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UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO

PRETO – UFOP
ESCOLA DE MINAS
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE
CONTROLE E AUTOMAÇÃO E
TÉCNICAS FUNDAMENTAIS

TÁSSIO MARQUES RIOS

AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO DE UM SISTEMA HÍBRIDO


COM CÉLULA COMBUSTÍVEL E TURBINA A GÁS

OURO PRETO - MG
2016
TÁSSIO MARQUES RIOS
tassiomrios@hotmail.com

AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO DE UM SISTEMA HÍBRIDO


COM CÉLULA COMBUSTÍVEL E TURBINA A GÁS

Monografia apresentada ao Curso de


Graduação em Engenharia Mecânica
da Universidade Federal de Ouro Preto
como requisito para a obtenção do
título de Engenheiro Mecânico.

Professor orientador: D.Sc. Elisângela Martins Leal

OURO PRETO – MG
2016
Dedico este trabalho ao universo, pela
oportunidade de aprendizado, meus
guias, pela força e proteção.
Aos meus pais, pelo apoio.
Aos meus irmãos da República Gandaia.
AGRADECIMENTO

A minha orientadora Elisângela Martins Leal, pelo aprendizado, incentivo e orientação neste
trabalho.
Aos professores e amigos do curso de engenharia mecânica por suas importantes contribuições
para o aprimoramento do trabalho.
A Ouro Preto por todas as oportunidades de aprendizado.
Aos irmãos de república.
“Em todo o espaço há energia... é (só) uma questão de
tempo até que os homens tenham êxito em associar seus
mecanismos ao aproveitamento desta energia.”
Nikola Tesla
i

RESUMO

Nos últimos 10 anos, as atividades de pesquisa e desenvolvimento em tecnologia de célula


combustível tiveram considerável aumento na indústria, institutos de pesquisa e universidades.
Neste cenário, o sistema híbrido célula combustível/turbina a gás se destaca devido a sua alta
eficiência se comparado as tecnologias isoladas. Estudos indicam que um sistema híbrido de
célula combustível/turbina a gás pode propiciar um aumento de 25% na eficiência, com relação
a célula combustível de tamanho semelhante. A sinergia alcançada pelo sistema híbrido célula
combustível/turbina a gás advém, principalmente, do uso de energia térmica rejeitada e
combustão de combustível residual de uma célula combustível para movimentar a turbina a gás.
Células combustível de alta temperatura oferecem grande potencial para combinação com
turbinas a gás. Este tipo de célula combustível permite a conversão de uma larga gama de
combustíveis, incluindo vários hidrocarbonetos. As temperaturas de operação relativamente
altas permitem uma maior eficiência na conversão de energia elétrica, o uso de reforma interna,
e obtenção de calor como subproduto para uso em cogeração ou em um ciclo bottoming. Este
trabalho apresenta a análise termodinâmica de um sistema híbrido célula combustível óxido
sólido de reforma interna (DIR-SOFC) com uma turbina a gás (GT). A análise termodinâmica
é realizada através da simulação computacional usando o software CYCLE-TEMPO. A célula
combustível é primeiramente modelada no software EXCEL, utilizando os dados obtidos da
literatura. Em seguida, o sistema híbrido composto pela DIR-SOFC e GT é avaliado no ponto
de projeto e fora do ponto de projeto. Os resultados, considerando os equipamentos no ponto
de projeto, mostram que a célula combustível é a principal produtora de energia do sistema
híbrido, sendo que o sistema híbrido atinge a eficiência elétrica líquida de 76%. Para
comparação, a eficiência da célula combustível de mesma potência foi de 48% e da turbina a
gás, cerca de 37%. Nos estudos fora do ponto de projeto, foi considerada a variação da
densidade de corrente da célula e sua influência na eficiência elétrica do sistema híbrido.
Verificou-se que a turbina foi o principal equipamento de definição da eficiência do sistema.
Por fim, é mostrado que a simulação computacional do sistema híbrido pode representar um
modo econômico, rápido e viável de investiga-lo.

Palavras-chave: célula combustível de óxido sólido, turbina a gás, sistema híbrido, análise
energética.
ii

ABSTRACT

In the last 10 years, research and development activities in fuel cell technology have been
intensified within industry, research institutes and universities. In this scenario, the hybrid fuel
cell/gas turbine system stands out due to its high efficiency compared to isolated technologies.
Studies indicate that a hybrid fuel cell / gas turbine can provide an increase in efficiency of
25% with respect to similar sized fuel cell. The synergy achieved by the hybrid fuel cell/turbine
system derives primarily from the use of rejected thermal energy and combustion of residual
fuel from a fuel cell to drive the gas turbine. High temperature fuel cells offer good
opportunities for coupling with a gas turbine. This type of fuel cell allows the conversion of a
wide range of fuels, including various hydrocarbon fuels. The relatively high operating
temperature allows for highly efficient conversion to power, internal reforming, and high
quality by-product heat for cogeneration or for use in a bottoming cycle. This paper presents a
thermodynamic analysis of a hybrid direct internal reforming solid oxide fuel cell (DIR-SOFC)
and a gas turbine (GT) system. The thermodynamic analysis is performed by computer
simulation using the CYCLE-TEMPO software. The fuel cell is first modeled in EXCEL
software, using the data obtained from the literature. Then, a hybrid system with a DIR-SOFC
and a GT is evaluated at the design and off-design point. The results at the design point showed
that the fuel cell is the main energy producer of the hybrid system, with the hybrid system
achieves the net electrical efficiency of 76%. For comparison, the stand-alone fuel cell
efficiency is about 48% and the stand-alone gas turbine is around 37%. In studies point out
design, it considered the variation of the current density of the cell and its influence on the
electrical efficiency of the hybrid system. It was found that the turbine has the main setting
equipment system efficiency. Finally, it is shown that the simulation of hybrid system may
represent an economical, quick and feasible to investigate the hybrid system.

Keywords: solid oxide fuel cell, gas turbine, hybrid system, energy analysis.
iii

LISTA DE SIMBOLOS

A - Área [m2 ou cm2]


B0 - Permeabilidade através do eletrodo poroso [-]
c - Velocidade [m/s]
C - Concentração [kmol/m3]
Cp - Calor específico a pressão constante [kJ/kg.K]
Cv - Calor específico a volume constante [kJ/kg.K]
D - Coeficiente de difusão [m2/s]
DAB - Coeficiente binário de difusão ordinária [m2/s]
DK - Coeficiente de difusão de Knudsen [m2/s.mol]
E - Tensão de operação da célula [V]
E - Tensão de equilíbrio [V]
Fn - Constante de Faraday [96.487,309 C/mol]
G - Função de Gibbs [kJ]
g - Função de Gibbs específica molar [kJ/kmol]
H - Entalpia [kJ]
h - Entalpia específica molar [kJ/kmol]
h - Entalpia específica [kJ/kg]
hTC - Coeficiente de transferência de calor [W/m2.K]
i - Corrente [A]
j - Densidade de corrente [A/m2]
j0 - Densidade de corrente de intercâmbio [A/m2]
K - Constante de equilíbrio da reação [-]
LHV - Poder calorífico inferior [kJ/kg ou kJ/kmol]
lanodo - Espessura do anodo [m]
lcatodo - Espessura do catodo [m]
m - Fluxo mássico [kg/s]
Mi - Massa molecular do componente i [kg/kmol]
N - Fluxo molar [kmol/s]
n - Número de mol’s do componente [kmol ou mol]
ne - Número de elétrons transferidos por mol de combustível [mol e-/mol]
P - Pressão [kPa ou MPa]
pi - Pressão parcial do componente i [kPa]
Q - Fluxo de calor transferido [kW]
r - Raio médio do poro [m]
Rg - Constante universal dos gases [8,315 kJ/kmol.K]
rp - Razão de pressão [-]
Rt - Resistência total dos componentes da célula []
rtc - Resistência a transferência de carga [.m2]
S - Entropia [kJ/K]
s - Entropia específica molar [kJ/kmol.K]
iv

s - Entropia específica [kJ/kg.K]


T - Temperatura [ºC ou K]
U - Coeficiente global de transferência de calor [W/m2.K]
Uf - Utilização de combustível [-]
W - Trabalho [kJ]
WFC - Densidade de energia elétrica da célula combustível [W/m2]
W - Potência [kW]
x - Fração molar [kmol/kmol]

SÍMBOLOS GREGOS

anodo - Resistência por polarização no anodo [/cm2]


catodo - Resistência por polarização no catodo [/cm2]
ativ - Polarização por ativação [V]
conc - Polarização por concentração [V]
ohm - Polarização por queda ôhmica [V]
 - Porosidade [-]
 - Espessura equivalente da camada de difusão [m]
 - Diferença de potencial entre eletrodos [V]
 - Eficiência [-]
elec - Eficiência elétrica [-]
GT - Eficiência isentrópica da turbina a gás [-]
GTM - Eficiência mecânica da turbina a gás [-]
C - Eficiência isentrópica do compressor [-]
CM - Eficiência mecânica do compressor [-]
 - Viscosidade dinâmica [kg/m.s]
 - Velocidade da molécula de gás [m/s]
 - Densidade [kg/m3]
m - Resistividade [.m]
∆p - Variação de pressão
 - Densidade de energia
 - Coeficiente Isentrópico.
 - Coeficiente de transferência de carga [-]

SUBESCRITOS

0 - Refere-se ao estado padrão (P = 1 atm e T = 25ºC)


ac - Corrente alternada
anodo ou a - Anodo
v

 - Meio ambiente
C - Compressor
catodo ou c - Catodo
Comb - Combustor
dc - Corrente contínua
elec - Elétrico
FC - Célula combustível
Ger - Gerador
GT - Turbina a gás
i - Número do componente em uma mistura gasosa.
L - Limite
NET - Líquida
P - Produtos
p - Potencial
R - Reagentes.
Rec - Recuperador
rev - Reversível
tot - Total
vi

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Esquema do funcionamento dos principais tipos de célula combustível. ................. 9

Figura 2 – Principais configurações da célula de óxido sólido. ............................................... 18

Figura 3 - Representação de uma secção transversal de uma unidade de SOFC planar retangular,
mostrando as posições onde a selagem se faz necessária. ........................................................ 24

Figura 4 – Resistividade elétrica do anodo (Ni + YSZ) contendo valores variados de


porcentagem de Ni, em função da temperatura. ....................................................................... 31

Figura 5 - Erro de Tafel e relação linear dos resultados relativos a equação de Butler-Volmer a
1073 K. ..................................................................................................................................... 33

Figura 6 – Diagrama esquemático de uma célula de cinco camadas e a variação das pressões
parciais de H2 e de H2O através do anodo e a variação da pressão parcial de O2 através do catodo
.................................................................................................................................................. 35

Figura 7 - Turbina a gás que opera segundo o ciclo Brayton: (a) Ciclo aberto, (b) Ciclo fechado.
.................................................................................................................................................. 37

Figura 8 - Ciclo-padrão a ar de Brayton: (a) Diagrama P-V; (b) Diagrama T-s ...................... 38

Figura 9 - Perdas de pressão no ciclo real. ............................................................................... 38

Figura 10 – Turbina heavy duty 7E.03 da General Electric com capacidade de geração de
91MW de potência.................................................................................................................... 39

Figura 11 - Corte da turbina a gás aeroderivada LM 6000 da GE............................................ 40

Figura 12 – Esquema compressor de fluxo axial e centrífugo. ................................................ 41

Figura 13 – Estator e Rotor de um compressor axial de turbina a gás. .................................... 42

Figura 14 - Representação da zona de recirculação, zona de queima e da zona de diluição de


uma câmara de combustão........................................................................................................ 43

Figura 15 – Esquema sistema híbrido célula combustível e turbina a gás. .............................. 48

Figura 16 – Gráfico Temperatura-entropia de processo do esquema representado pela Figura


15. ............................................................................................................................................. 49

Figura 17 – Esquemático da câmara de combustão, com entrada e saída de fluxos. ............... 51


vii

Figura 18 - Volume de controle do sistema para o (a) balanço energético global e (b) balanço
total de entropia. ....................................................................................................................... 54

Figura 19 - Fluxograma das etapas para realização deste trabalho. ......................................... 58

Figura 20 – Esquema sistema híbrido célula combustível e turbina a gás. .............................. 65

Figura 21 - Resultados obtidos da resistência do (a) anodo e catodo, e (b) eletrólito e


interconector para célula combustível suportada no anodo em função da temperatura. .......... 67

Figura 22 - Resultados obtidos da resistência do (a) anodo e (b) catodo para célula combustível
suportada no catodo em função da temperatura. ...................................................................... 67

Figura 23 - Resultados obtidos da resistência do (a) eletrólito e (b) interconector para célula
combustível suportada no catodo em função da temperatura. .................................................. 68

Figura 24 - Resultados obtidos da resistência do (a) anodo e (b) catodo para célula combustível
suportada no eletrólito em função da temperatura.................................................................... 68

Figura 25 - Resultados obtidos da resistência do (a) eletrólito e (b) interconector para célula
combustível suportada no eletrólito em função da temperatura. .............................................. 69

Figura 26 - Resultados obtidos para as curvas de polarização por queda ôhmica em função da
densidade de corrente para células combustível SOFC suportadas no (a) anodo, (b) catodo e (c)
eletrólito (800°C  T  1100°C). .............................................................................................. 70

Figura 27 - Resultados obtidos de densidade de corrente de intercâmbio em função da


temperatura. .............................................................................................................................. 71

Figura 28 – Resultados obtidos para a curva polarização por ativação em função da densidade
de corrente para temperaturas entre 800°C e 1100°C. ............................................................. 72

Figura 29 – Resultados obtidos para a curva polarização por concentração em função da


densidade de corrente para células combustível SOFC suportadas no anodo (800°C  T 
1100°C)..................................................................................................................................... 73

Figura 30 – Resultado obtido da curva polarização por concentração em função da densidade


de corrente para células combustível SOFC suportadas no catodo (800°C  T  1100°C). .... 74

Figura 31 – Resultado obtido da curva polarização por concentração em função da densidade


de corrente para células combustível SOFC suportadas no eletrólito (800°C  T  1100°C). 75
viii

Figura 32 – Resultado obtido para a curva tensão em função da densidade de corrente para
células combustível SOFC suportadas no (a)anodo, (b) catodo e (c) eletrólito (800°C  T 
1100°C)..................................................................................................................................... 76

Figura 33 – Resultado obtido para a curva densidade de energia em função da densidade de


corrente para células combustível SOFC suportadas no (a)anodo, (b) catodo e (c) eletrólito
(800°C  T  1100°C). ............................................................................................................. 77

Figura 34 – Resultado obtido para curva tensão em função da densidade de corrente para a
célula SOFC do sistema híbrido. .............................................................................................. 79

Figura 35 – Curva obtida para a densidade de energia em função da densidade de corrente para
a célula SOFC do sistema híbrido. ........................................................................................... 80

Figura 36 – Curvas obtidas para potência em função da densidade de corrente da turbina e célula
combustível do sistema híbrido. ............................................................................................... 81

Figura 37 – Curva obtida para eficiência líquida do sistema em função da densidade de corrente
da célula combustível. .............................................................................................................. 82

Figura 38 – Potência produzida pela célula combustível, turbina, e a potência líquida total do
sistema em função da densidade de corrente. ........................................................................... 83

Figura 39 – Resultados obtidos para as curvas de fluxo mássico do compressor de combustível


e o de ar em função da variação de densidade de corrente da célula combustível. .................. 84

Figura 40 – Resultados obtidos para as curvas de potência utilizada pelos compressores de ar e


combustível em função da variação de densidade de corrente da célula combustível. ............ 85
ix

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Características dos principais tipos de células. ....................................................... 15

Tabela 2 – Tipos de reações química ocorrida em cada célula. ............................................... 16

Tabela 3 - Levantamento de eficiência térmica de plantas SOFC-GT combinadas. ................ 47

Tabela 4 – Variáveis e seus indicadores. .................................................................................. 60

Tabela 5 – Características dos componentes da SOFC. ........................................................... 63

Tabela 6 – Parâmetros de entrada dos equipamentos. .............................................................. 66

Tabela 7 – Sistema híbrido operando no ponto de projeto. ...................................................... 78


x

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 1
1.1 Formulação do Problema ............................................................................................ 1
1.2 Justificativa ................................................................................................................. 5
1.3 Objetivos ..................................................................................................................... 6
1.3.1 Geral ..................................................................................................................... 6
1.3.2 Específicos ............................................................................................................ 6
1.4 Estrutura do Trabalho ................................................................................................. 7

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................ 8


2.1 Célula Combustível .................................................................................................... 8
2.2 Tipos Existentes ........................................................................................................ 10
2.2.1 Célula combustível Alcalina (Alkaline Fuel Cell - AFC)................................... 11
2.2.2 Célula combustível de Membrana Polimérica (Polymer Electrolite Membrane
Fuel Cell - PEMFC) ......................................................................................................... 12
2.2.3 Célula combustível de Ácido Fosfórico (Phosphoric Acid Fuel Cell – PAFC) . 12
2.2.4 Célula combustível de Carbonato Fundido (Molten Carbonate Fuel Cell –
MCFC) 13
2.2.5 Célula combustível a Óxido Sólido (Solid Oxide Fuel Cell – SOFC)................ 14
2.2.6 Comparativo entre células .................................................................................. 14
2.3 Células combustível de óxido sólido (SOFC) .......................................................... 16
2.3.1 Componentes ...................................................................................................... 20
2.3.2 Avaliação de desempenho da célula combustível .............................................. 25
2.3.3 Análise de desempenho ...................................................................................... 29
2.4 Turbina a gás ............................................................................................................ 37
2.4.1 Turbina ............................................................................................................... 39
2.4.2 Compressor ......................................................................................................... 41
2.4.3 Câmara de Combustão ........................................................................................ 43
2.4.4 Sistemas Híbridos ............................................................................................... 44
2.4.5 Análise Termodinâmica do Sistema Híbrido ..................................................... 48

3 METODOLOGIA........................................................................................................... 56
3.1 Tipo de Pesquisa ....................................................................................................... 56
3.2 Materiais e métodos .................................................................................................. 58
3.3 Variáveis e Indicadores ............................................................................................ 59
3.4 Instrumento de Coleta de Dados ............................................................................... 61
xi

3.5 Tabulação de Dados.................................................................................................. 61


3.6 Considerações Finais do Capítulo ............................................................................ 61

4 RESULTADOS ............................................................................................................... 63
4.1 Levantamento de dados de entrada ........................................................................... 63
4.2 Resultados de Simulação da Célula Combustível .................................................... 66
4.3 Resultados de Simulação do Sistema Híbrido .......................................................... 78

5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES .................................................................... 86


5.1 Conclusões ................................................................................................................ 86
5.2 Recomendações ........................................................................................................ 88

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 89


1

1 INTRODUÇÃO

Nesse capítulo será abordada a formulação do problema, juntamente com os objetivos,


justificativa e estrutura do trabalho.

