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WEGeuro Indústria Eléctrica S. A.

Departamento de Projecto Mecânico

Eduardo Afonso Ribeiro

ANÁLISE DINÂMICA DE MOTORES


ELÉCTRICOS: MODELO E CONTROLO

Projecto apresentado como conclusão do


período de estágio curricular na empresa
WEGeuro, desenvolvido na disciplina de
Projecto do curso de Mestrado Integrado em
Engenharia Mecânica, do Departamento de
Engenharia Mecânica e Gestão Industrial da
Faculdade de Engenharia da Universidade do
Porto.

Orientadores:
André F. C. Rodrigues
Pedro M. L. Ribeiro

PORTO
04/07/2009

ii
À minha família.

iii
RESUMO
A ciência tem avançado com extrema velocidade e a tecnologia ultrapassa os limites antigos
a cada minuto. As necessidades do mercado exigem cada vez mais máquinas rotativas operando
em elevadas rotações, com o objectivo de aumentar o ganho de potência através de motores
mais leves e mais eficientes. A análise dinâmica destas estruturas é muito importante, assim
como a precisão dos resultados gerados pelo modelo numérico é da mesma forma necessária.
Um estudo teórico e uma modelagem dinâmica de rotores utilizando o método numérico dos
elementos finitos, através de elementos de viga de Timoshenko com elementos de 3 nós e
funções de interpolação quadráticas é realizado. A metodologia utilizada na obtenção das
matrizes de massa, rigidez, amortecimento e giroscópica é apresentada. Técnicas usuais de
controlo, tais como mancais de filme de óleo e alteração na geometria do veio são apresentadas.
Outras alternativas de controlo como absorsores de vibração e utilização de técnicas de
optimização para determinação da equilibragem óptima também estão presentes neste trabalho.
Finalmente casos de estudo são realizados e devidamente discutidos.

iv
ABSTRACT
The science has advanced quickly and each minute technology surpasses the old limits. Industrial
market needs require more and more rotating machines running in high speeds, with the objective of
increasing the power gain through more efficient and lighter motors. The dynamic analysis of these
machines is very important, as well as the accuracy of the results generated by the numerical models
employed in the anlyses. A theoretical study and a dynamic model for rotors is developed in this
dissertation. The numerical approach uses a finite element model, based on a Timoshenko beam
quadratic finite element, with 3 nodes per element, four degrees of freedom per node and quadratic
shape functions of the C0 class. The methodology used to derive the mass, stiffness, damping and
gyroscopic matrices is presented. Usual techniques of vibration control, such as oil film bearings
and mass test balancing are also presented in this work. Additionaly, other alternatives of vibration
control, like vibration absorbers and optimization techniques for determination of the balance are
presented. Finally, case studies are carried out and properly discussed.

v
AGRADECIMENTOS
Agradecimentos a toda a minha família pelo apoio incondicional em todos os momentos.

Agradecimentos a todos os professores e engenheiros com os quais adquiri grande parte de meus
conhecimentos, em especial aos professores Carlos Alberto Bavastri, Dr Eng. Marco Antônio
Luersen, Dr. Eng. e Jucélio Tomás Pereira Dr. Eng.

Agradecimentos ao meu colega Aleksander Kokot, autor de [1], pela ajuda na realização deste
trabalho.

Agradecimentos também à WEG que nos ajudou nas questões relativas ao estágio na WEGeuro,
em especial à Hilton Penha Silva, e Silvana Tecila. Também aos colaboradores Francisco José
Doubrawa Filho e Hideraldo Luís Vasconcelos dos Santos.

À WEGeuro por propiciar a realização do estágio em suas instalações, à toda equipe do Projecto
Mecânico, em especial à aos engenheiros André Rodrigues e Luís Araújo.

Agradecimentos ao laboratório pela colaboração na parte experimental, em especial a Domingos


Manuel Silva Oliveira Duarte e Rui Manuel Borges Moura Guedes.

Agradecimentos a todas as pessoas que tornaram este projecto possível, em especial prof. Pedro
Leal Ribeiro da FEUP.

vi
ÍNDICE DE CONTEÚDOS

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 9
1.1 Descrição dos capítulos ................................................................................................................ 12
1.2 Motores Eléctricos........................................................................................................................ 13

2. MODELO DE ELEMENTOS FINITOS ................................................................ 14


2.1 Obtenção da Matriz de Rigidez .................................................................................................... 14
2.1.1 Deformação no veio............................................................................................................. 16
2.1.2 Energia Potencial de Deformação do Veio .......................................................................... 18
2.1.3 Efeito do Carregamento Axial ............................................................................................. 19
2.1.4 Formulação do Elemento Finito de Viga com Interpolação Quadrática (3 nós) .................. 19
2.2 Obtenção da Matriz de Massa e Giroscópica ............................................................................... 22
2.2.1 Composição de Rotações ..................................................................................................... 22
2.2.2 Energia Cinética do Disco ................................................................................................... 23
2.2.3 Formulação do Elemento Finito para o Disco ..................................................................... 24
2.2.4 Energia Cinética do Veio ..................................................................................................... 24
2.2.5 Formulação do Elemento Finito com Interpolação Quadrática (3 nós) ............................... 24
2.3 Modelo para Mancais e Fundação ................................................................................................ 26
2.4 Modelo de Interferência entre Pacote de Chapas e Veio .............................................................. 29

3. METODOLOGIA DE CÁLCULO ......................................................................... 30


4. ALTERNATIVAS DE CONTROLO DE VIBRAÇÃO ......................................... 31
4.1 Absorvedores de Vibração ....................................................................................................... 31
4.2 Equilíbrio Óptimo......................................................................................................................... 37
4.3 Apoios ......................................................................................................................................... 39

5. RESULTADOS E COMPARAÇÕES .................................................................... 44


Interface Gráfica ........................................................................................................................ 44
5.1
Comparação dos Resultados Numéricos com os Dados da RENK .................................... 45
5.2
Modelo de Elementos Finitos Aplicado ao Cálculo dos Parâmetros Modais de Rotores:
5.3
Validação Experimental ............................................................................................................................. 52
5.4 Equilibragem Teórica................................................................................................................ 55
5.5 Projecto de Absorsor de Vibrações Viscoelástico ................................................................ 62
5.6 Controle de Vibração Através de Selecção de Chumaceiras............................................... 65

6. CONCLUSÕES ....................................................................................................... 76
7. TRABALHOS FUTUROS ...................................................................................... 77
8. REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 78
APÊNCICE A .................................................................................................................. 81
APÊNDICE B .................................................................................................................. 85

vii
APÊNCICE C ................................................................................................................... 86
APÊNDICE D .................................................................................................................. 88

viii
1. INTRODUÇÃO

Em equipamentos mecânicos em geral observa-se a presença de vibração. Este fenómeno


pode ser agravado se a estrutura atingir a ressonância, já que as amplitudes do movimento
oscilatório aumentam consideravelmente. A ressonância ocorre quando a frequência de
excitação coincide com uma das frequências naturais, para sistemas com baixo amortecimento,
o que deve ser evitado, do mesmo modo que em sistemas amortecidos nos quais a ressonância
ocorre em frequências ligeiramente abaixo das frequências naturais. Em máquinas rotativas, faz-
se extremamente necessário controlar os níveis de vibração, pois, actualmente cada vez mais se
têm máquinas maiores operando em rotações mais elevadas, e quanto maior a velocidade de
rotação maiores as influências de forças actuantes no sistema e maiores os níveis de vibração,
logo alternativas de controlo devem ser incorporadas ao sistema.

Baseado no modelo geral apresentado por [1] é possível predizer o comportamento


dinâmico de um rotor. A partir deste modelo numérico é apresentada uma metodologia de
cálculo para determinação dos parâmetros modais de um sistema rotativo. O cálculo dos
parâmetros modais de um rotor pode tornar-se muito complexo a medida que se considera não
linearidades do sistema tais como, mancais de filme de óleo, materiais viscoelásticos,
enrijecimento devido ao esforço axial, entre outros. As alternativas de controlo de vibração de
sistemas girantes apresentadas neste trabalho dependem de uma modelagem adequada do
sistema, logo, a precisão na predição do comportamento dinâmico do sistema afecta
directamente a eficiência dos mecanismos de controlo propostos.

Um dos métodos de controlo de vibrações mais difundido e utilizado para rotores é a


equilibragem. Na década de 60 já se utilizava para rotores rígidos em baixa rotação a técnica do
balanceamento modal. Este método consiste na correcção da componente do desequilíbrio
através da adição ou subtracção de massas de acordo com os sucessivos modos de vibrar, sendo
equilibrado um modo de cada vez sem que o equilíbrio de um determinado modo influencie no
modo posterior. Para cada alteração necessita-se de um teste de eficiência da massa
acrescentada ou removida, segundo [2].

Na década de 70 a correcção do desequilíbrio através da técnica dos coeficientes de


influência tornou-se uma alternativa de controlo das vibrações. Diferentemente da equilibragem
modal, a técnica baseada nos coeficientes de influência da mecânica consiste na determinação
das massas de correcção através de várias medições experimentais realizadas com diferentes
massas posicionadas nos diversos planos de correcção pré definidos. Nota-se, que esta técnica
exige mais testes relativamente á técnica do balanceamento modal (referência [2]).

9
Em [3] pode-se observar uma comparação entre a equilibragem de rotores flexíveis
utilizando os métodos da equilibragem modal e da equilibragem através de coeficientes de
influência. A proposta inicial dos autores é obter uma única expressão unificando os dois
métodos de equilibragem, além da obtenção de vectores independentes da rotação de
equilibragem, sendo possível então equilibrar rotores flexíveis em baixa rotação em múltiplas
velocidades, porém, existe ainda a necessidade de aplicar a equilibragem em altas rotações em
alguns rotores específicos, como turbinas de aviões.

A equilibragem em múltiplas velocidades, ou modo a modo, também é estudada em [4].


Com planos de equilibragem bem definidos e um modelo através de elementos finitos, baseado
no conceito de que os melhores resultados para a equilibragem são obtidos, adoptando planos no
local onde se encontra o desequilíbrio, vários testes com bons resultados são apresentados
verificando a técnica.

Métodos mais recentes, como a equilibragem automática derivada de outras técnicas de


balanceamento dinâmico, são propostos para reduzir vibrações em rotores. O balanceamento
automático consiste em posicionar esferas livres que podem girar em torno de discos para
compensar o desequilíbrio do rotor. Em [5] os autores aplicam o método no modelo de rotor
conhecido como Stodola - Green [6, 7] que possibilita a consideração de um rotor flexível
composto por um disco (corpo rígido).

Para a equilibragem automática pode-se derivar a equação do movimento e obter uma nova
equação autónoma para cada sistema. A referência [5] utiliza-se de um modelo que proporciona
bons resultados em rotores flexíveis equilibrados entre a primeira e a segunda rotação crítica,
quando se têm parâmetros modais estáveis. Um modelo geral para rotor rígido e uma
formulação lagrangeana é utilizada em [8].

Outra alternativa inovadora que consiste na equilibragem sem massas de testes é


apresentada por [9]. O método se baseia na determinação das massas e fases do desequilíbrio,
através de uma técnica de optimização. Para isso é necessário um método numérico capaz de
predizer o comportamento dinâmico do sistema com precisão. O método numérico utilizado
pelo autor é o método da matriz de transferência, aliada a uma técnica de optimização como os
algoritmos genéticos.

Neste trabalho a técnica de equilibragem apresentada baseia-se no trabalho proposto por [9],
diferenciando-se pelo método numérico utilizado, neste caso o método dos elementos finitos e
pela técnica de optimização de algoritmos genéticos elitistas e de nicho compartilhado.

10
Outra alternativa no controlo de vibrações é através de absorsores, que são dispositivos
utilizados para dissipar energia do sistema vibratório. A referência [10] apresenta mecanismos
optimizados e muito eficientes no controle de vibração flexional em rotores, chamados
absorsores de vibração viscoelásticos. Com elevado amortecimento estes sistemas massa – mola
- amortecedor oferecem a estruturas girantes a capacidade de, mesmo que originalmente com
baixo amortecimento, trabalharem acima de suas rotações críticas. Através de um modelo de
elementos finitos preciso do sistema a ser controlado, o absorsor pode ser projectado para
reduzir as amplitudes de vibração do sistema na ressonância.

