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Os profetas de ontem, falam hoje.

Livro Profeta Miquéias


Miquéias foi contemporâneo de Isaías e profetizou
durante os reinados de Jotão (740-732 a.C), Acaz (732-716
a.C), e Ezequias (716-687 a.C). Jotão e Ezequias foram
bons reis, mas Acaz foi mau. Miquéias estava convencido
que Judá estava caminhando para um desastre por causa
dos pecados nacionais e idolatria de seus líderes. As
acusações dele têm muita semelhança com as de Amos.
Mas o estilo de Miquéias é mais feroz e direto (veja Mq 3:9-12).
Título
Miquéias significa "Quem é igual a Jeová?". E uma
expressão muito adequada à mensagem do livro, pois
enfatiza o grande poder de Deus no primeiro capítulo, e seu
grande perdão no último: "Quem é comparável a ti, ó Deus,
que perdoas o pecado?" (7.18).
I - QUEM FOI MIQUÉIAS

"Eu, porém, estou cheio do poder do Espírito do Senhor,


cheio de juízo e de força, para declarar a Jacó a sua
transgressão e a Israel, o seu pecado" - Mq3:8.

Miquéias nasceu em Moresete-Gate (1:14), um vilarejo


que ficava cerca de 40 km de Jerusalém, no sopé das
montanhas de Judá.

Tudo indica que Miquéias era homem do campo, talvez


lavrador. Sua mensagem de juízo é dirigida às vilas e
cidades de sua região (1:10-16). Aliás, Isaías e Miquéias se
completam. "Um é aristocrata, confidente do rei e estadista;
enquanto o outro é camponês lavrador, cujas visitas à capital
confirmavam notícias ouvidas em casa”
À semelhança de Amos (Am 7:14), Miquéias não era
profeta profissional. Sua crítica aos profetas corruptos (em
3:5,11) comprova isto. Embora não haja testemunho de
seu chamado em sua profecia, sua autenticidade profética
é confirmada com evidências internas, ou seja, com
declarações do próprio livro: 1:1; 3:8.

Jeremias fala de Miquéias em seu livro (Jr 26.18) ao


relembrar sua profecia nos dias do rei Ezequias. Tal
profecia foi influente no livramento da vida desse
Profeta Maior.
OBJETIVO DO LIVRO DE MIQUÉIAS

O objetivo histórico do livro era enfatizar o peso da


próxima ira divina sobre a nação, em virtude de seus
pecados de violência e injustiça social, enquanto fingiam
ser religiosos. O objetivo adicional de Miquéias era
lembrar-lhes a futura vinda do Messias, que surgiria de
origem humilde, para governar com justiça e verdade,
conforme promessa da aliança abraâmica.
A MENSAGEM DE MIQUÉIAS

O livro de Miquéias divide-se em três partes, cada


uma começando com "ouvi" (1:2; 3:1; 6:1). E cada parte
termina com uma promessa:

• Promessa de ajuntamento (2:12-13)


• Promessa de livramento (5:10-15)
• Promessa de perdão e misericórdia (7:18-20)
- Os pecados nacionais estão presentes em todo o livro.

• Idolatria (1:7; 6:16)


• Cobiça e opressão (2:2)
• Violência (3:10; 6:12; 7:2)
• Apoio aos falsos profetas (2:6,11)
• Corrupção dos governantes (3:1-3)
• Corrupção ds profetas (3:5-7)
• Suborno (3:9,11; 7:3)
• Desonestidade (6:10,11)
Sendo assim, Podemos dividir o livro da seguinte
maneira:

Cap. 1: Profecia contra Israel e Judá

Cap. 2: Profecia contra os opressores

Cap. 3: Profecia contra as autoridades


Cap. 4: Profecias sobre um futuro remoto

Cap. 5: Profecia acerca do Messias

Cap. 6: O povo de Deus em xeque

Cap. 7: Deus ama com amor eterno


MIQUÉIAS E ISAÍAS — SEMELHANÇAS E
CONTRASTES

Miquéias e Isaías trabalharam juntos, talvez mais que


qualquer outro par de profetas da "escrita" do Antigo
Testamento, exceto Ageu e Zacarias. Sem contar com a
diferença do tamanho, seus livros têm semelhanças e
contrastes.

