Você está na página 1de 13

CHAMADOS AO CARISMA

“Vem, e segue-me” (Mt 19, 21)

O objetivo dessa formação é compreender a que Deus nos chama e adentrar


ainda mais no mistério ao qual somos chamados por Deus. E então por sentir esse
amor, dar um passo saindo da nossa mornidão e renovando nosso SIM a Deus por
meio do carisma da Misericórdia.

Hoje em dia pensar em chamado a um carisma é um tema que está adormecido


em nossa sociedade. Isso acontece porque há uma tendência maior de olhar mais para
fora de si do que para dentro. E o carisma é algo escondido no profundo do nosso ser,
diz respeito a nossa própria existência, a nossa própria identidade. Podemos dizer que
o carisma está em cada um como um mistério a ser decifrado.

Cada pessoa no decorrer da vida tende a trilhar um caminho que ajude a


decifrar o mistério contido em si mesmo e aí descobrir o carisma pelo qual é chamado
a servir a Deus. O seu carisma define sua forma de ser e agir, que é único e
irrepetível. “O homem é ontologicamente mistério… a vocação é um modo de
aceitar essa realidade tentando corresponder a ela, como pode ser o ingresso no
Mistério, um dar espaço para Deus na própria vida a fim de que o próprio mistério
pessoal se torne decifrável. (…) A vocação, entendida segundo a doutrina cristã
é, ao mesmo tempo, revelação e dilatação do próprio mistério.” (1)

Alguns de nós muitas vezes pensamos que carisma é algo restrito a outra
pessoa, ou que está ligado ao que a pessoa faz, “porque fulano prega bem, canta ou
dança etc”. Na verdade, o carisma não está ligado ao que a pessoa faz, mas ao que a
pessoa é. O carisma é um chamado especial e único que Deus coloca em nós desde o
momento em que nos dá vida, por isso podemos dizer que o carisma faz parte da
nossa vida. Cada um de nós traz em si, na sua essência mais profunda, um carisma
que dá sentido a nossa existência, um chamado a ser de determinado modo e de
realizar algo, isso é carisma. A vocação de ser chamado à liberdade.
O carisma nos toca no modo (forma) como devemos viver nossa vida cristã. O
carisma é o caminho que Deus quis nos presentear para estarmos ainda mais perto
d’Ele. Todos nós somos convidados a descobrir o carisma pelo qual somos chamados,
alguns de nós já casados e sentimos falta de algo, nesse caso o carisma (carimbo) que
todos nós temos, outros que ainda estão discernindo seu estado de vida para então
assumir seu “lugar” nesta missão, pode haver também no meio de nós consagrados
celibatários, e isso só é possível discernir com um caminho claro do carisma e
intimidade com Deus e posteriormente na direção espiritual junto com um caminho
vocacional específico. Muitos de nós ouvimos falar de carisma já depois de adultos e
às vezes ainda nem entendemos direito. Aqueles que ainda são jovens, não tem seu
estado de vida definido (se casa ou compra bicicleta), é aconselhável que primeiro
busque se encontrar dentro do carisma, entendendo a sua identidade e depois junto
com um diretor espiritual possa discernir a sua vocação de estado de vida (matrimônio,
celibato e etc).

VOCÊ É ÚNICO PARA DEUS NESTE CARISMA

Importante entender que o carisma atinge ainda de modo mais profundo a vida
de cada um de nós. Deus quer fazer de cada filho seu uma obra de arte e obra de arte
é coisa única. A partir do momento em que nós descobrimos nosso carisma, o nosso
lugar e a maneira com que Deus nos quer, dentro deste chamado específico
encontraremos um chamado mais profundo que revela algo de muito pessoal sobre
como esse carisma deve ser e agir na sua própria vocação, ou seja, cada um de nós
teremos um chamado específico dentro desta realidade, algo de único e irrepetível;
também um leigo consagrado seja no matrimônio ou no celibato terá um chamado
pessoal específico na vivência da sua consagração que só ele poderá realizar; o
mesmo se dá para o religioso ou sacerdote. Por isso precisamos entender que o
carisma não está relacionado unicamente a um grupo de pessoas, pois carisma é
individual. Exemplo disso é se numa cidade não se tem uma comunidade de aliança
(um grupo propriamente dito, com as estruturas, com coordenações e etc), mas tem
uma pessoa vocacionada ao carisma da aliança de misericórdia, tem um missionário
de

