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E-ISSN: 2176-0756
admin@revistaiberoamericana.org
Universidade Nove de Julho
Brasil
RESUMO
Com o aumento das pesquisas sobre como algumas organizações prosperam em ambientes influenciados por risco,
inovação, rapidez, mudança e sorte, o presente trabalho objetiva identificar se mitos arraigados, de acordo com o estudo
apresentado por Collins e Hansen (2011), também são percebidos e/ou aceitos por brasileiros com relação às
organizações em que atuam ou atuaram. Utilizando a metodologia quantitativa, de caráter descritivo, foi realizada uma
pesquisa, cuja amostra é não probabilística, por julgamento. O questionário eletrônico estruturado foi divulgado pelas
redes sociais LinkedIn e Facebook. A análise dos dados foi realizada pela estatística descritiva e análise de conteúdo.
Obteve-se 259 questionários respondidos em 7 dias de aplicação. Os resultados demonstram que é possível traçar uma
tendência de não aceitação desses mitos, facilmente identificada através dos comentários e da apuração das respostas
para cada afirmação apresentada.
ABSTRACT
By the increasing number of researches about how some organizations suceed in environments influenced by risk,
innovation, quickness, transition and luck, this present study aims to identify if some entrenched myths, according to the
study presented by Collins and Hansen (2011), are perceived and/or accepted by Brazilians about organizations in
which they work or have worked. For the survey, it was used a quantitative methodology and a non-probabilistic
sampling The structured electronic questionnaire was disseminated through Facebook and LinkedIn social networks.
Data analysis was performed using descriptive statistics and content analysis. It was applied for 7 days wich and 259
answered questionnaires were obtained. The results show that it is possible to draw a trend of non-acceptance of these
myths, easily identified through the reviews and the responses for each statement presented.
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RESUMEN
Con el aumento de la investigación sobre cómo algunas organizaciones prosperan en ambientes influenciados por el riesgo, la
innovación, la velocidad, el cambio y la suerte, el presente estudio tiene como objetivo identificar si los mitos arraigados, según el
estudio presentado por Collins y Hansen (2011), también se perciben y / o aceptada por los brasileños con respecto a las
organizaciones en las que trabajan o han trabajado. Utilizando una metodología cuantitativa, carácter descriptivo, se realizó una
encuesta, cuya muestra no es probabilística, para el juicio. El cuestionario electrónico estructurado se difundió a través de las redes
sociales Facebook y LinkedIn. Se realizó el análisis de datos mediante estadística descriptiva y análisis de contenido. Obtuvo 259
cuestionarios respondidos dentro de los 7 días de aplicación. Los resultados muestran que es posible establecer una tendencia de no
aceptación de estos mitos, identificado fácilmente a través de las revisiones y el cálculo de respuestas para cada declaración
presentada.
1
Doutor em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC. Professor da Universidade
Federal de Santa Catarina - UFSC. Brasil. E-mail: mfpcris@gmail.com
2
Mestranda em Administração pela Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC. Brasil. E-mail:
helena.boal@gmail.com
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3 MITOS E DESCOBERTAS CONTRÁRIAS DE Collins e Hansen (2011) como a busca incessante pelo
COLLINS E HANSEN SOBRE AS EMPRESAS resultado e pelo que poderia dar errado. A “criatividade
10X empírica”, segundo os autores, é a atitude de fazer
testes antes de executar a estratégia definitivamente. E
O método utilizado no estudo de Collins e o comportamento “paranoia produtiva” é comparado
Hansen (2011) sobre as empresas 10X não utilizou por Collins e Hansen (2011) à atitude de “liderar acima
como início uma teoria para ser testada e sim com a da linha da morte” e significa que o líder “10X” está
coleta de evidencias, através de uma abordagem de atento todos os dias para ameaças e oportunidades que
repetição e comparação, que, como Collins e Hansen podem afetar a organização.
