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EFEITOS DA VIDA DE ORAÇÃO NA VIDA DAS PESSOAS EM SEU COTIDIANO

Adriano de Souza Reis RU:

Denise Aparecida Alves RU:

Virgínia Aparecida dos Santos RU: 3282302

Tema

Como disse Santa Teresa d’ Ávila (carmelita, século XVI), “ter coragem diante de
qualquer coisa na vida é a base de tudo”. Uma frase tão forte e que expressa a necessidade
de cada um de nós nos tempos atuais.

Passamos pelo furacão da pandemia, estamos passando por tempos difíceis, como
a guerra na Ucrânia, e ficamos com medo. Ficamos sem rumo, muitos se desesperaram,
outros perderam entes queridos, perderam seu trabalho, muitos se abateram diante das
“tempestades”. E, ainda, muitos permaneceram “encastelados” e indiferentes à dor e ao
sofrimento do próximo.

E nós, o que faremos? Onde está a nossa coragem diante da vida?

Questões que revelam muito da nossa fragilidade. Ficamos amedrontados,


afastados, distantes e, muitas vezes, sem coragem para recomeçar, ou sem coragem para
ouvir o apelo que Deus nos propõe para as situações que temos vivido.

Em meio à pandemia e tantos outros males, questionamos o nosso Senhor:


“Mestre, não te importa que naufraguemos?” (Mc 4, 38). Entregamo-nos ao desespero, à
impaciência, à preguiça, à falta de amor e ao pensar somente em si mesmo. Esquecemo-
nos de que Deus sempre esteve e estará velando por nós e por toda a humanidade.
Esquecemos de contar com a providência de Deus que sempre acompanhou a
humanidade nas catástrofes, guerras, fomes, doença. Esquecemos de pedir perdão e de
confiar nAquele que mais nos ama. Muitas vezes nos entregamos às maldades do nosso
coração, expressa por palavras e atitudes, destruindo a nossa própria esperança e fé e
também daqueles ao nosso redor.
O que temos constatado em grande parte nas pessoas, especialmente nas que
frequentam nossa Associação Pública de fiéis, é um agravamento em questões
relacionadas à perda do sentido da vida, à distância de si mesmas, dificuldades no
relacionamento com outras pessoas e problemas relacionados à falta de saber lidar com
os próprios vazios interiores, perdas, luto e frustrações.

À semelhança dos discípulos do Evangelho (Mc 4, 35-41), fomos surpreendidos por


uma tempestade inesperada. Demo-nos conta de estar no mesmo barco, todos frágeis e
desorientados, mas ao mesmo tempo importantes e necessários: todos necessitados de
mútuo encorajamento. E, neste barco, estamos todos. Tal como os discípulos que,
falando a uma só voz, dizem angustiados “vamos perecer” assim também nós nos
apercebemos de que não podemos continuar a nossa caminhada sem pessoas que nos
amam e nos encorajam. Um mundo que ficou recluso às redes sociais, ao contato on line,
ao trabalho via notebook, ou ao isolamento em si numa multidão indo para o trabalho em
ônibus, trem, metrô. Estes seres humanos estão percebendo que não há ser humano sem
relações pessoais, sem contatos físicos, sem afeto, sem encorajamento. Essa é a realidade
humana criada e amada por Deus.

“A tempestade desmascara a nossa vulnerabilidade e deixa a descoberto as falsas


e supérfluas seguranças com que construímos os nossos programas, os nossos projetos,
os nossos hábitos e prioridades. Mostra-nos como deixamos adormecido e abandonado
aquilo que nutre, sustenta e dá força à nossa vida e à nossa comunidade”. (Homilia do
Santo Padre, Papa Francisco, Adoração do Santíssimo e Benção Urbi et Orbi –
27/03/2020).

Problema

Mas qual ou quais caminhos poderíamos sugerir para as pessoas vivendo neste
contexto retomarem a coragem do enfrentamento e redescobrirem o sentido da própria
vida? Como auxiliar a pessoa a voltar a se sentir “pessoa” resgatando seus valores e sua
essência de ser filho de Deus? E, ainda, quais os efeitos na vida cotidiana dessas pessoas a
partir desta proposta?
Considerando esta nova realidade em que nos inserimos, especialmente parte da
comunidade de fiéis de Monte Sião e região, num mundo pós pandemia e em meio a
vários conflitos, foi preciso apontar um caminho prático e que ajudasse as pessoas à
nortearam suas próprias vidas. Desta maneira, propusemos uma caminhada de vida de
oração como forma de buscar uma intimidade com Deus talvez perdida nestes “tempos
de tempestade” ou talvez que nunca houve.

E agora, será possível voltar para Deus? Se o medo é lógico, a fé deve vencer o
medo: “espera no Senhor, sê valente. Coragem! Espera no Senhor” (Sl 27, 14).

Justificativa

“Para amar a Deus, é necessário antes de tudo conhecê-lo. Quanto mais nos
empenharmos nesta busca de conhecer a Deus, tanto mais se abrasará o nosso coração em
amor para com Ele, pois que n’Ele tudo é amável: Ele é a plenitude do ser, plenitude de
beleza, bondade e amor” (Tanquerey, Compêndio de Teologio Ascética e Mística, 2017). E,
nesta caminhada, com o objetivo de alcançar este conhecimento de Deus, vamos nos
dedicar à “vida de oração”. E para isso, elaboramos um projeto chamado Arca da
Esperança cuja relevância está justamente em aproximar a pessoa desse contato com
Deus na vida de oração com intuito de uma transformação segundo o Espírito de Jesus.

Objetivo Geral:

Constatar a transformação pessoal daqueles que se propuseram com


“determinada determinação” a viver a experiência deste projeto de vida de oração “Arca
da Esperança” como um caminho de resgate do sentido de suas vidas e enfrentamento
das dificuldades do cotidiano.

