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Rio de Janeiro
Maio de 2013
TORRES DE LINHA DE TRANSMISSÃO (LTEE) SOB AÇÃO DE VENTOS
ORIGINADOS DE CICLONES EXTRATROPICAIS E DE DOWNBURSTS
Examinada por:
___________________________________________________
Profª. Michèle Schubert Pfeil, D. Sc.
___________________________________________________
Profº. Ronaldo Carvalho Battista, Ph. D.
___________________________________________________
Profº. Ruy Carlos Ramos de Menezes, Dr techn.
___________________________________________________
Profº. Jorge Manuel Vieira Borges Lourenço Rodrigues, D.Sc.
iii
À minha mãe e à minha esposa.
iv
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus que sempre me deu forças para persistir e nunca desistir,
sempre me conduzindo a várias conquistas.
Em especial a minha mãe Josefa, que vive em função de seus filhos e não fosse
por sua força e conselhos certamente não chegaria tão longe.
À minha amada Belaniza, pelo amor, incentivo e paciência em todo esse tempo
que ficamos distantes fisicamente, a quem dedico todo meu amor. Como também aos
meus sogros Gaspar e Luceni pelos quais tenho muito apreço.
v
Por fim, agradeço a todos aqueles que mesmo sem saber contribuíram na
formação do meu caráter, na busca dos meus objetivos, ajudaram nos momentos
difíceis, ou simplesmente torcem pelo meu sucesso.
vi
Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos
necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)
Maio/2013
Em geral, as normas de projeto para torres e linhas de transmissão não são aplicáveis a
estruturas para grandes travessias (maiores do que 1000m) e consideram apenas ações
de ventos originados de ciclones extratropicais. Registros de acidentes nestes tipos
estruturais têm motivado constantes pesquisas acerca do comportamento estrutural e da
adequação dos critérios de projeto. Este trabalho apresenta análises de modelos
numéricos do sistema torre-linhas aéreas sob a ação de ventos originados de ciclones
extratropicais (EPS) e de downbursts efetuadas por meio de uma ferramenta
computacional especialmente desenvolvida. Exemplos de uma chaminé de 180m de
altura e de um feixe de cabos de 1000m de vão foram utilizados para validação de
implementações computacionais realizadas e para avaliação de certas considerações nas
análises dinâmicas. Um modelo de torre de 118,4m de altura foi idealizado para suporte
de 3 feixes de 4 cabos condutores cada um e dois cabos para-raios com vãos adjacentes
de 1000m e verificado em estados limites últimos para esforços estáticos de ação de
vento EPS. A análise dinâmica deste modelo sob ação do vento tipo EPS gerou fator de
amplificação dinâmica significativo e foi mostrado que é necessária análise não linear
para ação do downburst.
vii
Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)
May/2013
Design codes for overhead transmission lines are generally not applicable to structures
for large crossings (greater than 1000m) and with few exceptions consider only winds
generated from extratropical cyclones. Overhead line failures reported internationally
have motivated constant research on the behavior of these structures. This work presents
analyses of numerical models of the coupled system overhead lines – towers under the
action of winds generated from extratropical cyclones and downbursts performed by
means of a specially developed computational tool. Examples of a 180m high chimney
and of a 1000m span cable bundle were selected to validate performed computational
implementations and to evaluate some issues in dynamic analyses. A model of a 118,4m
high tower was conceived to support 3 bundles of 4 conductor cables with 1000m
adjacent spans then statically analyzed and verified under limit states design criteria.
Dynamic analyses of this model under wind action yield significant dynamic
amplification factor and showed that non-linear analyses are required for downburst
action.
viii
SUMÁRIO
I.1 MOTIVAÇÃO..................................................................................................................................... 1
I.2 BREVE REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ..................................................................................................... 3
I.3 OBJETIVO E METODOLOGIA ............................................................................................................. 6
I.4 ESCOPO DO TRABALHO .................................................................................................................... 7
ix
IV.4.5 Comparação dos resultados: Domínio do tempo x Domínio da frequência .................... 70
IV.5 EXEMPLO NUMÉRICO – EXEMPLO DE CABO DE LT ISOLADO ..................................................... 71
IV.5.1 Apresentação do exemplo................................................................................................. 71
IV.5.2 Análise de vibração livre.................................................................................................. 72
IV.5.3 Flutuação vertical – Tormentas EPS ............................................................................... 74
IV.5.4 Análise estática x dinâmica linear x dinâmica não linear – Tormentas EPS ................... 76
IV.5.5 Variação de velocidade média em função da configuração deformada .......................... 79
IV.5.6 Correlação espacial (Tormentas EPS) a partir da configuração deformada .................. 80
IV.5.7 Velocidade vertical do downburst .................................................................................... 82
IV.5.8 Análise Estática x dinâmica linear x dinâmica não linear - Downburst .......................... 83
x
LISTA DE SÍMBOLOS
coeficiente de arrasto
E módulo de elasticidade
Função erro
f frequência
Força de arrasto
xi
fT frequência fundamental da torre isolada
Fator de pico
admitância mecânica
I Matriz identidade
mi massa concentrada no nó i
S1 fator topográfico
xii
S3 fator estatístico
velocidade cisalhante
Uk velocidade característica
xiii
X matriz de autovetores da matriz de correlação espacial
Frequência adimensionalizada
, Frequência adimensionalizada
, , Frequência adimensionalizada
z0 constante de integração
fator de proteção
Fator de escala
Massa específica do ar
xiv
τ defasagem
xv
CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO
I.1 MOTIVAÇÃO
Estes acidentes têm motivado diversas pesquisas tanto em torres isoladas quanto
no sistema completo torre-linha para melhor entendimento de suas causas. Algumas
destas pesquisas incluem também a caracterização e aplicação de ventos originados de
outras tormentas, além dos ciclones extratropicais que são mais comuns.
1
Figura I.1 – Torre colapsada no município de São Miguel do Iguaçu, Paraná em
dezembro de 2010 (PORTALNOTICIASBRASIL, 2013).
Figura I.2 – Torre colapsada no município de Sumaré, São Paulo, em junho de 2012
(OMELHORDEVALINHOS, 2013).
2
Figura I.3 – Torre colapsada no município de Candido Mota, São Paulo, em novembro
de 2012 (G1, 2013)
3
Os modelos indicados nas normas podem ser adequados para linhas até certo
comprimento de vãos acima do qual os efeitos dinâmicos devem ser investigados. Além
disso, ventos originados de outros fenômenos meteorológicos devem também ser
considerados.
No caso de linhas aéreas de transmissão de energia além das condições (a) e (b)
ocorrem os seguintes fenômenos aeroelásticos (condição (c)):
4
al. (1999), DIANA et al. (1998) e MENEZES et al. (2012) também efetuaram análises
dinâmicas com o modelo acoplado torre-linha.
