Doença Ocupacional 0,00% 0,27% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,03%
Eletricidade 0,00% 0,55% 0,00% 0,00% 0,24% 0,00% 0,23%
Acidente Trabalho 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,20% 0,00% 0,15%
Epilepsia 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,04% 0,00% 0,03%
Óbito 0,00% 0,00% 0,00% 0,42% 0,04% 0,00% 0,03%
Picada Insetos 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,08% 0,00% 0,06%
Prática Esportes 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,08% 0,00% 0,06%
Explosão 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,04% 0,00% 0,04%
Ingestão Corpo 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,04% 0,00% 0,04%
Estranho
Mordida Cão 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,04% 0,00% 0,04%
Queimadura 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,04% 0,00% 0,04%
TOTAIS........................ 100,00% 100,00% 100,00% 100,00% 100,00% 100,00% 100,00%

Fonte: Pesquisa Fundacentro, Sesi, 2006 (Dados preliminares).


131

Como se pode observar, a Medicina do Trabalho busca a causa das doenças e


dos acidentes de trabalho por meio de uma abordagem unicausal (OLIVEIRA,
2001), ao invés de uma avaliação da organização do trabalho. Nesta pesquisa, a
organização do trabalho constituiu um importante indicador para os acidentes de
trabalho ocorridos na indústria moveleira.

Oliveira (2005) relata que os acidentes do trabalho típicos, as doenças


osteomusculares relacionadas com o trabalho e as lombalgias vêm se traduzindo
em verdadeiras epidemias na saúde do trabalhador. Nesse sentido, verificou-se
neste trabalho que a variável ergonomia tem importante participação na gênese
do acidente de trabalho juntamente com a organização do trabalho e os acidentes
tipo.

As doenças do trabalho (0,03%) encontradas nesta pesquisa compreenderam um


percentual pequeno em relação aos acidentes de trabalho tipo. Interessante é
observar que, a despeito de todo o ruído produzido pelas máquinas na indústria
moveleira, a doença do trabalho PAIR – Perda Auditiva Induzida pelo Ruído –
contribuiu apenas com 1,25% do total de acidentes do trabalho. Pode-se concluir
que as empresas, e mais concretamente os médicos do trabalho, não estão
atentos ou simplesmente não registram as perdas auditivas originadas de ruído
ocupacional, causando enormes perdas ao trabalhador e a seus familiares, bem
como à Previdência Social. Se se atentar seriamente para esses indicadores, ver-
se-á que, com o advento do FAPI (MINISTERIO DA PREVIDENCIA SOCIAL,
2004), onde será analisado o nexo técnico epidemiológico, as perdas auditivas
ocasionadas pelo aumento da pressão sonora na indústria moveleira ficarão de
fora do processo pelos percentuais apresentados.

Por outro lado, os acidentes com produtos químicos (0,73%) constituem


verdadeiro desafio aos médicos do trabalho e engenheiros de segurança pela sua
gravidade e toxicidade.

5.2.3 Distribuição dos registros de acidentes do trabalho por faixa etária

Numa distribuição por faixa etária, a cada 5 anos, nota-se, para os registros de
acidentes no trabalho na indústria moveleira, nos três anos abrangidos pela
132

pesquisa, que até 80% dos acidentes de trabalho registrados e liquidados


ocorrem entre a população com menos de 43 anos de idade.

No entanto, mais especificamente, são os jovens de 24 a 28 anos que


apresentam a maior participação nos acidentes registrados – sozinhos
representaram praticamente 25% da população trabalhadora na indústria
moveleira vitimada por alguma forma de acidente do trabalho registrado. Após os
60 anos foi encontrada uma pequena incidência de acidentes do trabalho, ou seja,
inferior a 1,77% de todos os registros de acidentes (Gráfico 19 abaixo), fato que
por si só é elucidativo, no sentido de que nessa faixa etária os trabalhadores já
estão, em grande número, aposentados e ainda trabalhando para poder
suplementar o valor de suas aposentadorias, normalmente situados em níveis
baixos. Nessas condições não fazem abertura de comunicação de acidentes do
trabalho, nem procuram a Previdência Social, uma vez que não podem receber
dois benefícios previdenciários.

900

800

700

600

500

400

300

200

100

0
S/especif. 0-18 19-23 24-28 29-33 34-38 39-43 44-48 49-53 54-58 59-63 64-68 69 acima

TOTAL Acidentes

Gráfico 19: Representação gráfica da participação das faixas etárias nos


acidentes de trabalho registrados
Fonte: Pesquisa Fundacentro, Sesi, 2006 (Dados preliminares).
133

Por outro lado, as doenças ocupacionais atingem a classe trabalhadora na faixa


etária de 24 a 28 anos, nos principais pólos moveleiros: 0,41% em Ubá; 0,09%
em São Bento do Sul e 0,14% em Bento Gonçalves. Os demais pólos não
apresentaram doenças ocupacionais nessa faixa etária. Os acidentes de trajeto,
por sua vez, atingem a classe trabalhadora na faixa etária de 24 a 28 anos – isto
é, 1,36% de todos os trabalhadores da indústria moveleira.

Apesar dos registros de acidentes mais distribuídos entre as faixas etárias, há


uma concentração relevante de registros entre a população trabalhadora com
menos de 40 anos, chegando a 79,94% em 2002, 81,94% em 2003 e 83,51% em
2004. Entre os menores de 23 anos, essa proporção não ultrapassa os 20% nos
três anos analisados. Nota-se que, nas faixas mais velhas, a proporção de
registros de acidentes entre os maiores de 60 anos chega a alcançar 1,60% dos
acidentes registrados na indústria moveleira (Tabela 21).