aliança naquela cidade, significa que o carisma existe na cidade, e que aquele
missionário de aliança é responsável por propagar o carisma sendo expressão viva da
misericórdia. Ou seja, o carisma é individual, de dentro da fora, não depende daquilo
que faço e sim daquilo que eu sou. Essência.

É comum chamarmos esse chamado mais profundo e específico, que existe no


carisma de cada pessoa, de missão pessoal, ou seja, ninguém poderá fazer no nosso
lugar. É um chamado que Deus faz a cada um na particularidade da sua vida mesmo
dentro de uma comunidade ou de um carisma. A realização da missão pessoal
acontece no dia-a-dia nas decisões, na história, no trabalho etc. É, portanto
importantíssimo que cada pessoa descubra o ponto irrepetível que Deus colocou em
sua vida, algo que já está presente dentro de si e é revelado pelas circunstâncias,
pelos sinais que o próprio Deus a cada um de nós, por isso é bom que vivamos
intensamente e busquemos uma escuta ativa da voz d’Ele, para não fugirmos da nossa
própria identidade que nos foi dada.

Além de ser único para cada pessoa o carisma é capaz de dar sentido à nossa
vida, significa que a realização plena de cada um e a nossa felicidade dependem da
vivência deste carisma na vocação que somos chamados.

E SE EU NÃO VIVER O MEU CARISMA?

Muitas vezes encontramos pessoas que vivem frustradas, sem sentido, sem
realização porque se deixaram levar pela vida e não chegaram a fazer essa descoberta
do próprio carisma. Alguns até fizeram, mas pararam aí sem chegar a aprofundar a
descoberta para encontrar o seu chamado único e irrepetível, o que também gera
frustração e desilusão. A realização plena verdadeira é aquela que coincide com o
projeto de Deus para a nossa vida, pois só assim podemos compreender e dar o
melhor de nós mesmos, e assim alcançar o grau de santidade que Ele mesmo sonhou
para nós.
Descobrir o próprio carisma implica em viver o seu mistério de modo
autêntico. “O mistério de cada pessoa é concomitantemente aberto ao infinito e
encarnado no tempo e no espaço por meio de formas e limites que a história
original de cada indivíduo contribui para traçar e fixar”. (2)

Viver o mistério de modo autêntico é, na verdade, decifrá-lo no decorrer do


progresso da própria vida, a partir dos pontos fundamentais da nossa história de forma
a aceitar o carisma ao qual somos chamados. Quem não sabe se abrir para o mistério
contido em si, fecha-se também para algo que proporciona o conhecimento pleno de si
(das suas aspirações e vulnerabilidades) e da própria vocação.

Para descobrir o próprio carisma, nos é preciso trilhar um caminho de


discernimento. Precisamos entender que carisma não se dá por acaso na vida de
alguém e também não é uma escolha aleatória que se faz diante de várias alternativas,
mas está escrita no coração de cada pessoa desde o momento no qual Deus a criou.
Por isso para encontrar o próprio carisma é preciso cavar dentro da própria história e ir
descobrindo o fio que liga os fatos da nossa vida, as intervenções e manifestações de
Deus que apontam para algo específico. É reconhecer, dentro da própria história, o
projeto de Deus que lhe chama para uma missão onde estamos, nesse tempo, nessa
cidade, nessa missão.

Significa ler o Mistério do amor de Deus dentro do mistério da própria existência.