1.1 Formulação do Problema

De acordo com a Agência Internacional de Energia (IEA, 2015), o mundo consumiu,


em 2013, cerca de 13,5 bilhões de toneladas equivalentes de petróleo (tep). Deste montante,
81,4% são oriundos de combustíveis fósseis, responsáveis por emissões de CO2 da ordem de
31 bilhões de toneladas, 65% das emissões globais mundiais. De acordo com a Empresa de
Pesquisa Energética (EPE, 2015), uma expressiva fração da demanda mundial de energia, mais
precisamente 37%, ou 4,8 bilhões de tep, foi destinada à geração de energia elétrica, resultando
em 22 mil TWh gerados.

Segundo a EPE (2015), através do plano decenal de expansão de energia, haverá um


aumento médio 3,2% ao ano no consumo de energia elétrica no Brasil entre os anos de 2014 e
2019, enquanto que entre 2019 e 2024, esse aumento será de 5,1%, embora as premissas sejam
de crescimento moderado dos setores intensivos em energia.

O desenvolvimento econômico e os padrões de vida buscados pela sociedade são


processos que dependem da disponibilidade de um abastecimento adequado e confiável de
energia (HINRICHS et al., 2008; BARRETO et al., 2008).

Diante deste quadro, Neto (2005), afirma que a construção de grandes usinas
termelétricas, hidroelétricas ou nucleares tem se tornado inviável devido aos inerentes impactos
ambientais e riscos associados. Neste contexto, surge a oportunidade de serem avaliadas as
novas tecnologias de geração de energia.

A constante busca por sistemas de geração de energia que sejam limpos e eficientes tem
levado vários centros de desenvolvimento tecnológico a buscar maneiras inovadoras de obter
máxima potência e alta eficiência, a baixos custos (SILVEIRA et al., 1999).
2

Para Bang-Møller et al (2013), estes objetivos podem ser atingidos principalmente pela
melhoria de sistemas já existentes e/ou a utilização de combustíveis chamados “limpos” ou
renováveis, entre os quais pode-se citar a biomassa, hidrogênio, energia solar, parques eólicos,
entre outros, dessa forma evitando ou reduzindo a participação dos combustíveis fósseis,
grandes emissores de gás carbônico (CO2).

De acordo com Carcasci et al, (2000), uma das formas de se reduzir o impacto dos
combustíveis fósseis na atmosfera é através do uso de sistemas de geração de energia mais
eficientes, sendo a mais utilizada os chamados ciclos combinados Um exemplo clássico é o uso
de turbinas a gás (ciclo Brayton) associadas a turbinas a vapor (ciclo Rankine). Esses ciclos
combinados modernos podem atingir 60% em relação ao poder calorífico inferior do
combustível.

O maior benefício deste tipo de combinação é o melhor aproveitamento do combustível,


ou seja, gera-se mais potência com a mesma quantidade de combustível, aumentando-se a
eficiência do sistema e diminuindo-se as emissões de poluentes por kilowatt-hora gerado
(CARCASCI et al., 2000).

Mais recentemente estudos relacionados ao uso de turbinas a gás e células a


combustível, conhecidos como sistemas híbridos, vêm sendo desenvolvidos. Sistemas híbridos
com a finalidade de produção de energia elétrica, segundo Hauschild (2006), são sistemas
formados por duas ou mais fontes de produção de energia operando em conjunto para atender
a demanda de um consumidor comum.

Os sistemas híbridos podem ter potências que variam de watts a megawatts, podendo
ser instalados para atender demandas isoladas da rede elétrica, demandas individuais como
prédios, residências, e até mesmo demandas industriais (MARTINEZ, 2007).

Consideráveis trabalhos têm sido feitos para ilustrar a eficiência dos sistemas híbridos,
podendo alcançar eficiências da ordem de 80% (base PCI) quando se opera com gás natural
(MCLARTY et al. 2014). Os sistemas híbridos com célula de óxido sólido e com célula de
carbonato fundido foram demonstrados com sucesso na classe de tamanho sub-MW e atingiram
eficiências de, respectivamente, 53% e 56% (ROBERTS et al., 2005).

Outro sistema envolvendo uma célula combustível de carbonato fundido associada a


uma micro-turbina a gás atingiu 74,4% de eficiência (base PCI), produzindo 1,2 MW de energia
(MCLARTY et al. 2014). Ao contrário dos ciclos combinados, onde a turbina a gás é o ciclo
topping, nos sistemas híbridos esta pode estar localizada em diferentes pontos.
3

Uma outra vantagem relacionada ao uso dos sistemas híbridos é o fato de que estes
podem ser utilizados para geração distribuída, ou seja, sistemas de pequeno tamanho podem ser
construídos com altas eficiências, o que não ocorre com os ciclos combinados, onde o tamanho
dos equipamentos tem um papel fundamental na eficiência do sistema (MARTINEZ, 2007).

As células combustível podem ser definidas como dispositivos que diretamente


convertem energia química de seus reagentes em energia elétrica em corrente contínua de baixa
tensão via reações eletroquímicas, mas sem consumir os materiais que estão contidos em sua
estrutura (U.S. DEPARTAMENT OF ENERGY, 2004).

Conforme U.S. Departament of energy (2004), uma célula combustível unitária é


constituída de dois eletrodos porosos (anodo e catodo) separados por um eletrólito. Na célula,
o combustível é oxidado em um dos eletrodos (anodo) enquanto o oxidante (oxigênio do ar, por
exemplo) é reduzido no outro eletrodo (catodo). O processo completa-se com a circulação de
íons pelo eletrólito e de elétrons pelo circuito externo (produção de energia elétrica).

De acordo com Neto (2005), desde a invenção da célula (datada de 1839), muitos tipos
de sistemas têm sido desenvolvidos devido ao grande número de variáveis envolvidas. Após a
crise energética de 1973, as células foram classificadas pelo tipo de eletrólito e temperatura de
operação.

Os principais tipos de células a combustível são: célula combustível alcalina (AFC);


célula combustível de polímero condutor iônico (PEMFC); célula combustível de Ácido
Fosfórico (PAFC); célula combustível de Carbonato Fundido (MCFC); célula combustível de
Óxido Sólido (SOFC) (NETO, 2005).

Para Roberts et al. (2005), a conjunção de turbinas a gás ou motores de combustão


interna com células a combustível é conhecida como sistema híbrido. E os prospectos para esses
tipos de sistemas são bastante promissores, como já mencionados anteriormente.

Segundo Van Wylen et al. (2009), motores de combustão interna e turbinas a gás
utilizam gás como fluido de trabalho. O modo de operação de turbinas a gás, por exemplo, pode
ser resumido como segue: Ar é aspirado por um compressor, comprimido e injetado numa
câmara de combustão. Com a injeção do combustível e subsequente ignição, a mistura
ar/combustível ganha energia e se expande na turbina, cuja função é acionar o compressor e o
gerador. Valores típicos de eficiência de turbinas a gás variam de 25% a 40%.

Devido às altas temperaturas de operação, as células de combustível dos tipos MCFC e


SOFC são particularmente atraentes para aplicações híbridas usando turbinas a gás e motores
4

de combustão interna (devido a questões de sinergia entre os equipamentos) (SILVEIRA et al.,


1999). Já devido às pesquisas no ramo automotivo, as células PEMFC são atraentes para
aplicações híbridas usando motores de combustão interna (NETO, 2005).

Conforme Orlando (1991), um sistema híbrido com célula combustível pode ser
configurado de várias maneiras. Quatro parâmetros básicos podem ser definidos de modo a
caracterizar o sistema híbrido: (a) célula combustível em ciclo topping; (b) célula combustível
em ciclo bottoming; (c) ciclo híbrido direto e (d) ciclo híbrido indireto.

De acordo com Roberts et al. (2005), um ciclo topping com célula combustível ocorre
quando o ciclo de potência a gás (turbina ou motor) é considerado como balanço de planta
(BOP), sendo colocado após a célula combustível no ciclo. A célula combustível é o sistema
principal de geração de energia.

O ciclo bottoming ocorre quando o ciclo de potência a gás é colocado antes da célula
combustível e a célula combustível usa dos gases de exaustão como oxidante (ROBERTS, et
al. 2005). Este tipo de configuração, é interessante para a célula de carbonato fundido, uma
vez que esta célula usa CO2 como oxidante (U.S. DEPARTAMENT OF ENERGY, 2004).

O ciclo híbrido direto é caracterizado pelo uso direto dos elementos dos fluxos, sem a
necessidade de trocadores de calor para desacoplar os dois ciclos (porém, os trocadores de calor
podem ser usados para outros propósitos) enquanto no ciclo híbrido indireto há a necessidade
do uso de trocadores de calor (ORLANDO, 1991).

Como visto anteriormente vários estudos tem sido realizados demonstrando as


vantagens da introdução do uso de sistemas híbridos e diferentes tipos de células combustível
na geração de energia.

Assim, perante a esse contexto tem-se a seguinte problemática:

Diante dos benefícios apresentados pelo sistema híbrido célula combustível de


óxido sólido e turbina a gás, qual o desempenho do sistema operando no ponto de
projeto (design) e fora do ponto de projeto (off-design)?
5

1.2 Justificativa

A justificativa deste projeto de pesquisa se baseia no potencial de contribuição da célula


combustível em conjunto com a turbina a gás. O sistema híbrido apresenta eficiências maiores
que as eficiências das máquinas em separado (SILVEIRA et al., 1999).

A célula combustível, devido ao seu rendimento mais elevado e menor emissão de


poluentes, é um meio eficaz de solucionar a demanda de energia e os problemas ambientais a
ela relacionados (NETO, 2005).

A contribuição do sistema híbrido pode ser resumida a partir da redução do uso de


combustíveis fósseis, mitigação do déficit de energia, redução da poluição ambiental e redução
das perdas de energia, conforme elucidado a seguir.

Combustíveis fósseis

 A matriz energética mundial se baseia, fundamentalmente, em ciclos térmicos nos quais


os combustíveis fósseis são os mais usados (IEA, 2015);
 Tem sido demonstrado que as descobertas de reservas de petróleo não acompanham o
crescimento econômico mundial (NETO, 2005);
 De acordo com (Bang-Møller et al., 2013), a utilização dos sistemas híbridos, contribui
para uso racional dos combustíveis fósseis, devido a sua elevada eficiência. E,
paralelamente pela capacidade dos equipamentos que compõe o sistema de utilizar
combustíveis renováveis. Podendo assim ajudar na transição para uma matriz energética
sustentável.

Déficit de energia

 Devido à modularidade da célula combustível e adequação das turbinas em ciclos de


baixa e alta potência além da facilidade de adequação em diferentes cenários de
consumo, assim como pela possibilidade de serem construídos numa ampla faixa de
potências da ordem de poucos watts até vários MWs, esses sistemas podem ser
construídos de forma a propiciar a geração distribuída de energia (U.S.
DEPARTAMENT OF ENERGY, 2004).
6

Poluição ambiental

 Tanto pela elevada eficiência como pela capacidade de usar combustíveis renováveis,
os sistemas híbridos e seus componentes podem contribuir na redução de gases de efeito
estufa e poluentes em geral (BANG-MØLLER et al., 2013);
 As células, por não serem baseadas no processo de combustão também poderiam
contribuir na redução da poluição sonora que afeta hoje as grandes cidades produto,
fundamentalmente, dos meios de transporte (U.S. DEPARTAMENT OF ENERGY,
2004).

Perdas de energia

 Segundo (Orlando, 1991), por ser uma tecnologia menos poluente (gases e ruído) e
modular, os sistemas híbridos podem ser alocados próximo aos consumidores (geração
distribuída). Ajudando desta forma significativamente na redução da tarifa de energia
paga pelos mesmos. A tarifa de energia elétrica inclui um valor significativo
correspondente às perdas pela transmissão e distribuição.

1.3 Objetivos

1.3.1 Geral

Analisar tecnicamente um sistema híbrido composto por célula combustível de óxido


sólido e uma turbina a gás com o intuito de determinar o desempenho do sistema operando no
ponto de projeto e fora do ponto de projeto.

1.3.2 Específicos

 Realizar revisão bibliográfica sobre células combustível de alta temperatura,


turbina a gás e sistemas híbridos;
 Analisar e modelar uma célula combustível de óxido sólido;
 Modelar matematicamente um sistema híbrido com célula combustível e turbina
a gás;

 Descrever a metodologia adotada, apontar as variáveis e os indicadores do estudo


e apresentar a instrumentação de coleta e tabulação dos dados obtidos;
7

 Avaliar a influência dos parâmetros de operação na potência produzida pelo ciclo


híbrido e no desempenho do sistema, operando no ponto de projeto e fora do ponto
de projeto.

1.4 Estrutura do Trabalho

Este trabalho é desenvolvido em cinco capítulos, tendo como base o detalhamento do


problema até a solução mais eficiente. No capítulo 1 é apresentado uma breve introdução sobre
o que foi desenvolvido, características dos sistemas híbridos, células combustível de alta
temperatura, máquinas térmicas, e o porquê da necessidade dessa pesquisa.

Em seguida, no capítulo 2, é realizada a revisão bibliográfica acerca do tema estudado,


objetivando a análise técnica das células combustível de óxido sólido, máquinas térmicas, e
suas configurações dentro de um sistema híbrido.

O capitulo 3 apresenta o processo metodológico adotado na pesquisa, bem como as


ferramentas utilizadas para validação dos dados.

No capítulo 4 discutem-se os resultados encontrados, para analisá-los e compará-los


com a teoria.

O capítulo 5 apresenta a conclusão do trabalho e as recomendações para trabalhos


futuros.
8

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Neste capítulo serão abordados os temas relevantes da pesquisa, que são célula
combustível, turbinas a gás, ciclos híbridos e as equações para modelagem de cada um dos
sistemas.

2.1 Célula Combustível

Para Hirschenhofer et al. (1994), as células combustível podem ser definidas como
dispositivos que convertem diretamente energia química de seus reagentes em energia elétrica
em corrente contínua de baixa tensão via reações eletroquímicas, mas sem consumir os
materiais que estão contidos em sua estrutura.

De acordo com Florio (2003), o núcleo de uma célula combustível é composto por várias
células unitárias. Uma célula combustível unitária é constituída de dois eletrodos porosos
(anodo e catodo) separados por um eletrólito.

Segundo Snijkers (2004), na célula, o combustível é oxidado em um dos eletrodos


(anodo) enquanto o oxidante (oxigênio do ar, por exemplo) é reduzido no outro eletrodo
(catodo). O processo se completa com a circulação de íons pelo eletrólito e de elétrons pelo
circuito externo (produção de energia elétrica).

Desde sua invenção, muitos tipos de células combustível têm sido desenvolvidos e estão
em diferentes fases de desenvolvimento (FLORIO, 2007). Para U.S. Department of Energy
(2004), os dispositivos podem ser classificados através do uso de diversas categorias,
entretanto, a classificação mais comum das células combustível é pelo tipo de eletrólito
utilizado e também pela temperatura de operação.

Conforme Hirschenhofer et al. (1994), os principais tipos de células combustível são:


alcalina (AFC), de membrana polimérica (PEMFC), ácido fosfórico (PAFC), carbonato fundido
(MCFC) e de óxido sólido (SOFC). É mostrada na Figura 1 uma representação esquemática de
uma unidade de célula combustível contendo o fluxo de combustível e oxidante, além das
direções do fluxo de íons pelas células PEMFC, PAFC, MCFC e SOFC.
9

Figura 1 – Esquema do funcionamento dos principais tipos de célula combustível.


Fonte: Hirschenhofer et al. (1994).

Nota-se pela Figura 1 que a movimentação e direção da espécie iônica é diferente para
cada tipo célula combustível.

Segundo U.S. Department of Energy (2004), as células combustível promove a geração


de energia com alta eficiência e baixo impacto ambiental. Uma vez que os passos intermediários
da produção de calor e trabalho mecânico típica da maioria dos métodos de geração de energia
convencionais são evitados.

Em conformidade com Roberts et al. (2005), as células combustível não são limitadas
por questões termodinâmicas como os motores, tais como a eficiência de Carnot. Além disso,
por ser evitada a combustão, as células combustível produzem energia com mínima geração de
poluentes. Para permitir a operação contínua, o redutor e oxidante da célula combustível devem
ser continuamente reabastecidos.
10

Para Neto (2005), apesar das células combustível poderem processar uma ampla
variedade de combustíveis e oxidantes, as de maior interesse hoje são as que utilizam
combustíveis comuns (ou seus derivados) ou hidrogênio como um agente redutor, e o ar
ambiente como o oxidante.

De acordo com Silveira et al. (1999), para sistemas de ciclo híbrido e cogeração, é
desejável que a temperatura de funcionamento da célula combustível seja alta, para que se
obtenha uma maior recuperação de calor residual, resultando, então, em maiores eficiências
globais. Com isso, os ciclos térmicos podem atingir rendimentos globais em torno de 85%.

O sistemas híbridos empregando célula combustível, pode ser uma excelente


oportunidade para intensificar a produção de energia descentralizada para o setor terciário no
panorama energético do Brasil, permitindo alta eficiência operacional e confiabilidade no
fornecimento de energia (NETO, 2005).

Segundo Sun et al. (2009), ao longo dos últimos vinte anos, o desempenho do sistema
célula combustível tem sido melhorado. Estes desenvolvimentos resultaram de
aperfeiçoamentos na fronteira de três fases (de maioria microscópicas, na qual as reações
eletroquímicas realmente ocorrem), a redução da espessura do eletrólito, e desenvolvimento de
melhores materiais de eletrodos e eletrólitos que alargam a gama de temperatura sobre a qual
as células podem ser operadas.

2.2 Tipos Existentes

Conforme Mahato et al. (2015), desde a sua invenção, muitos tipos de células
combustível têm sido desenvolvidos e estão em diferentes fases de desenvolvimento. Os
dispositivos podem ser classificados através do uso de diversas categorias, entretanto, a
classificação mais comum das células combustível é pelo tipo de eletrólito utilizado e também
pela temperatura de operação. Segue a apresentação dos principais tipos de eletrodos utilizados
atualmente.
11

2.2.1 Célula combustível Alcalina (Alkaline Fuel Cell - AFC)

Segundo Stolten et al., (2012), a AFC foi uma das primeiras células a serem
desenvolvidas, a partir de 1960. A aplicação para aquela época foi fornecer eletricidade para o
veículo espacial Apollo. A AFC tem sido utilizada em aplicações espaciais com um sucesso
considerável, porém em aplicações terrestres tem tido desafios devido à sensibilidade ao CO2.
Embora alguns pesquisadores dos EUA e da Europa tentem utilizá-la em aplicações móveis e
em sistemas fechados (células reversíveis).

No meio alcalino, as reações relevantes são baseadas em íons OH-. Esses são formados
pelas reduções catódicas do oxigênio e viajam através da solução do eletrólito até o anodo, onde
se recombinam com o hidrogênio, produzindo água (STOLTEN, et al., 2012).

A temperatura de operação dessa célula fica entre 50ºC e 200ºC. Seu eletrólito é feito
normalmente de solução aquosa alcalina como o hidróxido de potássio (ISHAK, 2011).

