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CASA ESPÍRITA CRISTÃ AMPARO DE LUZ – SETE LAGOAS

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Prefácio, 2
1. O Espiritismo Perante a Ciência, 4
2. A Finalidade do Atendimento Fraterno, 6
3. A Força curativa do campo amoroso de Cristo, 6
4. Compaixão: acolhimento amoroso à humanidade de cada um, 7
5. A compaixão no Atendimento Fraterno, 7
6. Misericórdia: recurso amoroso da justiça compassiva, 8
7. O trabalho educativo de regeneração, 8
8. A relação entre compaixão e misericórdia, no relacionamento com o próximo, 9
9. Atendimento Fraterno de Recepção Geral, 10
10. Atendimento Fraterno de Recepção Específica ou de Apoio, 11
11. Atendimento Fraterno pelo Diálogo, 11
12. Outras formas de Atendimento Fraterno Comportamento Mediúnico, 12
13. A responsabilidade fundamental do Atendente Fraterno,13
14. Compromisso com a Doutrina Espírita, 15
15. Tipologia das temáticas trazidas ao Diálogo Fraterno, 19
16. As temáticas em relação ao desenvolvimento do processo, 20
17. A necessidade de nos instrumentalizarmos como trabalhadores, 21
18. Os fenômenos da ressonância/dissonância nas relações interpessoais, 24
19. Implicações das interações em dissonância (antipáticas), 27
20. A preparação do ambiente físico do Atendimento pelo Diálogo,29
21. EVITAR dar conselhos (diretrizes a seguir), citando experiências pessoais e expressando opiniões
(avaliações) sobre a situação do Atendido, 34
22. Habilidades de comunicação fraterna, 39
23. Características específicas dos esclarecimentos doutrinários,49
24. Formato adequado para o esclarecimento dos pontos doutrinários, 50
25. Tipos de encaminhamentos, 52
26. Encerramento do encontro, 54
27. MENSAGEM DO ESPIRITO ISIDORO, 56

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PREFÁCIO

Orientação ao Centro Espírita da Federação Espírita Brasileira (FEB). Em seu trabalho de difusão, unificação e
orientação do Movimento Espírita, a FEB lançou em 1980 a publicação denominada Orientação ao Centro Espírita, que
incluía recomendações para uma "Atividade de Atendimento Fraterno pelo Diálogo" com indicações básicas para o
trabalho. Essa publicação foi decisiva para a incorporação da atividade de forma organizada, em muitas Casas
Espíritas.

Mais recentemente, em novembro de 2006, ela foi atualizada. Apresenta resumo da organização das atividades de um
Centro Espírita. No item III, denominado Atendimento Espiritual no Centro Espírita estão incluídas as atividades de
"Recepção" e "Atendimento Fraterno pelo Diálogo", foco de nossos estudos. Importante notar que, para a FEB, o
Atendimento Fraterno é uma dinâmica preconizada a todos os atendimentos feitos no Centro Espirita – enquanto
essência e modo de proceder de todos os trabalhadores da Casa, isto é, todos os trabalhadores de uma Casa Espirita
são, por definição, “Atendentes Fraternos”.

O manual” Atendimento Fraterno”, em 1998. Ainda como contribuição pioneira de repercussão, no final dos anos
noventa a Equipe do Projeto Manoel Filomeno de Miranda lançou a publicação Atendimento Fraterno, baseada na
experiência do Centro Espirita Caminho da Redenção, na Mansão do Caminho, em Salvador. Nele são apresentadas
sugestões para organização desse tipo de atividade, incluindo a ideia do atendimento mais particularizado dos casos
mais graves.

- O êxito dos esforços do plano espiritual, em favor do Cristianismo redivivo, não depende da quantidade de homens
que o busquem, mas da qualidade dos trabalhadores que militam em suas fileiras. Emmanuel (Espirito).

É de máxima importância compreender que as características essenciais e indispensáveis ao trabalhador que faz o
Atendimento Fraterno não são aprendidas simplesmente através cursos de feição cognitiva ou de livros de instruções
e alto-ajuda. São características próprias do espírito que se torna pronto para essa tarefa. Essas características
constituem os alicerces íntimos do trabalhador, que funcionam como fundamentos, sobre os quais os conteúdos de
um trabalho ou de um curso de capacitação específica podem ser erguidos. Porque o Atendimento Fraterno, como
entendido no Espiritismo, é um trabalho de essência cristã. Tudo que o Atendente conseguir realizar nesse trabalho,
dependerá muito mais do que ele veio a SER, como Espírito, do que daquilo que ele aprendeu a FAZER, como pessoa.
Em síntese:

O fator que constitui a essência e o fundamento do trabalho de Atendimento Fraterno é o que o trabalhador traz
incorporado em si mesmo, como qualidades de sua própria psicosfera, enquanto Espírito encarnado. São as suas
posturas na vida, suas atitudes espontâneas, seus modos de ver o mundo, seus sentimentos, suas concepções sobre si
mesmo, sobre os seus irmãos em humanidade, sobre o seu papel na relação de ajuda ao outro, enfim, todas as
qualidades que ultrapassam o âmbito do simples conhecimento intelectual. São qualidades que ele incorporou em si
mesmo, ao longo do tempo, como conquistas espirituais do SER que ele é.

Princípios cristãos do senso de fraternidade universal

• Somos todos membros da grande família de Deus, nosso Pai infinitamente bom, misericordioso e justo, à qual
pertencemos como Seus filhos muito amados.

• Dentro da família universal de Deus, crescemos em aprendizagem humana a caminho da perfeição, cada um
em seu ritmo próprio, o que nos coloca em graus diferenciados de evolução individual.

• Nossa evolução no seio dessa família universal se faz pelo amor. Por isso, o Cristo, nosso Irmão Maior, veio nos
orientar para que nos amemos uns aos outros como irmãos.
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• Como em qualquer família unida pelos laços de amor, Deus ampara as nossas dificuldades na caminhada
através de seus outros filhos, nossos irmãos mais lúcidos e evoluídos que nós.

• Através de nosso modelo mais perfeito — Jesus Cristo — e pelas lições de muitos outros irmãos, mais
avançados em evolução, somos ajudados no acesso a compreensões para nos tornar mais pacificados e felizes.

• É da Lei Divina que cada beneficiado, por sua vez, auxilie outros irmãos que ainda lutam com dificuldades
humanas em seu caminho evolutivo, por falta de acesso a compreensões renovadoras.

• Somos, assim, convocados pelo Espiritismo a ajudar nossos irmãos através de acolhimento amoroso, de
amparo e consolo em suas dores e do esclarecimento quanto a possíveis caminhos a trilhar em sua rota evolutiva
rumo à própria elevação interior.

Convite para você fazer conexão com sua promessa íntima de trabalho
Convidamos você a realizar um exercício pessoal e objetiva trazer de volta à sua mente consciente as promessas de
trabalho na Doutrina, que seu próprio espírito se comprometeu antes de reencarnar... Para realiza-lo, leia as
orientações abaixo, colocar-se em ambiência pessoal receptiva e em local de não será interrompido.
Faça contato íntimo com os Espíritos Benfeitores que se dispõem a estar junto a você no Atendimento Fraterno no
Centro Espírita.
Permita que sua alma entre na compreensão profunda de que essa atividade implica a consciência da Presença do
Cristo de Deus entre nós e em nós.
Reflita sobre a disposição de Jesus em acompanhar você no trabalho de Atendimento ao próximo em necessidade...
Sinta que se faz verdadeira em sua vida a afirmativa de Jesus a todos nós, seus seguidores, durante a última ceia com
os seus discípulos: "Não vos deixarei órfãos, venho para vós. Ainda um pouco, e o mundo não mais me contempla; vós
me contemplais, porque eu vivo e vós vivereis. Naquele dia, vós sabereis que eu (estou) em meu Pai, vós (estais) em
mim, e eu em vós" (João, 14:14-20).

Agora feche os olhos, relaxe seu corpo, tomando algumas respirações profundas, porém suaves. Entre em contato
com seu coração. Deixe que se expanda em você o seu profundo desejo de fazer esse trabalho junto ao Cristo. Fique
alguns momentos em silenciosa entrega. Em silêncio, deixe que Jesus lhe responda!

E, além do seu chamamento interno...

Por outro lado, existem - sim! - componentes práticos de um atendimento eficaz a serem aprendidos por você, tais
como:

Adquirir habilidades de atendimento, de forma a desenvolver um diálogo satisfatório com o atendido.

Conhecer a dinâmica de funcionamento da Casa na qual atua, para realizar eficazmente os encaminhamentos das
pessoas aos trabalhos espirituais apropriados a elas.

Conhecer os conteúdos dos temas que são trazidos pelas pessoas em suas dificuldades e o que a Doutrina indica se
deva esclarecer em cada caso.

Conhecer a parte conceitual e de procedimento próprios à tarefa.

Anunciar Boas Novas, isto é, ensinamentos espirituais poderosos, que todos poderiam aprender para criar entre si e
dentro de si um reino de amor, capaz de apaziguar seus corações e liberta-los do sofrimento. Essas Boas Novas eram
principalmente destinadas aos pobres — de todos os tipos e aos sofridos das dores da alma;

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Libertar os cativos das tradições exteriores, das crenças limitantes, dos preconceitos e discriminações sociais, uma vez
que ensinava haver entre todos os seres humanos uma igualdade de essência, por serem todos Filhos do mesmo Pai,
cada um portador das mesmas oportunidades de viver, evoluir e ser feliz;

Curar a visão de alguns cegos do corpo, mas, principalmente, mostrar a possibilidade da cura a todos os cegos de
espirito que, pela sua visão limitada do mundo, se conservam nas trevas da ignorância e da negatividade;

Libertar os oprimidos (e deprimidos) por sua falta de esperança e pela sua fixação nas questões passageiras e
superficiais do mundo transitório, mostrando-lhes o significado profundo da Vida;

Tornar evidente a abundancia e a prosperidade do Reino de Deus, que a todos nós é permitido conquistar, em nossos
corações.

Livrar a todos dos medos e das culpas opressoras que destroem os justos de constituir a alegria de viver;

Anunciar a chegada do "ano da graça", isto é, a chegada da época na qual os seres humanos passam a se rejubilar. Pois
que poderão notar que o que é mais caro e mais precioso na Vida é graça de Deus, é oferta Divina, é “de graça” – nada
custa – e está igualmente ao alcance de todos. Ou seja: a imortalidade do amor, a vida harmônica pela fraternidade
nas relações, as bem-aventuranças da Vida Eterna e a continua possibilidade de evoluir.

Os homens esperam por Jesus e Jesus espera igualmente pelos homens. Ninguém acredite que o mundo se redima
sem almas redimidas. O Mestre, para estender a sublimidade do seu programa salvador, pede braços humanos que o
realizem e intensifiquem. Começou o apostolado, buscando o concurso de Pedro e André, formando, em seguida, uma
assembleia de doze companheiros para atacar o serviço da regeneração planetária.

E, desde o primeiro dia da Boa Nova, convida, insiste e apela, junto das almas, para que se convertam em
instrumentos de sua Divina Vontade, dando-nos a perceber que a redenção procede do Alto, mas não se concretizará
entre as criaturas sem a colaboração ativa dos corações de boa-vontade.

"Ide e pregai". "Eis que vos mando". "Resplandeça a vossa luz diante dos homens". "A Seara é realmente grande, mas
poucos são os ceifeiros". Semelhantes afirmativas do Senhor provam a importância por ele atribuída à contribuição
humana.

"Porque muitos são chamados..." de Cristo, é preciso trabalho pessoal de transformação, pra vestir-se espiritualmente
com um discípulo do evangelho do reino. Todos os que são tocados pela mensagem de Jesus são chamados a se
tornarem seus discípulos, como ele mesmo nos afirmou na "Parábola da Grande Ceia". Se, de acordo com o
Evangelista Mateus, apesar dos "muitos chamados, poucos são escolhidos" para usufruir do banquete do Senhor, é
porque não basta aceitar o convite; é necessário que aquele que recebe o chamamento se escolha, isto é, se prepare
adequadamente para o trabalho e nele persevere. Na parábola, os que não puderam ficar no banquete tinham sido
chamados, mas não estavam "vestidos adequadamente". Com efeito, para ficar no banquete das bênçãos, Vem
comigo! Participe de meu "banquete de bênçãos divinas", torne-se um pescador de almas no mar do meu Evangelho
de Amor

1 - O Espiritismo Perante a Ciência


Como exemplo para reflexões, escolhemos a citação — que retiramos do livro Bezerra de Menezes, Ontem e hoje —
por ser indicativa da forma com que Bezerra, quando encarnado, fazia o "Atendimento Fraterno" daqueles que
Procuravam em aflição. A descrição da sua amorosidade e desvelo aos sofridos do caminho condiz - em toda a sua
extensão - com a forma de atender de todos os outros missionários que citamos acima, descrita em profusão na
literatura biográfica sobre cada um deles.

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Com que amor, com que desvelos, com que doçura, tocante e comunicativa, se dedicava ele então a sarar as feridas
dos espíritos que, em tribulação, o procuravam. As palavras que saíam daqueles lábios vinham tão diretas do coração
e eram de tal modo ungidas de amorosa fé, que ao inexprimível encanto de as escutar, não raro joviais, se associava
imediatamente acalma, a tranquilidade, a consolação que todos transfundiam.

2 - A Finalidade do Atendimento Fraterno

Acolher aquele que busca o auxílio; oferecer-lhe uma ambiência propícia onde possa nutrir-se das bênçãos divinas;
apascentar o seu sofrimento; mostrar-lhe, através de exemplos vívidos de posturas e condutas cristãs, como trilhar os
caminhos que levam ao Reino de Deus.

Como não se pode dar o que não se possui, ao contar a passagem de Jesus sobre a doação de sua paz, cada no início
deste capítulo, o generoso Espírito Emmanuel complementa:

"... E para que a paz se faça, é preciso que o nosso próprio esforço faça a paz em nós, a fim de que possamos irradiá-la,
em tudo, no amparo vivo aos outros ".

—Isso equivale a dizer:

- Irmão, sustenta os companheiros mais necessitados que tu mesmo. Não te desanimes perante a rebeldia, nem
condenes o erro, do qual a lição benéfica surgirá depois. Ajuda ao próximo, ao invés de julga-lo. Educa sempre. Revela-
te por trabalhador fiel.

Seja exigente para consigo mesmo e ampara os corações enfermiços e frágeis que te acompanham os passos.

Se plantares o bem, o tempo se incumbirá da germinação, do desenvolvimento, da florescência e da frutificação, no


instante oportuno. Não analises, destruindo. O inexperiente de hoje pode ser o mentor de amanhã. Alimenta a "boa
parte" do teu irmão e segue para adiante. A vida converterá o mal em detritos e o Senhor fará o resto.

Vinde a mim, todos vos que sofreis e que estais sobrecarregados e eu vos aliviarei. Tomai meu jugo sobre vos, e
aprendei de mim, que sou brando e humilde de coração; e encontrareis o repouso de vossas almas, porque meu jugo é
suave e meu fardo é leve.

Por isso lhes falo em parábolas: porque eles, vendo não veem; e, ouvindo, não ouvem nem compreendem. (...) pois o
coração deste povo se tornou endurecido, e ouviram de mau grado com seus ouvidos e fecharam seus olhos; para que
não vejam com os olhos, não ouçam com os ouvidos, não compreendam com o coração, e se arrependam para eu os
curar. (Mateus 13:10-15).

Nesta última afirmativa, Jesus nos fornece a chave cura através da conexão com o poder vibratório do Cristo: ouvir
com o coração". Por que com o coração? Porque o coração é o órgão que simboliza e comunica ao nosso corpo forças
vibratórias do amor. Jesus estava aí informando uma condição essencial para que a cura se efetue: a vibração de amor
em nosso mundo pessoal, que levará à conexão com as qualidades curativas do Amor Maior. O arrependimento, nesse
caso, significa uma mudança vibratória na pirosfera pessoal daquele que tenha ouvidos para ouvir as Boas Novas do
Reino de Deus.

3 - A Força curativa do campo amoroso de Cristo


Um exemplo extraordinário do campo curativo do amor do Cristo ou do campo do amor Divino encontra-se relatado
pelos evangelistas Lucas e Mateus, na passagem do evangelho da mulher que havia doze anos sofria de uma constante
perda de sangue uterino. Essa mulher havia recorrido a muitos médicos, sem encontrar cura para a sua doença. Para a
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sociedade da época isto a tornava uma mulher imunda, amaldiçoada por Deus. Ela, no entanto, possuía uma fé
poderosa. Um dia, Jesus caminhava cercado por uma multidão e ela vá chegar-se a ele e pedir que a curasse, mas não
conseguiu acesso. Segundo Mateus, ela dizia de si para consigo: eu então irei somente tocar as suas vestes e ficarei
sã". E, dessa forma, chegando por trás de Jesus, finalmente conseguiu tocar a orla de sua roupa. Prossegue Lucas,
relatando: E disse Jesus: — Quem tocou em mim? Negando todos, disse Pedro: — Mestre, a multidão te aperta e te
oprime, e dizes "Quem é que me tocou?" Disse Jesus: — Alguém me tocou, pois eu percebi um poder (que) saiu de
mim. Então, a mulher, vendo que não podia se ocultar, aproximou-se tremendo e, prostrando-se ante ele, relatou,
diante de todo o povo, por qual razão tocou nele e como foi curada imediatamente. E ele lhe disse: Filha, a tua fé te
salvou. Vai em paz!

4 - Compaixão: acolhimento amoroso à humanidade de cada um


O estado compassivo se manifesta a partir do acolhimento interno — sem censuras — do estágio primitivo de
evolução humana neste planeta e dos sofrimentos que isto pode acarretar. Nasce de uma profunda compreensão
amorosa sobre a natureza dos seres humanos, que, embora perfectíveis, encontram-se em diferentes graus de
evolução apresentando, por isto, condições diversas ao enfrentar os desafios da Vida. Pois que a compaixão envolve
aceitar a natureza das relações neste planeta, feita de imperfeições, nossas e dos outros; de encontros e de
separações; de constantes mudanças que nos encaminham a estágios melhores, mas que podem ferir o desejo de
segurança, obrigando-nos ao desapego do que quereríamos que fosse permanente em nossas vidas.

Inclui compreender que certas mudanças inevitáveis podem gerar sofridas reações que consideramos como perdas. E
que a não aceitação do que acontece à revelia de nossa vontade pode nos prender em um torvelinho de revoltas e
insatisfações, terreno no qual é plantada a maioria dos dramas na Terra, com seus consequentes comprometimentos e
dores. Por exemplo, um profundo sofrimento pode ser gerado pela incapacidade em aceitar a desencarnação de um
ente querido, pela frustração do desejo de tê-lo ao nosso lado, em forma física.

Portanto, no tocante às relações humanas, a compaixão se reflete no ato de acolher a humanidade de nosso próximo
(e a nossa também), na certeza de que todos nós atravessamos os mesmos caminhos de aprendizagens derivadas das
escolhas — desta e de outras existências — e das suas consequências. E que nem sempre conseguimos entender,
aceitar ou resolver, no espaço-tempo atual, situações há muito pendentes em nossa economia espiritual. É também o
entendimento de que, por mais equivocados que estejamos no presente, existem à nossa frente caminhos de
libertação dos estados que nos aprisionam na dor. Assim entendida, a compaixão não tem relação com sentimentos
de dó ou pena, seja de si mesmo ou do outro. Também não significa concordância com as posturas equivocadas ou sua
validação. Não é concordância com o erro, mas uma aceitação dinâmica daquele que se equivocou, baseada na
realidade de que nós, seres humanos, podemos nos enganar nas escolhas de ações, tomar caminhos duvidosos e criar
desarmonias em nós mesmos, nas relações e na vida. Que podemos cometer atos geradores de profundos
arrependimentos que somos seres ainda incipientes no contato com o amor que permeia a criação divina. E que, por
isso, podemos nos perder em posições de egocentrismo, superatividade e isolamento, geradoras de individualismo e
sofrimento. Que demos manifestar orgulho, vaidade, preconceito e egoísmo dentre outras atitudes de desamor que
nos dificultam o caminho evolutivo.

5 - A compaixão no Atendimento Fraterno.


Representa o estado interno através do qual podemos amar o outro de forma incondicional, com uma aceitação plena
de seu está-evolutivo no momento de nosso Encontro! A compaixão ires leva a compreender e acolher a sua frágil
condição de sofredor, sem cogitações de que ele tenha ou não "merecido" sofrer, que esteja ou não sendo dócil à
"vontade de Deus", esteja ou não reagindo "adequadamente". Não há parâmetros de julgamento no estado de
profunda compaixão pelo difícil momento vivencial do próximo! Esse estado de aceitação compassiva da condição
evolutiva do ser humano foi extraordinariamente exemplifica por Jesus de Nazaré, no momento de seu supremo
teste-,— anho na cruz, quando disse, rogando a Deus misericórdia :Era os seus algozes:
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Pai, perdoa-lhes, pois (eles) não sabem o que fazem. (Lucas, 23:34).

Passemos, então, às reflexões sobre o sentido critico de "misericórdia".

6 - Misericórdia: recurso amoroso da justiça compassiva

A misericórdia é o recurso amoroso da aplicação da Justiça Divina, indicando atenuantes às nossas faltas e formas
construtivas e regeneradoras de retificação de desvios nos caminhos da evolução. A Justiça Divina, decorrente de leis
perfeitas que concedem "a cada um segundo as suas obras" é, por consequência, não-condenatória e não-punitiva. O
Benfeitor Emmanuel bem coloca essa questão da justiça divina mediada pela força do amor que fulge na misericórdia,
quando nos explica que...

A vida é amor e a lei é justiça, no entanto, por marco de interação, a Divina Providência colocou entre ambas a fonte
da misericórdia, assegurando o equilíbrio. O amor sabe que, sem justiça, a estrada mergulharia no caos, e a justiça
reconhece que, sem amor, a meta se perderia nas tramas do ódio.

Com efeito, fruto do amor infinito de Deus por nós, a misericórdia é mediada pela profunda compaixão por aquele que
cometeu falhas em seu caminho evolutivo. A ação da misericórdia, portanto, em primeira instância, aponta sempre ao
faltoso a possibilidade de reparação de seus erros através antes de tudo educativa e propiciadora de oportunidades
evolução através da reconstrução daquilo que foi danificado.

7 - O trabalho educativo de regeneração.


A metodologia da regeneração através da misericórdia compassiva envolve uma atuação tríplice por parte daquele
que se desviou do caminho do Bem:

1. Reconhecimento das faltas que praticou. Representa o despertar da verdade interna, propiciador de expansão da
consciência.

2. Escolha de caminhos mais harmoniosos, pela vontade de reparação das faltas praticadas.

3. Desenvolvimento de ação reparadora dos distúrbios que causou na harmonia universal.

A misericórdia exemplificada por Jesus. O Mestre deixou um ensinamento claro sobre a aplicação da misericórdia
cristã no episódio da mulher adúltera, que estava prestes a ser morta por apedrejamento, como determinavam as leis
mosaicas de sua época. Segundo o relato do evangelista João, Jesus, quando instado a se pronunciar sobre a aplicação
da Lei a essa mulher, diz aos lapidadores: "Quem dentre vós estiver sem pecado atire sobre ela a primeira pedra".
(João, 8:7).

Com essa observação, Jesus trouxe à consciência dos acusadores sua condição humana, nunca em isenção completa
de faltas e descaminhos em relação às Leis Divinas. Recordemos que essa compreensão sobre a natureza imperfeita
do ser humano é a base na qual se assenta o olhar compassivo para o irmão em falta. Em consequência, todos
deixaram o local sem cumprir a punição. Seguiu-se um diálogo de Jesus com a mulher pecadora:

- Mulher, onde estão teus acusadores? Ninguém te condenou? E ela disse: — Ninguém, Senhor. E disse-lhe Jesus: -
Nem eu te condeno. Vai, e a partir de agora, não peques mais. (João, 8:70-11)

Consideremos os vários ensinamentos sobre misericórdia, contidos nessa lição. Primeiramente, lembremos que Jesus
representava ali a pureza do Ser sem faltas. Mesmo assim, ele não se utiliza dessa autoridade divina para condenar a
mulher pela sua falta, transmitindo dessa forma o conceito de que a Justiça Divina é não-condenatória. Sua pergunta à
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mulher sobre a retirada de seus acusadores destina-se a restaurar sua dignidade, isto é, indica-lhe que, apesar de
haver cometido uma falta, ela se encontrava em nível de igualdade humana com aqueles que antes a estavam
condenando. Acena-lhe, dessa forma, com a possibilidade de se acolher como pessoa que havia errado, sim, mas que
isto era perdoável por sua feição de ser humano falível, assim como os outros humanos presentes, que também não
estavam ilibados de faltas. Depois, Jesus a libera para seguir com a consciência liberta das acusações, mas com a tarefa
de reformular-se, "não pecando mais". Atentemos para o sentido exato da recomendação de "não pecar mais". A
palavra pecado— como veio a ser utilizada pela tradição religiosa — encontra-se impregnada pela ideia de violação de
um padrão de comportamento estabelecido por Deus, que determina como consequência penitência e punição divina
para a falta cometida. Esse não era o sentido da recomendação de Jesus ao se utilizar desse termo, em aramaico.
Quando o Evangelho foi traduzido para o grego — na edição do Novo Testamento — a palavra utilizada foi hamartia,
que quer dizer errar o alvo (origina-se da tradição dos arqueiros: apontar para o alvo e errar no direcionamento da
flecha. Deduzimos, então, que a recomendação do Cristo é, após a consciência de estarmos livres de condenação pelos
erros humanos, ainda assim é preciso retificar as ações, direcionando-as de forma a não mais errar o alvo (os objetivos
maiores) de nossas vidas. Esta postura é coerente com o conceito de um Deus misericordioso, cuja justiça implica em
que dignifiquemos para retificar metas e ações equivocadas, de forma a retomar a jornada evolutiva pelos caminhos
do bem.

8 - A relação entre compaixão e misericórdia, no relacionamento com o próximo.


Jesus exemplificou claramente a relação entre compaixão e misericórdia na aplicação 'da justiça nas relações com o
próximo em falta para conosco. Pedro lhe perguntara quantas vezes nós deveríamos perdoar ao nosso irmão que
pecou contra nós. Jesus respondeu através da Parábola dos Dez Mil Talentos (Mateus, 18:23-33), que resumimos a
seguir. Conta Jesus que havia um Rei a quem um de seus súditos devia uma enorme quantia. Não conseguindo pagá-la,
esse súdito foi preso e teria que sofrer uma grande perda em sua vida pessoal, para poder quitá-la. Mas, aos pedidos
desesperados do súdito para que o Rei compreendesse a sua situação e lhe desse tempo para pagar, este sentiu
compaixão por sua situação aflitiva e o perdoou, soltando-o. Esse servo também tinha um credor que lhe devia
quantia menor, que ele foi cobrar. A cena se repete, com os pedidos do devedor para que o companheiro lhe desse
mais tempo, que ele acabaria por pagar a dívida. Porém, o súdito devedor do Rei, agora credor, não aceita os pedidos
do companheiro devedor e manda encerrá-lo na prisão até o pagamento integral do débito. O Rei fica sabendo do
ocorrido e, chamando o súdito, lembra-lhe ter sido generoso com ele, atendendo às suas súplicas. E lhe pergunta,
antes de puni-lo por sua inclemência: "Não devias tu, igualmente, ter misericórdia do teu conservo, como eu também
tive misericórdia de ti?"