5
tormentas que atuam nestes sistemas e ainda sobre efeitos dinâmicos gerados pela ação
do vento.
Partindo do suposto que outros tipos de vento podem ser causadores de alguns
dos colapsos de torres de linhas de transmissão será abordada neste trabalho, além dos
ventos de ciclones extratropicais, a verificação dos efeitos de ventos do tipo downbursts
originários de tormentas elétricas.
Para uma avaliação simplificada das considerações adotadas neste trabalho são
utilizados como exemplos:
6
avaliação da escala de turbulência, variação da velocidade média atuando na
configuração deformada do cabo e ainda comparação entre as respostas
geradas em análises estáticas, dinâmica linear e dinâmica não linear para ação
de ventos originados de tormentas EPS e de downbursts.
No capítulo III são descritas as formas para obtenção das velocidades de ventos
para downbursts bem como a metodologia para aplicar as correspondentes forças
geradas na torre e nos cabos.
7
CAPÍTULO II – VENTOS ORIGINADOS DE CICLONES
EXTRATROPICAIS
(II.1)
200
180 exponencial
160 logaritmica
140
120
Z (m)
100
80
60
40
20
0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0
U(z)/U(10)
Figura II.2 – Perfis vertical de velocidade média para terreno de categoria III
(comprimento de rugosidade z0=0,2m e expoente p=0,185) dados pelas leis potencial e
logarítmica.
10
b) variação da velocidade média com o intervalo de tempo de integração e
outros parâmetros (z, categoria do terreno)
Para edificações cujas dimensões sejam superiores às dadas na Tabela II.2 serão
também maiores as dimensões dos turbilhões que as envolvem; assim, a NBR6123
(ABNT, 1988) fornece o Anexo A para cálculo dos parâmetros relacionados à
velocidade média conforme o tempo de integração correspondente à dimensão da
edificação.
11
II.2.2 VELOCIDADES FLUTUANTES
12
Observa-se que Iu diminui ao longo da altura z e que as intensidades de
turbulência nas direções lateral e vertical podem ser tomadas aproximadamente iguais a
0,68Iu e 0,45Iu, respectivamente, conforme relações II.6.
13
onde Cas é o coeficiente de arrasto superficial mostrado na Tabela II.1 e U10 é a
velocidade média a uma altura de 10m e para o tempo de 10 minutos.
14
A Figura II.3 compara as funções dos espectros de Harris, Davenport, ESDU e
Kaimal dadas pelas Equações II.11, II.14, II.16 e II.19, respectivamente, por meio de
um gráfico semi-logarítmico onde a ordenada é o espectro adimensionalizado e a
abcissa igual a frequência f.
0,35
HARRIS
0,30
DAVENPORT
0,25 ESDU
KAIMAL
u²
0,20
f Su (f) /
0,15
0,10
0,05
0,00
0,001 0,01 0,1 1 10
f (Hz)
Figura II.3 – Espectros de Harris, Davenport, ESDU e Kaimal em escala
semilogarítmica
15
A Figura II.4 apresenta os espectros de Kaimal das três componentes de
flutuação do vento.
0,30
Su
0,25 Sv
Sw
0,20
f . S(f) / ²
0,15
0,10
0,05
0,00
0,001 0,01 0,1 1 10
f (Hz)
Figura II.4 – Espectros de potência de Kaimal para as três componentes de flutuação.
onde:
16
0,35
Su
0,30
Sv
0,25 Sw
f . S(f) / ²
0,20
0,15
0,10
0,05
0,00
0,001 0,01 0,1 1 10
f (Hz)
Figura II.5 – Espectros de potência ESDU para as três componentes de flutuação.
ESDUu 1 0 1 0 1 5/3
Kaimalu 1 0 1 0 1 5/3 z
17
II.2.2.2 CORRELAÇÃO ESPACIAL
(II.33)
onde:
(xi, yi, zi) e (xj, yj, zj) são as coordenadas dos pontos i e j, respectivamente;
18
II.2.3 GERAÇÃO DE HISTÓRICOS DE FLUTUAÇÃO DE VENTO DE CICLONES
EXTRATROPICAIS
onde Su(f) é o valor da função densidade espectral para a componente flutuante do vento
na frequência f, f = fi+1 – fi, e i é o ângulo de fase com a função de
distribuição uniforme de probabilidade que varia aleatoriamente entre 0 e 2.
19
II.2.3.2 GERAÇÃO DE HISTÓRICOS PELO MÉTODO DA AUTO-REGRESSÃO (AR)
onde N(t) é um ruído branco com média zero e variância unitária. Substituindo a
expressão (II.36) por a(t) na Equação (II.35) tem-se:
Assim o sinal inicial a(t) é transformado no histórico u(t) pelo filtro ou função
de transferência γ(B). Uma função adequada para modelagem do vento é chamada de
filtro auto-regressivo.
20
Alternativamente, a Equação (II.38) pode ser escrita como:
O vetor que contém os históricos u(z,t) pode também ser expresso por D.v(z,t),
onde D é a matriz de correlação cujos elementos são obtidos da correlação cruzada dos
elementos em u(z,t) para defasagem τ = 0 e v(z,t) é o vetor de velocidade flutuante no
qual os históricos de flutuações não são correlacionados e podem ser modelados pelo
método da série de Fourier ou pelo método da auto-regressão. Assim, a Equação (II.1)
pode ser reescrita como:
21
U(z,t) = (z) + D.v(z,t) (II.44)
RX=λIX (II.45)
onde λ = { λ1, λ2, ... λn } é o vetor de autovalores e X = [X1, X2, ... Xn] é a matriz de
autovetores. Para normalizar um autovetor Xi, tem-se:
ZiT I Zi = 1 (II.48)
R = Z λ ZT (II.52)
22
ou
consequentemente:
R = D λ DT (II.56)
onde os termos em v(t) são gerados com diferentes conjuntos de números aleatórios e
com variâncias λ1, λ2, ..., λn, que são os autovalores da matriz de correlação cruzada R.
23
Admite-se que a matriz C é uma matriz triangular inferior. Isso pode ser
mostrado, utilizando a matriz de correlação cruzada, através da relação e,
portanto, C pode ser calculado através da Fatorização de Choleski da matriz , ou
seja, através das expressões:
As forças de arrasto devidas à ação do vento são calculadas, de modo geral pela
expressão:
onde:
Além das forças de arrasto tem-se também outras duas componentes de força
resultante de vento sobre um corpo, forças de sustentação e lateral, definidas de modo
semelhante à força de arrasto (Eq. II.61) porém com os coeficientes de força de
sustentação e lateral.
