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Resumo:
Neste trabalho, é realizada a simulação numérica computacional de uma laje cogumelo
nervurada, de modo a comparar os dados dos resultados numéricos com resultados experimentais em
escala reduzida, obtidos em ensaios realizados na UFSM, no final de 2004.
São apresentadas comparações entre modelos numéricos, utilizando métodos como o dos
pórticos equivalentes, proposto pela NBR 6118:2003, e dois outros modelos utilizando o Método dos
Elementos Finitos, através do software ANSYS.
Tais comparações dos resultados numéricos, para os diferentes modelos estudados em
elementos finitos, e suas confrontações com os resultados experimentais, são realizadas, de modo a
analisar características referentes às deformações, deslocamentos e momentos fletores, em diversos
pontos da estrutura. Estas análises possibilitam verificar possíveis falhas existentes nas prescrições da
Norma Brasileira NBR 6118:2003 no que diz respeito às lajes cogumelo nervuradas.
Além do método dos pórticos equivalentes, a referida norma recomenda a utilização do Método
dos Elementos Finitos em casos em que os pórticos equivalentes apresentem relação entre vãos
bastante variada. Desta forma, são realizadas simulações com modelos com características variadas,
com o objetivo de identificar o modelo que melhor represente o comportamento deste sistema
estrutural, ou seja, com resultados que melhor se aproximem dos experimentais.
Por fim, são observados e identificados comportamentos destas estruturas quando carregadas, e
sua forma de fissuração.
A análise destes resultados possibilita obter conclusões sobre os métodos de simulação destas
estruturas, a validade das prescrições da Norma Brasileira, além de caracterizar e indicar os modelos
de simulação computacional com melhor desempenho.
1. INTRODUÇÃO
As lajes cogumelo nervuradas necessitam de estudos mais aprofundados e resultados
que possam vir a complementar a atual Norma Brasileira NBR 6118:2003 quanto aos esforços
obtidos nestas estruturas e conseqüentemente, ao seu correto dimensionamento. Mesmo
depois de atualizada esta norma deixa a desejar quanto a recomendações e considerações que
devem ser feitas no cálculo deste tipo de estrutura.
Segundo a NBR 6118:2003, as lajes nervuradas podem ser calculadas utilizando-se
processos numéricos adequados, por diferenças finitas ou elementos finitos, não especificando
o tipo de análise nem considerações de processamento.
Estas lacunas quanto ao projeto de lajes nervuradas, existem desde a NBR 6118:1978, o
que tem estimulado a elaboração de pesquisas sobre este assunto. Em pesquisa de CABRAL
(1998), é realizada a simulação numérica de laje cogumelo nervurada, utilizando o SAP90,
discretizando a laje em elementos finitos de placa, onde resultou em uma estrutura com 425
nós. Utilizou-se também o software MicroFe, resultando uma discretização com 198 nós.
Estes modelos foram discretizados considerando a espessura equivalente da laje nervurada
para a placa da região das nervuradas e considerando a espessura total das lajes para os
elementos de placa formadores dos maciços. Foram obtidos resultados próximos nos dois
programas.
SELISTRE (2000) fez simulações por elementos finitos em uma laje nervurada
retangular com seis pilares, utilizando o SAP 90. A laje foi discretizada em elementos de placa
com quatro nós. Os elementos foram distintos em duas espessuras, ou seja, os elementos da
zona nervurada foram discretizados com a espessura equivalente da laje e os elementos da
zona maciça, discretizados com a espessura da zona maciça da laje, resultando solução
aceitável para a simulação.
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E c = 5600 f ck (1)
Porém, nas análises numéricas deste trabalho, se utilizou o módulo de elasticidade
longitudinal médio de: E = 33690,00 MPa, que foi obtido em ensaios com o microconcreto
empregado nos modelos experimentais. Na Figura 2 pode-se ver a curva tensão x deformação
para o microconcreto. Nos ensaios, foi obtida ainda a resistência à compressão média do
microconcreto, que foi de: fc100 = 35,94 Mpa, porém, este valor não foi empregado nas
análises numéricas.
O Coeficiente de Poisson do concreto utilizado foi υ = 0,20, sendo o valor este proposto
pela NBR 6118:2003.
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2.3 CARREGAMENTO
Foi utilizada carga acidental de 5 kN/m² (hipótese que abrange tanto o caso de lajes para
garagem quanto lajes residenciais com disposição das paredes a critério do cliente), e foi
considerada como carga permanente somente o peso próprio da laje.
largura e momento de inércia, fixados pela seção “T”, chamada de altura equivalente. De
acordo com as dimensões definidas no projeto, chega-se a altura equivalente para a região
nervurada: heq = 19,73577cm .
primeiro modelo, simulado em regime elástico linear com o elemento de placa SHELL63 -
Elastic Shell, com quatro nós por elemento, sem pilares e com os nós dos elementos de placa
correspondentes aos pilares com deslocamento impedido na direção “z” (uz).