Seguindo a mesma metodologia apresentada em [10], [11] apresenta absorsores de vibração


torsional. Os parâmetros do rotor são obtidos também através do método numérico dos
elementos finitos e materiais viscoelásticos são os elementos dissipadores de energia.

Neste trabalho o projecto de um absorsor dinâmico viscoelástico para um rotor flexível é


apresentado, e o comportamento dinâmico destes tipos de material é brevemente discutido. O
projecto é realizado através da atribuição de uma massa considerada eficiente para a massa total
do rotor controlado e seus parâmetros obtidos de acordo com limitações geométricas impostas
pelos demais componentes do motor eléctrico. A proposta consiste em tentar controlar as duas
primeiras velocidades rotações críticas.

Mancais de filme de óleo são uma outra forma de controlo das amplitudes de vibração de
um motor eléctrico, porém é difícil calcular os coeficientes de rigidez e amortecimento que são
muito influenciados pela temperatura e velocidades de trabalho, além da influência da carga a
que o rotor está submetido.

Na referência [12] apresentam-se alguns fenómenos típicos que ocorrem em rotores


apoiados sobre mancais de filme de óleo, e ainda uma análise de estabilidade. O autor
demonstra a utilização dos números de Sommerfeld e Ocvirk com o objectivo de determinar a
posição do centro do eixo em relação ao centro do mancal, pois esta é predominantemente
determinada pelo tipo de escoamento dentro do mancal. Na sequência [13] faz uma
diferenciação simplificada entre mancais curtos e longos.

Em [14] Farias e Ribas apresentam uma comparação entre os resultados obtidos através da
teoria descrita por [12] com os valores calculados pela rotina comercial de cálculo da fabricante
de mancais de filme de óleo RENK.

Os dados referentes a dimensões dos mancais, excentricidade, tipo de lubrificante, folga,


reacções nos mancais e temperatura, influenciam nos coeficientes de rigidez e amortecimento,
assim como a frequência de rotação. Com foco na redução das amplitudes de vibração do rotor,

11
estes parâmetros são modificados de forma conveniente a produzir coeficientes de
amortecimento e rigidez que resultem na redução das amplitudes de vibração.

Neste trabalho são apresentadas metodologias de controlo de vibração, ainda baseada na


sequência de equações para modelagem numérica de um rotor, [1], apresenta-se a interface
gráfica implementada. O controlo de vibração é dependente de uma modelagem precisa, logo
este trabalho pode ser entendido como uma sequencia à referência [1]. Simulações numéricas
são realizadas assim como seus respectivos resultados são discutidos.

Em resumo este trabalho tem por objectivos propor um modelo de elementos finitos para
predição do comportamento dinâmico de rotores, baseado na metodologia de desenvolvimento
apresentada em [1]. Porém o modelo de elementos finitos, neste trabalho, considera elementos
com três nós consequentemente os elementos possuem 12 graus de liberdade, e funções de
forma quadráticas. A proposta de desenvolvimento e implementação dos elementos quadráticos,
pode ser considerada basicamente como uma verificação da precisão dos elementos lineares,
considerando-se que os elementos quadráticos representam melhor o fenômeno físico.

Três propostas de controlo de vibração fazem parte dos objectivos, dentre elas,
balanceamento óptimo, e controlo através de mancais de filme de óleo, recebem maior ênfase na
parte dos resultados. Da proposta de absorsores de vibração é apresentado apenas o seu modelo
e projecto, pois, devido à escassez de tempo não foi possível avaliar a sua influência no sistema,
tanto em simulações numéricas quanto experimentais.

1.1 Descrição dos Capítulos

Na secção 3 os objectivos do trabalho são descritos, assim como a necessidade do estudo de


métodos de controlo é explicada. Na secção 4 o modelo de elementos finitos para um rotor é
apresentado. Baseado na teoria de viga de Timoshenko um elemento com funções de
interpolação quadráticas e 3 nós por elemento finito é mostrado.

No capítulo 5 a metodologia de cálculo utilizada para a obtenção dos parâmetros modais do


rotor é apresentada. Na sexta secção um estudo mais detalhado das alternativas de controlo
apresentadas é realizado.

No capítulo 7 os resultados são apresentados a fim de validar o modelo teórico descrito no


trabalho. As conclusões obtidas após a aplicação dos métodos de controlo são mostradas e o
projecto de um absorsor é apresentado.

12
1.2 Motores Eléctricos

A gama de motores produzidos pela WEGeuro é composta em sua maioria por rotores
rígidos, porém para a produção de motores com maiores rendimentos, rotores mais leves para
maiores potências produzidas faz-se necessário o projecto de rotores flexíveis. Para rotores em
que se tornam inviáveis modificações geométricas, ou a utilização de mancais especiais, pode-se
fazer uso de mecanismos de controlo de vibração.

Além do projecto mais preciso que deve ser realizado quando se tem rotores flexíveis, são
produzidos na WEGeuro motores anti-deflagrantes, capazes de trabalhar em atmosferas
explosivas Figura 1. Estes tipos de motores, devido ao ambiente no qual estão inseridos
possuem diversas particularidades, das quais, pode-se citar o espaço entre ferro reduzido. Este
espaço reduzido, distância entre o rotor e o estator, justifica o facto de as amplitudes de vibração
do veio deverem ser controladas a fim de evitar um toque entre estator e rotor, o que poderia
provocar uma explosão.

Logo, adopta-se como foco para o controlo das vibrações nos motores eléctricos o veio.
Componentes como carcaça, tampas, massa rotórica, entre outros citados em [1] estão presentes
na maioria dos motores eléctricos, e apesar de influenciarem no comportamento vibratório do
sistema, controlo de vibração aplicado a estes dispositivos são geralmente ineficientes devido ao
facto de que a principal e predominante fonte de vibração em motores eléctricos é o veio no
qual devem ser feitas as intervenções.

13
Figura 1 - Motor anti-deflagrante W22XC 355MLJ IMB3T [15].

2. MODELO DE ELEMENTOS FINITOS

Na modelagem de um rotor se faz uso de diversos métodos matemáticos e numéricos, tais


como, dentre outros, dinâmica de meios contínuos, modos assumidos, elementos finitos.

Um dos métodos numéricos mais utilizados é o método dos elementos finitos. Ruhl e
Booker [16] já utilizavam este método para modelar um rotor com base na teoria de Euler.
Ainda considerando a teoria de viga de Euler Bernoulli, em [17] é inserido um factor de
correcção directamente na matriz de rigidez para considerar o efeito do corte transverso. No
modelo os efeitos giroscópico e de inércia de rotação são considerados. Seguindo a mesma
metodologia, em [18] é utilizado para os elementos finitos, uma formulação com teoria de viga
de Timoshenko, e funções de forma da classe C0 e ainda com a consideração dos efeitos do
amortecimento viscoso e histerético.

Neste trabalho, sequência de [1], é utilizado o método dos elementos finitos. A partir da
teoria de Timoshenko com funções de forma da classe C0, considerando os efeitos giroscópico e
inércias de rotação, obtêm-se as equações do movimento. Os mancais são modelados de forma
geral, assim pode-se considerar um número qualquer de mancais localizados em qualquer
posição aleatória ao longo do comprimento do veio, e ainda propriedades variáveis com a
rotação. De acordo com resultados obtidos em [1], o modelo mais adequado para considerar o
enrigecimento no veio devido a inserção do pacote de chapas com interferência é apresentado.
A variação da rigidez do sistema devido ao carregamento axial e ao campo magnético são

14
considerados e seus modelos brevemente apresentados. As forças de excitação consideradas são:
o desequilíbrio e excitações externas harmónicas.

2.1 Obtenção da Matriz de Rigidez

A matriz de rigidez para um elemento finito de viga, como apresentado por [1], pode ser
obtida à partir do estudo da energia potencial de deformação. Para o entendimento da
deformação sofrida pela viga pode-se considerar os estados não deformado R e deformado
R * de um segmento de recta PQ de um corpo apresentados na Figura 2.

y
R*

X
Q* (x*+dx, y* +dy, z*+dz)

ds*
Y R
P* (x*, y*, z*)

x
O

Q(x+dx, y +dy, z+dz)

ds
z

P(x, y, z)

Figura 2: Segmento linear PQ no corpo não deformado (-) e deformado (--) [1].

Assim pode-se obter:

du 1  u   v   w  
2 2 2

 xx           , 2.1
dx 2  x   x   x  

dv 1  u   v   w  
2 2 2

 yy           , 2.2
dy 2  y   y   y  
 

dw 1  u   v   w  
2 2 2

 zz           , 2.3
dx 2  z   z   z  

15
1  v u u u v v w w 
 xy   yx       , 2.4
2  x y x y x y x y 

1  w u u u v v w w 
 xz   zx       2.5
2  x z x z x z x z 

1  w v u u v v w w 
 yz   zy       . 2.6
2  y z y z y z y z 

Devido à hipótese de consideração de pequenos deslocamentos, os termos quadráticos


podem ser desconsiderados.  xx ,  yy e  zz são as deformações longitudinais do elemento

diferencial dS paralelas à x , y e z respectivamente.

Estas deformações estão deduzidas para um estado tridimensional de deformações, na


secção seguinte as mesmas serão escritas para o caso de um veio. Baseado nas equações das
deformações para um veio, pode-se obter a energia potencial de deformação do mesmo.

2.1.1 Deformação no veio

A Figura 3 apresenta os deslocamentos da secção transversal de um veio aos sistemas


coordenados global XYZ e móvel xyz , sendo Ωt o ângulo de rotação, e B um ponto

qualquer da secção do veio, com de coordenadas x1 , z1  . u e w são os deslocamentos

relativos às coordenadas globais X e Z enquanto u * e w * são os deslocamentos relativos


às coordenadas locais x e z .

Z
z

z1 w*
Ωt
B C
w

x1

X O
u
u*
x
Figura 3 – Coordenadas do centro geométrico C e um ponto arbitrário B no veio, numa vista transversal
ao seu comprimento [1].

16
Para relacionar os deslocamentos entre os dois sistemas de referência apresentados na
Figura 3, utiliza-se uma matriz de transformação de coordenadas e de acordo com [1] pode-se
chegar a:

u  u * cos t  w * sin t , 2.7

w  u * sin t  w * cos t . 2.8

Dos deslocamentos mostrados nas equações 2.7 e 2.8 obtem-se as deformações do veio.
Duas hipóteses distintas para determinar essas deformações são mostradas em [1], e dependem
directamente da teoria de viga utilizada.

A Figura 4 mostra uma hipótese para deformação de uma viga, conhecida como teoria das
vigas finas, ou teoria de Euler Bernoulli na qual a rotação é igual à derivada do deslocamento
transversal. A Figura 5 apresenta a hipótese de Timoshenko que considera a influência do corte
transversal, assim a rotação da secção transversal do veio já não é igual a derivada do
deslocamento transversal, devido a existência das deformações de corte  .

Figura 4 – Deslocamento em uma viga de Euler - Bernoulli, para as coordenadas y, z e y, x [1].

17
Figura 5 – Deslocamento em uma viga de Timoshenko, para as coordenadas y, z e y, x [1].

De acordo com [1] a expressão do deslocamento axial pode ser escrita como:

v  v *  x ( y )  z ( y ) , 2.9

na qual as rotações podem ser escritas como:

w *
  uz   ( y ) 2.10
y

u *
  yz   ( y ) . 2.11
y

 yx e  yz são as deformações de corte nos planos yx e yz respectivamente. Assim


Substituindo os deslocamentos, dados pelas equações 2.7, 2.8 e 2.9 na equação da deformação
longitudinal do veio (equação 2.2), chega-se a:

2 2
  1  u *  1  w * 
 yy  x z       . 2.12
y  y 2  y  2  y 

Sendo, o primeiro e o segundo termos da equação 2.12 parcelas lineares da deformação (  l ),

enquanto o terceiro e quarto termos representam as quantidades não lineares (  nl ).

2.1.2 Energia potencial de deformação do veio

18
A expressão da energia potencial de deformação de um corpo elástico pode ser representada
através da equação 2.13 [19], assim considerando-se as tensões predominantemente presentes
em um veio sob flexão obtém-se a equação 2.14.