24
A NBR6123 (ABNT,1988) fornece alguns coeficientes de força, com diferentes
ângulos de incidência, para diferentes tipos de superfície como telhados, barras
prismáticas, fios e cabos, reticulados, superfícies planas, contudo para superfícies
diferenciadas se faz necessário ensaio em túnel de vento. Ainda para reticulados de
planos múltiplos a NBR6123 recomenda que as forças do vento nas partes protegidas
devam ser multiplicadas por um fator de proteção.
Uk = Uo . S1 . S2 . S3 (II. 62)
Por fim, o fator S2, função da altura z acima do nível do terreno, é obtido pela
equação:
25
O fator S3, denominado fator estatístico, é baseado em conceitos estatísticos, e
considera o grau de segurança requerido e a vida útil da edificação.
ou ainda
onde:
26
serão descritos, de forma sucinta, os procedimentos para obtenção das forças devidas ao
vento em ambas as normas.
onde:
q = pressão dinâmica de referência => ;
Ca = coeficiente de arrasto, igual a 1,0;
= fator de efetividade, adimensional (Figura II.6);
d = diâmetro do circulo circunscrito da seção do fio ou cabo;
= ângulo de incidência do vento (≤ 90°) em relação à direção do vão (Figura
II.8);
Urel = velocidade do vento em relação à estrutura calculada como a velocidade
resultante das velocidades média e flutuantes do vento e da velocidade da estrutura (ver
Figura II.7).
27
circunscrito da seção do cabo e l é o comprimento do cabo. O número de Reynolds Re é
dado pela expressão apresentada na primeira coluna da Tabela II.4, onde o diâmetro
dos cabos d é dado em metros e a velocidade característica Uk é a velocidade
característica dada em m/s.
Tabela II.4 – Coeficientes de arrasto, Ca, para fios e cabos com l/d >60
(NBR6123, 1988).
28
Figura II.7 – Forças atuantes nos cabos
Para determinar as forças de vento atuantes nas torres de suporte das linhas de
transmissão, a torre é decomposta em segmentos menores doravante denominados
paineis. Discretizada a estrutura calculam-se então as forças para cada painel
individualmente.
onde:
Ae1, Ae2 = área líquida total de uma face projetada ortogonalmente sobre plano
vertical situado nas direções das faces 1 e 2, respectivamente (ver Figura II.8);
29
Ca1, Ca2 = coeficiente de arrasto próprio das faces 1 e 2, para o vento
perpendicular a cada face, dada no gráfico da Figura II.9, no qual já se consideram as
faces à sotavento e à barlavento;
Figura II.8 – Ação do vento sobre um painel da torre (adaptado da NBR5422, ABNT
1985).
Figura II.9 – Coeficiente de arrasto para paineis de torres treliçadas (NBR5422, ABNT
1985).
onde:
30
q = pressão dinâmica de referência => ;
onde:
Ca1 = coeficiente de arrasto referente a uma das faces isolada do painel da torre,
função do índice de área exposta do painel (Figura II.10), onde é a relação entre a
área liquida (área de obstrução a passagem do vento) e a área bruta (área formada pelo
contorno do painel);
Figura II.10 - Coeficiente de arrasto, Ca1, para treliças planas formadas por barras
prismáticas de cantos vivos ou levemente arredondados (NBR 6123, ABNT 1988).
onde:
31
A NBR6123 fornece ainda a Figura II.12 com os valores de coeficiente de
arrasto, para torres treliçadas constituídas por barras prismáticas de faces planas, com
cantos vivos ou levemente arredondados.
Figura II.11 - Fator de proteção, η, para duas ou mais treliças planas paralelas
igualmente afastadas (NBR 6123, ABNT 1988).
Figura II.12 – Coeficiente de arrasto, Ca, para torres treliçadas de seção quadrada e
triangular equilátera, formadas por barras prismáticas de cantos vivos ou levemente
arredondados (NBR 6123, ABNT 1988).
32
Comparando os procedimentos apresentados para as Normas NBR5422 (ABNT,
1985) e NBR6123 (ABNT, 1988) observam-se também algumas discrepâncias no
cálculo do coeficiente de arrasto. A Figura II.13 apresenta os coeficientes de arrasto
para paineis treliçados de seção quadrada calculados através da Equação (II.74) e das
Figuras II.10 e II.11 (afastamento relativo entre as faces e/h igual a 1,0), a mesma figura
apresenta ainda os coeficientes de arrasto mostrados na Figura II.12, também extraída
da NBR6123 (ABNT, 1988) e os coeficientes de arrasto apresentados na NBR5422
(ABNT, 1985).
33
3,0 NBR5422
(Figura II.9)
2,8
2,6
2,4
2,2
2,0
1,8
1,6
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0
Área liquida / Área Bruta
Figura II.13 – Coeficientes de arrasto para paineis treliçadas de seção quadrada segundo
as Normas NBR5422 e NBR6123.
A Figura II.14 mostra a variação da relação entre as forças geradas para as duas
normas em função do ângulo de incidência da velocidade resultante do vento. Nota-se
que as expressões apresentam uma boa correlação entre os valores.
1,05
1,00
0,95
0,90
0,85
0,80
0 15 30 45 60 75 90
° - ângulo em relação à perpendicular à face de
barlavento
34
Para a torre serão consideradas as velocidades média , flutuante na direção
principal u e flutuante na direção transversal v, como mostrado na Figura II.15. Para a
velocidade resultante e seu ângulo de incidência são calculadas as forças de arrasto e
sustentação. As parcelas de amortecimento aerodinâmico podem ser desprezadas.
35
CAPÍTULO III – TORMENTAS ELÉTRICAS -
DOWNBURSTS
36
descendentes atingem o solo bruscamente e são acompanhadas de chuva torrencial. Este
estágio geralmente dura de 5 a 30 minutos.
37
Figura III.3 – Componentes da velocidade do vento Downburst (adaptado de
CAPPELLARI, 2005).
38
A Figura III.5 mostra o modelo típico para a componente vertical Vz da
velocidade de vento em um downburst, apresentando os perfis radial e vertical de
variação de Vz (perfis baseados no modelo de VICROY (1992)). O perfil radial
apresenta sua intensidade máxima no centro do downburst (onde a velocidade radial é
nula) e decai até tornar-se nula quando a velocidade radial é máxima voltando a
aumentar novamente, contudo em sentido ascendente, devido à formação dos vórtices
radiais. O perfil vertical de velocidade vertical apresenta crescimento quase linear a
partir da superfície.
