Você está na página 1de 4

Coração Íntegro e Alma Voluntária

Leia II Coríntios 8.1 a 15

Coração no Antigo Testamento significa o homem inteiro quando visto da


perspectiva de seu conjunto de valores, suas convicções e sua vontade.
Apresentar-se a Deus com o coração íntegro significa deixar que o Senhor
influencie todas as suas decisões e pensamentos.
Significa buscar a Deus com a mente, a vontade e as emoções.
Significa ser em casa o que se é na igreja ou no trabalho, não viver uma
vida secreta titubeando entre dois comportamentos. Só assim nosso
compromisso com Deus, com os homens, com as instituições como a
igreja e a família será conforme o coração de Deus (Atos 13:22).
Alma voluntária significa: o ânimo interior, a predisposição do ser.
Servir a Deus de alma voluntária significa: acreditar no projeto de
Deus para a sua vida. Entender que o compromisso com Deus não é
forçado, nem por impulso, nem temporário.
Significa o que disse Jesus ao escriba quando interrogado sobre o
que era mais importante na lei. Ele disse “Amarás o Senhor, teu Deus, de
todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Mt.
22:37.” Depois disse “Amarás o teu próximo como a ti mesmo.”
Quando há amor, há integralidade de coração. Quando há amor, há
voluntariedade do ser, da alma. Um espirito voluntário não é desprezado
por Deus (Sl 51). Este amor implica em buscar o Senhor num
compromisso sério de viver melhor, de dar o melhor de si, de empenhar
toda a sua força e vontade em servir ao Senhor.
Não quero dizer que devemos nos tornar mais religiosos e comprometidos
com a vida da Igreja somente, embora isso seja uma consequência
natural.
Significa: que vou ordenar de tal forma a minha vida que haverá tempo
para o que é importante e não só para o que é urgente.
Significa: que o meu trabalho é uma vocação de Deus para mim e devo
fazê-lo como um ministério a Deus e aos homens.
Entender que não fui chamado a ser apenas alguém que luta pela
comida e conforto, para sobreviver, mas que meu trabalho, minha família
com todas as suas dificuldades e alegrias, meus amigos, meu lazer e o
meu compromisso com uma igreja são a expressão na vida do meu
relacionamento com Deus.
Significa: que tenho uma missão dada por Deus para com tudo e todos
que cruzarem o meu caminho.
Qual o retrato da sociedade atual - individualistas e egoístas. Cada um
deseja levar vantagem e satisfazer os seus próprios interesses. Tudo gira
em torno de lucro e vantagens pessoais.
Entretanto, é notável constatar que, nessa sociedade em que tudo se faz
por dinheiro que visam apenas interesses pessoais, muitas pessoas
estejam vivendo a gratificante experiência de trabalhar voluntariamente,
movidas apenas pelo desejo de serem úteis a outras pessoas.
Louvado seja Deus, porque, em nossa Igreja, há muitos que têm se doado
dessa maneira.
O evangelho que professamos e pregamos nos impulsiona a uma vida
solidária e participativa. Devemos evangelizar, mas, também servir à
comunidade da qual fazemos parte. A felicidade está em viver
solidariamente, doando-se e buscando a felicidade dos outros. Os
cristãos macedônios se mostraram extremamente solidários: “porque, no
meio de muita prova de tribulação, manifestaram abundância de alegria,
e a profunda pobreza deles superabundou em grande riqueza da sua
generosidade. Porque eles, testemunho eu, na medida de suas posses e
mesmo acima delas, se mostraram voluntários” (vv.2,3).
Conforme definição da ONU, “voluntário é toda pessoa que, devido ao
seu interesse pessoal, dedica parte de seu tempo, sem remuneração
alguma, a diversas formas de atividades, organizadas ou não, de bem
estar social ou em outros campos”, como por
exemplo: saúde, assistência social (crianças, idosos, populações
carentes e portadores de necessidades especiais),
educação, ecologia, cultura e artes, cidadania (educação comunitária,
defesa de direitos, combate à criminalidade, segurança, etc.). O
presidente FHC sancionou em 18/02/1998, a Lei no 9.608, que dispõe
sobre o serviço voluntário.

