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O protocolo avaliativo como ferramenta para a ação reflexiva crítica da criança no

ensino cientifico de ciências.

A presente pesquisa tem como propósito averiguar a relação didático-pedagógica entre a


experimentação cientifica na práxis e a produção do protocolo avaliativo como produção
reflexiva crítica da criança, buscando reconhecer a capacidade desta, de compreender e
construir os fatos que compõe sua ação num contexto histórico aplicando o levantamento de
hipóteses analisando sua capacidade de narrar sua história pessoal e coletiva, tornando-se
autor e sujeito na construção e apropriação de um significado estético, explicando um
conceito ou até mesmo um fenômeno cientifico.

Sabe-se que desde pequenas as crianças, são apresentadas a diversos conjuntos de elementos
de significação, tanto sociais, quanto culturais, os mitos, as lendas, as crendice e criam a sua
linguagem própria para decodificar estes signos, conforme os estágios cognitivos. Nesse
contexto, biologicamente, as crianças conforme a faixa etária compreendem e constroem fatos
significativos progressivamente, que seguem o que Piaget define como sendo a gênese do
conhecimento - “equilibração”, que se resume a um processo essencial para a criança em
desenvolvimento, que cita a esquematização entre os estádios de assimilação – dos novos
conhecimentos; e equilibração – na acomodação da informação para obtenção de formas.
Assim, para desenvolver o conhecimento, é necessário um ambiente que promova condições
capazes de transformar e estabelecer um conflito cognitivo para cada forma de organização
mental. A nova BNCC, sugere a prática da experimentação cientifica com atividades na sala de
aula, levando em consideração essa possibilidade aplicada ao ensino de ciências e as
atividades de experimentos práticos realizados, para embasar a dinâmico da formação
científica, voltadas aos alunos do 3º ano do ensino fundamental, da rede municipal de ensino.

Nesse paradigma de estádios e sob a égide construtivista para aquisição da linguagem escrita,
as autoras Emilia Ferreiro e Ana Teberosky, desenvolveram através de anos de estudos e
experimentos, a Psicogênese da Língua Escrita (1999), onde apresentam as hipóteses de
escrita da criança, levando-a transitória e continuamente de um seguimento a outro,
progressivamente, vislumbrando a leitura e a escrita como chaves para emancipação do
sujeito, sendo por si, um conjunto de técnicas percepto-motoras atrelada a aquisição
conceitual.

Nesse paradigma, Jussara Hoffmann, marco teórico quanto aos processos avaliativos, declara
que o sistema em si, não tem uma preocupação em formar o sujeito para a sociedade,
esquecendo-se que este já possui uma formação. Ainda esclarece que “o aluno constrói o seu
conhecimento na interação com o meio em que vive. Portanto, depende das condições desse
meio, da vivência de objetos e relações”.

Paulo Freire em seu livro A importância do ato de ler (1989), esclarece que a leitura da palavra
é procedida da leitura de mundo, e enfatiza que a leitura insere o educando num processo
criador do qual, ele também é sujeito. Assim na concepção de Piaget (1978), a estrutura de
pensamento é construída na relação objeto e sujeito, através da manipulação, pensamento e
movimento sobre objetos concretos que envolvem um constante construir e reconstruir de
estruturas mentais.

Nesse contexto, durante as aulas no primeiro semestre de 2018, como aluna ouvinte de Ingrid
Dormien Koudela, pude observar na prática o que até então havia estudado sobre esses
teóricos. A autora de Jogos Teatrais me espantou com sua decodificação avaliativa a luz destes
consagrados pensadores. Produzindo o que estes chamam de “avaliação” para o chamado
“protocolo”. Assim Koudela, explana sobre as avaliações de grupo sob a forma dos protocolos:

No trabalho com as crianças foi encontrada uma nova forma de relatar o processo, através de
depoimentos dos próprios participantes. Isto evita a forma abstrata, generalizante e fria de
conclusões que caracterizam os relatórios, na medida em que as próprias palavras das crianças
vêm carregadas de significado e traduzem mais fielmente a experiência. Dessa forma a
transcrição das avaliações realizadas pelos grupos constitui um meio mais adequado para
comunicar um trabalho desse tipo. (KOUDELA, 7ª ed. 2009, p. 72).

A justificativa para esta pesquisa se origina do fato de no ano de 2018 ter aplicado a
experimentação cientifica com o protocolo avaliativo como ferramenta reflexiva, que além da
própria proposta livre de auto avaliação e avaliação coletiva, se tornou uma importante aliado
as produções textuais, interpretação textual, interação social significativa, espírito de equipe,
ledores e pesquisadores ansiosos e obtenção de um alto índice de frequência escolar. Portanto
no ano de 2019, replicando a técnica utilizada com os alunos e voltado especificamente no
ensino de ciências, as experimentações se tornaram os conteúdos e o livro didático do PNLD,
foi um auxiliar didático e embasado na nova BNCC/2019. Como forma de avaliação utilizou-se
o protocolo avaliativo, instrumento utilizado inicialmente por Bertold Brecht nas áreas cênicas,
trazido por Koudela ao Brasil, o instrumento foi utilizado como forma de avaliação das aulas no
primeiro semestre do ano de 2018 nas aulas que ministrou em "Espanto no Teatro".

