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UNIVASF Disciplina: Gênese, Morfologia e Classificação de Solos

Aula: Fatores de formação do solo Profª Carmem S. Miranda Masutti

FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO


ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL

Assunto: Fatores de formação do solo


• Distribuição espacial:
– Rochas (granito, calcário):
• isotropia macroscópica: propriedades independem de direção
– Solos:
• anisotrópico: distribuição espacial das características depende da direção (não-
casual ou propriedade vetorial)
• toda propriedade do solo:
– padrão de distribuição vertical
– função de profundidade específica
– agricultura de precisão: baseada na distribuição espacial de
propriedades no sentido horizontal (a uma dada profundidade)
• Solo como sistema aberto:
– Sistema: caracterizado por propriedades (s1, s2, s3, s4 etc)
– Estados do sistema: diferentes solos reconhecidos no campo (mudança em
propriedades)
– Sistema solo: propriedades funcionalmente interrelacionadas
– Propriedades do sistema:
• condicionadas por fatores
• exemplos: topografia, organismos e clima
– Formação do solo (processos químicos e bioquímicos): dinâmicas de reações químicas
• estado inicial do sistema: material de origem
• tempo de reação: tempo de formação
• variáveis condicionantes
– Fatores descritivos do sistema solo:
• S = f (cl’, o’, r’, m.o., t)
– Fatores:
• não são causas ou energias e não são necessariamente ambientes
• variáveis independentes que definem o sistema solo
• dada combinação de cl’, o’, r’, m.o e t: estado do sistema solo é fixo (somente
um tipo de solo existe)
• magnitude de propriedades (pH, conteúdo de argila, porosidade, densidade):
determinada pelos fatores
• exemplo: profundidade é função dos fatores de formação do solo (depende da
umidade e temperatura)

• Material de origem: introdução


– Passivo: resistência à formação
– Massa onde o solo se desenvolve: não necessariamente rocha em si
– Estado inicial do sistema solo referente a um estado padrão (T, P):
• solo sobre sedimentos aluviais depositados no granito: qual é o material de
origem?
• rochas x sedimentos: camada delgada ou manto do intemperismo
• pode ser material consolidado ou não-consolidado
– Identificação do material de origem: difícil em região tropical
• retrabalhamento geomorfológico dos mantos do intemperismo: a curta e longa
distâncias
• taxa de intemperismo intenso: decomposição adiantada de constituintes do
solo
• Material de origem: influência nas propriedades do solo
– Cor:
• Herdada do material de origem ou originada de transformações de
componentes para a neoformação de outros
• Ex: hematita (vermelha), goetita (amarela), pirolusita (brunada ou preta),
CaCO3 (esbranquiçada), presença de M.O. (escura)
• Material de textura grossa (menor superfície específica): pigmentação mais
fácil que o de textura fina (mais óxidos para dar a cor)
– Textura:

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•materiais de origem de constituição arenoquartzoza (arenitos, coberturas