40
No modelo desenvolvido, dentro da região de estagnação, próximo ao centro do
downburst, a velocidade radial Vr aumenta aproximadamente de forma linear com o
incremento da distância radial ao ponto da estagnação até atingir a velocidade máxima,
Vr(z). Fora da região de estagnação, a velocidade radial decai de forma exponencial à
medida que se afasta do centro do downburst.
onde:
41
1,2
1,0
V/Vmax 0,8
0,6
0,4
0,2
0,0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0
Região de r / Rmax
estagnação
onde:
é a altitude acima do solo (m);
42
é a velocidade radial a uma altura ;
é a máxima velocidade radial do downburst;
é a altura onde a velocidade radial é igual a metade da velocidade radial
máxima
3,0
2,5
2,0
1,5
1,0
0,5
0,0
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2
Vr/Vrmax
43
A parcela flutuante u(z,t) é induzida pela turbulência e é função da intensidade
da velocidade radial média, por isso é tratada como um processo estocástico não
estacionário. Observou-se que a velocidade flutuante é aproximadamente proporcional à
velocidade média; desta maneira CHEN e LETCHFORD (2005) propuseram a seguinte
expressão para cálculo da velocidade flutuante.
44
determinado pelo comportamento do processo durante todo o tempo, o último
representa especificamente o conteúdo espectral do processo na vizinhança de um dado
instante de tempo (CHEN e LETCHFORD, 2005).
Figura III.9 – PSDs de flutuação normalizadas para o RFD e o derecho juntos com o
espectro de von Karman-Harris com u =1 e Iu/U =3.5 (CHEN e LETCHFORD, 2005).
45
A velocidade vertical é dada pela expressão:
onde os perfis radial g(r²) e vertical q(z) da velocidade vertical de vento são dados pelas
expressões:
onde:
46
1,2
1,0
0,8
0,6
Vz / Vzmax 0,4
0,2
0,0
-0,2
-0,4
-0,6
-3,0 -2,0 -1,0 0,0 1,0 2,0 3,0
r / Rmax
Figura III.10 – Perfil radial da velocidade vertical g(r²)
4,0
3,5
3,0
2,5
z / zmax
2,0
1,5
1,0
0,5
0,0
0,0 1,0 2,0 3,0 4,0
Vz / Vz(zmax)
As forças devidas à ação do vento são dadas, como dito anteriormente, pela
Equação (II.61). Inicialmente deve-se calcular a velocidade horizontal total VH
(velocidade radial média + velocidade radial flutuante + velocidade do vento de fundo),
ou simplesmente velocidade horizontal e a velocidade vertical Vz. Para tanto, se faz
necessário definir os dados característicos do fenômeno.
A velocidade radial média, em um ponto P(r,z), é obtida pelo produto dos perfis
radial Vr(r) (Eq. III.1 e III.2) e vertical Vr(z) (Eq. III.3) para os quais é necessário definir
o valor da velocidade máxima radial Vrmax, da distância em que esta ocorre rvmax, da
escala de comprimento radial R, do tempo característico de duração da tormenta T e da
47
altura onde a velocidade radial é igual a metade da velocidade radial máxima . A
velocidade radial flutuante é calculada pelo procedimento apresentado no item III.2.1.3
para o qual é necessário determinar a intensidade de turbulência a 10m de altura e
realizar a geração de um histórico de velocidades flutuantes com variância unitária. A
Tabela III.4 apresenta valores típicos para cálculo da velocidade radial.
48
As forças atuantes na estrutura são obtidas de forma similar ao caso de vento
EPS, como mostrado nas Figuras III.13 e III.14 que ilustram as velocidades e
correspondentes forças de arrasto geradas pelo downburst, respectivamente, nos cabos e
na torre.
49
CAPÍTULO IV - IMPLEMENTAÇÃO COMPUTACIONAL
Para realização das análises estruturais dos modelos computacionais criados será
utilizado o programa VESFEM, desenvolvido em trabalhos anteriores da COPPE
(PFEIL, 1993 e RODRIGUES, 2004). O programa VESFEM foi desenvolvido em
linguagem FORTRAN utilizando uma linguagem de macro-instruções, cada qual
associada a um conjunto de subprogramas compactos destinados a realizar uma ou mais
tarefas no processo de solução pelo MEF (RODRIGUES, 2004).
A saída de dados também é feita através de arquivos de texto nos quais são
impressos os dados de entrada para simples conferência, os resultados finais das
análises realizadas do modelo estrutural, além de resultados ao longo do tempo para
deslocamentos, acelerações e esforços em pontos previamente estabelecidos no arquivo
de entrada. O programa fornece ainda arquivos de saída com a geometria do modelo
computacional, os quais podem ser visualizados através do programa VIEW3d®, para as
condições indeformada e deformada e para os modos de vibração adotados na solução
dinâmica.
50
A análise estática consiste numa análise não linear geométrica da estrutura sob
ação de forças de vento que são calculadas para a velocidade média de vento com o
intervalo de integração tomado de acordo com o Anexo A da NBR6123, obtido a partir
da maior dimensão transversal da edificação e da categoria em que a mesma está situada
(ver o item II.3.1.b).
A análise dinâmica linear é precedida da análise estática não linear de que trata o
item anterior, contudo utilizando a velocidade média do vento para 10 minutos. Na
análise dinâmica, portanto, a estrutura da torre e os cabos já estão submetidos a tensões
iniciais decorrentes da aplicação da parcela constante do vento à estrutura e das cargas
permanentes. As respostas dinâmicas da estrutura são obtidas por superposição modal,
ou seja, pelo somatório das contribuições de cada modo de vibração para uma
determinada grandeza (deslocamento, aceleração, esforços).
51
respectivamente, e para a componente flutuante da velocidade radial foi
utilizado o modelo proposto por CHEN e LETCHFORD (2007) (Item
III.2.1.3). Por fim, para a componente vertical do downburst foi adotado
o modelo de VICROY (1992) (Item III.2.2);
d) procedimento para análises dinâmica linear e dinâmica não linear sob
ação de vento downburst;
e) procedimento para análise estática sob ação de vento downburst.
Por esta razão, para os modelos numéricos apresentados neste trabalho, serão
realizadas análises dinâmicas, conforme descrito anteriormente e ainda será feita uma
análise estática, na qual é feita uma varredura de todas as posições possíveis do
fenômeno e para cada posição são calculadas as correspondentes velocidades de vento
do downburst que geram as forças sobre a estrutura. Para este tipo de análise, as forças
aplicadas na estrutura correspondem a uma condição crítica, caracterizada pela posição
da tormenta em que a velocidade radial atinge seu valor máximo em um determinado nó
de referência do modelo (atribuído no arquivo de entrada). Da mesma forma que para a
análise com ventos originados de tormentas EPS, a análise estática é não linear
geométrica.
52
IV.2 TORMENTAS EPS
0,40
ESDU
0,35 FFT autocorrelação
0,30 Harris
0,25 FFT autocorrelação
f . S(f) / ²
0,20 ESDU
(Eq. II.16)
0,15
0,10
0,05
0,00
0,01 0,1 1 10
f (Hz)
Figura IV.3 – Função densidade espectral para os históricos gerados com os espectros
de Harris e ESDU.
