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O sentido da vida

Haverá de facto um ideal que possa dar sentido, fazendo com que a vida mereça ser
vivida?
Cabe a cada um procurar um propósito. Algo que nos motive, algo pessoal que nos
impulsione em torno de um profundo sentido de causalidade para o seu aparecimento
neste mundo. É certo, ninguém nasce com uma finalidade definida na vida, ninguém
pertence a lado nenhum, somos todos vítimas da mesma procura incessante que nos
assombra, sugerindo-nos quase instintivamente de que a vida necessita de uma razão
para ser.
Durante muito tempo uma boa vida para um ser humano implicava encontrar comida,
encontrar abrigo e não ser morto por um dos milhões de potenciais predadores que na
altura vagueavam pelas planícies e que viam os seres humanos como qualquer outro
animal – uma presa. No entanto as coisas mudaram e hoje comida, abrigo e não ser
comido por liões são elementos básicos que tomamos por garantidos nas nossas vidas,
já não carregando connosco o esforço do qual dependia a nossa sobrevivência.
Emquanto há 350 mil anos o “sentido da vida” (o propósito) era sobreviver, hoje, com
mais tempo, vemo nos encurralados por todos os aparentes milagres tecnológicos que
nos rodeiam e que nos, indevidamente, retiraram o princípio ancestral pelo qual
guiávamos o nosso dia-a-dia, deixando muita gente confusa quando se deparam com
todas as condições mais que essenciais para a vida, não encontrando assim uma
finalidade para a mesma, sucumbindo-se a um vazio existencial que as consome. Isto
porque, ao contrário de qualquer outro membro do reino animal, não nos contentamos
somente com necessidades básicas para viver que nos são fornecidas, parece que a
busca pelo sentido da vida é um requerimento necessário e obrigatório a todos para que
nos possamos sentir verdadeiramente completos.
Infelizmente, por mais prático que fosse, não existe uma receita universal que se aplique
a todos os seres humanos e lhes conceda automaticamente um propósito na vida uma
vez que, como sabemos, todos temos gastos, capacidades e motivações muito
diferentes que dão origem a ingredientes únicos que vão entrar na receita
correspondente a cada um. O sentido da vida não pode ser 42. O sentido da vida não
pode ser pudim de ovos. A pergunta visivelmente ingénua “Qual é o sentido da vida?”
nunca será acompanhada por uma resposta objetiva, clara, que não requira “um pouco”
de reflexão no conteúdo.
Victor Frankl defendia que a busca pelo sentido da vida de cada um é um caminho que
cada um deve percorrer sozinho...mas...Haverá de facto um ideal que possa dar sentido,
fazendo com que a vida mereça ser vivida?

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