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“Bem-aventurado é aquele que atende ao pobre; o Senhor o livrará no dia do mal” (Sl 41.1).
No livro Ação Social Cristã, o pr. Hélcio da Silva Lessa classifica a responsabilidade social em
três categorias: assistência social, serviço social e ação social. Para melhor compreensão da
aula, vamos ver sucintamente a definição de cada uma delas.
Serviço Social. Aqui, a pessoa carente recebe condição para interagir e melhorar sua situação,
recuperando a dignidade e confiança. Projetos sociais tendo como alvo o ensino, a orientação,
o apoio, as profissionalizações promovem a capacitação do indivíduo a fim de que este se
torne responsável pela solução de seus problemas.
O ano sabático (Lv 25.1-17). A cada sete anos, o solo deveria ser liberado para descanso e
renovação da terra, os escravos seriam libertados, os endividados, perdoados e os
trabalhadores tinham direito a descanso. Outrossim: os pobres tinham o direito de colher por
si mesmo do fruto da terra (23.10,11).
A lei do jubileu (Lv 25.8-34). Entre outras coisas, determinava que, a cada cinquenta anos, (1)
os escravos seriam libertados; (2) todas as dívidas seriam perdoadas; (3) as terras seriam
devolvidas aos seus antigos donos. Essas medidas evitavam a concentração de riquezas (diga-
se de terra), promoviam a redistribuição dos meios de produção e evitavam situações
extremas de dívidas, pobrezas, desapropriação e miséria.
O exemplo de Jesus. Jesus foi, sem dúvida, o maior exemplo de preocupação e auxílio aos
necessitados. Seus ensinos e obras o demonstraram. Uma de suas ricas parábolas é a do bom
samaritano, o bondoso homem que arriscou sua vida para cuidar de um necessitado
desconhecido, com quem nem o sacerdote nem o levita se importaram (Lc 10.25-37). Essa
parábola ainda hoje exerce grande influência nas civilizações. Em outra parábola – sobre as
ovelhas e os bodes – Jesus se identifica tanto com os pobres a ponto de dizer: “O que vocês
fizeram a um destes pequeninos irmãos [os pobres necessitados], a mim o fizeram” (Mt 25.40).
Ele não podia ver os miseráveis sem se compadecer (Mt 9.36; 14.14; 20.34; Mc 10.45). Uma
vez, chegou a convidar um homem rico a vender tudo que tinha e dar aos pobres (Mt 19.21).
Jesus encarnou o amor e preocupação de Deus com os pobres tão nitidamente manifesta no
Antigo Testamento. A sua compaixão com os miseráveis responde a uma pergunta que é
constante no coração de quem sofre: “Deus se importa? ” Jesus responde que sim.
O exemplo da igreja primitiva. Ainda que vamos tratar mais detalhadamente sobre a igreja
primitiva no próximo tópico, vale acrescentar aqui que aquela igreja seguiu em tudo o exemplo
de Jesus no seu cuidado para com os necessitados. Segundo a narrativa de Lucas, uma ação
usual entre os primeiros cristãos era a partilha de bens para atender os mais necessitados (At
2.44,45; 4.34,35). Alguns irmãos, voluntariamente, vendiam suas propriedades para suprir as
necessidades dos mais carentes. Por isso, “todos os que criam estavam juntos e tinham tudo
em comum... não havia entre eles necessitado algum” (At 2.44; 4.34).
Como não poderia ser diferente, a igreja primitiva seguiu o exemplo de Jesus, seu Mestre. A
grande sensibilidade de Jesus para com as necessidades humanas, vemo-la agora nas ações
daquela primeira comunidade cristã, traduzida no cuidado de uns para com os outros. Após o
grande despertamento promovido pela descida do Espírito Santo (At 2), os discípulos do
Senhor anunciaram veementemente o Evangelho, o que resultou num crescimento frenético
do número de fiéis, os quais se organizaram numa comunidade fiel, calcada na doutrina, na
comunhão, fraternidade e oração (At 2.42; 4.31; 5.42). Aqueles discípulos souberam conjugar a
prática da evangelização com a prática do serviço social, esta última, parte integrante daquela.
Solidariedade. “E perseveravam no partir do pão”. *Em Atos 2.42, pode referir-se tanto às
refeições comuns quanto à ceia do Senhor. Era costume, entre os judeus, representar a
comunhão entre as pessoas, segurando com as mãos o pão e partido-o em pedaços, em vez de
corta-lo (Lc 22.19; 1 Co 11.24). Era um ato de fraternidade e solidariedade entre irmãos. Essa
prática sugere a necessidade de a igreja partilhar, por meio do serviço social, o pão material
com os necessitados.
Para a igreja primitiva, atender às necessidades dos mais pobres não era uma opção, era uma
necessidade. O amor de Deus, derramado no coração dos crentes, os constrangia. No entender
do apóstolo João, “Conhecemos a caridade nisto: que ele deu a sua vida por nós, e nós
devemos dar a vida pelos irmãos. Quem, pois, tiver bens do mundo e, vendo o seu irmão
necessitado, lhe cerrar o seu coração, como estará nele a caridade de Deus?” (1 Jo 3.16,17).
Logo, a o senso de responsabilidade social daquela igreja não era o resultado de plebiscito que
optou por assim fazer, mas era o resultado de valores espirituais e morais profundamente
arraigados naquela comunidade cristã.
A igreja era caridosa (At 2.45). A caridade é o amor em ação. É o fruto do Espírito (Gl 4.22). A
igreja era - e ainda deveria ser - a materialização do amor de Deus. Lucas nos conta que
aqueles primeiros crentes “vendiam suas propriedades e fazendas e repartiam com todos,
segundo cada um tinha necessidade”. Era muito mais que palavras. Era ação. O apóstolo João,
mais tarde, lembraria aqueles dias na sua carta universal, ao dizer: “Meus filhinhos, não
amemos de palavra, nem de língua, mas por obra e em verdade”. Alguém disse certa vez que
as pessoas podem até duvidar daquilo que você diz, mas nunca daquilo que você faz. A igreja
daqueles dias era uma igreja que fazia, por isso caía na graça de todo o povo (At 2.47).
Consciência das necessidades materiais dos cristãos (At 11.27-30). Lucas relata a profecia de
Ágabo acerca da grande fome que viria sobre todo o mundo, o que, de fato, ocorreu no
governo de Cláudio César entre 45 e 54 d.C. Esse fato também é relatado pelo historiador
judeu Flávio Josefo. Agora, a igreja de Jerusalém padecia de grande necessidade. A igreja de
Antioquia não perde tempo. Está consciente de suas das necessidades de seus irmãos e de
suas responsabilidades. Por mãos de Paulo e Barnabé, os discípulos antioquenses mandaram,
cada um conforme o que pudesse, socorro aos irmãos em Jerusalém. Em outras passagens
bíblicas, vemos Paulo levantando ofertas na Acaia e na Galácia para suprir as necessidades
daqueles irmãos (Rm 15.26; 1 Co 16.1-3).
A igreja primitiva cumpria sua missão social. * A igreja não apenas pregava o Evangelho, mas
também atendia àqueles que necessitavam de socorro físico e material. Os seguintes princípios
devem nortear o serviço social da igreja:
CONCLUSÃO