54
IV.2.2 GERAÇÃO DE HISTÓRICOS DE VENTO CORRELACIONADOS
Os históricos não correlacionados, para cada faixa, são então gerados com
variâncias iguais aos autovalores obtidos da matriz de correlação cruzada e, por fim, são
gerados os históricos correlacionados espacialmente utilizando os autovetores
normalizados da matriz de correlação cruzada, conforme item II.3.3.3. A Figura IV.4
apresenta históricos da componente longitudinal, somados a velocidade média, gerados
com os espectros de Harris para pontos situados a 10, 50 e 100 metros de altura em
terreno de categoria II e velocidade básica igual a 40m/s.
55
Figura IV.4 – Velocidades de vento correlacionadas geradas com Procedimento I
utilizando o espectro de Harris
56
Figura IV.6 – Curvas de correlação cruzada normalizada dos históricos gerados com os
procedimentos I e II para z = 60m
200
180
Escala de Turbulência (m)
160
140
120
100
80 Procedimento I
(Buchholdt, 1999)
60 Procedimento II
40 (Buchholdt, 1985)
Miguel et al
20
(2009)
0
0 20 40 60 80 100 120
Altura (m)
Figura IV.7 – Escalas espaciais de turbulência L12 obtidas da geração de históricos de
velocidade de vento com os procedimentos I e II
57
IV.3 DOWNBURST
A Figura IV.8 apresenta uma comparação entre o resultado obtido por HOLMES
e OLIVER (2000) e o obtido no programa VESFEM, a qual mostra que os resultados
gerados no VESFEM são satisfatórios.
(a) (b)
Figura IV.8 – Validação com a reprodução do registro da BFAA por HOLMES e
OLIVER (2000). (a) Reprodução do registro da BFAA (adaptado de HOLMES e
OLIVER, 2000); (b) Reprodução dos resultados obtidos no VESFEM.
59
90
80 Z=40m
Z=80m
20
Velocidade Vertical (m/s)
-20
Z=40m
Z=80m
-40
Z=200m
Z=400m
-60 Z=600m
Z=1000m
-80
0 500 1000 1500 2000 2500 3000
Distância radial (m)
(b)
Figura IV.9 – Variação radial das velocidades do modelo de downburst geradas no
programa VESFEM para diferentes alturas (a) Velocidade radial média (b) Velocidade
vertical.
60
a altura conforme Eq. (III.7), resultando em intensidades de turbulência iguais a 0,057,
0,106 e 0,177, respectivamente, a 80m de altura.
500 500
r=500m
r=1000m
450 450
r=1500m
r=2000m
400 r=2500m 400
r=3000m
350 350
300 300
Altura (m)
Altura (m)
250 250
200 200
150 150
r=500m
r=1000m
100 100
r=1500m
r=2000m
50 50 r=2500m
r=3000m
0 0
0 20 40 60 80 100 -60 -40 -20 0 20 40
Velocidade Radial (m/s) Velocidade Vertical (m/s)
(a) (b)
Figura IV.10 – Variação vertical das velocidades para downburst geradas no programa
VESFEM para diferentes distâncias radiais (a) Velocidade radial média
(b) Velocidade vertical.
61
IV.4 EXEMPLO NUMÉRICO – CHAMINÉ NBR6123 SOB AÇÃO DE VENTO ORIGINADO
DE TORMENTA EPS
62
Figura IV.12 - (a) Elevação da chaminé; (b) Modelo da chaminé. (CARDOSO
JÚNIOR, 2011)
Os dados associados aos nós do modelo para cálculo das forças oriundas do
vento, nas análises estática e dinâmica, bem como os componentes do autovetor
63
associados aos graus de liberdade da direção do vento e massas dos elementos
aplicadas de forma concentrada, estão apresentados na Tabela IV.2. O coeficiente de
arrasto Ca foi obtido segundo o número de Reynolds e a rugosidade da superfície da
chaminé resultando igual a 0,6 para toda ela.
Tabela IV.2 – Dados associados aos nós do modelo adotado. i é o autovetor associado
ao primeiro modo de flexão; mi é a massa concentrada no nó i; Ai é a área exposta
associada ao nó i.
zi mi Ai
Nó i
(m) (t) (m²)
1 20 0,010 1254,0 282,5
2 40 0,036 750,0 173,2
3 60 0,083 463,8 141,4
4 75 0,135 292,5 114,0
5 90 0,204 232,5 107,2
6 105 0,295 195,0 99,9
7 120 0,407 174,4 93,0
8 135 0,538 163,1 86,9
9 150 0,685 153,7 81,6
10 165 0,840 146,2 76,4
11 180 1,000 70,9 36,3
64
IV.4.2 SOLUÇÃO NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA
a(t), sendo esta calculada a partir da função de admitância mecânica , dada por:
onde Uk e Ul, Cak e Cal , Ak e Al, Suk e Sul e são as velocidades médias,
coeficientes de arrasto, áreas frontais dos painéis, espectros de turbulência e a
componente na direção x do autovetor associado ao modo j dos nós k e l,
respectivamente. A função de co-espectro normalizado é dada pela Eq. II.33.
65
Figura IV.13 – (a) estrutura discretizada em n nós; (b) forma modal j (CARDOSO
JÚNIOR, 2011).
1,6
s/ amort.
1,4
Aerodinâmico
1,2
Deslocamento (m)
c/ amort.
Aerodinâmico
1,0
0,8
0,6
0,4
0,2
0,0
0,001 0,01 0,1 1
Frequência (Hz)
66
onde é o deslocamento devido a força média, g é um fator de pico, fj é a frequência do
modo de vibração da resposta e T é o intervalo de tempo da estimativa.
PROCEDIMENTO I
67
Assim, para cada instante de tempo t a Equação (IV.11) é resolvida para cada
modo e os deslocamentos de cada nó obtidos fazendo-se a superposição modal através
da expressão:
correspondente ao modo j.
68
0,6
0,4
Deslocamento (m)
0,2
0,0
-0,2
PROCEDIMENTO II
0,6
0,4
Deslocamento (m)
0,2
0,0
-0,2
69
IV.4.5 COMPARAÇÃO DOS RESULTADOS: DOMÍNIO DO TEMPO X DOMÍNIO DA
FREQUÊNCIA
70
IV.5 EXEMPLO NUMÉRICO – EXEMPLO DE CABO DE LT ISOLADO
O modelo estrutural adotado neste item representa um feixe de quatro cabos tipo
AACSR 535/240 (AACSR – Aluminum Alloy Conductor Steel Reinforced) e que será
adotado também no modelo completo torre-linha para os condutores do capítulo
seguinte. Cada um dos 4 cabos condutores apresenta área da seção transversal A igual a
775,06 mm², módulo de elasticidade E igual a 94,5 GPa, resistência a ruptura de 499,5
kN e massa específica de 4,56 t/m³, correspondente ao peso por metro de 34,64 N/m. O
tipo de cabo assim como suas propriedades foram extraídos do estudo apresentado por
MENEZES et al. (2012) em que foi realizada análise em um sistema de TLTEE com
vão superior ao apresentado neste trabalho (Lvão = 1598m).