Reflitamos sobre as três grandes verdades sobre as Leis Divinas, que Jesus focaliza nesta parábola.

1) A Lei de Ação-e-Reação. Ao acumular faltas, ficamos comprometidos a ressarci-las, mudando posturas


desarmoniosas frente à Vida. Ficamos "presos" aos resultados danosos de nossos atos equivocados.

2) A Lei do Amor e Compaixão Divinas. Quando nos propomos ao trabalho de transmutar a energia desarmoniosa
ocasionada por faltas em relação à Lei Divina, Deus nos concede a oportunidade e o tempo que necessitamos para
isso, desde que nos empenhemos em fazê-lo. A Compaixão Divina (que conhece nosso precário estágio evolutivo),
face à boa vontade em acertar, permite que refaçamos caminhos pelas Leis do Amor (Deus perdoa a falta e nos
"solta", dando-nos espaço para a ação regenerativa).

3) A Lei da Reciprocidade (fraternidade universal). Quando resistimos em aplicar aos outros a mesma compaixão e
misericórdia que nos é oferecida, incorremos em falta contra a Lei da Igualdade entre todos os filhos de Deus e
perdemos o direito de usufruir da justiça misericordiosa que nos beneficiou. Deixamos de atender à "regra de ouro" da
fraternidade universal: Fazer aos outros aquilo que queremos que nos façam. Nesse caso, a consequência será a do
ressarcimento da falta pela dor, como resultado natural da Lei de Ação-e-Reação.

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Essa recomendação do Cristo foi expressa textualmente no Evangelho de MATEUS (7:12): Portanto, tudo o que
quiserdes que os homens vos faça fazei-o assim também vós a eles, porque esta é a Lei e os Profetas.

--- Compreenderemos melhor a necessidade de aplicar a misericórdia mediada pela compaixão se considerar nossa
realidade de encarnados no Planeta Terra e perdemos a monta de imperfeições que ainda carregamos em bagagem
espiritual. Pois que, mesmo se tivermos a ciência tranquila a respeito de faltas maiores nesta existia, é certo que ainda
possuímos, na contabilidade de encarnações passadas, distorções e desarmonias causadas por em relação às
ordenações divinas de fraternidade, amor e entre os seres.

Como sabemos que nem todas as dificuldades e imperfeições podem ser tratadas em uma só encarnação, a utilização
da misericórdia para com tudo e todos os que nos cruzarem o caminho contará, por certo, a favor, nos momentos do
nosso encontro com a consciência mais plena, no plano espiritual. Tal deve ter sido o sentido do alerta de Jesus
quando Ele diz que a aplicação da misericórdia ao próximo nos levaria a encontrar misericórdia por nossa vez, para os
nossos próprios atos: "Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles receberão misericórdia." (Mateus, 5:7).

Instruindo várias congregações cristãs do cristianismo nascente, o apóstolo Pedro recomendava a todos: "Finalmente,
sede todos de igual sentimento, compassivos, amados, entranhadamente misericordiosos e afáveis"."

A misericórdia como metodologia recomendada por Jesus, no setor das faltas (pecados), doenças e sofrimentos, Jesus
foi bastante explícito quanto ao que esperava como resultado de seus ensinamentos. Tomemos suas diretrizes na
seguinte passagem do Evangelho de Mateus (9:10-13):

E aconteceu que, estando Jesus reclinado (à mesa) em casa, chegaram muitos publicanos e pecadores, e sentaram-se
juntamente com Jesus e seus discípulos. Os fariseus, vendo (isso), diziam aos seus discípulos: - Por que o vosso mestre
come com os publicanos e os pecadores? Jesus, porém, ouvindo disse-lhes: - Os sãos não têm necessidade de médico,
mas os que estão doentes. Ide e aprendei o que significa: Misericórdia quero, e não sacrifício. Pois não vim chamar
justos, mas pecadores (ao arrependimento).

Comparemos o contexto da sociedade da época de Jesus com a nossa e entenderemos a profundidade e atualidade da
mensagem e da lição de Jesus nessa passagem. Pois que seus atos e palavras contrastavam profundamente com os
costumes e visão de mundo da cultura local. Senão vejamos. A sociedade da época de Jesus era uma sociedade de
aparências, em detrimento da essência humana.

Em todo o seu ministério, Jesus acumulou ensinamentos contrastando os atos exteriores com o valor intrínseco da
essência das coisas. Alertou para a aridez do cultivo do superficial em desfavor do atendimento das necessidades
humanas. Denunciou e convenções sociais que se chocavam com os valores profundos das relações humanas e da
vida. - Na passagem em questão, o primeiro desafio foi o de confraternizar sem discriminação, em uma sociedade
teocrática dividida em classes de justos e pecadores, puros e impuros. Os pecadores eram alijados do convívio social
dos que eram considerados ou se consideravam justos. - Os publicanos judeus coletavam impostos para o Romano e,
por isso, eram considerados impuros e pecadores. Sofriam grande repúdio dos fariseus que, por se considerarem
puros, nem mesmo comiam à mesma mesa, para não se contaminar. Pecadores eram também os que não seguiam
estritamente as Leis mosaicas, pelo menos exteriormente. Ou aqueles que tinham um modo diferente de vida.

Ainda, os que realmente cometiam atos reprocháveis, de moralidade duvidosa. Doentes eram tratados com muita
rudeza, principalmente aqueles com doenças graves ou aparentes, como as de pele. Essas circunstâncias eram
consideradas castigo de Deus, que os tornava impuros, portanto fora da responsabilidade de outros humanos.
Mutilações eram tratadas com impiedade, pois se valorizava grandemente a capacidade de alguém produzir sua
própria riqueza, fosse ela conseguida pelos meios que fossem. A afirmativa de Jesus de que seu foco de atenção era
justamente aqueles que a sociedade repudiava e considerava indignos de ajuda colocava sua abordagem em franca
contradição com tudo que se pensava na época em relação às ações de Deus. Que aqueles que eram desprezados
merecessem mais atenção do que os justos constituía uma mudança radical na essência das relações humanas. Olhar
9
o valor do ser humano pela sua essência de filho de Deus e não pelo seu estado atual ou sua aparência, e ainda
fornecer ao equivocado a chance do arrependimento, era algo inconcebível para a mentalidade rude e justiceira da
época. E Jesus ainda lhes vinha dizer que o caminho da regeneração não necessitava ser o do sacrifício, mas que
deveria ser misericordioso... E o que era esse "sacrifício", que ele menciona? Em sentido estrito, significava a doação
de oferendas nos altares dos templos, para pagar pecados ou compensar a divindade por faltas cometidas. Animais
eram muitas vezes sacrificados e seus corpos oferecidos para estes fins. O sacrifício representava um gesto exterior,
feito pelo pecador, destinado a resgatar faltas interiores e demonstrar devoção ou fidelidade a Deus. Ao se privar do
animal ou do quantitativo material referente à sua posse, o ofertante realizava um sacro ofício (ato sagrado, religioso)
para agradar a Deus ou aplacar o seu desagrado e conseguir perdão para suas faltas.

Por outro lado, em termos simbólicos, sacrifício podia significar castigo ou mortificação por falta cometida. Esse
método baseava-se na crença de que um ato falho, equívoco ou erro de alguém se corrige por punições, penitências,
castigos, mortificações, ou seja, por sofrimento. É a crença de que Deus é um credor implacável, que se ofende com
nossas falhas e desvios e nos cobra severamente cada erro cometido, que devemos pagar em sofrimento ou custo
proporciona à falta.

Na lição em foco, Jesus deixa claro que sua moral não é nem a de negociação com a divindade por meio de oferendas,
nem a de justiça de desforra, do "olho por olho e dente por dente". O Mestre sobrepõe a essas abordagens a
metodologia da misericórdia para com aqueles que se encontrar-, em sofrimento pelos seus atos equivocados.

8 - O Serviço de Atendimento

O serviço de atendimento no Centro Espírita se realiza através de encontro(s) entre um Atendente e a Pessoa
solicitante ou encaminhada (denominada também "Atendido"). Encontro este que, como já colocamos, deve ocorrer
uma forma fraterna, amigável e esclarecedora, com foco necessidade apresentada pela Pessoa.

Tipos de atendimento.

Podemos classificar os tipos de atendimento feitos pela Casa Espírita em:

• Atendimento Fraterno de Recepção Geral

• Atendimento Fraterno de Recepção Específica ou Recepção de Apoio

• Atendimento Fraterno pelo Diálogo

• Outras formas de Atendimento Fraterno

Essas formas se distinguem entre si pela duração, conteúdo objetivo, momento, profundidade e circunstâncias do
atendimento. Em todas elas o Atendente deve estar em condições de preparo íntimo e disponibilidade vocacional
segundo as diretrizes evangélicas da Doutrina Espírita. A essência cristã do atendimento, portanto, deve permanecer
inalterada, mesmo considerando as diferenças em organização dos trabalhos, normativas e recursos disponíveis nas
Instituições.

9 - Atendimento Fraterno de Recepção Geral


Trata-se daquele que se realiza logo que a Pessoa adentra o ambiente do Centro Espírita e procura atendimento para
suas questões. Nesse primeiro contato o Atendente Fraterno de Recepção se empenhará em acolher fraternamente a
pessoa, identificar suas razões e motivações para procurar a Casa e oferecer-lhe os recursos disponíveis na mesma, de
acordo com suas necessidades. Se o Atendido procura simplesmente informações sobre as atividades públicas, poderá
ser orientado sobre as opções disponíveis encaminhado àquelas de seu interesse. Se for o caso, ele poderá também
ser encaminhado para outro tipo de atendimento fraterno, mais focalizado em suas questões particulares.

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Se houver recursos, sugerimos que seja feito um folheto informativo das principais atividades regulares, seus horários
e localização nas dependências da Instituição, como palestras públicas, cursos periódicos como o ESDE (Estudo
Sistematizado da Doutrina Espírita), atividades específicas como o Atendimento Fraterno pelo Diálogo, etc. Esse
folheto poderá, então, ser oferecido àqueles que buscam informações. Isto será particularmente útil em Centros
maiores, multiplicidade de opções. Se a área física for pequena com poucos recursos financeiros - as informações
principais poderão ser colocadas em um mural. De toda forma, o atendente de Recepção necessitará manter-se
informado a respeito de toda a organização do Centro, os horários das atividades, requisitos de participação, eventos
e novidades, estar pronto a responder a quaisquer questões que visitante ou novato venha a lhe fazer.

10 - Atendimento Fraterno de Recepção Específica ou de Apoio


Funciona como atividade de apoio para aqueles que encaminhados a alguma das atividades especificas. Pode ser
denominada Recepção de Apoio e provavelmente será necessária em quase, senão todos, os trabalhos que atendem
ao público encarnado. Por exemplo, a atividade de Apoio daqueles que solicitam o Atendimento fraterno pelo Diálogo
e que necessitam ser organizados ordem de chegada e acompanhados em sua espera até momento do encontro
individual com um Atendente designado para essa tarefa. Outra atividade semelhante é a do atendimento àqueles
encaminhados à Assistência pelos asses.

Outro tipo de recepção específica ou de apoio pode ser oferecido para aqueles que desejam se engajar como
trabalhadores ou que declaram interesse em estudos doutrinários. Por exemplo, algumas Instituições oferecem
encontros em grupo que fazem um trabalho de apresentação da doutrina e das possibilidades de engajamento das
pessoas na comunidade e nas atividades da Casa. Não se trata das atividades do ESDE, mas de acolhimento e
conhecimento mútuo entre os novatos. Algumas alternativas dessa recepção grupal são denominadas Conversa
Fraterna e funcionam como um Atendimento Fraterno em Grupo, com reuniões programadas e conversas sobre temas
evangélicos de aplicabilidade imediata na vida dos integrantes, sob a coordenação de facilitadores ou coordenadores
(atendentes fraternos) indicados pelo Centro para a moderação dos encontros. Após o decurso do número de
encontros programados, os integrantes podem ser convidados a se integrar nas atividades mais consoantes com suas
aspirações e capacidades ou ainda ser encaminhados para atendimento de necessidades específicas.

11 - Atendimento Fraterno pelo Diálogo


Destinado a pessoas que solicitam acolhimento para expor de forma particular suas dificuldades pessoais de cunho
emocional-moral-espiritual ou que procuram orientação/encaminhamento para as suas questões individuais. Ou,
ainda, para aquelas que chegam portando algum grau de perturbação, sofrimento intenso ou desequilíbrio espiritual e
necessitam ser consoladas, apaziguadas e encaminhadas aos recursos apropriados que o Espiritismo tenha para lhes
oferecer.

O Grupo Educacional e Assistencial Espírita Fraternidade (GEAEF), de Brasília, DF, oferece um tipo de atividade como a
descrita, denominado Conversa Fraterna. Pela sua excelente estruturação e experiência de desenvolvimento,
representa um bom exemplo de acolhimento fraterno. De forma também excelente a Federação Espírita do DF (FEDF)
conduz atividade de acolhimento aos recém-chegados aos seus trabalhos de Centro Espírita através de grupo
denominado Apoio à Melhoria Espiritual (AME). Para informações, sugerimos contatar essas Instituições.

Esse tipo de atividade é realizado através de um diário fraterno entre a pessoa solicitante (o Atendido) e o Atendente
capacitado e designado pelo Centro para essa forma de atendimento. Essa conversa entre o Atendido e o Atendente
fraterno é de cunho individual, privativo e sigiloso e deve ser realizada consoante os princípios da metodologia do
Cristo consolador e os conhecimentos da Doutrina Espírita. Como do encontro, o Atendente encaminha o Atendido
aos recursos da terapêutica Espírita disponíveis na Casa ou recomendáveis às suas necessidades específicas. A

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atividade do Atendimento Fraterno pelo Diálogo irei abordada em detalhes na segunda parte deste livro, com
sugestões sobre como organiza-la e desenvolve-la.

12 - Outras formas de Atendimento Fraterno


Outras formas de Atendimento Fraterno podem ser realizadas sem que sejam classificadas especificamente como tal.
Dentre elas podemos citar:

Atendimento Fraterno em forma escrita

É realizada através de respostas a cartas enviadas à Instituição contendo uma variedade de solicitações de auxílio,
abrangendo toda a gama das temáticas que aparecem no Diálogo Fraterno e que classificaremos mais adiante. Este
formato de Atendimento foi e continua sendo praticado em Instituições. Funciona, por exemplo, há décadas, com
grande número de pedidos de auxílio, vindos das mais diversas localidades do Brasil e do exterior.

Um Grupo funciona de forma regular, com Atendentes Fraternos realizando um trabalho de atendimento
individualizado dos pedidos, formulando respostas escritas que envolvem o consolo, esclarecimento e orientação aos
solicitantes. Voluntários fazem o trabalho logístico de recebimento, catalogação e envio das respostas. Atualmente
pode-se incluir nesse setor o Atendimento a solicitações feitas por correio eletrônico.

Atendimento Fraterno no lar de famílias solicitantes.

Este trabalho de Atendimento Fraterno acontece de forma espontânea nas residências por grupos de atendentes que
orientam a implantação do Evangelho no Lar dos requisitantes. Pode ser realizado também como parte e em conjunto
com a área de Promoção Social do Centro Espírita, correspondendo a um programa educativo-terapêutico das famílias
cadastradas.

Atendimento Fraterno a temáticas específicas.

Nesta categoria se encontram atendimentos que podem se-continuados de acordo com as necessidades dos
atendidos ou programados segundo planejamento próprio dos vários setores, voltados a temáticas especificas.
Exemplificando, podemos citar como geradores mais comuns desse tipo de Atendimento Fraterno Específico: pessoas
em sofrimento profundo por reações a perdas e traumas; dependentes químicos; pessoas em depressão e angústia
severas; pessoa com mediunidade não educada e aflorada; pessoas em tratamento de processos de influência
espiritual (mediunidade torturada).

Atendimento Fraterno a sofredores desencarnados.

Embora ainda não se tenha como tradição considerar o atendimento a desencarnados em sofrimento um
“atendimento fraterno", parece-nos que em muitos de seus aspectos, essa área pode ser assim entendida. Essa noção
se sustenta na constatação de que o Espírito sofredor apresenta características semelhantes às dos encarnados em
sofrimento, em suas ações mentais e emocionais. Portanto, a Terapêutica do cristo Consolador pode ser aplicada a
essa forma de contato, com as devidas alterações para atender ao contexto vivencial do Atendido (Espírito) e às
peculiaridades da interação entre encarnado e desencarnado, em ambiente mediúnico e com o amparo explícito da
espiritualidade benfeitora.

Quando o discípulo está preparado, o Pai envia o instrutor. O mesmo se dá relativamente ao trabalho. Quando o
servidor está pronto, o serviço aparece. André Luiz (Espírito)

No mesmo capítulo do Evangelho citado, o Espírito Verdade nos fala ainda da felicidade de servir, informando:

Atingistes o tempo de cumprimento das coisas anunciado para a transformação da humanidade; felizes serão aqueles
que tiverem trabalhado na Seara do Senhor com desinteresse e sem outro móvel senão a caridade! Suas jornadas de

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trabalho serão pagas ao cêntuplo do que terão esperado. Felizes aqueles que terão dito aos seus irmãos: 'Irmãos,
trabalhemos juntos, e unamos os nossos esforços, a fim de que o Senhor encontre a obra pronta à sua chegada,
porquanto o Senhor lhes dirá: "Vinde a mim, vós que sois bons servidores, vós que soubestes impor silêncio aos vossos
ciúmes e às vossas discórdias, a fim de que daí não viesse dano para a obra! ".

A contrapartida da responsabilidade. Toda oportunidade que nos felicita a vida possui a contrapartida da
responsabilidade que assumimos ao recebê-la. Ao aceitar o trabalho de Atendimento Fraterno nos colocamos,
simultaneamente, nas posições existenciais de: (1) um exemplo do discípulo do Cristo renovado pela Doutrina Espírita;
(2) um servidor da seara do Espiritismo, utilizando o instrumental da terapêutica do Consolador; e (3) um
intermediário da ação de Deus, das bênçãos do Cristo e da atuação da Espiritualidade Maior junto à Pessoa que pede
ajuda. Essas posições existenciais nos acarretam responsabilidades e compromissos, que assumimos perante nós
mesmo e perante o outro e perante as forças espirituais envolvidas no trabalho, convocando-nos à observação de
atitudes e comportamentos éticos condizentes com nossas funções. A seguir, convidamos você a refletir conosco
sobre aspectos desse cometimento.

13 A responsabilidade fundamental do Atendente Fraterno


A primeira e fundamental responsabilidade do Atendente Fraterno é desenvolver em si mesmo as características do
discípulo do Cristo, isto é, daquela pessoa que se empenha em aprender e aplicar a si mesma os ensinamentos do
Evangelho de Jesus. O Evangelho do Cristo corresponde a um completo manual evolutivo para a nossa alma. Aplicar
em nós mesmos seus ensinamentos pode nos levar a contínuos progressos espirituais, até o nível de perfeição possível
ao nosso estágio na Terra. Como comentamos anteriormente, mesmos discípulos que se superaram em um
apostolado cristão eram pessoas como nós, com suas limitações e obscuridades internas. O que os distinguiu dos
demais que ouviram a mensagem de Jesus foi o seu intenso trabalho pessoal para incorporar em si mesmos a essência
dos ensinamentos de seu Mestre. Jesus enunciou várias vezes a qualidade essência que esperava que os discípulos
desenvolvessem, declarando-a como o fundamental mandamento que Ele deixava sara eles e, por consequência, para
todos nós. Nos momentos de sua despedida, durante a última ceia com eles, afirmou com clareza: "Um novo
mandamento vos dou: 'que vos ameis uns aos outros'; assim como vos amei, que também os ameis uns aos outros.
Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros". (João, 3: 34-35).

Fica, assim, claramente estabelecida para nós a mais essencial responsabilidade que o Atendente Fraterno assume
como discípulo do Cristo: desenvolver a si mesmo como uma psicosfera irradiante de amor incondicional.

O amor como qualidade irradiante do Espírito.

Para compreender a natureza dessa responsabilidade, reflitamos sobre o que é o amor, enquanto qualidade essencial
do Espírito. -- Segundo a Espiritualidade Superior, em sua natureza profunda, o amor não é simplesmente um
sentimento que vem de dentro e sai na direção do outro. O amor se desenvolve em nós pela conexão com a Fonte
Divina do Amor Universal — daí se irradia.

André Luiz (Espírito) nos ensina que o desenvolvimento da qualidade do amor fraterno irradiante é resultado de nosso
trabalho no curso do tempo, na manutenção do equilíbrio entre as nossas forças internas, desenvolvidas a partir da
conexão com a fonte do Amor Divino. Essas forças são aquelas criativas, agregadoras de acolhimento e sustentação e
as forças da evolução, de ação, expansivas, de transformação. Dessa forma, à medida que vamos desenvolvendo essas
forças em nós, o amor se torna uma irradiação da alma. Transformamo-nos em um dínamo irradiante da qualidade do
amor. A partir dessa irradiação de que nos tornamos capazes pela conexão com o Amor Divino as múltiplas formas de
expressão do Amor Pleno passam a ser exteriorizadas por nós em forma de pensamentos, sentimentos, atitudes e
ações em relação a nós mesmos, ao nosso próximo e a tudo em nossa vida. Para que possamos adquirir essa qualidade
irradiante de amor, o benfeitor espiritual Emmanuel aconselha:

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Clareia-te por dentro, purificando-te sempre mais, a fim de que a tua presença irradie, em favor do próximo, a
mensagem persuasiva do amor, na convicção de que a sementeira do exemplo é a mais duradoura plantação no solo
da alma.

A conexão com as irradiações do Amor Divino

Para nossa felicidade, somos herdeiros do legado de Jesus Cristo e temos disponível, para nos ajudar em nossa
evolução, as irradiações de sua mensagem de Amor. Comungar com esse legado é função de nossa capacidade de
desenvolver qualidades de amor evangélico em nossa própria psicosfera, isto é, que cultivemos, em nosso íntimo,
atitudes, e modos de ver a vida que podem ser descritos através de dois componentes:

1.Pacificação interna, com aceitação plena das condições da Vida na Terra.

Essas são qualidades internas que derivam do cultivo de:

• Confiança plena no Amor e na Misericórdia de Deus para com tudo e todos na Vida, geradora de uma visão positiva
da vida e de uma segurança serena face às instabilidades da existência terrena. Essas posturas íntimas, aliadas à
consciência de que todos nos encontramos amparados pelas forças misericordiosas da criação divina produzem um
estado interior de produtiva esperança.

• Reconhecimento dos mecanismos das leis perfeitas que regem a aplicação da Justiça Divina, nos caminhos de nossa
evolução — possibilitando pacificação consciente frente às tribulações da existência.

• Consciência do poder interior que todos herdamos como Filhos de Deus Pai, que fornece a cada um as forças e os
recursos necessários para a travessia das dificuldades apresentadas em cada momento existencial, com a consequente
fé profunda na capacidade humana de superar construtivamente os desvios e aflições da vida.

• Compreensão profunda da imperfeição de nosso estágio evolutivo atual, gerador de desejos equivocados, ilusões,
revoltas e apegos, que conduzem a ações e reações causadoras de sofrimentos. Sofrimentos que podemos
compreender como originados do bloqueio de nossas energias pela recusa em aceitar eventos e circunstâncias
desagradáveis da Vida, que não pudemos ou não soubemos evitar, e que resistimos em atravessar produtivamente.
Compreensão implica, assim, em empatia plena para com a natureza com sofrimento do ser humano e
desenvolvimento de uma visão compassiva e não punitiva das ações humanas.

2. Profundo amor pelos irmãos em humanidade

Amor gerado de desejo intenso e incondicional de ajudá-los a encontrar a si mesmos e a serem mais felizes. Como
consequência desse amor, somos chamados a cultivar os seguintes estados íntimos.

• Disponibilidade interna para o serviço amoroso com o Cristo. Motivação profunda para o serviço desinteressado e
amoroso de ajuda ao próximo, dentro do espírito genuinamente cristão.

• Disposição sincera de se doar sem esperar retorno. Dedicação ao trabalho junto ao próximo, por amor à tarefa em si
mesma, em gratuidade espiritual e material, sem motivos ulteriores ou expectativas de recompensas ou retornos.

• Alegria de viver e pela oportunidade de ser intermediário da misericórdia do Cristo na vida da Pessoa Atendida.
Deriva de uma posição interior de gratidão por poder usufruir da abundância de bênçãos à disposição de todos nós
nos caminhos da evolução.

• Desprendimento dos resultados da ação cristã, na certeza de que somos apenas os dispensários das bênçãos
maiores de Deus.

Consequências da conexão com as irradiações do Amor Divino.

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No Atendimento Fraterno, a conexão com as radiações do Amor Divino desenvolve uma ambiência espiritual onde é
possível cultivar "a boa palavra", aquela que acolhe, que bendiz, diz o bem, a palavra que edifica e ensina os caminhos
da transformação pelos recursos das Boas Novas do Cristo. Essa "palavra que abençoa" é muito mais do que uma
palavra, no sentido verbal. É a irradiação do amor fraterno incondicional a se manifestar nas formas da compaixão e
da misericórdia. O Benfeitor Espiritual André Luiz, discorrendo sobre o uso da palavra no trabalho com Jesus, nos
alerta:

Para cooperar com o Cristo, é imprescindível sintonizar a estação da nossa vida com o seu Evangelho Redentor."

Sabemos que a liberdade espiritual é a mais preciosa característica de nosso movimento. Entretanto, se somos
independentes para ver a luz e interpreta-la, não podemos esquecer que o exemplo digno é a base para nossa
verdadeira união em qualquer realização respeitável. Da conduta dos indivíduos depende o destino das organizações.

Ao aceitar o trabalho no Atendimento Fraterno você assume comprometimento pessoal/espiritual com os ideais
cristãos e as diretrizes da Doutrina Espírita. Esse compromisso do mesmo teor daquele dos discípulos primeiros, uma
vez que caberá a você passar — pelas suas vibrações, palavras e comportamentos — o legado que Jesus deixou para
todos nós. Na prática, significa o estabelecimento de uma ética cristã ou ética da bênção, isto é, da boa palavra, do
esclarecimento justo, do acolhimento e do amor entre os seres humanos. No presente contexto, a ética (do Grego
ethos, isto é modo de ser) é indistinta dos princípios morais. Significa, portanto, diretrizes atitudinais e
comportamentais (compromissos) estabelecidos como decorrência dos princípios cristãos à atividade de Atendimento
Fraterno no Centro Espírita. Compromissos éticos do Atendente Fraterno Os compromissos éticos assumidos pelo
Atendente encontram-se agrupados em cinco categorias, explanadas a seguir.