1 T
2 V
U ε σ dV , 2.13

1
 yy yy   yx yx   zy zy  .
2 V
U 2.14

Ao adoptar a hipótese de material isotrópico e linear, para pequenos deslocamentos tem-se


ao aplicar a lei de Hooke a energia potencial de deformação do veio em termos matriciais dada
por [1]:

1  ψ ( y )   ψ ( y )    ( y )    ( y ) 
L
U     EI z      EI x   dy 
2 0  y    y   y    y 
T
1  w *   w* 
L
    ψ ( y )   GS  ψ ( y )   dy  . 2.15
2 0 y   y 
T
1  w *   w * 
L
      ( y )   GS    ( y )   dy
2 0 y   y 

A partir da equação 2.15 é possível obter a matriz de rigidez do sistema.

2.1.3 Efeito do carregamento axial

Uma viga sob carregamento axial tem sua rigidez à flexão alterada. Esta variação de rigidez
se obtém através dos termos não lineares presentes na equação 2.12, termos estes referentes aos
graus de liberdade de deslocamentos transversais [1]. Este efeito ainda se mostra proporcional
ao carregamento aplicado e pode até se tornar negativo se o veio estiver submetido à
compressão. Este fenómeno é muito comum em motores verticais.

2.1.4 Formulação do elemento finito de viga com interpolação quadrática (3 nós)

Nesta secção é realizada uma aproximação por elementos finitos do tipo quadráticos, com o
intuito de se obter a matriz de rigidez, a metodologia para a obtenção da matriz de rigidez é a
proposta em [1]. O elemento finito correspondente possui três nós e quatro graus de liberdade
por nó, sendo u1 , u2 e u 3 os graus de liberdade de deslocamento na direcção x nos nós 1, 2 e

3 respectivamente. Analogamente tem-se w1 , w2 e w3 para a direcção z . Os graus de

19
liberdade de rotação para os nós 1, 2 e 3 em relação aos eixos x e z respectivamente são 1 ,

 2 ,  3 ,  1 ,  2 e  3 conforme mostra a Figura 6.

w1 w2
1 Z 2 3
w3
Y
X
1 2 3
u1 u2 u3
Figura 6 – Representação dos graus de liberdade no elemento finito de viga de 3 nós.

Aproximando as funções deslocamento através de deslocamentos nodais e das funções de


interpolação N i , tem-se:

 ( y)  N1 ( y)1  N 2 ( y) 2  N 3 ( y) 3  NT θ , 2.16

 ( y)  N1 ( y) 1  N 2 ( y) 2  N3 ( y) 3  NT ψ , 2.17

u * ( y)  N1 ( y)u1  N 2 ( y)u2  N 3 ( y)u3  NT u 2.18

w * ( y)  N1 ( y)w1  N 2 ( y)w2  N 3 ( y)w3  NT w . 2.19

sendo θ , ψ , u , w os vectores contendo as rotações e os deslocamentos nodais e N o vector


das funções de interpolação para elemento quadrático, dado por:

 y  2 y   2y 
2
y  2 y 
N T   1   1   1   . 2.20
 L  L   L  L L 

Introduzindo as equações 2.16, 2.17, 2.18 e 2.19 na equação 2.15, considerando B a


derivada de N , e manipulando os termos de maneira análoga com a [1] tem-se:

20
L L
1 1
U  θ T  BB T EI x dy θ  ψ T  BB T EI z dy ψ 
2 0 2 0
    
  
K1 K2
L L
1 T 1
 ψ   NN T GS dy ψ  ψ T   NB T GS dy u 
2 2
0  0 
K3 K4
L L
1 1
 u T   BN T GS dy ψ  u T  BB T GS dy u 
2 2 0
0  
K5 K6
L L
1 1
 θ T   NN T GS dy θ  θ T   NB T GS dy w 
2 2
0  0 
K7 K8
L L
1 T 1
 w   BN T GS dy θ  w T  BB T GS dy w
2 2
0  0
 
K9 K 10 . 2.21

na qual K i para i  1,...,10 são as matriz de rigidez relativas aos graus de liberdade a que
estão associadas. Segundo [20], a parcela de rigidez da matriz elementar relativa a flexão é
obtida à partir da integração completa de K 1 e K 2 e os termos de K 3 a K 10 relativos ao corte

são sub - integrados à partir de uma integração gaussiana selectiva dando origem à contribuição
do corte na matriz de rigidez elementar [1].

A matriz de rigidez elementar é obtida seguindo a metodologia utilizada por [1], aplica-se as
equações de Lagrange (equação 2.22) em todas as parcelas K i .

d  T  T U 
     Fqi , 2.22
dt  qi  qi qi qi

sendo T a energia cinética, U a energia potencial de deformação,  a função de dissipação de


Rayleigh, Fqi os esforços generalizados em relação as coordenadas generalizadas q i e q i as

velocidades generalizadas do sistema. Através da expansão do termo relativo a K 1 , que

relaciona apenas o grau de liberdade  , e aplicando as equações de Lagrange, com a

consideração de que K12  K 21 , K13  K31 e K 23  K32 , tem-se:


1 1 1 1 1 1

U
 1 K 111   2 K121   3 K131 , 2.23
1

21
U
 1 K 21
1
  2 K 22
1
  3 K 23
1
2.24
 2

U
 1 K 31
1
  2 K 32
1
  3 K 33
1
. 2.25
 3

As equações 2.23, 2.24 e 2.25 representam as relações entre os graus de liberdade 1 ,  2 e

 3 e os coeficientes de rigidez da matriz K 1 . Considerando que os graus de liberdades são


dispostas na matriz elementar como mostrado na equação 2.26, tem-se a equação 2.27.

δT  u1 w1 1  1  u3 w3  3  3  2.26

u1 w1 1   2  2  3  3
u1 0 0 0  0 0  0 0
w1 0 0 0  0 0  0 0 

1 0 0 K111  K121 0  K131 0 
 
       
. 2.27
2 0 0 1
K 21 1
 K 22 1
0  K 23 0
 
2 0 0 0  0 0  0 0
        
 
3 0 0 1
K 31 1
 K 32 1
0  K 33 0
3 0 0 0  0 0  0 0 

Este procedimento é realizado de maneira análoga para todas as parcelas K i , e assim é


possível obter a matriz elementar do sistema (APÊNDICE A).

Contribuição dos carregamentos externos na rigidez do sistema

Os modelos de elementos finitos para os efeitos de alteração da rigidez do sistema através


de carregamentos axial e magnético podem analogamente ser deduzidos como em [1] para o
elemento de viga de Timoshenko com 3 nós. As matrizes que representam estes efeitos podem
ser visualizadas no (APENDICE B).

2.2 Obtenção da Matriz de Massa e Giroscópica

Nesta secção apresenta-se resumidamente a obtenção da matriz de massa e giroscópica, o


procedimento para obtenção destas matrizes é o mesmo apresentado em [1].

22
2.2.1 Composição de rotações

A Figura 7 apresenta a composição de rotações de um disco, o mesmo gira em torno dos


eixos coordenados do sistema inercial e móvel. A sequencia de rotações apresentada na Figura 7
começa por uma rotação em torno do eixo Z , na sequencia uma em torno do eixo x' e
finalmente em torno de y ' ' .

Figura 7 – Eixos de referência para um disco que sofre rotação num veio flexível [1].

Assim baseado na Figura 7 e de acordo com [1] obtém-se:

T
   
T  t cos sen   t cos 
 x   
 
ω 0   y 
1
  sen   . 2.28
 t t 
 z    cos  cos    sen  
 t t 

na qual ω 10 é o vector de rotações com as componentes das rotações nos eixos coordenados

inerciais.

2.2.2 Energia cinética do disco

23
A energia cinética total do disco em termos da sua massa M D e de seus momentos de

inércia I Dx , I Dy e I Dz pode ser escrita como:

 I Dx 0 0   x 
M v2 1
TD  D   x  z   0
 
y I Dy 0   y , 2.29
2 2
 0 0 I Dz   z 

sendo que a velocidade de translação é dada por

2 2
 u   w 
v2       . 2.30
 t   t 

Assim assumindo pequenos deslocamentos e simetria do veio, segundo [1] pode-se chegar
a:

1  u  2  w  2 
TD  M D       
2  t   t  
1    2    2 
 I Dx      . 2.31
2  t   t  
1   
 I Dy  2  2
2  t 

Na equação 2.31 nota-se a presença do efeito giroscópico representado pelo termo


1
proporcional à velocidade  e à coordenada generalizada  , o qual é dado por I Dy 2 .
2
Esta parcela da energia cinética é responsável pela geração da matriz giroscópica. Note-se que
neste trabalho são utilizadas as duas notações para velocidade, ou seja, derivada do
deslocamento em relação ao tempo, faz-se isso com o objectivo de facilitar a escrita das
equações e para colocá-las neste trabalho da maneira mais conveniente.

2.2.3 Formulação de elementos finitos para o disco

As matrizes de massa e giroscópica do disco, que serão posteriormente adicionadas às


matrizes elementares do sistema, são obtidas através da aplicação das equações de Lagrange
equação 2.22.

Assim tem-se:

24
M D 0 0 0   u  0 0 0 0   u 
 0     0 0 0 0   w 
MD 0 0 w 
     . 2.32
 0 0 I Dx 0   0 0 0  I Dy   
     
00 0 I Dx    
 0 0 I Dy 0   
  
Matriz de massa Matriz giroscópic a

2.2.4 Energia cinética do veio

A energia cinética para o veio é obtida através da integração dos infinitos elementos
diferencias nos quais se divide o veio [1], assim integrando ao longo do comprimento pode-se
obter:

1
LV
 u  2  w  2  1
LV
   2    2 
TS   S        y   I       y 
2 0 t   t   2 0 t   t  
. 2.33
LV
  
  ILV  2  2  I     dy
0
t 

sendo  a massa específica do veio, LV o comprimento total do veio, S a área da secção


transversal, I o momento de segunda ordem de área .

2.2.5 Formulação do elemento finito com interpolação quadrática (3 nós)

Para obter as matrizes de massa é giroscópica uma aproximação através de elementos finitos
com funções de forma quadráticas é apresentada, seguindo a mesma metodologia apresentada
por [1]. O elemento finito da Figura 6 é utilizado também para a dedução nesta secção. As
funções de velocidade são aproximadas através de velocidades nodais e funções de interpolação
N i , semelhantes as funções utilizadas para os deslocamentos, mostrados nas equações 2.16,
2.17, 2.18 e 2.19.

Se θ , ψ
 , u e w são os vectores das velocidades nodais a equação 2.33 pode ser escrita na
forma,

25
L L
1
 1
    
V V
T T
TS   S  N T u N T u dy   S  N T w N T w dy 
2 0
2 0
 
   
 
(i ) ( ii )
LV LV


1
2
T
 1
2
 
T
 S  N T θ N T θ dy   S  N T ψ N T ψ dy  ,    2.34
0 0
 
   
 
( iii ) ( iv )
LV

  ILV  2  2  I  N T ψ
 
 N T θ dy  
T

(v) 0   
( vi )

e analisando os termos (i ) , (ii ) , (iii) e (iv ) da equação 2.34, correspondentes à matriz de


massa tem-se:

L L
1 T V
1 T V

u  S  NN T dy u  w  S  NN T dy w
 
2 0
2 0
     
M1 M2
, 2.35
LV LV
1 1 T
 θ T  I  NN T dy θ  ψ  I  NN T dy ψ

2 0
2 0
       
M3 M4

A aplicando as equações de Lagrange obtém-se a matriz de massa para o veio (APÊNDICE


C). Os termos da matriz de massa são organizados na matriz seguindo a ordem do vector de
acelerações nodais

  [u1 w
1 1 1 u2 w
2 2 2 u3 w
3 3 3 ] , 2.36

Para a análise do efeito giroscópico, o termo (vi ) da equação 2.34 é desenvolvido.


Considerando a aproximação da função velocidade para o grau de liberdade  e a função
deslocamento para o grau de liberdade  , tem-se:

L L
  y  θ y dy 2  I   NT ψ
2 I  ψ
T
   N θdy 
T T

0 0
L . 2.37
 T 2  I   NNT dy θ
ψ
0
 
G1

Com G1 obtém-se a matriz anti-simétrica proporcional a  e a  , chamada de matriz


giroscópica, proporcional a velocidade de rotação. Através da manipulação da equação 4.37 e

26
aplicação das equações de Lagrange ao problema, da mesma maneira como apresentado para
um elemento de dois nós em [1], para o elemento de três a matriz ordenada segundo a mesma
disposição dos graus de acelerações nodais, porém para velocidades nodais fica da forma
apresentada no APÊNDICE D.