É considerado o "Isaías" dos Profetas Menores, pela


semelhança que há na mensagem de ambos (também
salienta o aspecto messiânico de Jesus).
Alem da semelhança em salientar o aspecto
messiânico, os Livros de Miquéias e Isaías, escreveram
acerca da libertação de Judá do jugo da Assíria e da
conquista por Babilônia. Ambos vêem, no futuro, o
retorno e o arrependimento do povo de Deus e tratam
também do Milênio e das graças que este trará. Porém,
o ponto alto da sua mensagem diz respeito às profecias
concernentes ao Messias. Além de outros, Isaías
salienta o nascimento virginal de Cristo, enquanto
Miquéias prediz o Seu nascimento na pequena vila de
Belém-Efrata.
Semelhanças:

• Profetizaram a próxima invasão pela Assíria.

• Falaram do livramento de Judá, mas também de um


cativeiro posterior na Babilônia.

• Enfatizaram a futilidade de uma religião meramente ritual.

• Profetizaram a vinda do Messias. Isaías falou de seu


nascimento virginal, e Miquéias determinou o local de seu
nascimento.

• Profetizaram o livramento final de Israel, que teria de ser


precedido por arrependimento.
Contrastes:

• Isaías dirigiu-se principalmente à aristocracia de


Jerusalém. Miquéias falou ao povo comum da zona rural.

• Isaías ocupou-se, em grande escala, com o cenário


internacional e as falsas alianças políticas de Judá. Miquéias
focalizou os pecados pessoais e sociais de injustiça que
eram predominantes em Judá.

• Isaías estendeu o julgamento às nações circunvizinhas.


Miquéias limitou a condenação a Judá e Israel.
• Isaías centralizou sua visão messiânica no conceito
de servo, enfatizando a expiação e a salvação pessoal.
Miquéias mostrou que o livramento nacional pelo
Messias se tornaria possível pela graça do perdão
divino, conforme promessa a Abraão “e em ti serão
benditas todas as famílias da terra.”Gn 12.3b

QUATRO DESTAQUES EM MIQUÉIAS

Há quatro destaques dentro desta profecia que não


podemos deixar de analisar.
1. "Sim, as minhas palavras fazem o bem ao que anda
retamente" (2:7b). Isso explica muita coisa na vida humana.
Sabemos que a presença de Deus incomoda aqueles que
estão "devendo" alguma coisa a Ele. Por isso podemos
afirmar que o Espírito Santo é tanto um Advogado quanto
um Acusador. O rabino Eliezer ben Jacob diz: "Quem
cumpre um mandamento - conseguiu um advogado
para si, e quem transgride um mandamento - conseguiu um
acusador para si".

O profeta Jeremias transmite o mesmo ensino: "... eis


que a palavra do Senhor é para eles coisa vergonhosa; não
gostam dela" (Jr 6:10b). E o Senhor Jesus disse a Seus
oponentes: "Quem é de Deus ouve as palavras de Deus; por
isso, não me dais ouvidos, porque não sois de Deus" Jo
8:47). LER Jo 3.17-21
2. "E tu, Belém-Efrata, pequena demais para figurar
como grupo demilhares de Judá, de ti me sairá o que há
de reinar em Israel, e cujas origens são desde os
tempos antigos, desde os dias da eternidade" (5:2)
Este texto é citado por Mateus em 2:5-6, sete séculos
depois de Miquéias haver profetizado. Quando os magos
perguntaram onde o rei dos judeus deveria nascer, os
escribas responderam: "Em Belém da judéia... porque está
escrito por intermédio do profeta...". O Espírito do Senhor
revela a Miquéias até a pequena cidade natal daquele que
haveria reinar por toda a eternidade, porque Ele é desde a
eternidade. Interessante notar que Isaías e Miquéias fazem
as duas profecias mais claras sobre a encarnação do
Senhor.
Isaías prediz Seu nascimento da virgem (Is 7:14); e
Miquéias anuncia o lugar do nascimento (Mq 5:2).
3. “Ele te declarou, ó homem, o que é bom e que é
o que o Senhor pede de ti: que pratiques a justiça, e
ames a misericórdia, e Andes humildemente com o teu
Deus" (6:8)

Certamente este é um dos versículos mais conhecidos


desta profecia. Pois ele contrasta-se com a falsa
religiosidade. O que Deus quer não são milhares de
holocaustos, mas sim, verdadeira adoração.

Observe os verbos praticar, amar e andar - que


demonstram a natureza "pedido" de Deus. E a justiça, a
misericórdia e a humildade era exatamente o que estava
faltando na vida do povo da época de Miquéias. Vou
comentar melhor isso
4. O perdão e a misericórdia de Deus (7:18-19)

É maravilhosa a forma que o profeta encerra sua


profecia: exaltando o grande amor de Deus.