Objetivos específicos:

 Praticar a oração pessoal visando esse conhecimento de Jesus através dos Evangelhos e
relacionando-o com a própria vida pessoal nos diversos aspectos: emocional,
autoconhecimento, psíquico, social, relacional e espiritual.
 Propor um momento semanal de partilha de vida on line, em grupos de até 12 pessoas,
com a finalidade de compartilhar o que o Espírito Santo tem inspirado em suas vidas. E
também partilhar como tem sido a busca de Deus no conhecimento da vida de Jesus
através do Evangelho proposto para cada dia de oração.
 Aplicar o material elaborado especificamente para esta caminhada de vida de oração,
chamado de Arca da Esperança, em que os aspectos da vida cotidiana da pessoa são bem
destacados.

Metodologia

A Arca da Esperança é um lugar de busca. Aqui vamos, passo a passo, aprender um


pouco mais a buscar Deus através da vida de oração. Parece simples, mas para muitos não
o é. Como falar com Deus? O que é e como ter um diálogo com Deus? Tem método? Tem
como saber se estou fazendo certo? Existe um “jeito” certo? Tudo pode ser transformado
em oração? E as nossas ações e pensamentos, podem tornar-se oração? Cada uma destas
perguntas será respondida ao longo deste trabalho de vida interior.

O fundamento da oração é, de um lado, o amor de Deus para com suas criaturas e


seus filhos, e do outro a necessidade urgente que temos do seu auxílio. Deus anseia em
nos doar seus bens. Ele quer comunicar a sua vida e aumentar a vida em nós, a verdadeira
vida. Ele enviou seu Filho único para nos cumular dos seus tesouros mais valiosos. E Ele
nos convida a pedir as suas graças e, no tempo certo, Ele nos concede. “Pedi e vos será
dado. Buscai e achareis. Batei e vos será aberto” (Mt7, 7).

A Arca da Esperança é uma jornada de vida de oração por um período de 150 dias.
Sendo que em cada dia temos algum tema proposto a ser trabalhado direcionado por
uma passagem bíblica de algum dos quatro Evangelhos. Com isso o orante tem a
oportunidade de entrar em contato direto com a palavra de Deus, especialmente com
aquilo que Jesus mesmo nos ensinou.

A Arca da Esperança é uma experiência pessoal da escuta de Deus e de sua Palavra,


no seu Espírito. Experiência de oração, reflexão e partilha, em comunhão com Deus, no
autoconhecimento e no discernimento da missão de cada participante. E também, a Arca
é uma experiência em grupo, através da partilha e do aconselhamento espiritual. Cada um
dos grupos se reúnem através do Google Meet, uma vez por semana, geralmente nas
terças-feiras às 19:30hs.
Para isso, cada participante deve ter um momento diário de oração pessoal em seu
lar ou lugar propício, geralmente de uma hora, e uma reunião semanal com seu grupo de
partilha, chamado Arca, orientado por um diretor espiritual.

Tem pessoas que preferem a oração mental, mas é indicado ter um diário espiritual
em que a pessoa vai escrevendo suas reflexões, experiências que mais tocaram seu
coração, ou anotando inspirações que o Espírito Santo lhe concedeu naquele dia,
passagens bíblicas que o marcaram, ou versículos de salmos e orações de santos.

Conversar com Deus, caminhar com Deus, estar na presença de Deus em um belo
jardim e ouvir Dele mesmo palavras de amor, palavras de ânimo, palavras de coragem,
lições e testemunhos que nos impulsionam por toda uma vida. “A oração é uma
conversação com Deus” (São Gregório de Nissa). Uma elevação da alma para Deus, com o
fim de lhe prestar as homenagens que lhe são devidas e de pedir as suas graças, para
assim nos tornarmos melhores para a sua glória.

A oração é um desejo de perfeição, a final de contas, nenhuma pessoa oraria com


sinceridade, se não quisesse tornar-se uma pessoa melhor. É preciso um certo
conhecimento de Deus, ou uma intenção determinada para querer conhece-Lo. É preciso
um mínimo conhecimento de si mesmo, que aos poucos vai sendo aprofundado pela ação
do Espírito Santo. E a oração com toda certeza é o melhor meio para alcançarmos o que
Santa Teresa D’Ávila nos disse: “ter coragem diante de qualquer coisa na vida é a base de
tudo”. Pois na oração compreendemos que é o próprio Deus quem nos dá essa coragem
para enfrentarmos tantas tempestades em tempos tão complicados.

A metodologia tem o aspecto qualitativo, a partir dos testemunhos dos


participantes do projeto de iniciação à vida de oração Arca da Esperança. E também
fizemos uma análise quantitativa por meio de uma amostragem de cinquenta pessoas
em que pudemos verificar o percentual de perseverança, desistência e aprofundamento.

Como fazemos parte de uma Associação Pública de Fiéis, diversas pessoas nos
procuram pedindo auxílio e orientação espiritual. Então a partir deste público que nos
procura, elaboramos o material escrito e propusemos as reuniões de partilha em grupo. O
material está baseado na Bíblia, na tradição da Igreja Católica, nos mestres da vida de
oração, em Compêndios de Ascética e Mística, no magistério da Igreja, especialmente em
documentos do Papa Bento XVI e Papa Francisco.

E, ao final, elaboramos perguntas como forma de direcionar os testemunhos de


cada participante dos grupos de Arca, onde obtivemos o relato de pontos superados,
crescimento em liberdade interior, responsabilidade consigo, com o próximo e na vida
comum. E ainda, especialmente, constatamos como este trabalho de vida de oração pôde
restaurar os laços familiares.

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