Tabela 21

Registro de Acidentes por Ano por Faixa Etária Específica

FAIXA ETÁRIA ANO DO ACIDENTE


TOTAIS

s/Espec. 2002 2003 2004

40 anos abaixo 75,00% 79,94% 81,94% 83,51% 81,81%


menores de 23 anos 19,44% 16,08% 16,19% 24,49% 19,15%
maiores de 60 anos 2,78% 1,70% 1,87% 1,22% 1,60%

Fonte: Pesquisa Fundacentro, Sesi, 2006 (Dados preliminares).

Com relação aos menores de 18 anos, estes constituem uma pequena parcela
para o total de acidentes do trabalho registrados. O pólo moveleiro de Arapongas
apresentou maior participação proporcional de jovens menores de 18 anos de
idade entre 2002 e 2004 (12 registros de 240 ocorrências no pólo = 5,00%),
embora registrasse 12 acidentes nessa faixa etária em 2003. No entanto, entre os
jovens trabalhadores da indústria moveleira que registraram acidentes de trabalho
entre 2002 e 2003, nota-se uma redução nesse período, que passou de 3,88%
para 1,96%.
134

45

40

35

30

25

20

15

10

0
2002 2003 2004

0 a 18 anos 0 a 15 anos 15 a 18 anos

3,00%

2,50%

2,00%

1,50%

1,00%

0,50%

0,00%
Percentuais

0 a 18 anos 0 a 15 anos 15 a 18 anos

Gráfico 20: Representação gráfica da participação das faixas etárias até 18 anos
nos acidentes de trabalho registrados por ano
Fonte: Pesquisa Fundacentro, Sesi, 2006 (Dados preliminares).

Nesta pesquisa observou-se que a indústria moveleira apresenta 97 registros de


acidentes do trabalho com menores de 18 anos entre 2002 e 2004, o que
representou 2,82% do total de registros coletados nesse período. Dos acidentes
registrados e liquidados com menores de 18 anos nessa indústria, 2,47% tinham
menos de 15 anos (Gráfico 20 acima).
135

5.2.4 Distribuição dos registros de acidentes por sexo

Segundo a distribuição por sexo dos trabalhadores inseridos na indústria


moveleira, nota-se um predomínio numérico e proporcional de trabalhadores do
sexo masculino em todos os anos identificados: 84,20% do sexo masculino e
13,53% do sexo feminino em 2002; 84,43% do sexo masculino e 13,79% do sexo
feminino em 2003; 82,04% do sexo masculino e 16,65% do sexo feminino em
2004 (Gráfico 21).

100,00%

90,00%

80,00%

70,00%

60,00%

50,00%

40,00%

30,00%

20,00%

10,00%

0,00%
S/especif. 2002 2003 2004 TOTAIS

Não Informado Feminino Masculino

Gráfico 21: Representação gráfica da participação dos sexos nos acidentes de


trabalho registrados por ano
Fonte: Pesquisa Fundacentro, Sesi, 2006 (Dados premilinares).

As menores proporções do sexo masculino para o feminino são encontradas


no pólo moveleiro de Bento Gonçalves, enquanto no de Maringá são
maiores as proporções (Gráfico 22 a seguir).
136

60
54,00

50
44,25

40

30

20

9,35
10 4,89
3,54

0
Ubá Maringá Arapongas São Bento do Sul Bento Gonçalves

Proporção

Gráfico 22: Representação gráfica da proporção de acidentes masculinos para


cada acidente feminino
Fonte: Pesquisa Fundacentro, Sesi, 2006 (Dados preliminares).

A distribuição por idade e sexo fica assim: as faixas etárias mais representativas
são 24 – 28 anos e 29 – 33 anos, tanto para o sexo masculino quanto para o sexo
feminino, com predominância do sexo masculino (Gráfico 23 a seguir).
137

900

800

700

600

500

400

300

200

100

0
S/especif. 0-18 19-23 24-28 29-33 34-38 39-43 44-48 49-53 54-58 59-63 64-68 69 acima

Não Informado Masculino Feminino

Gráfico 23: Representação gráfica da participação dos sexos por faixa etária
Fonte: Pesquisa Fundacentro, Sesi, 2006 (Dados preliminares).

Por cada pólo moveleiro tem-se a distribuição dos acidentes por idade e sexo,
conforme a Tabela 22.
Tabela 22
Registro de Acidentes por Faixa Etária e por Pólo Moveleiro
Faixa Pólo Moveleiro Totalização
Etária
s/especific. Ubá Maringá Arapongas São Bento Bento Gonç
NI M F NI M F NI M F NI M F NI M F NI M F NI M F
S/especif. - -
- - - 7 - 1 - - 6 1 2 23 4 - 9 2 3 45 7
0-18 - -
- 1 - - 12 - - - - 12 2 52 9 1 7 2 3 84 11
19-23 -
- 1 - - 25 1 - 7 - 24 5 5 377 75 1 33 8 6 467 89
24-28 659
- 4 - - 64 1 - 16 1 1 36 3 16 495 147 - 44 8 17 160
29-33
- 1 - - 50 2 - 8 - 1 33 6 9 364 72 1 29 13 11 485 93
34-38 -
- 1 - - 58 1 - 10 - 37 5 3 219 37 1 25 6 4 350 49
39-43 -
- 2 - 1 53 1 - 4 - 18 2 6 172 37 - 23 9 7 272 49
44-48 -
- 1 - 2 42 - - 4 - 24 1 4 161 19 - 21 6 6 253 26
49-53 - -
- 1 - 1 27 - - 2 - 11 3 83 11 - 9 1 4 133 12
54-58 - -
- 1 - - 9 2 - - - 6 - 49 2 - 9 4 - 74 8
59-63 - - - - - -
- - - 6 - - 2 - 3 - 26 - - - 37
64-68 - - - -
- - - 1 - - - - 2 - 8 1 - - - 11 1
69 acima - - - - -
- - - - - - - 2 - 3 1 - - - 5 1
TOTAIS.
- 13 - 4 354 8 1 53 1 2 214 23 50 2.032 415 4 209 59 61 2.875 506

Fonte: Pesquisa Fundacentro, Sesi, 2006 (Dados preliminares).