superficiais arenosas) em qualquer condição climática: solos de textura
arenosa
• diabásio, basalto, diorito, micaxisto, mármore e ardósia, em clima quente e
úmido e topografia suave: solos profundos e argilosos de variada composição
química e mineralógica
– Propriedades químicas:
• materiais de origem ricos não necessariamente dão solos férteis: há potencial
– Composição mineralógica:
• minerais se formam na presença de alguns elementos da solução do solo:
composição química do material de origem controla a neoformação de
minerais secundários
• elementos liberados no intemperismo tem um papel específico na formação do
solo:
– Si e Al: estrutura para a formação de argila
– Fe e Mn: processos de oxidação / redução e geram cor
– K e Na: agentes dispersantes dos colóides de argila e húmus
– Ca e Mg: alto poder de floculação (estabilidade do solo)
– Condições do solo:
• arejamento
• condução de calor e aquecimento
• permeabilidade e capacidade de retenção de água (regime de umidade dos
solos)
– Tempo para a formação do solo:
• Ex: arenito x basalto - qual rocha intemperiza mais facilmente?
– Material de origem: tipos
– Material cristalino:
• Cor clara (silicosa): rochas ígneas e metamórficas
• Granitos e gnaisse granitos: 25% quartzo, 65% K-feldspato e mica/
hornblenda (diferença leve de alteração - bandeamento do gnaisse)
– Tipos de solos:
– textura grossa: areia franca no horizonte superficial
– friáveis e permeáveis
– ácidos e baixo nível de bases e reserva de nutrientes: quartzo
e lixiviação ácida (textura grossa)
– amarelos ou bruno-amarelados (baixo teor de ferro)
– mineralogia: caulinita (quente) ou vermiculita /
montmorilonita (frio)
• Xistos:
– Composição: rico em mica, com quartzo e poucos minerais alteráveis
– Tipos de solos:
– siltosos e menos arenosos que o anterior
– alta reserva de K (exceto em paisagens antigas)
• Cor escura (ferro-magnesiana): rochas ígneas e metamórficas
• Rochas ricas em minerais máficos e feldspatos cálcicos (basalto, gabro,
hornblenda gnaisse):
– Intemperismo rápido: ferro livre e argila
– Tipos de solos:
– pouca areia e mais argila: baixa quantidade de quartzo
– cor vermelho escuro ou bruno escuro
– pH e bases altos e Al3+ ausente ou muito baixo
– mineralogia: caulinita (boa drenagem) e montmorilonítica
(drenagem deficiente)
• Cinza vulcânica:
– Composição: fragmentos de vidro, pedaços de feldspatos, minerais
ferro-magnesianos e quantidades variáveis de quartzo
– Tipos de solos:
– andesíticos: moderadamente básicos e ricos em alofana
– feições morfológicas: perfis espessos, friáveis
superficialmente, fraca estruturação, ausência de
pegajosidade ou plasticidade
– presença de compostos húmicos resistentes à decomposição:
complexação com alofana

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– densidade global muito baixa


– alta CTC (difícil dispersão) e retenção de P
– Material cristalino: considerações finais
• Teor de argila: índice de intemperismo da rocha
• Ordem de decomposição: basalto > gnaisse > granito
• Ordem de decomposição dos minerais: feldspato > quartzo, feldspatos Ca-Na
> K-feldspato, biotita > muscovita, piroxênios > anfibólios
• Rochas: ácidas, ricas em cátions monovalentes; básicas, ricas em cálcio e
magnésio
• Sob mesmas condições de clima e topografia:
– rochas básicas: Terra Roxa Estruturada (Nitossolos / Argissolos)
– rochas ígneas ácidas: Podzol (Espodosolos)
• Climas mais quentes e úmidos: influência química do material de origem
menos marcante (menor relação com o material de origem)
– Material sedimentar:
• inconsolidado: deposição (aluviões, material de origem pedimentar)
• Till glacial:
– Tipo do solo: depende do material que a geleira levou
• Loess:
– Natureza: depósito eólico não-consolidado de textura siltosa e
cor amarelada
– Composição: muito silte, 10 a 20 % de argila, alto conteúdo de
minerais alteráveis e alta saturação por bases
– Solos: sob pequena alteração, siltosos, ricos quimicamente e
excelentes propriedades físicas e solos homogêneos
• Sedimentos da planície costeira:
– Natureza: sedimentos secundários derivados de paisagens mais velhas
e altamente intemperizadas (temperatura e umidade altas)
– Características:
– ácidos, ricos em caulinita e com baixa reserva química
– baixo a moderado conteúdo de minerais intemperizáveis
– textura depende do ambiente de deposição:
– lacustre: mais argiloso
– praial: arenoso e ácido
• consolidado: precipitação / deposição e consolidação (calcário)
• Calcários e dolomitas:
– Composição:
– mais de 50 % de carbonato
– restante: silte, argila, quartzo, ferro ou “contaminantes”
– Propriedades dos solos em regiões úmidas:
– dependem das impurezas do material de origem: acumulação
rápida no solo (dissolução e carreamento)
– resíduo argiloso: solo argiloso e impermeável, com pH e
saturação de bases altos
– resíduo arenoso: solo areia franca, ácido e pouco saturado
por bases
– resíduo rico em Fe (hematita): solo de cor vermelha e reação
ácida, em clima úmido.
– Calcáreos: solos jovens - Chernossolos (Rendzinas)
– Sob condições climáticas idênticas:
– solos calcáreos mais escuros e ricos em M.O. que solos não-
calcáreos
– íons de Ca coagulam os colóides de húmus: previnem
dispersão e remoção
• Arenito:
– Composição: mais de 50% das partículas no tamanho areia (quartzo),
cimentadas por sílica, ferro e carbonato com impurezas (mica ou
feldspato)
– Tipos de solos:
– arenosos, permeáveis, com baixa saturação de bases, baixo
pH (lixiviação ácida), profundos, e vermelhos (cimento
ferro)
– arcósio: solos argilosos e ricos quimicamente

