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Queridos irmãos, vamos meditar nesse momento sobre Oração, Fraternidade

e Evangelização, os pilares que constituem aquilo que queremos viver como Aliança
de misericórdia nos nossos grupos.

1. ORAÇÃO - VIDA DE INTIMIDADE COM CRISTO JESUS

A oração consiste em um profundo diálogo com Deus, é um bem incomparável,


porque nos põe em comunhão íntima com Deus. Assim como os olhos do corpo são
iluminados quando recebem a luz, a alma que se eleva para Deus é iluminada por
sua luz inefável. Falo da oração que não é só uma atitude exterior, mas que provém
do coração e não se limita a ocasiões ou horas determinadas, prolongando-se dia e
noite, sem interrupção.

A oração é a luz da alma, o verdadeiro conhecimento de Deus, a mediadora


entre Deus e os homens, Pela oração à alma se eleva até aos céus e une-se ao
Senhor num abraço inefável; como uma criança que, chorando, chama sua mãe, a
alma deseja o leite divino, exprime seus próprios desejos e recebe dons superiores a
tudo que é natural e visível. É a venerável mensageira que nos leva à presença de
Deus, alegra a alma e tranquiliza o coração. Não penses que essa oração se reduz a
palavras. Ela é desejo de Deus, amor inexprimível que não provêm dos homens, mas
é efeito da graça divina, como diz o Apóstolo: Nós não sabemos o que devemos pedir,
nem como pedir; é o próprio Espírito que intercede em nosso favor, com gemidos
inefáveis (Rm 8, 26).

Ela só existe quando tenho ou procuro ter um relacionamento íntimo e pessoal


com Deus. Isso acontece quando acredito que Ele me ama sempre, que Ele é maior
do que o meu sofrimento e o meu pecado, que Ele me quer ver feliz e que está
comprometido com a realidade que me atinge e me cerca. Esse relacionamento
confiante e filial me faz ir além de minhas preocupações, de meus interesses, de
minhas fraquezas e de meus projetos. Numa palavra, a minha vida se transforma em
oração quando faço a descoberta de São João: “Nós conhecemos o amor de Deus e
nele acreditamos” e de São Paulo: “Tudo concorre para o bem dos que amam a
Deus.”

Com efeito, não devemos orientar o pensamento para Deus apenas quando
nos aplicamos à oração; também no meio das mais variadas tarefas – como o cuidado
dos pobres, as obras úteis de misericórdia ou quaisquer outros serviços do próximo –
é preciso conservar sempre vivos o desejo da lembrança de Deus. E assim, todas as
nossas obras, temperadas com sal do amor de Deus, se tornarão um alimento
dulcíssimo para o Senhor do universo. Podemos, entretanto, gozar continuamente em
nossa vida do bem que resulta da oração, se lhe dedicarmos todo o tempo que nos
for possível.

Algumas perguntas podem nos ajudar a refletir sobre como temos vivido esse
primeiro alicerce do nosso Carisma:

- O que entendemos por oração?

- Como está a nossa vida de oração?

- Porque este é o primeiro ponto do nosso carisma?

- Onde temos falhado, como podemos ser melhores?

Explicar que aqui não estamos falando especificamente da nossa vida de


oração que consiste em rezar o terço ou orações prontas, leituras, estaremos tratando
aqui da oração, diálogo com Jesus, a intimidade que só temos quando paramos para
estar com Jesus, para ouvi-lo, para sermos verdadeiros com Ele.

2. FRATERNIDADE

O significado de Fraternidade é um termo oriundo do latim frater, que significa


"irmão". Por esse motivo, fraternidade significa parentesco entre irmãos, irmandade,
união, afeto entre irmãos.
Com isso queremos aqui meditar somente e especialmente a vida de amor
entre os irmãos. Sem isso, o grupo não consegue viver autenticamente seu chamado
de comunidade de aliança.

DESENVOLVIMENTO CANÔNICO

(A VIDA FRATERNA EM COMUNIDADE «Congregavit nos in unum Christi amor »)

O Código de Direito Canônico (1983) concretiza e precisa as disposições


conciliares relativas à vida comunitária.

Quando se fala de «vida comum», é preciso distinguir claramente dois


aspectos. Enquanto o Código de 1917 poderia dar a impressão de ter se concentrado
sobre elementos externos e sobre a uniformidade do estilo de vida, o Vaticano II e o
novo Código insistem explicitamente sobre a dimensão espiritual e sobre o laço de
fraternidade que deve unir na caridade todos os membros. O novo Código fez a
síntese desses dois aspectos falando de «levar vida fraterna em comum».