Ao longo dos séculos, desde quando este texto foi


registrado, é certo que milhares e milhares de pessoas
encontraram consolo e cura emocional nestes dois
versículos (eu sou uma destas pessoas).

Quantas coisas da nossa vida e do nosso passado


precisavam ser lançadas nas "profundezas do mar"!!Mas
não tínhamos forças para isso. E Deus fez isso por nos.
O apóstolo Paulo expressou exatamente isso quando
escreveu: "Deus estava em Cristo reconciliando consigo
o mundo, não imputando aos homens as suas
transgressões..." (2 Co 5:19). O verbo "imputar"
significa "debitar na conta", "atribuir a responsabilidade
a:". Quando Cristo morreu na cruz, Deus cancelou
nossas dívidas (Cl 2:14; Is 53:5-6,11), e as lançou nas
profundezas do mar.

Observando atentamente o conteúdo do livro de


Miquéias, podemos ver que:
- Na primeira parte, a pregação profética expõe os
pecados do povo;

- Na segunda, o profeta retrata o juízo de Deus que é


iminente, está prestes a vir;

- Já na última parte, seus escritos anunciam a


esperança de uma restauração, isto evidentemente, após
concluído o período da disciplina divina.

Na verdade de fôssemos escolher uma expressão


chave para o livro, teríamos que escolher a seguinte: "o
julgamento e a restauração de Judá".

Mas o fato de Deus nos amar tanto, não o impede


de fazer exigências a nos.
VEJAMOS QUAIS SÃO ELAS:

1º - A PRÁTICA DA JUSTIÇA

A palavra "justiça", vem do termo hebraico "


mishpat", e significa "julgamento", "ordenação", "ato de
decidir um caso". No Dicionário temos as seguintes
definições: "virtude que consiste em dar ou deixar a cada
um o que por direito lhe pertence", "conformidade com o
direito", "direito, razão fundada nas leis", "estado de graça;
retidão da alma que a graça vivifica; inocência primitiva,
antes do pecado do primeiro homem". Em contra partida,
o oposto de justiça – a "injustiça", significa perverter o
direito, lesar, defraudar, etc.
Ao olharmos com atenção para o conteúdo do
livro de Miquéias, podemos perceber claramente que os
dias do profeta foram caracterizados por uma onda
devastadora de injustiça social. Um dos trechos que
retratam o terrível quadro social vivenciado pelo profeta
de Deus, e que traduz a realidade daqueles dias é 2.1-
2: "1 Ai daqueles que nas suas camas maquinam a
iniqüidade e planejam o mal! quando raia o dia, põem-
no por obra, pois está no poder da sua mão. 2 E
cobiçam campos, e os arrebatam, e casas, e as tomam;
assim fazem violência a um homem e à sua casa, a
uma pessoa e à sua herança".
O clamor do profeta por justiça se justifica ao se
defrontar com atitudes de homens malignos que em seu
leito, maquinam e planejam o mal contra o seu próximo.
Para consumar seus planos opressores, tais homens
promoviam uma onda de violência, onde casas, campos, e
outros bens familiares, eram tomados à força, arrancados,
sob a égide de uma cobiça sem limites! Somente a ação
divina poderia inibir tais práticas abusivas, violentas,
desumanas e cruéis!

- Diante dessa profecia, não nos podem ficar quaisquer


dúvidas de que a vida de um servo de Deus deve ser
permeada pela justiça de Deus. Nossos atos devem
expressar de uma maneira clara, o verdadeiro "censo de
justiça". Deus exige de nós a prática da justiça!
2º - O AMOR À MISERICÓRDIA

A palavra misericórdia vem do hebraico "dox –


checed", e significa "clemência", "bondade", "compaixão".