138

Em suma, nota-se que os acidentes de trabalho atingem mais os trabalhadores do


sexo masculino e na faixa etária de 24 a 28 anos (ver Tabela 21, grafado).
Comparando-se os vários pólos moveleiros estudados, observa-se que essa
relação é maior no pólo moveleiro de Maringá, seguido do pólo moveleiro de São
Bento do Sul.

5.2.5 Distribuição dos registros de acidentes do trabalho segundo as partes


do corpo atingidas

No triênio entre 2002 e 2004 nota-se que poucas alterações ocorreram em


relação às partes do corpo atingidas no acidente de trabalho entre os
trabalhadores da indústria moveleira, e que o pólo de São Bento do Sul foi o que
mais se destacou nos números coletados (Tabela 23).

Tabela 23

Registro de Acidentes de Trabalho por Partes do Corpo Atingidas por Pólo


Moveleiro.

Pólo Moveleiro Partes do Corpo Atingidas


Diversas Membro Membro Inferior Tronco Cabeça Mãos
Partes Superior Especificamente

s/especificação - 1 1 - 2 6
Ubá 14 53 24 14 65 196
Maringá 1 6 5 3 6 38
Arapongas 3 41 30 18 13 135
São Bento do 136 274 348 186 153 1.399
Sul
Bento Gonçalves 2 42 32 10 5 180
TOTAIS. 156 417 440 231 244 1.954

Fonte: Pesquisa Fundacentro, Sesi, 2006 (Dados preliminares).

Em 2002, as principais partes do corpo atingidas no acidente tipo da indústria


moveleira foram os membros superiores (66,16%), especialmente no sexo
masculino (57,27%). No sexo feminino, os membros superiores também foram os
mais atingidos, só que em proporções menores (7,46%). Particularmente, as
mãos têm importante destaque em ambos os sexos (53,87%), sobressaindo-se
sobre todas as outras partes do corpo envolvidas (Gráfico 24 a seguir)
139

2000

1800

1600

1400

1200

1000

800

600

400

200

0
Diversas partes Membro Superior Membro Inferior Tronco Cabeça Mãos
Especificamente

s/especificação Ubá Maringá Arapongas São Bento do Sul Bento Gonçalves

Gráfico 24: Representação gráfica das partes do corpo atingidas, por pólo
moveleiro. Totais da pesquisa
Fonte: Pesquisa Fundacentro, Sesi, 2006 (Dados preliminares).

Em relação aos acidentes de trajeto, as partes do corpo mais atingidas


foram: em 2002, membros superiores – inclusive mãos – 10,42%; em 2003,
membros superiores – inclusive mãos – 11,46%; em 2004, membros
inferiores,16,15%.

Entre as doenças do trabalho, os membros superiores foram os mais atingidos,


tanto para o sexo masculino (41,56%) quanto para o sexo feminino (10,39%). Nos
diversos pólos moveleiros a distribuição não apresentou diferenças significativas e
permanece no mesmo patamar.

5.2.6 Distribuição dos acidentes de trabalho, modalidade acidente de trajeto,


segundo o meio de transporte utilizado

Como meio de transporte utilizado pelos trabalhadores da indústria moveleira


nesta pesquisa sobressaiu-se a bicicleta. A distribuição geográfica das cidades
contribui para o meio de transporte utilizado. Ubá, Arapongas, Maringá e São
140

Bento do Sul são cidades planas, e o meio de transporte mais utilizado pelos
trabalhadores é a bicicleta. Já Bento Gonçalves possui morros e elevações,
condição topográfica que favorece o uso de veículos automotores do tipo
motocicleta. Não foram observados acidentes de trajeto envolvendo veículos
automotores do tipo carro de passeio, fato provavelmente relacionado com o
baixo poder aquisitivo da classe trabalhadora na indústria moveleira. O ônibus é
outro meio de transporte bastante utilizado pelos trabalhadores dos pólos
moveleiros, quando não se anda a pé (Gráfico 25).

160

140

120

100

80

60

40

20

0
Bicicleta Ônibus Moto A pé

Acidentes

Gráfico 25: Representação gráfica da participação dos meios de transporte nos


acidentes de trabalho
Fonte: Pesquisa Fundacentro, Sesi, 2006 (Dados preliminares).

5.3 Estimativa das taxas de incidência acumulada, mortalidade e letalidade

Os indicadores de acidentes do trabalho são utilizados para mensurar a exposição


dos trabalhadores aos níveis de risco inerentes à atividade econômica em estudo,
viabilizando o acompanhamento das flutuações e tendências históricas dos
acidentes e seus impactos na indústria moveleira e na vida dos trabalhadores.
Além disso, fornecem subsídios para o aprofundamento de estudos sobre o tema
e permitem o planejamento de ações nas áreas de segurança e saúde do
141

trabalhador. Os indicadores aqui elencados não têm o propósito de esgotar as


análises que podem ser feitas a partir dos dados de ocorrências de acidentes,
mas são indispensáveis para a determinação de programas de prevenção de
acidentes e a conseqüente melhoria das condições de trabalho no Brasil.