Mas para isso é preciso identificar as formas pelas quais o mistério pessoal se serve
para revelar-se. Nossa vida está repleta de sinais e de símbolos que nos introduzem no
mistério de nós mesmos, ou que apontam para ele. O mistério está sempre dentro de
nós e se torna perceptível de vários modos: nos atos informais, como um jogo, um
momento de descontração, a forma de rir etc; nos momentos em que nos deparamos
com a dor, o sofrimento, a perda, o luto que podem despertar atitudes de fuga,
resignação, distância, luta aceitação etc; também nos momentos de solidão e no modo
de vivermos a intimidade e a relação conosco e com os outros; e principalmente nos
critérios que cada um de nós estabelecemos para nossa satisfação ou insatisfação,
aquilo que nos torna felizes ou infelizes. Há também uma atitude existencial muito
significativa que ajuda a revelar o mistério do próprio eu: deixar entrar aquela pergunta
que habita e ressoa no nosso íntimo, mas que nem sempre sabemos formular do modo
correto. Identificar essa pergunta, que cada um traz dentro de si significa entender o
porquê de certo caminho ou de certa busca. Ela revela o que realmente o coração
anseia. Diante disso num processo de descoberta do carisma é muito importante nos
questionar, sabendo fazer as perguntas certas e dando a elas uma relação de
continuidade, formando uma cadeia de interrogações que conduzam a raiz daquilo que
se está procurando. Saber isso é fundamental para o encontro com a missão pessoal
que nos é dada pelo Carisma ao qual Deus nos chama. Essa é a primeira pergunta que
devemos responder a Deus quando começamos a buscar a nossa vocação: O que
procuramos? Foi à pergunta de Jesus para André e Felipe que o seguiam: “O que
procurais”, e eles responderam “Rabi, onde moras?”.

DESCOBRINDO O MEU CARISMA

A descoberta do carisma é um trabalho de construção de nós mesmos, da nossa


própria identidade. Um trabalho que exige atenção escuta paciência, docilidade para
acolher a palavra de Deus, sensibilidade e também a ajuda de um orientador ou diretor
espiritual. O orientador é quem ensina distinguir a voz de Deus e também a responder
ao chamado que Ele faz, assim como foi a ajuda de Heli para Samuel (cf Sm 3, 3-19).

Neste processo, para ouvir o chamado é preciso estar atento como Samuel que
repousava junto à arca. Faz-se necessário estar na presença de Deus, o que acontece
por uma vida de oração fecunda. Também é preciso desejar acolher a vontade de Deus
para poder ouvi-lo. “Fala, Senhor, que teu servo escuta”. (I Sam 3, 9b)

O chamado a um carisma é entendido e decifrado a partir de uma “experiência


pessoal com Deus”. Nessa experiência Ele revela o seu projeto para nós, assim como
fez com Moisés (cf Ex 3; 4) e Pedro (Jo 21,15-19). Para atender a esse chamado é
preciso tirar as sandálias, ou seja, se despir dos próprios medos, incertezas,
preconceitos, inseguranças e também da vontade de querer controlar e conduzir a
própria vida por si mesmo. É preciso despir-se da lógica humana para entender as
coisas de Deus pela sabedoria do Espírito.

Por isso não adianta eu dizer que tenho um carisma, que amo meu carisma, que
já o descobri, que sou aliança e misericórdia se eu não vivo diariamente uma
experiência pessoal com Deus. Assumir um carisma para nossa vida precisa ser
consequência da nossa vida de intimidade com Deus. É algo a mais, é ir além, é
desejar avançar ara aguas mais profundas. Diante de um chamado tão grande desses
é natural ter dúvidas, não querer assumir compromissos, medo das consequências e
tentar fugir. Moisés também passou por isso, isso é natural porque somos humanos e o
carisma é sobrenatural. É à força da experiência de Deus que nos dá coragem para
vencer o medo e responder. Se formos à Palavra veremos que Pedro também teve
medo das consequências de seguir Jesus e por isso O negou três vezes (Jo 18,17. 25-
26), mas depois da experiência do olhar de Jesus entendeu o Seu amor e, então, deu
sua resposta assumindo sua missão pessoal, sua vocação. (Jo 21, 15-19).

