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Ensaio Colonia
Ensaio Colonia
DISCENTE
FELIPE DA SILVA NUNES
JÉSSICA NUNES DA SILVA
ENSAIO MONOGRÁFICO:
“A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE POTIGUAR”
Natal (RN)
2017
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO
2. A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE POTIGUAR 1
3. A IDENTIDADE NA MODERNIDADE TARDIA 3
4. A IDENTIDADE POTIGUAR NO PROCESSO DE FORMAÇÃO
EDUCACIONAL 3
5. CONCLUSÕES 8
6. RERFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 9
1. INTRODUÇÃO
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portugueses no combate aos índios “bárbaros” que resistiam, sobretudo, no interior
do estado.
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3. A IDENTIDADE NA MODERNIDADE TARDIA
No entanto, apesar dos esforços para construção dessa identidade social, que
oculta a resistência contra a exploração, a luta dos povos originários, em
perspectiva de valorizar a conciliação e vitória do explorador. A sociedades
inseridas no que Giddens (2002) define como “modernidade tardia”, dificulta o
prevalecimento da tradição, devido a permanente renovação e revalidação das
ações sociais e velocidade em que o conhecimento é apropriado e ressignificado,
Instantaneidade, velocidade das informações, liquidez (BAUMAN, 2005), perda de
historicidade (JAMENSON, 2002) são sintomas que afetam a nossa sociedade
atual. Essas problematizações provocam a reflexão até que ponto a identidade
social construída no passado se estabelece no presente e na construção da
subjetividade, no que Lacan descreve como rompimento da linearidade temporal
que incide sobre a identidade, movido pela sociedade do consumo e necessidade
de gerar carências e necessidades a serem obtidas.
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Tavares, atualmente atriz, autora e estudiosa da cultura popular. O livro é bastante
utilizado no ensino infantil por ter uma leitura simples e ser cheio de gravuras,
porém sua natureza ufanista deixa a desejar aos fatos.
Quando a autora propõe relatar a invasão holandesa, ela deixa claro que eles
eram os vilões da história, e que os colonos portugueses eram os “defensores” da
terra. Além disso, Tavares oculta completamente o papel dos Tapuias ou Janduís
que aliando-se aos holandeses, deflagraram o massacre de Cunhaú e Uruaçu.
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Mas outros povos cobiçavam minha riqueza e em 8 de dezembro de
1633 os navios holandeses aportaram na enseada de Ponta Negra.
Meus habitantes e defensores tentaram valentemente resistir, mas foi
inútil. Tiveram de me entregar aos invasores, que mudaram meu
nome para Nova Amsterdam. Foram vinte e um anos de saques e
crueldade e eu chorei ao ver meu povo trucidado nos massacres de
Cunhaú, Uruassu e Ferreiro Torto. Por fim, em 1654, os holandeses
foram expulsos, e eu voltei a ser Natal. (TAVARES, 2010:8)
Outro fator seria a visão imputada de que o domínio batavo não teria trazido
nada além de destruição, saques, crueldades culminando nos massacres citados
acima. Uma visão que autores como Câmara Cascudo e Rocha Pombo muito
ajudaram a fixar nas mentalidades tanto na historiografia rio-grandense como no
senso comum.
Não foi por acaso e sob certa polêmica, que o governo do Rio Grande do
Norte sancionou projeto de lei no 8913/2006, estabelecendo a data de 03 de
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outubro como feriado estadual, em referência aos mártires de Cunhaú e Uruaçu.
Notamos que a construção de tradições (HOBSBAWM, 2002) para a capitania por
meio da narrativa histórica requeria a emergência figurativa do herói ou mártir, cujo
surgimento viesse iluminar as brumas escuras do passado e fosse capaz de orientar
a tomada de decisões no presente.
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A tua alma transborda de glória!
No teu peito transborda o valor!
Nos arcanos revoltos da história
Potiguares é o povo senhor!
Um dos fatores para a existência desse conflito se dava pelo fato de que,
apesar da escravidão negra já ter adentrado o território norte-rio-grandense, ela
tinha um alto custo, e nem todos os colonos donos de fazendas tinham meios
financeiros para adquirir um escravo. Por isso, o melhor meio de conseguir mão-de-
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obra escrava era através das guerras justas, que eram feitas contra os índios,
através das quais os índios podiam ser aprisionados ou vendidos. Usando de
malícia, os colonos incitavam todo o tipo de provocação aos índios,(até em períodos
de paz), para recebessem, através de uma contraofensiva dos índios, o aval da
Coroa permitindo a guerra.
Outro fator era para a "reação dos tapuias deveu-se muito mais à pressão
sufocante do avanço da economia pastoril, que demandava mais terras e mão-de-
obra, fatores que implicavam arrocho sobre as populações da fronteira"(PUNTONI,
2002:132) Cansados das provocações, e da inserção da pecuária em seus
territórios, os Tapuias começaram a incendiar as lavouras e casas, a matar o gado,
que consideravam caça. Mas foi em 2 de dezembro de 1687 que as tribos potiguar
“dissidentes” e cariri organizaram uma contra- ofensiva, conquistando territórios
importantes da capitania, entre estes, a cidade de “Açu” e espalhando terror e medo
aos colonos, na chamada Guerra dos bárbaros ou Confederação dos cariri, que
teria duração de aproximadamente dez anos “de incêndios e mortes, retardando a
fixação do colono no interior da Capitania com a destruição dos rebanhos e dos
currais de gado.
5. CONCLUSÕES
Mediante a este fato percebemos que apesar da cultura potiguar, ser vista
como um bem, um tesouro a ser protegido, que por sua vez exige práticas de
valorização e de ritualização que visam o não esquecimento e de sua glorificação,
por meio da memória de grandes heróis e vilões, alguns sujeitos foram esquecidos
propositalmente, fato que até hoje vivenciamos quando por exemplo escutamos a
frase "não existe índio no Rio Grande do Norte", ou os "índios foram passivos a
colonização portuguesa".
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seria uma persistência dessa velha forma nacionalista ou de um positivismo datado
e há muito invalidado na historiografia. Queremos nós formar indivíduos patrióticos
de lugar? Ou formar indivíduos que entendam como essas identidades são
construídas? Que entendam tais identidades não são nem de longe imutáveis
atributos de essência, são construídas e situam-se no tempo e no espaço. A
construção das identidades está permeada de intencionalidades, sendo que a mais
perigosa talvez seja justamente o aspecto da naturalização, que a inscreve como
essência como algo intrínseco e atemporal. Desta forma a identidade pode
constituir-se como uma prisão.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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GIDDENS, Anthony. (capítulos 5,6 e 7). Modernidade e identidade. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar Editor, 2002.
LÖWY, Michael. Walter Benjamin: aviso de incêndio. Uma leitura das teses “sobre o
conceito de história”. São Paulo: Boitempo Editorial, 2005.
TAVARES, Clotilde. Natal a noiva do sol. 3 ed. São Paulo: Cortez, 2010.
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