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– arenito sem cimento calcário: solo quimicamente pobre


– arenito com cimento calcáreo: solo quimicamente rico
• Argilito:
– Solos argilosos ou pelo menos argiloso em um horizonte
• Folhelho:
– Composição: filossilicatos, feldspatos, quartzo, alguma mica e CaCO3
– Tipos de solos:
» textura fina
» pH e saturação de base altos
» presença de montmorilonita e mica
» impermeáveis
• Relevo: introdução
• Elevação ou irregularidade da superfície da Terra considerada coletivamente
• Topografia: feições mostradas em um mapa topográfico
• Declive: ângulo de qualquer parte da Terra com um plano horizontal
• Catena: sequência topografia-drenagem
• Solos na catena: propriedades relacionadas a posição na paisagem (sequência de tipos
de solos - feições relativamente diferentes)
• Drenagem: movimento de água no solo
• depende de precipitação, topografia, nível do lençol freático e permeabilidade
do solo
• Importância na formação do solo
• Promove diferenças facilmente visíveis:
• cor do solo
• condicionamento de ablação (rejuvenescimento), transporte e sedimentação
• natureza do meio:
– confinado ou aberto às exportações de elementos do solo
– redutor ou oxidante
• Avaliação do efeito do relevo:
– local: solos diferentes a poucos metros (microrrelevos)
– regional:
» grandes maciços montanhosos: áreas de ablação
» baixadas e planícies dos vales: áreas de sedimentação
• Influência nas propriedades do solo
• Profundidade do solum: maior em região úmida
• Espessura e conteúdo de M.O. do horizonte A :
• maior conteúdo de M.O. nas depressões
• erosão e truncamento do perfil nas encostas
• Umidade relativa do perfil: maior nas depressões (contribuição lateral)
• Cor do perfil:
• cores vermelhas (hematita): áreas bem drenadas
• cores amareladas (goetita): maior umidade
• Grau de diferenciação dos horizontes: solos haploidizados em áreas com drenagem
livre (partes altas)
• Reação do solo: mais ácida em áreas elevadas (drenagem livre)
• Conteúdo de sal solúvel: maior em depressões
• Textura:
• enriquecimento de partículas finas nas áreas mais baixas
• solos arenosos da encosta: mais susceptíveis a erosão
• Tipo e grau de desenvolvimento de “pan”: afetado pela proximidade de camadas
impermeáveis próximo à superfície (sopés de montanhas)
• Influência do relevo relacionado ao clima:
• Aspecto (forma) e elevação (posição na paisagem): impacto no clima
• distribuição de energia (variação de temperatura):
– decréscimo da temperatura com a altitude: zonação altitudinal
(diminuição de 0,5 ºC a cada 100 m)
• destino da água de precipitação: infiltração x escoamento
• nutrientes vegetais: lixiviação x erosão x acumulação
• vegetação: tipo é função da temperatura e umidade
• Taxa de radiação solar (inclinação do terreno à ação solar):
• Hemisfério sul (abaixo do Trópico de Capricórnio; RS, SC, MS, PR):

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– faces das montanhas para norte: mais quentes e mais secas