Podem-se distinguir, pois, na vida comunitária dois elementos de união e de


unidade entre os membros:

— Um mais espiritual: é a «fraternidade» ou «comunhão fraterna» que parte dos


corações animados pela caridade. Sublinha a «comunhão de vida» e o
relacionamento interpessoal.

— O outro mais visível: é a vida em comum ou «vida de comunidade» que consiste


no «habitar na própria casa religiosa legitimamente constituída» e no «levar vida
comum» através da fidelidade às mesmas normas, da participação aos atos comuns,
da colaboração nos serviços comuns.

Tudo isso é vivido «segundo um estilo próprio» nas várias comunidades, de


acordo com o carisma e o direito próprio do instituto. Daí a importância do direito
próprio que deve aplicar à vida comunitária o patrimônio de cada instituto e os meios
para realizá-lo. É claro que a «vida fraterna» não será automaticamente realizada pela
observância das normas que regulam a vida comum; mas é evidente que a vida em
comum tem a finalidade de favorecer intensamente a vida fraterna.
Irmãos, essa última frase, “mas é evidente que a vida em comum tem a
finalidade de favorecer intensamente a vida fraterna”.

Na vida em comum, os pontos iguais, objetivos iguais, tendo o mesmo


chamado, isso quer dizer os nossos compromissos diante da comunidade, nossa
resposta a Deus, nossos vínculos a Deus por meio do carisma, são vidas em comum,
buscando a mesma coisa. Tudo isso precisa ser combustível, precisa ser alimento,
precisa favorecer nossa vida fraterna, se somos tão parecidos em nosso chamado
isso deve ser o ponto que nos une e nunca o que nos separa.

O amor recíproco será a tônica constante deles como Missionários de Aliança.


Acima de tudo serão obedientes ao mandamento de Cristo: “Nisto reconhecerão
todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns pelos outros” (Jo 13,35).
(Parágrafo 157 do Estatuto da família aliança de misericórdia).

Nos nossos estatutos além do FOPE que somos chamados a viver, para uma
vida mais santa, mais profunda, com intimidade com Deus, nos pede a radicalidade
também na vivência fraterna, no amor mútuo. Sem isso perde-se a essência da
oração, do porquê evangelizamos, nosso maior testemunho é se amar e todos verem
isso.

Nossa maior evangelização é nos amar, e vermos Cristo em nosso meio,


como nas primeiras comunidades depois da vinda do Espírito Santo.

A experiência de Emaús, do Ressuscitado que caminha conosco, deve ser a


força que move a experiência de comunhão entre todos os membros do movimento.
Todos os dias podemos “fazer o Paraíso entre nós”, “entrar no Seu repouso”,
experimentar uma “alegria gloriosa, indizível” (1Pd 1,8) se juntos caminharmos com
Ele, no meio de nós, pelo amor que nos une. O Senhor nos convida constantemente
a guardar a concórdia uns com os outros, de sorte que não haja divisões entre nós, e
que sejamos estreitamente unidos no mesmo espírito e no mesmo modo de pensar
(cf. 1Cor 1,10). (Parágrafo 71 do Estatuto da família aliança de misericórdia).

Estreitamente unidos, nos lembramos da passagem da porta estreita que nos


leva ao céu, esse caminho que o Pai nos chama é para a santidade, una se ao seu
irmão e vai experimentar a alegria que vem de Deus. Terminamos essa meditação
com o parágrafo abaixo, somos responsáveis uns pelos outros, responsáveis por essa
família, responsável pela nossa comunhão e unidade no amor misericordioso que nos
une.

Cada um de nós está igualmente consciente de que o “desabrochar” do irmão


foi confiado a ele e que a “vida” do irmão foi colocada em suas mãos: “pedirei conta
da vida do homem ao homem e a cada um do seu irmão” (Gn 9,5). Os laços de
comunhão entre os membros da Aliança de Misericórdia hão de ser tecidos desta
humildade comunional, desta recíproca entrega, desta certeza confiante.

(Parágrafo 62 do Estatuto da família aliança de misericórdia).