14. Compromisso com a Doutrina Espírita.


O Atendente Fraterno é responsável, como representante da Doutrina junto ao público, pelos exemplos de vida que
fornece, pelos modos de relacionamento que estabelece, pela imagem que transmite, enfim, pelo que acrescenta
positivamente ou o que diminui das vibrações de amor no planeta. Seu compromisso essencial com a Doutrina é o de
manter coerência entre os comportamentos e atitudes pessoais e o trabalho de Atendimento. Sua vida pessoal deve
refletir as qualidades do discípulo do Cristo, pois a responsabilidade foi assumida em relação ao seu Ser Integral e não
somente em relação ao momento específico do trabalho no Centro Espírita. Para conseguir essa coerência entre suas
ações e suas compreensões de vida o Atendente Fraterno é convidado a:

• Inspirar-se na exemplificação de outros seres humanos que conseguiram demonstrar, no seu cotidiano como
colocar-se a serviço do seu Mestre de Amor interno, apesar dos limites que sua humanidade lhes impunha. A literatura
poderá fornecer inspirações, através dos relatos biográficos e história sobre luminares do ideal cristão. Companheiros
trabalho especialmente dedicados e exemplar também poderão inspirar atitudes e comportamentos.

• Procurar ajuda profissional adequada e coere com seus princípios espirituais quando sentir que possui
impedimentos íntimos aos seu anseio de se tornar um ser humano mais pleno e de exemplificá-los em sua vida
cotidiana. Ainda que chamados para o trabalho do Cristo podemos sentir as dificuldades oriundas de nosso estágio
evolutivo e das heranças do passado ameaçando nossa tranquilidade e equilíbrio emocional. Se isto estiver ocorrendo,
urge procurar ajuda para a travessia desses impedimentos de evolução pessoal.

• Compreender e aceitar o fato de que a situação íntima não se improvisa. O contato com a esfera espiritual superior
que se caracteriza pelas vibrações da plenitude do amor não se faz pelo efeito da intenção momentânea. Floresce na
vida como um todo, fruto do trabalho diligente de desenvolvimento das qualidades íntimas do Mestre do Amor
interno, latentes em cada um de nós. Portanto, é preciso entender o discipulado cristão como um processo contínuo,
persistindo no aprendizado sem esmorecimento da vontade de se tornar cada dia mais pleno e coerente com os
princípios do Mestre-Modelo.

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Compromisso com a realização do seu trabalho na Casa.

O Atendente Fraterno é responsável pelo serviço que assumiu, portanto, é chamado a manter sua tarefa livre e acima
das influências advindas de qualquer problema ou dificuldade pessoal. O voluntário espírita é um ser humano em
trânsito pelo Planeta. Não está isento de nenhuma das circunstâncias existenciais de seu plano para a presente
encarnação. Por essa razão, seu compromisso com o trabalho espiritual demanda consciência de disponibilidade para
cumpri-lo. Eventuais empecilhos serão desafios a serem contornados ou afastados pela absoluta prioridade dada ao
bom desempenho da tarefa assumida. Isto significa:

• Disciplina na observância do compromisso com o trabalho, apesar da possível inconveniência: em determinada


ocasião. Por exemplo, quando o dia e horário do Atendimento coincidem com uma data pessoal festiva e não há como
conseguir uma substituição, dispor-se à disciplina no cumprimento do compromisso assumido e comparecer
pontualmente à atividade.

• Manutenção da qualidade do Atendimento, apesar de possível situação pessoal constrangedora. Por exemplo,
quando tiver passado por um dissabor na vida pessoal no dia do Atendimento ou imediatamente antes. Para manter a
qualidade, dedicar-se a um preparo mais aprimorado da sustentação espiritual do trabalho, antes do ingresso na
tarefa. Caso o desequilíbrio pessoal seja intenso, eximir-se do contato com o público e procurar ajuda imediata para a
restauração das condições espirituais próprias.

• Manutenção da constância e fidelidade ao trabalho, que ocorrerá como resultado da disciplina pessoal. Observar
que quando não existe constância e assiduidade no cumprimento das tarefas espirituais a fidelidade da promessa se
rompe. Os Espíritos Benfeitores que se propuseram ao trabalho conjunto começam a se afastar à procura de
trabalhadores mais confiáveis. Isto porque, como nada acontece por acaso, a espiritualidade encaminha ao serviço as
Pessoas que estão previstas para atendimento por determinado Atendente. Na inobservância do compromisso por
parte dele, toda uma cadeia de providências para ajuda é rompida, com incalculáveis prejuízos para todos os
envolvidos.

Compromisso com as normas da Instituição na qual atende.

Para cumprir este compromisso o Atendente fraterno é chamado a observar os seguintes parâmetros de
comportamento:

• Evidenciar preparação e coerência na observância dos objetivos da atividade e com as orientações, a organização e
as metas da Instituição na qual atende. O serviço de Atendimento Fraterno ao próximo implica em um conhecimento
completo e atualizado de todos os aspectos de seu trabalho e dos instrumentais oferecidos pela Instituição à qual
serve. De outra forma, como poderá orientar e encaminhar a Pessoa solicitante ao uso de recursos que desconhece?

• Cumprir as normas do trabalho estabelecidas pela Casa, mantendo atualizados os registros (quando requeridos) e
cumprindo as ações relativas às dinâmicas de funcionamento recomendadas. O conhecimento e o cumprimento fiel
das normas da Instituição é condição imperativa para a harmonia e fluidez dos trabalhos programados. Caso não
concorde com regras e normas estabelecidas, deverá procurar entendimentos e estabelecer diálogos produtivos sobre
os pontos em questionamento, em momentos que não sejam os do Atendimento propriamente dito. Caso a
discordância seja profunda e não exista possibilidade de entendimento dentro das normativas da Instituição, é
preferível que o Atendente procure outra seara para a oferta de seus serviços.

• Cuidar dos relacionamentos no grupo de trabalho. Estabelecer relações interpessoais fraternas e amorosamente
cristãs, honrando os acordos definidos com os outros membros do grupo e seguindo com fidelidade os parâmetros de
sua competência, com respeito ao espaço de atuação de todos.

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Compromisso com cada uma das pessoas Atendidas.

O Atendente Fraterno é responsável pelos efeitos que causa em seu semelhante durante o Atendimento, portanto é
chamado a observar, pelo menos, os seguintes princípios gerais:

• Consciência de representar a compaixão, a misericórdia e a esperança que a pessoa atendida espera encontrar para
a superação de suas dificuldades. Manter-se conectado com a espiritualidade superior e adequar todos os seus
movimentos a esses componentes do trabalho com o Cristo.

• Respeitar a integridade e os direitos da pessoa que pediu ajuda. Entre outros cuidados, pela ausência de
estereótipos, discriminações: raça, crenças, sexo, classe social, natureza problema, preconceitos e outros aspectos
semelhantes.

• Promover medidas para que a Pessoa atendida atravesse, processe produtivamente e, na medida das possibilidades,
transforme para melhor a situação vivencial aflitiva que a encaminhou ao pedido de ajuda.

• Incentivar o crescimento do autoconhecimento e da autonomia, evitando tornar-se elemento decisório na vida da


Pessoa ou torná-la dependente de si no futuro.

• De modo geral, cuidar que a pessoa atendida possa sair da Casa Espírita sentindo-se mais acolhida pela
Espiritualidade, mais amada por Deus, mais confortada, mais esperançosa, mais validada como pessoa e mais
consciente de si mesma e de seus recursos pessoais para se ajudar na melhoria de sua situação de vida.

Compromisso consigo mesmo, enquanto trabalhador da seara do Mestre.

O Atendente Fraterno é responsável pelo compromisso de evolução através do trabalho cristão, que assumiu perante
seu próprio Espírito. Nesse sentido, é chamado a observar pelo menos os seguintes princípios gerais:

• Investir continuamente no desenvolvimento pessoal/espiritual em relação aos próprios valores, habilidades,


conhecimentos, limitações e necessidades.

• Desenvolver uma filosofia pessoal clara e congruente com seu trabalho de Atendimento Fraterno.

Demonstrar coerência entre valores e atitudes que defende e seu comportamento cotidiano (exemplificação prática e
silenciosa).

• Atuar no interesse exclusivo do bem do próximo, evitando utilizar o seu trabalho de forma a atender necessidades
pessoais. Por exemplo, solicitar préstimos de profissional atendido para resolver problema de ordem pessoal.

• Recusar remuneração privada e outros benefícios que possam advir do seu trabalho fraterno, incluindo-se nesta
categoria presentes, troca de serviços ou de favores e vantagens semelhantes.

• Manter-se em conexão com as irradiações do amor do Cristo. Empenhar-se em estabelecer um estado contínuo de
comunhão com o seu Cristo interno.

Outros comportamentos éticos essenciais ao Atendente Fraterno

Confidencialidade. Todas as informações resultantes do relacionamento ou da ação de ajuda no Atendimento Fraterno


são sigilosas. Essa confidencialidade é importante não somente devido ao compromisso de privacidade, firmado, com
a Pessoa solicitante anteriormente ao encontro. É também necessária para proteção espiritual do Atendente.
Exemplifiquemos com uma situação na qual o Atendente relata a alguém de fora, em outro local da Instituição ou em
sua residência, o ocorrido no Atendimento. Esse ato poderá trazer para seu campo pessoal todas as vibrações e
personagens-envolvidas no encontro. Poderá atrair perturbações que lhe adviriam caso se mantivesse dentro do
comportamento ético prometido pela Instituição. Pois que boas vibrações não lhe trarão o seu comentário, uma vez

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que a espiritualidade superior nunca participa de indiscrições sobre seus tutelados, do outro lado, o Atendente falador
poderá comprometer o nome de sua Casa Espírita, caso o seu Atendido venha a tomar conhecimento de sua falta de
ética.

Autenticidade. Portar-se de forma natural e genuína, aduzindo o atendimento com simplicidade, na consciência de ser
mero instrumento de ligação entre o Atendido e as ações dos benfeitores espirituais e os recursos da Doutrina
Espírita.

Honestidade. Encaminhar para outro Atendente aqueles casos:

• Que não se sentir preparado mental ou emocionalmente para atender. Por exemplo, em casos que o afetem
profundamente, por possuir ainda desequilíbrios pessoais em relação ao tipo de questões envolvidas.

• Que impliquem em conflito de interesses. Por exemplo, atendimento de pessoas com quem mantém
relacionamentos de intimidade ou de hierarquia, tais como parentes, amigos próximos, patrões, associados,
empregados...

• Que estabeleçam duplo relacionamento. Por exemplo, atendimento de filhos ou outros dependentes de orientação
ou de trato íntimo na vida particular:

• Para os quais não esteja qualificado para atuar dentro do Atendimento Fraterno. Por exemplo, pessoa com
influência espiritual grave no momento do atendimento, com evidente incapacidade para comportamento consciente,
necessitando o encaminhamento urgente para outros serviços do Centro.

Respeito com o uso da palavra. Fornecer informações de forma isenta de apreciações, críticas e juízos de valor,
evitando a tentativa de influenciar e de arregimentar o Atendido para a concordância com opiniões e visões pessoais,
seguindo em tudo que disser a recomendação de Paulo, o Apóstolo, aos Efésios:

Não saia de vossa boca nenhuma palavra torpe, mas só a que for boa para promover a edificação, para que dê graça
aos que ouvem.

-- Jesus estabelece, assim, a vontade firme de segui-lo como condição fundamental para qualificação ao trabalho junto
a ele.

O que é vontade? E o que vem a ser a "vontade", no trabalho do bem? Kardec assim a qualifica:

A vontade não é um atributo especial do espírito, é o pensamento chegado a um certo grau de energia; é o
pensamento transformado em força motriz. É pela vontade que o espírito imprime aos membros e ao corpo
movimentos em determinado sentido. Mas se tem a força de agir sobre os órgãos materiais, quanto maior não deve
ser sobre os elementos fluídicos que nos rodeiam. Por ser gerada pelo pensamento, vontade firme na realização do
auxílio ao próximo demanda mais do que vocação ou entusiasmo. Resulta de um encontro profundo conosco mesmos,
nossas resistências e motivos, aliado a um esforço consciente na direção de objetivos pessoais claramente definidos.
Para isto, antes de qualquer outro requisito, é necessário um movimento interno de reflexão sobre o momento e uma
decisão sobre qual caminho tomar, com clareza de suas implicações para nossa vida.

Os instrumentos da vontade na realização do bem

Comparemos a trajetória dos discípulos de todas as eras com nossa oportunidade atual. Todos os que atenderam ao
chamado de Jesus, enquanto encarnados, eram pessoas sujeitas ás circunstâncias de seu tempo e espaço de Vida.
Como nós, seus espíritos diziam "sim", em corpos que desta vez respondessem "quem sabe..." "mais tarde..."
"enquanto isto ou aquilo acontecer..." Certamente, enquanto pessoas humanas, sofriam as dúvidas, os impedimentos
e os conflitos próprios dos seres encarnados nas roupagens deste planeta.

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Conhecimento nobre exige atividade nobre. Elevação espiritual é também dever de servir ao Eterno Pai, na pessoa dos
semelhantes. É por isso que fé e obras se completam no sistema de nossas relações com a vida superior. Emmanuel
(Espírito)

Nos dias de hoje procuram o Centro Espírita, em números cada vez maiores, pessoas com as mais diversas motivações.
Quando alguém busca conversar particularmente suas necessidades — ou é indicado por outrem para fim — é
encaminhado a um trabalhador qualificado para atende-lo através de um encontro individual, que denomina Diálogo
Fraterno.

Geralmente, as variadas questões que motivam o pedido de atendimento não são independentes, pois que nós,
humanos, podemos apresentar, em um dado momento mais de uma necessidade. No entanto, na maioria dos casos
existirá uma temática principal ou dominante que motiva licitação.

É importante perceber que além e subjacente à temática, apresentada existe uma motivação mais profunda, atuando
de forma consciente ou como apelo inconsciente do espírito daquele que busca atendimento. Esse motivo ou impulso
pode ser entendido como o desejo de ser colocado entre aqueles que receberão auxílio de Deus e das forças
espirituais maiores para a solução de suas necessidades. Essa a razão pela qual enfatizamos que o principal objetivo do
Diálogo Fraterno é colocar a Pessoa em contato com a terapêutica do Cristo Consolador, através dos recursos da
Doutrina Espírita, para que ela compreenda melhor suas necessidades e se dê conta de suas possibilidades pessoais de
conexão direta com as forças maiores que nos amparam a todos.

15 Tipologia das temáticas trazidas ao Diálogo Fraterno


As razões explícitas mais comuns da procura de diálogo com o Atendente Fraterno podem ser assim organizadas:

1. Aflições espirituais/mentais/emocionais. Pessoas que buscam compreender melhor as aflições que lhes visitam o
caminho. Almejam talvez diminuir sua dor emocional ou moral e aliviar algum sintoma que lhes perturba a vida, tais
como consequências emocionais de tentativa de suicídio ou ideações persistentes sobre essa possibilidade, depressão
sentimento de culpa, angústias, ressentimentos, medos...

2. Dificuldades e questões existenciais. Algumas pessoas aspiram encontrar soluções e caminhos para as suas
dificuldades existenciais, tais como as do relacionamento interpessoal afetivo, situações de estresse e tensões
crônicas, insatisfação com seu papel na sociedade ou com sua ocupação profissional, dilemas profundos. Por exemplo,
fazer ou não aborto ou enfrentar as consequências íntimas; reações situações sentidas como de perdas, como o
desencarne de ente querido...

3. Procura de significado para suas vidas. Algumas pessoas, desiludidas com o mundo, mas ainda sequiosas de, vêm
em busca de conhecimentos que respondam as dúvidas e talvez desejem encontrar evidências quanto questões da
espiritualidade, da eternidade e do destino.

4. Desejo de conhecimento e crescimento espiritual e traz, ainda, despertaram para o desejo de aprender e crescer
espiritualmente. Almejam ampliar sua visão e conhecimento do que existe além das fronteiras do saber acadêmico
material.

5. Curiosidade; pesquisa de algo novo e intrigante. Há pessoas que buscam as luzes da Nova Revelação incentivadas
notícias, muitas delas motivadas pela mídia. Desejam satisfazer a sua curiosidade sobre o Espiritismo, nesses tempos
em que os veículos de comunicação de massa começaram a algar notícias sobre a imortalidade da alma e a
comunicabilidade do mundo espiritual com o mundo material.

6. Perturbação espiritual/ emocional. De formas mais diversas, alguns buscam auxílio por apresentarem indícios de
perturbação espiritual. Podem estar experimentando a eclosão de faculdades psíquicas que não sabem controlar ou

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sofrendo influências espirituais que dificultam seu cotidiano e as afetam emocionalmente. Alguém pode ter indicado a
buscar ajuda no Centro Espírita...

7. Doenças do corpo somático. São pessoas que desejam alívio para seus males físicos, geralmente acompanhados por
componentes mentais, emocionais e existenciais da situação

8. Desejo de conhecer a Casa Espírita e oferta de trabalho voluntário. Algumas pessoas são atraídas pelo ambiente
Casa Espírita e oferecem seus préstimos para algum e trabalho voluntário que a Instituição ofereça. Talvez já
conheçam o Espiritismo - ou até mesmo a própria instituição - ou tenham atuado em outros locais e queiram transferir
s atuação, por motivos diversos.

9. Dificuldades materiais. Há também aquelas pessoas que vêm pedir ajuda em suas dificuldades materiais.

16 As temáticas em relação ao desenvolvimento do processo


A temática trazida pelo Atendido ou seja, a questão predominante que o trouxe ao encontro - é importante no
desenvolvimento do processo de atendimento em si mesmo. Neste sentido, podemos agrupar as necessidades dos
solicitantes em duas grandes classificações, dependendo do estado físico/mental/espiritual com que adentram o local
do encontro. Compreenda-se que, dada a complexidade natura das situações humanas, a classificação seguinte é
apresentada apenas para efeitos didáticos. Visa apenas facilitar, para o Atendente, a compreensão sobre a possível
natureza com temáticas. Em todos os casos, a decisão sobre uma ou outra, classificação, ou uma combinação delas,
dependerá sempre da sensibilidade do Atendente na captação da real necessidade de do Atendido, no momento do
encontro.

1. Casos de encaminhamento claro. São aquelas ações que podem encontrar resolução satisfatória através simples
encaminhamento a outros trabalhos da Casa. Classificam-se neste caso, por exemplo, aquelas pessoas que procuram o
Diálogo Fraterno por motivações de aprendizagem oferta de trabalho voluntário, doenças físicas diagnosticadas pela
área da saúde e para as quais solicitam auxílio e mesmo aquelas que apresentam necessidades material como
temática dominante. Nestes casos, o desenvolvimento do Diálogo Fraterno poderá ser mais centrado nos
questionamentos da Pessoa sobre a Doutrina e nas possibilidades seu atendimento continuado em outros serviços da
Casa espírita, apropriados às suas necessidades. Por exemplo, os estudos doutrinários, as atividades de trabalho e
assistência as reuniões de tratamento espiritual, dentre outras atividades desenvolvidas na Instituição...

2. Casos complexos, envolvendo sofrimento profundo, situação bastante diferente chegam pessoas que estão em
perturbação e/ou aflições intensas, em crises traumáticas, graves dilemas existenciais, que os situa em estados
sofrimento e muitas vezes em condições de grande desespero, podendo até mesmo envolver circunstâncias que
ameaçam o seu funcionamento mental e/ou social.

São os sofredores 3 situações existenciais complexas e derivadas de sofrimento, resultantes do nível evolutivo da vida
neste Planeta. Essas pessoas que se encontram em momentos de dores acerbas, de caráter mental/moral/espiritual,
são as que instituíram a maior fonte de cuidados do amoroso Jesus Cristo que afirmou ter se manifestado neste
mundo primariamente para elas. São aqueles para os quais os primeiros Apóstolos de Cristo, em seus esforços na
continuação da obra de Jesus, giram também sua atenção, em prioridade. São os seres manos comuns que, em
dificuldades existenciais, buscam "ansiosos todos pela mensagem de um mundo melhor". Emanuel nos assinala que na
Igreja de Antioquia, uma das primeiras agremiações do cristianismo nascente, "a maioria dos frequentadores
interessavam-se por conselhos e consolações, médios para as chagas do corpo e do Espírito.

É fundamental que entendamos o mecanismo divino pelo qual essas pessoas em aflição chegam ao Centro Espírita.
Sem exceção, elas nos buscam através do amparo da Espiritualidade Superior. Nunca aparecem por acaso! Estejamos
certos de que o fazem porque as atraímos para nossa oportunidade de servir, aprender e evoluir através do encontro
com elas. Portanto, não existe pessoa e situação que não seja aquela exatamente adequada para o nosso
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Atendimento. O que pode acontecer é que nós não estejamos preparados para atendê-la. E isto será de nossa
exclusiva responsabilidade! Segundo a Espiritualidade Superior, esses filhos de Deus aportam na Casa Espírita para
receber o acolhimento, compaixão e a misericórdia do Cristo, renovando sua esperança na vida e fé na bondade e no
Amor Divino. Chegam par serem encaminhados ao reencontro de si mesmos e de suas possibilidades de
transformação de seus caminhos, através de uma ligação pessoal com as fontes de auxílio espiritual Acima de tudo
são, para nós, uma grande oportunidade de intermediarmos a Obra de Amor de Jesus Cristo na terra através de nossos
imperfeitos préstimos.

17 A necessidade de nos instrumentalizarmos como trabalhadores


Estarmos prontos para trabalhar da mesma forma acolhedora, amorosa, imparcial e fraterna com quaisquer dos temas
que os Atendidos nos tragam, resultado da nossa imprescindível preparação para a tarefa do Diálogo Fraterno. Essa
prontidão para o trabalho de fraternidade com Cristo é uma condição íntima que não nos chega espontaneamente,
uma vez que somos caminheiros imperfeitos nas estradas da Terra. Eis aí a razão pela qual uma das responsabilidades
primeiras do trabalhador que faz o Atendimento instrumentalizar-se para receber aqueles que o buscam em lição,
proporcionando-lhes um acolhimento de qualidade cristã que, de forma espontânea e natural, os induza a sentir--se
como irmãos queridos assumindo o seu justo lugar na família universal de Deus Pai.

Conselho semelhante nos endereçou o amoroso Benfeitor Espiritual Bezerra de Menezes, também denominando as
almas sofridas de filhos do Calvário e enfatizando a necessidade de nossa preparação para recebê-las em nossas
comunidades Espíritas. Eis trecho de sua mensagem:

Até há pouco, éramos, os espíritas, vistos com descaso, com zombaria e sarcasmo. As nossas palavras eram
consideradas como alucinações, os feitos da imortalidade como processos psicopatológicos. Mas, agora, alguns ramos
da ciência vieram confirmar a grandeza da imortalidade da alma, e as multidões sedentas de paz, ansiando pelo
conforto moral, virão bater às nossas portas.

Preparemo-nos, instrumentalizemo-nos para receber os filhos do calvário. Não nos deixemos dominar pela presunção
ou permitir que a caridade se nos esfrie no coração. Abramo-nos ao amor e sirvamos mais e mais. Demonstremos que
a doutrina espírita é a síntese da verdade que desce dos céus para a sua humanização na Terra.

Quem são os filhos do Calvário, na atualidade?

Continuam sendo aqueles que Jesus apontou como sendo os depositários de seu cuidado, os herdeiros da seara de
amor e fraternidade que ele instaurou na Terra, através de seu testemunho entre nós. São aqueles que, ainda hoje, se
encontram refazendo dolorosamente seus enganosos caminhos do pretérito.

Como nos pontua o benfeitor Bezerra, é preciso que possuamos instrumentos, preparando nosso coração e nossa
mente para vibrar com o campo amoroso do Cristo. Somente então os nossos conhecimentos e técnicas irradiarão
verdade e amor fraternos. Porque somente o amor crístico é capaz de acender no âmago da pessoa em sofrimento o
poder de se transformar de suas dificuldades e impedimentos existenciais e de coIocar sua vida em alinhamento com
os propósitos do amor fraterno iluminado pelas qualidades evangélicas, temos um exemplo no livro No Mundo Maior,
escrito pelo Espírito André Luiz.

Na passagem em questão, autor está acompanhando o Benfeitor Espiritual Calderaro, em uma missão socorrista junto
a dois sofredores, um faltoso o outro, seu credor, que não conseguia perdoá-lo e o perseguia diante da complexidade
do caso, envolvendo dois Espíritos em contenda dolorosa, André Luiz pergunta: "Porque os não socorrer com palavras
de esclarecimento?"

Ao que Calderaro responde:

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Falaríamos em vão, André, porque ainda não sabemos amá-los como se fossem nossos irmãos ou nossos filhos. (...)
Porque, se o conhecimento auxilia por fora, só o amor socorre por dentro.

Então, o Benfeitor chama Cipriana, que ele descreve como "portadora do divino amor fraternal". Esta chega e, com
suas irradiações de amor sublimado conduz um diálogo fraterno com o irmão inconformado. Este, ao final do
encontro, exclama, esclarecendo o que lhe estava acontecendo no íntimo: "Não são suas palavras que me
convencem..., senão o vosso sentimento que me transmuda!"

Concluímos que o trabalho íntimo de preparação do trabalhador da área de Atendimento Fraterno, em


antecedência ao seu contato com o público, é fator determinante do sucesso da atividade junto às pessoas
necessitadas.

A instrumentalização dos trabalhadores e a realidade dos Centros Espíritas.

As condições das Instituições Espíritas variam enormemente, não somente quanto ao aspecto físico, como
principalmente em relação ao material humano de que se compõem. São as possibilidades humanas dos
trabalhadores disponíveis que determinarão as maneiras a profundidade e a especificidade das etapas preparatórias
para o trabalho. Em alguns casos, poderá ocorrer que trabalhadores experientes da Casa tenham que fazer a sua
própria preparação, utilizando-se de seus recursos pessoais em estudos e reflexões particulares. Qualquer que seja o
caso, porém, é de todo recomendável que não se dispense as etapas de judiciosa preparação dos trabalhadores
disponíveis para o trabalho de Atendimento, dentro de princípios, organização e normas da Instituição, de forma
apropriada à sua realidade específica.

Aspectos e benefícios dos trabalhos preparatórios.

Através da preparação sistemática e contínua o trabalhador espírita poderá usufruir dos seguintes benefícios
funcionais, além daqueles de caráter pessoal: adequar-se ao papel do Atendente Fraterno na sua relação com as
Pessoas Solicitantes; sentir-se mais seguro acerca dos procedimentos que utilizará em seu atendimento; e desenvolver
as habilidades que utilizará durante o encontro, de forma a melhor atingir os propósitos da atividade.

Esses conhecimentos farão com que ele compreenda as diferenças existentes entre o diálogo que conduzirá com
pessoa solicitante e o desenvolvimento de uma conversa social comum.

Oração

Dormi na inércia o sono dos milênios, Senhor! Agora acordei para as bênçãos da oportunidade, procurando servir... faz
de mim um instrumento digno de tocar as melodias do Teu Amor na presença dos homens, na sinfonia de meus atos,
ser a lâmpada acesa a transmitir milésimas da luz gerada por Teu Amor.