No Dicionário temos: "pena causada pela miséria


alheia; comiseração", "graça ou perdão". Em outras
palavras significa o ato de exercermos compaixão para
com aquelas pessoas que estão numa situação de
miséria, desgraça, carecendo de nossa ajuda.
O profeta Miquéias vivia inconformado, até mesmo
transtornado, com as atitudes mesquinhas de seu povo,
onde os mais ricos e abastados, ao invés de exercerem
misericórdia, pisoteavam os empobrecidos, os miseráveis,
que eram atingidos por uma avalanche de atos
desumanos e cruéis, que os levavam ao desespero! A
injustiça social caminhava a passos largos! Veja o lastimo
do profeta: "1 E disse eu: Ouvi, peço-vos, ó chefes de
Jacó, e vós, ó príncipes da casa de Israel: não é a vós que
pertence saber a justiça? 2 A vós que aborreceis o bem, e
amais o mal, que arrancais a pele de cima deles, e a
carne de cima dos seus ossos, 3 os que também comeis a
carne do meu povo e lhes arrancais a pele, e lhes
esmiuçais os ossos, e os repartis em pedaços como para
a panela e como carne dentro do caldeirão", 3.1-3.
Quando nos deixamos envolver pela influência
materialista de nossa sociedade consumista, perderemos
o censo de compaixão em relação àqueles que estão
abaixo de nós, e que carecem de atos de bondade de
nossa parte. Não podemos nos esquecer de que, se
somos o que somos, devemos à misericórdia de Deus,
que a cada dia nos envolve com seu manto protetor! Ao
negligenciarmos a prática da misericórdia, podemos
perder o favor da misericórdia divina. Observe a palavra
de Jesus na parábola do Credor Incompassivo: "não
devias tu também ter compaixão do teu companheiro,
assim como eu tive compaixão de ti?", Mt 18.33. Ou ainda
quando ensinando seus discípulos a orar disse: perdoe as
nossas dividas, assim como perdoamos aos nossos
devedores.
A ausência de misericórdia em nossos
relacionamentos pessoais, nos torna frios, calculistas,
insensíveis, apáticos! Cumpre-nos, resgatar o censo de
compaixão pelas vidas que estão vivendo no limiar da
miséria, muitas vezes vítimas de uma sociedade injusta
que premia cada vez mais os ricos e abastados, e tira o
pão da boca dos miseráveis! Não podemos nos
esquecer que "as misericórdias do Senhor são a causa
de não sermos consumidos, porque as suas
misericórdias não têm fim; renovam-se a cada manhã",
Lm 3.22-23.
3º - O ANDAR HUMILDE

A palavra "humildemente" que aparece no texto, vem


do termo hebraico "enu - tsana", e nos traz a idéia de
"simplicidade", "modéstia“.

No Dicionário temos: "virtude que nos dá o sentimento


de nossa fraqueza", "modéstia", "demonstração de respeito,
de submissão". Diante destas definições podemos perceber
que a humildade é uma questão de comportamento e
caráter! Quando nosso caráter é devidamente trabalhado e
moldado pelo Senhor, certamente desenvolveremos um
espírito de humildade, de respeito e comiseração para
nossos semelhantes. Quando Deus nos molda certamente
nosso comportamento é alterado, não para o mal, mas para
o bem! Somos ensinados a respeitar aqueles com os quais
nos relacionamos!
Não nos ficam dúvidas sobre o fato de Miquéias notar
que a tendência de povo de Judá para a violência e
conseqüentemente para o desrespeito com o próximo, não
poderia ser proveniente de vidas humildes.

Quase sempre a violência, as ações desumanas, estão


atreladas ao pecado do orgulho. Atos de crueldade, são
predicativos de pessoas orgulhosas, soberbas!

Geralmente o que produz o orgulho no coração do


homem é a sensação de auto-suficiência, de dono-do-
próprionariz. Esta tendência é que nos leva à petulância, à
rebeldia e ao destrato para com aqueles que estão a nosso
redor, e que muitas vezes dependem de nós, até mesmo
para sua sobrevivência.
O verdadeiro servo de Deus permitirá que o Espírito
Santo em seu íntimo, molde seu comportamento e suas
ações, criando nele um sentimento profundo de verdadeira
humildade, característico daqueles que levam uma vida
em Deus.

- Precisamos aprender sobre a bênção da humildade!

E Nosso maior exemplo e aprendizado nos vêm do


próprio Senhor. Observe o que Ele disse aos seus
discípulos: "Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de
mim, que sou manso e humilde de coração; e achareis
descanso para as vossas almas", Mt 11.29.
CONCLUSÃO:

Para desfrutarmos do melhor de Deus para nossas


vidas, não podemos permitir que a injustiça, a falta de
amor e o orgulho venham prevaleça em nossos corações.

Para sermos abençoados, precisamos praticar a


justiça, amar os menos favorecidos, e nunca permitir que
o orgulho se acomode em nosso íntimo.

Muitos crentes estão sofrendo e perdendo o melhor de


Deus, por levarem uma vida contrária aos princípios
divinos. É preciso fazer uma correção de comportamento
e estar disposto a mudar.

Pergunto. Quem esta disposto a mudar?

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