3. EVANGELIZAÇÃO

“A Aliança de Misericórdia nasceu para Evangelizar”: Pe Henrique

Num dos primeiros encontros com Dom Gil Antônio Moreira, na época Bispo
Auxiliar de São Paulo, nosso pai espiritual, ele, após nos ter escutado, sintetizou o
nosso carisma com estas palavras: “Evangelizar para transformar”, e acrescentou:
“evangelizar para transformar cada evangelizado em evangelizador”. Este é o
nosso desafio. A Misericórdia do Senhor, que é parte constitutiva do nosso anúncio,
é realmente capaz de transformar “os maiores pecadores nos maiores santos” e em
testemunhas vivas do Amor de Deus que transforma.
A evangelização é autêntica se é transformadora, se gera uma novidade
concreta na vida das pessoas e na sociedade. Os homens precisam “ver Jesus” (cf.
Jo 12,21) e cabe a nós mostrá-lo na sua missão que continua em nós: “O Espírito do
Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou pela unção para evangelizar os
pobres; enviou-me para proclamar a libertação aos presos e aos cegos a recuperação
da vista, para restituir a liberdade aos oprimidos e para proclamar um ano de graça
do Senhor” (Lc 4,18-19). Não basta – diziam os mentores da Revolução Comunista
Chinesa – dar o peixe aos famintos, precisa ensinar a pescar! Não basta ensinar a
pescar, é necessário ensinar depois a partilhar o peixe com os outros e partilhar o
conhecimento adquirido. Precisamos transformar os evangelizados e
evangelizadores, os que obtiveram Misericórdia em pessoas misericordiosas,
instrumentos da Paz e da Misericórdia do Senhor para os outros!
Evangelizar é uma questão vital para nós! A Aliança de Misericórdia nasceu
para evangelizar! Evangelizar é questão de vida ou de morte para o mundo!
Anexamos uma breve meditação para que os membros dos nossos grupos e
fraternidades mantenham sempre viva a chama da evangelização. Ai de mim se não
evangelizar! Aí fora o mundo espera... Você está pronto para o combate? “Ai de mim,
se eu não anunciar o evangelho!” (1Cor 9,16). “Tu me seduziste, Iahweh, e eu me
deixei seduzir... então isto era em meu coração como fogo devorador, encerrado em
meus ossos. Esgotei-me em refreá-lo e não consegui!” (Jr 20,7-9). Quem se
apaixonou por Jesus, não pode mais, de forma alguma, ficar tranquilo. A alma
permanece numa juventude eterna e deseja "oportuna e inoportunamente" que outros
fiquem envolvidos nesta roda de amor. Como a namorada do Cântico dos Cânticos,
estamos “enfermos de amor” (cf. Ct 5,8). Quem nos separará do amor de Cristo?
Verdadeiramente, evangelizar se tornou hoje uma "questão de vida ou de
morte". Quem não encontra o amor de Deus permanece naquele frio, onde somente
há "choro e ranger de dentes". Todo homem, na sua íntima e existencial estrutura, é
puramente como "dois braços abertos” para o abraço dos que vacilam na escuridão
e buscam, às apalpadelas, o amado. Infelizmente, às vezes, o abraço se aperta
naquilo ou naquele que não é o "amado" e, assim, meninos e meninas, jovens, se
entregam à droga, abraçam a bebida, a desordem sexual, dão um abraço na própria
morte, apertam ao coração a própria destruição, gastam todas as suas jovens
energias afetivas em um abraço que destrói, porque não encontram quem
verdadeiramente eles querem amar.
Aqui está a esperteza de satanás: ele, o pai da mentira, quer ser o "amado",
ele que se tornou odioso e aborrecido, mascara-se como sendo Deus e engana para
"roubar o amor". Missão é fazer com que todo aquele que busca encontre o que
busca; fazer com que "os dois braços abertos", que cada homem tem dentro de si,
possam se encontrar com o amor, com a vida; possa apertar a Deus, e a afetividade
humana, enfim, possa ficar intimamente saciado. “Como poderiam crer naquele que
não ouviram? E como poderiam ouvir sem pregador? E como podem pregar se não
forem enviados? Conforme está escrito: ``Quão maravilhosos os pés dos que
anunciam boas notícias”. (Rm 10,14 b-15)
Quem encontrou Jesus, já vive numa outra dimensão, tudo é o mesmo e tudo
é diferente, o amor que ele sente fluir de si, a fonte de amor na qual ele se perde, faz-
lhe experimentar "céus novos e terras novas". Nada é impossível, a tristeza
desaparece totalmente, somente fica um desejo sem fim de atrair outros neste jogo
de amor. A missão está inscrita no sangue de quem experimentou o amor de Deus:
missão é um fogo devorador – “esgotei-me em refreá-lo e não consegui!” (Jr 20,9).
Até que nós, "tochas viventes", fiquemos possuídos pelo Espírito Santo, então, nada
e ninguém poderão nos apagar: pequenas tochas, capazes de derreter as crostas de
gelo que dividem o mundo em duas partes, pequenas inextinguíveis tochas, capazes
de mergulhar-nos no “mar do mal” e secá-lo!
Não conheceremos a palavra "derrota", porque aquilo que é derrota aos olhos
dos homens é "vitória" no céu. Com Ele já temos vencido. Não conheceremos a
palavra "desânimo", pois ela pertence ao diabo. O Espírito do Senhor será a nossa
força. "Eis o meu servo que eu sustento, o meu eleito, em quem tenho prazer. Pus
sobre ele o meu espírito... Não desanimará nem desfalecerá até que não tenha
estabelecido a verdadeira religião sobre a terra" (Is 42,1-4). Não fiquemos subjugados
ao visível dogma do "não é possível", porque tudo é possível para quem acredita:
“então Jesus lhe disse: Se tu podes!... Tudo é possível àquele que crê!” (Mc 9,23).
Constantemente teremos em nosso coração as palavras que o Senhor falou
para o seu Servo Josué, como se fossem faladas para nós hoje: “Ninguém te poderá
resistir durante toda a tua vida; assim como estive com Moisés, estarei contigo:
jamais te abandonarei, nem te desampararei. Sê firme e corajoso, porque farás este
povo herdar a terra que a seus pais jurei dar-lhes. Tão-somente sê de fato firme e
corajoso” (Js 1,5-7a).
Não existe nenhuma experiência mais gratificante do que ajudar uma pessoa
a se encontrar com Deus, a descobrir a fonte do calor e do amor. Verdadeiramente,
vale a pena dar a vida para arrancar da boca da morte tantas pessoas inocentes, que
desnorteadas buscam a Deus onde Ele não está. Todo jovem que se perde nos
barzinhos, toda moça que vende seu corpo sem saber o que faz todo rapaz que quer
experimentar as aventuras mais loucas, sem rumo algum, todo homem escravo do
espiritismo, no fundo, buscam a Deus. Existe uma brecha que impede a alma inquieta
de encontrar a Deus. Missionário é aquele que se joga na brecha para cobrir a
distância e fazer com que aquele que anda no deserto, sedento de amor, se
encontre com o "oásis" do amor. Quando o Deus loucamente apaixonado se
encontra com o homem desesperadamente sedento de amor, então o sentido do
universo, da criação inteira, da redenção, cumpre-se e isso pode ser obra da missão.
Missão: vida da nossa vida, fogo do nosso amor, energia do nosso ser, única
resposta digna ao Amor feito pessoa que nos conquistou e encantou. “Anunciar
o evangelho não é título de glória para mim; é, antes, necessidade que se me impõe.
Ai de mim, se eu não anunciar o evangelho! “(1Cor 9,16).
Conquistados pelo amor, constantemente alimentados com a paz e a felicidade
que nascem do amor, experimentando, momento após momento, a silenciosa e
gratificante intimidade com Deus, fica apenas o dever de tornar-nos anunciadores
desta grande alegria: “nasceu-vos hoje um Salvador, que é o Cristo-Senhor, na cidade
de Davi” (Lc 2,11).