– regiões equatoriais: mais aquecidas
• Hemisfério norte:
– inclinações sul: mais aquecidas que norte (diferenças na composição
e densidade da vegetação)
• Evolução dos solos x posição na paisagem (condições climáticas):
• para mesma composição de argila no início da pedogênese: solos bem
drenados tem maior transferência de argila de A para B que solos mal drenados
• Destino da água na catena:
• Regiões de clima úmido: áreas encharcadas (depressão) e secas (topo/encostas)
– evolução função de solubilização de óxidos de ferro e acúmulo de
M.O.: horizontes superficiais escuros e subsuperficiais cinzentos com
manchas cor de ferrugem
• Nível superior do lençol freático:
» mesmo contorno do relevo
» zonas redutoras: retardam crescimento vegetal
» estação climática: oscilação saturada e não-saturada
(desenvolve mosqueado)
• Formação do solo na topografia plana:
• Espodossolo (lixiviação de material sob uma camada de húmus):
– lençol freático baixo: horizonte E de cor clara e B brunado (Podzol
férrico)
– lençol freático alto: Podzol húmico
• Submergência do horizonte mineral: solos alagados não-podzolizados de cor
acinzentada
• Translocação de argila do A para B: mais pronunciada para solo com baixos níveis do
lençol freático
• Solos calcáreos (sob vegetação natural): horizonte A escuro: espessura maior na
depressão
• Regiões áridas:
• lençol freático rico em sais dissolvidos: ascensão capilar promove salinização
do perfil do solo
• salinização: intenso nas depressões e menor nas encostas e elevações
• Influência do relevo relacionado a organismos:
– Relação indireta:
• Relevo afeta o clima, que controla organismos
• Área com face voltada para o sol: maior temperatura
– maior mineralização orgânica
– menor conteúdo de M.O.
• Influência do relevo relacionado ao material de origem:
– Relevo relacionado à natureza do material inicial do solo:
• Seção transversal de planície aluvionar: material mais grosso próximo ao canal
do rio
• Cadeia montanhosa: material mais grosso e anguloso próximo à cadeia
• Influência do relevo relacionado ao tempo:
– Relevo muda com o tempo
– Taxa de desenvolvimento do solo: dependente da resistência das feições ao tipo e
intensidade do intemperismo
– Profundidade do solo decorre:
• do intemperismo e da formação do solo
• dos processos de erosão (mantém solos jovens) e deposição
– Posição absoluta da interface solo-ar muda com o tempo:
• mudanças difíceis de medir
• profundidade do solo na interface: formação ou erosão/deposição
• Clima: introdução
– Avaliação do efeito do clima em escala global: relação íntima entre solos de uma região
e condições climáticas
• solos iguais: material de origem diferente, mas sob mesmo clima (período
longo)
• solos diferentes: mesmo material de origem ocorrem em regiões de clima
diferente
– Clima do solo (temperatura e umidade): critério para classificação