35
32,11

30

25

20

14,92
15

10

4,65
5

0
Taxa de Incidência Acumulada Taxa de Mortalidade Taxa de Letalidade

Indicador Médio 2002 CNAE 3611 e 3612 Indicador Médio 2003 CNAE 3611 e 3612 Total Registros GERAL

Gráfico 26: Representação gráfica da taxa de incidência acumulada, mortalidade


e letalidade geral em relação aos indicadores médios dos CNAE 3611
e 3612 de 2002 e 2003
Fonte: Pesquisa Fundacentro, Sesi, 2006 (Dados preliminares).

5.4 Estimativa das taxas de incidência de acidentes do trabalho, taxa de


incidência específica para acidentes de trabalho típicos, taxas de
acidentabilidade proporcional específica

A taxa de incidência de acidentes do trabalho na indústria moveleira é um


indicador da intensidade com que acontecem os acidentes de trabalho nesse
ramo de atividade, assim como expressa a relação entre as condições de trabalho
no setor moveleiro e o quantitativo médio de trabalhadores a elas expostos. Essa
relação constitui a expressão mais geral e simplificada do risco. Seu coeficiente é
definido como a razão entre o número de novos acidentes de trabalho na indústria
142

moveleira registrados a cada ano e a população de trabalhadores desse ramo de


atividade exposta ao risco de sofrer algum tipo de acidente.

A dificuldade dessa medida reside na escolha de seu denominador. A população


exposta ao risco deve representar o número médio de trabalhadores dentro do
grupo de referência e para o mesmo período de tempo que a cobertura das
estatísticas de acidentes do trabalho. Dessa forma, são considerados no
denominador os trabalhadores com cobertura contra os riscos decorrentes de
acidentes do trabalho. Não estão cobertos os contribuintes individuais
(trabalhadores autônomos e empregados domésticos, entre outros), os militares e
os servidores públicos estatutários.

A taxa de acidentalidade proporcional específica para a faixa etária de 16 a 34


anos tem por objetivo revelar o risco específico de se acidentar para o subgrupo
populacional de trabalhadores na faixa etária de 16 a 34 anos e pode ser
expresso como a proporção de acidentes que ocorreram nessa faixa etária em
relação ao total de acidentes2. Essa faixa etária foi elencada, tendo em vista que
os acidentes de trabalho nos pólos moveleiros avaliados têm aí uma maior
incidência. Nos APÊNDICES A a F (Gráficos 27 a 32) encontram-se as
representações gráficas das taxas de incidência acumulada, mortalidade e
letalidade geral em relação aos indicadores médios dos CNAE 3611 e 3612 de
2002 e 2003 para a faixa etária de 16 a 34 anos, nos pólos moveleiros de Ubá,
Arapongas, Maringá, São Bento do Sul e Bento Gonçalves.

5.5 Afastamento pela DIB-DCB3, por pólo moveleiro

Um fator observado nesta pesquisa e não condizente com as estatísticas


previdenciárias (MINISTÉRIO DA PREVIDENCIA SOCIAL, 2004) foi a imensa
proporção de acidentes do trabalho que não tiveram o afastamento do trabalhador
de suas atividades laborais por um período de tempo determinado e superior a 15
dias. A incapacidade laborativa por até 15 dias não gera o afastamento do
trabalhador para a Previdência Social e, por conseguinte, não gera benefícios
previdenciários, ficando o empregador responsável pelo pagamento dos dias

2
Disponível em:< http://www.previdenciasocial.gov.br/pq secundarias/previdencia social 13 07-
B.asp
3
DIB-DCB: Data de Início do Benefício – Data de Cessação do Benefício(MPS/1991)
143

parados. No entanto, nos afastamentos superiores a 15 dias, com incapacidade


laborativa parcial ou definitiva, a Previdência Social assume o pagamento do
trabalhador. Nesta pesquisa pôde ser observado que apenas em Bento
Gonçalves o afastamento do trabalhador com benefício previdenciário se fez
presente numa proporção diferenciada em relação aos outros pólos moveleiros
(Grafico 33 abaixo).

Tanto a incapacidade laborativa temporária como a permanente aparecem num


mesmo patamar, exceto em Bento Gonçalves. De acordo com Lucca e Mendes
(1993), a incapacidade permanente é mais difícil de sofrer subnotificacão do
ponto de vista previdenciário.

2500

2000

1500

1000

500

0
S/Especificação Ubá Maringá Arapongas São Bento do Sul Bento Gonçalves

sem afastamento Negativo 0 - 30 30 -60 60 - 180 180 - 365 acima de 1 ano

Gráfico 33: Representação gráfica dos afastamentos por tempo, por pólo
moveleiro. Dados extraídos da pesquisa pelo DCB – DIB
Fonte: Pesquisa Fundacentro, Sesi, 2006 (Dados preliminares).
144

5.6 Classificação das CAT por pólo moveleiro

Entre os campos selecionados da CAT transcritos e codificados, encontra-se a


classificação da mesma “em inicial”, “reabertura” ou “óbito” – dados que
constituem informações fundamentais para a realização de intervenções tanto
previdenciárias quanto trabalhistas.

As CAT preenchidas sem especificação da classificação foram em número muito


reduzido. A grande maioria, em todos os pólos moveleiros, foi classificada como
emissão inicial. Os casos de reabertura da Comunicação de Acidente do Trabalho
aconteceram principalmente no pólo moveleiro de São Bento do Sul, em maior
proporção, e em proporções menores nos pólos moveleiros de Ubá e Bento
Gonçalves. Nos pólos moveleiros de Arapongas e Maringá não foi observada
reabertura de CAT (Gráfico 34).