Abençoa-me, Pai, no esforço da caminhada, enviando-me a lição da dificuldade, para robustecer-me a vontade no
Bem, e dizer-te tranquilo: "Aqui estou, Senhor, para servir-te, habita em minha alma, tanto quanto eu desejo habitar
em Ti!" Isidoro (Espírito Mentor)"

Assim como o Mentor Isidoro no poema acima, o benfeitor Emmanuel, no livro Palavras de Vida Eterna, propõe que
não nos retardemos na ação no Bem, a pretexto de expectativas vãs de estados ideais, uma vez que Jesus não espera
de nós senão aquilo que já pudemos desenvolver em nós mesmos, até o momento presente. Como isto se aplica à
preparação para o trabalho do atendimento Fraterno?

O Espírito André Luiz, em Mecanismos da Mediunidade nos oferece uma analogia clarificadora quando compara nosso
Espírito com um dínamo complexo onde o trabalho psicofísico se transubstancia em forças elétricas irradiantes
emissoras e receptoras, assim como conservadoras e regeneradoras.

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Constituir-se como um centro irradiador de energia uma psicosfera de características próprias é, portanto,
consequência do próprio ato de viver. Queiramos ou não, desde o momento de nossa concepção — e ainda no útero
de nossa mãe vamos compondo a nossa individualidade, com suas energias peculiares. E o fazemos através de nosso
trabalho como um "dínamo gerador, indutor, transformador e coletor de energias condicionadas pela qualidade de
nossos pensamentos e sentimentos, assim como pelos resultados de nossas ações do passado e do presente. Essa
esfera composta: de elementos psicofísicos irradiantes constitui-se, assim, modificações que vamos realizando
continuamente em nosso mundo espiritual privativo e único. A esse dínamo gerador André Luiz denomina nossa
natural força mental, que cria em torno de nós o que é descrito por Áulus, um Instrutor Espiritual, como um
"prodigioso campo de radiações".

Avançando um pouco mais nesse tópico, vamos encontrar no livro Libertação as lições de Matilde, uma benfeitora
espiritual iluminada, sobre a possibilidade de direcionarmos a força natural da mente para o Bem, cultivando o nosso
coração como um templo de harmonia e ajustamento interiores de tal forma que possamos atrair energias similares
que nos revistam e de nós se irradiem. Ela nos diz:

Nosso coração é um templo que o Senhor edificou, a fim de habitar conosco para sempre. Gloriosas sementes de
divindade esperam-nos a harmonia e o ajustamento interiores para desabrocharem, dentro de nós mesmos,
arrebatando-nos às esferas resplandecentes. (...) Somos, cada qual de nós, um ímã de elevada potência ou um centro
de vida inteligente, atraindo forças que se harmonizam com as nossas e delas constituindo nosso domicílio espiritual.

Também Alan Kardec, ao discorrer sobre o perispírito, nosso corpo espiritual, deixa claro essa possibilidade de
trabalharmos a nós mesmos como um centro de inteligência irradiante, pelo uso do pensamento e da vontade
(energias mentais). Ele nos diz que o perispírito, nosso corpo espiritual, é expansível e irradiante, formando ao redor
de nosso corpo físico "uma atmosfera que o pensamento e a força de vontade podem estender, mais ou menos..."

Concluímos, assim, que é possível o desenvolvimento consciente, em nós, de uma psicosfera composta de energias
que irradiem aquelas qualidades que intentamos cultivar em nossa vida. Podemos expandir nosso períspirito e formar
partir de nosso âmago (centrado no coração) e se irradiando de nós - uma atmosfera harmoniosa, de amor
incondicional e de paz, desde que direcionemos nossa força mental (pensamento e vontade), unida a sentimentos e
ações, ao cultivo dessas qualidades.

Uma passagem do livro Nos Domínios da Mediunidade corrobora essa afirmativa, trazendo-nos a visão de Hilário
(Espírito). Em visita de trabalho a um Centro Espírita, ele se espanta ao verificar a luz prodigiosa que emanava de
voluntários encarnados reunidos, que se preparavam para atuação em seu Grupo de Trabalho Espiritual. Hilário
pergunta ao Assistente Áulus, seu instrutor espiritual, se aqueles são seres especiais e este lhe diz que não, são
simplesmente pessoas comuns, que "trazem a mente voltada para os ideais superiores da fé ativa, a expressar-se em
amor pelos semelhantes". Quanto à luz que irradiam, acrescenta: "... um homem encarnado é um gerador de força
eletromagnética, registrada pelo coração..."

Convidamos você a realizar um exercício que objetiva desenvolver intencionalmente energias que o coloquem em
sintonia consciente com as emanações do amor fraterno. Busquemos inspiração na bela analogia da benfeitora
Matilde para compor, mental e emocionalmente, no coração um centro de irradiação de energias harmoniosas. Siga
os passos sugeridos.

•1. Coloque-se em um ambiente apropriado, que permita interiorizar-se sem interrupções externas. Um local que lhe
permita impedir o trânsito de outras pessoas, de telefones e se afastar da possível solicitação a conversas paralelas.

•2. Cuide da acomodação do seu corpo físico, de forma que ele não esteja nem amolentado para o sono, nem em
posicionamento tenso ou em desconforto orgânico. Alguns momentos de cuidados e relaxamento conscientes são
muito proveitosos para proporcionar essa acomodação.

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•3. Estabeleça silêncio interno, conectando-se com a funda paz de seu Espírito. Significa desligar-se intencionalmente
dos estímulos e questões cotidianas pessoais (da personalidade ou ego). Esse silêncio interno é feito pela ausência
"ruídos mentais", não necessariamente pelo silêncio material. É desligar-se dos pensamentos, avaliações, julgamentos,
problemas e compromissos presentes em sua vida do momento, incluindo-se aí as questões de cunho emocional.

Para fazer esse silêncio interno você poderá se voltar em silêncio físico para o seu interior. Se isto lhe for difícil, você
poderá começar com uma pacificação inicial dos sentidos. Envie mensagens com pensamentos pacificadores para o
seu cosmo orgânico, predispondo-o ao silêncio interior, como: "Tudo é paz..." "Tudo é quietude..." "Encontro-me
calmamente em silêncio dentro de mim mesmo". Em seguida, procure silenciar seus pensamentos também. Deixe-se
estar aí, presente no silêncio do Espírito que você É. Tencione voltar o seu olhar para dentro do seu corpo; ou fique
calmamente a escutar o silêncio interno de seus órgãos; ou simplesmente acompanhe serenamente os seus
movimentos respiratórios. De forma geral, é muito comum que tenhamos dificuldade de silenciar a mente. Segundo a
filosofia oriental, nossos pensamentos são como macaquinhos pulando irrequietos de galho em galho. Por isso, se
pensamentos vierem, não lute contra eles. Simplesmente deixe que eles passem, sem dar-lhes importância e volte ao
silêncio interno. Fique por momentos usufruindo desse silêncio interior.

•4. Crie, intencionalmente, em seu íntimo a irradiação de amor fraterno, vinda de seu coração. Imagine-se recebendo
em seu coração as bênçãos de Jesus Cristo, as Suas emanações de compaixão e misericórdia, dirigidas a você e a toda
a humanidade. Sinta que, das profundezas de seu Ser, você emite vibrações plenas de amor incondicional e deixe-se
expandir nesse amor, abençoando a tudo e todos em sua vida. Deixe-se estar em contato com as qualidades
vibratórias de serenidade e paz. Acrescente sentimentos de gratidão pelas dádivas divinas e por todas as
circunstâncias e pessoas em sua Vida. Deixe-se ficar nesse estado por um tempo, mantendo-se sensível e consciente,
atento ás vibrações de seu coração.

Recursos auxiliares para a conexão com a faixa vibratória do amor fraterno, a partir do seu coração.

Alguns elementos vibratórios que se encontram disponíveis em nossa vida moderna são bastante efetivos para ajudar
você no trabalho de desligamento do mundo exterior e na conexão com as qualidades amorosas de seu coração. Para
isto, basta entrar conscientemente em conexão com as frequências que eles emitem. Essa conexão terá como efeito
ajudar você a elevar o nível de suas vibrações, pois que as vibrações de frequência mais elevadas atraem as vibrações
de menor frequência, fazendo com que elas se elevem.

(...) nosso Espírito é um fulcro de criação mental incessante, formando para si mesmo um feixe eletromagnéticos com
o teor de força gravitativa que lhes diz respeito. Nossos pensamentos, assim, tecendo a nossa auréola de emanações
vitais ou a ondulação que nos identifica, rege o campo em que nos desenvolvemos. Sentindo e pensando, falando e
agindo, ampliamos a nossa zona de influência, criando em nós mesmo; a atração para o engrandecimento na Vida
Superior ou para a miséria na vida inferior, segundo as nossas tendências e atividades para o bem ou para o mal.

No livro Ação e Reação, André Luiz (Espírito) complementa essa ideia incluindo o conceito de halo vital, uma forma de
criação de nossa individualidade.

Por outro lado, em consequência de nossas emissões energéticas, estamos sempre em conexão, portanto inseridos,
nas esferas mais amplas que comungam conosco das mesmas frequências de irradiação. Podemos, de forma
simplificada, compreender essa comunhão como sendo a afinidade vibratória das frequências emitidas pelas distintas
esferas energéticas, ou, como vamos nos utilizar do termo, a ressonância energética entre elas.

18 Os fenômenos da ressonância/dissonância nas relações interpessoais


Para efeito de clareza quanto aos conceitos que utilizaremos nesta parte de nossos estudos sobre as relações
interpessoais no Diálogo Fraterno, apresentamos abaixo uma síntese dos conceitos de ressonância e de dissonância
energética.
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O conceito de ressonância nas relações

Na definição da Física, ressonância é o fenômeno que registra uma transferência ou potencialização de energia. Nas
relações humanas, o conceito de ressonância das irradiações foi denominado por AlIan Kardec de simpatia natural
entre dois Espíritos, que o Espírito de Verdade atribuiu à Lei da Atração, que acontece quando dois seres se
aproximam devido a circunstâncias aparentemente fortuitas, mas que na realidade resultam da atração de dois
Espíritos que se buscam reciprocamente por entre a multidão.

O conceito de dissonância nas relações. Por outro lado, ocorre quando duas frequências vibratórias apresentam
disparidade na sua natureza, dizemos que houve dissonância entre elas. Nesse caso, não se registra transferência de
energia. É o fenômeno da antipatia entre Espíritos cujas vibrações se repelem, segundo O Livro dos Espíritos. Para
esclarecer esse tema, o Espírito Verdade afirmou: A antipatia pode originar da diferença no modo de pensar. Mas, à
medida que elevam os pensamentos, as divergências se apagam e a antipatia desaparece.

Allan Kardec exemplifica de maneira bastante prática o assunto em pauta, vejamos um trecho de suas claras
elucidações.

Assim se explicam os efeitos que se produzem nos lugares de reunião. Uma assembleia é um foco de irradiação de
pensamentos diversos. É como uma orquestra, um coro de pensamentos, onde cada um emite uma nota. Resulta daí
uma multiplicidade de correntes e de eflúvios fluídicos cuja impressão cada um recebe pelo sentido espiritual, como
num coro musical cada um recebe a impressão dos sons pelo sentido da audição. Mas, do mesmo modo que há
radiações sonoras, harmoniosas ou dissonantes, também há pensamentos harmônicos ou discordantes. Se o conjunto
é harmonioso, agradável é a impressão; e penoso, se aquele é discordante. Ora, para isso, não se faz mister que o
pensamento se exteriorize por palavras; quer ele se externe, quer não, a irradiação existe sempre. Tal a causa da
satisfação que se experimenta numa reunião simpática, animada de pensamentos bons e benévolos. Envolve-a uma
como salubre atmosfera moral, onde se respira à vontade; sai-se reconfortado dali, porque impregnado de salutares
eflúvios fluídicos. Basta, porém, que se lhe misturem alguns pensamentos maus, para produzirem o efeito de uma
corrente de ar gelado num meio tépido, ou o de uma nota desafinada num concerto. Desse modo também se explica a
ansiedade, o indefinível mal-estar que se experimenta numa reunião antipática, onde malévolos pensamentos
provocam corrente de fluido nauseantes.

O pensamento, portanto, produz uma espécie de efeito físico que reage sobre o moral. Quando se diz que um médico
opera a cura de um doente, por meio de boas palavras, enuncia-se uma verdade absoluta, pois que um pensamento
bondoso traz consigo fluidos reparadores que atuam sobre o físico, tanto quanto sobre o moral.

Implicações das interações em ressonância ou simpáticas

Uma pessoa pode interagir com outra de forma ressonante ou simpática: então haverá mútua nutrição em algum
nível. Este é o caso em que duas pessoas se relacionam através de pontos de afinidades das almas. As vibrações de
uma e de outra como que "se casam", ou seja, entram em ressonância, suas frequências soam juntas, em algum nível.
Neste caso, forma-se uma ambiência espiritual de intenções semelhantes, no qual as emissões de uma reforçam as
emissões da Outra. Em termos energéticos podemos dizer que as vibrações se potencializam, isto é, ficam mais
intensas, adquirem mais força. As interações ressonantes podem ocorrer para reforçar pensamentos, sentimentos e
ações, independentemente de serem construtivos ou destrutivos, isto é, podem ser potencializados tanto o bem como
o mal, da forma como compreendemos essas dicotomias em nossas vivências atuais este Planeta.

Exemplos de interações em ressonância.

Basta observar o que acontece quando várias pessoas começam a orar em uníssono e as reações acontecem como que
por contágio.

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1) Situações de pânico coletivo. Em um recinto repleto de gente algumas pessoas percebem uma situação como
perigosa, sentem medo e entram em uma reação de pânico. Outras pessoas ressoam com a onda vibracional de medo
e reagem da mesma forma, às vezes sem mesmo terem percebido o estímulo gerador da reação inicial. Isto pode levar
a uma espécie de fenômeno parecido com o estouro de boiada, onde todos se descontrolam. Cada um vai se
conectando com as irradiações do medo, estabelece-se a reação de fuga e o pânico entra em um estado incontrolável,
potencializando-se cada vez mais. Assim, se alguém gritar com desespero a palavra fogo em um ambiente fechado
como, por exemplo, um grande teatro sem ampla saída, pessoas podem morrer pisoteadas ou esmagadas pela
multidão tentando fugir ao mesmo tempo, a maior parte das pessoas movidas pelo desnorteio gerado pela
potencialização das energias do medo de morrerem queimadas.

2) A histeria coletiva diante de algo que emite vibrações acima da capacidade emocional funciona da mesma forma,
eliminando o pensamento racional sobre o que está ocorrendo. É o que acontece em muitas apresentações de
cantores, ídolos populares, competições tensas (como campeonatos esportivos), ocasionando desmaios, cardiopatias
e até mesmo derrames cerebrais nas pessoas mais sensíveis ou suscetíveis ao desequilíbrio das emoções.

3) Vibrações sublimadas. Essas reações energética em ressonância ocorrem também em relação ás vibrações
sublimadas. É o que acontece quando grupos se reúnem vibram através de orações, de profissões de fé, em Deus em
Espíritos Iluminados, de crenças em lugares, pessoas e imagens consideradas milagrosas. As pessoas reunidas
começam a vibrar em uníssono e se conectam não somem e entre si na sua fé, mas também às esferas da
espiritualidade superior. As emoções se potencializam. Quando alguém do grupo é capaz de conectar a ressonância
integral de sua psicosfera as vibrações conjuntas acumuladas (potencializadas) e entra em conexão com as esferas
sublimadas, pode acontecer até mesmo a cura da matéria densa do corpo físico. É o que Jesus afirmava para aqueles
que Ele curava, através de suas emissões vibratórias de amor perfeito: "A tua fé te curou". Isto é, o mundo espiritual
do pedinte tinha sido ressonante com as vibrações da esfera do Cristo, através da intenção emissão elevada de
vibrações de crença da pessoa que pedia. E a cura ocorria por consequência vibratória da transformação, da matéria
pelo Amor Divino emitido por Jesus.

As relações em ressonância no Atendimento Fraterno.

No Atendimento Fraterno pelo Diálogo todo o processo deve ser direcionado para que aconteça a relação ressonante
positiva entre todos os envolvidos no trabalho, com foco nos objetivos maiores do mesmo. Seu objetivo geral, como
Atendente Fraterno, será oferecer ao Atendido o campo de vibrações que você preparou para recebê-lo, pleno das
irradiações de amor e fraternidade. Portanto, se a sua conexão com o campo de amor cristão foi feita e você se
encontra atendendo a partir de suas qualidades, estarão presentes as vibrações conscientes da simpatia, da
compaixão e da misericórdia evangélicas e também as da afinidade por empatia.

Durante o diálogo você, então, irradiará para o Atendido essas qualidades, enquanto o atende em suas aspirações
para o encontro. Com o auxílio de suas habilidades de condução do encontro, você irá fazendo com que ela saia cada
vez mais das prisões mentais e emocionais nas quais se encontra e comece a se conectar com os propósitos profundos
de sua alma. Sintomas e consequências da ressonância com a esfera do amor. Para a Pessoa em atendimento, um
fenômeno singular acontece: à medida que ela passa a ressoar com as qualidades vibracionais do amor, da compaixão
e da misericórdia, ela começa também a usufruir das virtudes pacificadoras e curativas do Amor Crístico. Esses efeitos
serão sentidos por todos os envolvidos e abrirão caminhos para suas transformações, fortalecendo-a também no que
for necessário para realizar uma nova caminhada, mais consciente e em nível vibratório mais elevado.

Como Atendente, você saberá que está acontecendo essa conexão (ou ressonância) com as qualidades espirituais do
amor quando você sentir que está realizando o seu trabalho de forma acolhedora, tranquila e serena. Sentirá que o
encontro flui e que não existe, de sua parte, preocupação com o seu preparo para ajudar o atendido.

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Empatia é a capacidade de alguém se colocar "no lugar" do outro, em sentido abstrato. Não significa perder a própria
individualidade, mas conseguir uma interação "simpática" ou ressonante, por perceber profundamente os
sentimentos, necessidades, emoções ou reações, ao imaginar-se nas mesmas circunstâncias que a outra Pessoa. Em
nível de interação espiritual isto somente se torna possível pela ressonância com as vibrações da fraternidade
evangélica.

Experimentará somente o impulso de utilizar todo o seu amor fraterno, todas as suas habilidades e todo o seu
conhecimento com o foco único de servir de instrumento para que a Pessoa em atendimento encontre junto ao Cristo
o que veio buscar na Casa Espírita. Isto é, que ela se encontre consigo mesma, com sua força e com seus recursos
pessoais para alcançar os seus propósitos para esta encarnação, em conexão com a Espiritualidade Maior. Quanto a
você, sairá do trabalho de Atendimento sentindo-se alegre, bem disposto, fortalecido em seus propósito de
abordagem construtiva aos seus próprios desafios e vivencias existenciais. É comum o Atendente sair desse tipo de
encontro com um grande sentimento de gratidão à espiritualidade e a Deus. Poderá sentir, também, satisfação
consigo mesmo, contentamento pela oportunidade de servir, fortalecimento da vontade, juntamente com uma maior
apreciação pelas bênçãos da sua própria vida.

19 Implicações das interações em dissonância (antipáticas).


A dissonância vibratória no momento do atendimento, por sua própria natureza, impedirá que os objetivos maiores do
encontro sejam atingidos. Por isso, é da máxima importância que você tenha clareza sobre o tipo de relação que ir
estabelecer com o Atendido e evite os fatores que poderão afetara qualidade da interação. No Atendimento Fraterno,
é frequente que a Pessoa solicitante chegue emitindo vibrações mais densas, pois essas são as emanações das
frequências de sofrimento, conflitos, culpas ou dúvidas existenciais. Caberá a você estar preparado para manter-se em
conexão com as esferas espirituais protetoras do trabalho e irradiar as frequências pacificadoras e acolhedoras do
amor fraterno durante todo o Atendimento, envolvendo nelas o Atendido, de forma a elevar as vibrações do mesmo
sem que seu plano pessoal seja afetado. Assim, caso o Atendido responda às qualidades vibratórias que você lhe
oferece, poderá fortalecer-se para o trabalho de libertação de suas dificuldades e preparar o seu caminho de
autotransformação, utilizando-se dos recursos que você irá lhe proporcionando e sugerindo durante a interação. Se
você, por alguma razão particular sua, sair de sua conexão com a espiritualidade superior e se conectar com a
perturbação da pessoa em atendimento, suas vibrações baixarão para o nível de sua personalidade (seu ego pessoal),
com todas as suas fragilidades e possíveis questões mal resolvidas. Nesse caso, não somente o atendimento ficará
dificultado em seus objetivos, como você poderá sofrer considerável perda de energias durante o processo.

Sintomas e consequências da dissonância energética no Atendimento.

Você poderá perceber que está acontecendo dissonância se durante o encontro você começar a se sentir inquieto,
irritado, angustiado, experimentar antipatia pela pessoa ou sentir alguma sensação corporal incômoda. Se perceber
que está preso ao seu mental, procurando soluções, sem saber o que fazer, ou ainda se você se sentir impulsionado a
estabelecer diretrizes para a Pessoa, começar um processo de doutrinação" (pregação), emitir julgamentos e
avaliações, mesmo mentais.

Seu papel contínuo no Atendimento Fraterno será estar atento para o aparecimento desses sintomas de dissonância
com as frequências nobres do trabalho. Caso você sinta que eles começam a aparecer, deverá restabelecer
imediatamente o seu contato com as qualidades cristãs, voltando à serenidade e à pacificação íntima. Retome seu
contato com o coração, vibre em fraternidade com o Mentor Espiritual da atividade, elevando ao mesmo tempo seu
pensamento ao Cristo e renovando sua entrega ao trabalho de simples intermediário de Suas bênçãos ao irmão à sua
frente. Realize silenciosamente a conexão com as forças harmoniosas criadas em se coração através do exercício
indicado anteriormente.

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Utilize também de habilidades de condução do encontro para mudança de foco da interação (essas habilidades serão
estudadas em detalhes mais adiante neste trabalho). Se necessário for, para que você consiga reconectar-se com as
vibrações do amor fraterno cristão, faça uma suave pausa e peça ao Atendido para orar junto com você, para que
ambos solicitem o auxílio superior. E você, respire! Respire suave e profundamente. Se o Atendido estiver muito
agitado, perturbado ou sofrido, conduz, o mesmo a um estado mais sereno e ligado ao nível de auxílio maior,
proporcionando certo equilíbrio às suas emoções. Se, no entanto, você estiver muito afetado pelas emissões do
Atendido e o encontro terminar em dissonância entre os níveis energéticos, será aconselhável marcar um novo,
Atendimento, para o qual você poderá se preparar melhor em relação ao tratamento da questão em foco. Deverá,
nesse ínterim, trabalhar no significado, para você, do tema que o Atendido apresentou e verificar quais são as
fragilidades com seu ego pessoal que foram expostas. Caso você se veja imediatamente comprometido pela questão,
ao final do Atendimento encaminhe a Pessoa para um próximo encontro com Atendente, se ela estiver aberta para
isto. Quanto a você, deverá realizar um trabalho pessoal com harmonização de seu próprio íntimo, imediatamente
após encontro dissonante. Entre outras possíveis providências, deixará elevar suas vibrações para voltar à conexão
com as qualidades do amor fraterno, antes de atender uma nova pessoa, certamente tomando cuidado redobrado em
sua harmonização pessoal antes de dar por terminado o trabalho do dia.

Caso não seja feito, você provavelmente sentirá as consequências vibratórias do processo de dissonância vivido. Abrirá
espaço de conexão não somente com os problemas que ela trouxe para o encontro, mas também com os possíveis
companheiros sofredores que orbitam em sua esfera existencial, encarnados e/ou desencarnados. Poderá deixar a
atividade sentindo-se cansado e oprimido, suscetível também a continuar sofrendo as influências negativas após o
encerramento dos trabalhos, em sua vida cotidiana. Compreenda-se que isto não é, de forma alguma, o que deve
acontecer como resultado de sua atividade de Atendimento Fraterno.

Exemplos de dissonância entre o Atendente Fraterno e a Pessoa em Atendimento.

Outra possibilidade é a de que aconteça uma dissonância entre você e a Pessoa em Atendimento porque as
frequências de ambos se tornam incompatíveis durante o trabalho, impedindo a troca energética. Os exemplos que
lhe dou abaixo são de dissonância provocada por atendimentos realizados sem a devida preparação, nos quais o
Atendente está atuando a partir das fragilidades e imperfeições de sua própria personalidade (ego pessoal). Um
primeiro exemplo de dissonância provocada pelo Atendente. O Atendido chega apresentando uma situação pessoal
que você ainda não conseguiu elaborar de forma cristã em seu foro íntimo, isto é, envolve uma temática humana que
você ainda não aceita de forma compassiva e misericordiosa. E acresce que você não se preparaou devidamente para
o Atendimento, encontrando desconectado da espiritualidade que assiste aos trabalhos. Digamos, por exemplo, que
você está em situação de intolerância em relação à homossexualidade humana. Ao começar a ouvir a pessoas:
homossexual você se deixa invadir por sentimentos e pensamentos de rejeição, de julgamentos de animosidade, de
depreciação ou de condenação e outros, devido aos seus próprios problemas com essa área das dificuldades humanas,
com isso os objetivos do encontro fraterno não serão atingidos. E não se poderá prever o que acontecerá em seguida,
por consequência do fortalecimento dos aspectos dissonantes do Atendido, decorrente da rejeição que ele sentiu ao
procurar as luzes do Espiritismo. Atenção, irmão Atendente, para uma percepção essencial que repetiremos! Tais
situações e consequências poderão ocorrer sempre que o Atendente não se preparar para os seus Atendimentos e
realizar seu encontro com a Pessoa solicitante como se estivesse em uma simples situação social, ou, ainda mais,
ligado aos seus preconceitos, intolerâncias, julgamentos e visões sectárias não trabalhadas em si mesmo.

b) Outro exemplo de dissonância provocada pelo Atendente. O Atendente pode também provocar dissonância por
razões de fragilidades de seu ego inflado por vaidade, orgulho, egocentrismo e questões semelhantes, ao se colocar
em posição de superioridade, emitindo avaliações, julgamentos, tentando prescrever diretrizes, etc. A pessoa em
atendimento poderá se sentir não compreendida e/ou isolada, comumente humilhada ou inferiorizada, impedida de
se conectar com seus próprios recursos e de receber os benefícios espirituais que veio buscar. Em consequência, ela
pode se isolar em um mutismo de difícil manejo para o Atendente; pode adotar atitudes de submissão, bajulação ou
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dependência; pode se mostrar irritada, agressiva, defensiva; pode procurar se ficar ou se mortificar e experimentar
várias reações que demonstram a dissonância que estabeleceu entre os dois. Também nesse caso podemos deduzir
que o Atendente falhou em se preparar como um discípulo do Mestre em nome do qual realiza o Encontro Fraterno.

c) O Atendente em dissonância em sua própria psicosfera. Uma das possibilidades mais graves em termos dos
objetivos da atividade, é que seja você aquele que chega ao encontro em situação de vibrações de baixa frequência,
por aspectos que vão além das dificuldades de personalidades ainda não trabalhadas.

20 A preparação do ambiente físico do Atendimento pelo Diálogo


O Atendimento Fraterno pelo Diálogo será feito preferivelmente em um ambiente privativo onde você possa se
encontrar com a Pessoa solicitante de forma individual, livre de interrupções e da presença ocasional de pessoas ou
atividades estranhas ao encontro.