O carisma nos é dado como presente, como caminho para vivermos melhor
nossa missão pessoal aqui na terra onde somos estrangeiros, enquanto caminhamos
para nossa morada (céu). A nossa adesão ao carisma é o resultado de autêntica
gratidão, não é uma iniciativa nossa, mas de Deus.

Todos nós que estamos aqui no mesmo coração, desejamos por entender, sentir
e viver esse carisma, para isso precisamos romper com os limites que a sociedade
coloca em nós, romper com os nossos próprios pensamentos de termos sempre de
acertar senão, não posso viver esse carisma, romper com a ideia “orgulhosa” de que
estou aqui por ser melhor que o outro, não há outra forma de viver bem o carisma se
não nos lançarmos nesse amor que é Jesus que coloca no nosso coração. Jesus
caminha conosco, ele nos pede uma resposta não exigindo, mas por um gesto de amor
por nós, Ele não nos força a nada, muito pelo contrário, não toca nossa liberdade, nos
deixa livres para viver o carisma que implantou em nós.
Infelizmente perdemos tempo demais nos nossos próprios pensamentos,
deixamos de viver o momento presente e acabamos por não fazer nada, seja por medo
de errar, seja por medo de não dar conta, sempre colocamos barreiras para não viver o
momento presente que tem feito a nossa vida. Não assumimos compromissos, por
consequência não assumimos a vida dos irmãos e a Palavra de Deus não chega às
pessoas e aos lugares que Deus nos pede. É um ato de humildade vivermos o
momento presente confiando no amor de Deus que nos chama nesse carisma, nos
abandonar n’Ele para que tudo seja realizado por Ele em nós e através de nós, para
assim sermos instrumentos na vida dos irmãos. Perdemos tempo achando que não
temos dons, que não cantamos bem, não sabemos pregar para várias pessoas, ao
contrário devemos nos deixar levar pela voz de Deus que se nos pede de varrermos o
chão faremos isso com Alegria crendo que isso nos leva a Santidade.

Em um diálogo com Jesus, Santa Faustina diz que se sente fraca, que não dá
conta, que se sente menor que as outras irmãs, Jesus prontamente a responde logo
após a comunhão confirmando que de fato ela é sim a mais fraca, porém que ela
fizesse o possível para que Deus fizesse o impossível e entanto Jesus diz a ela: “Não
tenhas medo, Eu mesmo completarei tudo que te falta” (3)

Somos chamados a sermos verdadeiros, mesmo na nossa fraqueza. Queremos


amar mais a Deus, mas somos fracos, então recomeçamos sempre que paramos,
porque o que vale para Deus não é a quantidade, mas a sinceridade de coração.
Demos ter um coração apaixonado por Jesus. Isso na nossa vida concreta. Nem por
isso vivermos relaxados pelo fato de Jesus ser misericórdia, mas nos esforçarmos cada
dia na vida diária e concreta a amar mais ainda a Jesus. Nós precisamos assumir a
vida com que Deus nos forma através da sua palavra, porque somos um povo de
memória curta e essa é a hora onde o inimigo nos rouba da experiência de amor nesse
carisma, aqui se faz importante, por exemplo, o exercício do diário espiritual que
Padre Henrique indica não como um diário onde se escreve todos os dias, mas um
diário onde se coloca estacas da vida espiritual, experiências fortes com a palavra, com
os irmãos, na missão e assim por diante, porque num momento de crise, voltamos ao
diário e lembramos onde foi que Deus falou conosco, porque as vezes perdemos todas
as experiências e ficamos áridos, mas a experiência de voltar e rever nos devolve o
ânimo por que pela memória voltamos onde Deus fala conosco com força. Partilhar
também entre nós é um caminho que edifica a todos, porque às vezes um irmão se
sente longe de Deus e vê na nossa experiência que Deus não abandona e temos de
caminhar pela fé de que já estamos sendo. “Na noite de Páscoa contei para as
crianças que um dos filhos da Aliança foi encontrado as 02hr da manhã limpando os
banheiros da casa de Jacareí, quando foi surpreendido disse: eu nasci de novo (porque
tinha chego na casa, três dias antes do episódio, praticamente acabado fisicamente e
se recuperou) e então no dia que limpava os banheiros dizia: vocês me ressuscitaram
pelo amor, eu descobri que quem ama passa da morte à vida, então escolhi de limpar o
banheiro para viver esse gesto de amor para os irmãos que acharão o banheiro limpo
pela manhã, me sinto feliz porque aprendi de vocês aprendi a amar”, e olha como o
amor é contagioso, “na mesma noite de Páscoa, as crianças se juntaram a 1hr da
manhã para lavar os banheiros e os quartos”. (Padre Henrique).

