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Felizes os normais
[Tradução: Simone Paz]
A Antonia Eiriz
Felizes os normais, esses seres estranhos.
Os que não tiveram uma mãe louca, um pai bêbado, um filho delinquente, Uma casa em
lugar nenhum, uma doença desconhecida,
Os que não foram calcinados por um amor fulminante,
Os que viveram os dezessete rostos do sorriso e mais um pouco,
Os cheios de sapatos, os arcanjos com chapéus,
Os satisfeitos, os gordos, os lindos,
Os rin-tin-tin e seus seguidores, os que como não, por aqui,
Os que ganham, os que são amados até o talo,
Os flautistas acompanhados por ratos,
Os vendedores e seus compradores,
Os cavaleiros ligeiramente super-humanos,
Os homens vestidos de trovões e as mulheres de relâmpagos,
Os delicados, os sensatos, os elegantes,
Os amáveis, os doces, os comestíveis e bebestíveis.
Felizes as aves, o esterco, as pedras.
Mas que deem licença aos que fazem os mundos e os sonhos,
As ilusões, as sinfonias, as palavras que nos devastam
E nos constroem, os mais loucos que suas mães, os mais bêbados
Que seus pais e mais delinquentes que seus filhos
E mais devorados por amores fulminantes.
Reservem a eles seu lugar no inferno, e basta.