Somente o amor sentido e vivido por nós provocará a eclosão dos raios de amor em nossos semelhantes. Sem
polarizar as energias da alma na direção divina, ajustando-lhe o magnetismo ao Centro do universo, todo programa de
redenção é um conjunto de palavras, pecando pela improbabilidade fragrante. André Luiz (Espírito)

A preparação prévia do ambiente do atendimento compreende as ações que você, como Atendente Fraterno,
desenvolverá no período imediatamente anterior ao encontro com a Pessoa a ser atendida. Inclui a preparação do
ambiente físico onde ele ocorrerá e a sua preparação pessoal imediata, individualmente, se for o caso, ou em Grupo
de Atendimento, se assim for a estruturação do trabalho na Casa onde você atua.

A preparação do ambiente físico do Atendimento pelo Diálogo O Atendimento Fraterno pelo Diálogo será feito
preferivelmente em um ambiente privativo onde você possa se encontrar com a Pessoa solicitante de forma
individual, livre de interrupções e da presença ocasional de pessoas ou atividades estranhas ao encontro.

Deve incluir aspectos de limpeza, ordem, simplicidade e harmonia ambientais. Dentro das possibilidades, é altamente
desejável incluir música harmônica, de natureza elevada, que será mantida em constante sonorização, em volume
baixo. Plantas vivas ou flores frescas são também recomendáveis. Deve-se evitar a presença de múltiplos objetos
estocagem de produtos no local. É desejável que o ambiente seja de uso exclusivo da atividade, pelo menos no
momento do diálogo. Se for possível a reserva do espaço permanentemente para os atendimentos, será altamente
produtivo, pois que assim poderá ser preparado pela Espiritualidade e conservará as características vibratórias
consoantes com o seu uso. Que possua porta, para conferir privacidade ao encontro. Durante seu diálogo com o
Atendido, a mesma deverá permanecer encostada, levemente aberta e não fechada, para que sejam evitados
possíveis mal-entendidos sobre a natureza da relação no atendimento. Se houver janela, que não proporcione visão do
exterior ou para ele, para proteção da privacidade da Pessoa em atendimento (cortinas leves podem resolver esse
aspecto. Se possível, o ambiente proporcionará atendimento individual, uma vez que várias pessoas sendo atendidas e
um mesmo ambiente prejudica a privacidade e constando pessoas a reprimir emoções ou relatos, por receio da
divulgação resultante da escuta ou visão de outras pessoas. Isto inclui a acústica de salas separadas por biombos ou
que deixa passar livremente os sons.

É muito possível que os Atendidos em sofrimento se emocionem, chorem ou de outra forma se mostrem estresse.
Portanto, é desejável que estejam disponíveis ambiente do encontro lenços de papel e, se possível, água filtrada e
copos limpos ou descartáveis. Caso as disposições do ambiente ou as condições da Casa não comportem, você poderá
providenciar esses materiais como doações e levar para o encontro.

Outros materiais deverão estar à disposição no recinto do diálogo, em antecedência a cada encontro, como, por
exemplo: papel para anotações, tabelas demonstrativas de horários e locais dos diversos serviços da Casa para os
quais Atendidos poderão ser encaminhados) fichas para as estatísticas de atendimento, mensagens doutrinárias

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disponíveis para entrega, Fichas de Encaminhamento, Fichas de recomendações (será explanada mais adiante) e
outros mais, porventura requeridos...

Tempo de preparação do Grupo de Atendimento. Sugere-se que essa preparação seja feita por pelo menos meia
hora, imediatamente anterior ao início do primeiro atendimento de cada dia de trabalho.

A dinâmica da preparação do Grupo de Atendimento. Se os Atendentes forem vários a trabalharem simultaneamente,


haverá necessidade de que se tenham organizado em um Grupo de Atendimento, ou mais de um, se for o caso. Cada
grupo funcionará sob a coordenação de um dos trabalhadores com encargos diretivos e sob a proteção de um Mento-
Espiritual escolhido pelo grupo.

Recomenda-se que a preparação seja realizada conjuntamente por todos os atendentes do dia que irão atuar em um
grupo. Grifamos o item anterior porque a presença de todos na preparação do ambiente é fundamental para a
harmonização das energias necessárias ao trabalho, especialmente no tangente à conexão com as qualidades
vibratórias do mundo espiritual superior. A chegada de membros em diferentes horários provoca dispersão da energia
e distrai os membros que já estão se preparando, perturbando o ambiente espiritual. Além disso, aquele que chega
atrasado não se preparará da mesma forma, ocasionando desnível vibratório no Grupo.

De acordo com as possibilidades de instalações da Casa, é desejável que o Grupo ou Grupos de Atendimento utilizem
sempre o mesmo local para fazer a sua prepararão para os trabalhos. Desse modo, o local será certamente tratado
pela Espiritualidade protetora antes, durante e depois dos encontros. Ficará imantado pelas emanações acumuladas
da formação de ambiências vibratórias elevadas pelos Atendentes. Será, assim, facilitada a conexão necessária de cada
trabalhador com as qualidades vibratórias do amor cristão, que o acompanharão durante seu encontro com os
Atendidos.

Podemos considerar dois períodos de atividades preparatórias do Grupo:

a) Breves estudos e reflexões de aperfeiçoamento e reciclagem. A depender da decisão do Grupo, as ações de


harmonização e conexão intencional com as qualidades vibratórias do trabalho poderão ser precedidas de leituras de
páginas evangélicas apropriadas ou pequenos períodos de estudo, sempre sobre os conteúdos envolvidos no
atendimento. Como colocado anteriormente, o próprio conteúdo desta apostila pode servir de material de estudo e
reflexão nessa fase dos trabalhos. Nesse primeiro momento de preparação do grupo poderão ser também
transmitidas recomendações e avisos relativos ao dia, assim como distribuição ou partilha de materiais.

b) Formação do campo vibratório para o trabalho. Contato fraterno e harmonização dos membros do Grupo entre si.
Preparação íntima de cada um, segundo o detalhamento seguinte.

A preparação do ambiente pessoal do Atendente

Na preparação interior do Atendente imediatamente antes do Atendimento, são essenciais os seguintes elementos:

a) Um breve período de harmonização da psicosfera pessoal: pelo relaxamento das tensões em seu corpo e espírito,
originárias dos acontecimentos da vida cotidiana.

b) Pacificação interior: pelo desligamento em relação a quaisquer questões pessoais, dentro de um sentimento de
entrega ao trabalho, de presença integral ao momento do atendimento e afastamento de quaisquer considerações ou
necessidades de providências de cunho pessoal.

c) Sintonização com o mundo espiritual superior e com as irradiações de amor e paz necessárias ao trabalho: pelo
recolhimento ao mundo interior, pela vibração de sons de música divina, pela contemplação e meditação, pela
reflexão elevada e, principalmente, por preces. Cada Atendente poderá ativar neste momento as energias amorosas
do seu coração, exercitando a Irradiação de Amor e Paz.

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d) Solicitação do auxílio dos Mentores do trabalho: daquele que foi escolhido como Protetor Espiritual do Grupo de
Atendimento e/ou de algum Mentor específico que acompanhe o trabalhador.

e) Expressão da gratidão, do respeito e da alegria sentidos pela permissão de realizar o trabalho de Atendimento
Fraterno ao próximo em nome do Cristo. Preparação e acompanhamento do público solicitante em espera.

“Não basta declarar nossa condição de aprendizes do mestre dos mestres. É indispensável estejamos realmente com
ele, para com ele colaborar na construção da Vida Melhor. “

Emmanuel (Espírito)

Essa terapêutica prevê uma conversação orientação para o desenvolvimento de quatro momentos ou funções de
ajuda a serem exercidas durante o encontro, tais sejam:

1. A função do acolhimento

2. A função do consolo

3. A função do esclarecimento

4. A função do encaminhamento

Acolher aquele que nos procura, oferecer-lhe um campo propício onde possa nutrir-se das bênçãos divinas,
apascentar o seu sofrimento, mostrar-lhe, através de exemplos vívidos de posturas e condutas cristãs, como trilhar os
caminhos que levam ao Reino de Deus.

A função de acolhimento: "Acolher aquele que nos procura (...)". A função do acolhimento tem por finalidade fazer
com que a Pessoa se sinta benvinda, aceita, valorizada, como que chegando à Casa de sua Família Universal, onde
Deus a recebe com a amorosidade de um Pai à chegada de seu filho mais querido. Nessa função se oferece uma
ambiência nutridora das bênçãos ou graças divinas. O acolhimento deve ser gentil, atencioso, sincero e amigo, de tal
forma que transmita àquele que chega o sentimento de que nós, como seus irmãos que trabalham na Casa Espírita,
estamos sentindo a alegria de receber em nosso lar um irmão amado e valoroso. Essa recepção fraternalmente
calorosa tem por meta, portanto, que a pessoa se sinta amorosamente aceita em suas necessidades, valorizada como
ser humano e convidada a se conectar com seu poder pessoal de filho de Deus, para a regência de seu próprio destino.

Na função de consolo: "Apascentar seu sofrimento (...)". A função do consolo objetiva que o Atendido faça sua
conexão com a espiritualidade e com seus recursos pessoais, através da escuta incondicional, da compreensão
compassiva e das habilidades interpessoais do Atendente. Algumas pessoas buscam ajuda no Centro Espírita por se
encontrarem em situação de crise, perturbação emocional-espiritual, questionamentos ou dificuldade existencial-
espiritual, e, muitas vezes, em grande sofrimento. Atendê-las e conseguir proporcionar a elas um consolo fraterno é
realizar a própria tarefa do Cristo Consolador.

É principalmente no exercício da função de consolo que as qualidades da compaixão e da misericórdia do Cristo, de


aceitação das fragilidades humanas, do não julgamento e do amor fraterno incondicional devem estar presentes e se
tornarem evidentes em nossa vibração, em nossas concepções de mundo e em nossas atitudes, guiando o nosso
comportamento no atendimento.

A função de esclarecimento: "Mostrar-lhe (...) como trilhar os caminhos que levam ao Reino de Deus".

Na função do esclarecimento o Atendido recebe informações sobre como se utilizar da terapêutica Espírita para
amenizar ou curar suas dores — de quaisquer origens — e sobre como encontrar na Doutrina do Cristo fontes
amorosas para o seu processo de acolhimento, dignificação e amor de si e por si mesmo.

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Inclui também o esclarecimento de questões ou dúvidas que o Atendido possa apresentar. A finalidade é prover
informações sobre princípios, modos de ver, recursos e caminhos de autotransformação que ele mesmo poderá
utilizar dentro da mensagem Espírita — e da sua terapêutica cristã para amenizar ou curar suas dores, ou inquietações
de quaisquer origens.

Trata-se de fornecer elementos para que ele possa sair do contato com você, Atendente, sentindo-se mais
esperançosos, mais confiante e esclarecido quanto às possibilidades de exercer sua autonomia na escolha dos
autocuidados que a Doutrina oferece e que poderão ajudá-lo, facilitando a sua caminhada.

A função de encaminhamento aos recursos oferecidos pela Casa Espírita em particular e pelo espiritismo de modo
geral é decorrência das três funções acima. Objetiva fornecer indicações ao Atendido sobre onde e como conseguir os
recursos sugeridos para o seu trabalho pessoal na realização das metas que o trouxeram ao pedido de ajuda.

Esta é uma função que decorre das compreensões que você adquiriu — durante o Diálogo — sobre as necessidades do
seu Atendido. A partir delas, você o encaminhará aos recursos da Doutrina apropriados para ele e às atividades
específicas oferecidas pelo Centro Espírita.

Possível indicação de retorno (acompanhamento). É nesse momento final do encontro que você poderá se colocar em
disponibilidade para um possível retorno do Atendido para dialogar sobre seus progressos e novas resoluções. Essa,
disponibilidade deve ser exercida com muito critério, somente para aqueles poucos casos em que você prever a
necessidade.

Posturas íntimas adequadas à manutenção do ambiente espiritual

POSTURA 1. Manter-se conscientemente conecta às vibrações de amor cristão.

É através dessa psicosfera que o Atendido irá encontrar os elementos de qualidade amorosa necessários para pacificar
e equilibrar seu íntimo e fazer as conexões com espiritualidade superior, de forma a ser auxiliado a realizar
transformações que necessita em sua vida. Encontramos referência sobre a importância dessa sustentação amorosa
livro Nosso Lar, escrito pelo Espírito André Luiz, do que selecionamos os trechos seguintes:

Aprendemos (...) que a vida terrestre se equilibra amor, sem que a maior parte dos homens se aperceba. (...)Todo
sistema de alimentação, nas esferas da vida, tem no amor a base profunda. A alma, em si, apenas se nutre de amor.
(...) A conversação amiga, o gesto afetuoso, a bondade reciproca, a confiança mútua, a luz da compreensão, interesse
fraternal - patrimônios que se derivam naturalmente do amor profundo - constituem sólidos alimentos para a vida em
si. (...) toda a estabilidade da alegria é problema de alimentação puramente do espiritual.

Lembremos que os componentes vibratórios mais importantes do amor cristão são as qualidades amorosas da
compaixão e da misericórdia, que trazem implícitas as atitudes íntimas de:

• Fraternidade e aceitação incondicional da trajetória de todos os seres, resultantes da compreensão sobre a nossa
condição de igualdade de essência e de direitos perante as leis maiores da vida.

• Esperança que resulta da consciência de que ninguém se encontra em situação outra que não a mais apropriada
para si mesmo, em cada momento existencial; que todos nos encontramos amparados pela misericórdia inerente à
nossa viagem pelos caminhos da vida.

• Confiança oriunda do conhecimento da perfeição das realidades maiores que regem todos os seres e do Amor de
Deus para com todos, indistintamente.

• Alegria derivada da gratidão pela abundância de oportunidades de evolução, inerentes à condição de encarnados
nesta experiência, dentro do espaço tempo da Vida Maior.

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POSTURA 2. Irradiar serenidade e aceitação do desafio trazido ao encontro.

Acolher com amor, serenidade e aceitação incondicional tudo o que a Pessoa trouxer para o encontro, respeitando o
seu modo particular de expressar suas necessidades postura no contato com o Atendido será sempre a de
compreender seu universo individual, como companheiro de jornada pronto a caminhar junto com ele. Deverá evitar
posicionamentos que possam sugerir que está ali para ensinar lições ou defender qualquer teoria ou doutrina de vida
em particular. A abordagem não será a de convencê-lo sobre a veracidade de quaisquer postulados, caminhos,
ensinamentos e ações julgados como mais apropriados para ele. Lembremo-nos que o nosso posicionamento na
Doutrina Espírita, como Cristianismo Redivivo, é aberto e não discriminatório. Todos aqueles que a nós chegarem,
portanto, são atendidos como irmãos e iguais, independentemente de sua denominação religiosa, filosofia de vida,
situação econômica, sexual, racial ou quaisquer outras distinções que diferenciam socialmente os seres humanos.

Como postura básica, isto significa que você nunca se engajará em polêmicas com o seu Atendido, mesmo que esse
esteja alterado e demonstrando comportamentos acusatório em relação à Doutrina Espírita, a algum trabalho ou
trabalhador em particular e/ou ao Centro Espírita. O Atendimento Fraterno não é local para debates ou discussões,
pois que retiraria o Atendente de sua conexão com a Espiritualidade Maior. Um modo básico de tratar acontecimentos
deste é ouvir com muito respeito o posicionamento do Atendido, de forma a compreender o que ele realmente está
comunicando e o seu posicionamento pessoal. Por exemplo, ele pode estar influenciado por entidades malfazejas que
estão testando o comportamento do Atendente... Ele pode ter boas razões para sua fala, embora ela possa estar
sendo expressa de forma inconveniente...

Se a intuição é de que não há lugar para um posicionamento doutrinário de sua parte, devido à situação conturbada
ou de rigidez em que se encontra o Atendido, é melhor deixar a fala agressiva cair no vazio da falta de debate e
continuar focalizando as necessidades do mesmo, perguntando-lhe algo assim: "Apesar de tudo isto (o que ele
colocou), o que o trouxe à nossa Casa, meu irmão? O que você aspira conseguir através de nosso diálogo?"

Caso um posicionamento doutrinário sereno e simples seja possível, você poderá enuncia-lo em resposta às
colocações do Atendido, mas sempre com o cuidado de começar de forma impessoal, como "A esse respeito, a
posição da Doutrina Espírita é de que..." (anote que você nunca colocará que é você quem pensa de uma forma ou de
outra, para não se estabelecer um debate pessoal de ideias entre os dois).

Da mesma forma, se o ataque for a alguma pessoa ou instituição, não é aconselhável particularizar a conversa
tomando a defesa ou se manifestando em concordância/discordância.

POSTURA 3. Abrir-se para a compreensão sem julgamento

Entender que o melhor que você pode fazer pela Pessoa é abrir-se — sem julgamento — para a compreensão da dor
que ela sente e do significado que essa dor tem para ela. Abster-se de achar ou de afirmar para a Pessoa: que "sabe" o
que ela está passando; que pode avaliar o "quanto" ela está sofrendo; que ela está enfrentando o problema de forma
"adequada" ou não; que ela parece estar "disposta" ou não a se modificar e outros pressupostos e presunções
semelhantes sobre ela ou sobre sua situação existencial. Ou seja, evitar quaisquer posições de desqualificação ou de
avaliação da questão tratada. Conscientizar-se de que somente a própria Pessoa pode sentir e avaliar o que está
sentindo e decidir qual caminho tomar para melhor cuidar-se.

POSTURA 4. Abster-se do uso do lugar-comum.

Abster-se do uso de clichês populares. Eles interrompem o processo de interiorização e aprofundamento da pessoa
em sua dificuldade, desviam o foco particular de seu desenvolvimento existencial e despersonalizam as questões
tratadas. Na maior parte dos casos, o uso de clichês pelo Atendente indicativo de sua dificuldade em se entregar à
audição plena da questão que a pessoa apresenta e de bloqueios mentais que o desviam do momento presente, pela

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interposição de divagações pessoais. Exemplo de uso de clichês e ditada populares são: "Pau que nasce torto, não tem
jeito, morre torto". "Mais vale prevenir que remediar...".

POSTURA 5. Isentar-se da necessidade de evidenciar um "bom desempenho".

Conter impulsos de desempenho pessoal, através de tentativas de "resolver" prontamente as questões da Pessoa pela
aplicação de receitas preconcebidas (mentais ou em respostas corporais ou verbais).

POSTURA 6. Exercitar cuidados no uso do poder pessoal. Tendo em vista expectativas possíveis das pessoas que
buscam atendimento, compreender que quando assumimos uma posição que nos faculta ajudar o próximo a transitar
pelos caminhos de sua encarnação, enfrentamos um grande desafio, imposto pela nossa tendência ao uso egocêntrico
do nosso poder pessoal. Essa tendência à posição autocentrada nas relações com o próximo pode nos levar a posturas
ilusórias, frutos de vaidade, orgulho e ignorância de nossa parte. Essas posturas derivam de dificuldades morais
relacionadas à nossa personalidade, portanto, devem ser evitadas, por errôneas e inapropriadas para o trabalho de
atendimento. Alguns tipos comuns de posturas ilusórias são delineados a seguir. Para ênfase, repetimos a afirmativa
de que são ilusões, em cada uma delas.

É POSTURA ILUSÓRIA: Pensar que possuímos conhecimentos absolutos sobre o melhor modo de conduzir certas
situações. Este movimento interno é o da vaidade, que bloqueia a compreensão sobre caminhos diversos do nosso e
leva a uma postura radical, impedindo a aceitação e a benevolência que devem ser inerentes ao processo do
atendimento com o Cristo.

É POSTURA ILUSÓRIA: Pensar que a medida que utilizamos para avaliar as coisas representa o padrão da verdade
incontestável. Este é um movimento interno de orgulho, fundamento principal da injustiça, da discórdia e da postura
de luta (postura de adversário daqueles que não pensam como nós).

É POSTURA ILUSÓRIA: Pensar que a situação de Atendente representa estágio de evolução que nos coloca em posição
superior em relação ao Atendido. Essa é uma postura interior de ignorância que representa uma ilusão bloqueadora
da fraternidade e da compaixão pela natureza humana e pelas suas fragilidades inerentes, condição humana esta da
qual fazemos parte.

O benfeitor Emmanuel coloca claramente os limites de nosso poder na relação de ajuda ao outro:

(...) é imperioso compreender que todos nós temos, na edificação espiritual uns dos outros, uma parte limitada de
serviço e concurso, depois da qual vem a parte de Deus. O lavrador promove condições favoráveis ao plantio da
lavoura, mas não consegue colocar o embrião na semente; protege a arvore, mas não lhe inventa a seiva. Assim ocorre
igualmente conosco, nas linhas da existência.

FATO 1: Toda cura é resultado da consonância (ressonância energética) com as qualidades terapêuticas da harmonia e
do amor universais. Nenhum de nós possui o poder de curar o próximo. Não somente nos falta esse poder como não
podemos fazer com que uma pessoa receba a ajuda que julgamos melhor para ela, por melhor que seja, em essência,
o que desejamos lhe oferecer. Tudo o que podemos fazer é proporcionar o ambiente propício para que ela — se
quiser e se puder — se já estiver pronta — faça por si mesma as ações e os contatos que mais felicitarão a jornada. Por
isso, tenhamos sempre em mente o seguinte mote:

Não sou eu quem ajuda o próximo, mas a qualidade Crística do Amor Fraterno Incondicional é que ajuda através de
mim.

FATO 2: Todos somos intrinsecamente livres para dirigir o nosso caminho evolutivo. Nenhum de nós possui controle
sobre os desejos e ações alheios. O poder de autogestão é inalienável a cada um dos filhos de Deus. Geralmente nosso
desejo de controlar os parâmetros da cura da outra Pessoa ou nossa vontade de que ela siga de pronto nossa
orientação sobre determinado caminho vem de um julgamento que fazemos sobre ela. Advém também de nossa
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incapacidade de aceitar que a sua evolução ocorra no tempo e ritmos próprios a ela. Dessa forma, direta ou
indiretamente, nosso amor se torna condicional a que ela siga pelos caminhos que lhe indicamos.

POSTURA 7. Desenvolver o Atendimento sem expectativas específicas sobre os resultados das ações. A finalidade
última do Atendimento é a facilitação do processo existencial da Pessoa. Como não podemos desejar em lugar da
outra Pessoa, respeitemos suas possibilidades do momento, na certeza de que elas serão sempre o melhor que ela
pode fazer por si mesma no instante em particular. Dessa forma, nos libertamos para o amor isento da vontade
determinar a direção dos passos da pessoa e para a valorização do que ela pode aprender ou apreender através das
experiências do momento. Somente assim estaremos consonância com o respeito devido ao seu livre-arbítrio.

POSTURA 8. Manter o foco na confiança, na luz e na esperança.

Para isto, você necessitará estar profundamente convicto de que toda experiência de vida é positiva e está sempre
permeada pelas bênçãos da Harmonia Universal. Somente assim suas convicções íntimas refletirão os conhecimentos
da Doutrina Espírita, que nos trazem à consciência a realidade de que ...

• ... São equivocados os conceitos estreitos de erro, punições e vontade divina relacionados a lutas e julgamentos de
bem e de mal, porque assim enfocados são geradores de culpa improdutiva e de visões negativas da Vida.

• ... Tudo está sempre correto, dentro das Leis vibratórias, porque, se assim não fosse, a Vida seria parcial,
discriminatória e/ou injusta, o que é uma impossibilidade dentro da perfeição orgânica da Criação Divina.

• ... Em uma situação de sofrimento, não é a situação em si mesma que está errada, mas sim os rumos e ações é que
podem estar equivocados ou limitados pelas fragilidades humanas, portanto doendo, porque contrários à fluidez da
Vida. A situação em si está sempre correta, energeticamente, dentro das Leis universais do livre-arbítrio nas ações e
causa-e-efeito nas consequências;

• ... É natural a dificuldade humana em aceitar situações que não desejaria estivessem presentes em sua vida; assim
como também é natural a resistência em se entregar com confiança às experiências do momento, quando elas
parecem ocorrer na contramão das direções que se almeja.

• ... Nossa percepção do momento pode limitar a compreensão do significado verdadeiro, profundo e harmonioso das
nossas experiências sofridas.

21 EVITAR dar conselhos (diretrizes a seguir), citando experiências pessoais e expressando opiniões
(avaliações) sobre a situação do Atendido.
O foco do encontro é a situação do Atendido e o que ele pode decidir para si mesmo e não o que você "pensa que
sabe" sobre o que é melhor para ele.

EVITAR fazer pregação de preceitos doutrinários (proselitismo).

O Atendido busca o atendimento para ser ajuda do atravessar a sua situação vivencial especifica e a seguir sua vida de
forma mais construtiva e esperançosa, a partir do ponto em que se encontra. Não vem para ser convertido às suas
convicções ou opiniões ou para receber uma lição sobre o que deve decidir.

EVITAR utilizar-se de argumentos, mesmo que sejam com base na doutrina, para mostrar para a Pessoa acolhida seus
"erros" e sua necessidade de se arrepender ou de tomar medidas para se penitenciar deles. Como enfatizado
anteriormente, argumentações, avaliações de conduta, sentenças e prescrições de comportamentos constituem
material alheio terapêutica do Cristo, que indica sempre a metodologia da compaixão e da misericórdia no trato de
quaisquer questões.

'" EVITAR direcionar a Pessoa para determinadas resoluções, indicando para ela o caminho que ela "deve" seguir.
35
O Atendimento Fraterno se pauta pelo profundo respeito pelo caminho único da Pessoa e pelo livre-arbítrio de suas
escolhas. Nada sabemos da sua caminhada ao longo das eras. Não temos nem o conhecimento nem o direito de
indicar caminhos específicos para a sua situação existencial. Tudo que podemos fazer é prestar esclarecimentos,
quando perguntados sobre tópicos pontuais da temática do encontro, evidenciando para o Atendido as posições
claramente explicitadas pela Doutrina dos Espíritos. Podemos ainda sugerir recursos espirituais que a Doutrina indica
como auxiliares poderosos à caminhada rumo às metas maiores da Vida como, por exemplo, a oração, o Evangelho no
Lar, o estudo das realidades espirituais, a fluidoterapia e outros recursos da terapêutica do Cristo Consolador.

EVITAR estabelecer uma "troca de experiências", explanando sobre suas vivências pessoais, como se estivesse numa
conversa social, tomando o tempo do encontro para falar de si mesmo, à guisa de partilha de dores ou dificuldades ou
de exemplificação de como proceder.

Sua pessoa e suas experiências não são relevantes para o momento do encontro fraterno. A comparação e
exemplificação em causa própria com intenção de prescrever o que é melhor para o outro é sempre um equívoco, pois
a situação de uma pessoa é única e a experiência de um não serve como parâmetro para as decisões de outra. Além
disso, falar de si mesmo denota vaidade e arrogância por parte do Atendente e pode provocar, no Atendido, reações
variadas, tais como a adoção de caminhos sugeridos, sem análise de sua adequação para o caso próprio: estados
internos de submissão, insegurança e dependência; bem como sentimentos possíveis de rejeição, humilhação,
impotência ou revolta.

