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A importância do trabalho

“Pois todo aquele que come e bebe, e vê o fruto do seu trabalho, isso é dom de Deus” (Ecl.

3,13).

O Dia do Trabalho, também conhecido como Dia do Trabalhador, é

comemorado em 1º de maio. No Brasil e em vários países do mundo é um feriado

nacional. A homenagem remonta ao dia 1 º de maio de 1886, quando uma greve

foi iniciada na cidade norte-americana de Chicago, com o objetivo de conquistar

condições melhores de trabalho, principalmente a redução da jornada de trabalho

diária, que chegava a 17 horas, para 8 horas. No calendário litúrgico, o dia celebra

a memória de São José Operário, o santo padroeiro dos trabalhadores. Em sua

labuta diária, José, o carpinteiro de Nazaré, dava testemunho de um homem

repleto de virtudes; perfeito exemplo de um trabalhador que compreende a

dignidade e a importância do trabalho de suas mãos.

Na Bíblia, o trabalho constitui uma dimensão fundamental da existência

humana sobre a terra. Os estudiosos da Bíblia nos dizem que o conceito de trabalho

é mencionado, implícita ou explicitamente, mais de 800 vezes nas Escrituras. E isso

já vemos no Gênesis. Deus, após criar homem e mulher à sua imagem e

semelhança, ordena-lhes submeter a terra (cf. Gn 1,28), tornando-os participantes

de sua obra criadora. A missão de submeter a si a terra e tudo o que ela contém,
de governar o mundo na justiça e na santidade implica, em primeiro lugar, o

reconhecimento de Deus como o Criador de todas as coisas e, por conseguinte, a

ordenação de todo trabalho humano à glorificação do nome de Deus por toda a

terra (cf. Gaudium et Spes, 34).

Para nos mostrar a importância do trabalho, Jesus trabalhou até os trinta

anos naquela carpintaria humilde e santa de Nazaré. E para nos mostrar que todo

trabalho é santo, qualquer que seja, Ele assumiu o trabalho mais humilde, o de

carpinteiro, que era desprezado no seu tempo. Este aspecto confere a todo e

qualquer tipo de trabalho uma dimensão valiosa; não se pode exaltar apenas o

trabalho intelectual ou liberal com detrimento do trabalho manual ou braçal. Isto

não quer dizer que o trabalho humano não deva ser qualificado do ponto de vista

objetivo (há trabalhos de maior e outros de menor responsabilidade). Mas retenha-

se que o primeiro fundamento do valor do trabalho é o próprio homem.

A primeira maneira de servir como cristão é trabalhando bem, já que é pelo

trabalho que servimos aos outros. Sem o trabalho do homem não há o pão e o

vinho que, na mesa Eucarística, se transformam no Corpo e no Sangue de Cristo.

Sem o trabalho do homem não teríamos o pão de cada dia na mesa, a roupa, a casa,

o transporte, o remédio, a cultura, etc. Tudo que chega a nós é fruto do trabalho
de alguém; é por isso que o labor é santo e nos santifica quando realizado com fé,

conforme a vontade de Deus.

Influenciada pela cultura do materialismo, a sociedade hodierna trata o

trabalho humano como uma mercadoria e a pessoa como uma força anônima

necessária para a produção. Nesta dinâmica, cresce a necessidade de longas

jornadas de trabalho, em detrimento do descanso digno de todo trabalhador, além

da precarização do trabalho causada pelo aumento da terceirização, entre tantas

outras situações que privam o trabalhador de sua dignidade. É necessário sempre

relembrar que o “trabalho é ‘para o homem’ e não o homem ‘para o trabalho’” (São

João Paulo II. Carta Encíclica Laborem Exercens, n.6).

Nesta altura da reflexão, impõe-se ainda a consideração do problema de

desemprego. Este pode tornar-se autêntica calamidade social, atingindo muitas

vezes os jovens que, depois de se terem preparado por meio de formação

profissional adequada, vêem frustrada a sua vontade sincera de trabalhar no

desenvolvimento da comunidade. A verificação deste fato leva a preconizar o

estabelecimento de fundos em favor dos desempregados, a fim de que estes

possam subsistir com as suas famílias: “O trabalho (junto com o teto e a terra) é a
base dos direitos humanos. Quando pedimos trabalho para levar o pão para casa,

estamos pedindo dignidade” (Papa Francisco. Discurso de 15 de março de 2017).

Consciente de todas estas verdades, o cristão procurará realizar o seu

trabalho de cada dia tendo em foco não só o progresso terreno, mas também a sua

própria santificação (mediante configuração a Cristo) e o desenvolvimento do

Reino de Deus, que deve transparecer através das realidades terrestres modeladas

pelas mãos do discípulo de Cristo.

A todos abençoo.

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