2.3 Modelo para Mancais e Fundação

Neste trabalho utiliza-se o modelo para mancais e fundação proposto por [1] que considera o
mancal apenas como uma massa concentrada, com rigidez e amortecimento associados e que
são inseridas no respectivo nó com graus de liberdade de deslocamento u e w sem restrições
aos graus de liberdade  e  , a matriz de rigidez, amortecimento e massa relativas aos
mancais e que são adicionadas às matrizes globais do sistema são mostradas respectivamente
pelas equações 2.38, 2.39 e 2.40.

u w
K mi  k xx k xz  u. 2.38
k k zz  w
 zx

u w
C mi  c xx c xz  u . 2.39
c c zz  w
 zx

u w

M mi  mmi 0  u . 2.40
 0 mmi  w


Os termos da matriz de rigidez k xx , k zz , k xz e k zx representam a rigidez directa nas

direcções x e z e os termos cruzados para as mesmas direcções. Da mesma forma são


formadas as matrizes de amortecimento, com os termos directos e cruzados c xx , c zz , c xz e c zx ,

na respectivas direcções x e z . Por fim, m mi representa a massa do mancal.

Considerando mais um nó acoplado em cada mancal e apenas com graus de liberdade de


deslocamento a fundação é modelada, seguindo a proposta de [21] e também mostrada em [1].

Na Figura 8, k m 1 representa a rigidez do primeiro mancal e km 2 a rigidez do segundo

mancal. kf1 e kf 2 são os coeficientes de rigidez das respectivas fundações. Embora a Figura 8

27
apresente apenas dois mancais e duas fundações, o modelo proposto pode introduzir n mancais
e fundações [1].

Rotor

Nó 1 Nó n

Mancais
k m1 cm1 k m2 c m2

m f1 Nó n+1 m f2 Nó n+2
Fundação
x
k f1 c f1 k f2 c f2
y
z Nó n+4
Nó n+3
Figura 8 - Representação do modelo simplificado de fundação utilizado, [1].

A rigidez dos mancais é compartilhada por dois nós, nó 1 e n  1 . Enquanto a rigidez da

fundação está sujeita ao deslocamento relacionado com o nó n  1 pois o nó n  3 está


engastado. Então, tomando-se apenas os graus de liberdade de deslocamento u , a matriz de
rigidez associada aos mancais e fundação é dada por:

u1 un 1
K ad   kmu1  kmu1  u1 2.41
 k  ,
 mu1 kmu1  k fu1  un 1

sendo k mu1 e k fu1 a rigidez do mancal 1 e da fundação 1 na direcção do deslocamento u ,

respectivamente. Para w tem-se que:

w1 wn 1
K ad   mw1
k  k mw1  w1 2.42
 k .
 mw1 k mw1  k fw1  wn 1

A rigidez do mancal 1 e da fundação 1 na direcção do deslocamento w são,


respectivamente, k mw1 e k fw1 . Para os deslocamentos u e w , a ordem da matriz global de

rigidez será incrementada em duas vezes o número de fundações, conforme mostrado pela
matriz da equação 2.43, para um sistema com dois mancais e duas fundações [1].

28
u1 w1  un wn  un 1 wn 1 un  2 wn  2
u1  kmu1  kmu1 0 0 0 
 k 0  k 0 0 
w1  mw1 mw1 
      kmu 2  . 2.43
 
un  kmu 2 0 0 0  kmw2 
K  wn  kmw2 0 0 0 0 
 
     
u n 1  k 0 0 0 k  k 0 0 0 
 mu1 mu1 fu1

wn 1  0  k mw1  0 0  0 k mw1  k fw1 0 0 
un  2  0 0  kmu 2 0 0 0 kmu 2  k fu 2 0 
 
wn  2  0 0 0  kmw2 0 0 0 kmw2  k fw2 
n  4 n  4

Para amortecimento intrínseco do veio nulo, admite-se amortecimento apenas nos graus de
liberdade referentes aos mancais e à fundação. Na equação 2.44 é apresentada a matriz de
amortecimento relacionada com o veio, mancais e fundação [1].

u1 w 1  u n w n  u n1 w n1 u n2 w n2


u1  cmu1  cmu1 0 0 0 
 cmw1 0  cmw1 0 0 
w 1  
 

    cmu 2 
 , 2.44
u n  cmu 2 0 0 0  cmw2 
C  w n  cmw2 0 0 0 0 
 
     
u n1  c 0 0 0 cmu1  c fu1 0 0 0 
 mu1 
w n1  0  cmw1  0 0  0 cmw1  c fw1 0 0 
u n 2  0 0  cmu 2 0 0 0 cmu 2  c fu 2 0 
 
w n2  0 0 0  cmw2 0 0 0 cmw2  c fw2 
n  4n  4

Os coeficientes c mu 1 e c mw1 são relativos ao amortecimento dos mancais, c fu1 e c fw1 são os

coeficientes de amortecimento da fundação, nas direcções dos deslocamento u e


w respectivamente.

Para a matriz de massa, é inserida a massa da fundação de acordo com os nós do sistema e
consequentemente aumenta-se a dimensão da matriz [1]. m f 1 relativa à massa da fundação sob

o primeiro mancal e m f 2 para o segundo mancal. Para os graus de liberdade relativos ao eixo

de coordenadas x , a matriz de massa relativa à fundação do primeiro mancal e que será


adicionada na matriz global é dada por:

u1 un 1
M ad  0 0  u1 . 2.45
0 m  
 f 1 un 1

Então a matriz de massa global para a estrutura em estudo fica na forma [1]

29
u1 w
1  un 1 w
n 1 un  2 w
 n  2
u1 M 0 0 0 0 
 A 0 0 0 0 
w1 
  S   , 2.46
 
un  S 0 0 0 0 
M w  n  A 0 0 0 0 
 
    0 
un 1 0 0 0 0 mf1 0 0 0 
 
wn 1 0 0  0 0 0 mf1 0 0 
un  2 0 0 0 0 0 0 mf 2 0 
 
w n  2  0 0 0 0 0 0 0 m f 2 
n  4n  4

2.4 Modelos de interferência entre pacote de chapas e veio

O modelo de utilizado para considerar as alterações das propriedades do rotor após a


inserção do pacote de chapas no veio com ajuste de interferência é proposto por [1]. Este
modelo considera propriedades equivalentes no escalonamento que contém o pacote de chapas,
essas propriedades de massa e elasticidade são então quantificadas pelas equações 2.47, 2.48,
2.49 e 2.50. Na qual o módulo de Young é representado por E , a densidade de massa por ,o
momento de inércia de área por I , a área de secção transversal por S e módulo de elasticidade
transversal por G .

S eq.  veioSveio  discoSdisco 2.47

I eq.  veioIveio  discoI disco 2.48

EI eq.  EveioI veio  EdiscoI disco 2.49

GSeq.  GveioSveio  GdiscoSdisco 2.50

30
3. METODOLOGIA DE CÁLCULO

Os parâmetros modais do rotor são obtidos através de uma análise que consiste basicamente
no cálculo de valores e vectores próprios. Através destes dados pode-se determinar o
comportamento dinâmico do rotor ao longo da frequência de rotação.

Após a determinação das matrizes elementares pela aplicação das equações de Lagrange e
método dos elementos finitos, secções 2.1 e 2.2, pode-se através de uma assemblagem obter as
matrizes globais do sistema, as quais são função da discretização e das propriedades do sistema,
tais como geometria e propriedades dos materiais. Assim, através das matrizes obtidas tem-se o
sistema de equações global:

t   C  Gq t   K qt   f t  .


Mq 3.1

Nesta equação q é o vector das coordenadas generalizadas, com o mínimo de coordenadas


necessárias para descrever a posição de um corpo no espaço. Estas coordenadas correspondem a
todos os graus de liberdade do sistema. E as forças generalizados são representados por f (t ) .

O amortecimento intrínseco do material metálico que compõem o rotor é desprezado, porém


o amortecimento dos mancais na maioria dos modelos é considerado, e um modelo através de
amortecimento proporcional não é adequado para mancais de filme de óleo que possui
coeficientes muito elevados, então por ser considerado um modelo de amortecimento do tipo
viscoso, uma mudança de variáveis do espaço de configurações para o espaço de estado é
realizada, para diminuir a ordem das equações diferenciais e possibilitar a solução de um
problema de valores e vectores próprios.

A solução do problema de valores e vectores próprios é mais detalhada em [1]. Os


resultados do problema de valores e vectores próprios, são as frequências naturais do problema
e as respectivas formas de vibrar. Neste tipo de problema existe a matriz giroscópica, que é
dependente da velocidade de rotação, então para que seja possível entender o comportamento da
máquina em toda faixa de operação é construído o chamado diagrama de Campbell, e ainda
considerando os vectores próprios, pode-se ainda obter os modos de flexão do rotor [1].
Passando o sistema do espaço de estado para um espaço modal do espaço de estado pode-se
obter a resposta do sistema, outra ferramenta importante para análise de vibrações em sistemas
rotativos [1].

31
4. SOLUÇÕES PARA CONTROLO DE VIBRAÇÃO

Poucos são os métodos óptimos que podem ser utilizados no controle de vibração de
sistemas girantes devido a sua complexidade de projecto. Os autores das referências, [10] e [11]
mostram bons resultados de pesquisas desenvolvidas utilizando absorsores óptimos de vibração,
porém neste trabalho, como citado anteriormente o projecto do absorsor não é realizado com
base em uma rotina de optimização. O autor da referência [10] assim como seus orientadores,
pioneiros na aplicação de absorsores dinâmicos viscoelásticos de vibração para rotores,
colocaram esta proposta no registro de patentes. Portanto para qualquer aplicação deste
componente em rotores os autores devem ser devidamente consultados. O balanceamento
teórico óptimo mostrado por [9] e mancais de filme de óleo (referencia [14]) também são
alternativas aqui estudadas.

4.1 Absorsores de Vibração

Absorsores de vibração são dispositivos adicionados ao sistema, com o objectivo de


dissiparem energia se possuírem elemento absorsor, e absorverem vibração do mesmo. O
princípio básico adoptado no projecto de absorsores é que este sistema secundário acoplado
possua a mesma frequência natural, que se deseja neutralizar no sistema primário (Figura 9).
Assim uma simplificação corriqueira pode ser adoptada, como mostrada na Figura 9. O sistema
primário é representado como sendo o conjunto massa mola amortecedor, 1, e o absorsor é
representado pelo conjunto massa mola amortecedor 2.

m2
x2
k2 c2

m1
x1

k1 c1

Figura 9 – Representação do absorsor, sistema secundário, acoplado ao sistema primário.

Para acrescentar ao modelo a influência dos absorsores pode-se utilizar um modelo de


parâmetros equivalentes generalizados, como é mostrado em [10]. Este modelo também é
aplicado para modelar sistemas apoiados em fundação flexível [21].

32
Outra metodologia que pode ser utilizada é o acréscimo de mais graus de liberdade ao
sistema. Este modelo é mais simples, pois possui equações que não dependem da frequência,
excepto para absorsores viscoelásticos. Aplicando-se a segunda lei de Newton ao sistema
representado na Figura 9, pode-se chegar as matrizes que se deve adicionar ao sistema de
equações original,

ui u n 1
 k  k  k 2u  u i ,
u u u
K ad 1 2 4.1
 
  k2 k 2u  u n 1
u

u
tal que K ad é a matriz elementar de rigidez que deve ser adicionada ao sistema devido à

presença do absorsor, k1 é a rigidez do sistema primário e k 2 é a rigidez do absorsor. Nota-se


que a matriz deve ser adicionada na posição do i-ésimo nó, respectivo ao grau de liberdade de
deslocamento, neste caso u , grau de liberdade relativo ao deslocamento horizontal. A mesma
análise para o grau de liberdade de deslocamento na direcção vertical pode ser feita, logo tem-se
a seguinte relação:

wi wn1
 k1  k 2  k 2  wi .
abs u u u
K ad
4.2
 
  k2 wn 1
u
k 2u 

As matrizes de amortecimento (equações 4.3 e 4.4) são semelhantes às matrizes de rigidez,


porém posicionadas de acordo com as velocidades nodais.

ui u n1
C uad  c1  c2  c2  ui
u u u
4.3
 
  c2 c2u  u n 1
u

w i w n 1
C adw  c1  c2  c2  w i
w w w
4.4
 
  c2 w n1
w
c2w 

A matriz de massa adicionada ao sistema, devido ao absorsor, é mostrada na equação 4.5, a


mesma é obtida a partir dos termos de massa proporcionais às acelerações nodais.