EVITAR utilizar-se de expressões avaliativas, tais como "dar razão", confirmar, concordar, simpatizar, discordar ou
tomar quaisquer liberdades que teríamos em nos pronunciar sobre a vida de nossos amigos em situação social. O
Diálogo Fraterno não é o lugar para o Atendente projetar seus sentimentos sobre as questões tratadas, seus
preconceitos ou medos suscitados pela identificação psicológica com a situação do Atendido.

EVITAR situar a Pessoa em Atendimento como alguém que depende de outrem para resolver suas dificuldades e para
se tornar mais feliz, até mesmo em relação à ajuda espiritual e divina, isto é, passar a impressão de que ela está sendo
vista como vítima ou como incapaz de vislumbrar caminhos e resolver suas questões — ainda que com a ajuda que
solicita, de cunho espiritual.

Tornar o Atendido dependente da pessoa que atende prejudica a sua caminhada evolutiva e toma Atendente
responsável por ele frente à Vida frente à Espiritualidade.

EVITAR mostrar poder, desigualdade de situação, superioridade, seja espiritual, existencial ou vivencial. Posturas,
insinuações ou implicações de que sabe mais ou é mais espiritualizado; que já soube como resolver situação
semelhante de forma "fácil ou eficiente"; que possui proteção ou revelações espirituais demonstram somente o
orgulho e a vaidade do Atendente Fraterno e prejudicam o trabalho de ajuda. Inclui-se nessa categoria de
comportamento deixar implicado que a situação do Atendimento é mediúnica, de contato direto com mentores ou de
manifestação de poderes psíquicos ou paranormais. Por exemplo: mencionar ou sugerir a ocorrência de visões, fazer
predições, enunciar revelações de passado, etc. Essas práticas não correspondem à orientação da Doutrina Espírita em
geral e menos ainda da atividade de Atendimento Fraterno.

EVITAR desqualificar a questão que o Atendido apresenta, minimizando a situação relatada, como se a solução fosse
fácil e de pleno alcance para outrem ou até para ele mesmo. Qualquer implicação que sugira que o Atendido poderia
sofrer menos ou que poderia ter feito de forma melhor do que está fazendo — é ignorância e desrespeito à sua
trajetória, porque não há como avaliar as reações ou ações, caso fôssemos ele. A desqualificação também pode ser
feita comparando as qualidades do Atendido com a sua própria situação e expressar que "ele vai conseguir resolver,
porque o que ele apresenta é muito pequeno para a capacidade dele". Embora essa percepção possa até ser
verdadeira, está não é a forma de conseguir que ele se aperceba disto.

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EVITAR tomar tempo do encontro dissertando ou palestrando, em demonstração de conhecimento e sabedoria
pessoais, nem mesmo com a "boa intenção" de se apresentar como modelo a ser seguido. Apresentar-se como
modelo e exibir-se para a outra pessoa são atos de vaidade e personalismo, porque cada um de nós possui dons,
dificuldades, necessidades e trajetórias únicas e diferentes nos caminhos de nossa evolução.

EVITAR deixar implicado que tem um lugar especial dentro da doutrina, por sua proteção ou conexão espiritual -ou
mesmo por seu conhecimento a ser aplicado ao caso do Atendido em particular. Inclui evitar sugerir ou dizer a ele que
possui dons mediúnicos que lhe trazem informações sobre sua situação ou destino. Predizer, desvendar vidas
passadas, "explicar" dificuldades, provas ou resgates da outra pessoa, advém de ignorância e pretensão pessoais do
Atendente, em desconexão com os Espíritos Superiores, que somente atuam dentro das leis amorosas da evolução
universal, jamais distribuindo privilégios ou interferindo no livre-arbítrio de outrem.

Que o Atendido possa receber da Casa e do Espiritismo o auxílio que certamente está programado para ele pela
Espiritualidade. Pois que sabemos que ninguém chega até nós por causalidade, especialmente dentro do trabalho
cristão. As sugestões de acolhimento que colocamos a seguir poderão ser adaptadas e complementadas por você,
desde que se atenha aos princípios da terapêutica com o Cristo. Essas práticas, em sua essência, deverão ser
observadas durante todo o atendimento.

Iniciar a interação de forma gentil e atenciosa, transmitindo ao Atendido a mensagem de que há disponibilidade de
sua parte para atendê-lo e que ele é bem-vindo. Recomendamos que você vá pessoalmente ao encontro do Atendido,
mesmo que na organização da Casa houver uma recepção específica para o Atendimento pelo Diálogo. Neste caso, é
uma boa prática ir até o Atendente de Recepção (ou de Apoio), que indicará o Atendido. Caso o atendente de
recepção esteja encarregado de levá-lo até o local de atendimento, você deverá levantar-se e mover-se em sua
direção para cumprimentá-lo, olhando-o nos olhos e identificando-se, dizendo algo simples e direto. Exemplo: "Boa
tarde! Meu nome é Fulano. Sou o encarregado de atendê-lo neste momento. Venha, por favor". Levar o Atendido ao
local do Atendimento e/ou indicar-lhe onde se sentar. Iniciar o Atendimento utilizando-se de expressões amorosas
(mas não de intimidade, como "meu querido" e semelhantes), que transmitam o sentido de fraternidade do
Espiritismo, de esperança e de ânimo com Jesus, como, por exemplo:

"Seja bem-vindo à Casa de Jesus (ou de Deus, se preferir)! O que o traz ao nosso convívio, meu 'irmão?"

"O que você está buscando em nossa Casa cristã, meu irmão?"

"Que bom que você veio à nossa Casa de Orações! Jesus vai ajudá-lo em sua dor, através de seus mensageiros de
amor". (Expressão especialmente indicada se o Atendido estiver demonstrando abertamente seu sofrimento, com
choro, gemidos ou expressões de dor física).

Exemplos de enunciados e perguntas iniciais a EVITAR.

EVITAR questionamentos sobre razões e "porquês" da presença do Atendido. Ou seja, não recebê-lo com pergunta do
tipo "Por que você está aqui?"

Motivo: Perguntar o "porquê" leva o outro para o mental, a explicações e conjecturas sobre causalidades que nem
sempre exprimem a razão de seu estar ali. Ele poderá passar a historiar fatos e circunstâncias, o que tomará um bom
tempo do encontro, geralmente fugindo ao foco da questão real. Note que a pergunta do porquê das coisas deve ser
evitada em todo o desenvolvimento do encontro, pelo mesmo motivo.

EVITAR formulações que focalizam o Atendente ou a Casa Espírita e não o Atendido e suas necessidades. Ou seja, as
perguntas deverão sempre focalizar o Atendido e suas necessidades e não você mesmo, como Atendente. Perguntas
iniciais como: "No que lhe posso ser útil?" ou "O que esta Casa (ou o Espiritismo) pode fazer por você?" devem ser
evitadas. Motivo: A pessoa é levada a pensar no que você, ou a Casa, ou o Espiritismo podem fazer por ela — ou no

37
que ela quer que você ou a instituição façam. A conversação ficará centrada nas suas possíveis capacidades ou nas
esperanças pessoais em relação ao tipo de atendimento desejado.

Nesse caso, a pergunta inicial já está sugerindo e estimulando uma atitude de dependência, o que vai dificultar um dos
objetivos do Diálogo, que é levar o Atendido à utilização independente dos recursos que a Doutrina Espírita oferece.

Individualizar o encontro, perguntando em primeira instância o nome do Atendido. É também de suma importância
lembrar-se do nome posteriormente e de outros nomes importantes que ele mencionar durante o atendimento. Eles
devem ser utilizados de forma contínua durante o encontro, sempre que um personagem ou objeto do drama que o
Atendido está vivenciando aparecer no cenário do Diálogo. Você poderá ter um registro discreto à parte e ir anotando,
para consulta fácil e rápida com o olhar, caso tenha tendência a se esquecer dos nomes. É importante esclarecer para
ele que a identidade assim como os detalhes de sua situação será, pela ética Espírita, considerada sigilosos. As
anotações de nomes podem ser descartadas após o encontro, ou, se houver o propósito de posterior irradiação e
preces, informar ao Atendido que isto será feito em seu favor, em situação de reunião Espírita, com proteção de sua
privacidade. Neste caso, se for você a sugerir a atividade de irradiação, perguntar se ele deseja que ela seja feita e
explicar-lhe como é realizada na Casa, antes de lhe solicitar informes para o trabalho.

Acolher a Pessoa de forma gentil, respeitosa, serena e carinhosa, porém discreta. Evitar pieguices, diminutivo gestos
íntimos, toques corporais ou exclamações de pena dó ou tristeza, no caso em que a pessoa se encontre em condições
de desespero (chorando, por exemplo), transtorno ou em condições físicas precárias, ou em qualquer estado que
suscite comiseração. Nos casos de muito pranto inicial, é preferível um silêncio respeitoso da situação de dor da
pessoa do que expressões de falsa intimidade. Aguarde serenamente que ela se recomponha, antes de iniciar o
diálogo. Se a pessoa se apresentar em pleno desespero, incapaz de iniciar uma conversação, você poderá lhe
perguntar se deseja fazer uma prece conjunta consigo ou talvez ouvir você fazer e acompanhar somente de forma a
pedirem auxílio e bálsamos da espiritualidade protetora, para que a dor se amenize, antes de iniciar o diálogo.
Façamos parênteses aqui para comentar uma situação que não é comum, mas que pode acontecer. Trata-se do caso
em que você suspeite que o Atendido chegou em situação de incorporação mediúnica (ou qualquer outro tipo de
transe), ou que isto venha a acontecer. Peça a ele que mantenha os olhos abertos, que respire suavemente,
focalizando o contato de seus pés com o solo — e faça mentalmente uma prece, solicitando auxílio espiritual do
Mentor para afastar a perturbação. Garanta a ele que estão ambos sob a proteção divina. Mantenha-se sereno e
conectado com os campos espirituais e a fraternidade em seu coração e conserve a gentileza em sua fala. Em qualquer
caso, não é apropriado dar passes no Atendido durante a atividade do Atendimento Fraterno ou mesmo dialogar com
o espírito, pois que estes são trabalhos que se fazem em outro contexto, com preparação, proteção e objetivos
próprios.

Manter uma postura corporal de recepção plena, evitando aproximação ou distanciamento excessivo. As pessoas
sentem diferentemente o conforto da aproximação física. Para se sentirem confortáveis, algumas pessoas precisam de
maior distância física e outras se sentem melhor aproximando-se mais. Estar sensível a essas diferenças, pelos sinais
corporais apresentados pelo Atendido. De toda forma, é prudente não se aproximar a ponto de encostar ou tocar
nele.

Manter contato visual, sem devassar o Atendido com o olhar. Olhar para ele é fundamental para demonstrar sua
atenção e interesse. No entanto, a expressão e o próprio olhar devem comunicar serenidade e paz.

Manter fisionomia e vocalizações agradáveis, sem afetação. Conservar uma fisionomia receptiva, de interesse
profundo (mas sem mímicas teatrais). Evitar modos faciais de austeridade, autoridade, sisudez, hilaridade e,
evidentemente, mau humor. Evitar também entonações piegas, rudes ou autoritárias na voz.

Focalizar a sua atenção integralmente no Atendido. Para isto, desligue celulares e não se aplique a qualquer outro tipo
de atividade durante todo o diálogo. Se ele vier acompanhado por outra pessoa, por estar impossibilitado de alguma

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forma, deixe claro quem se encontra em Atendimento. Dirija-se diretamente ao Atendido desde o primeiro momento,
mesmo que ele seja mais jovem que seu acompanhante ou que esteja incapacitado. Depois, cumprimente o
acompanhante, mas sem dar-lhe voz e ação como se ele fosse o Atendido. Não permita que o acompanhante, mesmo
sendo parente ou amigo, fale pelo Atendido ou "dele" como se ele fosse uma terceira pessoa ou estivesse ausente.
Não deixe que o acompanhante emita conceitos avaliativos sobre o seu Atendido. Se necessário, deixe claro que você
irá interagir diretamente com a pessoa em atendimento e sugira que o acompanhante tenha um encontro privativo
com você, se quiser ser atendido também. Seja gentil, porém positivo em sua colocação, dizendo algo do seguinte
teor: "Por favor, deixe que o fulano (o nome do Atendido) e eu conversemos diretamente, sem interrupções, uma vez
que este encontro está planejado para um diálogo entre nós. Se você quiser conversar também, poderei atendê-lo em
seguida ou em outro dia.

Esta medida e muito necessária nos casos de acompanhantes invasivos do campo do outro, como pode acontecer
quando a pessoa veio para o atendimento como resultado de pressões de acompanhante que deseja provocar
mudanças nela. É caso comum quando o Atendido é uma criança, adolescente, cônjuge, pessoa viciada, ou alguém que
convive com a pessoa que o traz ao encontro, muitas vezes à sua revelia. Nesses casos, o encontro resultará pouco
produtivo na presença do acompanhante, pois que a ressonância entre os campos vibratórios do Atendente e do
Atendido está prejudicada de antemão.

Por essas e outras razões, sempre que possível, atenda somente uma pessoa de cada vez, pois que a presença de
outrem no encontro dispersará a energia, além de modificar a atuação do Atendido (e, de certa forma, também a do
Atendente), mesmo que a outra pessoa fique calada, em observação.

(..) se é importante saber como falar, mais importante é saber como ouves, porquanto, segundo ouvirmos, nossa frase
semeará bálsamo ou veneno, paz ou discórdia, treva ou luz. (..) Saibamos, assim, lubrificar as engrenagens da audição
com o oleo do amor puro, a fim de que a nossa língua traduza o idioma da compreensão e da paciência, do otimismo e
da caridade, porque nem sempre o nosso juramento é o juramento da Lei Divina e, conforme asseverou o Cristo de
Deus, não há propósito oculto ou atividade transitoriamente escondida que não haja de vir à luz.
Emmanuel((Espírito)13°

Essa caminhada conjunta se faz através da interação conduzida por você, Atendente, ao se valer de habilidades de
compreensão e apoio específicas, como instrumental técnico para atingir fins definidos, no exercício da função de
consolo prevista no atendimento. Dessa forma, o encontro transcorrerá dentro de uma dinâmica que o diferencia do
diálogo social comum, pois que este implica simplesmente na troca de ideias entre as pessoas envolvidas.

22 Habilidades de comunicação fraterna


Chamamos de habilidades de comunicação fraterna o instrumental que você utilizará para comunicar-se com o
Atendido, abrindo caminhos para os esclarecimentos e indicações terapêuticas a serem dadas no final do encontro.
Em seu conjunto, objetivam levá-lo a sentir-se aceito, compreendido e respeitado, uma vez que essas são condições
indispensáveis para que ele possa, por sua vez, compreender sua situação íntima e se abrir para o processo de ajuda
oferecido pelos recursos da Doutrina Espírita.

Dois tipos de habilidades de comunicação fraterna (segundo a forma e momento de atuação).

1) Habilidade da escuta empática: como ouvir com compreensão a mensagem básica transmitida pelo Atendido
focalizada no restante deste capítulo.

2) Habilidades de interação compreensiva: formas de expressar seu entendimento do que foi ouvido e modos de
ajudar o Atendido a aprofundar a compreensão de si mesmo.

Habilidade de ouvir pela escuta empática

39
Como Atendente, seu objetivo primordial na condução do diálogo fraterno é compreender as condições e as
necessidades da Pessoa que você está atendendo. A habilidade de ouvir torna-se essencial para atingir essa
compreensão. A habilidade de ouvir envolve mais do que a simples decodificação auditiva dos conteúdos que estão
sendo expressos pelo Atendido. Representa o ato de compreender o momento existencial pessoal e único
apresentado por ele. É o que estamos denominando "escuta empática".

Escuta empática é a habilidade de ouvir atentamente com empatia, isto é, colocando-se "no lugar" do outro e se
tornando capaz de psicologicamente sentir aquilo que ele está experimentando, como se a situação vivenciada por ele
fosse a própria. Esse tipo de escuta leva a uma experiência objetiva e racional do que o outro está sentindo, como se
houvesse uma identificação com ele. Deve resultar em uma compreensão compassiva do que ele está comunicando.
Essa escuta - que compreende o âmago do que está sendo comunicado - talvez seja uma das modalidades do ouvir
que Jesus recomendava ao solicitar uma compreensão mais profunda do conteúdo das mensagens que ele estava
transmitindo: "Quem tem ouvidos para ouvir, ouça."

Como já afirmamos, encontramos esta afirmativa repetida diversas vezes ao longo do Evangelho. O que nos deixa
margem à reflexão é que Jesus utilizava essa exortação a pessoas que não possuíam problemas de audição,
significando que alertava para a necessidade de uma escuta compreensiva de seus ensinamentos, para que eles
realmente servissem para a expansão da consciência de seus ouvintes. É com essa postura de ouvidos de ouvir, dentro
dos princípios da fraternidade cristã, que o Atendente Fraterno poderá exercer a escuta empática. Portanto, quando
você ouve a partir de um campo vibratório de compreensão amorosamente empática é como se não existisse a sua
pessoa, enquanto personalidade ouvinte, mas somente a sua audição, colocada inteiramente sob o ponto de vista da
situação existencial daquele que fala. Essa compreensão somente estará presente se você for capaz de ouvir a partir
de certos estados íntimos, centrados no coração. Assim, seu campo pessoal vibrará em uníssono com o campo do
Atendido, como se os dois fossem um só, proporcionando os elementos energéticos para que ocorra uma ressonância
positiva entre vocês. Vejamos a seguir os estados íntimos requeridos do Atendente para que ocorra a escuta empática.

Estados íntimos requeridos na escuta empática

A escuta empática pressupõe certos estados interiores da pessoa que ouve. Essas atitudes, posturas e entendimentos
são essenciais para que se possa conseguir ver o mundo pelos olhos, da Pessoa em atendimento, isto é, ter empatia.
Pelo menos quatro estados interiores são fundamentais na habilidade de escuta empática, como se segue.

1) Aceitação incondicional da outra Pessoa e sua mensagem. Implica em profundo e genuíno respeito e aceitação da
verdade, da beleza e da correção da condição humana que o outro está apresentando. Para ser capaz desse estado
íntimo, o ouvinte fraterno necessita ter convicção de que não existem situações "erradas", nem castigo ou injustiça no
sofrimento, sejam quais forem os atos ou circunstâncias relatadas. Porque dentro das perfeitas Leis Divinas, todas as
vivências apresentam perfeição energética (vibratória), embora possam ser equívocos quanto à harmonia universal ou
resultar em consequências dolorosas para o praticante. O Atendente precisa estar certo, também, de que não existe
mentira no que o outro afirma. Pois que, seja o que for que ele expresse, representa a sua verdade do momento,
mesmo que não seja aquilo que quem ouve pense ser o melhor ou o mais verdadeiro para a sua condição.

2) Suspensão de avaliações e julgamentos. Este estado íntimo ocorre como consequência da certeza de que os
parâmetros que se pode utilizar para avaliar e julgar as manifestações alheias nunca são válidos, sejam quais forem as
situações que envolvam qualquer uma delas. Isto porque nosso conhecimento é sempre muito limitado e é sempre
ínfima a nossa capacidade de apreender a profunda realidade do mistério da Vida e suas manifestações na existência
de nosso próximo. Tal é a razão pela qual Jesus recomendava: "Não julgueis, para que não sejais julgados. Porque com
o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós.".
(Mateus, 7:1-5). Com essa recomendação Jesus queria nos proporcionar dois tipos de reflexões sobre o processo do
julgamento. A primeira é que o processo de ajuizar ou avaliar é comparativo. Isto é, utilizamos um parâmetro ou
medida com a qual comparamos o que estamos avaliando e lhe conferimos um grau de aceitação ou rejeição, um
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valor positivo ou uma condenação. Essa medida é derivada de nossa elaboração pessoal, oriunda de vivências ou de
regras e parâmetros que aceitamos da família, das tradições ou da sociedade. A segunda reflexão é que quando
fazemos um julgamento e utilizamos uma dessas medidas, ficamos presos no campo vibratório da mesma medida e
esta é a razão pela qual Jesus nos dizia que seríamos medidos pelo mesmo parâmetro de comparação, ao nos afirmar
"com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós. Por exemplo, na sociedade do tempo de Jesus o
adultério era considerado crime punível de morte por apedrejamento, por ser um pecado contra a Lei Mosaica.
Quando os juízes estavam por apedrejar a mulher adúltera, Jesus utiliza o critério do julgamento padrão da época para
fazer recuar os executores da sentença, quando lhes diz: "(...) Quem dentre vós estiver sem pecado (ou seja, sem
infringir a Lei Mosaica), atire sobre ela a primeira pedra." Medidos pela mesma medida, todos recuaram, pois já
haviam pecado e, portanto, estavam dentro do mesmo campo da medida utilizada para a comparação.

3) Silêncio mental. Isto é, silenciar o "barulho da mente" enquanto ouve. Significa ouvir o que o outro está dizendo
sem realizar comparações com seus próprios pontos de vista, sem argumentar mentalmente, sem desviar a atenção
para elaborar respostas, etc. É um estado mental que requer muita exercitação da quase totalidade de nós, uma vez
que de modo geral a nossa cultura não nos tem incentivado o desenvolvimento dessa capacidade, tornando-nos muito
barulhentos, mentalmente.

Ao considerar a questão do constante tagarelar da mente, nosso benfeitor espiritual Emmanuel escreveu uma
mensagem falando dos benefícios do ouvir, na qual recomenda o silêncio como exercício para escutar "as vozes de
Deus". Diz ele:

"O Verbo vale mais quando se aprende a ouvir. Cultiva onde estiveres a força do silêncio. Brilha o sol sem ruído, nasce
a flor sem barulho. Mas escuta: o silêncio traz as vozes de Deus."

4) Atenção concentrada ou focalizada. Significa não fazer outra coisa a não ser prestar atenção. Modernamente, a
ciência da Física Quântica já demonstrou que a nossa energia vai para onde se dirige a nossa atenção. E a energia
manifesta (cria, materializa) as coisas no mundo. Portanto, a atenção amorosa do Atendente focalizada na pessoa que
fala energiza positivamente a sua mensagem, fazendo com que se manifestem no diálogo os elementos compassivos e
misericordiosos irradiados por ele. Para favorecer a atenção concentrada do Atendente no Atendido é que
recomendamos que na preparação do ambiente do diálogo sejam tomadas providências para minimizar as
oportunidades de distrações e interrupções devidas a elementos externos. Em resumo: Na escuta empática você ouve
o Atendido em estado interior de aceitação incondicional de sua verdade do momento, sem avalia-lo ou julgá-lo,
silenciando os pensamentos de seu eu pessoal e mantendo a atenção plenamente focalizada na comunicação do
mesmo.

Exercitando os estados interiores da escuta empática

Os estados interiores da escuta empática são facilmente exercidos? Não, não são! Não é comum, em nossa sociedade,
que tenhamos sido educados para esse tipo de qualidade fraterna. Portanto, Atendente amigo, se você é como a
maioria de nós, ainda pouco hábeis na prática da fraternidade real, necessitará exercitar-se conscientemente para
adquirir essa habilidade.

Para isto, além das leituras e reflexões sobre a filosofia do Atendimento Fraterno que incluímos nesta apostila, você
poderá desenvolver-se como ouvinte compassivo, praticando também em sua vida diária as posturas internas que
aqui relacionamos.

Passos ou etapas no exercício da escuta empática. Uma forma de exercitar a sua escuta empática poderá ser através
dos seguintes passos.

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1) Etapa da decisão. Reflita sobre os ensinamentos do Mestre Jesus e decida-se a aceitar e adotar os quatro estados
interiores que funcionam como requisitos da escuta empática: aceitação incondicional, suspensão do julgamento,
silêncio mental e atenção focalizada.

2) Etapa da preparação. Memorize esses quatro requisitos.

3) Etapa da exercitação, propriamente dita. Pratique a utilização dos quatro requisitos sempre que estiver em
interação com alguém que lhe esteja transmitindo uma mensagem. Compreenda que esta é uma habilidade nova e
que será natural não conseguir resultados perfeitos logo de início. Para conseguir resultados cada vez melhores,
bastará estar atento e, ao verificar que está incorrendo em desvios dos requisitos desejados, retornar suavemente a
eles, sem recriminações ou luta interna. Como técnica de exercitação, ao ouvir alguém, deixe "passar", isto é, não
preste atenção, não tente reprimir ou lutar contra o pensamento de comparação, julgamento, reprovação ou ainda a
falta de concentração que lhe ocorreu à mente e proponha-se a voltar à pratica da habilidade da forma preconizada.
Por exemplo, pensemos em uma possível situação de Atendimento Fraterno. Uma mulher relata que está sofrendo
muito porque fez um aborto na adolescência e agora que se casou e quer ter filhos não consegue engravidar.
Enquanto ouve o relato, você se surpreende pensando que esta é uma consequência "justa" pelo "crime" que ela
cometeu, pois que matou uma criança em gestação, não permitindo o reencarne de um espírito. Com isso, seu
pensamento se desfoca dos sentimentos presentes da mulher e se firma em seu julgamento da suposta condenação e
castigo da mesma pela justiça divina. Ao fazer isto, você sai das vibrações da amorosidade fraterna, pois que se
afastou da postura interna da compaixão do Cristo pelos equívocos da condição humana, que a pessoa está lhe
apresentando. No entanto, de acordo com a sua decisão de praticar a escuta empática, você se dá conta de que, em
sua falta de atenção concentrada na situação emocional e mental da mulher que lhe fala de sua aflição, você saiu de
seu silêncio mental e está avaliando e julgando seu comportamento, o que denuncia que também está ausente o
estado íntimo de aceitação incondicional do outro. Nesta situação você se verifica em falta com os quatro estados
íntimos da escuta empática. É momento, portanto, de voltar à exercitação da sua habilidade de ouvir.

Para isso, retorne conscientemente, sem censuras pela sua falha, aos estados íntimos da escuta compassiva.
Empenhe-se em recompor seu campo vibratório, reconectar-se à espiritualidade e ao seu coração e conseguir irradiar
para a pessoa à sua frente as qualidades da bondade, da compaixão e da misericórdia divinas que ela necessita para se
aceitar como falível, libertar-se da culpa pela falta cometida e escolher novos e construtivos caminhos para
dignificação de si mesma frente às Leis Divinas.

De dentro de seu íntimo, no momento oportuno, você encontrará as expressões adequadas para comunicar sua
compreensão e poderá interagir de formas evangélicas e libertadoras com a pessoa Atendida. Ela, então, poderá
encarar seu equívoco da juventude, livrar-se do sentimento de culpa e condenação e ativar suas forças internas para
aceitar sua situação existencial. Nessa liberdade reencontrada, poderá experimentar novas esperanças e encontrar
alternativas e formas de refazer construtivamente seus caminhos desse momento em diante.

Você, por sua vez, com a exercitação continuada da escuta empática, irá aprendendo a atender em conexão com as
emanações do amor fraterno enquanto ouve o próximo e verificará ser cada vez mais fácil conservar a postura interna
adequada. Os benefícios para você serão incalculáveis, não somente para sua prática no Atendimento Fraterno, como
também para sua vida como um todo!