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– Brasil:
•climas distintos: combinação de regimes de temperatura e umidade
– exemplos:
» baixos platôs amazônicos quentes e úmidos
» sertão nordestino quente e semi-árido
» planaltos sulinos frios e úmidos
– determinam ações formadores de solo diferenciadas
– Região Amazônica:
• elevadas temperatura e precipitação: solos bastante intemperizados, profundos,
cauliníticos, pobres quimicamente e ácidos
– Nordeste semi-árido: escassez de umidade
• solos pouco desenvolvidos, rasos ou pouco profundos, cascalhentos, ricos em
minerais primários pouco alterados e minerais de argila de elevada atividade
coloidal
• presença de solos pouco lixiviados, ricos em nutrientes, pobres em
constituintes orgânicos, pouco ácidos e ligeiramente alcalinos ou com altos
teores de sais solúveis e de Na+
– Planaltos sulinos: baixa temperatura e umidade constante
• solos com espessas camadas superficiais escuras e ricas em M.O.
• velocidade lenta das reações químicas (alta umidade): solos não muito
desenvolvidos, pouco profundos, pedregosos, pobres em nutrientes, muito
lixiviados e de reação ácida
– Microclima: pequenas áreas com clima distinto do macroclima
• riachos: umidade do ar mais alta
• cobertura vegetal: modificações no ambiente
• montanhas: T decresce com o aumento da altitude e precipitação aumenta com
elevação
– Precipitação e temperatura controlam:
• tipo e velocidade de reações químicas: intemperismo-pedogênese
• fatores de relevo e tempo: erosão e deposição de materiais do solo
• distribuição da vegetação:
– clima quente e úmido: desenvolvimento de floresta exuberante
– clima úmido com período seco: floresta subcaducifólia (cerrado)
– clima desértico: cactáceas e arbustos espinhosos
– Fator umidade x propriedades do solo
– Água: dissolve, transporta e determina crescimento vegetal
– Tipo e taxa de reações depende de:
• temperatura
• pH
• potencial redox (umidade x aeração)
– Chuva efetiva: fator evapotranspiração
• importante parâmetro da influência da umidade na pedogênese
• regiões áridas: evaporação > precipitação
• regiões entre aridez e umidade: evaporação = precipitação
• regiões úmidas: evaporação < precipitação
• Maior disponibilidade de água e renovação: reações do intemperismo
mais completas (maior profundidade do solo)
– Quantidade de água percolante: quantidade e intensidade da chuva
• longa duração e baixa intensidade: mais efetivas
• curta duração e alta intensidade: erosão
• redução da água percolada: baixa umidade do ar e alta temperatura
– Correlações entre propriedades do solo e umidade:
• baseadas na precipitação (sem considerar topografia): exclui escoamento
superficial (reduz eficiência)
• escoamento superficial aumenta com aumento da precipitação
– Alta precipitação:
• intemperismo intenso
• aumento da formação de argila
• agregação favorecida na presença de M.O.
– Regiões mais quentes:
• Si removido mais rápido que Al: alta resistência do Al à lixiviação (argilas do
solum das lateritas rico em Al2O3)
– Aumento da precipitação:

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•aumento da concentração de H+ (pH menor)


•horizonte carbonático mais profundo
•aumento do conteúdo de M.O. na superfície do solo
•redução das bases trocáveis
– Aumento da elevação:
– M.O. aumenta (diminuição de temperatura)
– pH, Ca2+, Mg2+ e K+ diminuem (aumento da umidade)
– K e Na :
+ +

• critérios da intensidade de lixiviação


• taxas de translocação:
– relação (K2O+Na2O)/Al2O3: comparação do horizonte mais lixiviado
com o material de origem
– valor de lixiviação β: quociente formado pelas duas relações
(horizonte lixiviado e material de origem)
– valor de β baixo: maior lixiviação ou intemperismo / pedogênese
– Regiões áridas: desvio menor da composição original das partículas
– Condição de umidade dos solos depende de:
• insolação
• umidade relativa do ar
• ventos (translocação descendente x ascensão capilar)
– Fator temperatura x propriedades do solo
– Papel duplo na ação da água:
• acelera reações químicas (intemperismo físico a baixa temperatura)
• aumenta a evaporação: redução da quantidade de água disponível
– Controla tipo e quantidade de vegetação:
• quantidade e tipo de M.O.: taxa de decomposição de resíduos
– Reações químicas: taxas duplicadas a cada aumento em 10 ºC
– Pedogênese:
• mínimo em regiões de baixa temperatura
• máximo em regiões úmidas de alta temperatura:
– intemperismo em regiões tropicais: três vezes mais rápido que nas
zonas temperadas e nove vezes mais rápido que no Ártico
– aumento da temperatura: aumento profundidade do intemperismo
– Maior temperatura:
• maior teor de argila: mais pronunciado em regiões úmidas
• predominância de cores mais vermelhas
• menor teor de M.O. (maior atividade microbiana e decomposição mais
intensa) - regiões frias favorecem acumulação de M.O.
• menor agregação das partículas finas (menos M.O.)
– Reflexo na cor do solo:
• Regiões úmidas de zonas frias e temperadas: solos acinzentados ou escuros
(quantidade e natureza de M.O. e hidróxidos de ferro)
• Solos jovens: cor do material de origem refletida na cor do solo
• Solos tropicais (derivados de rochas ígneas e metamórficas): cores amarelas,
vermelhas, brunadas, acinzentadas e escuras
– Aumento da altitude (redução da temperatura):
• conteúdos de M.O. aumenta
• acumulação de húmus
– Fontes de energia:
• principal: solar
• secundária: calor metabólico de organismos e reações exotérmicas
• transferência de energia: camadas superficiais (ausente a 50 cm)
– Absorção de radiação solar:
• cor do solo: mais escuro, maior absorção
• cobertura vegetal: depende da densidade, altura e cor da vegetação
– Climossequência:
• Propriedades do solo em padrão contínuo sobre a paisagem
• Observada em transectos mais longos (PE)
– Organismos: introdução
– Solo: arena da vida
– Água: sangue do solo
– Vida: processo de manter corpos proteinados