33
ui un 1
 m1 0  ui .
u u
M ad
4.5
 u
 0 m2  un1

Analogamente para o grau de liberdade w tem-se:

w
i wn 1
 m1 0  w
w
M w
i 4.6
ad .
 w
w
 0 m2  n 1

Assim as matrizes globais do sistema com o aumento de graus de liberdade para o


acréscimo de um absorsor no sistema são representadas nas equações 4.7, 4.8 e 4.9. Nota-se que
o número de linhas e colunas acrescentadas é proporcional ao número de absorsores acoplados
ao sistema.

 ui wi   un wn  u n1 wn 1
    
ui  k1  k 2  k2 0 
 
wi  k1  k 2 0  k2 
 
     
. 4.7
K    
 
un   0 0 
wn   
 
    
u n 1   k 0  0  k2 0 
 2

wn 1  0  k2  0  0 k 2  n  2n  2

34
 ui w i   u n w n  u n1 w n1
    
ui  c1  c2  c2 0 
 
w i  c1  c2 0  c2 
 
     
. 4.8
C    
 
u n   0 0 
w n   
 
    
u n1   c 0  0  c2 0 
 2

w n1  0  c2  0  0 c2  n  2n  2

 ui w
i   un w
n  un1 w
n1
    
ui  m1 0 0
 
wi  m1 0 0
 
     
. 4.9
M    
 
un   0 0
wn   
 
    
un1  0 0  0  m2 0
 
w
n1  0 0  0  0 m2  n  2n  2

Quando perfeitamente sintonizados, os absorsores do tipo massa mola absorvem totalmente


a amplitude de vibração para a frequência natural do sistema primário a qual se deseja
neutralizar, no entanto duas novas frequências naturais são geradas, antes e depois da frequência
neutralizada, este comportamento é mostrado para o sistema da Figura 10, sem o absorsor, e
com o absorsor massa mola na Figura 11, na qual se pode observar que na ressonância o sistema
apresentará grande amplitude de vibração. Para absorsores que possuem o elemento dissipador
de energia os picos serão amortecidos, o que é uma grande vantagem na utilização deste tipo de
componente, evitando falhas por fadiga e atenuando fortemente a vibração [11].

35
x1  

0
n 

Figura 10 – Sistema primário sem absorsor.

x1  

0
1 n 2 

Figura 11 – Sistema primário com absorsor massa mola.

Os materiais viscoelásticos são muito empregados na confecção de absorsores de vibração.


Isso se deve ao comportamento elástico - viscoso destes materiais dissipar muita energia, assim
esses tipos de absorsores quando adicionados ao sistema geram uma curva semelhante a Figura
12.

36
x1  

0
1 n 2 

Figura 12 – Comparação entre os sistemas com absorsor sem amortecimento - e com amortecimento - -.

Os materiais viscoelásticos têm propriedades muito dependentes da frequência e da


temperatura, como apresentado na Figura 13, sendo relativamente complexo modelar seu
comportamento matematicamente.

Figura 13 – Nomograma de material viscoelástico 242. (Ref. 3M Ultra-Pure Viscoelastic


Damping Polymer)

No caso de absorsores viscoelásticos as matrizes representadas pelas equações 4.1, 4.2, 4.3,
4.4, 4.7 e 4.8, têm coeficientes dependentes da frequência. O cálculo dos parâmetros modais e
do diagrama de Campbell pode então ser obtido através da metodologia apresentada por [22]. O
método consiste na solução de um problema de valores e vectores próprios interno (Figura 14 -
(b)). Esse procedimento de cálculo deve ser executado, pois no problema se tem a matriz

giroscópica que é função da frequência de rotação rpm e para cada rotação 1 se tem novas

matrizes de rigidez e amortecimento função da frequência  . Assim o diagrama de Campbell

37
interno consiste na determinação das frequências naturais do sistema em ao longo da frequência

 através de um loop interno, ou seja dentro do loop para frequência de rotação rpm. (Figura
14).

Figura 14: Diagramas de Campbell e Campbell interno, [22] .

Baseado nestes procedimentos de cálculo e num modelo matemático do material


viscoelástico desenvolvido em [10] uma metodologia para projecto óptimo de absorsores
viscoelásticos para rotores. A viscoelasticidade, que determina a lei de variação dos coeficientes
de amortecimento e rigidez do material em relação à frequência, é modelada matematicamente
através de derivadas fraccionárias. Os absorsores são adicionados ao sistema através de
parâmetros equivalentes generalizados a fim de construir uma função objectivo a ser
optimizada.

O projecto de um absorsor é apresentado neste trabalho usando uma metodologia simples


sem optimização de parâmetros como rigidez e massa do absorsor. Valores de massa são
adoptados para um valor adequado para que o absorsor não perca muita eficiência, e a posição
do componente no veio é escolhida através da análise dos modos de vibrar gerados pelo código
numérico e de acordo com as limitações impostas pelos outros componentes do motor. Com o
valor de massa adoptado a espessura da manta de borracha é calculada, mantendo o valor da
frequência natural do absorsor igual à frequência para qual que se deseja neutralizar a vibração.
Na Figura 15 pode ser observado um esquema de um absorsor de vibração composto por uma

38
massa e um material viscoelástico com espessura h e quando sujeito a uma força F sofre um
deslocamento x devido a um deslocamento angular .

h γ

Figura 15: Absorsor com material viscoelástico.

Como materiais viscoelásticos dissipam mais energia quando sujeita ao corte, a espessura do
material é calculada baseado no equilíbrio de forças aplicado à Figura 15. Logo:

F  k1 x  k1 sen h . 4.10

Considerando G   o módulo de elasticidade transversal, k1 a rigidez do absorsor e a A


área de corte. Então para pequenas deformações pode-se obter a seguinte relação:

G  
h A. 4.11
k1

A rigidez do componente é determinada considerando o absorsor como um sistema de um


grau de liberdade, então:

k1  2n m1 . 4.12

4.2 Equilíbrio óptimo

Diz-se que uma estrutura está desequilibrada quando seu centro de massa (linha) não
coincide com o eixo de rotação do sistema. Este fenómeno é resultante da não homogeneidade
do material (porosidade, inclusões e outros), imperfeições do fabrico e montagem.

As massas desequilibradas geram forças centrífugas, perpendiculares ao eixo do rotor. Esta


força harmónica excita o sistema, e o seu comportamento pode ser observado numa análise da
chamada Resposta Fundamental do Rotor ao Desequilíbrio.

39
O objectivo da equilibragem é reduzir a magnitude de vibração para valores não maiores do
que os aceitáveis.

Normas internacionais classificam rotores de acordo com os seus requisitos de equilibragem


e estabelecem métodos para avaliação do desequilíbrio residual. De acordo com a norma ISO
11342:1998, em algumas situações nas quais o amortecimento é muito pequeno, as amplitudes
de vibração são muito elevadas se a máquina opera próxima ou na condição de ressonância.
Nestes casos pode ser mais vantajoso aumentar o amortecimento ou modificar a frequência de
ressonância, do que efectuar um processo de equilibragem.

A norma ainda sugere dois tipos principais de equilibragem: a equilibragem em multi-


planos, que é qualquer procedimento de equilibragem, para rotores rígidos ou flexíveis, que
envolva mais do que dois planos de correcção, ou também a equilibragem modal, descrita pelo
processo de equilíbrio de rotores flexíveis, no qual as correcções são feitas para modos de vibrar
distintos.

A distribuição do desequilíbrio é função do processo de fabrico e montagem do rotor


podendo variar consideravelmente mesmo para rotores idênticos. A distribuição do
desequilíbrio possui maior influência para rotores flexíveis do que para rotores rígidos porque
esta distribuição determina o grau de intensidade com que um determinado modo será excitado.
A equilibragem em rotores flexíveis é geralmente mais complexa em relação a equilibragem de
rotores rígidos, devido às elevadas amplitudes de vibração e altas rotações nominais.

Uma metodologia para a equilibragem de rotores flexíveis é apresentada. A técnica é


semelhante ao procedimento apresentado por [9] diferenciando-se pelo método numérico
utilizado e pelo tipo de algoritmo genético. A abordagem nesta secção é muito diferente quando
comparada com a secção 4.1, pois nesta secção não serão adicionados dispositivos ao sistema a
fim de controlar a vibração, mas sim a intervenção é realizada directamente na força que actua
no sistema, neste caso o desequilíbrio (Figura 16).

F(Ω)

Figura 16: Desequilíbrio do rotor.

40
Na equação 4.13 observa-se, considerando um desequilíbrio com massa md , excentricidade

e e fase  , a força de excitação resulta em:

F   md e 2rpm exp i . 4.13

Pode-se assim calcular a resposta em frequência em termos de amplitudes complexas. Com


estas amplitudes pode-se construir uma função objectivo a ser optimizada, equação 6.14.

 Hu11   HEu11 
 1  1
 Hw1   HEw1 
 Hu12   HEu12 
 1  
V p  Hw2    HEw12  . 4.14
     
   
 Hu mn   HEumn 
 n  n 
 Hwm  2 nmx1  HEwm  2 nmx1

As respostas complexas calculadas para as direcções horizontal ( Hu ) e vertical ( Hv ), para


m rotações e n pontos no veio podem então ser comparadas com medições experimentais,
HEu e HEw . A minimização desta adição resulta na correcção para o desequilíbrio, logo
através de um algoritmo de optimização, por exemplo algoritmos genéticos, pode ser encontrado
o desequilíbrio óptimo e através destes valores determinar a correcção para o rotor.

4.2.1 Algorítmos Genéticos

A técnica de optimização não linear chamada algoritmos genéticos segue o mesmo princípio
da evolução de Darwin, em que os indivíduos mais aptos gerados têm maior probabilidade de
prosseguir ao longo das gerações. Diversos são os parâmetros utilizados nos códigos de
optimização através de algoritmos genéticos, e segundo [23] não existem valores específicos ou
óptimos para todos os problemas, em cada caso deve-se escolhe-los de acordo com a
experiência.

Os operadores geralmente introduzidos num código de algoritmos genéticos são: operadores


de selecção, que direccionam a escolha para melhores regiões do espaço de busca dando
preferência aos indivíduos mais aptos; operadores de cruzamento, que são responsáveis por
manter as características dos indivíduos passados e operadores de mutação que restabelecem a
diversidade genética eventualmente perdida durante os processos de cruzamento. Para melhorar
a eficiência dos algoritmos pode-se também escolher adequadamente o tamanho da população,

41
percentual de mutação, percentual de cruzamento, número de casais, número de gerações,
pressão, dentre outros. Alguns destes parâmetros de entrada são descritos em [23].

A Figura 17 representa um processo de optimização com algoritmos genéticos. Segundo [9]


o primeiro passo numa optimização é a etapa de codificação, na qual se descreve o problema de
uma forma matemática e estabelece os domínios para a execução do código. Após a
inicialização das colónias de forma aleatória, começa o mecanismo da selecção. Este
procedimento se baseia nos conceitos da biologia de que os indivíduos mais aptos têm maior
probabilidade de sobrevivência. Posteriormente são realizadas as operações genéticas nos
indivíduos seleccionados previamente, estes indivíduos são então cruzados entre si e neste
cruzamento é adicionada uma taxa de mutação. Após a geração dos indivíduos a função é
calculada, e de acordo com o número de gerações, que também pode ser entendido como o
número de vezes ou iterações que se deseja executar o algoritmo, a população óptima é
mostrada ou o processo se repete com a população inicial sendo a população resultante do
procedimento anterior.

Figura 17: Sequência lógica de execução de um código de algoritmos genéticos.

Diferentemente de [9], utiliza-se neste trabalho uma classe de algoritmos genéticos


chamados elitistas. Tais algoritmos são chamados desta maneira por trabalharem apenas com as
melhores populações assim as convergências ao mínimo global são mais prováveis quando
comparadas aos algoritmos genéticos comuns.

Pode-se observar ainda na equação 4.14 que esta técnica é capaz de considerar quantos
planos de correcção forem necessários, pode-se também considerar nos cálculos várias rotações
e pontos de medição, assim quanto mais completo é o fornecimento dos dados, melhores são os
resultados da equilibragem teórica.