Os seis mandamentos do Evangelizador

● O sorriso sempre brilha no seu rosto, como sinal de que Jesus está vivo no seu
coração. Se você perder a serenidade, retire-se imediatamente numa capela
ou numa Igreja ou onde puder, e saia somente quando a paz voltar ao seu
coração através da oração.
● Acredite firmemente na potência de Deus conquistando os corações e nunca
duvide que o Bem, enfim, triunfará sobre o Mal.
● Acredite firmemente que qualquer pessoa pode mudar e, nunca pense: “Este
cara não presta! ”. Você não conhece os tempos e os projetos de Deus e...
Lembre-se também de como você era no começo de sua caminhada.
● Ame, ame, ame! “Não basta amar, precisa amar até doer! ” Acredite
firmemente na potência do amor que derrete os corações. Ninguém resiste ao
amor! Não perca ocasião para ficar com as pessoas. Silenciosamente e
frequentemente repita no seu coração: “Eu te amo Senhor!”, “Só por ti Jesus!
”, “Eu estou disposto a morrer por ti Jesus!”.
● Procure sentir que você ama os outros irmãos evangelizadores de coração
aberto e acredite firmemente no trabalho em equipe: nunca deixe sair sua
carência isolando-se e ficando sozinho.
● Coloque as situações difíceis e perigosas no coração de Maria, nossa Mãe
querida e terna e "não perturbe mais o seu coração”. Acredite firmemente que
ela esmagará a serpente do mal e irá resolver todo problema.

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Perguntas para reflexão:
✔ Como me vejo como evangelizador?
✔ Para que Deus me chamou?
✔ O que posso oferecer para a conversão do mundo?
✔ Quais os meus sonhos de evangelização? Quais as experiências que já
vivemos através da evangelização? Como está a evangelização na minha
cidade?

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