100,00%

90,00%

80,00%

70,00%

60,00%

50,00%

40,00%

30,00%

20,00%

10,00%

0,00%
Sem Especificação Inicial Reabertura Comunicação de Óbito

Sem Especificação Ubá Maringá Arapongas São Bento do Sul Bento Gonçalves

Gráfico 34: Representação gráfica do tipo de CAT por pólo moveleiro


Fonte: Pesquisa Fundacentro, Sesi, 2006 (Dados preliminares).
145

5.7 Acidentes por pólo, por área de abrangência

Os acidentes de trabalho aconteceram na quase totalidade dos casos na zona


urbana e em menores proporções em indústrias localizadas na área rural,
tendência que poderia ser explicada pelo fato de estarem as empresas quase que
totalmente localizadas em distritos industriais na área urbana (Gráfico 35).

80,00%

70,00%

60,00%

50,00%

40,00%

30,00%

20,00%

10,00%

0,00%
Sem Ubá Maringá Arapongas São Bento do Bento
Especificação Sul Gonçalves

SEM ESPECIFICAÇÃO ÁREA URBANA ÁREA RURAL

Gráfico 35: Representação gráfica da área de abrangência da ocorrência


do acidente por pólo moveleiro
Fonte: Pesquisa Fundacentro, Sesi, 2006 (Dados preliminares).

5.8 Considerações finais

Os acidentes tipo são predominantes dentre os acidentes de trabalho na indústria


moveleira, nos pólos estudados. Não menos importantes são os acidentes de
trajeto e as doenças ocupacionais. Os homens constituem o maior percentual
tanto no que diz respeito a acidentes do trabalho típicos como a acidentes de
trajeto.

Porém, apesar da grande incidência dos acidentes de trabalho tipo, as doenças


ocupacionais aparecem subnotificadas, e a grande maioria dos acidentes não é
146

notificada. Concretamente, os registros dos acidentes de trabalho de São Bento


do Sul serviram de base para se chegar a essa conclusão e, por conseguinte,
levantar-se a hipótese plausível de que nos outros pólos poderia estar havendo
subnotificação dos acidentes.

Na realidade existe uma grande variação nas notificações dos acidentes de


trabalho nos vários pólos moveleiros. Uns notificam quase todos os acidentes de
trabalho, em outros fica clara a subnotificacão. Nessa dimensão de raciocínio, o
pólo moveleiro de São Bento do Sul aparece como o pólo que mais faz
notificações de acidentes do trabalho sem benefícios previdenciários, porém
apresenta o maior número de reaberturas de casos de acidentes do trabalho. As
causas desse acontecimento podem ser as mais variáveis possíveis, e mister se
faz pensar num diagnóstico inicial equivocado, com tratamentos médicos
insuficientes para a completa recuperação do trabalhador. Pode também estar
havendo alterações produzidas pelo empregador no sentido de não gerar
estabilidade no trabalho em função do acidente de trabalho.

Em todos os pólos moveleiros, os acidentes de trabalho acometem mais os


trabalhadores do sexo masculino e em idades mais jovens, fato que se torna,
dessa forma, uma característica indelével da indústria moveleira. A mutilação de
trabalhadores mais jovens traz à tona um dos grandes problemas da Previdência
Social, ou seja, a reabilitação profissional desses trabalhadores. Os trabalhadores
do sexo feminino contribuem com uma parcela menor provavelmente em função
das atividades nesse tipo de indústria requererem mais força bruta no trabalho.

Não se poderia deixar de mencionar a importância dos acidentes nos espaços


extramuros na indústria moveleira, associados a características geográficas de
cada região e ao piso salarial da categoria, pois os acidentes de trajeto na sua
maioria absoluta ocorrem com bicicletas, meio de transporte mais perceptível nas
camadas mais simples da população. Os acidentes com veículos motorizados
acontecem em menor proporção.

Por sua vez, os acidentes tipo têm uma característica bastante peculiar: a lesão
concentra-se basicamente nos membros superiores. Chamou a atenção do
pesquisador a grande quantidade de acidentes associados a corpos estranhos
147

que saem das máquinas na forma de pequenos pedaços de madeira e de poeira,


causando lesões nos trabalhadores – fato que, por si só, é de extrema
importância, pois demonstra a falta de utilização de equipamentos de proteção
individual e de proteção coletiva para os trabalhadores.

O tempo de recuperação dos trabalhadores lesionados em acidentes do trabalho


varia de 03 a 12 meses, acarretando um enorme custo para toda a sociedade,
além de um custo incomensurável para o trabalhador e seus familiares.

Atendo-se às particularidades da indústria moveleira, este trabalho apresenta uma


análise concreta que possibilita identificar, a partir dos registros administrativos
previdenciários, uma estatística mais realista e, assim, uma análise sobre suas
tendências e variações no decorrer dos anos selecionados, ou seja, o triênio 2002
– 2004.
148

6. CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES

Em que pesem suas restrições, dentre elas por compreenderem somente os


trabalhadores inseridos no mercado formal, as comunicações de acidentes do
trabalho constituem importante material de análise para o entendimento da
questão acidentária no Brasil. Isso sem desconsiderar que a falta de informações
sistemáticas e mais realistas referentes aos acidentes de trabalho e às doenças
ocupacionais pode também ser traduzida pelos desentendimentos que imperam
entre os Ministérios do Trabalho e Emprego, o Ministério da Saúde e o Ministério
da Previdência Social, especialmente no tratamento das informações sobre os
agravos à saúde do trabalhador e na configuração não convergente de seus
bancos de dados afins (cf SALIM, 2000; WALDVOGEL 2002).