42
4.3 Apoios

Os apoios além de obviamente sustentar o sistema rotativo, podem ser trabalhados com o
intuito de reduzir as vibrações do sistema. Considerando os rotores usualmente fabricados,
pode-se concluir que o amortecimento do sistema é quase todo inserido pelos mancais,
desconsiderando-se os efeitos de amortecimento provenientes da “almofada de ar” no espaço
entre ferro e o atrito entre as chapas da massa rotórica que podem estar presentes. Rotores que
possuem mancais de rolamento, são passíveis de altas amplitudes de vibração ao passar por uma
velocidade de rotação crítica, devido ao baixo amortecimento do conjunto. No trabalho
apresentado por [22] são acrescentadas sob os apoios mantas de material viscoelástico
caracterizadas através de um modelo de derivadas fraccionárias. O diagrama de Campbell é
obtido este modelo poder utilizado como ferramenta de controlo de vibração, pois reduz as
amplitudes de resposta do rotor devido ao elevado amortecimento introduzido no sistema.

Outro modelo de mancais existente, e que é capaz de introduzir um elevado amortecimento


no sistema é o chamado mancal de filme de óleo. Este tipo de apoio sustenta o veio através de
um filme fino de óleo, com espessura geralmente da ordem de um para mil do diâmetro [14]. Os
mancais hidrodinâmicos, assim chamados, tem características muito distintas em relação aos
outros tipos de mancais existentes, suas propriedades de rigidez e amortecimento são altamente
anisotrópicas e dependentes da velocidade de rotação da máquina, além de que seus coeficientes
de amortecimento são extremamente elevados.

O comportamento deste tipo de apoio pode ser estimado utilizando um estudo aprofundado
sobre o escoamento do fluido que está contido no interior do mancal. A Figura 18 mostra a
secção de um mancal de filme de óleo, uma força F representa o carregamento radial no veio na
secção que está apoiada no mancal,  representa a rotação do veio, e é a excentricidade entre
o veio e o centro do mancal, a linha tracejada roxa representa a distribuição de pressão no
mancal, hmin é a distância mínima entre o veio e o mancal,  é o ângulo entre o eixo vertical e
o ponto de espessura mínima de fluido, Pmax é o ângulo entre o ponto de máxima pressão e o

eixo vertical, Pmax é a pressão máxima e P0 é o ângulo entre o eixo vertical e o ponto onde a

pressão é nula.

43
Figura 18: Mancal de filme de óleo.

Geralmente o estudo se baseia na determinação do perfil de pressão interno no mancal


através da solução da equação de Reynolds, que considerada para regime permanente e
espessura de filme constante na direcção axial do veio, segundo [12] é dada por:

1   3 p    3 p  1 
h   h   6  hU  . 4.15
R   x  z  z 
2
 R  

Duas soluções usuais são conhecidas para esta equação. Para mancais curtos, ou seja,
relações L / D  1, [24] propôs a solução dada pela equação 6.16:

U  L2  3  sen( )
p   y 2  . 4.16
 1   cos ( ) 
2 3
rC  4
r

Na qual  é a viscosidade dinâmica do óleo, U é a velocidade tangencial do veio, L é o


comprimento do mancal e y é a coordenada axial.

A solução proposta por Sommerfeld e descrita em [25] considera uma relação L / D  1,


assim uma boa aproximação proposta é a consideração de um perfil de pressão constante ao
longo de y , logo, o segundo termo da equação 6.16 pode ser desprezado. Assim tem-se a
solução, conhecida como solução para mancais longos:

Ur  6  2   cos( ) sen( ) 


p . 4.17
Cr2  2   2 1   cos( ) 2 

44
Esta solução para mancais longos é a utilizada pela rotina de cálculos SBCALC 3.0, fornecida
pela RENK. Os coeficientes de rigidez e amortecimento são estimados na rotina através de uma
relação entre o carregamento radial, a velocidade de rotação, a folga diametral e o número de
Sommerfeld que contém a influência da pressão.

Assim como apresentado por [1] para mancais simples, em para mancais de filme de óleo os
graus de liberdade associados aos mancais são apenas deslocamentos u e w . Então, as

matrizes de rigidez ( Kmi ) e amortecimento ( Cmi ) adicional devidas ao mancal posicionado no i-

ésimo nó podem ser escritas como apresentado pelas equações 4.18 e 4.19.

ui wi
K mi  k xx ( rpm ) k xz ( rpm ) ui . 4.18
 k ( ) k (  ) 
 zx rpm zz rpm  wi

u w
C mi  c xx ( rpm ) c xz ( rpm )  u . 4.19
 c ( ) c (  ) 
 zx rpm zz rpm  w

Os termos da matriz de rigidez k xx (  rpm ) , k zz ( rpm ) , k xz (  rpm ) e k zx (  rpm )

representam a rigidez directa nas direcções x e z e os termos cruzados para as mesmas


direcções. Da mesma forma são formadas as matrizes de amortecimento, com os termos directos

e cruzados c xx (  rpm ) , c zz ( rpm ) , c xz (  rpm ) e c zx (  rpm ) , na respectivas direcções x e z .

A massa dos mancais pode ser incluída no modelo através da consideração de fundação, e então
aos nós em que estão posicionados os mancais são adicionados dois novos graus de liberdade
para cada novo nó.

Como as propriedades dos mancais são dependentes da frequência de rotação, o problema de


valores e vectores próprios deve ser calculado a cada actualização das matrizes de rigidez e
amortecimento.

45
5. RESULTADOS E COMPARAÇÕES

Nesta secção serão apresentados os resultados obtidos com a formulação de elementos


finitos proposta. A validação do modelo consiste na comparação com resultados de um
fabricante de mancais de filme de óleo, assim como uma comparação com resultados
experimentais na forma de curvas de resposta em frequência.

As propostas de controlo são também testadas e seus resultados apresentados. O


balanceamento teórico é comparado com medições experimentais, e sua atenuação na vibração
do sistema é medida de forma numérica. Simulações numéricas com diferentes parâmetros de
mancais hidrodinâmicos são realizadas com o objectivo de avaliar se é possível utilizar mancais
de filme de óleo para controlo de vibração do sistema. É apresentado ainda o absorsor
projectado segundo os parâmetros modais identificados do sistema (motor BFN6 500 H2 SP14),
porém não foi possível obter resultados devido ao curto tempo disponível para fabricação e
implementação numérica do modelo numérico do dispositivo.

O cálculo do comportamento do sistema e seus resultados são obtidos através de uma rotina
de cálculos foi desenvolvida a partir do código computacional existente ROTORDYN. O código
original foi desenvolvido através de projectos e termos de cooperação estabelecidos entre a
empresa WEG Indústrias Eléctricas e o Laboratório de Vibrações da Universidade Tecnológica
Federal do Paraná. Este código foi totalmente transcrito para que fosse possível sua execução
em um software livre e também foi adaptado para a realidade da WEGeuro.

5.1 Interface Gráfica

O trabalho realizado para alterar a rotina de cálculo ROTODYN, consistiu em duas etapas.
Situações corriqueiras, como mancais de filme de óleo, esforço axial, vibração torsional,
enrijecimento devido ao pacote de chapas e excitação externa harmónica, foram implementadas
através de funções auxiliares e assim colocada junto às funções pré existentes. A segunda etapa
consistiu no desenvolvimento de uma interface gráfica para entrada de dados. As
implementações foram todas feitas no software Scilab, pois todo o código teve de ser transcrito
para uma linguagem freeware.

Através de janelas interactivas, o usuário pode de maneira mais didáctica inserir os dados e
executar as simulações. A interface inicial é mostrada na Figura 19. Pode-se observar as funções
para entrada de dados do veio, discos, costelas, mancais com propriedades constantes ou

46
variáveis, fundação e tipo excitação do tipo desequilíbrio ou externa harmónica. Tem-se ainda a
ferramenta para a discretização iterativa e cálculo estático que gera como resultados as reacções
nos apoios e a linha elástica ou deformada do veio. As opções de cálculo são: diagrama de
Campbell, rotações críticas à flexão e torção, além dos modos de vibrar de flexão e torção. A
resposta no tempo e as respostas em frequência para as excitações do tipo desequilíbrio ou
externa harmónica também podem ser calculadas. Nota-se a presença da função que
corresponde a local de acesso aos dados necessários para o cálculo dos parâmetros para o
balanceamento teórico.

Figura 19: Interface ROTORDYN.

5.2 Comparação dos Resultados Numéricos com Dados da RENK

Resultados existentes no estudo do motor BFN6 500 H2 SP14 fornecidos pela fabricante
RENK foram comparados a fim de validar os resultados obtidos com o código computacional
elaborado. O modelo discretizado do veio foi o mesmo presente no estudo do motor realizado
pela RENK, Figura 20. Porém não se tem conhecimento do tipo de elemento utilizado pela
RENK, o elemento utilizado neste trabalho é o proposto nas secções anteriores e seus resultados
são comparados tanto com os resultados da RENK, quanto com os resultados de [1].

47
Figura 20: Veio do motor BFN6 discretizado com 29 elementos finitos, mancais representados por
triângulos azuis, veio por rectângulos brancos, discos por rectângulos verdes e desequilíbrios em vermelho.

Nesta simulação o fabricante de chumaceiras RENK não utiliza qualquer modelo de


aumento de rigidez devido ao pacote de chapas, as propriedades dos mancais são consideradas
para uma frequência de rotação de 3000 [ rpm ] , portanto constantes. Na Figura 21 pode-se
observar a interface da rotina de cálculos para as propriedades dos mancais de filme de óleo.

48
Figura 21: Interface da rotina de cálculos RENK para obter as propriedades dos mancais de filme de óleo.

No modelo numérico do rotor o pacote de chapas é representado por quatro discos


consecutivos para que a massa rotórica seja distribuída de maneira mais uniforme nos nós dos
elementos, e é considerada como fundação elástica do sistema a parte estrutural do mancal de
filme, dados estes que são da mesma forma fornecidos pela RENK. A Tabela 1 apresenta as
dimensões e posicionamento dos quatro discos que representam o pacote de chapas do rotor. Os
discos são considerados como sendo de material homogéneo, com densidade de massa
  7850 kg / m 3 . O veio maciço também possui a mesma densidade dos discos e as
dimensões são apresentada na Tabela 2. As demais propriedades do veio são: módulo de
elasticidade E  210GPa e coeficiente de Poisson   0.3 .

Tabela 1: Dimensões dos discos que simula o pacote de chapas.

Posição dos discos Diâmetro externo Diâmetro interno


Espessura[mm]
[mm] [mm] [mm]

982,5 482,6 190 245

1227,5 482,6 190 245

1472,5 482,6 190 245

1717,5 482,6 190 245

Tabela 2: Dimensões do veio do rotor que compõem o motor BFN6.

Posição final do escalonamento no veio [mm] Diâmetro do escalonamento [mm]

170 80

480 100

595 160

1900 190

2114 200

2253 160

2618 100

2678 85

Para efeito de comparação dos resultados, as curvas de resposta em frequência devido ao


desequilíbrio (Tabela 3) são apresentadas. As curvas de respostas representam a resposta em

49
frequência na direcção vertical, calculadas a 860[ mm ] e 1840[ mm] do bordo de ataque do
veio.

Tabela 3: Dados para o desequilíbrio hipotético do rotor.

Local do desequilíbrio 1º Ponto – 860 [mm] 2º Ponto – 1840[mm]

m e [g mm] 313 182

 [º ] 0 0

Os modelos de mancais de filme de óleo são os fornecidos pela RENK, EFNLK/Q 9-90,
com lubrificação através de fluido ISO-VG 32, para carregamento de 8,26[ kN ] . A Tabela 4
apresenta os dados do mancal de filme de óleo.

Tabela 4: Propriedades dos mancais de filme de óleo a 3000 [rpm].

Coeficientes de Rigidez [N/m] Posição [m]

k xx k xz k zz k zx

142525000 34919000 756050000 420066000 0,36

134940000 39250000 782649000 413385000 2,38

Coeficientes de Amortecimento [Ns/m]

c xx c xz c zz c zx

318000 589000 2663000 598000 0,36

288000 565000 2636000 574000 2,38

Na Figura 22 observa-se o diagrama de Campbell obtido pela RENK para o motor BFN6
500 H2 SP14. Para comparar com o diagrama fornecido pela RENK na Figura 23 é mostrado
um diagrama de Campbell calculado através do código desenvolvido neste trabalho. O objectivo
é validar os resultados calculados pelo programa através de dados para o mesmo motor, com a
geometria conforme apresentado na Tabela 1 e na Tabela 2.