Segundo U.S. Department of Energy (2004), em relação à fonte de combustível, esta


célula é limitada a componentes não reativos com exceção do hidrogênio. Monóxido de carbono
é considerado um envenenador, e dióxido de carbono reagirá com o KOH para formar K2CO3,
alterando assim o eletrólito. Deve-se ter atenção, pois mesmo a pequena quantidade de CO2 no
ar deve ser considerada com a célula alcalina.

De acordo com Ishak (2011), a principal vantagem desse tipo de célula é o fato dela
utilizar materiais de baixo custo. Isso acontece por possuir excelente desempenho com
hidrogênio e oxigênio, quando comparada com outros tipos de célula. Com destaque para o
movimento do O2 no eletrodo e sua facilidade em utilizar uma grande variedade de
catalisadores.

Em conformidade com Ishak (2011), a grande desvantagem da célula combustível


alcalina é a necessidade de utilizar hidrogênio e oxigênio extremamente puros. O problema das
velocidades de reação baixa, por operar a baixas temperaturas, é superado com a utilização de
eletrodos porosos, com platina impregnada e com a utilização de pressões elevadas.

Neste tipo de célula, a redução do oxigênio no catodo é mais rápida em eletrólitos


alcalinos, comparativamente aos ácidos e, devido a isso, existe a possibilidade da utilização de
metais não nobres (ISHAK, 2011).
12

2.2.2 Célula combustível de Membrana Polimérica (Polymer Electrolite Membrane Fuel


Cell - PEMFC)

A célula combustível PEMFC consiste de uma membrana polimérica sólida que age
como eletrólito entre dois eletrodos porosos de carbono e utiliza platina como catalisador. Em
geral, estas células operam em vários níveis de pressão e abaixo de 100ºC (U.S.
DEPARTMENT OF ENERGY, 2004).

Segundo Franchi (2009), a PEMFC tem sido prevista por muitos como a alternativa
mais viável para os motores de combustão e sistemas a bateria, principalmente para aplicações
móveis, graças a sua baixa temperatura de operação, entre 30ºC e 100ºC, o que permite sua
rápida inicialização e menor desgaste dos componentes de seu sistema, acarretando em maior
durabilidade. Destaca-se também, sobre os demais tipos de células a combustível, por
apresentar baixo peso.

Como o único líquido nesta célula é a água, assim, os problemas de corrosão são
mínimos. Além disso, o controle da água na membrana é crítica para o desempenho eficiente,
uma vez que a membrana tem que ser hidratada. Em função da limitação da temperatura de
operação imposta pelo polímero, geralmente inferior a 120 ºC, e devido também a problemas
com o equilíbrio da água, um gás rico em H2 com um mínimo ou nenhum CO (um veneno a
baixa temperatura) é utilizado (U.S. DEPARTMENT OF ENERGY, 2004).

2.2.3 Célula combustível de Ácido Fosfórico (Phosphoric Acid Fuel Cell – PAFC)

Essa tecnologia emprega a utilização de ácido fosfórico como eletrólito, e seu


funcionamento é similar a tecnologia PEMFC. Essas células foram as primeiras a ser produzidas
comercialmente e apresentam uma ampla aplicação a nível mundial (FRANCHI, 2009).

De acordo com (U.S. Department of Energy, 2004), o uso de membranas poliméricas


orgânicas para troca de cátions em células combustível foi concebido originalmente por
William T. Grubbs em 1959, e foram utilizados ácidos fortes para fornecer um contato entre a
membrana e as superfícies catalíticas.

Conforme Ishak (2011), a célula combustível de ácido fosfórico possui temperatura de


operação entre 150ºC e 220ºC O desenvolvimento da PAFC tem reduzido nos últimos dez anos,
devido ao fato de a PEFC ter um melhor custo.
13

Segundo Franchi (2009), unidades de 200 kW se encontram espalhadas pelo mundo com
mais de 260 unidades instaladas. Elas têm aplicações em hospitais, centros comercias, escolas,
hotéis, aeroportos e até em estações de tratamento de esgoto e água. No Brasil, está presente
em cidades como o Rio de Janeiro e Curitiba (FRANCHI, 2009).

Em conformidade com U.S. Department of Energy (2004), pode-se citar como


vantagens desse tipo de célula: a tolerância a monóxido de carbono, cerca de até 1% como
diluente; considerável flexibilidade de projeto de controle térmico devido a temperatura de
operação; seu calor trocado pode ser prontamente utilizado em aplicações comerciais e de
cogeração; e requisitos simples para o controle da água, se comparados aos dois tipos de células
já apresentados, AFC e PEMFC.

Por outro lado, segundo Ishak (2011), apresenta como deficiências: tempo relativamente
longo de partida em aplicações de larga escala; a necessidade de metal nobre (platina) para os
catalizadores para a reação eletroquímica nos eletrodos; eficiência moderada, em torno de 35%
a 47%, o que está ligada a reforma do gás natural e do biogás que é feita entre 450ºC e 500ºC,
tornando necessária a queima de parte do combustível para atingir essa temperatura; e o uso de
materiais caros em sua construção, devido a natureza corrosiva do ácido fosfórico.

2.2.4 Célula combustível de Carbonato Fundido (Molten Carbonate Fuel Cell – MCFC)

De acordo com Selman (1993), as células combustível do tipo carbonato fundido


(MCFC) são consideradas células da segunda geração. Esta tecnologia tem sido extensivamente
estudada em várias pesquisas e programas de desenvolvimento. A primeira MCFC foi
demonstrada por Broers e Ketelaar na década de 1950.

Para Franchi (2009), o interesse neste dispositivo se deve a geração de energia elétrica
em grande escala. Inclui-se também sua alta eficiência, capacidade de utilizar uma grande
variedade de combustíveis, a possibilidade de reforma interna, baixos níveis de emissões de
poluentes, entre outros.

Segundo Wendt, et al., (2000), o eletrólito nesta célula é usualmente uma combinação
de carbonatos alcalinos, em suspensão numa matriz cerâmica porosa de LiAlO2. A célula opera
entre 600 e 700°C onde os carbonatos alcalinos formam sais fundidos altamente condutores,
com íons de carbonatos fornecendo conduções iônicas.
14

Em conformidade com Wendt et al., (2000), em alta temperatura de operação nas


MCFC, níquel no anodo e óxido de níquel no catodo são adequados a promover reações. Sendo
assim, metais nobres não são necessários para a operação, e a maioria dos combustíveis pode
ser reformada internamente.

Por outro lado, a natureza corrosiva do eletrólito somado às altas temperaturas


utilizadas, que favorecem processos de corrosão, tensões térmicas e fadiga dos distintos
componentes, implicam na utilização de materiais especiais para sua construção (Franchi
(2009).

Outra característica negativa é o longo tempo de partida, em função de sua alta


temperatura, tornando essa tecnologia destinada a operações estacionárias e contínuas. Tais
aspectos têm motivado incessantes esforços por parte da comunidade científica no sentido de
se estudar e desenvolver materiais e processos que possam se adequar as necessidades.
(WENDT, et al., 2000).

2.2.5 Célula combustível de Óxido Sólido (Solid Oxide Fuel Cell – SOFC)

De acordo com Srinivasan et al. (1993), a célula combustível do tipo óxido sólido
(SOFC) é uma célula construída a partir de materiais cerâmicos (óxidos de metal) e metais.

A construção do eletrólito no estado sólido oferece um aumento na confiança e


durabilidade, menor corrosão e nenhuma necessidade de administração da evaporação de
eletrólito ou circulação (SRINIVASAN et al., 1993).

Conforme Barroso (2011), a alta temperatura de operação entre 500ºC e 1000ºC,


assegura uma adequada condutividade iônica e eletrônica de seus componentes e tem suas
vantagens e desvantagens. As vantagens incluem o uso de calor para o processo de reforma
dos combustíveis e também para a técnica de cogeração, além de uma menor polarização por
ativação. As desvantagens incluem um longo tempo de partida e problemas relacionados aos
componentes submetidos as altas temperaturas.

2.2.6 Comparativo entre células

As principais diferenças existentes entre os tipos de células são mostradas na Tabela 1


de forma resumida, em termos de eletrólito usado, temperatura de operação, eficiência de
15

produção de eletricidade, combustível que pode ser usado, catalisador empregado no sistema,
o tipo de íon que atravessa o eletrólito, o oxidante a ser usado e a aplicação mais frequente para
o tipo de célula mencionada.

Tabela 1 – Características dos principais tipos de células.


AFC PEMFC PAFC MCFC SOFC

Carbonato de Óxidos de
Hidróxido de Polímeros Ácido
Eletrólito lítio, sódio e zircônio e
Potássio Orgânicos Fosfórico
potássio. ítrio

Temperatura 150ºC a 600ºC a 500ºC a


50ºC a 200ºC 30ºC a 100ºC
de Operação 220ºC 700ºC 1000ºC

Eficiência 60% a 70% 35% a 50% 37% a 42% 45% a 60% 50% a 60%

Combustível H2 H2 H2 H2, CH4, CO H2, CH4, CO

Níquel- Níquel-
Catalisador Platina Platina Platina
Cromo Zircônia

Íon
OH- H+ H+ CO2-3 O2-
Migrante

Oxidante O2 Ar Ar Ar+CO2 Ar

Veicular, Cogeração,
Espacial, Cogeração, Cogeração,
Aplicações Espacial, Local,
Veicular Estacionária Estacionária
Estacionária Veicular
Fonte: Hirschenhofer et al. (1994); Chan et al., 2001; Virkar et al. (2000).

Nota-se pela Tabela 1 que a eficiência da célula combustível e o uso de catalisadores,


estão diretamente ligados à sua temperatura de operação.

Pela Tabela 2 pode-se observar as reações químicas envolvidas no processo de geração


de energia elétrica, podendo verificar que essas reações químicas ocorridas no interior das
células combustível não produzem poluição, a não ser a MCFC que gera dióxido de carbono.
16

Tabela 2 – Tipos de reações química ocorrida em cada célula.

Reações Eletroquímicas

Anodo: H2 + 2(OH)- → 2H2O + 2℮-

AFC Catodo:1/2O2 + H2O + 2℮- → 2(OH)-

Célula: H2 + 1/2O2 → H2O

Anodo: H2 → 2H+ + 2 ℮-

PEMFC Catodo:1/2O2 + 2H+ + 2 ℮- → H2O

Célula: H2 + 1/2O2 → H2O

Anodo: H2 → 2H+ + 2 ℮-

PAFC Catodo: 1/2O2 + 2H+ + 2 ℮- → H2O

Célula: H2 + 1/2O2 → H2O

Anodo: H2 + CO3-2 → H2O + CO2 + 2℮-

MCFC Catodo: 1/2O2 + CO2 + 2℮- → CO3-2

Célula: H2 + 1/2O2 + CO2 → H2O + CO2

Anodo: H2 + O2- → H2O + 2℮-

SOFC Catodo:1/2O2 + 2℮- → O2-

Célula: H2 + 1/2O2 → H2O


Fonte: Hirschenhofer et al. (1994); Mahato, et al.(2015).

Percebe-se pela Tabela 2 que as reações químicas globais de todos os tipos de células
são iguais, exceto para a célula combustível de carbonato fundido, visto que esta célula usa CO2
como oxidante.

2.3 Células combustível de óxido sólido (SOFC)

A célula combustível de óxido sólido (SOFC) é um dispositivo de conversão de energia


eletroquímica, que oferece grande promessa quanto a entrega de um elevado rendimento
17

elétrico e benefícios ambientais em termos de flexibilidade de combustíveis, bem como a


geração de energia elétrica limpa e eficiente, por exemplo acima de 70% com a regeneração de
combustível (LEE et al., 2011; STAMBOULI et al., 2002).

A SOFC produz eletricidade útil por meio da reação de um combustível com o oxidante
via difusão de íons através de uma camada condutora no eletrólito sólido (MINH, 2004).

Conforme Minh (1993), a célula é formada por dois eletrodos porosos em sanduiche
com o eletrólito. O ar flui ao longo do catodo. Quando uma molécula de oxigênio entra em
contato com a interface catodo/eletrólito, ela adquire elétrons. Os íons de oxigênio se difundem
no eletrólito e migram para o outro lado da célula onde entram em contato com o anodo.

Ainda em conformidade com Minh (1993), estes íons ao encontrarem a interface


anodo/eletrólito, reagem cataliticamente, produzindo principalmente água, calor e elétrons. Os
elétrons são transportados pelo circuito externo, fornecendo energia elétrica.

Monóxido de carbono e hidrocarbonetos tais como o metano podem ser usados como
combustíveis na SOFC. É também possível que a reação de simples troca água-gás envolvendo
CO e a reforma a vapor do CH4 ocorra em alta temperatura para produzir H2 que será facilmente
oxidado no anodo.

A alta temperatura de operação, entre 500ºC e 1000ºC da SOFC apresenta a vantagem


de poder utilizar o calor para o processo de reforma dos combustíveis e também para a técnica
de cogeração (SILVEIRA et al.,1999).

Em contrapartida, de acordo com Mahato et al., (2015), essa temperatura de operação


pode levar a vários problemas de materiais, que incluem, sinterização do eletrodo,
envenenamento do catalisador, difusão interfacial entre materiais do eletrólito e eletrodo,
instabilidade térmica e mecânica dos componentes celulares devido a diferentes coeficientes de
expansão térmica.

Tais problemas têm limitado o desenvolvimento e uso de células SOFC. No entanto,


experimentos para superar tais limitações e desenvolvimento de novos materiais são o foco dos
avanços tecnológicos em curso (MAHATO et al., 2015).

A redução da temperatura operacional para o intervalo de 300ºC a 400ºC, mantendo a


estabilidade térmica e atingindo os níveis exigidos de condutividade, são os principais objetivos
da pesquisa atual em SOFC (MAHATO et al., 2015). A otimização dos processos de fabricação
de materiais utilizados como eletrodos, eletrólitos, e interconectores são a principal
18

preocupação para a viabilidade técnica da SOFC na vida real (ZONGPING, et al., 2012). As
principais configurações encontradas no mercado para a célula de óxido sólido são mostradas
na Figura 2.

Figura 2 – Principais configurações da célula de óxido sólido.


Fonte: Srinivasan et al., 1993.

Na Figura 2 são mostrados os três principais projetos da célula de óxido sólido. Segundo
Florio (2007), na configuração planar são utilizadas técnicas relativamente simples e de baixo
custo para a conformação da célula unitária, tais como colagem e calandragem de fita. O projeto
planar pode também usar um metal para a placa de interconexão. Para Minh (2004), uma
desvantagem do projeto é a placa de vedação necessária para evitar o cruzamento de gases
19

combustível e oxidante. Uma desvantagem adicional é a possibilidade de alinhamento


imperfeito dos componentes empilhados, que conduz a uma resistência ôhmica extra, um maior
risco de fratura das células e o consequente fracasso completo da pilha.

Florio (2007) também afirma que a configuração tubular pode ser considerada a mais
desenvolvida do ponto de vista de estabilidade em operação por longos períodos de tempo. Seu
empreendedor mais atuante e avançado nas últimas décadas foi a Westinghouse, atualmente
Siemens Power Generation. Segundo Costa 2013, além de apresentar uma grande estabilidade
térmica, e estrutura robusta, uma outra vantagem importante do desenho tubular é a facilidade
de vedação dos gases de trabalho devido ao fato do tubo possuir uma extremidade fechada. No
entanto, de acordo com Costa (2013), esta concepção conduz a uma resistência interna grande,
como resultado de um caminho relativamente longo da corrente em torno da circunferência da
célula. Para evitar as limitações associadas com a densidade de empacotamento, alguns modelos
pilha tubulares usam tubos achatados. Com intuito de evitar as limitações associadas com a
densidade de empacotamento, avanços atuais da Siemens visam a fabricação de tubos achatados
e tubos com seção triangular, que aumentam em cerca de 40% a densidade de potência da SOFC
tubular convencional (FLORIO, 2007)

Conforme Rodrigues (2007), a configuração monolítica é constituída por componentes


fabricados como finas camadas, de estrutura compacta e corrugada. O formato desta consiste
num ordenamento tipo “favo de mel’ de canais de combustível e oxidante. De acordo com Costa
(2013), a célula combustível formada por este projeto é feita por dois tipos de cerâmica em
multicamada, cada uma composta por três componentes celulares: anodo / eletrólito / catodo e
anodo / interconector / catodo. Este projeto tem o potencial suficiente para atingir alta densidade
de energia, devido ao pequeno tamanho da célula e a grande área ativa.

Segundo Yamamoto (2000), para aplicações práticas, as células unitárias devem ser
combinadas de uma forma modular de modo a formar uma pilha, com o propósito de atingir o
nível de tensão de saída e a potência necessária. O empilhamento envolve ligar várias células
unitárias em série através de condutores elétricos. Embora uma grande variedade de geometrias
de célula combustível tenha sido considerada, a maioria das células em desenvolvimento agora
são planar, tubular ou monolítica, conforme mostrado.
20

2.3.1 Componentes

Conforme Yamamoto (2000), existem duas configurações básicas que têm sido
exploradas no desenvolvimento das células combustível do tipo óxido sólido, que são as células
que possuem o eletrólito como suporte (chamadas de células suportadas no eletrólito) e as
células que possuem os eletrodos como suporte, chamadas de células suportadas no anodo ou
no catodo. No primeiro caso, o eletrólito é o componente de maior espessura com eletrodos
finos depositados sobre ele, enquanto que no último caso, um dos dois eletrodos, catodo ou
anodo, pode ser o componente de maior espessura e serve como suporte para a célula
(YAMAMOTO, 2000).

Segundo Virkar et al. (2000), em células suportadas no eletrólito a contribuição ôhmica


é grande devido à alta resistividade do mesmo. Por esta razão, tais células estão sendo
desenvolvidas para operarem a, aproximadamente, 1000ºC, na qual a resistividade do eletrólito
é baixa. Em células suportadas no catodo uma camada de 30 a 40 m de YSZ (eletrólito) é
depositada. Similarmente, em células suportadas no anodo (Ni + YSZ), uma camada de YSZ
do eletrólito de 10 a 20 m é depositada sobre este.

 Anodo

Conforme Haile et al., (2003), o anodo de uma célula combustível é o eletrodo que faz
a interface entre o combustível e o eletrólito. Para exercer esta função o material deve ser um
condutor iônico e eletrônico, ter alta porosidade, ser ativo eletroquimicamente ter
compatibilidade química e térmica com os componentes da célula em que está em contato e
também ser estável em atmosferas altamente redutoras.

As principais funções de um anodo são: permitir a difusão do gás combustível para os


sítios reativos da interface e a remoção dos produtos secundários, transportar para o
interconector os elétrons que são gerados no circuito externo e prover sítios para reações
eletroquímicas catalíticas de oxidação do gás combustível com os íons provenientes do
eletrólito (FLORIO, 2007)

Segundo Muecke et al. (2008), os principais materiais já estudados para os anodos de


SOFC são feitos de uma mistura de níquel e zircônia estabilizada com ítria (YSZ) ou óxido de
cério gadolínio (CGO), formando um cermet (compósito cerâmica-metal) com uma fase
metálica eletronicamente condutora e uma fase cerâmica com condutividade iônica ou mista.
21

De acordo com Muecke et al. (2008), a matriz cerâmica promove um caminho para os
íons e o metal para os elétrons. O cermet em si é eletronicamente condutor acima de certa fração
de volume da fase metálica (limite de percolação). A estabilidade térmica de cermets
nanocristalinos ainda é uma questão chave.