O estudo dos acidentes de trabalho nos pólos moveleiros, realizado com base nos
registros administrativos (CAT), estão longe de representar a totalidade das
ocorrências desses acidentes, embora constituam uma importante amostra e
fonte de informação ainda não exaustivamente explorada.

As deficiências dos sistemas de informação no que diz respeito ao preenchimento


das comunicações de acidentes do trabalho são observadas em vários estudos
realizados. As limitações encontradas dizem respeito particularmente ao
preenchimento incompleto ou até mesmo ao não preenchimento de campos
fundamentais, criando-se, dessa forma, um obstáculo natural para o
conhecimento efetivo da realidade dos acidentes de trabalho em sua multitude de
causas. Embora haja uma legislação específica para o assunto, a CAT é
preenchida sem muita preocupação com a qualidade das informações ali
fornecidas, como se a intenção fosse dificultar o entendimento das informações
tanto quanto possível, evitando, assim, a explicitação da intencionalidade
necessária para qualificar determinados acidentes considerados graves e
mutilantes, assim como os óbitos ocorridos no ambiente de trabalho.

Em função dessa deficiência, urge realizar investimentos públicos para que as


potencialidades das fontes de informação sejam completamente esgotadas, de
149

modo que se obtenham resultados importantes na compreensão da gênese e das


causas do acidente de trabalho.

A implantação em novas bases ou mesmo a utilização dos sistemas de


informação existentes é essencial para a criação de políticas públicas no vasto
campo que compreende a saúde do trabalho. Afinal, a garantia da boa informação
é essencial para a qualidade de qualquer programa de saúde, principalmente
aquele voltado para a saúde do trabalho.

Com relação à saúde do trabalho, muito há por ser feito, apesar das conquistas
até o presente momento, que resultaram na melhoria da qualidade de vida e da
saúde de alguns segmentos de trabalhadores. Para isso, é necessário olhar esse
fenômeno de forma globalizante, multi e inter disciplinar, por meio de uma
abordagem que extrapole as dimensões econômicas e sociais.

A influência do crescimento da violência urbana nos óbitos por acidente de


trabalho, como sobejamente demonstrado por Waldvogel (2002, 2003),
demonstra que o trabalhador brasileiro encontra-se totalmente desprotegido e no
centro de uma crise social maior. Esse impacto da violência urbana, no entanto,
adquire proporções bem mais elevadas quando segmentos populacionais,
sobretudo os mais jovens, dependem do trânsito caótico das cidades brasileiras
para o exercício de suas atividades laborativas.

Constata-se neste trabalho a importância do crescimento da violência urbana


como fator gerador de acidente do trabalho através dos acidentes de trânsito.
Esse impacto da violência urbana torna-se particularmente importante quando se
observa que as vítimas são, na maioria das vezes, jovens, que, em plena idade
produtiva, se tornam incapacitados parcial ou totalmente para a vida laborativa e,
assim, um enorme peso para toda a sociedade. Isso sem considerar o que é pior:
sua auto-estima atinge os níveis mais baixos possíveis, o que contribui para uma
piora sensível na sua qualidade de vida.

Recomenda-se, com base nos levantamentos realizados, a criação de uma força-


tarefa conjunta dos Ministérios do Trabalho e Emprego, da Saúde, da Previdência
Social e do Ministério Público para uniformizar definitivamente o modo como são
descritos os acidentes nas CAT nos diversos pólos analisados e, além disso,
150

executar imediatamente a metodologia proposta pela legislação em vigor para os


registros de acidentes do trabalho, uma vez que, sem uniformidade no
preenchimento e na declaração dos acidentes de trabalho, os números
continuarão a apresentar as discrepâncias observadas. Necessário também se
faz aprofundar os estudos ora apresentados com a finalidade de se avançar na
configuração de um quadro mais real dos acidentes de trabalho, por meio do
cruzamento de informações obtidas neste trabalho tanto com as informações dos
sistemas de saúde de cada região de abrangência dos pólos moveleiros quanto
com as informações do sistema RAIS-CAGED para os anos citados. Dessa forma,
através do nexo técnico-epidemiológico, pretende-se chegar a números tão
próximos do real quanto possível para os acidentes de trabalho. E é esse o
trabalho que se pretende, proximamente, realizar numa tese de doutorado.

Com isso, buscar-se-á aprofundar ainda mais os subsídios efetivamente voltados


a uma melhoria de fato dos sistemas de gestão em saúde e segurança no
trabalho destinados à melhoria das condições de trabalho e, por conseguinte, à
eliminação dos agravos à saúde dos trabalhadores no amplo segmento composto
pelas micro e pequenas empresas industriais em geral e no ramo da indústria
moveleira em particular.
151

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161

ANEXOS
162

ANEXO A

FORMULÁRIO: PESQUISA DE ACIDENTES DO TRABALHO – 2005


RAMO MOVELEIRO
163

FORMULÁRIO - FRENTE
164

FORMULÁRIO – VERSO
165
ANEXO B
Tabela 12
Participação Acidentes por CNAE Abertos por Ano

Total Acidentes % Qtdade Acidentes/Ano por CNAE


Participação
Por CNAE
por CNAE
S/Espec. 2002 2003 2004
0 553 16,07% 8 230 205 110