Aqui vemos claramente como a partilha das experiências é importante porque o


amor contagia, é um caminho muito simples, porém muito profundo para vivermos o
carisma. Não são as grandes coisas que nos tornam santos, mas precisamos encontrar
na nossa vida nosso caminho particular de santidade nesse carisma, qual estamos
sendo chamados.

Temos de ter a clareza que cada um de nós, é o carisma, não são os outros, é
aqui agora cada um de forma específica. Um é imã do outro que quando nos juntamos
e nos tornamos o arco-íris, a partir do momento que realizamos nossa missão pessoal
no carisma, automaticamente Deus fará acontecer o movimento todo onde estamos
através dos ministérios e pastorais. Isso fará com que as pessoas ao olharem para o
amor entre nós se aproximaram para também fazer parte do carisma, seja como
missionários de aliança, seja como amigos ou como participantes, não importa a forma,
o que importa é o amor. Precisamos ser fiéis HOJE, porque senão perderemos o
essencial e por consequência percebemos também o chamado para esse carisma que
Deus colocou em nós. Precisamos discernir bem o nosso chamado para esse carisma,
porque é muito fácil voltarmos atrás. Hoje precisamos crescer no carisma, para viver
bem. Não podemos nos permitir de olhar atrás, porque isso nos faz perder o carisma
dado por Deus para nós.

Somos convidados a voltar à raiz do carisma para entender como podemos viver
de forma ainda mais fecunda nossa vida no carisma que escolhemos. Não podemos
nos permitir de pautar nossa vida na dos outros, porque para cada um Deus faz um
convite pessoa e intransferível para segui-lo. Lutemos para não deixar se perder a
grandeza desse carisma que se manifesta na pobreza, seja na nossa fraqueza, na
fraqueza dos outros que encontramos, nos pecadores, nos mais pobres. O que vale na
verdade é lutarmos para tornarmos cada dia mais o corpo místico de Cristo, onde cada
um tem sua função que é vital para que a humanidade experimente a graça do coração
misericordioso de Jesus.

VOCÊ É ELEITO DE DEUS.

“Não fostes vós que me escolhestes, mas eu vos escolhi e vos designei para
que vades e produzais fruto, e o vosso fruto permaneça”. (Jo 15, 16)

A experiência de encontrar o carisma é o mesmo que se apaixonar. E então


encontrar um carisma que é um ideal que sentimos que vale a pena consumir nossa
vida. Nós somos chamados a consumir a nossa vida para que esse carisma chegue
para concluir o desejo de Deus de anunciar um novo tempo para a humanidade. A
escolha nasce de dentro de nós, porque Ele nos chamou e colocou essa pérola
preciosa sobre cada um de nós que aqui estamos. “a luz da misericórdia divina, que o
Senhor quis como que entregar de novo ao mundo através do carisma da Irmã
Faustina, iluminará o caminho dos homens do terceiro milênio”. (5)

Não é uma coisa que se adquire com o decorrer do tempo, é desde a eternidade
que Deus sonhou conosco nesse carisma, Ele nos chama a ter essa clareza de que é
natural, que nos realiza que nos faz encontrar sentido de continuar, de seguir. Isso não
é

para o outro, mas pra mim. EU SOU O CARISMA nessa missão.