 Catodo

Segundo Fonseca (2004), o catodo de uma célula combustível é a interface entre o


oxidante (ar, oxigênio) e o eletrólito. Suas principais funções são catalisar a reação de redução
do oxigênio e conduzir os elétrons do circuito externo até o sítio da reação de redução.

Os materiais para catodos de SOFC deve seguir os seguintes requisitos: alta


condutividade eletrônica; estabilidade química e dimensional durante a fabricação e operação
da célula; coeficiente de expansão térmica compatível com os dos demais componentes da
célula; compatibilidade e mínima reatividade com o eletrólito e o interconector; alta atividade
catalítica para redução do oxigênio e ser estável em atmosferas altamente oxidantes
(FONSECA, 2004) e alta porosidade, para maximizar a área superficial eletrocatalítica e para
permitir o transporte de gases para os sítios catalíticos (JOON, 1998).

As células de óxido sólido mais antigas usavam um metal nobre como platina para o
catodo. Em substituição a platina, na década de 1960 foi utilizado In2O3 dopado (MINH, 1993),
e no começo dos anos 1980 foi proposto LaMnO3 e LaCoO3 (YAMAMOTO, 2000).

Atualmente o material tradicional encontrado em SOFC é o LSM, manganato de


lantânio dopado com estrôncio, (La,Sr)MnO3 (LAI, 2007). Composições para catodos
compósitos também têm sido amplamente pesquisadas, como a mistura entre o material
tradicional para catodo, manganitas de lântanio, com materiais para eletrólito, YSZ (zircônia
estabilizada com ítria), CGO (céria dopado com gadolínio), entre outros (BAUMANN, 2007).

Como exemplo destes materiais, há a família de condutores mistos (La,Sr(Co,Fe))O3-δ


assim como uma grande variedade de composições alternativas incluindo (Sm,Sr)CoO3-δ e
(Ba,Sr)(Co,Fe)O3-δ (LAI, 2007).

 Eletrólito

Eletrólitos sólidos são compostos nos quais ocorre a condução de íons em uma faixa de
temperatura e de pressão parcial dos elementos que os compõem (FLORIO, 2007). O eletrólito
22

se destaca porque é o valor de sua condução iônica que determina a temperatura de operação
da célula combustível de óxido sólido (YAMAMOTO, 2000).

A principal propriedade para que um material possa servir de eletrólito sólido é que ele
deve ser um isolante eletrônico (LAI, 2007), ou seja, possuir uma condutividade eletrônica
desprezível, porém deve ter uma alta condutividade iônica na temperatura de operação da célula
(SNIJKERS, 2004).

Para Yamamoto, (2000), o eletrólito deve ser um isolante eletrônico que faz com que a
corrente eletrônica não flua internamente, sendo forçada a fluir em um circuito externo e que é
balanceada pela corrente iônica dentro do eletrólito.

Para que um material possa servir de eletrólito sólido deve também possuir algumas
outras propriedades essenciais como: impermeabilidade aos gases combustível e oxidante;
estável quimicamente no ambiente de trabalho, em atmosfera redutoras e oxidantes; resistência
mecânica; coeficiente de expansão térmica compatível com os demais componentes da célula e
também compatibilidade química com estes materiais; e viabilidade economicamente (HAILE,
2003; SNIJKERS, 2004)

De acordo com Mahato et al., (2015), a espécie iônica responsável pela condução são
os íons O2-, que migram pelo eletrólito, no sentido catodo-anodo, através de vacâncias de
oxigênio. Os principais condutores de íons oxigênio pertencem a quatro grupo estruturais
distintos: a) tipo fluorita, como zircônias estabilizadas, cerâmicas a base de céria e de δ-Bi2O3;
b) perovskitas, como o galato de lantânio dopado; c) perovskitas com camadas intercalada de
Bi2O3; e d) pirocloros, como Gd2Zr2O7 e Gd2Ti2O7.

Em conformidade com Etsell (1970), eletrólitos sólidos condutores de íons O2- podem
ser à base de ZrO2 dopados com CaO, Y2O3, La2O3, R2O3 (R=terras raras), MgO, óxidos de
metais de transição; à base de ThO2; de CeO2; de HfO2; de óxidos de metais trivalentes.

Segundo Steele (2001), a dopagem tem a função de produzir vacâncias nos sólidos
formando solução sólida substitucional. A temperatura de operação sofre influência
principalmente das propriedades dos eletrólitos sólidos disponíveis. A condutividade iônica
especifica de um eletrólito sólido varia com a temperatura Para operações em altas temperaturas
a maioria das cerâmicas são suficientes condutoras para dar um bom desempenho geral à célula.
23

 Interconectores

De acordo Florio (2007), para se obter elevadas potências em uma célula combustível
de óxido sólido, células unitárias devem ser combinadas de uma forma modular para uma pilha
de células atingir o nível de tensão de saída e a energia necessária para a aplicação. O
empilhamento envolve ligar várias células unitárias em série através de condutores elétricos

As principais funções dos interconectores são: conectar eletricamente o anodo de uma


célula unitária ao catodo da célula subsequente de um empilhamento; impedir o cruzamento de
gases entre os extremos, isto é, o catodo entrar em contato com a atmosfera do anodo e vice
versa; fazer a distribuição dos fluxos de gases nas superfícies dos eletrodos (FONSECA, 2004).

Os interconectores estão sujeitos a severas condições de operação estando entre os


materiais que devem atender aos requisitos mais rigorosos entre os componentes de uma SOFC
(ZHU, 2003).

Para realizar as funções pretendidas, é desejável que os materiais interconectores


apresentem alta condutividade eletrônica e estabilidade química em ambas as atmosferas,
redutora, oxidante, gradientes de pressão e elevadas temperaturas (YAMAMOTO, 2000).

De acordo com Haile (2003), valores de coeficiente de expansão térmica, compatíveis


com os demais componentes da célula, também são desejáveis, evitando assim tensões
mecânicas durante a vida útil da célula.

Segundo Fontana et al. (2007), resistência mecânica ao escoamento em altas


temperaturas, possuir uma excelente impermeabilidade e boa condutividade térmica,
especialmente para SOFC do tipo planar são características que devem ser consideradas.

Para Tulyaganov (2013), os materiais interconectores são baseados em matérias


cerâmicos, ligas metálicas e cermets. SOFCs tradicionais trabalham a altas temperaturas, por
volta de 1000ºC. Nesta temperatura, o material interconector é convencionalmente feito de um
material cerâmico. Cromato de lantânio (LaCrO3) dopado com metais alcalinos terrosos tem
sido amplamente utilizado como material para interconectores de células combustível de óxido
sólido (LIU, 2007).

Em conformidade com Mahato et al., 2015, a redução da temperatura operacional para


o intervalo de 300ºC a 400ºC, mantendo a fase/estabilidade térmica e atingindo os níveis
exigidos de condutividade são os principais objetivos de pesquisa atual em células de óxido
24

sólido. Com isto, materiais de baixo custo como ligas metálicas podem ser utilizados em
interconectores.

 Selantes

De acordo com Sun et al. (2009) e Dilshat et al. (2013), quando se utiliza o
empilhamento de células unitárias com geometria planar, é necessário que haja um material
para selar as câmaras do anodo e do catodo ao longo de cada célula unitária (anodo-eletrólito-
catodo e interconectores) de todo o empilhamento, impedindo a mistura entre o oxidante e o
combustível, além de ligar os interconectores à célula. Os materiais que exercem esta função
são denominados selantes.

Na Figura 3 é mostrado a localização de uso de selantes em uma unidade de SOFC de


geometria planar retangular.

Figura 3 - Representação de uma secção transversal de uma unidade de SOFC planar retangular, mostrando
as posições onde a selagem se faz necessária.
Fonte: Blum et al. (2010)

Através da Figura 3, nota-se que os selantes são utilizados entre o suporte metálico e a
célula (S1), entre o suporte metálico e o interconector metálico (S2), entre o
25

suporte/interconector, sendo também nesta posição o espaçador (isolante elétrico) (S3) entre o
empilhamento e a base das placas de distribuição de gases (câmaras) (S4) (BLUM et al., 2010)

Segundo Dilshat et al. (2013), os requisitos que este componente deve atender são
bastante rigorosos. Dentre eles pode-se citar o isolamento elétrico, coeficiente de expansão
térmica compatível com os demais componentes, estabilidade física e química, em ambas as
atmosferas, redutora e oxidante, e boa aderência aos demais componentes da célula.

Os materiais mais comumente empregados como selantes na SOFC são os vidros e


compósitos vitro-cerâmicos, como por exemplo, os silicatos alcalinos (LE et al. 2007). Estes
materiais têm demonstrado que podem resistir a mais de 1000 horas de operação da célula sem
degradação significativa (NASCIMENTO et al., 2009).

2.3.2 Avaliação de desempenho da célula combustível

A célula combustível é como qualquer outro dispositivo de conversão de energia, em


que seu desempenho pode ser avaliado pelos princípios da termodinâmica.

 Princípios Termodinâmicos

Tratando a célula combustível como um volume de controle e aplicando a Primeira Lei


da Termodinâmica para regime permanente, considerando desprezíveis as variações de energia
cinética e energia potencial na entrada e saída da célula, tem-se (WARK Jr., 1995):

Qvc  Wvc   N i hi R   N i hi P  0 (1)


i i

O balanço de entropia para o volume de controle pode ser escrito como (WARK Jr.,
1995):

Qvc
  N i si R   N i si P  S ger , vc  0 (2)
T i i

Combinando as equações (1) e (2), e assumindo que a reação eletroquímica é baseada


em unidade molar da taxa de fluxo do combustível, (H2 por exemplo) tem-se:

 
Wvc    N i gi P   N i gi R   T S ger , vc (3)
i i 
26

Sendo:

g i(T,pi )  hi(T)  T si(T,pi ) (3a)

p 
gi (T, pi)  gi0(T, pi)  R g T ln  i 
 (3b)
 P0 

Uma vez que não há trabalho mecânico envolvido na célula combustível, Wvc é o
trabalho elétrico produzido pela célula. Isto é (WARK Jr., 1995):

 
Wel  ne Fn E    N i gi P   N i gi R   T S ger , vc (4)
i i 
  pi   pi  
 
ne Fn E   G   N i R g T ln
0 
  N i R g T ln   T S ger ,vc (5)
i  P0   P 
0  
  P i  R

G 0  R g T ln K(T) (6)

Para uma célula combustível a hidrogênio, com pressões conhecidas dos reagentes e
produtos, tem-se:

Rg T  p H2 2O P0  S ger,vc T
Rg T
E  ln K  ln   (7)
2 Fn 4 Fn  p H2 2 pO2  2 Fn

Sendo (Chan et al., 2001):

S ger , vc T
  ativ   ohm   conc (8)
2 Fn

De acordo com Chan et al. (2001), o primeiro termo no lado direito da Equação (7)
mostra o efeito da temperatura sobre o potencial da célula enquanto o segundo termo mostra o
efeito da pressão dos reagentes e produtos sobre o potencial de célula. O efeito da
irreversibilidade na queda de tensão é considerado no terceiro termo da equação e pode ser
expressa pelas polarizações por ativação, por queda ôhmica e por concentração.

 Variáveis que influenciam no desempenho de uma célula combustível

Segundo Zhu et al. (2015), o desempenho de uma célula combustível é uma função tanto
das condições de operação quanto do desenho dos componentes celular: anodo, catodo,
eletrólito e interconectores. As condições operacionais incluem tempo de vida útil, a
27

temperatura de trabalho, pressões parciais do oxidante e do combustível e a sua taxa de


utilização, e a concentração de água no compartimento do anodo.

Ainda de acordo com Zhu et al. (2015), as especificações de concepção incluem a


porosidade, a tortuosidade e espessura do ânodo e catodo (responsável pela polarização de
concentração), a espessura do eletrólito (responsável pela polarização ôhmica), e a interface
eletrodo/eletrólito (responsáveis pela polarização de ativação).

Uma noção clara do impacto das variáveis no comportamento de uma célula


combustível permite analisar o sistema para predizer como tais dispositivos interagirão em um
sistema gerador de energia.

Para Lee et al. (2011), as necessidades específicas de um sistema célula combustível,


tais como potência e tensão, podem ser selecionadas de acordo com a aplicação. A partir disso
e através de estudos inter-relacionados ao ciclo e à produção de energia, tais necessidades são
definidas tanto para o sistema como para as células individuais.

Uma vez que estas informações são conhecidas, procura-se selecionar o ponto de
operação da célula e do sistema como um todo tendo em mente que as decisões tomadas na
seleção impactam o projeto do sistema e gera custos.

 Temperatura e pressão

O efeito da temperatura e pressão sobre o potencial reversível (Erev) da célula


combustível também pode ser analisado levando-se em consideração as mudanças da energia
livre de Gibbs com a temperatura e pressão (U.S. DEPARTMENT OF ENERGY, 2004).

Sabendo que o máximo trabalho elétrico (Wel,max) realizado pela célula é medido pela
variação da energia livre de Gibbs (∆G) da reação química envolvida, em determinada
temperatura e pressão e, considerando o caso em que todos os reagentes e produtos estão no
estado padrão (T = 298,15 K e P = 1 atm), tem-se (U.S. DEPARTMENT OF ENERGY, 2004):

Wel ,max   G 0R (9)

Para uma reação química, a energia livre de Gibbs pode ser expressa em função do
número de elétrons (ne) transferidos na reação por mol de combustível oxidado durante um
intervalo de tempo. Ou seja:
28

G R0   n e . Fn . E 0 (10)

A variação da função de Gibbs da reação química envolvida pode ser também escrita
como:

G R  H R  TSR (11)

As variações do potencial reversível da célula com a temperatura e pressão, podem ser


expressas, respectivamente, por (BARENDRECHT, 1993):

 E  S
E rev  E 0    T  298,15  T  298,15 (12)
 T  P n e Fn

(n ) Rg T
E rev  E 0  ln( P) (13)
n e Fn

Sendo: n, a mudança em número das moléculas de gás durante a reação.

Observa-se que, a partir das equações (12) e (13), o potencial reversível diminui com o
aumento da temperatura enquanto que o potencial reversível aumenta com o aumento da
pressão.

O aumento na pressão de operação tem muitos efeitos benéficos sobre o desempenho da


célula devido à pressão parcial do reagente, solubilidade do gás, a redução de perdas de
eletrólito por evaporação, entre outros (ZONGPING et al., 2012)

Entretanto, segundo Nascimento et al. (2009), existem desvantagens tais como a


necessidade do aumento na espessura das tubulações e aumento do custo associado ao processo
de compressão. Portanto, os benefícios causados pelo aumento na pressão de operação devem
ser confrontados com problemas de projeto da célula e materiais constituintes, além dos custos
associados à energia requerida para a pressurização do sistema.

 Utilização dos reagentes e composição do oxidante e combustível

De acordo com Lee et al.(2011), o uso dos reagentes e a composição dos gases
combustível e oxidante, têm impacto direto sobre a eficiência de uma célula combustível. É
possível visualizar que os gases combustível e oxidante contendo uma maior concentração dos
reagentes eletroquímicos produzirão uma maior tensão na célula. A utilização refere-se à fração
29

de combustível e oxidante total introduzidos na célula combustível que reagem


eletroquimicamente.

 Densidade de corrente

Segundo Hirschenhofer et al. (1994), a produção de energia elétrica em uma célula


combustível ocorre quando uma corrente razoável é produzida. Entretanto, a tensão real de
uma célula é menor que o potencial de equilíbrio devido às perdas irreversíveis provocadas pelo
aumento da corrente no sistema.

Observa-se também que quanto maiores forem as correntes, maiores serão as diferenças
entre os potenciais dos eletrodos e seus valores de equilíbrio. Várias são as fontes que
contribuem para estes desvios em relação ao valor de equilíbrio, denominadas de polarização
eletródica () (ZHU et al., 2015).

Segundo Zhu et al., (2015), em uma célula combustível as perdas são provenientes
principalmente de três fontes: (1) polarização por ativação (ativ), (2) polarização por queda
ôhmica (ohm), e (3) polarização por concentração (conc). Esses tipos de perdas serão detalhadas
mais adiante.

2.3.3 Análise de desempenho

A análise de desempenho que será apresentada considera os efeitos das principais


formas de polarização na SOFC, bem como a produção de energia. Uma vez que o desempenho
do dispositivo depende da temperatura e composição do combustível e oxidante, os estados
termodinâmicos devem ser determinados na entrada e saída de cada fluxo na célula (CHAN et
al., 2003).

 Polarização por queda ôhmica

As células combustível são compostas basicamente por materiais compósitos. Um


compósito elétrico é definido como um material constituído por dois ou mais meios de comunicação
distintas, os quais estão dispostos num padrão regular ou irregular (MARINSEK, et al., 2007).
30

Segundo Costamagna et al. (1998), a condutividade elétrica de um dado compósito pode


ser a média de seus diferentes componentes, ou pode surgir através da interação das suas fases
separadas, em grande parte, dependendo das características da microestrutura do material
(granulometria, morfologia dos grãos, porosidade, dentre outros) e organização atômica.

As perdas por polarização por queda ôhmica de uma SOFC são, principalmente, devidas à
resistência iônica/eletrônica do eletrólito, eletrodos e interconectores (VIRKAR et al., 2000).

De acordo com Zhu et al. (2015), é de costume atribuir a maior parte da contribuição ôhmica
da célula para o eletrólito, uma vez que sua resistividade iônica é muito maior do que a dos
eletrodos. No entanto esta hipótese não pode ser sempre satisfatória para células suportadas no
anodo, ou catodo, de filmes finos de eletrólito. Isto é, contribuições ôhmicas dos outros
componentes não podem ser negligenciadas no cálculo da resistência específica total da célula.

Para Marinsek et al. (2007), as resistividades de cada componente da célula podem ser
independentemente medidas de forma experimental. No entanto, é possível obter estimativas das
contribuições ôhmicas dos componentes, utilizando dados relatados na literatura sobre a
dependência entre condutividade elétrica e a temperatura, dos vários materiais utilizados. Isto é
discutido no que se segue.

Foram analisados vários estudos sobre modelos matemáticos para o processo de simulação
do comportamento da resistência ôhmica dos componentes da célula combustível. O escolhido foi
aquele que apresentou resultados validados experimentalmente, e que além disso, permite a
variação de parâmetros que foram julgados importantes, tais como composição química e espessura
de cada componente, temperatura de operação, e corrente elétrica.

Uma vez que fluxo o iônico do eletrólito obedece a lei de Ohm, as perdas por queda ôhmica
podem ser descritas por (CAIRES, 1996):

ohm  i  Rt (14)

Sendo Rt a resistência total dos componentes da célula. A resistência de cada material


usado em uma célula qualquer pode ser calculada a partir de sua resistividade (m), que é função
da temperatura. Ou seja (CHAN et al., 2001):

m 
Rt  (15)
A
31

m  a exp( b / T) (16)

Sendo: a e b constantes que são específicas de cada material.