O trabalho voluntário tem uma base essencialmente bíblica, como


veremos, sobretudo, no ensino e na prática de Jesus. Vejamos:

1. O serviço voluntário é motivado pela identificação com as


necessidades à volta
O texto lido fala da campanha promovida por Paulo, entre as igrejas da
Macedônia, para socorrer os cristãos pobres de Jerusalém, que estavam
passando por grandes necessidades.
Ao serem informados da precária situação dos irmãos de Jerusalém, os
macedônios pediram a Paulo, “com muitos rogos, a graça de participarem
da assistência aos santos” (v.4). Eles se identificaram com o problema.

A disposição para o voluntariado nasce quando somos despertados para


as necessidades existentes à nossa volta, identificando-nos com elas.
Enquanto não enxergarmos os problemas, ou fingirmos que eles não
existem, não teremos disposição para participar da assistência aos
necessitados.

Também, enquanto não compreendermos que a precariedade que


envolve a tantas pessoas, nem sempre é culpa delas, mas de políticas
injustas que perpetuam a desigualdade, não teremos motivação para agir;
pelo contrário, permaneceremos escudados atrás de argumentos, nem
sempre éticos ou cristãos, usados para tentar justificar nossa omissão.

As necessidades da comunidade em que vivemos precisam ser


identificadas. O interesse pelos problemas e necessidades da
comunidade é o ponto de partida para o serviço voluntário.

2. O serviço voluntário deve ser visto como um privilégio


Falando aos presbíteros de Éfeso, o apóstolo Paulo declarou: “Tenho-vos
mostrado em tudo que, trabalhando assim, é mister socorrer os
necessitados e recordar as palavras do próprio Senhor Jesus: Mais bem-
aventurado é dar que receber” (At 20.35).
Poder atuar como voluntário para ajudar a comunidade é um privilégio,
uma graça, como observa Paulo nos versículos 3 e 4: “na medida de suas
posses e mesmo acima delas, se mostraram voluntários, pedindo-nos,
com muitos rogos, a graça de participarem da assistência aos santos”.

As pessoas que exercem o voluntariado junto a suas comunidades são


pessoas desprendidas e felizes; sentem-se agraciadas e gratificadas pelo
privilégio de poder servir. Colocar a serviço da comunidade, de forma
voluntária, os nossos dons e capacidades e, em alguns casos, até mesmo
recursos materiais, é um privilégio que deve ser valorizado, uma graça a
ser buscada.

3. O serviço voluntário se traduz em ações concretas


As pessoas envolvidas com o voluntariado são pessoas que fazem. Há
muitos que só falam, mas não movem uma palha. Nos anos de eleição é
comum aparecer pessoas que nunca se envolvem em nenhum trabalho
em favor da comunidade, mas buscam nossos votos para nos
representar. Gente assim não pode ser levada à sério.

Em II Coríntios 8.11, Paulo afirma: “Completai, agora, a obra começada,


para que, assim como revelastes prontidão no querer, assim a leveis a
termo, segundo as vossas posses”. Cada um pode oferecer, segundo sua
capacidade e possibilidade, algum tipo de trabalho voluntário na
comunidade. Instituições filantrópicas, associações, comissões e
conselhos municipais, escolas, hospitais, creches, asilos, e
principalmente as igrejas, sempre têm como absorver o trabalho
voluntário de pessoas que realmente querem ser úteis à sua comunidade.

Através do voluntariado, os cristãos têm uma grande oportunidade para


dar o seu testemunho (Mt 5.16).

4. O serviço voluntário deve ser uma expressão da nossa


consagração a Deus
Para o cristão, o desafio ao voluntariado deve ter um peso ainda maior,
pois, segundo Paulo, fomos “criados em Cristo Jesus para boas obras, as
quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas” (Ef 2.10).
Todo o trabalho que realizamos deve ser uma expressão da nossa
consagração a Deus. É significativa a observação feita por Paulo em
relação aos macedônios: “deram-se a si mesmos primeiro ao Senhor,
depois a nós, pela vontade de Deus” (v.5).
Pessoas verdadeiramente consagradas a Deus têm prazer em servir ao
próximo, abraçando causas nobres e doando-se. O exemplo de Cristo,
apresentado por Paulo em Filipenses 2.5-11, deve nos inspirar a uma vida
de serviço, pois, ele “a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de
servo”.

Do verdadeiro cristão, espera-se o amor a Deus sobre todas as coisas e


ao próximo, como a si mesmo (Mt 22.37-39).

Você também pode gostar