Para Deus, se não dizemos sim ao carisma que Ele implantou em nós é como
se faltasse um membro do corpo, como que uma deficiência, porque a nossa função
talvez não seja realizada por outra pessoa. Nossa resposta não deve ser alicerçada
em empolgação pelas evangelizações, cristoteca, missões TK, Thalita Kum nossa
resposta precisa ser alicerçada no que está no nosso DNA. É necessário que nos
convençamos de que o nosso chamado a esse carisma não é escolha nossa, mas de
Deus que nos quis aqui. Quanto mais nos sentimos “em casa” no carisma mais certeza
podemos ter de que este é o nosso lugar, assim como as notas de um instrumento que
uma compõe a outra, enquanto nos sentimos em casa, toda a missão também nos
sente “de casa”, é recíproco o sentimento, porque tanto um lado como o outro está
compondo uma melodia bonita, simplesmente porque juntos dizemos SIM a Deus.
Quanto mais o tempo passa menos devemos nos preocupar com os números de
missionários, seja de vida, de aliança ou amigos, nós desejamos que as pessoas sejam
fiéis a Deus com todo movimento. Queremos viver da forma mais simples, porém a
mais fiel possível à vontade de Deus. “Certa vez um bispo visitou Santa Bakhita no
convento e perguntou: O que você faz aqui no convento? – Ela respondeu: a mesma
coisa que o senhor. O bispo, porém, angustiado pergunta, mas como assim, eu sou
bispo, o que exatamente faz? – Ela disse: o senhor não procura fazer a vontade de
Deus? Eu também!”
Aqui está a simplicidade do caminho de um carisma onde cada um de nós têm
as funções e responsabilidades específicas, porém edificando a mesma obra. Não
importa o que fazemos, mas que façamos com amor. Que sejamos caridosos,
acolhedores, amorosos. Sentimos profundamente que a Aliança é um arco-íris, é um
carisma que envolve toda a humanidade onde cada um faz a sua função para edificar o
templo de Deus. O movimento cresce cada dia mais porque a Palavra de Deus é fiel ao
chamado original. Devemos entender que não importa qual o grau de pertença,
qualquer pessoa tem o mesmo valor na comunidade, ninguém é melhor que o outro.
Não importa o lugar que estamos, ou o lugar que Deus nos pedirá de estar, o
importante é viver o carisma onde Deus quiser que vivamos com Alegria. Deus colocou
em

nós esse carisma e, por tanto nos sentimos completos meio que “achados”
(encontrados), como se no nosso coração estivesse à frase “este é meu lugar”, aqui
está à certeza de que esse é sim o carisma o qual Deus nos chama para servi-lo. O
carisma que está no nosso ser é dom de Deus, algo que Ele nos dá de graça não por
méritos, mas por necessidade nossa, para nossa salvação. “Não fostes vós que me
escolhestes, mas eu vos escolhi e vos designei para que vades e produzais fruto,
e o vosso fruto permaneça”. (Jo 15, 16)
Agora falamos numa parte fundamental dos nossos vínculos, porque muitos de
nós que nos preparamos, pode passar por nossas cabeças que não somos dignos, que
somos fracos, não nos sentimos capazes. Nesse momento se não temos nenhum
“empecilho” grave que a direção espiritual diga ou que nossos formadores nos digam,
nessa hora aí que temos de dar o passo, exatamente por se sentir menor. Quando
professamos os vínculos não estamos dando nada a Deus, nós estamos recebendo
de Deus o que é dom e graça, porque ele é quem nos consagra, e então ele nos dá
força para cumprir o que me pede. Sem a comunidade talvez alguns de nós íamos nos
perder. Não podemos confiar nas nossas forças senão usamos as fraquezas como
desculpas para não dar passos concretos rumo a um caminho mais estreito de amor e
santidade.