71
A deformada do cabo para ação do peso próprio assume a forma de uma
catenária. O cabo é projetado de forma que após a aplicação da carga peso, a tração
equivalente resulte em 20% da tração última de ruptura (condição de tração EDS_Every
Day Stress) (NBR5422, ABNT 1985). No caso das extremidades do cabo estarem em
uma mesma altura zo, a flecha teórica é dada por (IRVINE, 1981):
72
Vista em planta Vista Longitudinal
Figura IV.18 – Modo 1 – Oscilação lateral (f1 = 0,084Hz)
73
Para as posteriores análises dinâmicas lineares que utilizam o método da
superposição modal serão considerados os 30 primeiros modos de vibração mostrados
na Tabela IV.4.
Tabela IV.5 – Desvio padrão dos deslocamentos para o ponto médio do cabo e para os
esforços axiais no elemento da extremidade.
σx σz N
Uz
(m) (m) (kN)
com w 3,33 1,70 18,24
sem w 3,44 1,56 14,67
74
0,0
-5,0 Com w
Deslocamentos (m) -10,0 Sem w
-15,0
-20,0
-25,0
-30,0
-35,0
0 100 200 300 400 500 600
Tempo (s)
Figura IV.23 – Deslocamentos longitudinais do ponto médio do cabo
12,5
10,0
Deslocamentos (m)
7,5
5,0
2,5
0,0
-2,5 Com w
-5,0 Sem w
-7,5
0 100 200 300 400 500 600
Tempo (s)
Figura IV.24 – Deslocamentos verticais do ponto médio do cabo
550,0
525,0
Esforços axiais (kN)
500,0
475,0
450,0
425,0
400,0
375,0 Com w Sem w
350,0
0 100 200 300 400 500 600
Tempo (s)
75
IV.5.4 ANÁLISE ESTÁTICA X DINÂMICA LINEAR X DINÂMICA NÃO LINEAR –
TORMENTAS EPS
A Figura IV.28 apresenta, para análises linear e não linear, a variação dos
esforços axiais para um elemento do modelo de cabo para ação da tormenta EPS não
considerando a ação da flutuação vertical. A variação dos esforços axiais obtidos na
análise não linear apresenta desvio padrão igual 13,95kN.
76
0,0
-5,0 Linear
Deslocamentos (m) -10,0 Não Linear
-15,0
-20,0
-25,0
-30,0
-35,0
0 100 200 300 400 500 600
Tempo (s)
12,5
10,0
Deslocamentos (m)
7,5
5,0
2,5
0,0
-2,5 Não Linear
-5,0 Linear
-7,5
0 100 200 300 400 500 600
Tempo (s)
550,0
525,0
Esforços axiais (kN)
500,0
475,0
450,0
425,0
400,0
375,0 Linear Não Linear
350,0
0 100 200 300 400 500 600
Tempo (s)
77
deslocamentos e esforços os valores apresentados na Tabela IV.6 para a análise
dinâmica linear e apresentados na Tabela IV.7 para a análise dinâmica não linear.
0.05Hz
desl.
0,084Hz longitudinais
0,135Hz desl.
Verticais
0,01 0,1 1 10
frequência (Hz)
Figura IV.29 – Transformada de Fourier da resposta para deslocamentos longitudinais e
verticais do ponto médio do modelo do feixe de cabos apresentados nas Figuras IV.26 e
IV. 27.
0,135Hz
0,01 0,1 1 10
frequência (Hz)
Figura IV.30 – Transformada de Fourier da resposta para esforços axiais nos elementos
de cabo apresentados na Figura IV.28
Tabela IV.6 – cálculo das respostas máximas esperadas para deslocamentos e esforços
da análise dinâmica linear
Freq. Modo Fator de Valor
Valor Desvio
Parâmetro Dominante (Hz) pico máximo
Médio Padrão
(Figs. IV.29 e IV.30) (Eq. IV.8) (Eq IV.7)
Deslocamentos
0,084 3,01 23,6m 3,44m 33,9m
longitudinais
Deslocamentos
0,135 3,14 3,9m 1,56m 8,8m
verticais
Esforços
0,135 3,14 428,2kN 14,67kN 474,3kN
Axiais
78
Tabela IV.7 – cálculo das respostas máximas esperadas para deslocamentos e esforços
da análise dinâmica não linear
Freq. Modo Fator de Valor
Valor Desvio
Parâmetro Dominante (Hz) pico máximo
Médio Padrão
(Figs. IV.29 e IV.30) (Eq. IV.8) (Eq IV.7)
Deslocamentos
0,084 3,01 23,6m 3,33m 33,6m
longitudinais
Deslocamentos
0,135 3,16 3,9m 1,63m 9,1m
verticais
Esforços
0,135 3,16 428,2kN 13,95kN 472,3kN
Axiais
As estruturas para linhas de transmissão com vãos até 800m são projetadas
considerando a ação quase-estática do vento (NBR5422). Isto porque, apesar dos
sistemas estruturais apresentarem frequências naturais inferiores a 1,0 Hz, a resposta
ressonante é amortecida pelo amortecimento aerodinâmico dos cabos condutores e para-
raios (LOREDO-SOUZA, 1996). De fato, usando a massa por unidade de comprimento
do feixe para calcular o coeficiente de amortecimento estrutural cest com a taxa de
amortecimento de 2,0% tem-se para o primeiro modo cest = 2,92 Ns/m, e utilizando a
Equação (IV.12) para cálculo do coeficiente de amortecimento aerodinâmico caer tem-se
para o primeiro modo caer = 31,87 Ns/m, ou seja, o amortecimento aerodinâmico é cerca
de dez vezes maior que o amortecimento estrutural.
DEFORMADA
As velocidades médias para cálculo da parcela média das forças de vento são,
geralmente, obtidas para a configuração indeformada da estrutura. Entretanto, para
estruturas muito flexíveis, como o modelo do cabo adotado neste item, a ação da força
média resulta em deslocamentos significativos e consequente alteração na altura z dos
nós do cabo.
79
Como a velocidade média varia com a altura, o efeito resultante sobre os cabos
é obtido de forma iterativa com a variação das velocidades e correspondentes
deslocamentos. Assim, para avaliação da importância da atualização da velocidade
média foi utilizado o modelo do cabo descrito anteriormente e situado em terreno de
categoria II considerando duas situações de altura mínima do cabo: 30m e 70m. A
Figura IV.31 mostra a variação da razão entre a pressão média calculada para a
configuração deformada sob ação de vento (qdef) e para a configuração deformada
apenas pelo peso próprio (qini), geradas para diferentes velocidades básicas de vento.