0111-2 1 0,03% - 1 - -

0211-9 2 0,06% - 1 - 1

0212-7 1 0,03% - - 1 -

0213-5 7 0,20% - 1 6 -

1000-6 4 0,12% - - 1 3

1110-0 9 0,26% - 3 1 5

1322-6 1 0,03% - 1 - -

1600-4 1 0,03% - - 1 -

1721-3 1 0,03% - - 1 -

1821-0 1 0,03% - 1 - -

1910-0 5 0,15% - 2 2 1

1929-1 1 0,03% - - 1 -

2010-9 74 2,15% 1 22 35 16
2021-4 117 3,40% 1 3 43 70

2022-2 5 0,15% - 2 2 1

2023-0 8 0,23% - 1 6 1

2029-0 31 0,90% - 13 7 11

2110-5 1 0,03% - - 1 -

2131-8 5 0,15% - - 5 -

2141-5 1 0,03% - - - 1

2310-8 1 0,03% - 1 - -

2330-2 1 0,03% - - 1 -

2519-4 1 0,03% - 1 - -

2611-5 1 0,03% - - 1 -

2649-2 2 0,06% - - 1 1

2843-6 1 0,03% - - - 1

2892-4 2 0,06% - - 2 -

2899-1 4 0,12% - 1 1 2

2940-8 1 0,03% - - 1 -

2969-6 2 0,06% - - 2 -

3111-9 1 0,03% - - - 1

3611-0 2.057 59,76% 23 634 656 744

3612-9 95 2,76% - 37 24 34

3613-7 17 0,49% - 4 5 8
3614-5 22 0,64% - 4 6 12

3697-8 11 0,32% - 8 3 -

3699-4 16 0,46% - 3 5 8

4011-8 6 0,17% - 1 3 2

5010-5 1 0,03% - 1 - -

5149-7 2 0,06% - 1 - 1

5153-5 4 0,12% - 2 1 1

5155-1 1 0,03% - - 1 -
166

Total Acidentes % Qtdade Acidentes/Ano por CNAE


Participação
Por CNAE
por CNAE
S/Espec. 2002 2003 2004
5213-2 1 0,03% - - 1 -
5232-9 1 0,03% - 1 - -

5243-4 3 0,09% - 1 1 1

5244-2 6 0,17% - 1 3 2

5249-3 2 0,06% - - 2 -

5521-2 1 0,03% - - 1 -
6026-7 3 0,09% - - 3 -

6311-8 1 0,03% - - - 1

6312-6 1 0,03% - - 1 -

7032-7 1 0,03% - - - 1

7430-6 2 0,06% - - 1 1

7450-0 195 5,67% 1 38 35 121

7499-3 66 1,92% - 8 23 35

9000-0 1 0,03% - - - 1
Sem Resposta 80 2,32% 2 29 22 27

TOTAIS 3.442 36 1.057 1.124 1.225


Percentuais 100,00% 1,05% 30,71% 32,66% 35,59%

Fonte: Pesquisa Fundacentro, Sesi, 2006 (Dados preliminares).


167

ANEXO C

Tabela 16

Variação dos Tipos de Acidentes de Ano para Ano

Tipo de Acidente Variação dos Anos


2002 p/ 2003 2003 p/2004 2002 p/2004
Típico 103 140 243
Doença (6) (6) (12)
Trajeto 5 24 29
TOTAL.................. 67 101 168
Típico 13,59% 16,26% 32,06%
Doença -19,35% -24,00% -38,71%
Trajeto 9,62% 42,11% 55,77%
TOTAL.................. 6,34% 8,99% 15,89%

Fonte: Pesquisa Fundacentro, Sesi, 2006 (Dados preliminares).


168

ANEXO D
Tabela 18

Acidente pelo Agente Causador por Pólo Moveleiro

PÓLO MOVELEIRO
Agente Causador São Bento do Bento Totais
s/espec. Ubá Maringá Arapongas
Sul Gonçalves
Máquinas Diversas 2 37 10 24 260 53 386
Ferramentas/Componentes 2 13 10 16 408 25 474
Prensa 2 2 2 9 86 19 120
Tupia - 42 - 4 65 5 116
Serras 1 65 9 28 235 34 372
Plaina - - 2 - 41 3 46
Lixadeira 1 8 - 1 57 12 79
Seccionadora - 4 - 3 2 2 11
Impressora - 6 - - 11 1 18
Desempenadeira - 9 2 - 3 - 14
Fresa - 2 1 - 54 3 60
Furadeira - 9 - 10 105 11 135
Filetadeira - 5 - - - - 5
Desengrossadeira - 2 - - - - 2
Destopadeira - - - 1 50 1 52
Total Agente Máquinas... 8 204 36 96 1.377 169 1.890
Percentual.......................... 0,23% 5,93% 1,05% 2,79% 40,01% 4,91% 54,91%

Corpo Estranho 3 64 16 96 823 56 1.058


Queda - 29 3 18 188 19 257
DORT - 16 1 9 43 12 81
Ruído Ocupacional - 33 - - 2 - 35
Sem Especificação 2 20 - 21 63 15 121
Total Demais Agentes..... 5 162 20 144 1.119 102 1.552
Percentual.......................... 0,15% 4,71% 0,58% 4,18% 32,51% 2,96% 45,09%

TOTAIS DE ACIDENTES...... 13 366 56 240 2.496 271 3.443


PERCENTUAL POR PÓLO... 0,38% 10,64% 1,63% 6,97% 72,52% 7,87% 100,00%

Fonte: Pesquisa Fundacentro, Sesi, 2006 (Dados preliminares).