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– Solo: intimamente envolvido na vida


– Componente organismos da equação:
• fator biótico
• difere de número, proporção e produção de espécies do solo: resultantes das
condições do solo formado
– Relação íntima entre organismos e solo: substituição de floresta por gramíneas leva a
mudanças no solo
– Organismos atuantes na pedogênese: vegetais, microorganismos, animais e o homem
– Efeitos nas propriedades do solo
– Cobertura vegetal:
• ação passiva: agente atenuante do clima
• agente ativo: ação protetora (estrutura e tipo da vegetação)
– Florestas densas da Amazônia: cobertura protetora
– Caatinga semi-árida do NE: chuvas torrenciais (poder erosivo)
– Efeito da vegetação: depende de tipo, profundidade de enraizamento e comportamento
fisiológico
– Climas similares:
• florestas caducifólias: aceleram lixiviação e desenvolvimento do solo
• gramíneas: bases trocáveis mais altos, cor mais escura (mais M.O.)
– Efeito das plantas na formação do solo:
• alteração do microclima: derrubada de floresta aumenta T do solo e reduz
umidade (aumento da evaporação)
• quelação (complexação) de compostos insolúveis por secreções orgânicas de
raízes e microorganismos:
– ácidos orgânicos extraem mil vezes mais Fe e Al que água
– superfícies rochosas colonizadas por líquens (secreção de ácidos
oxálico e fenólico): intemperismo mais rápido que em rochas nuas
• adição de resíduos orgânicos: aumento da fertilidade natural
– gramíneas (raízes) produzem mais M.O. em superfície
• biociclagem:
– transferência de elementos dos horizontes inferiores para os
superiores viaa absorção pelas raízes e queda / decomposição das
folhas
– soma de bases (valor S) em matas:
– camadas superficiais: 20 cmol+/kg
– camadas sub-superficiais: 2 cmol+/kg
– profundidade do enraizamento: raízes profundas contribuem mais
(aprofundam o intemperismo)
– contrabalanceia efeitos da lixiviação
• proteção contra a erosão: menor no semi-árido do NE:
– vegetação rala (menor proteção contra erosão)
– concentração residual de partículas grossas: formação de pavimento
desértico
• troca catiônica com raízes na interface com partículas coloidais
• fixação de materiais sólidos: estabilização de dunas
• síntese de neominerais: menor formação de hematita em solos com alto teor de
M.O. (agente desestruturador)
• homogeneização do solo:
– remanejos mecânicos
– vazios de raízes decompostas: preenchimento com solo
• intemperismo físico: pressão pelo crescimento de raízes
• estrutura do solo: aglutinação de sólidos por radicelas e exudatos
• diferenciação de horizontes:
– Semi-árido: pouca incorporação de M.O. (A fraco)
– Região Sul: horizonte superficial rico em M.O. (A húmico)
– Efeito dos microorganismos na formação do solo:
• bactérias em rochas não-intemperizadas
• bactérias anaeróbicas em rachaduras pequenas
• bactérias nitrificantes, fungos e actinomicetos: estágios avançados
• intemperismo químico: decomposição de M.O.
– aumento de CO2 em poros (100 x maior que na atmosfera)
– pH entre 2 e 4 na rizosfera: dinâmica do Al3+ (solúvel em pH < 4)
– potencial redox: consumo de O2 (solubilidade de Fe3+ e Fe2+)

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• formação da M.O.: húmus se acumula em horizontes superficiais