Segundo Marinsek et al. (2007), a condutividade elétrica do catodo, eletrólito e


interconectores aumenta com o incremento da temperatura, enquanto que para o anodo ocorre
o inverso. Um estudo sobre o comportamento da resistividade em função da temperatura, de
um catodo de Ni + YSZ, variando a porcentagem de Ni é mostrado na Figura 4.

Figura 4 – Resistividade elétrica do anodo (Ni + YSZ) contendo valores variados de porcentagem de Ni,
em função da temperatura.
Fonte: (Marinsek et al., 2007).

Este fenômeno tem maior influência para concentrações de Ni no anodo superiores a


28%. Para uma célula de anodo constituído de Ni + YSZ, a sua resistividade total deve aumentar
com a temperatura, porque a fase de condução é principalmente metálica de Ni.

 Polarização por ativação

De acordo com Caires (1996), reações químicas, incluindo reações eletroquímicas,


envolvem barreiras de energia, que devem ser superadas pelas espécies reagentes. Esta barreira
32

de energia é chamada de energia de ativação. A velocidade da reação eletroquímica na


superfície do eletrodo é controlada pela cinética do eletrodo.

Segundo Zhu et al. (2015), existe uma barreira para a ativação da reação eletroquímica
que deve ser superada pela espécie reagente. Se a concentração do reagente é elevada e/ou a
corrente é baixa, a reação de transferência do elétron do eletrodo para a espécie ou vice-versa é
limitada por uma barreira de energia de ativação, podendo ser a etapa determinante de
velocidade, e aparecer como consequência o fenômeno de polarização por ativação

Para Bonnefille et al. (1976), um eletrocatalisador incorporado à estrutura do eletrodo


desempenha um papel fundamental no aumento das velocidades das reações e,
consequentemente, minimização da polarização de ativação. Uma expressão geral que relaciona
a polarização por ativação (ativ) com a densidade de corrente é dada pela equação de Butler-
Volmer.

   n F    1    ne Fn  ativ  
j  j0 exp  e n ativ
  exp   (17)
  R gT   R gT  

Sendo:  o coeficiente de transferência de carga, que no caso da célula combustível é


considerado ser igual a 0,5 (CHAN et al., 2001; HIRSCHENHOFER et al., 1994).

De acordo com Bonnefille et al. (1976), existem dois casos especiais da equação (17)
que são quando a polarização por ativação tem valores altos ou quando tem valores baixos. No
primeiro caso, o primeiro termo exponencial da equação (17) será muito maior que o segundo
termo, podendo este ser desprezado da equação. Rearranjando a equação simplificada:

 R gT   R gT 
 ativ    ln j0  
  n F
 ln j
 (18)
  ne Fn   e n 

que é a equação de Tafel. Sob baixa polarização por ativação, o termo (.ativ.Fn/RgT) na
equação (17) será muito menor que a unidade e os termos exponenciais podem ser ampliados
em uma série de Taylor. Desprezando os termos com ordem superior a um, tem-se (CHAN et
al,. 2001):

 Rg T  j
 ativ   
 (19)
  ne n  j0
F
33

A equação (19) é a relação linear de tensão-corrente.

O papel dos eletrodos compostos, tanto daqueles que são uma mistura de um condutor
iônico e um condutor eletrônico como daqueles formados por uma mistura
iônica/eletronicamente condutora (MIEC), sobre a cinética do eletrodo tem sido examinado por
vários pesquisadores (TANNER et al., 1997).

A razão para o uso dos dois tipos de eletrodos é que a associação dos materiais fornece
uma maior zona de reação na interface eletrodo/eletrólito, diminuindo assim a contribuição das
perdas por polarização (BONNEFILLE et al., (1976).

No caso da SOFC, a análise da polarização por ativação pode ser aplicada ao anodo (Ni
+ YSZ) e ao catodo (LSM + YSZ). É comum questionar a gama de polarização para que a
equação de Tafel e a relação linear de tensão-corrente possa se aplicar. Os erros da equação de
Tafel e a relação linear de polarização em relação à equação Butler-Volmer a 1073 K são
indicados na Figura 5 (CHAN et al., 2001).

Figura 5 - Erro de Tafel e relação linear dos resultados relativos a equação de Butler-Volmer a 1073 K.
Fonte: Chan et al. (2001).
34

Percebe-se pela Figura 5 que a equação de Tafel é melhor aplicada para valores de
polarização maiores que 0,28 V, e a relação linear tensão-corrente, aplicável para valores de
polarização menores que 0,1 V.

Para evitar a ambiguidade dos modelos simplificados, apresentados por vários


pesquisadores do dispositivo, tais como a equação de Tafel ou a relação linear tensão-corrente,
a equação (17) de Butler-Volmer, foi usada. Considerando o coeficiente de transferência de
carga () igual a 0,5, pode-se escrever:

n F  
j  2 j0 sinh e n ativ  (20)
 2R g T 
 
Ou:
2R g T  j 
 ativ  sinh 1   (21)
ne Fn  j0 

Sendo: j0 a densidade de corrente de intercâmbio, que é função da temperatura de operação


da célula e está relacionada à resistência de transferência de carga (rtc) por (VIRKAR et al. 2000,
CHAN et al. 2001):

R gT
j0  (22)
ne Fn rtc

A resistência de transferência de carga pode ser obtida experimentalmente ou calculada a


partir de modelos apresentados na literatura. Costamagna et al. (1998) mostra o cálculo da
resistência a partir da soma de duas outras parcelas: a resistência do condutor iônico e a resistência
do condutor eletrônico. Já Virkar et al. (2000) e Tanner et al. (1997) mostram o cálculo da
resistência a partir das propriedades físicas e eletroquímicas dos materiais que compõe o eletrodo
da SOFC.

 Polarização por concentração

Segundo Zhu et al. (2015), a polarização por concentração se torna significativa quando
grandes quantidades de corrente são extraídas a partir da célula combustível. As pressões
parciais dos gases nos locais de reação, o que corresponde às concentrações volumétrica dos
gases, irá ser menor do que na maior parte do fluxo de gás, quando uma grande quantidade de
corrente é tirada.
35

Ainda de acordo com Zhu et al. (2015), se tais pressões parciais e das concentrações de
gases são insustentáveis, a polarização por concentração irá causar perdas excessivas de tensão
e a célula combustível deixará de operar. Em outras palavras, há a formação de um gradiente
de concentração.

Para Zhu et al. (2015), isto ocorre nos casos em que o transporte do reagente aos sítios
ativos é feito numa velocidade inferior à das etapas subsequentes, ou seja, da sua dissolução no
eletrólito ou do seu consumo na reação em curso. Esse gradiente de concentração pode dar
origem a uma polarização severa e conduz a uma corrente limitante. A polarização por
concentração normalmente não dá origem a grandes perdas de tensão até o momento em que a
densidade de corrente atinge a corrente limitante.

É mostrado pela Figura 6 um diagrama esquemático, de uma célula suportada no anodo,


com cinco camadas e a variação das pressões parciais de H2, H2O e O2 através respectivamente
do ânodo e do catodo.

Figura 6 – Diagrama esquemático de uma célula de cinco camadas e a variação das pressões parciais de H 2
e de H2O através do anodo e a variação da pressão parcial de O2 através do catodo
Fonte: Zhu et al. (2015).

Nota-se pela Figura 6 a redução da pressão parcial dos reagentes hidrogênio e oxigênio
ao longo da célula, enquanto que a pressão parcial do produto água aumenta.
36

Na prática, os eletrodos devem possuir elevada área interfacial e serem porosos para
garantir o fácil e contínuo acesso dos reagentes gasosos. A polarização por concentração pode
ser calculada a partir de (EG&G SERVICES PARSONS, Inc., 2000):

Rg T  i 
 conc  ln 1   (23)
ne Fn  iL 
Sendo: iL a corrente limitante [A].

A equação (23) também pode ser escrita em função das pressões parciais de cada
componente na mistura gasosa. Assim (EG&G SERVICES PARSONS, Inc., 2000):
R gT m m
0
 conc  ln   pi  pi  (24)
ne Fn  i 1 i 1 

Sendo: pi a pressão parcial do componente i próxima aos locais de reação.

No anodo, a reação química ocorre no final do processo de difusão. As relações de fluxo


em estado permanente e considerando difusão contracorrente equimolar, são determinadas pela
estequiometria da reação. Assim, pode-se calcular a polarização por concentração no anodo a
partir de (CHAN et al., 2001):

 conc, anodo  
Rg T  
 1  R g T 2 Fn lanodo Danodo pH0 j 
ln 


  
2
(25)
2 Fn 1  R g T 2 Fn lanodo Danodo pH 2 O j 
0

No catodo, a difusão do nitrogênio no eletrodo pode ser considerada igual a zero. Assim,
pode-se calcular a polarização por concentração no catodo a partir de: (BERGER, 1968):

 P  P   R g T   O2 lcatodo   
  catodo    catodo  pO0 2  exp  
 D
 j 

R g T    O2    O2 
  n  catodo catodo   
4 F P
 conc,catodo   ln   (26)
4 Fn  pO0 2 
 
 
37

 Tensão e Potência da Célula

Uma vez que todas as perdas por polarização foram calculadas, a tensão da célula pode
ser determinada subtraindo as perdas por polarização do potencial de Nernst. A densidade de
energia elétrica produzida pela célula pode ser calculada como (CHAN et al., 2002):

W  E. j (27)

2.4 Turbina a gás

Segundo Lora et al. (2004), a turbina a gás é subdividida em três equipamentos


principais: o compressor, a câmara de combustão e a turbina. Porém pode-se adicionar outros
equipamentos, tais como intercooler, regenerador e reaquecedor, com o intuito de melhorar sua
eficiência térmica.

De acordo com Van Wylen et al. (2003), o ciclo padrão a ar Brayton é o ciclo ideal para
turbinas a gás simples, possuindo duas configurações: ciclo Brayton aberto que é utilizado na
maioria das turbinas a gás, e o ciclo Brayton fechado, conforme mostrados na Figura 7a e 7b.
Os diagramas de pressão versus volume e temperatura versus entropia do circuito aberto podem
ser vistos na Figura 8a e 8b.

Figura 7 - Turbina a gás que opera segundo o ciclo Brayton: (a) Ciclo aberto, (b) Ciclo fechado.
Fonte: Van Wylen et al. (2003).
38

Figura 8 - Ciclo-padrão a ar de Brayton: (a) Diagrama P-V; (b) Diagrama T-s


Fonte: Van Wylen et al. (2003).

O Ciclo Brayton real difere do ideal principalmente devido às inclusões de perdas e


ineficiências no sistema. Dessa forma o comportamento real do ciclo é ilustrado pelo ciclo
pontilhado na Figura 9.

T
Queda de pressão
durante o fornecimento
de calor

Queda de pressão
durante a rejeição
de calor

Figura 9 - Perdas de pressão no ciclo real.


Fonte: Çengel et al. (2006).
A perdas mostradas pela Figura 9 são resultantes das irreversibilidades inerentes aos
tipos de transformações empregadas (ÇENGEL et al., 2006).
39

2.4.1 Turbina

De acordo com Lora et al. (2004), as turbinas a gás industriais se dividem em dois
grupos: turbinas industriais (heavy duty) e turbinas aeroderivadas. Segundo Boyce (2006), as
turbinas industriais foram as primeiras a serem produzidas. Um modelo de turbina industrial,
feita pela General Electric é mostrado na Figura 10.

Figura 10 – Turbina heavy duty 7E.03 da General Electric com capacidade de geração de 91MW de
potência.
Fonte: Power Generation GE, (2015).

As turbinas heavy duty foram projetadas para aplicação industrial e são conhecidas pela
sua alta confiabilidade, robustez, flexibilidade no uso de combustível e baixo custo, podendo
atingir potência de cerca de 480 MW (COHEN et. al., 1996).

Para Boyce (2006), as turbinas industriais são turbinas a gás de ciclo simples de um
eixo, um compressor, uma câmara de combustão e uma turbina de expansão, que fornece
energia mecânica para o compressor e para outras aplicações. A grande aplicação das turbinas
a gás industriais tem sido a geração de eletricidade.

Segundo Lora et al. (2004), as turbinas aeroderivadas são provenientes de turbinas a gás
aeronáuticas que sofreram algumas modificações no projeto. São caracterizadas por serem mais
eficientes, possuírem alta confiabilidade, ocupar pouco espaço, possuir menor relação
40

peso/potência e flexibilidade na manutenção. São utilizadas principalmente em plataformas


marítimas, bombeamento de gás, centrais termelétricas operando no pico e propulsão.

Um corte de perfil de uma turbina aeroderivada a gás LM6000 da GE é mostrado na


Figura 11. Neste corte se identifica as partes de uma turbina a gás.

Figura 11 - Corte da turbina a gás aeroderivada LM 6000 da GE


Fonte: Machado (2010).

Os componentes mostrados pela Figura 11 serão detalhados mais adiante.

Para Cohen et. al (1996), as turbinas aeroderivadas possuem dois componentes básicos:
turbina geradora de gases e turbina de potência. A turbina geradora de gases, ou também turbina
de alta pressão, recebe os gases a alta pressão e temperatura e expande-os de forma a produzir
potência exclusivamente para acionar os compressores de alta e baixa pressão. Por outro lado,
a turbina de potência, também chamada de turbina de baixa pressão, realiza a segunda expansão
dos gases para produzir potência para o gerador de energia.

Devido ao elevado custo dos combustíveis para as empresas aéreas e a necessidade de


leveza e de compactação dos propulsores, as turbinas aeroderivadas apresentaram o maior
desenvolvimento tecnológico nos últimos anos (CORREA NETO, 2001).
41

De a acordo com Lora et al. (2004), para plantas de geração de energia as turbinas heavy
duty apresentam vantagens frente as aeroderivadas devido seu custo menor, maior flexibilidade
com tipo de combustível, e por requerer menor manutenção.

2.4.2 Compressor

De acordo com Soares (2011), a função de um compressor é comprimir o ar, ou seja,


aumentar a pressão do fluxo de ar através de um processo basicamente adiabático.
Consequentemente a temperatura do gás também aumenta.

Segundo Campos (2013), os compressores podem ser classificados de acordo com a


direção do fluxo de ar em centrífugo (radial), axial ou ainda de fluxo misto.

Para Cohen et al. (1996), os compressores de fluxo axial são aqueles em que o
escoamento do fluido ocorre paralelamente ao eixo do rotor tanto na entrada quanto na saída, e
geralmente eles são construídos com múltiplos estágios. Os compressores centrífugos se
caracterizam pelo escoamento de entrada paralelo ao eixo do rotor e o de saída perpendicular
ao mesmo. Na Figura 12 é mostrado esses dois tipos de compressores.

Figura 12 – Esquema compressor de fluxo axial e centrífugo.


Fonte: Nebra (2009).

Percebe-se pela Figura 12 que a diferença principal entre os dois tipos de compressores
é a direção de saída do ar em relação ao eixo do rotor.
42

Segundo Mota Filho (2010), o compressor axial é constituído de uma série de palhetas,
com perfil aerodinâmico, colocadas ao longo de um disco, chamado de rotor, e um conjunto
estacionário de palhetas, também com seção de perfil aerodinâmico, colocadas ao longo da
carcaça, chamado de estator, conforme é ilustrado pela Figura 13.

Figura 13 – Estator e Rotor de um compressor axial de turbina a gás.


Fonte Mota Filho (2010).

O rotor, seguido do estator, é chamado de estágio. Nota-se pela Figura 13 que um


compressor é formado por uma série de estágios sequenciais.

De acordo com Boyce, (2006), o compressor de fluxo axial comprime o ar


primeiramente por acelerá-lo e, em seguida pela difusão, obtendo assim um aumento de pressão.
O fluido é acelerado por uma linha de aerofólios (lâminas) rotativos chamados rotor, e em
seguida, difundido na fila de pás estacionárias (estator). A difusão no estator converte o
aumento da velocidade adquirida no rotor em um aumento de pressão.

Segundo Mota Filho (2010), uma linha adicional de lâminas de passo variável,
conhecida como Inlet Guide Vanes (IGV), são frequentemente usadas na entrada do compressor
para assegurar que o ar entre nos rotores do primeiro estágio no ângulo de fluxo desejado. Estas
palhetas são utilizadas também para suprir os requisitos de fluxo diferentes do motor.

Para Nebra (2009), além dos estatores, outro difusor constituído por outro conjunto de
palhetas, geralmente conhecidos como Exit Guide Vanes (EGV), é encontrado na saída do
compressor com o objetivo de difundir mais o fluido e controlar a sua velocidade na entrada da
câmara de combustão. Este processo é repetido em vários estágios, tantos quantos forem
necessários para atingir a razão de pressão desejada.
43

Entre um estágio e outro, o fluido de trabalho tem sua pressão ligeiramente aumentada
em 1,1:1 a 1,4:1 de razão de pressão, podendo chegar a valores de 40:1 ao final do processo de
compressão (BOYCE, 2006).

2.4.3 Câmara de Combustão

Em conformidade com Lefebvre (1983), a câmara de combustão tem a finalidade de


queimar uma quantidade de combustível fornecida pelo injetor, com uma grande quantidade de
ar proveniente do compressor e liberá-lo a altas temperaturas para a turbina. Isso deve ser
alcançado com a mínima perda de pressão e a máxima eficiência. O esquema de uma câmara
de combustão e ilustrado pela Figura 14.

As câmaras de combustão industriais são mais simples do que as aeronáuticas por causa
da combustão a altas pressões que ocorre em baixas altitudes (BOYCE, 2006).

Figura 14 - Representação da zona de recirculação, zona de queima e da zona de diluição de uma


câmara de combustão.
Fonte: Boyce, (2006).

Através da Figura 14 percebe-se que nas turbinas a gás, as câmaras de combustão têm 3
partes: uma zona de recirculação, uma zona de queima e uma zona de diluição.

Segundo Boyce (2006), a zona de recirculação tem a função de evaporar, queimar


parcialmente e preparar o combustível para uma rápida combustão dentro da zona de queima.
44

Idealmente no fim da zona de queima, todo o combustível deve ser queimado, assim a função
da zona de diluição passa a ser tão somente de misturar os gases quentes com o ar de diluição
provindo do compressor, que é necessário para baixar a temperatura da câmara, e também da
mistura que sai da câmara, para que ela tenha temperatura e velocidade aceitável para as
palhetas da turbina.

De acordo com Van Ness et al. (2007), a quantidade de combustível que deve ser
adicionado à corrente de ar dependerá da temperatura que se quer alcançar. Quanto mais
elevada for a temperatura dos gases de combustão na saída da câmara, maior a energia útil e a
eficiência da turbina.

Para Van Ness et al. (2007), a temperatura limite que os gases devem alcançar na saída
da câmara de combustão, é a temperatura de resistência do material onde vai ocorrer o primeiro
contato com estes gases quentes que são as lâminas do primeiro estágio da turbina de expansão.
Uma vez que esta temperatura depende da taxa de transferência de calor dos gases, quaisquer
meios de reduzir a taxa de transferência e de resfriar as lâminas permitem a operação com
temperaturas mais elevadas do gás.

