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OTÁVIO LIMA | ADOLESCÊNCIA TARDIA – o desafio de amadurecer em uma geração que não

sabe como crescer.

Crescer, diziam os antigos, nunca é fácil. Sou obrigado a concordar, muito mais em nossa
contemporaneidade, pois um dos fenômenos que mais tem se tornado comum em nossos
tempos é a adolescência tardia. Ano passado, foi noticiado o caso do homem de 30 anos que foi
processado pelos pais para que o mesmo saísse da residência paterna. Segundo eles, o filho não
se responsabilizava por nada.

Nos cabe perguntar: o que leva uma geração inteira a postergar sua independência? A sociologia
chama nossa geração de Geração Y. Nós nascemos em tempos de relativa paz e muita
abundancia, onde o acesso a informação se ampliou devido ao surgimento da internet no final
da década de 90 e o avanço das redes sociais em meados do anos 2000. Diferente da geração
dos nossos pais que passaram por épocas de escassez, nossa geração em nenhum momento foi
massacrada por limitações.

E aqui se mostra o paradoxo: tivemos acesso demasiado a uma gama ilimitada de opções e as
gerações anteriores compensaram suas limitações através de nós, ao ponto de esperarem a
compensação material por meio desta geração. Mas, como organizar e aplicar todo esse leque
de possibilidades? Infelizmente nossa geração nasceu com medo de arriscar, pois, fomos
ensinados a pensar em estabilidade, em estar sempre seguros para que não haja falta.

Um geração inteira que foi ensinada a servir não sabe servir a si mesma, pois, nunca tendo sido
frustrada, foi mimada e acaba postergando tudo: os desvarios da adolescência se apresentam
na faculdade e o preço cobrado será a frustração de estar atrás sempre. Crescer pode não ser
fácil, mas, muito mais difícil é a pressão de depender tendo força suficiente para ser o que
quiser.

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