Nesse sentido, como dialética entre ação e prática e como forma de dialogar criticamente com
o saber versus o saber apreendido, busca-se pesquisar o uso do protocolo avaliativo reflexivo
como ferramenta avaliativa para o ensino de experimentação cientifica, aplicado a uma sala de
3° ano do ensino fundamental ente 7 e 8 anos, sabendo-se que fator primordial da ciências é a
emancipação do ser, portanto a produção do protocolo não precisa necessariamente ser
escrito, pode ser desenhado como tradução da subjetividade para objetividade, apresentado,
ou até mesmo ser realizado em forma material.

Assim sendo busca-se investigar se a experiementação científica aliada ao protocoloavaliativo


, perpassaria o que é visto formalmente como avaliação quantitativa para o que é
designado como avaliação qualitativa, podendo ser transfundida em gestualidade,
expressividade, cultuando o todo aluno em sua apresentação, especulando se com essa
possibilidade toda a educação se transformará em arte, aliada a criticidade, dialogicidade e
emancipando os olhares e a própria transformação retrorreflexiva da vida que o cerca.
Destacando a visão de Morin (2002), sobre “os pilares da educação", sendo que um desses
pilares denominado “compreensão planetária”, destaca a relação de distanciamento para
compreensão do mundo, dada a complexidade do imediato, transformando, portanto o
indivíduo em unidade.
Dessa forma o objeto de estudo “protocolo” se tornaria agente da ação – reação do aluno,
frente a uma ação anterior histórica e fragmentada no tempo para através de sua ótica
discorrer em sua produção sobre sua própria ação em razão da ação/experimentação cientifca
coletiva apresentada?

Pelas palavras de DEWEY (1944), “a natureza da experiência inclui um elemento ativo e um


passivo”. Assim, no caso do presente trabalho busca-se a compreensão da forma como se
estabelecem as relações da autoavaliação reflexiva do protocolo (indivíduo) e a apropriação do
significado estético do experimento cientifico.

Objetivo Geral:

• Investigar a relação da avaliação qualitativa, como competência da aprendizagem


compreendendo a forma como a criança discorre em sua compreensão na construção de
significados que compõe sua ação cientifica dentro de um contexto histórico, por meio de
experimentos científicos práticos e a construção de uma horta escolar comunitária e atividades
práticas, tendo como guia a BNCC e as competências do ensino de ciências para o 3º ano do
ensino fundamental.

Objetivos Específicos:

• Desenvolver a produção de protocolos aliados a práxis cientificas , como forma de


experimentação para as crianças e reflexiva crítica de sua práxis;

• Indicar as possibilidades da produção do protocolo como práxis avaliativa e


autoavaliativa do aluno e do grupo, incluindo todos os alunos nesta produção inclusive os
alunos com necessidades especiais e/ou educacionais.

• Estimular a produção cultural crítica através da produção dos protocolos a fim de


enriquecer o repertório reflexivo crítico cientifico dos discentes e sua formação de futuros
cidadãos.

• Compartilhar os conhecimentos e as estilizações dos protocolos produzidos para a


compreensão estética dos fenômenos abordados e autoavaliados a luz construtivista sob a
égide qualitativa do processo, demonstrando que o desenvolvimento integral do aluno
permite o desenvolvimento de valores para a sociedade.

• Compartilhar os conhecimentos e as estilizações dos protocolos produzidos para a


compreensão estética dos fenômenos abordados e autoavaliados a luz da práxis cientifica e
sob a égide qualitativa do processo, demonstrando que o desenvolvimento integral do aluno
permite o desenvolvimento de valores para a sociedade.

A metodologia a ser empregada como forma de comprovação científica, a se dar pela


abordagem qualitativa (obtenção de dados descritivos - protocolo, interativos, situação e
fenômeno estudado, a entender o contexto social, cultural, opinião, autoavaliação reflexivo-
crítico para enfim analisar-las e classificá-las.
Já com relação aos objetivos a pesquisa será descritiva tendo como foco o estudo da natureza
do fenômeno resultante e exploratória de documentos bibliográficos, entrevistas,
experimentos práticos pesquisados e análise de dados que estimulem a compreensão. Assim
estabelecer-se á as variáveis da atuação prática cientifica e a documentação acerca das
análises.

Além da pesquisa de campo se dará na esfera com observação não-atuante como sugere
Marconi e Lajato.