1,060
Zmin=70m
1,050
Zmin=30m
1,040
qdef / qini
1,030
1,020
1,010
1,000
10 15 20 25 30 35 40 45 50
Velocidade básica Uo (m/s)
Figura IV.31 – Razão entre as pressões médias no ponto médio do cabo para as
configurações deformada sob ação da força média e deformada sob peso próprio.
DEFORMADA
80
b) a partir da configuração deformada devida à ação da força média de vento
EPS.
A Figura IV.32 mostra as curvas de correlação espacial normalizada em relação
a variância, na qual se verifica que os históricos gerados apresentam comportamento
quase idêntico quanto à correlação, isto se deve ao fato do deslocamento se dar
principalmente na direção principal do vento, na qual a escala de turbulência L11
apresenta valor muito superior aos deslocamentos gerados, conforme citado por
MIGUEL et al.(2009).
1,0
0,9 Lfaixa=50m s/atual.
0,8 (L = 186m)
0,7 Lfaixa=50m c/atual.
0,6 (L = 186m)
0,5
1
0,4
0,3
0,2
0,1
0,0
0 100 200 300 400 500
Distância na direção transversal ao vento (m)
Figura IV.32 – Curvas de correlação cruzada normalizada dos históricos gerados para o
modelo do cabo.
Outro dado importante obtido desta análise é que o comprimento das faixas de
vento inicialmente adotado (Lf = 50m) é, aproximadamente, 3,5 vezes menor que a
escala de turbulência L12 apresentada pelos históricos gerados; com isso, é garantido que
o comportamento das flutuações de velocidade em faixas vizinhas tenha uma transição
suave.
81
IV.5.7 VELOCIDADE VERTICAL DO DOWNBURST
82
velocidades radiais de vento apresenta os maiores valores (ver Figura IV.10a), para
outras alturas entretanto os efeitos seriam menos problemáticos.
80
Vr
60 Vz
velocidade (m/s)
40
20
-20
0 100 200 300 400 500 600
Tempo (s)
Figura IV.34 – Componentes de velocidade de vento geradas pelo downburst
4,0
Fr
3,0 Fz
Força (kN)
2,0
1,0
0,0
-1,0
0 100 200 300 400 500 600
Tempo (s)
Figura IV.35 – Forças geradas pelo downburst em um nó do modelo numérico
83
O campo de velocidades do downburst foi o mesmo utilizando no item anterior.
As Figuras IV.36 e IV.37 mostram, respectivamente, os deslocamentos nos sentidos
longitudinal e vertical para o nó central do cabo e a Figura IV.38 mostra os esforços
axiais em um dos elementos do modelo do cabo, gerados com a análise não linear para a
intensidade de turbulência de 8,8%.
20,00
0,00
Deslocamentos (m)
-20,00
-40,00
-60,00
-80,00
X não linear
-100,00 X linear
-120,00
0 100 200 300 400 500 600
Tempo (s)
Figura IV.36 – Deslocamentos longitudinais do ponto médio do cabo
25,00
Z não linear
20,00
Z linear
Deslocamentos (m)
15,00
10,00
5,00
0,00
-5,00
0 100 200 300 400 500 600
Tempo (s)
750
675
Esforço axial (kN)
600
525
450
375
300
0 100 200 300 400 500 600
Tempo (s)
Figura IV.38 – Esforços no elemento de cabo para ação do vento downburst
84
de deslocamento vertical foi menor na análise linear. Outra observação a ser apontada é
que nas análises as respostas apresentam aspecto quase-estático devido ao baixo valor
da intensidade de turbulência.
Tabela IV.8 – Resposta para o modelo simplificado do cabo sob ação do downburst
Análise Análise
Intensidade
Parâmetro Estática Dinâmica FAD
de turbulência
Não Linear Não Linear
Desloc. Longit. (m) -58,56 -58,89 1,01
85
CAPÍTULO V - ESTUDO DE CASO - TORRE DE LINHA
DE TRANSMISSÃO DE ENERGIA ELÉTRICA
A torre serve como suporte para três feixes de condutores elétricos com quatro
cabos cada do tipo AACSR 535/240 e dois cabos para-raios do tipo OPGW. Os vãos
adjacentes à torre analisada são de 1000m e as cadeias de isoladores compostas por
discos com corpo isolante de vidro temperado com 2,90m de comprimento.
86
V.1.1 TORRE
87
peso próprio dos detalhes de ligação. Por fim, foram ainda aplicadas nodalmente as
cargas referentes as demais barras secundárias não representadas no modelo.
V.1.2 CABOS
Os elementos dos condutores elétricos utilizados são feixes com 4 cabos do tipo
AACSR 535/240 (AACSR – Aluminum Alloy Conductor Steel Reinforced), cujas
propriedades já descritas no item IV.5, são apresentadas na Tabela V.1.
V.1.3 ISOLADORES
Este item descreve o cálculo das forças de vento aplicadas ao modelo para
verificação do dimensionamento dos elementos estruturais de acordo com a norma
AISC. No cálculo das forças devidas ao vento foi adotada como referência a norma
NBR6123 (ABNT, 1988), conforme apresentado nos capítulos anteriores, exceto para
os casos inexistentes nesta norma, como o coeficiente de arrasto para feixes de cabos,
em que utilizaram-se de dados experimentais apresentados por CAPPELLARI (2005).
Para o perfil de variação de velocidades médias foi utilizada a lei potencial (Eq.
II.1) sendo os parâmetros adotados já descritos anteriormente.
89
a área de projeção total da face exposta ao vento, e utilizando a combinação das Figuras
II.10 e II.11, as quais apresentam, como visto, valores mais conservadores em relação às
apresentadas na Figura II.12. O coeficiente de arrasto para os cabos para-raios foi obtido
da Tabela II.4 igual a 1,1 e para os feixes de condutores considerou-se o valor constante
de 1,0 para qualquer ângulo de incidência do vento.
90
Por tratar-se apenas de uma análise estática para o modelo completo foi
realizada uma análise não linear geométrica, devido aos grandes deslocamentos
proporcionados pela excursão lateral dos cabos.
As cargas permanentes devidas ao peso próprio dos cabos foram aplicadas
nodalmente ao longo dos elementos e o peso próprio da torre calculado
automaticamente pelo SAP2000®. As forças de protensão aplicadas aos cabos
condutores e para-raios correspondem a 20% da carga de ruptura dos mesmos.
As forças estáticas de vento calculadas para cada faixa foram aplicadas como
forças nodais concentradas nos nós pertencentes a cada faixa. Esses valores foram
obtidos dividindo-se o valor total da resultante da carga de vento, apresentados na
Tabela V.4, pelo número de nós associados à faixa. Para estas ações o dimensionamento
dos elementos estruturais foi verificado automaticamente pelo programa SAP2000®.