169

ANEXO E

Tabela 19

Acidente Pelo Agente Causador Máquina – Participações %

% %

Agente Causador Totais Relativo aos


Relativo ao total de
acidentes específicos
acidentes relatados
com máquinas

3.442 1.890
Ferramentas/Componentes 474 13,77% 25,08%
Máquinas Diversas 386 11,21% 20,42%
Serras 372 10,81% 19,68%
Furadeira 135 3,92% 7,14%
Prensa 120 3,49% 6,35%
Tupia 116 3,37% 6,14%
Lixadeira 79 2,30% 4,18%
Fresa 60 1,74% 3,17%
Destopadeira 52 1,51% 2,75%
Plaina 46 1,34% 2,43%
Impressora 18 0,52% 0,95%
Desempenadeira 14 0,41% 0,74%
Seccionadora 11 0,32% 0,58%
Filetadeira 5 0,15% 0,26%
Desengrossadeira 2 0,06% 0,11%
TOTAIS................................ 54,91% 100,00%

Fonte: Pesquisa Fundacentro, Sesi, 2006 (Dados preliminares).


170

APÊNDICES
171

APÊNDICE A

ESTIMATIVA DAS TAXAS DE INCIDÊNCIA ACUMULADA, MORTALIDADE E


LETALIDADE

35 33,11

30

25

20

14,72
15

10

4,76
5

0
Taxa de Incidência Acumulada Taxa de Mortalidade Taxa de Letalidade

Indicador Médio 2002 CNAE 3611 e 3612 Indicador Médio 2003 CNAE 3611 e 3612
total Registros GERAL

Gráfico 27: Representação gráfica da taxa de incidência acumulada, mortalidade


e letalidade geral em relação aos indicadores médios dos CNAE 3611
e 3612 de 2002 e 2003
Fonte: Pesquisa Fundacentro, Sesi, 2006 (Dados preliminares).
172

APÊNDICE B

ESTIMATIVA DAS TAXAS DE INCIDÊNCIA ACUMULADA, MORTALIDADE E


LETALIDADE NO PÓLO MOVELEIRO DE UBÁ

30

25

20

16,3

15

10

4,45
5
2,73

0
T axa de Inciência A cum ulada T axa de M ortalidade T axa de Letalidade

Indicador M édio 2002 C N A E 3611 e 3612 Indicador M édio 2003 C N A E 3611 e 3612 P ólo de U bá

Gráfico 28: Representação gráfica da taxa de incidência acumulada, mortalidade


e letalidade no pólo moveleiro de Ubá em relação aos indicadores
médios dos CNAE 3611 e 3612 de 2002 e 2003
Fonte: Pesquisa Fundacentro, Sesi, 2006 (Dados preliminares).
173

APÊNDICE C

ESTIMATIVA DAS TAXAS DE INCIDÊNCIA ACUMULADA,


MORTALIDADE E LETALIDADE NO PÓLO MOVELEIRO DE
ARAPONGAS

30

25

20

15

10 8,51 8,33
7,09

0
Taxa de Incidência Acumulada Taxa de Mortalidade Taxa de Letalidade

Indicador Médio 2002 CNAE 3611 e 3612 Indicador Médio 2003 CNAE 3611 e 3612
Pólo de Arapongas

Gráfico 29: Representação gráfica da taxa de incidência acumulada, mortalidade


e letalidade no pólo moveleiro de Arapongas em relação aos
indicadores médios dos CNAE 3611 e 3612 de 2002 e 2003
Fonte: Pesquisa Fundacentro, Sesi, 2006 (Dados preliminares).
174

APÊNDICE D

ESTIMATIVA DAS TAXAS DE INCIDÊNCIA ACUMULADA, MORTALIDADE E


LETALIDADE NO PÓLO MOVELEIRO DE MARINGÁ

30

25

20

15

10

5
1,98

0 0
0
Taxa de Incidência Acumulada Taxa de Mortalidade Taxa de Letalidade

Indicador Médio 2002 CNAE 3611 e 3612 Indicador Médio 2003 CNAE 3611 e 3612 Pólo de Maringá

Gráfico 30: Representação gráfica da taxa de incidência acumulada, mortalidade


e letalidade no pólo moveleiro de Maringá em relação aos indicadores
médios dos CNAE 3611 e 3612 de 2002 e 2003
Fonte: Pesquisa Fundacentro, Sesi, 2006 (Dados preliminares
175

APÊNDICE E

ESTIMATIVA DAS TAXAS DE INCIDÊNCIA ACUMULADA, MORTALIDADE E


LETALIDADE NO PÓLO MOVELEIRO DE SÃO BENTO DO SUL

120

97,63
100

80

60 50,85

40

20
5,24

0
Taxa de Inciência Acumulada Taxa de Mortalidade Taxa de Letalidade

Indicador Médio 2002 CNAE 3611 e 3612 Indicador Médio 2003 CNAE 3611 e 3612
Pólo de São Bento do Sul

Gráfico 31: Representação gráfica da taxa de incidência acumulada, mortalidade


e letalidade no pólo moveleiro de São Bento do Sul em relação aos
indicadores médios dos CNAE 3611 e 3612 de 2002 e 2003.
Fonte: Pesquisa Fundacentro, Sesi,
176

APÊNDICE F

ESTIMATIVA DAS TAXAS DE INCIDÊNCIA ACUMULADA, MORTALIDADE E


LETALIDADE NO PÓLO MOVELEIRO DE BENTO GONÇALVES

30

25

20

15

10 8,75

0 0
0
Taxa de Incidência Acumulada Taxa de Mortalidade Taxa de Letalidade

Indicador Médio 2002 CNAE 3611 e 3612 Indicador Médio 2003 CNAE 3611 e 3612
Pólo de Bento Gonçalves

Gráfico 32: Representação gráfica da taxa de incidência acumulada, mortalidade


e letalidade no pólo moveleiro de Bento Gonçalves em relação aos
indicadores médios dos CNAE 3611 e 3612 de 2002 e 2003
Fonte: Pesquisa Fundacentro, Sesi, 2006 (Dados preliminares).

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