Escuta empática de aspectos específicos da mensagem

A compreensão da mensagem básica do Atendido inclui escutar, além da temática em si que ele focaliza, alguns
aspectos específicos da sua fala. Exemplificamos a seguir.

a) O foco (ou direção) que ele dá ao que relata: interno ou externo. Importa a você estar atento à predominância com
que um ou outro foco aparece. Em geral, uma vez percebido, seu objetivo será levar o Atendido a olhar para o foco
que está lhe escapando da visão, para que ele amplie sua compreensão do que lhe acontece. Esse trabalho é
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importante, pois que o sofrimento nos leva a perder a visão do todo que está acontecendo, o que impede de
encontrar alternativas e saídas válidas. A ajuda para que ele veja a sua situação de outros ângulos de visão será feita
através de observações sobre o que disse e perguntas habilidosas sobre o que pensa e sente que sejam os aspectos
que deixou fora de seu foco. Vejamos cada foco. Foco nos aspectos internos pessoais (egocêntrico). O Atendido
focaliza sua fala em si mesmo, suas dificuldades e suas questões ao lidar com o sofrimento. Geralmente, utiliza-se
muito dos vocábulos "eu", "meu", "minha" e verbos na primeira pessoa do singular. Se ele focalizar somente seus
sentimentos e reações, será importante levá-lo a considerar aspectos da trajetória específica dos outros envolvidos
nas questões, como o direito que eles possuem de decidir seu próprio caminho; (Não envolve, porém, especulações
sobre motivações, destino ou personalidade dos envolvidos, pois isto não será do conhecimento do Atendente,
mesmo que supostamente relatado pelo Atendido). Para o egocêntrico, olhar para a situação e as pessoas com mais
empatia poderá proporcionar oportunidade para que encontre formas mais construtivas para resolução de suas
questões e uma nova caminhada, mais integrada com sua realidade e, portanto, mais feliz. Foco nos aspectos
externos. Nessa postura, o Atendido concentra sua fala mais na expressão de suas preocupações com outras pessoas
(heterocêntrico). Por exemplo, faz conjeturas sobre a personalidade de outras pessoas, idealiza o que elas pensam e
sentem, expressa avaliações de comportamentos e motivos de outros. Em outra forma de foco externo, fica envolvido
com acontecimentos que reputa importantes em seu sofrimento (factocêntrico). Aborda a situação em termos de
personagens e quem fez o quê, com quais resultados, bem como os aspectos temporais e circunstanciais das questões.
Ao notar que o foco do Atendido é exterior a ele, você poderá levá-lo a entrar em contato com seus próprios
sentimentos na questão. Neste caso, geralmente a localização nos sentimentos abre novas portas para o
entendimento do Atendido e lhe oferece alternativas que ainda não havia vislumbrado. Poderá, também, levar sua
atenção ao que está fazendo por si mesmo, para se ajudar... (o que geralmente não somente muda o foco, como
também sensibiliza muito). Atenção: Como norma geral, a atenção do Atendido deverá ser sempre direcionada aos
seus sentimentos e pensamentos e não aos fatos específicos da situação, pois eles não constituem o principal a ser
compreendido, nem por ele nem por você.

b) A visão básica de vida que o Atendido expressa em sua fala: positiva ou negativa. Esse é um aspecto muito
importante porque condiciona toda a reação ao sofrimento. A visão de vida de uma pessoa geralmente é produto de
toda uma vivência existencial, provavelmente envolvendo várias encarnações. Inclui uma complexa gama de fatores,
como crenças adquiridas ao longo dos tempos e padrões de ação e reação frente aos estímulos.: Provocar ou orientar
mudanças nessas estruturas internas não é tarefa do Atendente e nem mesmo seria resultado provável de um
encontro breve como o Diálogo Fraterno. A percepção dessa área servirá somente como material da escuta empática
do Atendente, para orientar as indicações e encaminhamentos que ele poderá fazer ao final do encontro. Como
síntese, vamos abordar duas das possibilidades de visão básica: a positiva e a negativa. Visão Positiva. Inclui ver a si
mesmo e aos outros como sendo bem-intencionados, justos e generosos, capazes de aceitação e superação dos
sofrimentos, proativos, apesar da vulnerabilidade de ser humano.

Visão Negativa. Pode ser de si mesmo, dos outros, ou de ambos; a posição de vítima frente algozes; ou a crença de
que somos totalmente vulneráveis ou impotentes frente à vida, que ela é injusta, que é feita de sofrimento, que todos
estão em luta, com vencidos e vencedores nas questões, etc.

c) O tema fundamental do sofrimento. Inclui perceber porque realmente a pessoa está sofrendo, principalmente quais
são as necessidades não satisfeitas que se encontram subjacentes ao sofrimento, quais são os desejos humanos que se
encontram sem atendimento, quais as expectativas que foram frustradas, qual é o significado que ela dá aos
acontecimentos. Ou se lhe falta um sentido para o que lhe está acontecendo.

• Por exemplo: Uma pessoa se apresenta em sofrimento profundo pelo suicídio de um ente querido. Será muito
importante para o Atendente discernir qual o tema predominante do sofrimento, isto é, o fator que mais provoca as
reações de perda. Será a separação física do ente querido, que se foi deste plano? Serão sentimentos de angústia por
alguma culpa que o Atendido se imputa pelo gesto da pessoa suicida? Será por não saber como a alma da Pessoa se
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encontra em seu destino além-túmulo? Será pelas possibilidades perdidas, a vida interrompida, como a reconciliação
de uma desavença? Ou, no caso do suicida ser um filho, perda das possibilidades de vir a ter netos ou, se o filho já
possui família, a ruptura das vivências familiares futuras? Será pela perda das esperanças de cura, no caso de suicídio
por doença dita incurável? Neste caso, será pertinente, em algum momento, o Atendente perguntar: "O que lhe está
causando mais sofrimento nesta separação?" Pela resposta, ambos se beneficiarão do entendimento mais focalizado
da temática do sofrimento e da consequente expansão das possibilidades de ajuda. É claro que um pouco de cada um
desses temas pode estar presente em reações de perda como esta. No entanto, sempre haverá predominância de um
ou outro fator sobre os demais.

Como se pode concluir por esta breve exemplificação, um mesmo evento pode ter significações completamente
diferentes de pessoa a pessoa. Compreender, pela escuta empática, o tema principal do sofrimento do Atendido será,
então, fundamental para que o diálogo seja encaminhado para os fins a que se propõe e resulte nos benefícios que já
listamos anteriormente.

Além da fala, a escuta de outras áreas de expressão Escutar de forma empática implica escutar de forma integral o
Atendido como um todo, focalizando o que está acontecendo simultaneamente nas suas várias áreas de expressão,
inclusive e além da sua fala. Essa escuta inclusiva não tem como propósito que você faça inferências sobre a situação
dele ou que ele se aprofunde na comunicação de sua dificuldade. Objetiva, sim, que você possa ajudá-lo a se expressar
com mais clareza, para que seu "desabafo" seja melhor compreendido por ele mesmo e também por você. Além da
expressão verbal em si mesma, duas áreas de expressão são importantes no processo de ouvir.

a) A expressão corporal. Observar o que o corpo físico do Atendido está comunicando, através de suas expressões:
postura corporal, nível de tensão visível, rigidez, agitação corporal, lágrimas, olhar arredio, mãos apertadas ou se
retorcendo, etc. Após realizar a "escuta do corpo", o Atendente poderá pontuar para ele a evidência corporal
apresentada e formular uma pergunta de caráter geral, que o leve a notar como o seu corpo está "falando". Exemplos
de observações possíveis do Atendente:

"Ao falar, você leva suas mãos constantemente ao coração. O que você está sentindo ao fazer isto?" "Ao torcer suas
mãos como você está fazendo, qual é o seu sentimento?" "Suas mãos estão fechadas com força, me parece. O que
elas estão querendo dizer?"

Atenção! Note que estas perguntas são formuladas de forma a não induzir a resposta, sem especificar por inferência
quais os sentimentos ou pensamentos que a pessoa possa estar tendo. Isto porque se pode fechar as mãos com força
por várias razões como, por exemplo, raiva, impaciência, aflição, etc.

b) A manifestação das emoções. "Ouvir" a forma como a pessoa expressa suas emoções (ou se ela não demonstra
emoção). Exemplo: Perguntar a alguém que está chorando ou com os olhos marejados de lágrimas: "Lágrimas vieram
aos seus olhos ao falar (disto). Essa questão toca seus sentimentos? Como?"

Observe a utilização de termos gerais, não indutivos de sentimentos específicos. Da mesma forma, a pessoa pode
estar chorando por várias razões, tais como por estar sentindo raiva, por sentimento de culpa, devido a pensamentos
de autocomiseração, por tristeza, etc.

Efeitos da escuta empática no Atendimento Fraterno

Um efeito geral da escuta empática é o estreitamento da relação entre as duas pessoas envolvidas no diálogo. Os
canais da compreensão e da vibração de amor se abrem na relação. A Pessoa ouvida (o Atendido) se sente mais
próxima do ouvinte (o Atendente), não separada e menos solitária no trato com suas questões existenciais. E também
o Atendente se sente mais próximo da outra pessoa à medida que ganha mais compreensão e apreciação dela, através
da escuta. Cria-se um relacionamento fraterno de aconchego e calor entre as duas pessoas. Por outro lado, ao ouvir os
seus próprios pensamentos e exprimir seus sentimentos, usando o ouvinte como um espelho refletor, o Atendido
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entra em contato com algo bem maior em si mesmo, convocando seu Espírito a ser um ouvinte de suas questões
existenciais. Dentro desse contexto, a Pessoa atendida é ajudada a:

Libertar-se de sentimentos e pensamentos perturbadores, censurados ou até mesmo inconscientes até o momento da
sua fala. A escuta empática ajuda a pessoa que se expressa a se libertar de sentimentos confusos ou conflitantes
porque a encoraja à livre expressão desses sentimentos. Dessa forma, a escuta apoia a sua catarse emocional e a ajuda
a clarificar para si mesma seus pensamentos. Sentir-se menos temerosa sobre o que está acontecendo em seu mundo
interior. Quando uma pessoa tem suas reações emocionais e mentais amorosamente aceitas, sem censura ou
condenação, aprende que não é errada ou má por senti-las. Assim, ela pode aceitar sua própria humanidade,
passando a ver-se compassivamente. Tornar-se mais capaz de transmutar suas energias interiores para um estado
produtivo. É paradoxal, mas verdadeiro, que quando alguém consegue aceitar o que sente (ou o que fez) sem
censuras, culpas ou avaliações incriminadoras — torna-se pronto para admitir seus equívocos, encarar acontecimentos
dramáticos, situações tristes. Somente então estará livre para olhar à frente e tomar medidas para ir modificando
esses sentimentos e situações interiores. Como consequência natural, a pessoa mesma começará a perceber o que de
melhor pode fazer, no seu momento, para modificar a situação exterior, escolhendo e encetando as ações mais
construtivas possíveis para prosseguir sua jornada na encarnação.

Portanto, podemos afirmar que a escuta empática do Atendente é de suma importância no processo de Diálogo
Fraterno, pois que, em si mesma, acarreta efeitos altamente terapêuticos. Vale lembrar que esses resultados já foram
fartamente demonstrados em pesquisas dentro das áreas de atendimento clínico-psicológico feito por profissionais
que se utilizam dos mesmos métodos.

Em outras palavras, essa categoria de interação visa ajudar o Atendido a sentir-se compreendido por você, a
compreender melhor o seu momento e a realizar uma catarse de pensamentos e de emoções reprimidas. Interações
compreensivas promovem "aberturas" no diálogo porque comunicam aceitação para o Atendido. É como se você
dissesse para ele: "Você tem o direito de expressar o que lhe está incomodando". "Eu realmente desejo compreender
você". "Eu estou interessado em ouvir você".

Formatos de interação compreensiva. A interação compreensiva pode ser elaborada de formas variadas, dependendo
do propósito a que se destina. Seguem quatro formatos diferentes de interação compreensiva com o Atendido que
podem ser utilizados durante o diálogo fraterno.

SILÊNCIO ATENTO

Interação compreensiva no formato de silêncio atento. Nesta categoria de interação, você comunica sua presença
amorosa através da atenção silenciosa, concedendo ao Atendido o espaço-tempo necessário para que ele se conecte
mais profundamente consigo mesmo. Trata-se de escutá-lo integralmente permanecendo em silêncio atento, interno
e externo, enquanto centrado no coração. A habilidade de escuta empática é praticada durante o silêncio atento. É
necessário usar de sensibilidade para decidir os momentos apropriados de utilizar o silêncio, no desenvolvimento do
diálogo. Para isto, é preciso que você esteja dedicando atenção integral ao momento do Atendido. Através desse
silêncio, você proporciona a ele espaço emocional, mental e espiritual para que expresse com liberdade aquilo que lhe
for mais importante expressar, da forma que lhe for possível no momento, sem restrições. O silêncio pode se
constituir numa poderosa mensagem não-verbal que comunica aceitação. Muitas vezes, ser ouvido atentamente é
tudo que o outro necessita para se compreender melhor e se ajudar em seu processo. Por isso, uma regra básica geral
no Diálogo Fraterno é que o Atendente fale bem menos do que o Atendido.

ATITUDES

Interação compreensiva no formato de atitudes de respeito e valorização. Uma maneira simples de comunicar
respeito e valorização da experiência do Atendido é o acompanhamento cuidadoso da sua fala, evidenciado por
interações de compreensão que não dependem de elaborações verbais, mas denotam o seu empenho, como
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Atendente, em compreender plenamente o que está se passando com ele. Exemplos. Posturas corporais: olhos
atentos, serenos, amorosos e imparciais, assentimento de cabeça. Expressões de acompanhamento atento, como
"Hum-hum..." ou simples expressões como "Compreendo..." Não interrupção da fala do Atendido para perguntas
sobre detalhes ou para observações comparativas ou de valoração. Providências tomadas para que o encontro ocorra
sem interrupções, anteriormente e durante o mesmo. Exemplos: Conservar celulares desligados; não interromper a
pessoa para atender a outrem. Permanecer no recinto o tempo todo do diálogo.

SUMÁRIO-REFLETIDO

Interação compreensiva no formato de sumário-refletido. Essa habilidade consiste em resumir o que foi dito pelo
Atendido através da técnica de devolver o que ouviu, isto é, "refletir" a fala ouvida, como se fosse um espelho com
poder de síntese. A interação por sumário-refletido, como o nome sugere, é mais do que simplesmente repetir o que a
pessoa disse. Significa devolver, de forma resumida e organizada, o conteúdo do que ela colocou. É refazer a fala da
pessoa, focalizando a compreensão do tema básico, central, da sua comunicação. Como tal, a expressão do Atendente
deve ser condensada por isto mesmo menor do que a fala original do Atendido, é enfocar os pontos principais de
forma sintética. Se o sumário refletir o que o Atendido quis comunicar, ele será ajudado a confirmar para si mesmo o
ponto no qual se encontra, sair da confusão mental comum às situações de sofrimento ou conflito e organizar um
pouco a sua casa interna. Além disto, receberá a mensagem de que alguém está ali, ouvindo e compreendendo o que
ele está vivenciando; não está mais sozinho com suas reações e dúvidas. Servirá ainda para colocar em foco o tema
principal do encontro, prevenindo ou eliminando divagações. Sumários refletem conteúdos e sentimentos da pessoa e
se fazem ao longo de toda a sessão, geralmente em um só enunciado. Sentimentos estão sempre na base de um
pedido de ajuda, ainda mesmo quando a própria pessoa que pede não se dá conta deles. Por essa razão, não são os
fatos que denotam para o Atendente como ajudar alguém e sim o que a pessoa sente em relação aos fatos. Pessoas
diferentes apresentam reações emocionais diversas em relação aos mesmos fatos, assim como comportamentos
semelhantes denotam sentimentos que variam de pessoa a pessoa. E conclua com a pergunta: "Foi isto mesmo?"

Exemplo de sumário-refletido. Caso de um pai que vinha cometendo atos de muita agressividade em sua vida
particular, depois do desencarne súbito de um filho adolescente. Depois do diálogo inicial, quando a questão principal
das reações de perda foi abordada, o Atendente reflete o que compreendeu sobre os sentimentos principais do
Atendido, sumariando para ele:

"A morte de seu filho lhe causa muita revolta porque não lhe parece natural a morte de alguém tão jovem, cortando
todas as suas esperanças em relação a ele". É assim que você se sente?

Observação importante! Ao sumariar, o Atendente receberá uma resposta do Atendido, informando se a sua
compreensão corresponde ao que ele pretendeu comunicar. Mesmo quando o Atendido responde que "Não é bem
isto que eu quis dizer..." ou "Não, você não entendeu o que está acontecendo", a interação com você o ajudará a se
explicar melhor e, em fazendo isto, ele tornará mais claro para si mesmo o que lhe está acontecendo. E registrará em
seu psiquismo o acolhimento que você lhe deu na sua tentativa de compreendê-lo integralmente. Portanto, você não
terá como errar quando sinceramente se empenhar em transmitir ao Atendido a sua compreensão do momento pelo
qual ele passa.

FOCALIZAÇÃO.

Interação compreensiva no formato de técnicas de focalização do diálogo. O Atendente formula perguntas ou faz
afirmativas que lhe informam se está percebendo corretamente ou não o que o Atendido quer comunicar. Ao interagir
perguntando, encoraja o Atendido a falar de forma mais objetiva e focalizar melhor o que está expressando. As
perguntas também mantêm o centro da comunicação com o Atendido, colocando o Atendente no pano de fundo da
comunicação, um lugar muito apropriado para ele, dentro do diálogo.

Quando este formato é utilizado no Diálogo Fraterno, vários objetivos são simultaneamente atendidos, ou seja:
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Ao responder ao Atendente, o Atendido clarifica seu posicionamento, não somente para seu ouvinte, mas
principalmente para ele mesmo.

O Atendido recebe a mensagem subjacente de que o Atendente está empenhado em entender a questão pelo seu
ponto de vista e não a partir de um referencial já anteriormente estabelecido.

O Atendido focaliza sua atenção nos pontos importantes de seu relato; caso se tenha desviado do ponto central do
encontro e esteja divagando por considerações paralelas, a pergunta focal do Atendente faz com que ele retorne ao
tema do atendimento, orientando o diálogo para seus objetivos. Exemplos de perguntas e afirmativas para confirmar,
focalizar e clarificar percepções e sentimentos do Atendido. "Você descreveu vários fatos. Como se sente em relação a
eles?" "Você está me dizendo o que você pensa sobre o que lhe aconteceu. O que você sente quando me fala sobre
isto?" "Parece-me que ao falar sobre isto você se emociona. Que emoção (ou sentimento) está presente para você
neste momento?" "Não sei bem se o que você disse que quer fazer é o que realmente você quer. Parece-me que
existem dúvidas em você. Será que eu ouvi corretamente?" "Parece que você está muito emocionado agora. Estou
certo?" "Não estou certo se entendi o que você me disse. Você pode me dar um exemplo?"

Exemplos de perguntas geradoras de aprofundamento de auto compreensão do Atendido. Essa forma de interagir tem
por objetivos proporcionar "aberturas" ou "abrir portas" para a compreensão do Atendido sobre si mesmo.
Geralmente são perguntas que funcionam como convites para que o Atendido expanda ideias e sentimentos. Ao
contrário do que se pode pensar, essa técnica economiza tempo de diálogo ao clarificar para ele pontos confusos de
suas questões, dessa forma abreviando suas conclusões. "Como é isto (ou tal coisa ou tal sentimento) para você?"
"Você pode me falar um pouco mais sobre ... (mencione sobre o que deseja que a pessoa fale mais) "O que mais lhe
passa pela cabeça quando você se dá conta de que seu filho morreu tão jovem?" "O que você quer dizer com
"fracasso"? (ou outra expressão utilizada que necessite ser clarificada). "Quando acontece (mencione o que acontece),
como é isto para você? "Quando acontece (mencione o que acontece), é como se..." (leva o Atendido a procurar
imagens, comparações, descrições dos seus sentimentos, expandindo sua percepção).

Cautelas no uso de perguntas na sessão de Atendimento Fraterno Certas categorias de perguntas podem desviar,
restringir e induzir a manifestação do Atendido durante o Diálogo Fraterno. O Atendente deve estar atento e evitar
sua formulação. As categorias de perguntas e as razões pelas quais se deve evita-las são sumariadas abaixo.

EVITAR perguntas que desviam o foco da comunicação. São perguntas que produzem informações factuais
irrelevantes ou não-centrais ao propósito da sessão. Geralmente esse tipo de pergunta surge mais em função da
curiosidade do Atendente ou de sua falta de foco na essência do atendimento, de sua desconexão com as vibrações do
campo espiritual do trabalho ou ainda por falta de habilidade de utilizar perguntas de forma produtiva durante o
diálogo fraterno. Geralmente são perguntas cuja formulação interrompe a narrativa, desviando-a para algo
irrelevante. São formuladas frequentemente na forma de "Quem; o que; qual; onde; com que idade..." Este é o estilo
jornalístico de derivar informações para reportagens, o que está fora da metodologia e dos objetivos do Atendimento
Fraterno... Exemplo: Perguntar as condições do carro que a pessoa dirigia em um acidente fatal, interrompendo o foco
nas reações de perda geradas pela ocorrência. EVITAR perguntas que restringem o foco da comunicação. Geralmente
perguntas nesta categoria podem ser respondidas com "sim" ou "não"; "é" ou "não é". São perguntas que contém a
resposta em sua elaboração, pela inferência feita, restando apenas confirmar ou negar. Exemplo: "E você ficou com
raiva dele por lhe fazer isto?" EVITAR perguntas que induzem respostas de concordância com pontos de vista do
Atendente. São falsas perguntas, geradas pela vontade do Atendente de indicar o caminho que ele considera mais
conveniente para o Atendido. Existe aí uma vontade de "ensinar" o correto para a pessoa e não de favorecer a
compreensão dela sobre sua própria questão. Exemplos: Para alguém cujo ente querido desencarnou: "Você não acha
que seria melhor doar para quem precisa os pertences de seu ente querido que desencarnou e não precisa mais
deles?" Se ela concordar porque acha a medida correta, o Atendente terá impedido a tomada de decisão da pessoa
através de sua vontade e de seu livre-arbítrio. Pode também acontecer de ela concordar somente para não causar

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desconforto ou encontro, mas não realizar a ação induzida pelo Atendente. Ou poderá se sentir inadequada durante o
encontro, por discordar da "sugestão" do Atendente. De toda forma, a pergunta constituirá desrespeito do Atendente
para com o direito da pessoa de decidir por si mesma o que fazer. Em paralelo a estas considerações, tomemos o caso
no qual a temática do que fazer com as roupas do ente querido apareça no encontro. O adequado para o Atendente é
levar o Atendido a se questionar sobre seus sentimentos reais a este respeito, perguntando a ele: "O que você sente
que quer fazer neste momento?" E assegurar ao Atendido que qualquer que seja a decisão que contemple seus
sentimentos é adequada e é respeitada. No entanto, se perguntado sobre como a Doutrina Espírita vê a questão, o
Atendente poderá prestar maiores esclarecimentos, deixando claro não se tratar de opinião pessoal.

EVITAR perguntas que indagam sobre o porquê de situações e sentimentos. Este tipo de pergunta leva a Pessoa para o
plano mental das causas, remete a interpretações de passado e retira o foco do que está acontecendo no momento.
Exemplos: "Por que tal coisa aconteceu?" (pode sugerir análise de culpas e culpados); "Por que você se sente deste
modo?" (difícil de responder, pode levar a respostas defensivas; não sinceras); "Por que você diz isto?" (solicita
raciocínios, especula motivos, implica crítica velada, pode levar a considerações filosóficas).

Por isso mesmo, tudo que você, como Atendente Fraterno, disser ao seu Atendido sobre a Doutrina Espírita se
revestirá de extrema importância! Você representará a voz da espiritualidade com Jesus, que ele espera encontrar.
Será a ponte que ele poderá atravessar com mais segurança, em direção a um caminho renovador, pleno de novas
escolhas e possibilidades. Como efeito de ter sido acolhido em um campo de vibrações amorosas e fraternas, de se ter
conectado com as irradiações de amor incondicional e paz profunda vindas de seu coração, e de ter sido ouvido e
consolado, estará mais pacificado em suas aflições e poderá se abrir com mais lucidez para ouvir os esclarecimentos e
orientações que você lhe dará.

Recordemos que os esclarecimentos representam a função que você exerce após o acolhimento e o consolo. Como
essa sequência é prevista simplesmente para que você possa organizar mentalmente o desenvolvimento do diálogo,
os esclarecimentos poderão ocorrer durante todo o encontro, sempre que for oportuno ou que o Atendido formular
questões específicas que mereçam ser devidamente respondidas de acordo com a Doutrina Espírita. Assim, são
considerados esclarecimentos todas as informações prestadas em resposta a dúvidas apresentadas pelo Atendido e
também pontuações que se fizerem necessárias durante o diálogo.

Essas informações são aquelas que:

• Abordam princípios e modos de ver de caráter doutrinário, constantes da codificação da Doutrina Espírita;

• São referentes aos estudos e revelações da literatura complementar fidedigna, de autores encarnados e
desencarnados;

Focalizam o uso dos recursos e entendimentos terapêuticos do Cristo Consolador em relação à temática que ele
trouxe ao encontro; Remetem aos procedimentos e trabalhos usuais do Centro Espírita que está acolhendo o Atendido
e que são recomendáveis a ele.

Primeiramente não existe a intenção de convencer ou converter o Atendido aos pontos de vista do Atendente ou
mesmo da própria Doutrina Espírita. Essa função do Atendimento Fraterno não é uma palestra doutrinária dada em
particular. Não deve se configurar como um proselitismo ou pregação sobre Espiritismo. Principalmente,
esclarecimentos jamais deverão se tornar objeto de discussão ou contenda sobre pontos de vista, o que introduziria
uma grande dissonância no ambiente evangélico do atendimento, criado para promover a transformação do
solicitante. Caso aconteça uma manifestação divergente do Atendido ao ouvir esclarecimentos dados, você o ouvirá
com muito respeito pela sua posição, utilizando-se da escuta empática, previamente abordada neste texto. Valendo-se
das habilidades de interação compreensiva, dirá algo como: "Compreendo a sua posição, meu irmão, e a respeito. O
que posso lhe afirmar neste momento é que as minhas afirmativas representam a visão da Doutrina Espírita que

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adotamos nesta Casa. O irmão tem o direito de pensar e decidir o que lhe for de mais utilidade no momento e
descartar o que não lhe for conveniente".

Sua serenidade e postura não contenciosa manterá a ambiência do acolhimento do Atendido no campo do amor do
Cristo, objetivo primordial do encontro. Para que você mais se aproprie da importância desse posicionamento
selecionamos duas posturas adotadas pelo nosso Mestre Allan Kardec, seguidas da recomendação do Espírito Cáritas,
um dos orientadores da Nova Revelação.

Postura 1: Kardec. Não violenteis nenhuma consciência; a ninguém forceis para que deixe a sua crença, a fim de adotar
a vossa; não anatematizeis os que não pensem como vós; acolhei os que venham ter convosco e deixai tranquilos os
que vos repelem. Lembrai-vos das palavras do Cristo: Outrora o céu se tomava pela violência; hoje pela brandura.