Figura 6 – Discriminação das áreas com diferentes espessuras para o elemento SHELL63
O segundo modelo, simulado em regime elástico linear com o elemento de placa 2D -
SHELL63 - Elastic Shell, teve a adição de pilares discretizados com elementos 3D –
SOLID45. Estes pilares foram discretizados com a mesma altura dos pilares do modelo
experimental, multiplicados pela escala dimensional e corrigidos para o protótipo.
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Figura 7 – Malha de elementos finitos discretizada da laje no ANSYS para o modelo 01.
3.3.3 Considerações para o Modelo 02
Para a discretização da laje no ANSYS no modelo 02, ou seja, com consideração de
pilares, foram utilizados elementos sólidos acoplados aos elementos de placa correspondentes
aos pilares da laje. Na Figura 8 pode ser vista a malha com os pilares para o modelo 2
simulado no ANSYS. Neste modelo, em que foi discretizado o pilar, foi impedido o
deslocamento na direção “z”, para os 4 nós da base do elemento.
4. RESULTADOS
Foram escolhidas três linhas que contém os principais pontos de aquisição dos dados
experimentais.
As comparações levam em conta os deslocamentos, deformações e momentos fletores
nos pontos contidos nas três linhas adotadas para análise dos dados nas lajes, sendo
resultantes da análise experimental, análise através do programa CYPECAD, resultados do
método dos pórticos equivalentes proposto pela NBR 6118:2003 e da simulação numérica
através do software ANSYS, feita para dois modelos diferentes, o modelo 01 sem consideração
de pilares e o modelo 2 considerando pilares com elementos tridimensionais. Na Figura 9
pode se observar as três linhas “A”, “B” e “C” escolhidas por conter o maior número de
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4.1 DESLOCAMENTOS
Os deslocamentos encontrados no software ANSYS são apresentados por faixas de cores
na Figura 10 para o modelo 1 e na Figura 11 para o modelo 2 escalonados na legenda de cores
da mesma.
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M = σ ×I (2)
y
onde:
M = momento fletor no ponto desejado;
σ = tensão na direção da linha, no ponto de aquisição, fornecido pelo ANSYS.
I = inércia da faixa de um metro da seção normal à tensão.
y = distância do ponto onde foi obtida a tensão, até o eixo baricêntrico da seção retangular
equivalente no ponto analisado.
Figura 12 – Tensão na direção x resultante da simulação pelo software ANSYS modelo 01 (unidades
em kgf/cm²).
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Figura 13 – Tensões normais na direção x resultante da simulação pelo software ANSYS modelo 02
(unidades em kgf/cm²).
Na Tabela 2 estão listados todos os momentos fletores obtidos nos cinco diferentes
modelos: ensaio experimental, pórticos equivalentes, simulação pelo software CYPECAD,
simulação pelo software ANSYS modelos 01 e 02.
Tabela 2 – Momentos fletores.
Momentos Fletores (kN.m/m)
Linha Pontos Experimental Pórtico Equiv. CYPECAD ANSYS-M1 ANSYS-M2
A A2 -1,621 3,740 0,800 1,666 -0,363
A4 11,492 10,847 8,300 6,792 10,355
B1 -1,907 -8,649 -9,500 -3,402 -0,240
B2 2,553 4,571 6,000 2,316 0,941
B B3 -5,500 -33,662 -38,000 -12,010 -10,735
B4 13,816 13,257 14,600 8,452 12,387
B5 -4,618 -30,390 -35,000 -13,122 -4,438
C C1 15,053 6,576 12,600 7,414 10,557
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5. CONCLUSÕES
Considerando que o modelo em escala reduzida, utilizado na comparação com os
resultados numéricos computacionais, pudesse representar o protótipo ou modelo real em
questão, sabendo das limitações em representar o protótipo em escala reduzida, chega-se as
seguintes conclusões:
O método dos pórticos equivalentes, proposto pela NBR 6118:2003, apresenta muitas
discrepâncias e para este caso analisado não consegue representar os resultados reais da
estrutura, principalmente nas regiões onde a relação entre vãos ficou próxima a 2,0, ocorrendo
inclusive inversão dos momentos preditos pelo método simplificado.
Métodos mais sofisticados com a utilização dos programas CYPECAD e ANSYS, que
utilizam o método dos elementos finitos, também sugerido pela NBR 6118:2003 para casos
especiais, não conseguem representar satisfatoriamente os resultados reais da estrutura,
quando não levados em conta o real funcionamento e características do conjunto estrutural.
O modelo 02, simulado pelo método dos elementos finitos com o software ANSYS, onde
foram levados em consideração os pilares e a estrutura como um conjunto, sendo a que mais
se aproximou dos resultados reais, leva a concluir que mesmo utilizando-se o método dos
elementos finitos, deve-se fazer a análise de todo o conjunto da estrutura, devendo ser
discretizadas tanto as lajes quanto os pilares.
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