Dos autores citados no referencial bibliográfico, se dará a possível pesquisa, que será
realizada, com discentes do 3° ano. Desta pesquisa serão apresentados os protocolos
produzidos pelos alunos, como forma de testemunho e de produção estética avaliativa como
atividade para ensino de ciências após as práticas e ações realizadas com diligência e
participação da professora da professora como “participante ativa” em todo o processo. Assim
replicando a proposta da autora Ingrid Dormien Koudela, na sala de 3 ano B, da qual sou
professora polivalente – pedagoga e enquadrada na proposta norteadora da Unidade Escolar
Luiza Holtz Primo, em consonância com a coordenação pedagógica, aplicarei com os 18 (9 em
estagio de alfabetização) alunos do ensino fundamental, na zona rural do município de
Boituva, da rede básica municipal de ensino do interior de São Paulo, a prática com os
protocolos., após as atividades de experimentação cientificas para o ensino de ciências.

Tendo a autorização prévia dos pais dos alunos, para registro de imagem, vídeo e audio dos
alunos, busca-se aqui comprovar as atividades, o desenvolvimento, o registro avaliativo e a
reflexão estética da criança aplicada ao protocolo como forma de avaliação não mediada, mas
sim autoavaliativa do grupo e do próprio aluno.

As atividades conforme a matriz curricular da unidade são 3 horas aulas na semana, as quais
culminarão com as aulas de língua portuguesa devido a interdisciplinariedade da função do
protocolo como forma também de produção textual, portanto a incidência dos cuidados com a
práxis desta pesquisa se dará diariamente, devido a prática e cuidados com o plantio da horta.

Sendo a pesquisa aprovada o calendário elaborado foi o seguinte:

Estudo das disciplinas: 1º e 2º semestre 2020, 1 e 2º semestre 2021.

Revisão bibliográfica: 1º e 2º semestre 2020, 1 e 2º semestre 2021.

Elaboração de instrumentos de pesquisa: 1º e 2º semestre 2020.

Análise e estudo dos protocolos produzidos em 2019: 2º semestre 2020, 1º semestre 2021.

Elaboração da dissertação: 1º e 2º semestre 2020, 1 e 2º semestre 2021.

Qualificação: 2º semestre 2021.

Reorganização da dissertação: 2º semestre 2021.

Apresentação a banca: conforme data disponibilizada.


Fará parte desta investigação a revisão bibliográfica, com levantamentos dos trabalhos já
realizados, e publicações relevantes relacionadas ao tema. Nessa pesquisa, serão consultados
autores reconhecidos no que concerne a temática apresentada tais como: PIAGET (1973),
PAULO FREIRE (1988), WALTER BENJAMIM (1989), JUSSARA HOFFMANN (2009), EMILIA
FERREIRO E ANA TEBEROSKY (1999), EDGAR MORIN (2000), INGRID DORMIEN KOUDELA
(2009), ANA MAE BARBOSA (1999), PCN (1997), BNCC - 2019,

BARBOSA, Ana Mae. A imagem no ensino de arte. 4ª Ed. SP: Perspectiva, 1999.

BENJAMIN, W. Diário de Moscou. Tradução de Hildegard Herbold. São Paulo: Companhia das
Letras, 1989.

BRASIL a. Sistema de avaliação da educação básica. Avaliação Nacional de Alfabetização.


Brasília: MEC/SEF, 2016.

BRASIL b. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Língua


Portuguesa. Brasília: MEC/SEF, 1997.

BRASIL c. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Arte

– Volume 6. Brasília: MEC/SEF, 1997.

BRECHT, Bertold. Estudos sobre teatro. Tradução de Fiama Pais Brandão. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 1978.

DEWEY, John. Experience and Thiking. Democracy and Education. Macmillan, 1944. Rio de
Janeiro: Nova Fronteira, 2005.

FERREIRO, E.; TEBEROSKY, A Psicogênese da língua escrita. Tradução de Diana Myriam


Lichtenstein et al. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999.

FREIRE, P. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. 15. ed. São Paulo:
Cortez / Autores Associados, 1989.
GODOY, Arilda Schmidt. Introdução à Pesquisa Qualitativa e suas possibilidades. Revista de
Adminisrtração de Empresas São Paulo, v. 35 n.2, p.547-63 Mar-Abr. 1995.

HOFFMANN, Jussara. Avaliação mediadora: uma prática em construção da pré-escola à


universidade. Porto Alegre; Editora Mediação, 2009.

KOUDELA, Ingrid Dormien. Jogos Teatrais. 7 ed. São Paulo: Perspectiva, 1992.

Brech: Um jogo de Aprendizagem. 2. ED. São Paulo: Perspectiva, 2010.

MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. 5ª ed. São Paulo, Brasília DF:
Cortez / UNESCO, 2002.

PIAGET, J. A Epistemologia Genética. In: . Piaget. Tradução de Nathanael C. Caixeiro.


São Paulo: Abril Cultural, 1978, p.1-64. (Coleção “Os Pensadores”).

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