50
Figura 22: Diagrama de Campbell, dados do estudo da RENK sobre o motor BNF6 500.

51
Figura 23: Diagrama de Campbell para o rotor em estudo do motor BNF6, com mancais de filme de óleo,
teoria de viga de Timoshenko com 3 nós por elemento, funções de interpolação quadráticas.

A curva de resposta em frequência retirada do estudo do motor realizado pela fabricante de


mancais de filme de óleo RENK também é comparada com a curva gerada pela rotina de
cálculos implementada. Na Figura 24 tem-se a curva retirada do estudo do rotor fornecido pela
RENK, a curva de resposta apresenta valores calculados para vários pontos ao longo do veio.

Figura 24: Curva de resposta em frequência para o rotor em estudo, com chumaceira EFNLK, utilizando
a teoria de viga de Timoshenko com 3 nós por elemento, funções de interpolação quadráticas, obtida do estudo
da RENK.

Por sua vez, a Figura 25 apresenta a curva de resposta do rotor obtida com o modelo de
elementos finitos proposto por este trabalho, e calculada através do um código numérico
ROTORDYN. Neste gráfico estão presentes as respostas na direcção vertical, nos pontos 2 HA
e 3HA (Figura 24), considerando excitação do tipo desequilíbrio com propriedades mostradas
na Tabela 3.

52
Figura 25: Curva de resposta em frequência para o rotor em estudo, com chumaceira EFNLK, utilizando
a teoria de viga de Timoshenko com 3 nós por elemento, funções de interpolação quadráticas, obtida
numericamente.

Com os parâmetros de rigidez e amortecimento dos mancais apresentados na Tabela 4,


calculados pelo programa RENK’s SBCALC 3.0, os resultados fornecidos pela RENK e os
obtidos com o auxílio do código implementado se mostraram muito próximos conforme mostra
mostrados a Tabela 5, as diferenças relativas entre os resultados obtidos com o código numérico
ROTORDYN e dos dados da RENK são calculados por:

valor 1  valor 2
dif .rel .  *100 . 5.1
valor 1

Tabela 5: Comparação entre as rotações críticas.

Resultado RENK [rpm] ROTORDYN [rpm] dif.rel. [%]

1ª Rotação Crítica 1820 1862 2,3

2ª Rotação Crítica 2220 2209 0,5

Resultado RENK [m ] ROTORDYN [m ]

Amplitude – 1ª Rotação Crítica 2,6 3,7

Amplitude – 2ª Rotação Crítica 7 9,7

53
A Tabela 6 apresenta uma comparação entre os resultados obtidos em [1] com os resultados
obtidos neste trabalho. Observa-se uma boa proximidade entre os resultados.

Tabela 6: Comparação elementos com 2 e 3 nós.

ROTORDYN –
ROTORDYN -
Resultado elemento 2 nós [1] dif.rel. [%]
elemento 3 nós [rpm]
[rpm]

1ª Rotação Crítica 1862 1867 0,3

2ª Rotação Crítica 2209 2217 0,4

ROTORDYN - elemento 3 ROTORDYN -


Resultado
nós [m ] elemento 2 nós [1] [m ]

Amplitude – 1ª Rotação Crítica 3,7 3,6

Amplitude – 2ª Rotação Crítica 9,7 9,7

5.3 Modelo de Elementos Finitos Aplicado ao Cálculo dos


Parâmetros Modais de Rotores: Validação Experimental
O modelo de elementos finitos proposto e implementado no programa ROTORDYN é
utilizado para o cálculo dos parâmetros modais do rotor que compõem o motor BFN6 500 H2
SP14. Os resultados são obtidos utilizando a discretização apresentada na Figura 26. Deve-se
notar que a discretização mostrada possui mais nós do que estão apresentados na Figura 26,
devido a formulação constituída de elementos finitos quadráticos, logo deve-se considerar que
existe um nó intermediário a cada dois nós (elemento).

54
Figura 26: Discretização do veio.

No diagrama de Campbell apresentado na Figura 27 obtido com a discretização proposta,


foram considerados também parâmetros do mancal de filme de óleo EFNLK variáveis com a
frequência de rotação, e um modelo de interferência para a zona afectada pelo pacote de chapas.

Esta configuração é a que será utilizada para calcular os resultados das alternativas de
controlo propostas.

55
Figura 27: Diagrama de Campbell para o rotor em estudo do motor BNF6, com mancais de filme de óleo,
utilizando a teoria de viga de Timoshenko com 3 nós por elemento, funções de interpolação quadráticas.

Considerando as hipóteses estabelecidas para o cálculo do diagrama da Figura 27, a resposta


do rotor também foi calculada e é mostrada na Figura 28. O desequilíbrio considerado é o
mostrado na Tabela 3 os pontos 1 e 2 de cálculo da resposta são 860mm e 1840mm do
bordo de ataque.

Figura 28: FRF para o rotor em estudo, com chumaceira EFNLK, utilizando a teoria de viga de Timoshenko
com 3 nós por elemento, funções de interpolação quadráticas, obtida numericamente.

56
As linhas de cor azul escuro e vermelho são as respostas nos pontos 1 e 2 respectivamente,
na direcção vertical. As linhas de cor verde e azul clara são as respostas nos pontos 1 e 2
respectivamente, na direcção horizontal.

Na Tabela 7 é possível observar a diferença entre o cálculo numérico e as medições


experimentais, que são apresentadas na secção 5.4.

Tabela 7: Comparação entre as rotações críticas, obtidas numericamente e experimentalmente.

Experimental Numérico
Resultado [rpm] [rpm] dif.rel. [%]

1ª Rotação Crítica 2304 2208 4,2

2ª Rotação Crítica 2940 3086 4,9

5.4 Equilibragem Teórica


Utilizando a função de equilibragem teórica através de algoritmos de optimização do código
computacional ROTORDYN, recorrendo ao processo inverso, ou seja, ao invés de obter o
equilíbrio, foi obtido o desequilíbrio e a forma de comparação dos resultados é através de curvas
de resposta em frequência. Os planos de balanceamento são considerados a 860mm e

1840mm do bordo de ataque do veio. As curvas de resposta em frequência obtidas


experimentalmente para comparação interna no código e posterior optimização foram geradas
com medições em 250mm e 2479mm em relação ao bordo de ataque do veio, para as
direcções horizontais e verticais.

A partir das curvas mostradas nas Figura 29, Figura 32, Figura 35 e Figura 38 são calculadas
amplitudes complexas nas respectivas rotações críticas, conforme apresentadas na Tabela 8.
Essas amplitudes são comparadas internamente pelo código e assim é possível calcular o
equilíbrio (correcção) ou o desequilíbrio do veio, em termos de massa e fase.

57
Tabela 8: Amplitudes complexas.

Ponto (1 - 260 mm, 2 –


Rotação [rpm] Valor * 10-6
2480 mm)

1- horizontal 2304 -1,260+0,337i

1- vertical 2304 -0,600+0,350i

2 – horizontal 2304 +0,630-0,440i

2 – vertical 2304 +0,180-0,180i

1- horizontal 2940 -0,450-0,315i

1- vertical 2940 -0,130+0,350i

2 – horizontal 2940 -0,071+0,071i

2 – vertical 2940 +0,205-0,205i

A Tabela 9 mostra o resultado da optimização a partir das amplitudes complexas calculadas


anteriormente, na sequência, de posse deste resultado, são calculadas curvas de resposta em
frequência para comparação com as curvas experimentais (Figura 30 a Figura 40).

Tabela 9: Resultado da optimização, desequilíbrio.

Plano Massa [kg m] * 10-6 Fase [º ]

1º 170 20,6

2º 147 168

Figura 29: Medição experimental de resposta do rotor ao desequilíbrio, direcção vertical, a 260 [mm] do
bordo de ataque.

58
Figura 30: Resposta numérica ao desequilíbrio, direcção vertical, a 260 [mm] do bordo de ataque,
amplitude.

Figura 31: Resposta numérica ao desequilíbrio, direcção vertical, a 260 [mm] do bordo de ataque, fase.

59
Nas curvas Figura 29, Figura 30 e Figura 31, nota-se uma grande semelhança entre as
curvas numérica e experimental, porém a curva numérica possui amplitudes de resposta
inferiores.

Da mesma maneira que para a direcção vertical, a curva de resposta em frequência


horizontal do mancal que está localizado no bordo de ataque também foi medida (Figura 32).
Quando esta é comparada com a resposta numérica (Figura 33 e Figura 34) nota-se uma boa
semelhança.

Figura 32: Medição experimental de resposta do rotor ao desequilíbrio, direcção horizontal, a 260 [mm]
do bordo de ataque.

60
Figura 33: Resposta numérica ao desequilíbrio, direcção horizontal, a 260 [mm] do bordo de ataque,
amplitude.
.

Figura 34: Resposta numérica ao desequilíbrio, direcção horizontal, a 260 [mm] do bordo de ataque, fase.

61
As curvas mostradas na Figura 35, Figura 36 e Figura 37 são respectivamente a medição
experimental no bordo oposto e a amplitude de resposta e fase calculadas numericamente no
mesmo ponto. Nota-se que nesta simulação as curvas apresentam a mesma ordem de grandeza
em relação a amplitude e comportamento ao longo da frequência semelhante, com uma
diferença de comportamento em relação à primeira rotação crítica.

Figura 35: Medição experimental de resposta do rotor ao desequilíbrio, direcção vertical, a 200 [mm] do
bordo oposto ao ataque.

62
Figura 36: Resposta numérica ao desequilíbrio, direcção vertical, a 200 [mm] do bordo oposto ao ataque,
amplitude.

Figura 37: Resposta numérica ao desequilíbrio, direcção vertical, a 200 [mm] do bordo oposto ao ataque,
fase.

Finalmente na direcção horizontal tem-se as curvas, experimental Figura 38 e numéricas


Figura 39 e Figura 40, nesta comparação nota-se que não existe uma boa semelhança entre as
curvas como mostrado anteriormente.

63
Figura 38: Medição experimental de resposta do rotor ao desequilíbrio, direcção horizontal, a 200 [mm]
do bordo oposto ao ataque.

Figura 39: Resposta numérica ao desequilíbrio, direcção horizontal, a 200 [mm] do bordo oposto ao
ataque, amplitude.

64
Figura 40: Resposta numérica ao desequilíbrio, direcção horizontal, a 200 [mm] do bordo oposto ao
ataque, fase.

5.5 Projecto de Absorsor de Vibração Viscoelástico

O projecto de um absorsor de vibração baseia-se no sistema que será corrigido. Assim os


parâmetros modais do sistema são de extrema importância para dimensionamento, determinação
da geometria, e selecção dos materiais dissipadores de energia que compõe o absorsor. Os
parâmetros modais do sistema apresentado de forma discretizada pela Figura 26, são calculados
tornando possível o projecto do absorsor.

A partir do diagrama de Campbell e dos modos de vibrar, Figura 27, Figura 41 e Figura 42,
é possível determinar tanto a posição quanto a frequência natural do absorsor.

A melhor eficiência no controle de vibração se obtém com o absorsor totalmente


sintonizado e localizado na posição de maior deslocamento. Em motores eléctricos estas regiões
não estão normalmente disponíveis, logo deve-se obter o melhor material viscoelástico, com
maior factor de perda possível para a temperatura e frequência em questão, a fim de compensar
o facto de não ser possível colocar o absorsor no ponto de maior deslocamento, ponto no qual o
absorsor teria eficiência máxima.

65
Figura 41: 1º Modo de vibrar.

Figura 42: 2º Modo de Vibrar.

Baseado nas curvas expostas anteriormente a ainda no dimensionamento mostrado na


secção 4.1 foi possível dimensionar os componentes do absorsor. A posição escolhida de acordo
com os modos de vibrar das duas primeiras rotações críticas foi 2500 mm do bordo de ataque. A

66
região ideal seria na metade do veio, porém a massa rotórica impede que seja posicionado ali
um absorsor.

A escolha do material viscoelástico é fundamental no projecto do absorvedor, pois a rigidez


e o amortecimento do mesmo depende muito do tipo de material, assim como da temperatura e
frequência, como exemplificado anteriormente. Ainda o material deve possuir uma boa
integridade de suas propriedades, ou seja, estas devem estar sempre de acordo com o
comportamento apresentado pelo seu respectivo nomograma, para não dessintonizarem o
absorsor. As massas tem uma influência característica, delas depende muito a eficiência do
absorsor. Absorvedores com massas muito pequenas são geralmente ineficientes para sistemas
de médio a grande porte.