Em conformidade com Boyce (2006), todas as câmaras de combustão de turbinas a gás


realizam a mesma função que é aumentar a temperatura do gás de alta pressão. A câmara da
turbina a gás usa aproximadamente 10% do total de ar que sai do compressor no processo de
combustão, e o restante é utilizado para a refrigeração e a mistura.

2.4.4 Sistemas Híbridos

O conceito de utilização de uma de turbina a gás em ciclo integrado com uma célula
combustível de óxido sólido tem sido bem conhecida durante muitos anos. Uma pesquisa na
literatura indica que o conceito foi inicialmente analisado por Ide et al. (1989), que comparou
a eficiência líquida de plantas de três tipos de sistemas de geração de energia de célula
combustível, incluindo uma SOFC (operado a uma pressão elevada, que consistiu de um
reformador de gás natural), uma unidade de célula combustível e uma turbina a gás de
recuperação de energia.

Uma pesquisa realizada por Harvey et al. (1994), descreveu um ciclo pressurizado
usando uma célula combustível de óxido sólido e um ciclo bottoming de turbina a gás integrada.
45

Os parâmetros ótimos do ciclo foram obtidos com base em cálculos realizados com o software
ASPEN PLUS da Aspen Technology Corporation.

Em 1997, foi anunciado que a Westinghouse Electric Corporation iniciou um programa


para o desenvolvimento e a demonstração de um sistema híbrido célula combustível óxido
sólido de combustível pressurizado e turbina a gás, para aplicação em geração distribuída de
energia (GEORGE, 1997).

Posteriormente, George (2000) da Siemens Westinghouse Power apresentou um


programa de unidade de campo que incluía um sistema pressurizado SOFC-GT com 220 kW
de potência da Southern California Edison, juntamente com demonstrações comerciais de
protótipos de sistemas de potência.

Segundo Larminie et al. (2003) o primeiro sistema SOFC-GT completo foi entregue
pela Siemens Westinghouse a Southern California Edison em maio de 2000. Um segundo
sistema híbrido foi construído para Ontario Hydro - Canadá, e outras unidades foram
construídas para clientes na Europa.

Estudos teóricos dos ciclos híbridos SOFC e turbina a gás têm atraído cada vez mais
atenção em todo o mundo de vários pesquisadores. Por exemplo, o Departamento de Engenharia
de Energia e Calor na Universidade de Lund, na Suécia realizou um projeto que era parte de
um programa nacional (PALSSON et al., 2000).

Um estudo detalhado foi realizado por Massardo et al. (2000), que investigou o
desempenho de um ciclo híbrido composto por uma célula combustível de óxido sólido com
reforma interna e uma turbina a gás. Este estudo resultou em uma modelagem matemática dos
sistemas e simulava a operação da célula combustível em estado estacionário.

Outros trabalhos apresentando a modelagem e a análise de desempenho de sistemas


híbridos foi documentada por Virkar et al. (2000), Costamagna et al. (2001), Chan et al. (2002
e 2003), Calise et al. (2006), Araki et al. (2006), Granovskii et al. (2007) e Mclarty et al. (2014a
e 2014b). A maioria desses estudos enfatizaram a modelagem numérica de desempenho da
SOFC.

Granovskii et al. (2007), em um estudo recente realizou uma pesquisa que incluiu uma
análise da exergia de dois sistemas SOFC–GT, para determinar sua eficiência e capacidade de
geração de energia em diferentes taxas de transporte de oxigênio através do eletrólito da SOFC.
46

Cocco et al. (2007), também realizou pesquisa sobre o tema, relatando uma análise
comparativa do desempenho da SOFC integrada a microturbinas a gás (MGT), alimentadas por
metano e metanol. Um conjunto útil de correlações foi desenvolvido para permitir a avaliação
direta da tensão da célula combustível sob condições operacionais conhecidas.

Ghanbari (2007) analisou a geração de energia de um sistema híbrido turbina a gás e


SOFC com reforma interna de metano. A análise exergética foi usada para encontrar as perdas
termodinâmicas em cada unidade. Os efeitos de vários parâmetros de funcionamento foram
mostrados a partir da primeira e segunda lei da termodinâmica.

Lim et al. (2008) projetaram e construíram uma célula combustível de óxido sólido
planar suportada no anodo, com um pré-reformador de combustível, para um sistema de geração
de energia de 5 kW, no Instituto de Pesquisas Energéticas da Coreia. Eles também investigaram
as características operacionais da célula, particularmente no que diz respeito ao ciclo térmico e
ao uso de hidrogênio proveniente do processo de reforma. O sistema opera de modo
pressurizado a 3,5 atm, com uma microturbina a gás.

Estudos realizados por Mclarty et al. (2014a e 2014b) apresentam dois tipos de
abordagem sobre o sistema híbrido: o primeiro considera o processo em regime permanente. E
o segundo considera uma análise em regime transiente, levando em conta a interação entre os
equipamentos durante todo seu funcionamento, desde o acionamento até o ponto de operação.

Mclarty et al. (2014a e 2014b) abordam o desafio de selecionar um hardware


compatível com um método simples e robusto para o sistema híbrido SOFC e a integração de
componentes. Demonstram também que o sistema híbrido pode alcançar uma maior resposta
dinâmica ao longo de um envelope operacional maior do que qualquer subsistema individual
(célula combustível e turbina a gás).

A eficiência térmica de uma planta de turbina a gás tradicional tem perdas significativas
devido à irreversibilidade que ocorre no interior da câmara de combustão. Um sistema híbrido
com célula combustível e turbina a gás representa uma tecnologia emergente para geração de
energia, devido à sua maior eficiência de conversão de energia, baixa poluição ambiental e
utilização de combustíveis renováveis (MAGISTRI et al., 2006).

Vários valores têm sido relatados, para a eficiência térmica de tais sistemas, na literatura
disponível. Elas variam de acordo com a configuração e a disposição proposta do sistema
híbrido. A Tabela 3 resume os valores de diferentes eficiências térmicas, os quais foram obtidos
a partir de estudos de diferentes pesquisadores.
47

Tabela 3 - Levantamento de eficiência térmica de plantas SOFC-GT combinadas.


Eficiência
Configuração do sistema Referência
(%)
SOFC integrada com GT em ciclo 68,1 Harvey et al., (2004a e
bottoming pressurizado 2004c)
Processo de gaseificação, associada a 60,0 Lobachyov et al., (1996)
uma SOFC e GT
Ciclo combinado SOFC–GT pressurizado 60-65 George (1997)
Ciclo SOFC–GT em bottoming, <70 Campanari et al., (1998)
pressurizado com recuperação de calor
500 kW GT com reaquecimento e <65 Palsson (2000)
compressão de ar por intercooler
Microturbina com SOFC a alta <60 Costamagna et al. (2001)
temperatura e recuperador de calor
SOFC, combustor, GT, dois <60 Chan et al., (2002)
compressores, e três recuperadores
MGT 50 kW com SOFC a altas 60,0 Massardo et al., (2000)
temperaturas
SOFC tubular pressurizada combinado 66,23 Rao et al., (2003)
com uma GT de recuperação de calor
Turbina de ar úmido (HGT) incorporada 69,05 Rao et al., (2003)
com o ciclo acima
SOFC de reforma interna (IR) combinado <60 Chan et al., (2003)
com GT
Sistema combina SOFC–GT com 70,64 Inui et al., (2003)
recuperação de CO2 por liquefação
30KW sistema híbrido SOFC-MGT 65,0 Uechi et al., (2004)
SOFCIR-GT com três trocadores de calor 65,4 Calise et al., (2006b)
e misturadores
1.5MW SOFCIR integrada a duas GTs 60,0 Calise et al., (2006a)
SOFC com geração em dois estágios, de 56,1 Araki et al., (2006)
baixa e alta temperatura
SOFC-GT de estágios múltiplos e com 68,50 Araki et al., (2007)
recuperação de CO2
SOFC-GT com recuperação 59,4 Tse et al., (2009)
Duas SOFC integrada a uma GT com 68,7 Tse et al., (2009)
compressor a intercooler
Sistema híbrido SOFC-GT 75,0 Mclarty et al., (2014a)
Fonte: Pesquisa direta (2016).
48

2.4.5 Análise Termodinâmica do Sistema Híbrido

Este item mostra a modelagem matemática que será feita do sistema, com o intuito de
obter valores de eficiência térmica e potência elétrica produzida através dos componentes
principais (célula combustível e turbina a gás) operando no ponto de projeto e fora do ponto de
projeto. Para isso, utiliza-se as equações já mencionadas nas seções anteriores, além das
disponíveis na literatura como base para a realização do estudo analítico.

A Figura 15 apresenta um esquema de configuração do sistema hibrido proposto. E o


diagrama temperatura-entropia correspondente desse processo é ilustrado na Figura 16.

Figura 15 – Esquema sistema híbrido célula combustível e turbina a gás.


Fonte: Pesquisa direta (2016).
49

Na Figura 15 temos todos os equipamentos que compõem o sistema híbrido em estudo.


Que são: Compressor de combustível (C2), célula combustível de óxido sólido (F), combustor
(C), turbina (T), recuperador (E), chaminé (S), compressor da turbina (C1), e gerador (G).

Figura 16 – Gráfico Temperatura-entropia de processo do esquema representado pela


Figura 15.
Fonte: Pesquisa direta (2016).

No estado 1, o ar entra no ciclo através de um compressor, onde é pressurizado e em


seguida, sai no estado 2. O pré-aquecimento do ar no interior de um trocador de calor
(recuperador), pelos gases de combustão provenientes da turbina a gás, melhora a eficiência
total do sistema. Assim, o ar pré-aquecido até o estado 3 entra na célula combustível pelo lado
do catodo, para participar da reação eletroquímica.

A célula possui um sistema de reforma interna, onde é utilizado um combustível


pressurizado juntamente com vapor de água. Através da conversão eletroquímica é produzido
pela célula energia de corrente contínua (DC). No entanto devido a irreversibilidade dos
processos, principalmente resistências ôhmicas, calor é gerado, o que faz a temperatura dos
produtos subir para o estado 4.

A maior parte do combustível é oxidado na célula. A parte não oxidada do combustível será
queimada na câmara de combustão da turbina a gás (combustor), localizada logo depois da célula
50

SOFC. Assim os produtos da célula serão ainda mais aquecidos, até a temperatura desejada, pela
sua queima no combustor, atingindo o estado 5.

Em seguida o gás de combustão que transporta uma significativa quantidade de energia


térmica, se expande na turbina à custa de uma queda de temperatura, atingindo o estado 6.
Acionando assim a turbina e suprindo a necessidade energética do compressor. A turbina possui
o eixo acoplado a um gerador que produz energia de corrente alternada (AC).

Os gases de escape da turbina ainda possui uma energia térmica que é utilizada pelo
trocador de calor para pré-aquecer o ar (oxidante) que entrará pelo catodo da célula
combustível, atingindo o estado 7. O gás de escape é descarregado para a chaminé no estado 7.

Compressor

A eficiência isentrópica do compressor é definida como (VAN WYLEN et al., 2003):

WCs h 2,s  h1
C   (28)
WC h 2  h1

Sendo que a temperatura ideal do fluido de trabalho na saída do compressor pode ser
determinada utilizando a seguinte igualdade (VAN WYLEN et al., 2003):

 1
T2 s  P2  
  (29)
T1  P1 

Sendo:  a razão entre calores específicos a pressão constante (Cp) e a volume constante
(Cv). Aplicando o balanço de energia para o sistema, pode-se encontrar o trabalho necessário
para acionamento do compressor (VAN WYLEN et al., 2003):

WC  m
 1(h2  h1 ) (30)

Além disso, a equação de equilíbrio de entropia para o compressor pode ser escrita como
se segue (VAN WYLEN et al. 2003):

 1 S1  m
m  2 S 2  SC  0 (31)

Assim, a taxa de geração de entropia durante o processo de compressão pode ser obtida
a partir da seguinte equação (VAN WYLEN et al., 2003):

SC  m
 1(S2  S1 ) (32)
51

Combustor

A câmara de combustão aproveita o produto proveniente da célula combustível como


fluido de trabalho. Assim, considerando que o fluxo não-reagido de combustível a partir da
célula é queimado na câmara de combustão, o balanço de massa para o combustor pode ser
visto na Figura 17.

Figura 17 – Esquemático da câmara de combustão, com entrada e saída de fluxos.


Fonte: Pesquisa direta (2016).

Logo (COHEN et al., 1996):

 air, FC  m
(m  fuel, FC U f )  m
 fuel, FC (1  U f )  m
4  m
5 (33)

A primeira lei da termodinâmica para a câmara de combustão pode ser expressa como
(COHEN et al., 1996):

 fuel, FCU f )h4  Q Comb  m


 air, FC  m
(m  5 h5  Q Loss  0 (34)

Sendo:

Q comb  m
 fuel, FC (1  U f ) LHV (35)

Q Loss  m
 fuel, FC (1  U f )(1  Comb )LHV (36)

Comb representa a eficiência do combustor.


52

A equação de equilíbrio da entropia para o combustor pode ser escrita como (COHEN
et al., 1996):

Q Comb Q
m4 s4   SComb  m5 s5  Loss  0 (37)
TComb T

Assim, a taxa de geração de entropia no interior da câmara de combustão é (COHEN et


al., 1996):

Q Loss Q Comb
SComb  m5 s5  m4 s4   0 (38)
T TComb

Em que TComb se refere a temperatura de chama adiabática, na qual o calor é transferido


para o fluido de trabalho.

Turbina

De acordo com Van Wylen et al. (2003), a potência necessária para acionar o
compressor é fornecida pela turbina. Portanto, a potência líquida do sistema turbina a gás é dada
por:

  
W net, GT  WGT  WC (39)

A definição de eficiência isentrópica da turbina é dada como (VAN WYLEN et al.


2003):

WGT h  h6
GT   5 (40)
WGTs h 5  h 6,s

A temperatura ideal do gás de trabalho na saída da turbina pode ser avaliada. Portanto,
a pressão de saída da turbina a gás é determinada por (VAN WYLEN et al., 2003):


 T   1
P6  P5  6,s  (41)
 T5 

Além disso, a equação de equilíbrio de entropia para a turbina pode ser obtida como se
segue (VAN WYLEN et al., 2003):

 5 s5  m
m  6 s6  SGT  0 (42)
53

Da conservação de massa, 𝑚̇5 = 𝑚̇6 . Logo, a taxa de geração de entropia durante o


processo de expansão é (VAN WYLEN et al., 2003):

S GT  m
 5 ( s 6  s5 ) (43)

Recuperador

A eficiência do recuperador é descrita como (VAN WYLEN et al. 2003):

T3  T2
reg  (44)
T6  T7

Usando a seguinte equação de balanço energético, pode-se encontrar a temperatura de


saída do ciclo (VAN WYLEN et al. 2003):

 2 (h3  h2 )  m
m  6 (h6  h7 ) (45)

Além disso, a equação de equilíbrio de entropia para o recuperador pode ser expressa
como se segue (VAN WYLEN et al. 2003):

 2 s2  m
m  6 s6  m
 3 s3  m
 7 s7  S c  0 (46)

 2  m 3 e m
A partir de conservação de massa, m 6  m
 7 . Assim, a taxa de geração de
entropia no interior do trocador de calor pode ser avaliada como se segue (VAN WYLEN et al.
2003):

Sreg  m
 2 (s3  s2 )  m
 6 (s6  s7 ) (47)

Equações de equilíbrio geral para o ciclo híbrido

O sistema híbrido turbina a gás com uma SOFC apresentado na Figura 15, pode ser
analisado como sendo um único volume de controle aglomerado. Ilustrado esquematicamente
na Figura 18 (a e b), mostra a entrada e saída de fluxo (incluindo o fluxo de massa, calor e
trabalho) na fronteira do sistema.
54

Figura 18 - Volume de controle do sistema para o (a) balanço energético global e (b) balanço total de entropia.
Fonte: Pesquisa direta(2016).

O balanço de massa do ciclo híbrido é escrito como:

1  m
m  fuel, FC  m
7  0 (48)

Sendo:

1  m
m 2  m
3 (49)

5  m
m 6  m
7 (50)

Já o balanço energético global do sistema se dá por:

 fuel,FC U f  LHVCH 4  QComb  m


 1h1  m
m  7 h7  Q Loss  W FC,dc  Wnet,GT  0 (51)

Sendo que Q Comb e Q Loss foram definidos anteriormente pelas equações (35) e (36)
respectivamente. O rendimento térmico total da planta GT-SOFC é definido como a razão entre
a capacidade de trabalho líquido e a taxa de entrada total de energia para o sistema.

W net
 tot  (52)
Q tot

Sendo:

W net  W FC , ac  W Ger (53)

W FC,ac  inverterW FC,dc (54)


55

WGer  GerWnet,GT (55)

Q tot  m
 fuel, FC U f  LHVCH 4  Q Comb (56)

Em que inverter e Ger denotam a eficiência do inversor de corrente continua para


alternada, e a eficiência do gerador, respectivamente.

E por fim, a taxa de geração de entropia no interior do sistema é o somatório de entropia


gerada em todos os componentes da planta.

S ciclo   S i (57)
i

Sendo i representando o equipamento em questão (compressor, recuperador, SOFC,


combustor e turbina a gás). Assim, a taxa de geração de entropia no interior será:

Q Comb Q Loss
S ciclo  m 7 s7  m 1 s1   (58)
TComb T7

Sendo assim, tem-se o modelamento matemático completo de todo o sistema híbrido. O


que torna possível uma análise do sistema através de simulações. O resultado das simulações
será apresentado no Capítulo 4.
56

3 METODOLOGIA

O presente capítulo descreverá a característica do desenvolvimento da pesquisa, com o


objetivo de determinar a sua natureza e classificação, a área da pesquisa, método e instrumentos
de coleta utilizados assim como as variáveis e indicadores adotados, para que possam ser feitas
a análises e cálculos necessários.

3.1 Tipo de Pesquisa

Segundo Gil (1999), a pesquisa tem um caráter pragmático, é uma maneira formal e
sistemática de desenvolvimento do método científico. O objetivo fundamental da pesquisa é
encontrar soluções para um problema, mediante o uso de procedimentos científicos.

De acordo com Minayo (2003), existem duas formas de realizar uma pesquisa, a
qualitativa e a quantitativa. O método qualitativo é baseado na interpretação, o qual ocupa um
lugar central na teoria e é constituído por um conjunto de técnicas que serão adotadas para
construir uma realidade. Explorando as características e cenários que não podem ser facilmente
descritos numericamente. Os dados são coletados pela observação, descrição e gravação.

Já a pesquisa quantitativa, para Silva (2001), é todo o tipo de informação que pode ser
traduzida em números utilizando métodos estatísticos, as opiniões e dados obtidos de acordo
com os boletins de informação e pesquisa de campo.

O presente trabalho se classifica quanto à abordagem de pesquisa, em uma pesquisa


quantitativa, pois utiliza de dados numéricos, cálculos e processo de análise estatístico,
deixando de lado resultados alcançados por observações e interpretações.

