KELLER, Timothy. Justiça Generosa: a graça de Deus e a justiça social; tradução
Eulália Pacheco Kregness.- São Paulo: Vida Nova, 2013. Timothy Keller é pastor de uma igreja em Manhattam, nesta obra ele aborda a Justiça sob o ponto de vista do Evangelho cristão, isto é, o que a Bíblia diz sobre fazer e praticar a justiça tendo como premissa a Graça de Deus. O livro é dividido em oito capítulos bem distribuídos e sequenciados. Começa trabalhando o conceito de fazer justiça, faz comparação do termo no Antigo e do Novo Testamento bíblico. Dois terços do livro fundamentam-se nos ensinos de Jesus em relação a justiça social e faz um chamado a prática da justiça generosa conforme apresentada nos evangelhos. O livro de Tim Keller vem em um momento apropriado. A vida política não tem sido pacífica. Só que diferente de uma guerra cujos conflitos armados, bombas e inimigos podem ser bem identificados, o choque de identidades, seja das múltiplas minorias, religiões, ideologias de Direita e de Esquerda ou outras neuroses tem tornado a política caótica. É difícil dialogar com pessoas que falam a mesma língua, mas em outro idioma. É justamente por isso que a linguagem do livro impressiona: Ele sabe falar a língua dos crentes que se venderam ao Mamom liberal capitalista ao demonstrar na Bíblia a necessidade de se fazer uma Justiça Integral, como também denunciar os que acreditam falsos messias como Lulas e Maduros ou acreditam em contos de fadas ou socialismos, para assumir acertadamente que a cruz de Cristo vem antes e é somente por ela, que a justiça pode ser feita. Abordando temas repletos de curiosidades. Escravidão, aborto, prostituição, ações sociais realizadas pela Igreja que deram certo e errado, um pouco de filosofia política cristã, tudo discutido honestamente, com muita Bíblia e prudência. Keller reconhece que fazer justiça muitas vezes vai contra a realidade do desenvolvimento econômico, ou pelo menos é um tapa da sede pelo dinheiro. Porém é incisivo na necessidade de fazer justiça para compreender um dos aspectos mais mal-entendidos e vividos de Cristo: Sua humanidade. OPINIÃO SOBRE O LIVRO: Este livro trata de um assunto não muito comum entre a literatura cristã evangélica da atualidade. Enquanto na maioria das igrejas é disseminada a chamada Teologia da Prosperidade, Justiça Generosa de Timothy Keller versa sobre justiça social. O autor não poupa argumentos em mostrar as bases bíblicas para a prática da generosidade entre os cristãos e destes para o meio em que vivem. Fundamenta-se principalmente nos Evangelhos neotestamentários e nos ensinos de Jesus sobre o tema. O assunto chega a ser constrangedor diante do consumismo e do individualismo de nossos dias e faz com que repensemos nossas atitudes em relação ao próximo. Afinal de que adianta termos em abundância se do nosso lado tem pessoas que passam necessidades físicas e matérias que precisam ser rapidamente supridas. Keller trabalha as necessidades humanas como um todo, isto é, o ser humano em sua esfera biológica, psíquica, social e espiritual. Assim o Evangelho todo para todo o homem e para o homem todo a fim de redimi-lo de sua condição miserável. Diria que a proposta do livro é fundamental e praticá-la deve ser um alvo constante, fazendo as boas obras com sabedoria e equilíbrio tendo em mente que os desafios, internos e externos, são grandes, mas se cada um fizer um pouco, de muito valia será para o seu semelhante e para a expansão da justiça generosa entre os seres humanos feitos a imagem e semelhança de Deus. O livro é, do começo ao fim, um incentivo para que os cristãos arregacem as mangas e comecem a trabalhar, de fato, em prol dos mais vulneráveis, a saber, os pobres, os doentes, os órfãos, as viúvas e os estrangeiros. "Se nós, os crentes em Cristo, não honramos os clamores e necessidades dos pobres, deixamos de honrar a Deus." (pág 29) Podemos ajudar em 3 dimensões: assistência, desenvolvimento e reforma social. "Assistência é a ajuda direta que supre as necessidades física, material e financeira logo de início." (pág 122) " Desenvolvimento significa oferecer a indivíduos, famílias ou comunidades inteiras aquilo de que precisam para se tornarem independentes da assistência e alcançar condições de autossuficiência econômica." (pág 123) Por fim, a reforma social é o passo seguinte, quando o conjunto das ações de desenvolvimento se espalham e beneficiam todo um grupo ou comunidade, com mudanças estruturais de comportamento e modo de vida. O autor levanta questões interessantes sobre evangelismo, assistencialismo, dedicação, formas de ajuda e outros temas que nos fazem refletir sobre nosso papel, independentemente do tamanho da igreja que frequentamos, ou da nossa disponibilidade. Sempre há algo a ser feito. "...o evangelho produz interesse pelo pobre e as obras de justiça dão credibilidade à pregação do evangelho. " (pág 142) É um ciclo: por você ter sido amado por Deus, você ama. E por amar, você faz. E, fazendo, você legitima aquilo que prega.