Nós temos hoje que agradecer muito a Deus pela vida dos que deram os
primeiros SIM, aos que se entregaram desde o inicio para que hoje estivéssemos em
tantos lugares, cidades, países. O Movimento está presente em mais de 40 cidades do
Brasil e outros 7 países (Bélgica, Itália, Polônia, Portugal, República Dominicana,
Venezuela e África), através da adesão dos membros a um dos Elos de pertença. E se
amarmos com a potência do Espírito, provavelmente iremos para outros lugares para
levar esse amor de Deus que nos move cada dia para construir essa obra que é de
Deus. “Deus precisa de testemunhas da sua Misericórdia” (Profecia sobre a nossa
comunidade proclamada por Pe. Jonas Abib)

“É necessário transmitir ao mundo este fogo da misericórdia. Na misericórdia de


Deus o mundo encontrará a paz, e o homem a felicidade!”. (…) Confio-vos esta tarefa
a

vós. Sede testemunhas da misericórdia! (6)

Deus tem realizado uma obra independente de nós, porque não temos
capacidade de tanto. Sem medo avançamos para águas mais profundas. Vamos
contemplar a graça que Deus nos dá nesse dia, porque não podemos nos acostumar
com as coisas que Ele nos presenteia e por Sua fidelidade que é sem fim. Portanto não
importa o tamanho do nosso SIM, importa a nossa fidelidade. Àquele que não falta
conosco. Perante a fidelidade de Deus, as nossas escolhas devem ser coerentes,
porque senão tudo é perda tempo, somos convidados a corresponder esse Amor que é
sem fim.

Os vínculos é um compromisso que assumimos primeiramente com Deus,


depois com a comunidade onde assumimos as responsabilidades com o movimento
onde somos chamados a morrer para construir essa família que ainda está em
fundação que é nosso carisma. E se temos esse carisma ao redor da nossa missão,
nascerá aqui um movimento de misericórdia para avançar ainda mais os projetos de
Deus porque é Ele quem tudo faz. Como quando jogamos uma pedra em um lago e
aquilo vão se tornando ondas ao redor sempre mais e mais longe. Precisamos lutar
para que cresça ainda mais o movimento para que mais e mais pessoas possam
experimentar também do carisma que nos salvou em algum momento. Se formos
aliança de misericórdia, onde pisamos deve nascer o corpo todo da Aliança, vivendo
intensamente a vontade de Deus. É fundamental que nos apresentemos a Deus por
amor e para o amor com serenidade e com muita radicalidade para que o milagre
continue a acontecer em nós, na nossa missão e em todo o Movimento.

COMO GESTO CONCRETO EM COMUNIDADE


 Partilharmos de forma objetiva uma experiência de gestos onde se viu que a
força do carisma agiu (gesto de amor, testemunho, experiência da palavra, com
o irmão, algo que Deus nos falou que marcou).
 Viver juntos um momento de oração, tomando posse dessa eleição de Deus,
pedindo a Ele a graça de poder responder a esse chamado. Se possível podem
rezar a música que é a oração de Maria Paola, “Digo Sim a Vida”.

REFERÊNCIAS:

1. Amedeo Cencini – Redescobrindo o Mistério - edição 2002 pg. 10


2. Amedeo Cencini – Redescobrindo o Mistério - edição 2002 pg 10
3. Diário de Santa Faustina 435
4. DVD Chamado ao Carisma – Padre Henrique e Padre Antonello
5. Inauguração do Santuário da Misericórdia de Lagiewniki, Cracóvia – Polônia,
João Paulo II, 17 de agosto de 2002
6. Inauguração do Santuário da Misericórdia de Lagiewniki, Cracóvia – Polônia,
João Paulo II, 17 de agosto de 2002
7. DVD Chamado ao Carisma – Parte 2 – Padre Henrique e Padre Antonello

Você também pode gostar