• fixação simbiótica de N: maior crescimento vegetal
• formação e estabilidade de agregados: sub-produtos da decomposição e
micelas de fungos
– Efeito dos animas na formação do solo:
• homogeneizador: trituram materiais orgânicos e inorgânicos
• melhoram aeração: efeito na decomposição da M.O.
• agentes da biociclagem: incorporação de carcaças e excrementos
– Efeito do homem na formação do solo:
• Agente perturbador da constituição dos solos: modificações da paisagem
• Efeito negativo: aceleração da erosão (remoção de A e até B)
• Efeito positivo:
– reflorestamento: manutenção da fertilidade e biociclagem
– plantio em curvas de nível: proteção contra erosão
– correção e fertilização: manutenção da sustentabilidade
• Modificação da paisagem: estradas e escavações
• Impacto no clima do solo: irrigação (risco de salinização)
• Efeito do cultivo:
– uniformização da camada superficial do solo
– redução do teor de N
– aumento da acidez
– diminuição de bases trocáveis
– diminuição da agregação (agregados de tamanho menor)
– sob prática de queimadas:
– solos mais ácidos
– camada superficial com maior teor de Ca2+ (acumulação de
cinzas)

– Tempo:
– Tempo requerido para formar um solo próximo ao equilíbrio com seu ambiente
(depende do estado inicial do substrato)
– Exposição do material de origem:
• processo lento e contínuo: deposição de sedimentos
• processo cataclísmico: erupção vulcânica ou desmoronamento
• processos formam novo ciclo de formação do solo
– Fator passivo:
• não adiciona, nem exporta material
• adições, perdas, transformações e transportes ao longo do tempo
– Tempo para desenvolvimento do solo: depende dos outros fatores
• transformações mais intensas e rápidas quanto mais agressivas forem as ações
pedogenéticas atuantes
– Duração do período de formação: definição complexa
• Geomorfologia no Brasil: materiais recentes e mais velhos
– Planícies aluvionais: adições periódicas de material
– Planalto Central Brasileiro: antigas superfícies de aplainamento
– Distinção entre idade (cronologia) e maturidade (evolução):
• idade absoluta pequena e solos mais maduros (evoluídos)
– Semi-árido nordestino e Amazônica quente e úmida:
• mesmo relevo e material de origem: solos menos evoluídos no sertão, mesmo
se tiver idade cronológica semelhante
– Intensidade de mudanças:
• drásticas no inicío da formação
• estado de quase equilíbrio ou perfil maturo com o tempo
– Início da pedogênese: busca do novo equilíbrio
• estabelecimento de organismos (nutrem-se da água e dos nutrientes liberados
pela decomposição dos minerais)
• formação e translocação de argila
• remoção de sais minerais
• formação de horizontes: novo estado de equilíbrio
• estimativa da idade relativa ou grau de maturidade dos solos: baseado na
diferenciação de horizontes
– maior número de horizontes e maior a espessura: mais desenvolvido o
solo

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– Desenvolvimento de perfil em regiões úmidas: mais lento em materiais de origem


ácidos e de textura grossa
– Depressões:
• 60 a 80% de argila: retarda o movimento de água
• presença de íons de Na+: desfavorável à penetração da água
– Influência nos processos de erosão e deposição:
• sem erosão acelerada: atributos se diferenciam e perfil se espessa
• erosão / deposição ativa: solos jovens
– solos jovens sob florestas (mais férteis)
– Definição de solo maturo: feições morfológicas (aplicação no campo)
– Definição baseada na dinâmica: equilíbrio com ambiente
• mais ligação com o fator tempo no desenvolvimento do solo
• nem todos os componentes do solo maturam ao mesmo tempo
– Propriedades avaliativas do estágio de desenvolvimento do solo:
• pH
• M.O.
• teor de argila
• magnitudes de horizontes eluvial e iluvial
– Agente mais ativo na formação do solo: água percolante
• Presença de água: exclui equilíbrio final
• Classificação de solo:
– arranjamento de solos em série ascendente de desenvolvimento:
membros mais altos na série mais próximos da maturidade
– procedimento: convergência entre os critérios morfológicos e
dinâmicos
– Fator tempo:
• combinação do período através do qual o solo esteve se formando e a
velocidade e intensidade das atividades químicas, físicas e biológicas
responsáveis pelas mudanças do material de origem “bruto” em um solo bem
definido

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