Com relação ao objetivo da pesquisa, Gil (1999) classifica a pesquisa como exploratória,
na qual sua finalidade é esclarecer, desenvolver e modificar ideias e conceitos, tendo em vista,
hipóteses pesquisáveis para estudos posteriores, envolvendo levantamento bibliográfico,
documental, entrevistas e estudos de caso. E ainda proporcionar uma visão geral, aproximada
acerca de determinado fato; descritiva, em que se observa, analisa, e descreve as características
de determinada população ou fenômeno ou estabelece relações entre variáveis, tendo como
principal técnica, a coleta de dados; e explicativa, que identifica os fatores que contribuem ou
57

determinam a ocorrência dos fenômenos, de modo a aprofundar o conhecimento da realidade,


pois explica a razão e o porquê das coisas.

Quanto ao objetivo da pesquisa, este trabalho consiste em uma pesquisa descritiva,


devido ao fato de que irá se observar e analisar o princípio de funcionamento de um ciclo híbrido
composto por uma célula combustível e uma turbina a gás, a fim de descrever, registrar e
comparar os resultados obtidos pela potência elétrica produzida de acordo com as mudanças
nas variáveis do sistema.

Quanto aos procedimentos técnicos tem-se a pesquisa bibliográfica, a experimental,


documental, pesquisa-ação, e estudo de caso (GIL, 1999).

Segundo Silva (2001), a pesquisa bibliográfica baseia-se na utilização de livros e obras


acadêmicas, sejam estas impressas ou digitalizadas e obtidas via Internet, e também por meio
de dados que se obtém através de estudo de casos e experimentos.

De acordo com Minayo (2003), a pesquisa experimental, está mais próxima às Ciências
Naturais, sendo a grande responsável pelos maiores avanços científicos, por meio da
manipulação de variáveis controladas adequadamente, com o intuito de observar, examinar e
interpretar as alterações e reações ocorridas em seu objeto de pesquisa, utilizando técnicas
especiais, e equipamentos adequados.

Fonseca (2002) especifica pesquisa documental como sendo elaborada através das mais
diversas fontes sem tratamentos analíticos. Ainda segundo o mesmo autor, a pesquisa
participante caracteriza-se pelo envolvimento e identificação do pesquisador com as pessoas
investigadas.

Já a pesquisa-ação, para Gil (1999), é realizada e concebida a partir de bases empíricas


em estreita associação com uma ação ou resolução de um problema no qual os pesquisadores e
participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo
ou participativo.

Segundo Yin (2001), estudo de caso envolve um estudo minucioso e exaustivo de um


ou mais objetos de maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento, com a lógica do
planejamento, da coleta e da análise de dados. Para Gil (1999), os exemplos mais característicos
desse tipo de pesquisa são os de investigações sobre ideologias ou aquelas que se propõem à
análise das diversas posições acerca de um problema.
58

O presente trabalho abrange uma pesquisa de caráter bibliográfico, visto que é


fundamentada em uma variedade de livros, teses, dissertações, artigos e internet, com o objetivo
de enriquecimento teórico para realização do estudo proposto.

3.2 Materiais e métodos

Para o presente trabalho foi necessário um estudo bibliográfico a fim de apresentar o


equacionamento e a modelagem dos principais parâmetros intervenientes na determinação da
potência elétrica do ciclo analisado, além de descrever e detalhar os principais componentes do
ciclo híbrido, tais como: célula combustível, turbina a gás, compressor e trocador de calor.

A partir do estudo supracitado, foram elaborados modelos do problema que, em seguida,


foram processados com auxílio dos softwares Microsoft EXCEL e CYCLE-TEMPO. Em
seguida, os dados fornecidos no pós-processamento foram interpretados e discutidos. Por fim,
as conclusões do autor foram apresentadas.

A Figura 19 representa um fluxograma com as etapas para a realização deste trabalho.

Seleção e Equacionamento
caracterização da da célula
célula combustível;
combustível; Equacionamento
problema:
dados de entrada:

dos dados obtidos


Revisão bibliográfica

Modelagem do

Conclusões
Levantamento dos

Interpretação e discussão
e Cycle-Tempo
Processamento dos modelos
nos softwares Microsoft Excel

Seleção e da turbina a gás;


caracterização da Equacionamento
turbina a gás; do sistema
Caracterização do híbrido.
sistema híbrido.

Figura 19 - Fluxograma das etapas para realização deste trabalho.


Fonte: Pesquisa Direta (2016)
59

O fluxograma representado pela Figura 19 destaca importantes passos realizados nas


etapas de levantamento dos dados de entrada e de modelamento do problema. O processamento
do modelo da célula combustível foi realizado com auxílio do software Microsoft EXCEL,
enquanto que o processamento do modelo do sistema híbrido foi realizado no CYCLE-TEMPO.

3.3 Variáveis e Indicadores

Segundo Gil (1999) pode-se dizer que variável é qualquer coisa que pode ser
classificada em duas ou mais categorias. É uma medida ou classificação, uma quantidade que
varia, um conceito operacional que apresenta ou contém valores, propriedade, aspecto ou fator,
identificado em um objeto de estudo e passível verificação.

Para o estudo e medição de cada variável, existem alguns indicadores que são
selecionados de acordo com os objetivos da pesquisa, sendo classificados de forma qualitativa
ou quantitativa. Referente às definições apresentadas e os objetivos do trabalho, são separadas
as variáveis e indicadores, segundo mostrado na Tabela 4.
60

Tabela 4 – Variáveis e seus indicadores.


Variáveis Indicadores
 Trabalho fornecido aos compressores;
 Trabalho realizado pela célula combustível;
 Trabalho realizado pela turbina;
Ciclo híbrido  Regeneração;
 Eficiência;
 Potência total.
 Tipo de Compressor;
 Tipo de célula combustível;
 Tipo de Turbina;
Características Operacionais  Tipo de recuperador de calor;
 Gás Natural;
 Variáveis operacionais de cada equipamento.
 Pressão de entrada;
 Pressão de saída;
 Temperatura de entrada;
Compressor  Temperatura de saída;
 Eficiência isentrópica;
 Eficiência mecânica.
 Espessura anodo;
 Espessura catodo;
 Espessura eletrólito;
 Espessura interconector;
 Temperatura de entrada no anodo;
 Temperatura de entrada no catodo;
 Perda de pressão no anodo;
Célula combustível  Perda de pressão no catodo;
 Fator de utilização do combustível;
 Temperatura de funcionamento;
 Eficiência do inversor DC/AC;
 Resistência ôhmica;
 Densidade de corrente;
 Área.
 Pressão de entrada;
 Pressão de saída;
 Perda de pressão;
Câmara de combustão  Temperatura de entrada;
 Temperatura de saída;
 Eficiência.
 Pressão de entrada;
 Pressão de saída;
 Temperatura de entrada;
Turbina  Temperatura de saída;
 Potência líquida gerada;
 Eficiência isentrópica;
 Eficiência mecânica.
 Pressões de entrada;
 Pressões de saída;
 Perda de pressão no regenerador
Recuperador  Temperaturas de entrada;
 Temperaturas de saída;
 Efetividade do regenerador.
Fonte: Pesquisa direta (2016).
61

3.4 Instrumento de Coleta de Dados

Nesta etapa acontece a coleta de dados em cima do tema abordado a fim de obter o
embasamento necessário para a pesquisa através de revisões bibliográficas, observações e
experimentos.

Como já mencionado neste capítulo, esta pesquisa é de natureza bibliográfica,


quantitativa e descritiva, logo todos os dados necessários para o estudos serão adquiridos
através de uma profunda pesquisa bibliográfica, utilizando livros, teses, dissertações, artigos e
catálogos, associada com uma observação direta a fim de alcançar dados teóricos e práticos, e
também através de um estudo de caso que será realizado posteriormente, com o intuito de
conseguir informações úteis para realizar uma comparação entre os dados reais encontrados na
teoria e dados obtidos por meio de modelagens matemáticas.

3.5 Tabulação de Dados

A partir dos dados obtidos pela teoria, serão realizados cálculos nos softwares EXCEL
e CYCLE-TEMPO, que permite maior facilidade na resolução dos cálculos, melhor
visualização dos dados, e simulação do ciclo proposto neste trabalho. O EXCEL será utilizado
para gerar gráficos característicos da célula combustível e do ciclo híbrido, facilitando assim o
entendimento e interpretação dos resultados. Além disso, será empregado o software Microsoft
Word para relatar e discutir os resultados obtidos.

3.6 Considerações Finais do Capítulo

Neste capítulo foram mostradas as classificações referentes ao tipo de pesquisa,


apresentando as ferramentas e técnicas utilizadas de forma a executar este trabalho. Abordaram-
se também todos os materiais e métodos utilizados para o desenvolvimento efetivo da pesquisa.
Além de ter delimitado a área em que ocorre esta pesquisa e também a forma como foi realizada
a coleta e tabulação dos dados obtidos.
62

No próximo capítulo serão apresentados os resultados obtidos no estudo de caso, de


acordo com a modelagem matemática realizada e a simulação nos softwares EXCEL e CYCLE-
TEMPO, e com os gráficos gerados pelo EXCEL, além de mostrar quais foram os
procedimentos adotados para a realização dos cálculos necessários a fim de obter os valores de
potência produzida pelo ciclo, e por fim será feita uma discussão dos resultados.
63

4 RESULTADOS

Neste capítulo são apresentados os resultados de desempenho da célula a combustível,


e do sistema híbrido.

4.1 Levantamento de dados de entrada

Com base na pesquisa bibliográfica do estudo foi realizado um levantamento dos dados
de entrada do problema em questão.

Célula a combustível

A configuração da célula influencia de maneira significativa. Como mencionado


anteriormente existem dois tipos de configurações básicas para uma SOFC: a célula suportada
no eletrólito e a célula suportada no eletrodo.

Na Tabela 5 são mostradas as características físicas das células SOFC, de acordo com
informações apresentadas por fornecedores e pesquisadores do dispositivo (HIRSCHENHOFER et
al., 1994; CHAN et al., 2003; VIRKAR et al., 2000; ZHU et al., 2015).

Tabela 5 – Características dos componentes da SOFC.


Anodo Eletrólito Catodo Interconector
Material usado Ni/YSZ YSZ LSM/YSZ Mg/LaCrO3
Constante de Resistência 𝑎 = 0,0000298 𝑎 = 0,0000294 𝑎 = 0,0000811 𝑎 = 0,001256
Ôhmica 𝑏 = -1392 𝑏 = 10350 𝑏 = 600 𝑏 = 4690
Espessuras
Suportada no anodo 7,5.10-4 m 4,0.10-5 m 5,0.10-5 m 1,5.10-4 m
Suportada no catodo 1,5.10-4 m 4,0.10-5 m 2,0.10-3 m 1,5.10-4 m
Suportada no eletrólito 5,0.10-5 m 5,0.10-4 m 5,0.10-5 m 1,5.10-4 m
Fonte: Hirschenhofer et al., 1994; Chan et al., 2003; Virkar et al., 2000.
64

As informações da Tabela 5 foram utilizadas nos cálculos de simulação do desempenho


da célula a combustível. O software Microsoft EXCEL foi utilizado para realizar a modelagem
e simulação termodinâmica, e gerar os gráficos característicos da célula combustível.

Sistema Híbrido

Para análise do sistema híbrido, utilizou-se um modelo criado pelo programa CYCLE-
TEMPO, da Delft University of Technology (TU Delft). Este software permite a modelagem
termodinâmica e otimização de sistemas de conversão de energia (CYCLE-TEMPO, 2009).

Algumas hipóteses gerais foram feitas a respeito do modelo construído:

 O sistema opera em estado estacionário;


 Os processos são adiabáticos;
 Tanto a célula quanto o recuperador de calor operam em fluxo cruzado;
 Gerador elétrico com eficiência de 97%.

Na figura 20 é mostrado novamente os componentes do sistema híbrido, e logo em


seguida, na Tabela 6, é mostrado suas identificações e os dados de entrada de cada um desses
equipamentos.
65

Figura 20 – Esquema sistema híbrido célula combustível e turbina a gás.


Fonte: Pesquisa direta (2016).
66

Tabela 6 – Parâmetros de entrada dos equipamentos.


Referência Nome Parâmetros
Fonte de
A CH4 30% e H2O 70% P = 1,013 bar
combustível
N2: 77,29%, O2: 20,75%, H2O: 1,01%, CO2: 0,03% e Ar: 0,92%
B Fonte de ar
P = 1,013 bar e T = 20C
T Turbina GT = 0,85 e GTM = 0,99
C Combustor ∆p = 0,3bar
S Chaminé Pin = 1,013bar
Célula ∆p,an = 0,2bar TFC = 1000C RFC = 5×10-5ohm.m
F combustível ∆p,cat = 0,2bar Uf = 0,85 j = 2.500 A/m2
SOFC Tin,an = 800C inv = 0,97 AFC = 800m2
Compressor
C1 C1 = 0,80 CM1 = 0,98 rp = 8
da Turbina
E Recuperador ∆p,hot = 0,1 bar ∆p,cold = 0,1bar Tout,cold= 800C
Compressor
C2 de C2 = 0,70 CM2 = 0,98 rp = 8
combustível
Fonte: Pesquisa direta (2016).

Os dados da Tabela 6 foram utilizados nos cálculos de simulação do desempenho do


sistema híbrido.

4.2 Resultados de Simulação da Célula Combustível

A simulação da célula combustível foi realizada no software EXCEL e utilizou as


equações do capítulo 2 e os dados de entrada da Tabela 5.

Polarização ôhmica

Devido ao fluxo iônico no eletrólito obedecer a lei de Ohm, as perdas por queda ôhmica
podem ser descritas pela Equação (14). Utilizando-se das Equações (14) e (16) e os valores
informados pela Tabela 5, foi realizado o cálculo, para cada tipo de célula, das resistências
individuais de cada um de seus componentes (anodo, catodo, eletrólito e interconectores). Os
resultados estão apresentados nas Figuras 21 a 25.
67

Figura 21 - Resultados obtidos da resistência do (a) anodo e catodo, e (b) eletrólito e interconector para célula
combustível suportada no anodo em função da temperatura.
Fonte: Pesquisa direta (2016).

Por meio da Figura 21 percebe-se que a resistência dos componentes da célula


combustível SOFC suportada no anodo decresce com o incremento da temperatura, exceto para
o anodo. Isso ocorre devido a sua composição (Ni + YSZ), que faz com que a condução de
elétrons ocorra principalmente no níquel (metal). Quanto maior a concentração de Ni no anodo,
maior será esse aumento de resistência.

Nas Figuras 22 e 23 são mostrados os resultados de resistência em função da temperatura


dos componentes de uma célula combustível SOFC suportada no catodo.

Figura 22 - Resultados obtidos da resistência do (a) anodo e (b) catodo para célula combustível suportada no catodo
em função da temperatura.
Fonte: Pesquisa direta (2016).

Uma maior resistência do catodo em relação ao anodo, mostrada na Figura 22, ocorre
pelo fato desse tipo de célula exigir um catodo mais robusto, pois possui sua estrutura é
sustentada nele.
68

Figura 23 - Resultados obtidos da resistência do (a) eletrólito e (b) interconector para célula combustível suportada
no catodo em função da temperatura.
Fonte: Pesquisa direta (2016).

A Figura 23 permite observar que tanto o eletrólito como interconector da célula


combustível SOFC suportada no catodo, possuem os mesmos valores de resistência que a SOFC
suportada no anodo. Fato que ocorre por ambos possuírem mesma composição química e
espessura.

As Figuras 24 e 25 ilustram a resistência dos componentes de uma célula combustível


SOFC suportada no eletrólito

Figura 24 - Resultados obtidos da resistência do (a) anodo e (b) catodo para célula combustível suportada no
eletrólito em função da temperatura.
Fonte: Pesquisa direta (2016).

Por meio da Figura 24 nota-se que na célula combustível SOFC suportada no eletrólito,
o catodo possui maior resistência do que o anodo, e apresenta também uma pequena variação
dessa resistência em relação à temperatura.
69

Figura 25 - Resultados obtidos da resistência do (a) eletrólito e (b) interconector para célula combustível suportada
no eletrólito em função da temperatura.
Fonte: Pesquisa direta (2016).

Pode-se observar pela Figura 25 que as maiores contribuições com a resistência ôhmica
nesse tipo de célula é devido ao eletrólito e sua estrutura mais robusta para suportar a estrutura
da célula combustível.

De posse da contribuição ôhmica individual de cada elemento, foi realizado o cálculo


da polarização ôhmica total para cada célula. A Figura 26 mostra os resultados obtidos para as
curvas depolarização por queda ôhmica em função da densidade de corrente para temperaturas
que variam de 800ºC a 1100°C, para células suportadas no (a) anodo, (b) catodo e (c) eletrólito,
respectivamente.
70

Figura 26 - Resultados obtidos para as curvas de polarização por queda ôhmica em função da densidade de corrente
para células combustível SOFC suportadas no (a) anodo, (b) catodo e (c) eletrólito (800°C  T  1100°C).
Fonte: Pesquisa direta (2016).

Observa-se, que a polarização por queda ôhmica diminui com o aumento da


temperatura. E que o componente que mais contribui com as perdas ôhmicas é o eletrólito, fato
que tem tornado inviável o desenvolvimento de células suportada nele.

Polarização por ativação

A Figura 27 mostra os resultados da densidade de corrente de intercâmbio em função


da temperatura, para o caso da SOFC, obtidos por meio da Equação (22). Observa-se nessa
figura que a densidade de corrente de intercâmbio aumenta com o aumento da temperatura.
71

Figura 27 - Resultados obtidos de densidade de corrente de intercâmbio em função da temperatura.


Fonte: Pesquisa direta (2016).

Este aumento com a temperatura tem comportamento exponencial evidenciando que a


densidade de corrente de intercâmbio pode ser calculada por uma equação exponencial com
parâmetros intrínsecos ao eletrocatalisador empregado e a reação química.

A Figura 28 mostra os resultados, obtidos por meio da Equação (21), para a curva de
polarização por ativação em função da densidade de corrente, para temperaturas que variam de
800°C a 1100°C.
72

Figura 28 – Resultados obtidos para a curva polarização por ativação em função da densidade de corrente para
temperaturas entre 800°C e 1100°C.
Fonte: Pesquisa direta (2016).

Observa-se, a partir da Figura 28, que quanto maior a temperatura menor será a
polarização por ativação. Nota-se também que a polarização por ativação é mais significante
para o catodo do que para o anodo.

Polarização por concentração

Utilizando as equações (25) e (26), para um combustível que contém 97% em volume
de hidrogênio e 3% em volume de água e ar como oxidante, uma porosidade de 30% e um fator
de tortuosidade de 6 (CHAN et al., 2002), é mostrado por meio da Figura 29 os resultados
obtidos de polarização por concentração em função da densidade de corrente para temperaturas
que variam de 800ºC a 1100°C, para células suportadas no anodo.
73

0,70

0,60

0,50
 conc [V]

0,40

0,30

0,20

0,10

0,00
0 5000 10000 15000 20000 25000 30000 35000 40000
2
An (T=1073K) Densidade
An (T=1173K) de An
corrente
(T=1273K) [A/m ] An (T=1373K)

Cat (T=1073K) Cat (T=1173K) Cat (T=1273K) Cat (T=1373K)

Figura 29 – Resultados obtidos para a curva polarização por concentração em função da densidade de corrente
para células combustível SOFC suportadas no anodo (800°C  T  1100°C).
Fonte: Pesquisa direta (2016).