Postura 2: Kardec. Não pretendo forçar convicção alguma. Quando encontro pessoas que sinceramente desejam
instruir-se e dão-me a honra de pedir-me esclarecimentos, folgo e cumpro um dever respondendo-lhes nos limites dos
meus conhecimentos. Orientação do Espírito Cáritas. Vós, espíritas, podeis ser caridosos na vossa maneira de proceder
para com os que não pensam como vós, induzindo os menos esclarecidos a crer, mas sem os chocar, sem investir
contra as suas convicções (...). Eis aí um aspecto da caridade.

Essa abordagem é própria do Espiritismo, que se distingue pelo absoluto respeito pelo livre-arbítrio de cada um e pelo
seu poder de guiar sua própria vida. É procedente lembrarmos que, durante os esclarecimentos, você deverá
demonstrar na sua fala ter incorporado a visão Espírita do ser humano.

23 Características específicas dos esclarecimentos doutrinários


Para alcançar os objetivos previstos no Diálogo Fraterno, os esclarecimentos doutrinários devem atender às seguintes
características.

Favorecer a autonomia e a independência do Atendido, no uso dos recursos oferecidos pelo Espiritismo. Os
esclarecimentos devem oferecer elementos objetivos e claros para que o Atendido compreenda como utilizar - com
autonomia crescente - os princípios, recursos e terapêutica do Espiritismo para a sua caminhada de transformação
pessoal. Respeito aos posicionamentos pessoais do Atendido. Os esclarecimentos devem ser respeitosos dos pontos
de vista do Atendido e com foco na mensagem universal do Espiritismo. É uma prática recomendada informar-se sobre
as convicções do Atendido antes de prestar-lhe esclarecimentos sobre realidades espirituais, ou seja, estar ciente do
que ele sabe ou acredita sobre as questões, antes de lhe fornecer esclarecimentos específicos. Por exemplo, informar-
se em primeira mão sobre qual a relação dele com a sua espiritualidade, para em seguida esclarecer sobre os
benefícios que ele terá ao abrir-se para a ajuda espiritual através da oração. Por exemplo, se ele informar que é
católico, devoto de um determinado santo, utilizar o nome dessa entidade como fonte do amparo espiritual desejado,
demonstrando a universalidade conceituai dos ensinamentos espirituais. Caso o posicionamento do Atendido entre
em choque com as revelações da Doutrina Espírita, informar que esta preconiza algo diferente da visão dele e
perguntar se ele deseja se informar desse outro modo de ver a questão. Esclarecer a noção espírita de maneira
simples, respeitosa, sem estabelecer comparações ou fomentar discussão dos pontos de divergência. Apresentar os
conceitos espíritas como simples sementeira, sem objetivo de conversão do Atendido aos novos pontos de vista.

Informar somente o necessário, de forma positiva, não punitiva e não-ameaçadora. Os esclarecimentos devem ser
dados de forma que:

(a) sejam pertinentes e restritos somente ao que diz respeito à questão específica trazida pela Pessoa;

(b) focalizem objetivamente os pontos que poderão ajudá-la positivamente;

(c) fiquem dentro dos limites de sua compreensão do momento. O cuidado para não informar mais do que o
necessário tem por finalidade manter o foco na questão específica trazida pelo Atendido e não transformar os
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esclarecimentos em uma palestra ou aula sobre o assunto, pois o diálogo não é atividade apropriada para isto.
Principalmente, sejam quais forem as questões apresentadas, os esclarecimentos devem estar livres de:

(a) reprimendas, julgamentos ou previsões de penalidades;

(b) hipóteses ou avaliações sobre causas-efeitos das dificuldades da pessoa, que possam ser concebidas como castigo
de Deus;

(c) informações que suscitem imagens negativas ou ameaçadoras (como de possíveis obsessores, por exemplo);

(d) afirmativas que levantem mais dúvidas que esclarecimentos sobre a questão tratada.

Embora possam nem mesmo ser o que sua mente está pensando no momento. Afirmar isto tudo com muita
convicção, irradiando para o Atendido a sua própria confiança na ajuda divina, nas novas possibilidades e nas sublimes
esperanças de vida renovada que o Cristo consolador nos oferece. Lembrar-se de que eram essas promessas divinas
que faziam com que os cristãos primitivos fossem alegres e possuíssem a fé que transmutava seus sofrimentos em
esperanças redentoras.

Restringir-se aos esclarecimentos e recursos da terapêutica Espirita. Os esclarecimentos deverão se restringir aos
ensinamentos e recursos disponíveis dentro da seara Espírita e de sua terapêutica. O que a Doutrina pode fazer para
auxiliar a Pessoa em dificuldades deve ficar claro para ela, através das explicações e recomendações que você lhe dará
sobre a utilidade e os efeitos da terapêutica cristã, jamais prometendo curas ou deixando implicado que ela
encontrará soluções milagrosas para suas dificuldades. Por exemplo, em situações de doenças físicas, psíquicas ou
mentais, deixar claro que a Doutrina Espírita não se propõe substituir os recursos das ciências nas suas áreas
especializadas, esclarecendo que os profissionais dessas áreas também estão a serviço de Deus para nos ajudar,
através de seus talentos específicos.

Portanto, o Atendido deve ser orientado a continuar utilizando ou a procurar profissionais de sua confiança e outros
recursos das ciências médicas, psíquicas e correlatas (evitar, no entanto, a indicação de profissionais em específico).
Outra medida ética é abster-se de comentar sobre quaisquer diagnósticos, ações de profissionais ou leigos e
tratamentos externos — ou mesmo da Casa Espírita ou do Espiritismo - que o Atendido mencionar, seja de forma
positiva ou negativa. Se perguntado, expressar que esta não é área pertinente ao Diálogo Fraterno, cujo objetivo
principal é que ele entre em conexão com a Doutrina e a Espiritualidade Maior para receber o amparo espiritual,
compreender melhor suas questões e receber apoio na decisão pessoal de seus caminhos.

24 Formato adequado para o esclarecimento dos pontos doutrinários


A complexa variedade das vivências humanas ocasiona as múltiplas temáticas trazidas pelos Atendidos ao Diálogo
Fraterno. A literatura Espírita nos oferece grande riqueza de materiais para buscarmos posicionamentos coerentes
com seus princípios, dentro dessas temáticas. Além dos fundamentos básicos, muito lhe será proveitoso também o
conhecimento de casos exemplares da literatura onde poderá se basear nas recomendações dos mentores encarnados
e desencarnados para as questões tratadas. Enfatizamos novamente a importância de que você se expresse de forma
imparcial, não avaliativa e objetiva. Como foi colocado anteriormente sobre a ética e o tipo de interação a ser seguida
durante o encontro, sua figura, como Atendente, não deverá estar em foco. Portanto, não caberão esclarecimentos
que mencionem suas experiências ou opiniões pessoais. Em outras palavras, você deverá deixar claro para o Atendido
que é simples intermediário de esclarecimentos que não são seus, mas da Doutrina Espírita, como renovação dos
ensinamentos do Cristo. Para deixar isto claro para o Atendido, sugerimos que você sempre se utilize de uma
qualificação inicial que o coloque fora da área da expressão de opiniões pessoais. Isto pode ser comunicado, por
exemplo, ao começar os esclarecimentos por enunciados como:

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"Segundo a Doutrina Espírita nos ensina..." ou "Neste ponto o posicionamento da Doutrina Espírita é ... (completar
como o esclarecimento do ponto específico em questão); "As recomendações da Espiritualidade Maior neste sentido
são..." (mencionar, se for o caso, o Espírito Orientador da questão); "Jesus Cristo nos ensinou que..." (colocar o
ensinamento, seguido da interpretação Espírita da passagem, mencionando que essa é a forma pela qual a Doutrina
Espírita interpreta a lição do Cristo); No livro "tal" o Mentor Espiritual recomendou o seguinte para esta questão...
(mencionar o ensinamento do Espírito, de Kardec ou de outro luminar da Revelação Espírita).

E se a Pessoa em atendimento perguntar explicitamente qual é sua opinião sobre o caso dela ou o que você faria em
seu lugar? Esta parece ser uma recorrência comum no Diálogo Fraterno, pois em nossos cursos de formação
continuada de Atendentes surge sempre essa pergunta. Nossa sugestão é que você se recorde das reflexões sobre a
limitação de nosso conhecimento acerca das realidades maiores dos Atendidos, já focalizadas anteriormente.
Consciente disto, sugerimos que você se utilize de muita sinceridade (e humildade) e responda coerentemente,
utilizando-se da sugestão abaixo, com linguagem adaptada ao nível de seu Atendido: "Não sei lhe responder o que eu
faria em seu lugar, meu irmão. Cada um de nós armazenou experiências muito diferentes ao longo de várias
encarnações. Por uma Lei Divina, estamos sempre colocados no lugar certo, nas experiências adequadas e com as
pessoas que se relacionam mais de perto a nós. Isto tudo é muito diferente entre você e eu. Por isso, qualquer coisa
que eu lhe dissesse de minhas opiniões ou experiências, poderia ser enganosa para você". "O que lhe posso afirmar
com certeza, com base nas informações da Doutrina Espírita, é o seguinte:

• A situação na qual você se encontra é a melhor para seu aprendizado no momento (mesmo que seja dolorosa), pois
que Deus sempre cuida que possamos ter oportunidades de resolver nossas questões e evoluir.

• Você tem os recursos pessoais adequados para descobrir o que é melhor para você, mesmo que agora não perceba
isto.

• Ligando-se à Espiritualidade Superior, você será ajudado a encontrar as respostas dentro de si mesmo".

Resultados esperados das posturas e esclarecimentos do Atendente

Deixar claro que a ajuda espiritual para as nossas dificuldades, está na dependência de:

• Abrirmos nosso campo espiritual para sermos ajudados, isto é, que façamos conexão com Deus, o Cristo e os Bons
Espíritos que nos querem auxiliar (anjo da guarda, espíritos benfeitores, espíritos amigos e familiares).

• Cumprirmos a nossa parte, nos instruindo, fazendo esforços de transformação pessoal, escolhendo e trilhando novos
caminhos evangélicos.

Compreendermos que as atividades recomendadas pela terapêutica Espírita têm um papel de aliviar nossas dores mais
agudas, nos apoiar e nos fortificar para fazermos as transformações necessárias em nossa Vida, mas que somente nós
mesmos - através de vontade firme e esforços continuados - é que nos proporcionaremos as condições para resolver
nossas dificuldades, amenizar nossas dores e nos tornarmos mais pacificados, mais serenos e felizes.

Recursos da Terapêutica Espírita a serem esclarecidos e recomendados a todos os Atendidos

Uma importante parte da função de esclarecimento é instrumentalizar o Atendido para sua independência no
tratamento de suas questões. Para isto, você deverá informa-lo sobre os recursos da Doutrina Espírita disponíveis a ele
e recomendar que os siga, para sua crescente melhoria. Esclarecimentos sobre fontes de estudos e leitura também são
pertinentes nessa parte do encontro. Poderão ser indicadas palestras, cursos, eventos e/ou atividades específicas de
caráter esclarecedor, porventura sendo levadas a efeito no seu Centro e até mesmo sites ou portais disponíveis na
internet, se for o caso. As obras básicas da doutrina deverão ser mencionadas como fontes de esclarecimento. Livros
específicos e apropriados à temática trazida ao diálogo poderão ser indicados. Atenção! Você somente deverá indicar
livros que tiver examinado anteriormente e concluído sobre a fidedignidade e propriedade para os objetivos e situação
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do Atendido. Caso disponível, mensagens escritas podem também ser oferecidas. O encontro entre você, Atendente, e
o seu Atendido se aproxima do encerramento quando você sentir que os objetivos da atividade se encontram
satisfatoriamente contemplados no contexto do diálogo. Chega, assim, o momento no qual você recomendará
atividades para ele realizar e fará os encaminhamentos pertinentes. Seu objetivo será dar um direcionamento seguro,
de forma que ele saiba de quais recursos poderá se utilizar para seu trabalho pessoal na resolução das questões que o
trouxeram ao Atendimento Fraterno.

Essas recomendações e encaminhamentos dependerão grandemente dos recursos disponíveis no Centro Espírita no
qual você atua. Para isto é necessário que você esteja muito bem informado sobre as atividades disponíveis, sua
organização, horários e como o Atendido pode ser engajado em cada uma. Você deverá também estar ciente das
normas vigentes na instituição, possibilidades, restrições e requisitos. Enfim, deverá estar muito bem atualizado
quanto ao que pode indicar — ou não — e como fazê-lo.

25 Tipos de encaminhamentos
Distinguimos dois tipos de encaminhamentos a fazer na parte final do encontro, as recomendações gerais, a serem
feitas a todos os Atendidos e os encaminhamentos a recursos específicos para o caso tratado. Vejamos cada um deles.

Encaminhamento a atividades gerais, a serem recomendadas a todos os Atendidos.

São recomendações gerais com o objetivo de esclarecer sobre atividades que apoiarão o Atendido no trabalho de
transformação de si mesmo. A depender de seus recursos, o seu Centro Espírita pode formular uma "Ficha de
Recomendações Gerais" em formato de mensagem pessoal que o Atendido levará consigo. Apresentamos uma
sugestão a seguir, cuja linguagem pode ser adaptada à 'realidade da instituição na qual você atua. Se a Ficha de
Recomendações Gerais sugerida não for duplicada para entrega, você poderá utilizá-la para se recordar do que
recomendar ao seu Atendido. Você deverá se certificar de que ele compreendeu cada um dos tópicos recomendados e
proporcionar os esclarecimentos necessários. Segue um exemplo de Ficha de Recomendações a ser oferecida a todos
os atendidos.

Atendimento Fraterno pelo Diálogo RECOMENDAÇÕES

Querido Irmão, querida irmã em Cristo Jesus, Lembre-se de que você é um filho-filha bem-amado(a) de Deus! Jesus
Cristo e os benfeitores espirituais protegem você amorosamente, em todos os momentos! Siga as recomendações
abaixo, abrindo-se ao amparo espiritual.

1. Cultive o hábito da oração diária: louve a Deus, solicite bênçãos para sua vida e agradeça pelas que já possui. Deus
sabe o que é melhor para você! Sua oração diária abrirá as portas da ajuda Divina para suas aspirações atuais.

2. Leia, diariamente, trechos do Evangelho de Jesus Cristo. No "Evangelho Segundo o Espiritismo" os ensinamentos
morais de Jesus são agrupados por temas, com comentários e mensagens espirituais. A leitura lhe trará consolo e
recomendações para direcionar a sua vida.

3. Assista às palestras públicas oferecidas pela sua Casa Espírita e tome o passe. As palestras públicas trazem
ensinamentos e indicam meios para transformar e melhorar a sua vida. Durante a palestra, a espiritualidade já estará
ajudando você e sua família. O passe espírita lhe proporcionará energias benéficas que apoiarão sua tarefa de
transformação pessoal.

4. Faça uso de água magnetizada. Ela contém medicamentos espirituais que melhorarão sua vitalidade e sua saúde
emocional.

5. Realize semanalmente o Culto do Evangelho no Lar, para que as bênçãos e a proteção divinas estejam presentes em
sua moradia e em sua vida familiar. (Informe-se sobre como realizar o Culto de acordo com a Doutrina Espírita).

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6. Escolha realizar as seguintes atividades, conforme o seu caso:

a) Matricular as crianças e jovens sob sua responsabilidade nas aulas de Evangelização ou na Mocidade Espírita e
frequentar as Reuniões de Pais;

b) Iniciar ou aprofundar estudos da Doutrina Espírita;

c) Realizar atividade assistencial voluntária. Que você possa utilizar amplamente esses recursos espirituais e que o
infinito amor do Divino Mestre Jesus ampare você nessa bendita tarefa de transformar a sua vida!

Com carinho fraterno, receba nosso abraço amigo!

Encaminhamentos a recursos específicos para o caso tratado.

Durante o atendimento você irá constatando quais serviços disponíveis no seu Centro poderão oferecer o amparo que
o Atendido necessita para poder continuar atendendo suas necessidades específicas. Se alguma atividade já se
encontra elencada na Ficha de Recomendações Gerais sugerida, complemente com informações que encaminhem o
Atendido especificamente para ela. Por exemplo, se for o caso de encaminhá-lo aos Estudos Sistematizados, forneça
informações sobre como se matricular, locais, dias... O mesmo ao tratar do encaminhamento de crianças e jovens à
Evangelização, ou do engajamento em trabalhos assistenciais possíveis.

Dependendo dos recursos de sua instituição, outros materiais poderão ser distribuídos em acompanhamento às
recomendações, por exemplo, sobre como realizar o Culto do Evangelho no Lar. Caso seja necessário — e houver
grupo de Implantação do Evangelho no Lar disponível na Casa - indicar como o Atendido poderá se candidatar para
receber esse serviço em sua residência.

Casos de influência espiritual.

Em casos de influência espiritual, encaminhar para o tratamento disponível. Evitar confirmação de obsessão para não
condicionar o Atendido a uma situação de medo ou de vitimização, tratando o assunto com simplicidade. Nesses
casos, com muito cuidado você esclarecerá que sim, todos nós estamos constantemente em contato com o mundo
espiritual e que a influência dos Espíritos sobre nós é relacionada à nossa sintonia com eles. Explicar que ele será
auxiliado por passes que poderão fortificar sua vontade de exercer seu poder sobre si mesmo, libertando-se de
possíveis pensamentos e comportamentos que são atrativos de situações que não deseja para si. Que a conduta moral
e as atividades cristãs que ele realizar, os estudos esclarecedores das realidades espirituais e, principalmente, seu foco
e seu trabalho no bem e no belo em sua vida é que afastarão qualquer tipo de influência de encarnados e
desencarnados que não sejam desejadas. Observação importante é a da utilização de palavras adequadas. Embora
Kardec na codificação Espírita tenha se utilizado da apropriada palavra "obsessor" para aquele que tenta influenciar o
outro, será mais útil não usarmos essa expressão para aqueles ainda não instruídos no seu significado e nas
circunstâncias do processo obsessivo. Isto porque existe uma tendência a considerar o obsessor como um carrasco e o
obsidiado como urna vítima. Daí a situação ser vulgarmente denominada "encosto", envolvendo uma prática
assustadora de se considerar alguém perseguido como uma vítima de "trabalho feito", implicando em grandes
poderes do malfeitor em arruinar a vítima. Como sabemos ser possível que exista uma coligação forte de forças entre
obsessor e obsidiado - e que subjacente à situação atual existe uma grande complexidade de relações - será prudente
não reforçar essas noções negativas, nem na fala durante o Diálogo Fraterno e nem mesmo nos encaminhamentos a
reuniões.

Preferivelmente, na instituição haverá o reconhecimento dos efeitos potencialmente danosos dessas noções e
obsidiados não presenciarão incorporação de obsessores quando em seus atendimentos espirituais, reservando-se a
manifestação de espíritos sofredores a reuniões mediúnicas sem a presença do público afetado por sua influência
(salvo casos muito especiais). De modo geral, evitar, também, a ideia de que as possíveis influências perniciosas serão

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retiradas à força pelo trabalho dos bons Mentores, como mágica, deixando bem claro o papel crucial do próprio
Atendido no processo de ajuda.

Casos de mediunidade aflorada.

No caso da mediunidade aflorada — torturada ou desinformada — prestar os mesmos esclarecimentos e indicar como
realizar a educação da mediunidade. Atenção! Em concordância com as instruções da Espiritualidade maior, o
Atendido em sofrimento por mediunidade aflorada — seja por estar sob influência espiritual perturbadora ou por
desconhecimento de como controlar sua individualidade — deverá ser primeiramente socorrido por educação e moral
Espírita em geral, com tratamento espiritual, no primeiro caso, e ênfase nos aspectos da mediunidade, no segundo,
antes de qualquer utilização do mesmo em práticas mediúnicas. A Espiritualidade deixa claro que, nesses casos,
havemos de cuidar primeiramente das necessidades do Atendido e somente após o seu equilíbrio e domínio de si
mesmo ele estará pronto a fazer uso de suas faculdades para ajudar ao próximo, no exercício consciente de sua
mediunidade, se assim lhe aprouver.

Casos de doenças físicas.

Em casos de auxílio a doenças físicas, encaminhar para reuniões de tratamento espiritual indicando quaisquer
requisitos de preparação que porventura sejam recomendados para as atividades que, idealmente, não serão
denominados de "trabalhos de cura", uma vez que isto leva a expectativas que não podem ser geradas como efeito de
assistência espírita, pois que os resultados dos tratamentos não se encontram sob nosso controle. Por isso mesmo,
evitar prescrições como número definido de passes a serem tomados como se fossem uma receita médica, implicando
que uma "cura" será realizada após esse número ideal.

Não existe a possibilidade de que saibamos o que será necessário em cada caso. O que podemos fazer é proporcionar
um acompanhamento fraterno de cada um, sempre com ênfase na melhoria conseguida através de seus esforços
pessoais. Em geral, o que se pode fazer para delimitar a frequência a tratamentos espirituais específicos é
recomendar, por exemplo, que após certo tempo ou providências seguidas, caso o Atendido ainda não se sinta pronto
a caminhar sozinho pelas vias da Doutrina, que volte ao Diálogo Fraterno para relatar seus avanços e conversar sobre
novos passos a trilhar. Finalmente, em todos os encaminhamentos, responder às perguntas que o Atendido tiver sobre
objetivos, aspectos da atividade, duração, benefícios, locais e forma de engajamento. Se forem necessárias "fichas de
encaminhamento", preenchê-las e explicar claramente a sua utilização. Nos encaminhamentos aos trabalhos de auxílio
com participação de entidades espirituais através de médiuns, deixar claro o posicionamento do Espiritismo a respeito
do trabalho mediúnico e o papel de ajuda da Casa Espírita, bem como seus limites.

26 Encerramento do encontro
O Diálogo Fraterno deverá ser encerrado de forma simples e breve, com gentileza e ternura, porém sem efusões de
afetividade ou manifestações piegas. Se o Atendido quiser manifestar seu agradecimento, gentilmente você deve
retirar o foco de sua pessoa enquanto trabalhador e dirigir a gratidão dele ao Centro Espírita que proporcionou a
oportunidade do diálogo, a Deus, a Jesus e aos Bons Espíritos pelas bênçãos concedidas, sempre disponíveis a todos
que as procurem.

Se o Atendido manifestar ter gostado muito do encontro e desejar continuar com você, diga-lhe que sempre poderá
procurar o Atendimento Fraterno para expor seus progressos na direção de si mesmo. No entanto, de modo geral,
afirme que qualquer outro Atendente será igualmente indicado para atendê-lo, uma vez que todos seguem as mesmas
diretrizes e são amparados pela mesma equipe espiritual. Se houver provisões para atendimentos continuados de
casos graves, e for o caso, siga as diretrizes propostas a este respeito. Acima de tudo, as normativas da Casa deverão
ser eticamente observadas por você. Termine o encontro com uma observação amorosa, como "Siga em Paz, meu
irmão (irmã)" ou "Vá com Deus"...

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Preparando-se para um novo Atendimento no mesmo dia de trabalho

Se o seu turno de trabalho for continuar, faça um breve encerramento do atendimento que acabou de fazer, antes de
receber nova pessoa. Se a direção da atividade requer que sejam feitos apontamentos para efeitos estatísticos, faça as
anotações necessárias sobre o caso atendido. Alguns Centros, principalmente os maiores, possuem fichas para registro
dessas estatísticas que contém, basicamente, o nome do atendente, dia e horário do atendimento e uma relação de
temáticas possíveis, onde o Atendente marca a correspondente ao caso atendido. Outro tipo de anotação poderá ser
de possíveis dúvidas que o caso lhe suscitou ou ideias e recursos que você quer verificar ou estudar melhor referente
ao assunto ou à interação ocorrida. Quaisquer pensamentos e/ou inspirações diferentes advindas do encontro
poderão também ser anotadas nesse momento. Estas anotações poderão ser objeto de reflexões, estudos e discussão
de caso com seus companheiros de trabalho em reunião de encerramento do grupo ou de capacitação continuada. É
pertinente também reunir e encaminhar internamente possíveis anotações para trabalhos de irradiação em favor do
Atendido e suas circunstâncias. Em seguida, faça uma breve prece de agradecimento à oportunidade de trabalho junto
a esse irmão, à proteção recebida e entregue seu Atendido e toda a sua situação aos cuidados dos Benfeitores
Espirituais do trabalho.

Coloque-se novamente em conexão com as energias harmoniosas de seu coração, prontificando-se a atender a pessoa
seguinte a partir do campo vibratório do amor, da compaixão e da misericórdia. Somente então se movimente para
acolher um novo Atendido. Se o atendimento que você realizou foi o último, dirija-se ao encerramento das atividades
juntamente com seu Grupo de Atendimento ou, se trabalha sozinho, encerre os trabalhos do dia. Em ambos os casos,
não deixe de expressar à Espiritualidade sua gratidão e sua alegria pela bendita oportunidade de trabalhar na Seara do
Cristo!

Em verdade vos digo que, quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim mesmo o fizestes.

Jesus Cristo (Em: Mateus, 25:40)

Para finalizar nosso estudo, transcrevemos abaixo uma mensagem do Espírito Isidoro, o Benfeitor que nos tem
orientado os trabalhos do Atendimento Fraterno.

MENSAGEM DO ESPIRITO ISIDORO:

Queridos Irmãos em Cristo, Filhos de nossa alma, Permaneçamos na paz da presença do Cristo em nós!

No infinito do tempo e do espaço, nosso Espírito segue sempre livre para os altos voos rumo a Deus! O que
denominamos temporariamente "Atendimento Fraterno" é essência de amor que nos precede de milénios, quando
Jesus inaugurou seu reino de compaixão neste mundo. Em fugazes momentos, nos reunimos em grupo para sentir a
chama renovada desse amor em nossos corações. Prossigamos agora aviventando o seu calor em nossas vidas! Desde
que Jesus nos legou as lições do Calvário, cenários e épocas diferentes representam o mesmo drama de
incompreensão humana. Muitos se tornam responsáveis por lutas, sofrimento, conflitos, perseguições, injustiças,
traições e perfídias originadas da ausência do Evangelho e cometidas em nome do Divino Pastor. Exercícios de um
poder ilusório... Nada pode apagar a Luz que o Cristo acendeu em nossos corações, tocados pelo Seu amor! Acima de
quaisquer normas temporais das organizações humanas, paira a soberana presença do Cristo exortando seus
seguidores:

Ide, fazei discípulos de todas as nações (...) ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho mandado; e eis que
eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. (Em Mateus, 28:19-20).

No testemunho individual a que cada momento nos conclama, permaneçamos unidos em Espírito! Trabalhadores
deste outro plano da Vida, estamos irmanados a cada um de vocês pela força de um só coração. Sorrimos juntos com
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vocês, gratificados no atendimento ao próximo que sofre. Nas dificuldades, estejam certos de nosso amparo espiritual.
Frente a decisões, lembramos que a opção justa é permanecer sempre dentro da esfera de Amor do Cristo.

O restante, entreguemos a Deus com confiança, pois as soluções reais somente a Ele pertencem... Rogando ao Cristo
que derrame suas bênçãos sobre todos nós, Abraça-os o irmão menor, Isidoro

Convite ao estudo continuado

Deixamos aqui o nosso amoroso convite para que você continue seus estudos na área da Terapêutica do Cristo
Consolador.

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