(2011) afirmam, geraram “ideias inspiradas nos Esses comportamentos juntos, de acordo com os
dados”. autores, resultam em outro, chamado de “ambição nível
Para Collins e Hansen, “esse método de 5”, e é apresentado como a ambição voltada para a
questionamento provou ser particularmente poderoso causa, para a empresa e para o trabalho e,
não apenas por desenvolver insights, mas também por principalmente, não é voltada para desejos pessoais do
derrubar alguns mitos profundamente enraizados. líder. Com esse comportamento, os líderes “10X”
Muitas das descobertas ocorreram na direção exercem sua liderança com “uma poderosa combinação
completamente contrária à da nossa intuição inicial, e de humildade pessoal e determinação profissional”.
todas as principais descobertas surpreenderam pelo Assim, comandadas por líderes “10X”, as
menos um de nós”. empresas “10X” preenchem lacunas de mercado,
Os mitos enraizados derrubados pelo estudo estabelecem níveis de crescimento para manter o
dizem respeito ao risco, à inovação, à rapidez, à sucesso, possuem uma forte disciplina exemplificada
mudança e à sorte, e deram lugar às descobertas por seu líder, fazem testes antes de executar uma
contrárias do que eles acreditavam, conforme ilustra o estratégia, estão atentas ao que acontece no dia-a-dia.
quadro 01. Seus líderes geram e realizam pequenas mudanças e
Ao aprofundar os estudos, Collins e Hansen pequenas adequações que garantem o futuro
(2011) descobrem que as empresas “10X” possuem vislumbrado, geram reserva de caixa e medem o que
líderes do tipo “10X”, que possuem os precisa ser gerenciado. Ou seja, com líderes “10X” os
comportamentos “disciplina fanática”, “criatividade mitos arraigados não prevalecem nas empresas “10X”.
empírica” e “paranoia produtiva”. Comportamentos Para uma melhor comparação, na tabela 1
esses que também desmistificam a ideia inicial dos encontra-se, resumo comparativo entre o mito
mitos enraizados. arraigado e a descoberta contrária de Collins e Hansen
Apenas para ilustrar, de forma simplificada, o (2011).
comportamento “disciplina fanática” é conceituado por
Mito arraigado identificado por Collins e Afirmação apresentada na Pesquisa Aplicada para
Hansen elaboração do artigo
“Os líderes de sucesso em um ambiente turbulento “As empresas que mais dão certo são aquelas que se
são visionários audazes, com gosto pelo risco” arriscam mais”
“A inovação diferencia as empresas 10X em um “A empresa mais inovadora é a que vai dar certo”
mundo acelerado, incerto e caótico”
“Um mundo cheio de ameaças favorece os mais “A rapidez faz a diferença em ambientes turbulentos”
rápidos: ou você corre ou você morre”
“Mudanças no ambiente externo exigem mudanças “Quando o ambiente muda, a empresa tem que mudar
radicais no ambiente interno” radicalmente”
“Grandes empresas 10X bem sucedidas tem muito “As empresas de sucesso são as que tem mais sorte”
mais sorte que as outras”
Fonte: (Collins e Hansen, 2011 – Vencedoras por Opção – pags 23 e 24) e pesquisa aplicada
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Tabela 3 - Distribuição de frequências da pergunta 01, por resposta e por ocupação respondente
Quanto à faixa etária, é possível notar que os respondentes com 60 anos ou mais acreditam que “As
mais novos e os mais velhos são os que tem opinião empresas que mais dão certo são aquelas que se
mais posicionada quanto ao risco: 100% dos arriscam mais”.
respondentes com até 19 anos e 68,42% dos
Tabela 4 - Distribuição de frequências da pergunta 01, por resposta e por faixa etária do respondente
Com relação ao gênero, não há diferenças respondentes quanto à influência do risco no resultado
entre os pensamentos de homens e mulheres das organizações.