A partir da Figura 29, nota-se que a polarização no anodo é mais significativa do que no
catodo e que existe uma corrente limite para o anodo, a qual seu valor diminui com o aumento
da temperatura.

Neste caso foi utilizado uma mistura hidrogênio/vapor d’água como combustível. Se
fosse utilizado gás natural como combustível, o valor da densidade de corrente limite diminuiria
significativamente (CHAN et al., 2002).

As Figuras 30 e 31 mostram resultados obtidos das curvas da polarização por


concentração em função da densidade de corrente para temperaturas que variam de 800ºC a
1100°C, para células suportadas no catodo e eletrólito, respectivamente.
74

Figura 30 – Resultado obtido da curva polarização por concentração em função da densidade de corrente
para células combustível SOFC suportadas no catodo (800°C  T  1100°C).
Fonte: Pesquisa direta (2016).

Pela Figura 30 observa-se que a polarização no catodo é mais significativa do que no


anodo e que existe uma corrente limite para o catodo, a qual seu valor diminui com o aumento
da temperatura. E caso fosse utilizado oxigênio puro como oxidante, esse valor aumentaria
significantemente (CHAN et al., 2002).
75

0,080

0,070

0,060

0,050
 conc [V]

0,040

0,030

0,020

0,010

0,000
0 5000 10000 15000 20000 25000 30000 35000 40000
2
Densidade de corrente [A/m ]

An (T=1073K) An (T=1173K) An (T=1273K) An (T=1373K)


Cat (T=1073K) Cat (T=1173K) Cat (T=1273K) Cat (T=1373K)

Figura 31 – Resultado obtido da curva polarização por concentração em função da densidade de


corrente para células combustível SOFC suportadas no eletrólito (800°C  T  1100°C).
Fonte: Pesquisa direta (2016).

Percebe-se através da Figura 31 que as perdas por concentração, tanto do anodo quanto
do catodo, na célula suportada no eletrólito, são menores que dos demais tipos de célula.
Chegando a não influenciar de modo significante no desempenho do dispositivo. Isto ocorre
porque esse tipo de célula apresenta maior espessura do eletrólito.

Tensão de saída e densidade de potência

A Figura 32 mostra as curvas tensão em função da densidade de corrente, obtidas por


meio das Equações (8) e (13), para célula combustível SOFC suportada no (a) anodo, (b) catodo
e (c) eletrólito, respectivamente. Observa-se que a tensão de saída da célula aumenta com o
aumento da temperatura em qualquer um dos tipos de configuração da célula.
76

Figura 32 – Resultado obtido para a curva tensão em função da densidade de corrente para células combustível
SOFC suportadas no (a)anodo, (b) catodo e (c) eletrólito (800°C  T  1100°C).
Fonte: Pesquisa direta (2016).

Percebe-se pela Figura 32, que com o aumento da densidade de corrente a tensão de
saída da célula tende a zero, o que pode danificar permanentemente os seus componentes. Na
prática é recomendado trabalhar com a tensão de ponto de projeto da célula.

Os resultados de desempenho das células em função da temperatura é apresentado na


Figura 33, para célula combustível suportada no (a) anodo, (b) catodo e (c) eletrólito,
respectivamente, na forma de curvas de densidade de energia em função da densidade de
corrente, que foram obtidas por meio da Equação (27).
77

Figura 33 – Resultado obtido para a curva densidade de energia em função da densidade de corrente para células
combustível SOFC suportadas no (a)anodo, (b) catodo e (c) eletrólito (800°C  T  1100°C).
Fonte: Pesquisa direta (2016).

Observa-se através da Figura 33, que a célula combustível SOFC suportada no catodo
opera a menores densidade de corrente que as demais. Ou seja, possui densidade de corrente de
limite inferior as das outras configurações de célula. Nota-se que quanto maior a temperatura
de operação maior será a densidade de energia da célula. O que limita a temperatura de operação
é a integridade física de seus componentes.

As células podem operar a qualquer densidade de corrente, porém para cada tipo de
célula existe um valor que proporciona maior densidade de energia. Pesquisadores e fabricantes
recomendam trabalhar um pouco abaixo desse pico, para que não se tenha o risco de ele ser
ultrapassado e provocar danos na célula combustível.
78

4.3 Resultados de Simulação do Sistema Híbrido

A célula combustível escolhida, para compor o sistema foi uma DIR-SOFC (reforma
interna), tubular suportada no catodo. Foi escolhido esse modelo por apresentar uma grande
estabilidade térmica, estrutura robusta, além da facilidade de vedação dos gases de trabalho
devido ao fato do tubo possuir uma extremidade fechada.

Esta configuração é utilizada por fabricantes como a Siemens Westinghouse, e a General


Electric. O combustível utilizado por ela é composto de 70% de vapor de água e 30% de CH4.

A resistência ôhmica da célula combustível em questão foi obtida realizando a soma das
resistências individuais de cada um de seus componentes, representadas nas Figuras 21 a 25.

Como pesquisadores e fabricantes recomendam operar a célula com densidade de


corrente um pouco abaixo daquela que atinge seu pico de densidade de energia, foi escolhido
com base na Figura 33 (b) que o ponto de projeto dessa célula é a 2500 A/m2.

Foi escolhida uma turbina de 1MW de potência, por ser a que se adequava melhor as
condições do ciclo no ponto de projeto.

Foi realizada uma simulação do sistema híbrido no seu ponto de projeto, tanto célula
combustível como turbina. Os resultados estão apresentados na Tabela 7.

Tabela 7 – Sistema híbrido operando no ponto de projeto.


SOFC Turbina Compressor Fluxo mássico Ciclo Híbrido
j = 2500 A/m2  comb  0,177 kg s NET = 76,39%
WC1  463,06 kW m
E = 0,8124 V W GT  975,33 kW
WFC = 2030 W/m2  air  1,517 kg s
WC 2  204,82 kW m W tot,NET  1868,2 kW

WFC  1576,12 kW

Fonte: Pesquisa direta (2016).

Nota-se pela Tabela 7, que no ponto de projeto, a célula combustível é a principal


produtora de energia, enquanto que a turbina fica como secundária. Nota-se também a elevada
eficiência líquida (76,39%) atingida pelo ciclo híbrido. Enquanto que, uma célula combustível
de mesma potência, operando individualmente, apresenta eficiência de geração de energia
79

elétrica em torno de 48%, e uma turbina de mesma potência, operando individualmente,


apresenta uma eficiência de geração de energia elétrica de 36,80%.

Diante destes resultados, foi feito um estudo sobre as respostas do sistema híbrido com
a variação do ponto de operação da célula, ou seja, operando fora do ponto de projeto, variando
sua densidade de corrente.

Variou-se a densidade de corrente da célula combustível de 1800 A/m2 a 18000 A/m2.


Foi escolhido esse intervalo pois, abaixo de 1800 A/m2 ocorre o fenômeno de crossover da
tensão de saída, que é quando a queda de tensão devido a perdas se torna maior que a tensão
máxima que a célula combustível consegue produzir (potencial de Nernst). E acima do valor de
18000 A/m2, a tensão da célula é praticamente zero, e operar nessa faixa pode causar danos
irreversíveis a célula.

Assim, como esperado pela análise da Figura 32 (b) e Equação (14), a tensão da célula
se reduz de modo praticamente linear com o aumento da sua densidade de corrente. Isso pode
ser observado na Figura 34.

Figura 34 – Resultado obtido para curva tensão em função da densidade de corrente para a célula SOFC
do sistema híbrido.
Fonte: Pesquisa direta (2016).

Para uma densidade de corrente de 2500 A/m2, a tensão correspondente é de 0,8124 V,


sendo esta a tensão de ponto de projeto da célula combustível do ciclo.
80

Quando a célula combustível está operando com uma densidade de corrente próximo a
1800 A/m2, a densidade de energia possui valores mínimos. Com o incremento da densidade de
corrente, a densidade de energia atinge um valor máximo e volta a cair, até retornar a valores
mínimos. Nesse momento, a célula está operando com 18000 A/m2. Pode-se observar esse
fenômeno na Figura 35.

Figura 35 – Curva obtida para a densidade de energia em função da densidade de corrente para a célula
SOFC do sistema híbrido.
Fonte: Pesquisa direta (2016).

Porém não é indicado trabalhar com a célula combustível produzindo sua máxima
densidade de energia que é de 4570 W/m2 a 10500 A/m2. Pois isso pode acarretar danos a célula,
por operar fora do seu ponto de projeto.

Por ser a fonte principal de geração de energia, a SOFC produz maior potência do que
a turbina quando o sistema está operando todo em ponto de projeto. Abaixo dele a célula
combustível apenas diminui sua potência juntamente com a turbina. Acima dele a célula tende
a aumentar sua entrega de potência. Porém seu aumento é lento, a turbina então passa a ser mais
requisitada em quantidade de potência, para poder equilibrar o funcionamento do sistema
híbrido. Pode-se observar esse fenômeno na Figura 36, que relaciona a potência da turbina e da
célula combustível em função da densidade de corrente.
81

Figura 36 – Curvas obtidas para potência em função da densidade de corrente da turbina e célula combustível
do sistema híbrido.
Fonte: Pesquisa direta (2016).

Quanto mais distante do ponto ideal de operação da célula, a turbina passa a exercer
maior influência na produção de potência. Chegando a ultrapassar a célula, quando atinge uma
densidade de corrente de 4600 A/m2. A produção de potência da célula ainda que lenta continua
crescendo também até 10500 A/m2, a partir de onde começa a decair. Exigindo assim, maior
produção de potência da turbina para manter o ciclo em funcionamento.

Mesmo que a turbina tente compensar a célula combustível no fornecimento de


potência, o fato da célula sair do ponto de projeto provoca grandes perdas de eficiência do
sistema. Isso é mostrado na Figura 37, que relaciona a eficiência liquida do sistema híbrido com
a densidade de corrente.
82

Figura 37 – Curva obtida para eficiência líquida do sistema em função da densidade de corrente da célula
combustível.
Fonte: Pesquisa direta (2016).

Pode-se perceber pela Figura 37 que o valor da eficiência liquida do sistema decai
quanto mais distante do ponto de projeto estiver a SOFC.

Uma análise que permite observar o quanto o decréscimo da eficiência influência de


modo negativo na potência liquida final do ciclo hibrido, diante das potências produzidas pela
turbina e célula é mostrada na Figura 38. Onde é indicado a potência da turbina, célula
combustível, e potência liquida total do sistema, em função da densidade de corrente.
83

Figura 38 – Potência produzida pela célula combustível, turbina, e a potência líquida total do sistema em função
da densidade de corrente.
Fonte:Pesquisa direta (2016).

Percebe-se pela Figura 38, o aumento na produção de potência pela turbina, para suprir
a célula combustível, cada vez maior. Porém esse incremento não reflete diretamente na mesma
proporção no acréscimo de potência liquida final do ciclo. Isso ocorre pelo fato da eficiência
ser cada vez menor, quando distante do ponto de projeto da SOFC.

A maior parte da potência produzida pela turbina, quando a célula está fora do ponto de
projeto, é para suprir a demanda energética do seu compressor de ar. Por isso de não refletir
diretamente no aumento de potência liquida total do ciclo híbrido. Pode-se observar pelas
Figuras 39 e 40, o crescimento do fluxo mássico e da potência utilizada respetivamente, para o
compressor de ar e o de combustível, com o aumento da densidade de corrente da célula
combustível.
84

Figura 39 – Resultados obtidos para as curvas de fluxo mássico do compressor de combustível e o de ar em


função da variação de densidade de corrente da célula combustível.
Fonte: Pesquisa direta (2016).

Percebe-se pela Figura 39 o quão discrepante é a razão ar/combustível (RAC) para o


sistema em ponto de projeto e fora dele. A 2500 A/m2 tem-se que RAC = 8,57 [kg ar/kg
combustível], e para uma densidade de corrente de 17000 A/m2, RAC = 53,52 [kg ar/kg
combustível]. Isso é a característica do funcionamento de uma turbina a gás, já que a mesma
passou a ser o principal equipamento de geração de energia no ciclo.
85

Figura 40 – Resultados obtidos para as curvas de potência utilizada pelos compressores de ar e combustível
em função da variação de densidade de corrente da célula combustível.
Fonte: Pesquisa direta (2015).

Pelas Figuras 39 e 40, percebe-se que enquanto o fluxo mássico de combustível


apresenta um crescimento linear diante do aumento da densidade de corrente da SOFC, o fluxo
mássico de ar cresce exponencialmente para alimentar o sistema. O mesmo pode ser observado
em relação a quantidade de potência utilizada por eles.

A configuração do sistema híbrido apresentado proporciona grandes vantagens frente a


utilização de plantas de sistema simples de geração de energia. A principal é o ganho com
eficiência. Outro resultado positivo é a possibilidade do equipamento de geração de energia
principal, poder sair um pouco fora do ponto de projeto e ser compensado pela máquina
secundária. Proporcionando assim uma maior estabilidade na geração de energia do ciclo.

Mas deve-se tomar cuidado para que não ocorra grandes variações quanto a faixa de
operação desses equipamentos, pois isso trará prejuízos. Um deles é a perda de eficiência já
mostrada aqui. O outro é que pode acarretar danos na integridade física dos equipamentos e em
seu funcionamento.

Diante dos resultados obtidos percebe-se que a simulação computacional, feito pelo
EXCEL e CYCLE-TEMPO, do sistema híbrido pode representar um modo econômico, rápido
e viável de investiga-lo.
86

5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

5.1 Conclusões

Neste trabalho foi feito um levantamento bibliográfico sobre células combustível de


óxido sólido, turbina a gás e sistema híbrido, de forma a citar vantagens e desvantagens de seu
uso e como conhecer seu estado-da-arte. Procurou-se caracterizar, equacionar e modelar
matematicamente primeiramente a célula combustível e simular seu funcionamento com intuito
de realizar uma análise de desempenho da célula e obter seus parâmetros ótimos de operação.

Foi realizada a simulação da célula combustível no software EXCEL, verificando a


contribuição que cada componente da célula combustível possui em relação a polarização por
concentração, polarização por ativação e polarização ôhmica, em função da temperatura. A
análise serviu para determinar a contribuição de cada polarização na tensão total e, por
consequência, na potência elétrica gerada, observada a configuração do dispositivo (suportada
no anodo, suportada no catodo e suportada no eletrólito).

Notou-se que a célula combustível de menor valor de densidade de corrente é a célula


combustível suportada no catodo. Geralmente, essa configuração é construída no projeto
tubular, o qual apresenta grande estabilidade térmica, estrutura robusta, e facilidade de vedação
dos gases de trabalho devido ao fato do tubo possuir uma extremidade fechada. Fatos esses que
foram decisivos para sua escolha para a composição do sistema híbrido.

De posse dos parâmetros ótimos de operação da célula combustível escolhida, dentre


eles a sua densidade de corrente de 2500 A/m2, foram realizados os mesmos procedimentos
para os equipamentos do sistema híbrido composto pela célula combustível e uma turbina a gás,
definindo sua caracterização, equacionamento e modelagem matemática.

Foi feita uma simulação do sistema híbrido utilizando o software CYCLE-TEMPO, e


posteriormente, a análise de desempenho do sistema operando no ponto de projeto e fora do
ponto de projeto.

Percebeu-se que, quando o sistema opera no ponto de projeto, a célula combustível é a


principal produtora de energia, enquanto a produção de energia pela turbina fica como
secundária. Nota-se também a elevada eficiência líquida (76,39%) atingida pelo ciclo híbrido.
87

Para comparação, utilizando individualmente essa mesma célula combustível, esta apresenta
eficiência líquida de geração de energia elétrica em torno de 48%, e a turbina a gás operando
individualmente apresenta uma eficiência líquida na geração de energia elétrica de
aproximadamente 37%.

Para analisar o comportamento do sistema híbrido fora do ponto de projeto, variou-se o


ponto de operação da célula combustível, através da alteração de sua densidade de corrente.
Realizou-se a variação da densidade de corrente da célula combustível de 1800 A/m2 a 18000
A/m2. Verificou-se que a tensão de saída na célula se reduz de modo praticamente linear com
o aumento da sua densidade de corrente. Verificou-se também que, para uma densidade de
corrente próximo a 1800 A/m2, a densidade de energia da célula combustível possui valores
mínimos. Com o incremento da densidade de corrente, a densidade de energia atinge um valor
máximo e volta a cair, até retornar a valores mínimos, quando operando próximo a 18000 A/m2.

A partir da análise da densidade de energia em função da densidade de corrente da célula


combustível do sistema híbrido, foi verificado que sua máxima densidade de energia (4570
W/m2) ocorre a uma densidade de corrente de 10500 A/m2, o que não corresponde ao seu ponto
de projeto que é de 2500 A/m2. Sendo então necessário certo cuidado para não operar o sistema
híbrido com a célula combustível em sua máxima densidade de energia, pois isso pode acarretar
em danos a célula combustível.

Foi examinado que a célula combustível produz maior potência do que a turbina quando
o sistema está operando no ponto de projeto. Abaixo da densidade de corrente de 2500 A/m2 a
célula combustível apenas diminui sua potência juntamente com a turbina.

Percebeu-se que acima de 2500 A/m2 de densidade de corrente, a célula tende a


aumentar lentamente sua potência. A turbina então passa a ser mais exigida em relação a
produção de potência no sistema de forma a equilibrar o funcionamento do mesmo. A turbina
a gás passa então a ser o equipamento principal na geração de potência do sistema híbrido,
sendo o equipamento de definição da eficiência elétrica do sistema híbrido. O sistema apresenta
menor eficiência líquida de geração de energia elétrica e maior razão ar/combustível (RAC).

Foi verificado que compensação de potência feita entre os equipamentos do ciclo,


permite uma maior estabilidade do sistema quanto à potência final líquida produzida. Porém
deve-se tomar cuidado com as consequências de se ter o equipamento operando fora do ponto
de projeto.
88

Percebeu-se também que a simulação em computador do sistema híbrido pode


representar um modo econômico, rápido e viável de investigá-lo.

5.2 Recomendações

No presente trabalho variou-se o ponto de projeto apenas da célula combustível do


sistema híbrido. Sugere-se para trabalhos futuros uma análise do sistema híbrido, em que seja
feita uma variação do ponto de projeto tanto da célula combustível como da turbina a gás.

Neste trabalho foi realizado uma análise de um sistema hibrido em que a célula
combustível opera em ciclo topping. Sugere-se também, para estudos futuros, uma análise de
um sistema híbrido em que a célula combustível opere em ciclo bottoming.

Com base na pesquisa bibliográfica verificou-se que poucos trabalhos realizam uma
análise de exergia de sistemas híbridos. Recomenda-se, para trabalhos futuros, esse tipo de
análise, para possíveis aplicações de cogeração.
89

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