A geometria do absorvedor é determinada para que o sistema secundário trabalhe em regime


de um grau de liberdade, na frequência a qual se deseja absorver a resposta. No caso de rotores
o absorsor foi projectado para que cada corpo tivesse dois graus de liberdade, porém com as
mesmas frequências naturais de vibração, assim é possível reduzir as amplitudes de vibração nas
duas direcções, vertical e horizontal. No caso do motor BFN6 têm-se duas frequências naturais
na banda de frequência de trabalho, logo o sistema projectado tem quatro corpos com dois graus
de liberdade cada um e duas frequências de trabalho diferentes. O dispositivo foi projectado
para ser posicionado no bordo oposto ao ataque, entre a tampa e o ventilador. Após a montagem
do absorvedor no flange de sustentação tem-se o dispositivo apresentado pela Figura 43.

Figura 43: Absorvedor de vibração viscoelástico acoplado ao flange de sustentação.

Para evitar que o conjunto sofra qualquer rotação de acordo com o veio, o interior do flange
deve abrigar um rolamento de esferas, e ainda em cada bordo do flange um sistema de fixação é

67
posicionado para manter o absorvedor em sua posição estática, ou seja, a flange não deve
rotacionar com o veio.

5.6 Controle de vibração através da selecção da chumaceira

Como os coeficientes de rigidez e amortecimento das chumaceiras influenciam muito nas


características do sistema, os parâmetros modais foram obtidos com a implementação da
metodologia de cálculo que permite considerar as propriedades variáveis dos mancais.

Com dados obtidos através da rotina de cálculo do fabricante de chumaceiras RENK, é


possível, através de uma interpolação cúbica do tipo spline, gerar curvas (Tabela 11 e Tabela
12) para cada coeficiente variante com a frequência de rotação. Esses dados são inseridos no
ciclo de cálculo de valores e vectores próprios, e são actualizados a cada frequência de rotação.

Pode-se observar que as curvas de amortecimento (Tabela 12) tem um padrão de


variação, todas apresentam um decaimento dos valores de amortecimento com o aumento da
frequência de rotação, estas curvas são obtidas através dos dados da Tabela 10, assim como as
curvas para os coeficientes de rigidez. Os coeficientes de rigidez por sua vez não apresentam um
padrão devido à curva do coeficiente K xx que varia de maneira contrária aos outros coeficientes

de rigidez.

Tabela 10: Coeficientes de rigidez e amortecimento para o mancal de filme de óleo EFNLK, 9-90, ISO VG-
32, Força radial 8,26[kN].

Rot. Kxx Kxz Kzz Kzx Cxx Cxz Czz Czx


[rpm] [kN/m] [kN/m] [kN/m] [kN/m] [kN/m] [kN/m] [kN/m] [kN/m]
500 159957 55813 1,03E+06 513548 1927 4090 19784 4159
1000 160775 35337 809083 463587 1101 1977 8786 2006
2000 161192 24907 697549 438138 585 971 4111 985
3000 161125 26574 715374 442205 386 649 2771 658
4000 161065 28074 731420 445867 287 488 2098 495
5000 160973 30384 756113 451501 227 392 1704 398
6000 160895 32346 777096 456289 187 328 1437 333
7000 160806 34565 800831 461704 158 282 1249 286
8000 160730 36455 821043 466316 137 248 1106 251
9000 160663 38146 839122 470441 120 221 993 224
10000 160614 39363 852132 473410 107 199 900 202

68
Tabela 11: Gráficos da variação dos parâmetros de rigidez com a frequência de rotação.

[rpm] [rpm]

69
Tabela 12: Gráficos da variação dos parâmetros de amortecimento com a frequência de rotação.

70
Baseado nos gráficos da Tabela 11 e Tabela 12 é calculada uma curva de resposta em
frequência (Figura 44), que servirá como referência para comparar a redução das amplitudes de
vibração, com a variação dos parâmetros geométricos e de filme de óleo do mancal. O
desequilíbrio calculado na secção 5.4 é o utilizado como excitação para cálculo das respostas
em frequência. Os pontos de medição estão posicionados a 860 [mm] e 1840 [mm] do bordo de
ataque. O rotor é o mesmo apresentado na Figura 26.

Figura 44: Curva de resposta em frequência para chumaceira sem modificações (referência) Chumaceira -
EFNLK- 9 90 40ºC _iso vg 32, autom, 10610rpm _fr=8,26.

Com a redução da folga, Figura 45, pode-se observar que a amplitude sofre uma grande
atenuação na segunda rotação crítica, porém na primeira rotação crítica a atenuação é menor.
Pode-se observar ainda que a primeira rotação crítica apesar te ter uma leve atenuação em sua
amplitude, a razão de amortecimento é menor, característica que pode ser observada nas curvas.

71
Figura 45: Curva de resposta em frequência para chumaceira - EFNLK- 9 90 40ºC _iso vg 32, autom -1,
10610rpm _fr=8,26.

O efeito na amplitude de vibração ao considerar-se um fluido mais viscoso pode ser


observado na Figura 46, devido ao amortecimento mais elevado pode-se observar uma leve
redução de amplitude, para ambas as rotações críticas.

72
Figura 46: Curva de resposta em frequência para chumaceira - EFNLK- 9 90 40ºC _iso vg 220, autom,
10610rpm _fr=8,26.

Na Figura 47 tem-se o efeito da diminuição do diâmetro na amplitude de vibração, observa-


se que a atenuação é muito pequena comparadas às outras alterações.

73
Figura 47: Curva de resposta em frequência para chumaceira - EFNLK- 9 80 40ºC _iso vg 32, autom,
10610rpm _fr=8,26.

Na Figura 48 o tipo de chumaceira é alterado, nota-se uma forte redução de amplitude para a
segunda rotação crítica, porém para a primeira observa-se um aumento, tanto de amplitude
quanto de frequência.

74
Figura 48: Curva de resposta em frequência para chumaceira - EFZLK- 9 80 40ºC _iso vg 220, autom -1,
10610rpm _fr=8,26.

75
6. CONCLUSÕES

Neste trabalho foi proposto um modelo numérico para análise dinâmica de rotores baseado
no método dos elementos finitos e na teoria de viga de Timoshenko, sendo que o elemento
proposto possui três nós e assim funções de forma quadráticas. Os efeitos giroscópicos e de
inércia de rotação estão presentes no modelo, assim como os efeitos de fundação, força
magnética, força axial e mancais com propriedades variáveis. Simulações numéricas foram
realizadas, e o modelo se mostrou bem preciso. Tanto as comparações com outros modelos
numéricos como apresentado anteriormente, quanto comparações com medições experimentais,
não geraram diferenças relativas maiores do que 4.9% para os valores das primeiras duas
rotações críticas. A comparação com a referência [1] mostrou que os dois modelos estão
convergindo, porém o modelo deste trabalho exige um maior tempo computacional.

Propostas de controlo de vibração foram apresentadas. No que condiz ao equilíbrio óptimo


as simulações geraram resultados coerentes porém uma das curvas não mostrou um
comportamento semelhante ao experimental como comentado anteriormente. Porém três das
quatro curvas numéricas se mostraram bem coerentes em relação às curvas experimentais. Em
relação ao método de optimização, não foi possível observar uma repetibilidade de resultados,
porém com várias simulações foram encontrados bons resultados, isso pode ser explicado pelo
tipo de algoritmo utilizado. A proposta de alteração da geometria das chumaceiras gerou bons
resultados, chegando a reduzir algumas amplitudes de vibração pela metade. Uma dificuldade
encontrada foram as condições de fronteira para algumas chumaceiras, ou seja, condições estas
nas quais não existe perfil de pressão para sustentação do veio, ou o escoamento se torna
turbulento. Resultados melhores poderiam ter sido obtidos com chumaceiras que possuem
realimentação de óleo, ou resfriamento por convecção através de água, pois assim os
coeficientes de amortecimento são maiores devido ao controlo de temperatura.

A proposta de absorsor de vibração infelizmente não foi possível obter resultados devido a
escassez de tempo, tanto para implementação numérica quanto para construção do dispositivo
para realização de experimentos. Porém mesmo sem resultados foi decidido apresentar nesta
tese um modelo para acrescentar o efeito de um absorsor em um sistema rotativo, assim como o
seu respectivo projecto.

76
7. TRABALHOS FUTUROS

Em relação à determinação do desequilíbrio óptimo, bons resultados podem ser gerados com
outras técnicas de optimização, tais como técnicas de optimização não lineares (método quasi
Newton). As posições dos planos de equilíbrio poderiam ser consideradas variáveis a serem
optimizadas, e ainda a consideração de mais planos de equilíbrio poderiam gerar bons
resultados.

Um modelo preciso para determinação dos coeficientes de rigidez e amortecimento das


chumaceiras, com o objectivo de optimizar a geometria das mesmas ou a viscosidade do fluido,
para obter a menor amplitude de resposta possível, pode produzir boas condições de serviço
para máquinas rotativas.

77
8. REFERÊNCIAS

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[24] F. W. Ocvirk, H. H. Mabie, Mechanisms and Dynamics of Machines, John Wiley

& Sons, New York, (1975).

[25] B. J. Hamrock, S. R. Schmid, B. O. Jacobson, Fundamentals of Film Fluid

Lubrication, CRC, New York, (2004).

80
APÊNDICE A – DETERMINAÇÃO DA MATRIZ DE RIGIDEZ
Os termos K 1 e K 2 da equação 4.21 são integtrados de forma completa como mostrado no
Quadro A 1.

Quadro A 1 – Termos de rigidez relativos à flexão.

Os termos relativos ao corte devem ser sub - integrados com o objectivo de evitar o shear
locking, ou bloqueio de solução. Para proceder a integração gaussiana selectiva deve-se
modificar os limites de integração para adequar o problema ao modelo:

 L / 2  L / 2  y

  1 1   A/1
,
L
dy  d
2

e aplicando a quadratura gaussiana com peso w igual a 1, conforme a Tabela A 1, tem-se:

81
L 1
 1 L  1 L
 f  y dy   f  Ld  w f   
1   w2 f      
0 1 32  32
. A/2
 1 L  1 L
 1 f     2  1 f     
 3  32

Então pode-se calcular os termos relativos ao corte (Quadro A 2).

Tabela A 1 – Posição dos pontos e pesos para a quadratura gaussiana no intervalo de -1 a 1.

N (nº de pontos) Localização dos pontos Pesos

1 0.0 2.0

1
2  1.0
3

82
Quadro A 2 – Integração dos termos relativos ao corte.

83
Posicionando todos os termos na matriz global de rigidez, pode-se chegar na matriz de
rigidez, mostrado no Quadro A 3 a parte correspondente a flexão e mostrado no Quadro A 4 a
parte correspondente ao corte.

Quadro A 3 – Matriz global de rigidez devido a flexão.

Quadro A 3 – Matriz global de rigidez devido ao corte.

84
APÊNDICE B – FORÇA AXIAL
Ao realizar a integração, pode mostrar que a matriz de rigidez devido aos esforços axiais
pode ser obtida como mostrada no Quadro B 1.

Quadro B 1 – Matriz de rigidez devido aos esforços axiais.

Para o elemento de Timoshenko utilizando funções de interpolação quadráticas a matriz de


rigidez devido às forças magnéticas é mostrada no Quadro B 2.

Quadro B 2 – Matriz de rigidez devido às forças magnéticas.

85
APÊNDICE C – DETERMINAÇÃO DA MATRIZ DE MASSA
O Quadro C 1 apresenta o desenvolvimento das integrais das parcelas da equação 4.35.

Quadro C 1 – Parcelas correspondentes a matriz de massa elementar.

Baseado na ordenação dos graus de liberdade apresentada na equação 4.36, expandindo os


termos e aplicando as equações de Lagrange obtém-se a matriz elementar de massa (Quadro C
2).

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Quadro C 2 – Matriz elementar de massa

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APÊNDICE D – DETERMINAÇÃO DA MATRIZ GIROSCÓPICA
A partir do resultado obtido com o cálculo da integral da parcela correspondente aos efeitos
giroscópicos (equação 4.37) pode-se apresentar o Quadro D 1.

Quadro D 1 – Integração do termo correspondente ao efeito giroscópico.

Executando o procedimento de expansão dos termos e aplicando as equações de Lagrange


obtém-se a matriz giroscópica elementar (Quadro D 2).

Quadro D 2 – Matriz giroscópica.

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