Tabela 5 - Distribuição de frequências da pergunta 01, por resposta e por gênero do respondente
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Tabela 6 - Distribuição de frequências da pergunta 02, por resposta e por ocupação respondente
Tabela 7 - Distribuição de frequências da pergunta 02, por resposta e por faixa etária do respondente
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Tabela 8 - Distribuição de frequências da pergunta 02, por resposta e por gênero do respondente
A análise dos dados apurados nas tabelas 6, 7 e longo dos anos e que uma inovação deve
8 sugere informações interessantes: 60,71% dos ser bem avaliada”; e
respondentes que ocupam o cargo de colaboradores e “muitas empresas entendem inovação
73,91% dos respondentes que estão em busca como sendo reestruturação da
recolocação não concordam que a empresa que mais organização. Só isso não a torna mais
inova é a que vai dar certo. competitiva e mais lucrativa. Inovar é
Através da análise de conteúdo realizada nos algo bem mais complexo”.
comentários, foi possível identificar que as palavras
“mercado” e “gestão” foram as mais utilizadas, com 12 As faixas etárias 25 a 29 anos e 40 a 49 anos são
citações e 6 citações respectivamente, e ambas as que mais discordam da influência da inovação no
associadas à resposta “discordo”. resultado das empresas. E, como na pergunta anterior,
Algumas opiniões nos comentários se em relação ao gênero, não há diferença entre os
destacaram, tais como: pensamentos de homens e mulheres em relação à
afirmação.
“de nada adianta ser inovadora se não
possuir uma consolidada estrutura A influência da rapidez
organizacional. A inovação não garante
sucesso, ela traz possibilidades”; Para os entrevistados, independente da
“inovação nem sempre é sinônimo de ocupação, faixa etária e gênero, a rapidez faz a
sucesso, depende do mercado. Hoje tudo diferença em ambientes turbulentos, como é observado
acontece com muita velocidade. Em nas tabelas 9, 10 e 11, a seguir.
muitos nichos de mercado o fundamental É possível identificar que mais de 77% dos
é a confiança estabelecida por entrevistados que são empresários e gestores a rapidez
competência e segurança demonstrada ao é um diferencial quando se está atuando em ambientes
turbulentos (tabela 9).
Tabela 9 - Distribuição de frequências da pergunta 03, por resposta e por ocupação respondente
Com relação à faixa etária, a rapidez é entende que ela faz diferença em ambientes
fortemente considerada pelos mais jovens: 100% deles turbulentos, como se pode observar na tabela 10.
Tabela 10 - Distribuição de frequências da pergunta 03, por resposta e por faixa etária do respondente
Na tabela 11, abaixo, observa-se que, tanto para mais de 70% concordam que a rapidez faz a diferença
respondentes mulheres quanto para homens, mais de em ambientes turbulentos.
Tabela 11 - Distribuição de frequências da pergunta 03, por resposta e por gênero do respondente
Para essa afirmação “A rapidez faz a diferença pós-vendas. É isso que o consumidor
em ambientes turbulentos”, houve 49 comentários. final espera, sem dúvida fará a
Dentre eles, destacam-se: diferença frente a um concorrente”.
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Nas tabelas 12, 13 e 14 pode-se evidenciar que mudança radical da organização quando o ambiente
mais de 70% dos entrevistados, independentemente de muda.
sua ocupação ou gênero, não concordam com a
Tabela 12 - Distribuição de frequências da pergunta 04, por resposta e por ocupação respondente
Tabela 13 - Distribuição de frequências da pergunta 04, por resposta e por faixa etária do respondente
Tabela 14 - Distribuição de frequências da pergunta 04, por resposta e por gênero do respondente
Esta quarta afirmação “Quando o ambiente apareceu em quase todos (95% dos casos) os
muda, a empresa tem que mudar radicalmente”, que comentários quando a resposta foi “discordo”.