Todos os elementos atenderam aos critérios de segurança.
91
Figura V.4 – Faixas de vento - cabos
92
V.3 PROPRIEDADES DINÂMICAS DO MODELO ESTRUTURAL
93
Figura V.5 – 1º modo de vibração do modelo completo - Plano horizontal – Vibração
dos condutores (f1 = 0,081Hz)
Figura V.7 – 21º modo de vibração do modelo completo - PLANO XZ (f21 = 0,376Hz).
94
A frequência fundamental inferior a 1,0 Hz significa que o sistema formado por
torre e cabos elétricos, quando exposto aos efeitos dinâmicos da turbulência
atmosférica, pode apresentar resposta flutuante significativa na direção da velocidade
média, assim como na direção ortogonal à incidência do vento (NBR6123, ABNT,
1988).
Tabela V.6 – Frequências naturais e formas modais de vibração para a torre isolada
Frequência
Modo Oscilação
(Hz)
1 0,401 Lateral
2 0,429 Longitudinal
3 0,733 Torção
95
Plano XZ Plano YZ Perspectiva
Figura V.10 – Modo 3 – Torção (f3 = 0,733Hz)
96
vento consideradas (ver Figuras V.3 e V.4). Para geração dos históricos foram
considerados:
97
Figura V.14 – Elementos selecionados para verificação dos esforços
A Figura V.15 apresenta os deslocamentos obtidos nos nós 305 e 312 (Figura
V.13) e a Figura V.16 apresenta os esforços axiais nos elementos 790, 1026, 1235 e
1502 (Figura V.14) para ação da tormenta EPS.
0,40 0,40
0,20 0,20
0,00 0,00
Deslocamentos (m)
Deslocamentos (m)
-0,20 -0,20
-0,40 -0,40
-0,60 -0,60
-0,80 -0,80
-1,00 -1,00
X Y Z X Y Z
-1,20 -1,20
0 100 200 300 400 500 600 0 100 200 300 400 500 600
Tempo (s) Tempo (s)
Nó 305 Nó 312
Figura V.15 – Deslocamentos no topo da torre gerados nos Nós 305 e 312 para ação da
tormenta EPS
98
1200 -1200
1000 -1000
Esforço Axial (kN)
600 -600
400 -400
200 -200
0 0
0 100 200 300 400 500 600 0 100 200 300 400 500 600
Tempo (s) Tempo (s)
0,01 0,1 1 10
frequência (Hz)
Figura V.17 – Transformada de Fourier dos esforços axiais dos elementos da
face de barlavento (elementos 790 e 1026)
99
Tabela V.7 – cálculo das respostas máximas esperadas para deslocamentos e
esforços da análise dinâmica sob ação de tormenta EPS
Freq. Modo Fator de Valor
Valor Desvio
Local Parâmetro Dominante pico máximo
Médio Padrão
(Hz) (Eq. IV.8) (Eq IV.7)
Desloc.
0,081 3,00 -0,665m 0,129m -1,052m
Nó longitudinais
305 Desloc.
0,081 3,00 -0,223m 0,048m -0,367m
verticais
Desloc.
0,081 3,00 -0,666m 0,129m -1,053m
Nó longitudinais
312 Desloc.
0,081 3,00 0,163m 0,048m 0,307m
verticais
Elem. Esforços
0,081 3,00 494,5kN 104,8kN 808,9kN
790 e 1026 axiais
Elem. Esforços
0,081 3,00 -734,6kN 115,7kN -1081,7kN
1235 e 1502 axiais
100
Observa-se na Tabela V.8 a importância de consideração da análise dinâmica
para a estrutura deste exemplo, que fornecem valores bem superiores aos da análise
estática equivalente. Entretanto os valores de FAD apresentados nesta tabela referem-se
especificamente ao exemplo analisado; novas análises dinâmicas são requeridas para
cada projeto.
Caso 1 – Vento transladado a 90º com o eixo da linha e cruzando com a torre;
Caso 2 – Vento transladado a 90º com o eixo da linha e cruzando com o
ponto médio de um dos vãos da linha;
Caso 3 – Vento transladado a 45º com o eixo da linha e cruzando com a torre;
Com base nos resultados obtidos da análise do feixe do cabo isolado em que a
ação do downburst produziu resposta com pequena amplificação dinâmica apresenta-se
a seguir resultados do modelo completo obtidos da análise não linear estática
correspondente ao valor máximo das forças devidas ao vento.
101
Figura V.17 – Posição inicial e direção de deslocamento do downburst
102
representa cerca de 95% do deslocamento máximo obtido no caso 1, indicando a
importância das componentes de forças agindo sobre os cabos em relação às
componentes agindo sobre a torre.
Figura V.18 – Variação dos esforços nos elementos da base da torre para o downburst
do caso 1
103
Figura V.19 – Variação dos esforços nos elementos da base da torre para o downburst
do caso 2
Figura V.20 – Variação dos esforços nos elementos da base da torre para o downburst
do caso 3
104
para os elementos 790 e 1235 se devem principalmente ao carregamento do peso
próprio.
Por fim, comparando os resultados obtidos entre a ação da tormenta EPS com o
caso 1 do downburst, cujo ângulo de incidência da tormenta (transversal ao eixo da LT)
corresponde ao ângulo de incidência da velocidade média da tormenta EPS considerado
no item anterior, verifica-se que para velocidades semelhantes no topo da torre (cota
z=118,4m) as respostas geradas são próximas para o downburst e a tormenta EPS. A
velocidade no topo da torre para tormenta EPS foi de 32,8m/s.
A velocidade radial máxima para o downburst, como visto nas Figuras V.18 a
V.20 representa um parâmetro de grande importância para determinação das respostas
na estrutura, assim é muito importante que sejam realizados estudos para medição desta
grandeza. Outro parâmetro importante é a distância do centro da tormenta à estrutura
analisada, assim como as dimensões da tormentas (raio de ação).
105
CAPÍTULO VI - CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA
CONTINUIDADE DO TRABALHO
VI.1 CONCLUSÕES
106
vento não produziu alterações em relação à geração considerando a configuração inicial
(no plano vertical). Em relação à consideração (iii) acima, verificou-se para a ação de
vento EPS que as análises dinâmicas lineares e não lineares produziram os mesmos
resultados. Já para a ação do vento originado de downburst é necessário incluir a não
linearidade na análise dinâmica em função dos grandes deslocamentos.
107
direção ao meio de um dos vãos e o terceiro deslocando-se em direção a torre com um
ângulo de 45° em relação à linha. Para todos os casos foi verificado que os esforços
gerados na base da torre são superiores aos obtidos para análise com o vento EPS
quando a avelocidade radial máxima se aproxima do valor típico de 80m/s.
108
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