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Introdução

Retiro Espiritual com Catequistas - Castanhal.PA/ 2024


O Papa Francisco, em sua homilia de encerramento da Assembleia do Sínodo, nos questiona: Qual é a coisa
mais importante? De fato, precisamos nos perguntar: Qual é o centro propulsor da nossa vida? Qual é a coisa
que conta tanto a ponto de ser o princípio inspirador de tudo o que somos e fazemos? Esta é uma questão
que vale a pena. Nós, discípulos missionários de Jesus Cristo, não podemos abrir mão desta questão. Se não
for assim, perdemos o eixo da vida cristã, caminhamos por qualquer ramal, um tanto confusos, sem saber
exatamente aonde queremos chegar e nem porquê.

O Santo Padre continua sua reflexão lembrando a resposta que o Mestre da Vida deu ao fariseu: “Amarás o
Senhor, teu Deus... Esse é o maior e o primeiro mandamento! Ora, o segundo é semelhante a esse: Amarás
o teu próximo como a ti mesmo” (Mt 22,37-39). Eis o centro, o princípio e o fundamento a partir de onde
tudo provém: amar. “Não está nas nossas estratégias, nos cálculos humanos, nem nas modas do mundo,
mas no amor a Deus e ao próximo: é aqui que está o coração de tudo”, declara Francisco.

E para traduzir este impulso de amor, o Papa propõe dois verbos que, na verdade, são dois movimentos do
coração: adorar e servir. Desafiados por todos os lados e, contudo, convencidos de que novos tempos exigem
a conversão do coração, do olhar e da vontade, se faz urgente e necessário redescobrir a permanente
novidade do amor. (Carta Pastoral/2024).

Muita gente pensa que oração consiste em "falar com Deus" simplesmente, esquecidos de que mais do que
"falar com Deus" a oração é um exercício de "escutar Deus". Nesta experiência de retiro, o silêncio é
fundamental para deixar que o falar de Deus se manifeste ao nosso coração sedento. "Devemos calar as
muitas palavras para escutar a Palavra" (Rubem Alves).

Neste retiro vamos nos exercitar (mais uma vez) em nos deixar conduzir pelo Espírito Santo de Deus. E isso
pode ser um grande desafio! Ao mesmo que pode ser extremamente fácil deixar-se conduzir, poderá
também ser um exercício bastante exigente... Lá onde as ideias claras e distintas nos abandonam, o Espírito
diz a Palavra misteriosa. A palavra do Espírito é ouvida no coração, no silêncio do coração orante. "O que é
a oração, senão o nome do nosso desejo"?

Proponho que você faça memória daquilo que tem vivido e experimentado desde seu último retiro. Convido
para que peça a Deus a graça de se deixar conduzir por Ele e pelo Espírito. Seja aberto e generoso para com
você mesmo! Sempre falamos/sugerimos para fazer caminho com outros, mas este é um tempo para você
e, por isso, faça seu caminho consigo mesmo! Deus estará ao seu lado!

1. Atitudes necessárias para ver/rezar/interiorizar/refletir a vida:

- Uma atitude de acolhida para com a realidade, pois nela nos fala o Senhor, e pode nos pedir coisas novas
cada dia. Se disfarçarmos nossa realidade, podemos não escutar a voz de Deus;
- Uma atitude de fé, que reconhece os chamados de Deus em nossa vida pessoal, comunitária, social. Cremos
que Deus nos fala através de todos os acontecimentos;
- Um olhar múltiplo, que sabe que toda realidade pode ser vista de diversos ângulos. Não podemos nos fixar
em uma só posição, mas temos que nos abrir a outras possibilidades;
- Um olhar atento aos preconceitos, às resistências, aos medos, que muitas vezes deformam nossa visão da
realidade;
- E por fim, um olhar de discernimento para reconhecermos o que nos faz crescer, e o que nos faz mal,
distanciando-nos dos caminhos de Deus.

2. Tomar consciência da sua realidade pessoal e atual:

- Como me sinto ao chegar a este retiro? Que trouxe na bagagem para rezar: perguntas, alegrias, dores,
necessidades, buscas...?
- O que me preocupa? O que vim buscar aqui? O que quero de Deus? O que quero de mim? O que quero das
pessoas, do mundo? Qual o meu desejo mais profundo?
- Procure identificar/localizar os sentimentos, pensamentos, desejos, apelos, frustrações, conquistas,
alegrias, que você tem experimentado nestes últimos tempos de sua vida/missão.
- Se você fosse dar um nome para o estado de sua vida neste momento, qual seria (esperança, confiança,
frustração, ânimo, alegria, vazio, dúvida, certeza, busca, inquietação, felicidade, distanciamento, amor,
constância, surpresa, dor, separação, aridez, revolta, incompreensão, encontro, satisfação, cansaço, dom,
graça, serenidade, conformidade, comunhão, leveza...)?

"Se eu quiser falar com Deus/ tenho que ficar a sós/ tenho que apagar a luz/ tenho que calar a voz/ tenho
que encontrar a paz/ tenho que folgar os nós dos sapatos, da gravata, dos desejos, dos receios. Tenho que
esquecer a data/tenho que perder a conta/ tenho que ter mãos vazias/ ter a alma e o corpo nus" (Gilberto
Gil).

“O perfil do catequista é um ideal a ser conquistado, olhando para Jesus, modelo de Mestre, de servidor e
de catequista. Sendo fiel a esse modelo, é importante desenvolver as diversas dimensões: ser, saber, saber
fazer em comunidade” (DNC 261).

“Não se começa a ser cristão por uma decisão ética ou uma grande idéia, mas pelo encontro com um
acontecimento, com uma Pessoa, que dá um novo horizonte à vida, e, com isso, uma orientação decisiva”
(DA 12).

Discipulado não é ponto de chegada, mas processo: “ser discípulo é dom destinado a crescer” (DA 291).

“A catequese não pode se limitar a uma formação meramente doutrinal, mas precisa ser uma verdadeira
escola de formação integral. Portanto, é necessário cultivar a amizade com Cristo na oração, o apreço pela
celebração litúrgica, a experiência comunitária, o compromisso apostólico mediante um permanente serviço
aos demais” (DA 299).

“A admiração pela pessoa de Jesus, seu chamado e seu olhar de amor despertam uma resposta consciente
e livre desde o mais íntimo do coração do discípulo, uma adesão de toda sua pessoa ao saber que Cristo o
chama por seu nome (cf. Jo 10,3). É um “sim” que compromete radicalmente a liberdade do discípulo a se
entregar a Jesus, Caminho, Verdade e Vida (cf. Jo 14,6)” (DA 136).

Graça: Senhor, dá-nos a graça de entrar neste retiro com grande ânimo e generosidade. Ajudai-nos a
silenciar-nos, a deixar-nos guiar por teu Espírito de vida e liberdade!

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