compõe o questionário aplicado, recebeu 76
comentários, sendo somente 9 associados à resposta A influência da sorte
“concordo”. Os demais comentários estavam todos
associados à resposta “discordo”. A sorte não é um fator impactante para o
Das palavras mais citadas nos comentários, as sucesso da organização, de acordo com mais de 85%
que tiveram maior frequência foram: “adaptação” (20 dos entrevistados, também independente de ocupação,
citações), “ambiente” (16 citações), “mercado” (6 faixa etária ou gênero, como é possível constatar nas
citações) e “planejamento” (5 citações). Em especial, a tabelas 15, 16 e 17, que seguem.
palavra “radicalmente” associada à palavra “não”
Tabela 15 - Distribuição de frequências da pergunta 05, por resposta e por ocupação respondente
Tabela 16 - Distribuição de frequências da pergunta 05, por resposta e por faixa etária do respondente
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Ainda com relação à faixa etária, uma “As empresas de sucesso, são as que se
informação interessante é que 100% dos entrevistados preparam mais. Sorte é a oportunidade
com até 29 anos não concordam que as empresas de aliada à preparação”,
sucesso são as que tem mais sorte. Essa afirmação “Não exige sorte no mundo dos
motivou 68 comentários, dentre os quais destacam-se: negócios. Existe competência (ou
incompetência) organizacional. Não é
“A corda do mercado balança para todos, por coincidência que as empresas mais
até para marca consagradas, por este competentes são as que têm mais sorte.
motivo uma equipe forte ligada aos Na realidade, elas têm mais sorte porque
valores sustentáveis são importantes, elas são mais competentes” e
assumindo a gestão por competências “Sorte? Acredito em esforço,
para cada um elucidam situações futuras sensibilidade e suor”.
antes de acontecer”,
“A sorte acompanha a competência”, Nesses 68 comentários é possível apontar as
“A sorte vem depois de mais de 10mil palavras “planejamento”, “trabalho”, “gestão”,
horas de trabalho”, “mercado” e “equipe” como as palavras mais
“As empresas de sucesso são as que utilizadas, com 15, 14, 9, 9 e 9 citações
melhor planejam, organizam e enxergam respectivamente.
oportunidades. Reduzir todo esse
trabalho ao conceito de sorte é injusto”,
Tabela 17 - Distribuição de frequências da pergunta 05, por resposta e por gênero do respondente
Com relação ao gênero, conforme apurado na qualitativos (respostas obtidas nos comentários) foi
tabela 17, acima, as mulheres são as que menos utilizada a análise de conteúdo.
acreditam que a sorte influencia no sucesso das A partir da pesquisa aplicada, foi possível
empresas concluir que a maioria dos brasileiros entrevistados
acreditam que os fatores risco, inovação e rapidez
influenciam no bom desempenho organizacional e os
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS fatores mudança e sorte não exercem influência sobre o
sucesso das organizações, contrariando de certa forma
O objetivo deste artigo foi identificar se mitos as descobertas feitas por Collins e Hansen com relação
arraigados (risco, inovação, rapidez, mudança e sorte), às empresas americanas
de acordo com o estudo apresentado por Collins e Em especial, o fator rapidez pode estar
Hansen (2011) influenciam no resultado das intimamente ligado ao momento econômico que o
organizações. Brasil atravessa. Há sempre o pensamento de inflação e
Optou-se pela metodologia quantitativa, de juros altos, que remetem a momentos turbulentos da
caráter comparativo e descritivo, cuja amostra é não história do país, que exigiram ações e respostas rápidas
probabilística, por julgamento. Foi aplicada uma dos executivos e gestores brasileiros.
pesquisa do tipo “survey” com perguntas fechadas e Um ponto de destaque da pesquisa é sobre o
oportunidade de comentários. O questionário eletrônico fator sorte. A pesquisa apontou que decididamente os
estruturado foi divulgado pelas redes sociais LinkedIn brasileiros entrevistados não acreditam na sorte.
e Facebook. Acreditam sim em trabalho e planejamento. Inclusive a
A análise dos dados quantitativos foi realizada palavra “planejamento” foi a mais utilizada em todos
através da estatística descritiva e a dos dados os comentários (48 citações).
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